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Processo nº: 0011774-34.2017.5.15.0084 - RITO SUMARÍSSIMO (está regulado no art. 852-A da CLT). RECLAMANTE: E. D. S. RECLAMADAS: M. T. R. LTDA - ME e V. V. P. M. E. - EPP representada por F. R. B. P. M. (MASTEX TRANSPORTES RAPIDOS LTDA - ME e VALPEMEC VALE PECAS MECANICA EIRELI - EPP representada por FABIOLA ROSA BONI PESSOLATO MIOTO) 1. DO RESUMO DA INICIAL: a. O reclamante alega que laborou para a reclamada entre os dias 24/03/2016 e 06/09/2016, exercendo a função de motoboy, tendo média remuneratória mensal de R$ 1.404,72 (mil quatrocentos e quatro reais e setenta e dois centavos), cumpria escala de 6x1, de segunda-feira à sexta-feira, das 09h às 18h. Esclareceu ainda que fora contratado pela primeira reclamada para laborar para a segunda reclamada durante o período contratual. b. Postulou: 1. Diferença salarial e de 13º não pagas 2. Multa pela retenção da CTPS 3. Depósitos de FGTS não efetuados durante todo o período 4. Pagamento de 02 vales transporte por dia durante todo o período contratual 5. Recebimento de 04 horas extras excedentes a 44 horas semanais, bem como de 03 horas semanais como extraordinárias no decorrer de todo o período contratual, todas na base de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da hora normal. c. Por fim, postulou a concessão da assistência judiciária gratuita com base na Lei n.º 1.060/50, e deu o valor da causa de R$ 5.228,68 (cinco mil duzentos e vinte e oito reais e sessenta e oito centavos). DAS JURISPRUDENCIAS PARA A INICIAL: DIREITO DO TRABALHO. VALE TRANSPORTE. ÔNUS DA PROVA. A Lei 7.418/85 impõe ao empregador o custeio de parte da tarifa do empregado. Compete ao empregador o ônus de comprovar que disponibilizou o benefício ao trabalhador e que este optou por dispensá-lo. (TRT - 1 - RO: 00119090320145010032 RJ, Relator: DALVA AMELIA DE OLIVEIRA MUNOZ CORREIA, Data de Julgamento: 13/09/2019, Oitava Turma, Data de Publicação: 23/09/2016) DA DOUTRINA PARA A INICIAL: De acordo com Luciano Martinez, trata-se de um benefício que o empregador (pessoa física ou jurídica) antecipa ao empregado para deslocamento "residência-trabalho" e vice-versa. Tal vantagem fora instituída pela Lei 7.418 de 1985, destacando-se em seu art. 1º que o deslocamento deve ser feito por meio do sistema de transporte coletivo público (urbano, intermunicipal e/ou interestadual). MARTINEZ, Luciano. Curso de Direito do Trabalho. 7. ed. São Paulo: Saraiva; 2016. 2. DO RESUMO DAS CONTESTAÇÕES: 2ª RECLAMADA A contestação se inicia com um breve resumo do relatado e pedido na inicial. Requereu aplicação em seu favor das compensações de direito (artigo 767/CLT, Súmulas 18, 48, 85 do C. TST), caso seja deferida qualquer verba pleiteada na exordial. Alegou ser parte manifestamente ilegítima para figurar no pólo passivo da demanda, porque a prestação de serviços do reclamante não ocorreu de forma exclusiva, sendo sua prestação de serviço de forma descontinua. Alegou ainda a inépcia da inicial, com o argumento de que os pedidos formulados foram genéricos e que a inicial não narra os fatos com clareza, bem como, falta de causa de pedir "formulou pedidos em sua inicial, incompatíveis entre si, sendo totalmente desprovidos de qualquer fundamentação fática ou jurídica". Alegou que não há como se condenar a 2ª reclamada a arcar com o pagamento de verbas rescisórias e os direitos postulados na exordial, haja vista que na época de seu desligamento da 1ª reclamada, sequer prestava serviços a 2ª reclamada, e sequer prestou serviços de forma continua no período descrito na prefacial. Argumentou que não há responsabilidade subsidiária entre as reclamadas com base na Súmula 331, do C. TST, que não prevê a aplicação indiscriminada do instituto da responsabilidade subsidiária, mas tão somente nos casos de terceirização fraudulenta da atividade-fim, o que também não se verifica in casu. A Reclamada impugnou por completo a pretensão e valores constantes da exordial, alegando que desprovidos de qualquer amparo fático ou legal, e por serem irreais como os pedidos, os quais foram impugnados, requerendo, portanto, a reclamatória totalmente improcedente. Ao fim a reclamada impugnou todos os argumentos, documentos e pedidos do Reclamante. DAS JURISPRUDENCIAS PARA A CONTESTAÇÃO: INÉPCIA DA INICIAL – AUSÊNCIA DE PEDIDO EXPRESSO DE RECONHECIMENTO DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO OU DE ANOTAÇÃO NA CTPS – FORMULAÇÃO DE PRETENSÕES DECORRENTES DA RELAÇÃO DE TRABALHO – A inicial elenca inúmeras pretensões decorrentes do vínculo de emprego, mas não o postula. Não se pode pleitear título acessório quando não perseguido o principal. Como condenar a reclamada a efetuar pagamento de verbas oriundas de uma relação de trabalho não postulada. Recurso provido para decretar a inépcia da exordial. (TRT 15a R. – Proc. 14704/99 – (3400/01) – 5a T – Rela Juíza Helena Rosa Mônaco da Silva Lins Coelho – DOESP 15.01.2001 – p. 60). HORAS EXTRAS - ÔNUS DA PROVA - ART. 818 DA CLT - DANO MORAL - CAUSA DE PEDIR - FATO INTRINSECAMENTE INCAPAZ DE PRODUZIR A DOR PSÍQUICA APTA A ENSEJAR O PLEITO REPARATÓRIO - 3. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA - NÃO CARACTERIZAÇÃO - 4. RECURSO NÃO PROVIDO. (...) 3. Não há que se falar em responsabilidade subsidiária do Banco Bradesco S/A, tendo em vista que não restou demonstrado nos autos ser a empregadora da Reclamante empresa inidônea, incapaz de solver a dívida insculpida no condeno. Além do mais, não há prova nos autos de que o banco reclamado tenha se beneficiado diretamente do labor da Reclamante. 4. Recurso conhecido, porém desprovido. (TRT 21ª R. - RO 00878-2001-001-21-00-6 - (43.430) - Rel. Des. Carlos Newton Pinto - DJRN 23.01.2003). DA DOUTRINA PARA A CONTESTAÇÃO: "A petição inicial é a materialização do ato (no sentido de manifestação de vontade) de se exercitar o direito de ação e é, ao mesmo tempo, ato introdutório do processo. Apresentada a um juiz ou simplesmente distribuída em um órgão jurisdicional, por quem tenha capacidade de ser parte, considera-se proposta a ação e instaurado o processo. A petição inicial, materialização do direito de ação, é, assim, um dos pressupostos processuais ou requisito extrínseco do processo." SOUTO MAIOR, Jorge Luiz. Petição Inicial. São Paulo: LTr. 1996 p.83 DO RESUMO DA SENTENÇA: O processo foi extinto sem resolução do mérito diante da ausência injustificada do Reclamante na Audiência UNA determinada. DOS PRAZOS PROCESSUAIS: Após protocolada a inicial foi agendada a primeira audiência una para o dia 13/06/2017, sendo que as contestações deveriam serem juntadas até a data da audiência. Na audiência supracitada a primeira reclamada foi revel e a audiência foi redesignada para 29/08/2017. Por duas vezes foi dado prazo de 05 dias para o Reclamante regularizar o endereço das reclamadas: 20/03/2017 findo em 28/03/2017 e 28/03/2017 findo em 05/04/2017. PARECER SOBRE O PROCESSO Nº 0011929-71.2016.5.15.0084 RECLAMAÇÃO TRABALHISTA SOB O RITO SUMARÍSSIMO RECLAMANTE: EDMILSON DIEGO DA SILVA RECLAMADAS: MASTEX TRANSPORTES RAPIDOS LTDA – ME; VALPEMEC VALE PECAS MECANICA EIRELI – EPP. 1 RELATÓRIO O presente trata-se de parecer referente a reclamação trabalhista ajuizada pelo reclamante Edmilson Diego da Silva, em face das reclamadas Mastex Transportes Rápidos LTDA – ME; Valpemec Vale Pecas Mecanica Eireli – EPP. O reclamante foi contratado pela primeira reclamada, em 24/03/2016, para exercer a função de motoboy, cumprindo a escala 6x1, das 09h às 18h. Percebendo a remuneração mensal média no valor de R$ 1.404,72 (um mil quatrocentos e quatro reais e setenta e dois centavos). Por se tratar, a primeira reclamada, de uma empresa terceirizada, o reclamante foi contratado para prestar serviço para a segunda reclamada. Tendo sido dispensado em 06/09/2016, sem justa causa. Com o ingresso da demandao reclamante pleiteava, dentre outros, que a primeira reclamada procedesse a baixa, atualização e devolução de sua CTPS, bem como a condenação ao pagamento da multa prevista no artigo 53 da CLT; pagamento da diferença das verbas rescisórias e saldo de salário; pagamento de horas extras; recolhimento do FGTS e pagamento do vale transporte referente ao período contratual. Deu-se a causa o valor de R$ 5.228,68 (cinco mil duzentos e vinte e oito reais e sessenta e oito centavos). Fora realizada audiência, estando ausente a empregadora, ora primeira reclamada, mesmo tendo sido devidamente citada e intimada, no mais, compareceu a segunda reclamada e seu patrono, todavia o reclamante não compareceu, em virtude disso, o feito foi extinto sem resolução do mérito. 2 FUNDAMENTAÇÃO Trata-se de ação trabalhista processada sob o rito sumaríssimo. Conforme relatório acima, o reclamante foi contrato pela primeira reclamada, na data de 24/03/2016, para prestar serviços à segunda reclamada, tendo sido dispensado imotivadamente em 06/09/2016. O reclamante teve sua CTPS retida e não recebeu corretamente suas verbas trabalhistas, estando estas questões entre os pleitos do mesmo. Dentre os pedidos do reclamante, encontra-se a condenação da segunda reclamada, como responsável subsidiaria e solidaria, porquanto era tomadora do serviço terceirizado oferecido pela primeira reclamada. A segunda reclamada arguiu, em sua contestação, a ilegitimidade passiva, todavia, tal arguição foi rejeitada, sobre a matéria manifestou-se o Tribunal Superior do Trabalho (TST): Na aferição da legitimidade passiva deve-se tomar por base o direito abstratamente invocado e a pertinência subjetiva entre o pedido e as partes chamadas em juízo, analisada conforme a Teoria da Asserção. Significa, por conseguinte, que deve ser feita a partir da narrativa do autor contida na petição inicial. Assim, a simples afirmação no sentido de que os réus são responsáveis pelos direitos postulados pela parte autora, referentes às diferenças de verbas trabalhistas, autoriza a manutenção do Banco réu no polo passivo da relação processual. Dessa forma, concluo que o réu tem legitimidade para compor o polo passivo da reclamação. (TST. Ag-AIRR n. 92-88.2011.5.15.0053. Julgamento em 09/09/2020). Quando ao instituto da terceirização e a responsabilidade subsidiária das tomadoras de serviço, Ricardo Resende leciona: Em um primeiro momento, todos acreditavam que o instituto da terceirização não traria maiores prejuízos ao trabalhador, visto que seus direitos estariam igualmente garantidos pela relação de emprego mantida com o terceiro (prestador de serviços). Não obstante, a prática trabalhista demonstrou que não era bem assim. Ocorre que os empregadores, a fim de se livrar do chamado passivo trabalhista, passaram a contratar terceiros sem nenhuma idoneidade econômico-financeira, verdadeiros “laranjas” ou “testas de ferro”, a fim de que a responsabilidade pelos créditos trabalhistas recaísse sobre estas empresas de fachada. Na Justiça do Trabalho o empregado conheceu amargamente, durante muito tempo, a famosa expressão “ganha, mas não leva”, pois, no mais das vezes, o empregador aparente não tinha nenhuma capacidade de solver os créditos trabalhistas de seus empregados. Diante disso, a Justiça do Trabalho, e mais especificamente o TST, levou adiante a construção de um modelo de responsabilização do tomador dos serviços, o qual passou a atuar como garantidor (responsável subsidiário, tecnicamente falando) dos créditos dos empregados de seus prestadores de serviço. (RESENDE, 2020, p. 269). Vê-se, portanto, que para evitar maiores prejuízos aos trabalhadores terceirizados, o TST, de forma inteligente e sensata, com a edição da súmula 331, a qual será diretamente citada mais adiante, determinou a responsabilidade subsidiária das tomadoras de serviços terceirizados. Vejamos o que dispõe o inciso IV, da súmula 331 do TST: Súm. 331. Contrato de prestação de serviços. Legalidade – Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011. IV – O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da relação processual e conste também do título executivo judicial. Prosseguindo quanto aos pleitos do reclamante, o mesmo aduz que foi dispensado imotivadamente, todavia, não fora realizado o pagamento correto de suas verbas rescisórias, com efeito, são consideradas verbas rescisórias: saldo de salário; aviso prévio; férias vencidas, acrescidas de 1/3; férias proporcionais, acrescidas de 1/3; 13º salário proporcional; indenização de 40% dos depósitos do FGTS. A CLT, em seu artigo 477, parágrafo 6º, estipula o prazo para pagamento dessas verbas, vejamos: § 6o A entrega ao empregado de documentos que comprovem a comunicação da extinção contratual aos órgãos competentes bem como o pagamento dos valores constantes do instrumento de rescisão ou recibo de quitação deverão ser efetuados até dez dias contados a partir do término do contrato. As verbas rescisórias devem ser pagas de forma correta e dentro do prazo estipulado por lei, além do pagamento correto das verbas rescisórias, a empregadora também deve proceder a entrega, ao empregado, de toda documentação pertinente, o que não foi feito pela reclamada. Além do mais, a primeira reclamada, deveria ter procedido a anotação da dispensa na CTPS do reclamante, o que não foi feito, e pior ainda, além de não proceder com as devidas anotações, ainda manteve a CTPS retida. Com a entrada em vigor da Lei n. 13.874/2019, a não anotação e devolução da CTPS dentro do prazo de 48h, não enseja mais multa, porquanto o artigo 53 da CLT fora revogado pela referida lei. Todavia, segundo entendimento do E. Tribunal Superior do Trabalho, o extravio da CTPS do empregado, por culpa do empregado, por si só, enseja indenização por dano moral, vejamos: RECURSO DE REVISTA. LEI 13.467/17. EXTRAVIO DA CTPS DO EMPREGADO. CULPA DO EMPREGADOR. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. DANO IN RE IPSA. TRANSCENDÊNCIA. A causa possui transcendência política, nos termos do art. 896-A, II, da CLT, uma vez que o eg. Tribunal Regional, ao concluir pelo indeferimento do pedido de indenização por dano moral em virtude do extravio da CTPS do autor, em reforma da sentença, consignou que esse fato não tem o condão de ensejar, per se , o dano moral, pois o prejuízo imaterial deve restar plenamente comprovado, decidindo em dissonância com a jurisprudência desta Corte Superior que entende que o extravio da CTPS do empregado, por culpa do empregador, por si só, configura ato ilícito passível de indenização por dano moral. No caso, restam convergentes os requisitos ensejadores à indenização por dano moral, nos termos dos artigos 5º, X, da CF e 186 e 927 do CC, sendo devida a compensação pecuniária pleiteada pelo reclamante. Recurso de revista conhecido e provido. (TST. RR n. 734-71.2014.5.20.0003). Assim, no caso dos autos, não caberia mais a aplicação da referida multa prevista no revogado artigo 53 da CLT, mas, caberia indenização por dano moral. Em relação ao vale transporte, o artigo 1º da Lei n. 7.418/1985, prevê o seguinte: Art. 1º Fica instituído o vale-transporte, (Vetado) que o empregador, pessoa física ou jurídica, antecipará ao empregado para utilização efetiva em despesas de deslocamento residência-trabalho e vice-versa, através do sistema de transporte coletivo público, urbano ou intermunicipal e/ou interestadual com características semelhantes aos urbanos, geridos diretamente ou mediante concessão ou permissão de linhas regulares e com tarifas fixadas pela autoridade competente, excluídos os serviços seletivos e os especiais. (Redação dada pela Lei nº 7.619, de 30.9.1987) Assim, a empresa reclamada deveria ter pago o vale transporte ao empregado,ora reclamante, por todo o período do contrato de trabalho, sendo, neste caso, devido o pedido de pagamento do referido benefício. Ainda, de acordo com a própria lei, o benefício de vale transporte não possui natureza salarial, dessa forma, não refletiria nas férias, nem FGTS. Quando ao pedido de pagamento das horas extraordinárias, a exordial não foi clara, uma vez que no tópico do contrato de trabalho informa que o obreiro trabalhava em escala 6x1, depois alega que o mesmo laborava de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, com 1h para refeição e descanso, ou seja, laborava 8h diárias, durante 5 dias da semana, dessa forma, laborava 40h semanais e não 48h, como informa a inicial, nesse ponto, não foi possível compreender o alegado, tampouco houve juntada de documentos hábeis a comprovar a jornada excedente. Por fim, o feito não teve resolução, uma vez que designada audiência, o reclamante não compareceu, nem apresentou qualquer motivação para o seu não comparecimento, ensejando a extinção do feito, sem resolução do mérito. É o parecer. Local, data. Advogado OAB/SP XXX http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/Mensagem_Veto/Mv326-87.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7619.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7619.htm Processo nº: 0011682-75.2017.5.15.0013 - RITO ORDINÁRIO (está regulado entre o art. 763 e o art. 852 da CLT) RECLAMANTE: W. R. O. R. 1ª RECLAMADA: M. T. R. LTDA; 2ª RECLAMADA: R. D.S. L. S.A. 3ª RECLAMADA: V. V. P. M. EIRELI – EPP 1. DO RESUMO DA INICIAL: O reclamante dispensou o uso da comissão de conciliação prévia com base na Súmula nº 2, do E. TRT Paulista, e requereu a gratuidade da justiça. a. O reclamante alega que foi contratado pela primeira reclamada em 18/02/2014, para laborar nas instalações da segunda e da terceira reclamada sendo que foi demitido sem justa causa em 11/10/2016. Exercia a função de motofretista e percebia o valor de R$ R$ 1.080,00 (mil e oitenta reais). Tinha jornada de trabalho das 09h às 18h de segunda a sexta-feira, e das 09h às 13h aos sábados tirando 1h de descanso. b. Requereu: 1. Decretação de responsabilidade solidária e subsidiária da segunda e terceira reclamada 2. Anotação e devolução da CTPS retida com a primeira reclamada 3. Condenação da primeira reclamada ao pagamento de danos morais por retenção da CTPS 4. Condenação das reclamadas ao pagamento de todas as verbas rescisórias, tendo em vista que nenhuma foi paga após a rescisão 5. Devolução de valores desembolsados para compra de equipamento não fornecido pelas reclamadas 6. Condenação das reclamadas ao pagamento de todas as multas, adicionais e reflexos devidos, bem como dos recolhimentos previdenciários 7. Entrega dos PPP’S, das guias para saque do FGTS e para entrada de seguro desemprego 8. Honorários advocatícios em 15% c. Deu o valor da causa de R$ 36.523,06 (trinta e seis mil, quinhentos e vinte e três reais e seis centavos). DAS JURISPRUDENCIAS PARA A INICIAL: "JUSTIÇA GRATUITA. REFORMA TRABALHISTA. ART. 790, §§ 3º E 4º, DA CLT. INTERESSADO DESEMPREGADO OU QUE JUNTA DECLARAÇÃO DE POBREZA. PRESUNÇÃO DE INSUFICIÊNCIA DE RECURSOS. DEFERIMENTO. O litigante desempregado por ocasião do processo e também o que, juntando declaração de pobreza, esteja empregado, ainda que recebendo remuneração superior a 40% do limite de benefícios do Regime Geral de Previdência, fazem jus aos benefícios da justiça gratuita, por se estabelecer, em favor deles, presunção relativa de insuficiência de recursos, que somente poderá ser elidida pela produção de prova em sentido contrário. Inteligência dos arts. 212, IV, do Código Civil, 374, IV, do Código de Processo Civil, e 1º, da Lei nº 7.115, de 29 de agosto de 1983." (TRT 15ªR, 3ª Turma, RO 0010215-70.2018.5.15.0031, Relator Desembargador Jorge Luiz Costa, Data de Publicação: 25/07/2018) RECURSO DE REVISTA. CTPS. RETENÇÃO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. DANO "IN RE IPSA". A jurisprudência desta Corte tem se firmando no sentido de que a retenção da Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS por tempo superior ao que a lei autoriza configura ato ilícito passível de indenização por danos morais. Recurso de revista conhecido e provido. (Brasília-DF, Tribunal Superior do Trabalho, Primeira Turma, Recurso de Revista RR 4484020135120007, j. 27.05.2015) DA DOUTRINA PARA A INICIAL: “O dano moral direto consiste na lesão a um interesse que visa à satisfação ou gozo de um bem jurídico, extrapatrimonial contido nos direitos da personalidade (como a vida, a integridade corporal, a liberdade, a honra, o decorro, a intimidade, os sentimentos afetivos, a própria imagem) ou nos atributos da pessoa (como o nome, a capacidade, o estado de família)”. (Diniz, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Saraiva). 2. DO RESUMO DAS CONTESTAÇÕES: 1ª RECLAMADA: Não apresentou contestação, não compareceu na audiência, considerada revel e confessa. 2ª RECLAMADA: Alegou ilegitimidade passiva, pois a prestação de serviços não ocorreu mediante cessão de mão de obra, e o reclamante não trabalhava nas dependências da segunda reclamada, mas sim tinha suas atividades limitadas a retirada e entrega de documentos nos lugares designados pela contratante. Requereu por fim, extinção da reclamação em face da segunda reclamada com base nos argumentos acima. 3ª RECLAMADA: Alegou ilegitimidade da parte, informando que diverso do alegado na exordial o reclamante de fato prestou serviço a 3ª reclamada, no entanto não de forma exclusiva, no período de 19/02/2014 a 15/09/2014, sendo que em referido período como ocorre com todos os terceirizados, poderia ser substituído por outro motoboy, e que desta forma não há o que se falar em responsabilidade subsidiaria e/ou solidaria, pois se trata de uma relação comercial contrato de prestação de serviços mantido com a 1ª reclamada real empregadora do obreiro, qual não atinge a atividade fim da 3ª reclamada. Alegou inépcia da inicial por pedidos mal formulados. Requereu por fim, extinção da reclamação em face da segunda reclamada com base nos argumentos acima. Ademais, no mérito a 2ª e 3ª reclamadas impugnaram por completo a pretensão e valores constantes da exordial, alegando que desprovidos de qualquer amparo fático ou legal, e por serem irreais como os pedidos, os quais foram impugnados, requerendo portanto a reclamatória totalmente improcedente. DAS JURISPRUDENCIAS PARA A CONTESTAÇÃO: INÉPCIA DA INICIAL – AUSÊNCIA DE PEDIDO EXPRESSO DE RECONHECIMENTO DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO OU DE ANOTAÇÃO NA CTPS – FORMULAÇÃO DE PRETENSÕES DECORRENTES DA RELAÇÃO DE TRABALHO – A inicial elenca inúmeras pretensões decorrentes do vínculo de emprego, mas não o postula. Não se pode pleitear título acessório quando não perseguido o principal. Como condenar a reclamada a efetuar pagamento de verbas oriundas de uma relação de trabalho não postulada. Recurso provido para decretar a inépcia da exordial. (TRT 15a R. – Proc. 14704/99 – (3400/01) – 5a T – Rela Juíza Helena Rosa Mônaco da Silva Lins Coelho – DOESP 15.01.2001 – p. 60). SEGURO DESEMPREGO - A falta de entrega das guias de seguro desemprego não pode ser suprida pela sua conversão em pecúnia ou indenização, sob pena de contrariar o disposto no artigo quinto, inciso dois, da Constituição Federal, tendo em vista a ausência de amparo legal para obrigar o empregador a pagar a referida indenização. Revista parcialmente conhecida e provida. (TST - RR 235638/1995 - 2ª T. - Rel. Min. Ângelo Mário de Carvalho e Silva - DJU 01.08.1997 - p. 34328) DA DOUTRINA PARA A CONTESTAÇÃO: "A petição inicial é a materialização do ato (no sentido de manifestação de vontade) de se exercitar o direito de ação e é, ao mesmo tempo, ato introdutório do processo. Apresentada a um juiz ou simplesmente distribuída em um órgão jurisdicional, por quem tenha capacidade de ser parte, considera-seproposta a ação e instaurado o processo. A petição inicial, materialização do direito de ação, é, assim, um dos pressupostos processuais ou requisito extrínseco do processo." (SOUTO MAIOR, Jorge Luiz. Petição Inicial. São Paulo: LTr. 1996 p.83). DO RESUMO DA SENTENÇA: A ação foi julgada parcialmente procedente para condenar as reclamadas, a pagarem ao reclamante, as seguintes verbas dias de saldo de salário; aviso prévio indenizado; férias vencidas + 1/3, em dobro, FGTS + 40%; devidas multas requeridas; indenização por danos morais no montante de R$ 2.000,00; custas e honorários advocatícios. DOS PRAZOS PROCESSUAIS: Após protocolada a inicial foi agendada audiência una para o dia 22/11/2017, sendo que as contestações deveriam serem juntadas até a data da audiência. Na audiência supracitada foi dado prazo de 05 dias o Reclamante apresentar réplica (findo em 28/11/2017). A sentença foi prolatada em 23/01/2018, o prazo para apresentação de recurso ordinário era de 08 dias uteis (findo em 02/02/2018). PARECER SOBRE O PROCESSO Nº 0011682-75.2017.5.15.0013 RECLAMAÇÃO TRABALHISTA SOB O RITO ORDINÁRIO RECLAMANTE: WESLEY RAFAEL DE OLIVEIRA REGINALDO RECLAMADAS: MASTEX TRANSPORTES RAPIDOS LTDA – ME; REDE D'OR SAO LUIZ S.A; VALPEMEC VALE PECAS MECANICA EIRELI – EPP. 1 RELATÓRIO O presente trata-se de parecer referente a reclamação trabalhista ajuizada pelo reclamante Wesley Rafael Oliveira Reginaldo, em face das reclamadas Mastex Transportes Rápidos LTDA – ME; Rede D'or Sao Luiz S.A; Valpemec Vale Pecas Mecanica Eireli – EPP. O reclamante foi contratado pela primeira reclamada, em 18/02/2014, para exercer a função de motofretista, laborava das 09h às 18h, de segunda a sexta-feira e das 09h às 13h aos sábados, tendo intervalo de 1h, para refeição e descanso. Percebendo a remuneração no valor de R$ 1.080,00 (um mil e oitenta reais). Por se tratar, a primeira reclamada, de uma empresa terceirizada, o reclamante foi contratado para prestar serviço para a segunda reclamada de 18/02/2014 até 18/09/2014 e para a terceira reclamada de 18/09/2014 até 11/10/2016. Tendo sido dispensado em 11/10/2016, sem justa causa. Com o ingresso da demanda o reclamante pleiteava, dentre outros, que a primeira reclamada procedesse a baixa, atualização e devolução de sua CTPS, bem como a condenação ao pagamento da multa prevista no artigo 53 da CLT; pagamento de indenização por dano moral; pagamento das verbas rescisórias e saldo de salário; pagamento de férias vencidas; bem como a tutela antecipada, para soerguimento de FGTS e seguro desemprego. Deu-se a causa o valor de R$ 36.523,06 (trinta e seis mil quinhentos e vinte e três reais e seis centavos). Fora realizada audiência, estando ausente a empregadora, ora primeira reclamada, no mais, a conciliação restou infrutífera. Sendo concedida a tutela antecipada para soerguimento do FGTS e seguro desemprego. O reclamante foi interrogado. Não havendo mais provas a produzir, a instrução processual foi encerrada. Sobreveio sentença de parcial procedência dos pedidos, sem recursos conhecidos. 2 FUNDAMENTAÇÃO Trata-se de ação trabalhista processada sob o rito ordinário. Conforme relatório acima, o reclamante foi contrato pela primeira reclamada, na data de 18/02/2014, para prestar serviços à segunda e terceira reclamadas, tendo sido dispensado imotivadamente em 11/10/2016. O reclamante teve sua CTPS retida e não recebeu corretamente suas verbas trabalhistas, estando estas questões entre os pleitos do mesmo. Dentre os pedidos do reclamante, encontra-se a condenação da segunda e terceira reclamadas, como responsáveis subsidiaria e solidariamente, porquanto eram tomadoras do serviço terceirizado oferecido pela primeira reclamada. As duas últimas reclamadas arguiram, em suas contestações, a ilegitimidade passiva, todavia, tal arguição foi rejeitada, sobre a matéria manifestou-se o Tribunal Superior do Trabalho (TST): Na aferição da legitimidade passiva deve-se tomar por base o direito abstratamente invocado e a pertinência subjetiva entre o pedido e as partes chamadas em juízo, analisada conforme a Teoria da Asserção. Significa, por conseguinte, que deve ser feita a partir da narrativa do autor contida na petição inicial. Assim, a simples afirmação no sentido de que os réus são responsáveis pelos direitos postulados pela parte autora, referentes às diferenças de verbas trabalhistas, autoriza a manutenção do Banco réu no polo passivo da relação processual. Dessa forma, concluo que o réu tem legitimidade para compor o polo passivo da reclamação. (TST. Ag-AIRR n. 92-88.2011.5.15.0053. Julgamento em 09/09/2020). Prosseguindo quanto aos pleitos do reclamante, o mesmo aduz que foi dispensado imotivadamente, todavia, não fora realizado o pagamento de suas verbas rescisórias, com efeito, são consideradas verbas rescisórias: saldo de salários; aviso prévio; férias vencidas, acrescidas de 1/3; férias proporcionais, acrescidas de 1/3; 13º salário proporcional; indenização de 40% dos depósitos do FGTS. A CLT, em seu artigo 477, parágrafo 6º, estipula o prazo para pagamento dessas verbas, vejamos: § 6o A entrega ao empregado de documentos que comprovem a comunicação da extinção contratual aos órgãos competentes bem como o pagamento dos valores constantes do instrumento de rescisão ou recibo de quitação deverão ser efetuados até dez dias contados a partir do término do contrato. Ainda em relação a este prazo, explica Ricardo Resende: Observe-se ainda, por oportuno, que o prazo de dez dias, contados do término do contrato, deverá ser observado não só para o pagamento das verbas rescisórias, como também para a entrega ao empregado de documentos que comprovem a comunicação da extinção contratual aos órgãos competentes. Justifica-se a previsão legal pelo fato de que somente após tais comunicações o empregado pode solicitar, se for o caso, o saque do FGTS, bem como pode requerer o seguro- desemprego. (RESENDE, 2020, p. 782). Logo, findo o prazo estipulado pela CLT, a primeira reclamada deveria ter efetuado o pagamento das verbas rescisórias, bem como ter efetuado a entrega de toda documentação pertinente, o que não foi feito. Ainda, devido ao não cumprimento do prazo legal, para pagamento das verbas rescisórias, correto a condenação da reclamada ao pagamento da multa prevista no parágrafo 8º, do artigo 477. Não obstante, o não pagamento das verbas incontroversas em audiência, acarreta ainda a condenação da reclamada ao pagamento da multa prevista no artigo 467, da CLT: “Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado a pagar ao trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de cinquenta por cento”. Por fim, a primeira reclamada, deveria ter procedido a anotação da dispensa na CTPS do reclamante, o que não foi feito, e pior ainda, além de não proceder com as devidas anotações, ainda manteve a CTPS retida, fazendo com que o obreiro fosse obrigado a solicitar uma segunda via do documento. Segundo entendimento do E. Tribunal Superior do Trabalho, o extravio da CTPS do reclamante, por culpa do empregado, por si só, enseja indenização por dano moral, vejamos: RECURSO DE REVISTA. LEI 13.467/17. EXTRAVIO DA CTPS DO EMPREGADO. CULPA DO EMPREGADOR. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. DANO IN RE IPSA. TRANSCENDÊNCIA. A causa possui transcendência política, nos termos do art. 896-A, II, da CLT, uma vez que o eg. Tribunal Regional, ao concluir pelo indeferimento do pedido de indenização por dano moral em virtude do extravio da CTPS do autor, em reforma da sentença, consignou que esse fato não tem o condão de ensejar, per se , o dano moral, pois o prejuízo imaterial deve restar plenamente comprovado, decidindoem dissonância com a jurisprudência desta Corte Superior que entende que o extravio da CTPS do empregado, por culpa do empregador, por si só, configura ato ilícito passível de indenização por dano moral. No caso, restam convergentes os requisitos ensejadores à indenização por dano moral, nos termos dos artigos 5º, X, da CF e 186 e 927 do CC, sendo devida a compensação pecuniária pleiteada pelo reclamante. Recurso de revista conhecido e provido. (TST. RR n. 734-71.2014.5.20.0003). Assim, totalmente acertada a sentença proferida, na qual a brilhante magistrada condenou a reclamada ao pagamento de indenização por dano moral ao reclamante, no valor de R$ 2.000,00. Quando ao instituto da terceirização e a responsabilidade subsidiária das tomadoras de serviço, Ricardo Resende leciona: Em um primeiro momento, todos acreditavam que o instituto da terceirização não traria maiores prejuízos ao trabalhador, visto que seus direitos estariam igualmente garantidos pela relação de emprego mantida com o terceiro (prestador de serviços). Não obstante, a prática trabalhista demonstrou que não era bem assim. Ocorre que os empregadores, a fim de se livrar do chamado passivo trabalhista, passaram a contratar terceiros sem nenhuma idoneidade econômico-financeira, verdadeiros “laranjas” ou “testas de ferro”, a fim de que a responsabilidade pelos créditos trabalhistas recaísse sobre estas empresas de fachada. Na Justiça do Trabalho o empregado conheceu amargamente, durante muito tempo, a famosa expressão “ganha, mas não leva”, pois, no mais das vezes, o empregador aparente não tinha nenhuma capacidade de solver os créditos trabalhistas de seus empregados. Diante disso, a Justiça do Trabalho, e mais especificamente o TST, levou adiante a construção de um modelo de responsabilização do tomador dos serviços, o qual passou a atuar como garantidor (responsável subsidiário, tecnicamente falando) dos créditos dos empregados de seus prestadores de serviço. (RESENDE, 2020, p. 269). Vê-se, portanto, que para evitar maiores prejuízos aos trabalhadores terceirizados, o TST, de forma inteligente e sensata, com a edição da súmula 331, a qual será diretamente citada mais adiante, determinou a responsabilidade subsidiária das tomadoras de serviços terceirizados. Vejamos o que dispõe o inciso IV, da súmula 331 do TST: Súm. 331. Contrato de prestação de serviços. Legalidade – Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011. IV – O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da relação processual e conste também do título executivo judicial. Portanto, mais uma vez acertada a decisão da douta magistrada, ao reconhecer a responsabilidade subsidiária da segunda e terceira reclamada. É o parecer. Local, data. Advogado OAB/SP XXX Processo nº: S/N - RITO ORDINÁRIO (está regulado entre o art. 763 e o art. 852 da CLT) RECLAMANTE: NÃO IDENTIFICADO RECLAMADA: DKS - C. I. A. M. LTDA 1. DO RESUMO DA INICIAL: O reclamante dispensou o uso da comissão de conciliação prévia com base na Súmula nº 2, do E. TRT Paulista, e requereu a gratuidade da justiça. Requereu também a perícia médica no local de trabalho, para corroborar com as informações alegadas. a. O reclamante alega que foi contratado pela Reclamada 16/12/2013, sendo que foi demitido sem justa causa em 01/02/2017. Exercia a função de montador júnior e percebia o valor de R$ R$ 1.854,70 (mil oitocentos e cinquenta e quatro reais e setenta centavos). Tinha jornada de trabalho das 07h às 17h de segunda a sexta-feira, tirando 1h de descanso. b. Requereu: 1. Adicional de insalubridade, pois trabalhava com ruídos e poeira acima do permitido 2. Expedição do PPP, considerando o local insalubre 3. Horas extras, tendo em vista que durante a semana trabalhava até às 20h e trabalhava um sábado por mês dás 07h às 16h, sem que essas horas tenham sido pagas. 4. Acumulo de funções, pois tinha que dirigir o carro da empresa 5. Devolução de valores descontados indevidamente, pois teve descontado de seu salário multas que recebeu com o carro da empresa e adiantamentos de salário que nunca existiram 6. Devolução de valores, desembolsados enquanto estava em viagem pela empresa 7. Perdas e danos, por conta da necessidade de contratação de advogado particular para que pudesse reaver valores que eram seus por direito. c. Requereu ainda, todos os reflexos, multas e adicionais devidos sob os pedidos acima descritos, dando o valor da causa de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais). DAS JURISPRUDENCIAS PARA A INICIAL: "JUSTIÇA GRATUITA. REFORMA TRABALHISTA. ART. 790, §§ 3º E 4º, DA CLT. INTERESSADO DESEMPREGADO OU QUE JUNTA DECLARAÇÃO DE POBREZA. PRESUNÇÃO DE INSUFICIÊNCIA DE RECURSOS. DEFERIMENTO. O litigante desempregado por ocasião do processo e também o que, juntando declaração de pobreza, esteja empregado, ainda que recebendo remuneração superior a 40% do limite de benefícios do Regime Geral de Previdência, fazem jus aos benefícios da justiça gratuita, por se estabelecer, em favor deles, presunção relativa de insuficiência de recursos, que somente poderá ser elidida pela produção de prova em sentido contrário. Inteligência dos arts. 212, IV, do Código Civil, 374, IV, do Código de Processo Civil, e 1º, da Lei nº 7.115, de 29 de agosto de 1983." (TRT 15ªR, 3ª Turma, RO 0010215-70.2018.5.15.0031, Relator Desembargador Jorge Luiz Costa, Data de Publicação: 25/07/2018) "AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. NULIDADE DA SENTENÇA POR CERCEAMENTO DE DEFESA. INDEFERIMENTO DE PRODUÇÃO DE NOVA PROVA PERICIAL. A caracterização do cerceamento do direito de defesa está jungida às hipóteses em que determinada prova, cuja produção foi indeferida pelo juiz, revela-se indispensável ao desfecho da controvérsia. No caso em exame, o Regional rechaçou a pretensão da reclamante de nulidade da sentença por cerceamento de defesa. Destacou que " as impugnações ao laudo pericial, feitas pela Recorrente, não procedem. Isto porque não há qualquer motivo para se desconsiderar a perícia elaborada por técnico da confiança do Juízo e, embora a conclusão nela consignada tenha sido contrária aos interesses da Reclamante, o certo é que nada existe nos autos a comprovar a existência de qualquer irregularidade que possa macular o bom trabalho do profissional ". Assentou que, apesar de a autora ter requerido a realização de nova perícia, " inexistem fundamentos plausíveis para invalidar a perícia elaborada nos autos e suficientes para suscitar dúvidas necessárias para a determinação de realização de nova prova pericial ". Importante salientar que a insatisfação da parte com o resultado do laudo pericial que lhe foi desfavorável não é motivo bastante para afastá-lo, a fim de que seja reaberta a instrução processual com a realização de nova perícia e nova coleta de provas (precedentes). Nesse contexto, incólume o artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal. Agravo de instrumento desprovido. (AIRR-11150-82.2015.5.03.0150, 2ª Turma, Relator Ministro José Roberto Freire Pimenta, DEJT 15/03/2018). DA DOUTRINA PARA A INICIAL: “Insalubre é o elemento prejudicial à saúde, que dá causa a doença. O prejuízo é causado diariamente à saúde do trabalhador. A insalubridade causa doenças. Pode haver inoculação, contaminação, transmissão de doenças ou moléstia. A insalubridade está ligada à higiene e medicina. Diz respeito à Medicina do Trabalho”. MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 34ªed. São Paulo: Saraiva, 2018. 2. DO RESUMO DA CONTESTAÇÃO: A contestação se inicia com um breve resumo do relatado e pedido na inicial. A Reclamada impugnou todos os documentos juntados pelo Reclamante. Requereu a gratuidade da justiça. Alegou queo Reclamante nunca cumpriu a jornada de trabalho informada à exordial e juntou cartões de ponto confirmando que o Reclamante não fazia horas extras. Informou que todas as verbas e seus reflexos já foram pagos ao reclamante e que o ambiente de trabalho do mesmo não era insalubre, bem como que o Reclamante recebeu todos os EPI'S devidos no momento da contratação. Quanto ao acumulo de função explicou que a Função do reclamante era montar os equipamentos onde os clientes estivessem e que era sempre acompanhado por um supervisor, e que se dirigia era por mera liberalidade. Dos valores descontados indevidamente a Reclamada explica que a multa de transito foi por excesso de velocidade, tendo amparo legal para o pagamento e que o adiantamento é a forma de pagamento da empresa prevista em convenção coletiva. Quanto ao reembolso, esclareceu que o mesmo foi feito e que o Reclamante foi para a viagem a trabalho com crédito para gastou e ultrapassou os mesmos, porém mesmo assim foi ressarcido. A Reclamada impugnou por completo a pretensão e valores constantes da exordial, alegando que desprovidos de qualquer amparo fático ou legal, e por serem irreais como os pedidos, os quais foram impugnados, requerendo, portanto, a reclamatória totalmente improcedente. DAS JURISPRUDENCIAS PARA A CONTESTAÇÃO: DIFERENÇAS DE HORAS EXTRAS. NÃO DEMONSTRADAS. Era da reclamante o ônus de comprovar a existência de horas extras não remuneradas, do qual não se desvencilhou, pois não afastou a validade da prova documental no tema nem apontou diferenças válidas em seu favor. (TRT-2. Processo n. 1001032-43.2019.5.02.0077). ADICIONAL PARA DIRIGIR VEÍCULO – Se o empregado dirige o veículo para realizar as atividades inerentes à sua função na empresa, tal fato não gera o direito à percepção de um Plus salarial, diante da ausência de prova de alteração contratual e/ou extrapolação da jornada em razão do suposto desvio. Nos termos do art. 456 da CLT, inexistindo cláusula expressa a tal respeito, entender-se-á que o empregado se obrigou a todo e qualquer serviço compatível com a sua condição pessoal. (TRT – 5. Recurso Ordinário n. 0001348-39.2010.5.05.0131). DA DOUTRINA PARA A CONTESTAÇÃO: A eliminação ou neutralização da insalubridade ocorrerá, nos termos do art. 191 da CLT, mediante: a) A adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância. No caso, trata-se das medidas de proteção coletiva, as quais reduzem os agentes nocivos de forma a manter o ambiente de trabalho salubre, dentro dos parâmetros estipulados pelo Ministério da Economia. Exemplo: uma indústria que utiliza maquinário que produz ruído excessivo enclausura tais máquinas, no sentido da redução de tal agente físico, mantendo assim o ruído ambiente dentro dos limites de tolerância. b) A utilização de equipamentos de proteção individual pelo trabalhador que diminuam a intensidade do agente agressivo, de forma que não sejam ultrapassados os limites de tolerância. Exemplo: indústria que utiliza máquinas que produzem ruído excessivo neutraliza a insalubridade do ambiente de trabalho mediante o fornecimento (e exigência do uso) de abafadores de ruído e protetores auriculares (EPIs), conforme o caso. (RESENDE, 2019, p. 970). DO RESUMO DA SENTENÇA: A ação foi julgada improcedente pelo Juízo pois o reclamante não produziu qualquer comprovação nos autos, de forma a alicerçar as alegações da petição inicial, já a Reclamada juntou documentos comprovando todas as suas alegações e o Laudo Pericial foi desfavorável aos pedidos do Reclamante. DO RESUMO DO RECURSO ORDINÁRIO: O Reclamante interpôs recurso Ordinário pleiteando a nulidade da sentença proferida reiterando todos os pedidos feitos na inicial, devendo ser decretada a nulidade da perícia realizada e concedidos ao Reclamante os pedidos já descritos. DA JURISPRUDENCIA PARA O RECURSO: ACÚMULO DE FUNÇÕES. ACRÉSCIMO SALARIAL. Comprovada a Realização de tarefas para as quais o empregado não foi contratado, realizando operações e tarefas não inerentes à sua função, cabível Adicional salarial por acúmulo de função. (TRT-4 - ROT: 00224124620165040221, Data de Julgamento: 11/10/2019, 2ª Turma) DO RESUMO DAS CONTRARRAZÕES: O Reclamado pugnou pelo total improvimento do Recurso Ordinário, alegando que as razões do Recorrente não têm qualquer amparo legal, por direito, assim não podendo prosperar. Argumentou que a sentença revela-se perfeita nos pontos abordados pelo Recorrente, que o laudo pericial é totalmente válido, e que o Reclamante estava visando tão somente a anulação do laudo pericial e da decisão desfavorável da qual não logrou êxito, com o argumento de que o Reclamante não apresentou, em seu recurso, qualquer fundamento fático e ou jurídico que pudesse ensejar qualquer reforma da referida sentença, pois todas as questões foram refutadas pelo laudo pericial, e a prova oral não socorreu à tese obreira. DA JURISPRUDÊNCIA DAS CONTRARRAZÕES: "ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. Comprovado o fornecimento, uso e efetiva fiscalização de EPIs, contendo Certificados de Aprovação, tem-se por elidida a insalubridade constatada pela perícia nas atividades do autor." (TRT4 - Proc.,: Processo 0131500-45.2008.5.04.0012 (RO) - Rel.: CARMEN GONZALEZ - Data: 05/08/2010 Origem: 12ª Vara do Trabalho de Porto Alegre). DOS PRAZOS PROCESSUAIS: Após protocolada a inicial foi agendada a primeira audiência una para o dia 20/09/2017, sendo que a contestação deveria ser juntada até a data da audiência. Na audiência supracitada foi dado prazo de 05 dias o Reclamante apresentar réplica (findo em 26/09/2017). Na mesma data também foi estipulado prazo de 05 dias para que as partes apresentassem quesitos e assistentes técnicos (findo em 26/09/2017). O laudo foi juntado só em 17/12/2018 quando foi dado prazo de 08 dias para manifestação das partes (findo em 27/12/2018) Em 07/08/2019 foi dado prazo de 05 dias para que as partes apresentassem rol de testemunhas (findo em 13/08/2019) A audiência de instrução foi agendada em 24/03/2020 e a sentença foi prolatada em 25/03/2020, o prazo para apresentação de recurso ordinário era de 08 dias uteis (findo em 06/04/2020). Em 22/05/2020 foi dado prazo legal (15 dias) para que o Reclamado apresentasse contrarrazões (findo em 15/06/2020). PARECER SOBRE O PROCESSO Nº XXXX RECLAMAÇÃO TRABALHISTA SOB O RITO ORDINÁRIO RECLAMANTE: XXXX RECLAMADA: DKS - COMERCIO E INDUSTRIA DE ARTEFATOS METALICOS LTDA - CNPJ: 08.927.398/0001-18 1 RELATÓRIO O presente trata-se de parecer referente a reclamação trabalhista ajuizada pelo reclamante XXXX, em face da reclamada DKS - COMERCIO E INDUSTRIA DE ARTEFATOS METALICOS LTDA. O reclamante prestou serviços para a reclamada na função de montador júnior, desde a data da sua admissão em 16/12/2013, até a data da sua demissão, sem justa causa, em 01/02/2017, tendo percebido como último salário o valor de R$ 1.854,70 (um mil oitocentos e cinquenta e quatro reais e setenta centavos). Com o ingresso da demanda o reclamante pleiteava pagamento de adicional de insalubridade, emissão de PPP, pagamento de horas extraordinárias, reconhecimento de acumulo de função, devolução e ressarcimentos de valores descontados de seu salário, dentre outros, dando a causa do valor de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais). Fora realizada audiência, tendo sido infrutífera a conciliação. Houve o depoimento pessoal do reclamante e do preposto da reclamada, bem como a oitiva das testemunhas. Por fim, cumpre informar que os pedidos foram julgados totalmente improcedentes, tendo o reclamante interposto Recurso Ordinário. É o relatório. 2 FUNDAMENTAÇÃO Trata-se de Reclamação Trabalhista processada sob o rito ordinário. Conforme relatório acima, o reclamante trabalhou na empresa reclamada de 16/12/2013 à 01/02/2017, exercendoa função de montador júnior. Dentre os pedidos o autor pleiteou o reconhecimento da condição insalubre no exercício de sua função. De acordo com o artigo 189 da Consolidação das Lei do Trabalho: Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos. Vale ressaltar que cabe ao Ministério da Economia, no exercício de sua competência, definir as atividades e operações insalubres, bem como adotar normas sobre os critérios de caracterização da insalubridade, os limites de tolerância aos agentes agressivos, meios de proteção e o tempo máximo de exposição do empregado a esses agentes. A regulamentação em questão consta da Norma Regulamentadora – NR nº 15 (NR-15) e da Portaria nº 3.214/1978, com alterações posteriores, lembrando que trata-se de rol taxativo, assim, as atividades que não estão abarcadas pelo mesmo, não são consideradas insalubres e por esse motivo não fazem jus ao adicional. Conforme narra a exordial, em todo o período do contrato de trabalho, o obreiro trabalhou em condições insalubres, devido a exposição a ruídos de máquinas, além dos limites de tolerância, e ainda, trabalha exposto a poeira e lã de vidro, além dos limites de tolerância. Todavia, conforme consta do laudo pericial, a reclamada fornecia os equipamentos de seguraça (EPI), ao reclamante, por esse motivo não houve exposição ao agente ruído, descaracterizando a insalubridade. Ainda a primeira testemunha do reclamante relatou que havia diferenciação entre os trabalhados internos e externos, e que o reclamante trabalhava juntamente com o depoente, desenvolvendo atividades externas, descaracterizando mais uma vez o pedido de insalubridade. E mais: A eliminação ou neutralização da insalubridade ocorrerá, nos termos do art. 191 da CLT, mediante: a) A adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância. No caso, trata-se das medidas de proteção coletiva, as quais reduzem os agentes nocivos de forma a manter o ambiente de trabalho salubre, dentro dos parâmetros estipulados pelo Ministério da Economia. Exemplo: uma indústria que utiliza maquinário que produz ruído excessivo enclausura tais máquinas, no sentido da redução de tal agente físico, mantendo assim o ruído ambiente dentro dos limites de tolerância. b) A utilização de equipamentos de proteção individual pelo trabalhador que diminuam a intensidade do agente agressivo, de forma que não sejam ultrapassados os limites de tolerância. Exemplo: indústria que utiliza máquinas que produzem ruído excessivo neutraliza a insalubridade do ambiente de trabalho mediante o fornecimento (e exigência do uso) de abafadores de ruído e protetores auriculares (EPIs), conforme o caso. (RESENDE, 2019, p. 970). O reclamante alegou ainda desvio ou acumulo de função, uma vez que além da atividade de montador júnior, ainda precisava dirigir o veículo da empresa para se locomover, todavia, de acordo com entendimento jurisprudencial, se o empregado precisa dirigir o veículo da empresa para exercício de atividades inerentes a sua função, porquanto, tal fato não caracteriza desvio ou acumulo de função, vejamos: ADICIONAL PARA DIRIGIR VEÍCULO – Se o empregado dirige o veículo para realizar as atividades inerentes à sua função na empresa, tal fato não gera o direito à percepção de um plus salarial, diante da ausência de prova de alteração contratual e/ou extrapolação da jornada em razão do suposto desvio. Nos termos do art. 456 da CLT, inexistindo cláusula expressa a tal respeito, entender-se-á que o empregado se obrigou a todo e qualquer serviço compatível com a sua condição pessoal. (TRT – 5. Recurso Ordinário n. 0001348-39.2010.5.05.0131). Quanto ao alegado direito as horas extras, uma vez que o reclamante informa em sua inaugural que trabalhava até as 20h, e ainda trabalhava um sábado por mês das 07h às 16h, sendo que essas horas excedentes nunca foram corretamente pagas. No entanto, as alegações do reclamante não se sustentam, mesmo porque, em audiência, a testemunha ouvida a pedido do próprio reclamante, narrou uma história totalmente contrária as alegações do reclamante. Outrossim, o reclamante também não logrou êxito em comprovar a falta de veracidade dos comprovantes de ponto juntados pela reclamada, dessa forma, segundo entendimento jurisprudencial: DIFERENÇAS DE HORAS EXTRAS. NÃO DEMONSTRADAS. Era da reclamante o ônus de comprovar a existência de horas extras não remuneradas, do qual não se desvencilhou, pois não afastou a validade da prova documental no tema nem apontou diferenças válidas em seu favor. (TRT-2. Processo n. 1001032-43.2019.5.02.0077). Ao analisar detidamente a pretensão do reclamante, resta claro que todos os seus pleitos foram superados, visto que o mesmo não conseguiu comprovar, seja documentalmente ou através de testemunhas, nenhuma de suas alegações. Nesta toada, mais que correta a sentença de total improcedência, proferida pela brilhante julgadora. Sendo assim, difícil acreditar que o Recurso Ordinário interposto pelo reclamante venha a ser provido pelo Tribunal, uma vez que a suas razões não possuem amparo probatório suficiente para ilidir a brilhante sentença proferida pela magistrada de primeiro grau. É o parecer. Local, data. Advogado OAB/SP XXX Processo nº: 1001574-14.2017.5.02.0374 - RITO ORDINÁRIO (está regulado entre o art. 763 e o art. 852 da CLT) RECLAMANTE: W. M. V. P. RECLAMADO: R. C. M. 1. DO RESUMO DA INICIAL: O reclamante dispensou o uso da comissão de conciliação prévia com base na Súmula nº 2, do E. TRT Paulista, e requereu a gratuidade da justiça nos termos da Lei n° 1060/50, e Lei 5.584/70. Requereu também a perícia médica no local de trabalho, para corroborar com as informações alegadas. a. O reclamante alega que foi contratado pela Reclamada em outubro de 2014, tendo sido registrado apenas em 01/07/2015, sendo que foi demitido sem justa causa em 13/01/2017 e cumpriu o aviso prévio até o dia 12/02/2017. Exercia a função de vidraceiro e percebia o valor de R$ R$ 1.800,00 (um mil e oitocentos reais). Requereu a retificação da CTPS quanto a data da contratação. b. Requereu a nulidade da demissão diante da alegação que à época da demissão foi submetido a cirurgia com afastamento de 30 (trinta) dias, e a sua alta médica ocorreu apenas em 02/03/2017, ou seja, 20 (vinte dias) após a demissão, e na realização do exame demissional e da sua homologação foi obrigado pela reclamada, a omitir as referidas informações. c. Alega que adquiriu doença laboral equiparada a acidente de trabalho chegando a ter que realizar cirurgia em 01/02/2017 e que não foi aberto CAT para tanto, requereu que a reclamada fosse intimada a juntar aos autos toda a documentação referente ao reclamante, bem como a nulidade da dispensa e recebimento de todas as verbas após o período de estabilidade. Requereu ainda que o reclamante fosse afastado das funções durante o período de tratamento médico. d. Requereu a reintegração imediata ao posto de trabalho, o encaminhamento ao INSS para afastamento e a estabilidade de 12 meses na reclamada convertida em indenização pecuniária. Caso a reintegração não fosse possível, requereu ainda, a indenização de todo o período acima descrito e transcorrida a estabilidade ser o reclamante reintegrado aos quadros da reclamada em função compatível com as suas condições de saúde. e. Com os argumentos acima expostos requereu os seguintes pagamentos: depósito do FGTS por todo o período de contratação; diferença do aviso prévio; o 13º salário proporcional; férias acrescidas do terço constitucional pagas em dobro; multa de 40% sobre asdiferenças dos depósitos fundiários não efetuados; multas previstas nos artigos 467 e 477 da CLT. f. Alega o reclamante ter direito a hora extra pois durante todo o pacto laboral, jamais usufruiu do intervalo de uma hora previsto na Legislação, e também pois executava o montante de uma hora extras pelo trabalho extraordinário diário de segunda a sexta, somando o total aproximado de 120 horas não pagas, devendo ser acrescidas do adicional de 50%, devendo ainda incidir os seus reflexos. g. O Reclamante requereu danos morais, alegando que a Reclamada agiu com desumanidade ao dispensar prestação de serviços, sem pagar as suas verbas rescisórias de forma correta e por ter mantido o mesmo sem o registro na CTPS de forma correta, além da coação no ato da demissão tendo a mesma ocorrido de forma ilegal ante seu quadro de saúde, dando o valor da causa de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais). DAS JURISPRUDENCIAS PARA A INICIAL: DOENÇA LABORAL EQUIPARADA AO ACIDENTE DO TRABALHO. RESPONSABILIDADE CIVIL DA EMPRESA. CONCAUSA. A doença atribuída a causas múltiplas, por si só, não perde o enquadramento como doença ocupacional se houver pelo menos uma causa laboral que contribua diretamente para o seu surgimento ou agravamento (art. 21, caput, I, da Lei nº 8.213/91). Aplicação da Súmula n. 44 deste Regional. (TRT12 - ROT - 0000995-38.2017.5.12.0008, Rel. AMARILDO CARLOS DE LIMA, 3ª Câmara, Data de Assinatura: 19/03/2020) (TRT-12 - RO: 00009953820175120008 SC, Relator: AMARILDO CARLOS DE LIMA, Data de Julgamento: 04/03/2020, Gab. Des. Amarildo Carlos de Lima) INTERVALO INTRAJORNADA SUPRIMIDO - TRABALHO EM JORNADA DE 24X72 HORAS - DEVIDA UMA HORA DIÁRIA, COM ACRÉSCIMO DO ADICIONAL DE 50% - ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL 307 DA SBDI-1 DO TST. 1. A jurisprudência dominante desta Corte segue no sentido de que o intervalo intrajornada para refeição e descanso, previsto no art. 71, § 4º, da CLT, é direito de todo trabalhador, independentemente de a jornada estipulada ser de 6 ou 8 horas ou o trabalho ser realizado em sistema de turnos ininterruptos de revezamento, devendo o período ser de uma hora sempre que a duração da jornada for superior a seis horas. 2. Ora, se é entendimento pacífico nesta Corte a obrigatoriedade da concessão do intervalo intrajornada em qualquer jornada superior a 6 horas diárias, mesmo em se tratando da situação peculiar da jornada por turnos ininterruptos de revezamento de 12x36, tem-se, como inarredável consequência, a aplicação de raciocínio idêntico, quando se tratar de jornada laboral mais extensa, como no caso de 24 horas, hipótese dos presentes autos. Tendo-se em mente que as normas jurídicas relativas aos intervalos intrajornadas têm caráter de normas de saúde pública, higiene e segurança do trabalho, não há como se negar o direito do Autor à percepção do pagamento, como horas extras, da supressão do intervalo intrajornada. 3. Nesse contexto, não tendo sido concedido o período de uma hora ao Reclamante, submetido ao regime de revezamento de 24 horas de trabalho por 72 de descanso, aplica-se a jurisprudência pacificada do TST, consubstanciada na Orientação Jurisprudencial 307 da SBDI-1, que segue no sentido de que, após a edição da Lei 8.923/94, a não concessão total ou parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, implica o pagamento total do período correspondente, com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT). Recurso de revista parcialmente conh e cido e provido. (TST - RR: 1092 1092/2006-001-24-00.4, Relator: Maria Doralice Novaes, Data de Julgamento: 21/10/2009, 7ª Turma, Data de Publicação: 23/10/2009) DA DOUTRINA PARA A INICIAL: No que se refere ao Intervalo, conforme dispõe Leite (2018) o empregador terá a obrigação de conceder o mesmo ao empregado, seja entre duas jornadas de trabalho ou dentro da mesma, intervalos para descanso e alimentação. Trata-se de suprir uma necessidade biológica e também econômica, consequentemente fazendo com que o empregado produza mais. LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito do trabalho. 10. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. 2. DO RESUMO DA CONTESTAÇÃO: A contestação se inicia com um breve resumo do relatado e pedido na inicial. A Reclamada impugnou todos os documentos juntados pelo Reclamante, bem como alegou total desconhecimento da doença do Reclamante. Requereu a gratuidade da justiça. Alegou ainda a inépcia da inicial, com o argumento de que os pedidos formulados foram genéricos e que a inicial não narra os fatos com clareza, bem como, falta de causa de pedir "formulou pedidos em sua inicial, incompatíveis entre si, sendo totalmente desprovidos de qualquer fundamentação fática ou jurídica". A Reclamada impugnou por completo a pretensão e valores constantes da exordial, alegando que desprovidos de qualquer amparo fático ou legal, e por serem irreais como os pedidos, os quais foram impugnados, requerendo, portanto, a reclamatória totalmente improcedente. Alegou que o Reclamante solicitou ao Reclamado para não cumprir aviso prévio, uma vez que havia arrumado outro serviço, que inexistiu qualquer relação ou vinculo de emprego anterior a 01.07.2015 mantido com o Reclamado, e que não há em se falar em nulidade da demissão, uma vez que o Reclamante na data da demissão em momento algum comunicou a empresa que estava fazendo tratamento médico. Quanto a doença trazida pelo Reclamante a Reclamada alegou que não há que se falar em doença do trabalho adquirida na constância do pacto laboral, pois no ambiente de trabalho onde o Reclamante desempenhou a sua função não há movimentos repetitivos como também não carregava peso acima do máximo legal permitido, qual inclusive usava equipamento próprio para transporte e sempre realizado o labor por mais de um funcionário, não impondo nenhum risco de lesão e carregamento de peso excessivo a nenhum funcionário do Reclamado. No mesmo aspecto alegou que não existe amparo legal na pretensão de estabilidade bem como de danos morais. Ao fim o Reclamado impugnou todos os argumentos, documentos e pedidos do Reclamante. DAS JURISPRUDENCIAS PARA A CONTESTAÇÃO: INÉPCIA DA INICIAL – AUSÊNCIA DE PEDIDO EXPRESSO DE RECONHECIMENTO DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO OU DE ANOTAÇÃO NA CTPS – FORMULAÇÃO DE PRETENSÕES DECORRENTES DA RELAÇÃO DE TRABALHO – A inicial elenca inúmeras pretensões decorrentes do vínculo de emprego, mas não o postula. Não se pode pleitear título acessório quando não perseguido o principal. Como condenar a reclamada a efetuar pagamento de verbas oriundas de uma relação de trabalho não postulada. Recurso provido para decretar a inépcia da exordial. (TRT 15a R. – Proc. 14704/99 – (3400/01) – 5a T – Rela Juíza Helena Rosa Mônaco da Silva Lins Coelho – DOESP 15.01.2001 – p. 60). ACIDENTE DO TRABALHO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS HÉRNIA INGUINAL. Considerando-se que a etiologia da doença não indica relação com o trabalho do indivíduo, cabe a análise das circunstâncias fáticas que envolvem cada caso para a consideração da existência de nexo entre labor e a lesão. Tendo em vista que o laudo pericial médico realizado não identificou a presença de nexo entre o trabalho e a doença desenvolvida, não havendo outras provas para infirmar tais conclusões, tem-se como não verificada a doença laboral. (TRT-4 - RO: 00001682820125040104 RS 0000168- 28.2012.5.04.0104, Relator: FRANCISCO ROSSAL DE ARAÚJO, Data de Julgamento: 22/08/2013, 4a Vara do Trabalho de Pelotas). DA DOUTRINA PARA A CONTESTAÇÃO: "Quando o evento danoso acontece por culpa exclusiva da vítima desaparece a responsabilidade do agente. Nesse caso, deixa de existir a relação de causa e efeito entre o seu ato e o prejuízo experimentado pela vítima. Pode- se afirmar que, no caso de culpa exclusiva da vítima o causadordo dano é mero instrumento do acidente. Não há liame de causalidade entre o seu ato e o prejuízo da vítima." Responsabilidade Civil, Editora Saraiva, 1995, pág. 505. DO RESUMO DA SENTENÇA: A ação foi julgada improcedente pelo Juízo pois o reclamante não produziu qualquer comprovação nos autos, de forma a alicerçar as alegações da petição inicial, e em relação a doença alegada pelo Reclamante tal patologia não possui características ocupacionais, contumaz com a descrição do reclamante para ter ocasionado tal patologia. O valor da causa foi mantido, posto que se refere a importância atribuída pelo reclamante ao pedido. Não foi constatado incapacidade laborativa, não foi constatado dano psíquico, não foi constatado dano estético. DO RESUMO DO RECURSO ORDINÁRIO: O Reclamante interpôs recurso Ordinário para o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região pleiteando a nulidade da sentença proferida por cerceamento de defesa, devendo ser decretada a nulidade da perícia em realizada, bem como, bem como a determinação de que os autos retornem ao juízo de origem e seja realizada uma nova perícia, tanto médica, como ambiental por outro perito judicial. DA JURISPRUDENCIA PARA O RECURSO: RECURSO ORDINÁRIO. PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA POR CERCEAMENTO DE DEFESA. Sendo o juiz o destinatário das provas, a ele compete decidir pela sua produção, indeferindo aquelas que entender impertinentes à solução do caso. Claro que não se trata de ato arbitrário do Magistrado, que deve agir com discrição e obediência às regras processuais. Todavia não é isso que se observa no caso em análise, haja vista que, encerrada a perícia judicial, o reclamante impugnou o laudo pericial, dirigindo questionamentos ao Sr. Perito e requerendo a realização de nova perícia, fls. 121. Ocorre que o Magistrado a quo considerou encerrada a prova pericial, sob o fundamento de que a impugnação obreira seria objeto de análise em sentença. Quando da realização da audiência, fls. 126, a patrona do reclamante reiterou o pedido de nova perícia, o que foi indeferido. Ao prolatar a sentença, o juízo de origem limitou-se a indeferir o pedido do adicional de insalubridade sob o fundamento de que o laudo pericial não merece reparos, sem, contudo, fazer qualquer menção aos questionamentos do reclamante. (TRT-2 - RO: 12183020125020 SP 00012183020125020271 A28, Relator: MARCELO FREIRE GONÇALVES, Data de Julgamento: 13/06/2013, 12ª TURMA, Data de Publicação: 21/06/2013) DO RESUMO DAS CONTRARRAZÕES: O Reclamado pugnou pelo total improvimento do Recurso Ordinário e pediu litigância de má-fé, alegando que a razão do Recorrente em suas razões não tem qualquer amparo legal, por direito, assim não podendo prosperar. Argumentou que a sentença se revela perfeita nos pontos abordados pelo Recorrente, que o laudo pericial é totalmente válido, e que o Reclamante estava visando tão somente a anulação do laudo pericial e da decisão desfavorável da Qual não logrou êxito. Quanto ao cerceamento de defesa alegou que o indeferimento de prova pericial, quando reputada desnecessária diante das demais provas dos Autos, não configura cerceamento do direito de defesa, pois constitui faculdade do juiz, podendo este decidir sobre a oportunidade e a conveniência da prova, conforme o artigo 370, do CPC, aplicado supletiva e subsidiariamente à CLT. DA JURISPRUDÊNCIA DAS CONTRARRAZÕES: RECURSO ORDINÁRIO. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. CARACTERIZAÇÃO. 1. A litigância de má-fé caracteriza-se como a conduta dolosa da parte, tipificada em lei (artigo 80 do Código de Processo Civil), que viola os princípios da lealdade e boa-fé processuais e a dignidade do processo. 2. Embora constitucionalmente garantido o direito de ação, de rigor a condenação por litigância de má-fé quando ficar robustamente comprovado que a parte omitiu ou inverteu a verdade dos fatos. (TRT-24 00242447420165240022, Relator: AMAURY RODRIGUES PINTO JUNIOR, 2ª TURMA, Data de Publicação: 10/10/2017). DO RESUMO DO ACÓRDÃO: Os Desembargadores aceitaram conhecer o recurso e, no mérito, negar-lhe provimento, para manter a sentença impugnada, por seus próprios e jurídicos fundamentos. Com o argumento de que a ausência de vistoria no local de trabalho não fragiliza a conclusão a que aportou o perito médico, já que os documentos acostados aos autos e o exame clínico são suficientes para respaldar a conclusão de que o autor não é portador de moléstias que guardam relação com a atividade exercida para o empregador. Houve voto vencido do Desembargador revisor. DA JURISPRUDÊNCIA PARA O ACÓRDÃO: ACIDENTE DO TRABALHO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS HÉRNIA INGUINAL. Considerando-se que a etiologia da doença não indica relação com o trabalho do indivíduo, cabe a análise das circunstâncias fáticas que envolvem cada caso para a consideração da existência de nexo entre labor e a lesão. Tendo em vista que o laudo pericial médico realizado não identificou a presença de nexo entre o trabalho e a doença desenvolvida, não havendo outras provas para infirmar tais conclusões, tem-se como não verificada a doença laboral. (TRT-4 - RO: 00001682820125040104 RS 0000168- 28.2012.5.04.0104, Relator: FRANCISCO ROSSAL DE ARAÚJO, Data de Julgamento: 22/08/2013, 4ª Vara do Trabalho de Pelotas). DOS PRAZOS PROCESSUAIS: Após protocolada a inicial foi agendada a primeira audiência una para o dia 08/03/2018, sendo que a contestação deveria ser juntada até a data da audiência. Na audiência supracitada foi dado prazo de 05 dias o Reclamante apresentar réplica (findo em 15/03/2018). Na mesma data também foi estipulado prazo de 05 dias para que as partes apresentassem quesitos e assistentes técnicos (findo em 15/03/2018). Na mesma data o Juiz também determinou que a perícia deveria ser realizada até 07/05/2018, que o laudo deveria ser juntado até 21/05/2018 e que as impugnações deveriam ser feitas até 04/03/2018. A audiência de instrução foi agendada em 24/07/2018 e a sentença foi prolatada em 12/11/2018, o prazo para apresentação de recurso ordinário era de 08 dias uteis (findo em 28/11/2018) e o mesmo foi apresentado pelo Reclamante em 27/11/2018. Em 28/11/2018 foi dado prazo legal (15 dias) para que o Reclamado apresentasse contrarrazões (findo em 20/11/2018). PARECER SOBRE O PROCESSO Nº 1001574-14.2017.5.02.0374 RECLAMAÇÃO TRABALHISTA SOB O RITO ORDINÁRIO RECLAMANTE: W. M. V. P RECLAMADA: RENE CARDOSO MEIRELLES-EPP - CNPJ: 22.155.551/0001-67 1 RELATÓRIO O presente trata-se de parecer referente a reclamação trabalhista ajuizada pelo reclamante W. M. V. P., em face da reclamada RENE CARDOSO MEIRELLES-EPP. O reclamante prestou serviços para a reclamada na função de vidraceiro, desde a data da sua admissão em 10//2014, até a data da sua demissão, sem justa causa, em 12/02/2017, tendo percebido como remuneração a quantia de R$ 1.800,00 (um mil e oitocentos reais). Com o ingresso da demanda o reclamante pleiteava a ratificação da CTPS, para que passasse a constar a real data de sua admissão, nulidade da demissão, reconhecimento da enfermidade como sendo doença de origem laboral, equiparando-a a acidente do trabalho, reintegração ou a indenização no pagamento dos salários vencidos e vincendos do período estabilitário, quitação das verbas rescisórias de forma correta e aplicação das multas previstas nos arts. 467 e 477 ambos da CLT, pagamento de horas extras e indenização por dano moral. Atribuiu-se a causa o valor de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais). A reclamada apresentou contestação, fora realizada audiência, tendo restado infrutífera a conciliação. Determinado realização de perícia médica para identificar doença laboral, designada nova data para instrução. Realizada perícia médica que não identificou nexo de causalidade entre a patologia e o serviço prestado a reclamada.Realizada audiência de instrução, reclamada dispensou o depoimento do reclamante, ouvida a reclamada, não houveram outras provas, instrução encerrada. Apresentadas alegações finais escritas, por ambas as partes. Proferida sentença no qual julgou improcedente os pleitos ofertados pelo obreiro. Interposto Recurso Ordinário pelo reclamante, ofertadas contrarrazões pela reclamada, tudo de acordo e dentro do prazo legal. Recurso conhecido e desprovido, mantida sentença do juízo a quo. É o relatório. 2 FUNDAMENTAÇÃO Trata-se de Reclamação Trabalhista processada sob o rito ordinário. Conforme relatório acima, o reclamante alega ter trabalhado na empresa reclamada de 10/2014 à 12/02/2017, exercendo a função de vidraceiro. O obreiro alega em sua exordial que iniciou seu trabalho na empresa reclamada em 10/2014, todavia, só houve o registro em sua CTPS em 07/2015. Em que pese as alegações do reclamante, em nenhum momento o mesmo comprou o alegado, conforme leciona Santos e Hajel Filho (2020, p. 467): O inciso I do art. 818 imputa ao reclamante o ônus de provar o fato constitutivo de seu direito, ou seja, deve provar a alegação que dá origem ao fato que embasa o seu direito. A título exemplificativo podemos mencionar as seguintes hipóteses: Quando o reclamante postula vínculo empregatício – que é um fato constitutivo do seu direito (enquanto autor) – e o reclamado nega, de forma absoluta, que o reclamante lhe tenha prestado qualquer tipo de serviços (nega o fato), competirá ao primeiro fazer prova do seu direito, ou seja, o ônus da prova é do reclamante. Assim, correta a sentença de improcedência quanto a este pedido e os acessórios, porquanto o reclamante não se desincumbiu do seu ônus de provar o alegado direito, nesse sentido: DATA DE ADMISSÃO – PERÍODO ANTERIOR À ANOTAÇÃO NA CTPS – ÔNUS DA PROVA. O ônus de provar que foi admitida pela reclamada em data anterior à da assinatura da CTPS pertence à reclamante, na forma do artigo 818 da CLT. Não tendo, pois, dele se desincumbido, presume-se verdadeira a anotação realizada na carteira de trabalho. (TRT 17ª R., RO 0089200-82.2006.5.17.0010, Pleno, Rel. Desembargadora Wanda Lúcia Costa Leite França Decuzzi, DEJT 01/08/2007). Prosseguindo, o reclamante alega que sofria de moléstia denominada HÉRNIA INGUINAL BILATERAL, tendo sido submetido à intervenção cirúrgica em 01/02/2017, sendo que de posse de toda documentação referente a moléstia, ao tratamento e necessidade de afastamento, tal documentação foi entregue à empregadora, ora reclamada, todavia, em 12/02/2017 o mesmo foi demitido, em meio ao processo de recuperação. Relata que quando da homologação de sua demissão, foi compelido pela reclamada a omitir as questões relacionadas a sua moléstia e a cirurgia recente, todavia, novamente, o obreiro não logrou êxito em comprovar suas alegações, tendo sido julgado improcedente seu pedido. Ora a lei é bastante clara no sentido de que ao autor/reclamante cabe o ônus de comprovar os fatos constitutivos de seu direito, a menos que haja a inversão do ônus da prova, como ocorre em alguns casos, em que a parte que alega não possui condições, ante a sua situação de vulnerabilidade, de fazer prova do alegado, assim, o ônus da prova passa a ser do réu/reclamado, o que não ocorreu no caso em tela. Prosseguindo em sua exordial, o reclamante pleiteia o reconhecimento de sua patologia como doença laboral equiparada a acidente do trabalho, solicitando que fosse realizada perícia médica para constatação da doença laboral e o nexo de causalidade entre o exercício profissional e a moléstia, solicitou, ainda, a realização de perícia no ambiente de trabalho, no intuito de demonstrar que o ambiente onde o obreiro exercia sua atividade laboral contribuiu para o surgimento e agravamento da doença. É cediço que cumpre ao empregador zelar por um ambiente de trabalho saudável, com vistas a evitar doenças ocupacionais e acidentes do trabalho, nesse sentido ensina Ricardo Resende: Zelar pelo meio ambiente do trabalho é obrigação do empregador, de forma a proteger os bens jurídicos trazidos pelo empregado quando da admissão, tais quais a vida, a saúde e a capacidade para o trabalho. Neste diapasão, cabe ao empregador adotar todas as medidas que estiverem ao seu alcance, no sentido de minimizar a possibilidade de ocorrência de acidentes de trabalho e o desenvolvimento de doenças ocupacionais. (RESENDE, 2020, p. 960). Com relação às doenças laborais, a jurisprudência entende: DOENÇA LABORAL EQUIPARADA AO ACIDENTE DO TRABALHO. RESPONSABILIDADE CIVIL DA EMPRESA. CONCAUSA. A doença atribuída a causas múltiplas, por si só, não perde o enquadramento como doença ocupacional se houver pelo menos uma causa laboral que contribua diretamente para o seu surgimento ou agravamento (art. 21, caput, I, da Lei nº 8.213/91). Aplicação da Súmula n. 44 deste Regional. (TRT – 12, Recurso Ordinário 0000901- 90.2017.5.12.0008, Rel. Desembargador Amarildo Carlos de Lima, 3ª Câmara, data 29/09/2020). De acordo com o laudo pericial, o perito concluiu que a patologia apresentada pelo reclamante, não possuía características ocupacionais, concluindo por fim: “Baseado no exposto acima, fundamentado em documentos apresentados nos autos, anamnese médico pericial e literatura médico pericial pode este perito concluir que não há nexo de causalidade ou concausalidade quanto a doença profissional”. Em que pese a perícia tenha sido realizada da forma como determinada, o expert julgou por bem não realizar a perícia no local de trabalho do reclamante, porquanto entendeu desnecessária. Todavia, a perícia no local de trabalho do reclamante se fazia necessária, porquanto o mesmo alegou que realizava serviço braçal, carregando itens pesados, o que pode acarretar agravamento da hérnia inguinal, vejamos entrevista com o Dr. Paulo Alberto Corrêa, publicada no site do Doutor Drauzio Varella atestando: Drauzio – Há atividades físicas que facilitam a formação de hérnias? Paulo Alberto Corrêa — Toda a atividade que exige emprego de grande força física pode facilitar o aparecimento de hérnias, principalmente nas pessoas com predisposição. Portanto, atletas de alta performance, trabalhadores braçais, indivíduos com constipação intestinal (prisão de ventre), ou que desenvolveram problemas na próstata e fazem força para urinar, estão mais sujeitos ao aumento da pressão intraabdominal, que pode provocar ruptura dos tecidos e o aparecimento de hérnia. (https://drauziovarella.uol.com.br/entrevistas-2/hernia-inguinal- entrevista/). Ainda, em relação a perícia in loco, a jurisprudência se posiciona da seguinte forma: DIREITO DO TRABALHO. RESPONSABILIDADE CIVIL. LESÃO NA COLUNA. EXISTÊNCIA DE COMPONENTE DEGENERATIVO. LAUDO PERICIAL QUE AFASTA O NEXO CONCAUSAL DE FORMA SUPERFICIAL E EM DESARMONIA COM O CONCEITO DO ART. 21, I, DA LEI 8.213/91. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE. NECESSIDADE DE NOVA PERÍCIA. O art. 480 do CPC consigna que o juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte, a realização de nova perícia "quando a matéria não estiver suficientemente esclarecida", dentre outras situações. No caso dos autos, não resta dúvida que a lesão na coluna que acomete a trabalhadora (levando-a à aposentadoria) tem natureza degenerativa. Não obstante, foram produzidas provas nos autos que noticiam carregamento de peso durante o expediente do trabalho que reclama o exame mais apurado. Contudo, os fundamentos pelos quais o perito afastou o nexo concausal revelam-se superficiais e desalinhado do conceito legal de concausa objeto do art. 21, I, da Lei 8.213/91. Convincentes os argumentos do recorrente no que toca à necessidade de realização de nova perícia, desta vez por especialista que examine a rotina diária da reclamante e faça constatação diretamente no local de trabalho. Provejo o apelo para determinar o retorno dos
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