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UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância NÚCLEO COMUM SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância NÚCLEO COMUM Créditos e Copyright MACEDO, Doroti de Oliveira Rosa. Sociologia da Educação. Doroti de Oliveira Rosa Macedo: Núcleo de Educação a Distância da UNIMES, 2015. 99p. (Material didático. Curso de ciências sociais). Modo de acesso: www.unimes.br 1. Ensino a distância. 2. Educação. 3. Sociologia. CDD 371.12 UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância NÚCLEO COMUM UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS FACULDADE DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS PLANO DE ENSINO CURSO: Licenciaturas COMPONENTE CURRICULAR: Sociologia da Educação ANO/SEMESTRE: 1º CARGA HORÁRIA TOTAL: 80h EMENTA Interpretação e reflexão da educação, da sociedade e da escola, no contexto da realidade brasileira. As relações sociais na sociedade capitalista: desigualdade e exclusão social. Analise da função da escola como prática social numa sociedade multicultural e o papel do educador como mobilizador na construção da cidadania. OBJETIVO GERAL Compreender conceitos sociológicos e diferentes formas de organização da sociedade. Compreender a relação entre a organização da sociedade e a escola. Refletir a relação entre conhecimento, educação e sociedade. OBJETIVOS ESPECÍFICOS UNIDADE I: Sociologia e Educação Ao compreender conceitos de interação social, educação, socialização, instituições sociais e conhecimento perceber-se como ser que passa por estes processos, vivenciando-os de determinadas formas; Compreender o homem como ser histórico, UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância NÚCLEO COMUM criador de novas formas de vida, ao mesmo tempo capaz, por sua memória, escrita ou oral, de acumular experiências. UNIDADE II: Análise Sociológica da Sociedade Capitalista Compreender o capitalismo e o liberalismo como formas de organização da sociedade, tendo como pano de fundo os resultados e as contradições da sociedade brasileira, organizada sob o sistema capitalista; Situar o nascimento da Sociologia no estabelecimento do capitalismo, compreendendo que o uso da ciência não é neutro. A ciência pode ser usada para a conservação ou para a transformação da sociedade. UNIDADE III: A Escola na Sociedade Brasileira Refletir sobre a realidade da educação escolar brasileira como consequência das contradições da sociedade capitalista em que vivemos, buscando alternativas que viabilizem um projeto de construção da autonomia da escola; Questionar, buscando respostas junto à comunidade escolar, sobre a função da escola na atualidade. Bibliografia Básica LAKATOS, Eva M., MARCONI, Marina de Andrade, Sociologia Geral, São Paulo: Ed. Atlas, 2011. NERY, Maria Clara Ramos, Sociologia da Educação, Curitiba : Intersaberes, 2013. (Livro eletrônico – Biblioteca Virtual Unimes) RODRIGUES, Alberto Tosi, Sociologia da Educação, Rio de Janeiro: DP&A.Editora, 2002. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância NÚCLEO COMUM Bibliografia Complementar ARAÚJO, Silvia M., BRIDI, Maria Aparecida, MOTIN, Benilde L., Sociologia – um olhar critico . SP , Editora Contexto , 2009 ( livro eletrônico – Biblioteca Virtual Unimes) BRANDÃO, C. R. O que é Educação? São Paulo: Brasiliense, 2007, disponível em https://pt.scribd.com/doc/39369244/O-que-e-Educacao-BRANDAO-Carlos- Rodrigues DIAS, Reinaldo, Introdução à Sociologia, 2ª Edição – São Paulo – Pearson Prentise Hall – 2010. (livro eletrônico- Biblioteca Virtual Unimes) DURKHEIM, E., Fato Social e Divisão do Trabalho, apresentação e comentários de MUSSE, Ricardo, Editora Ática: SP, 2007, (Livro eletrônico - Biblioteca Virtual Unimes) MELLO , Alessandro de, Fundamentos socioculturais da educação, Curitiba - InterSaberes, 2012, Série Fundamentos da Educação ( Livro eletrônico – Biblioteca Virtual Unimes) METODOLOGIA As aulas serão desenvolvidas por meio de recursos como: videoaulas, fóruns, atividades individuais, atividades em grupo. O desenvolvimento do conteúdo programático se dará por leitura de textos, indicação e exploração de sites, atividades individuais, colaborativas e reflexivas entre os alunos e os professores. AVALIAÇÃO A avaliação dos alunos é contínua, considerando-se o conteúdo desenvolvido e apoiado nos trabalhos e exercícios práticos propostos ao longo do curso, como forma de reflexão e aquisição de conhecimento dos conceitos trabalhados na parte teórica e prática e habilidades. Prevê ainda a realização de atividades em momentos específicos como fóruns, chats, tarefas, avaliações à distância e Presencial, de acordo com a Portaria da Reitoria UNIMES 04/2014. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância NÚCLEO COMUM Sumário Aula 01_A contribuição da Sociologia para a educação .......................................................................... 8 Aula 02_A Sociologia na formação do educador ................................................................................... 12 Aula 03_Sociologia e Educação .............................................................................................................. 14 Aula 04_Conceitos básicos de Sociologia............................................................................................... 17 Aula 05 _Educação e socialização .......................................................................................................... 20 Aula 06_As instituições sociais e a educação ......................................................................................... 22 Aula 07_Educação e Cultura .................................................................................................................. 25 Aula 08_Educação e Cultura .................................................................................................................. 32 Aula 09_Educação, cultura e conhecimento .......................................................................................... 40 Aula 10_Educação, cultura e ideologia. ................................................................................................. 42 Aula 11_A escola como instituição social .............................................................................................. 45 Resumo_Unidade I ................................................................................................................................. 48 Aula 12_A educação e a escola .............................................................................................................. 49 Aula 13_A análise sociológica da sociedade capitalista ......................................................................... 50 Aula 14_Compreendendo a realidade social ......................................................................................... 52 Aula 15_Educação e política. ................................................................................................................. 55 Aula 16_A dimensão social da liberdade ...............................................................................................57 Aula 17_Sociedade Contratual e Sociedade Contextual ........................................................................ 60 Aula 18_ Emile Durkheim e a Educação ................................................................................................. 64 Aula 19 _A sociedade para a Sociologia crítica ...................................................................................... 65 Aula 20_A Educação para a Sociologia Crítica ....................................................................................... 68 Aula 21_A análise Marxista no estudo da escola ................................................................................... 71 Aula 22_A educação escolar e a sociedade brasileira............................................................................ 74 Aula 23_A educação escolar como intervenção .................................................................................... 77 Aula 24_A educação escolar como invenção ......................................................................................... 79 Aula 25_A escola e a questão cultural ................................................................................................... 80 Aula 26_A escola e a questão cultural ................................................................................................... 81 Aula 27_A organização da escola ........................................................................................................... 83 Aula 28_A organização da escola ........................................................................................................... 85 Aula 29_O preconceito na escola........................................................................................................... 87 Aula 30_A escola no contexto social ...................................................................................................... 89 Aula 31_A função da escola ................................................................................................................... 94 UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância NÚCLEO COMUM Aula 32_Sawabona!!! Shikoba!!! ........................................................................................................... 97 UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 8 NÚCLEO COMUM Aula 01_A contribuição da Sociologia para a educação Os estudos sociológicos trazem conhecimentos fundamentais para nossa compreensão sobre o homem e a sua realidade social e, consequentemente, para o processo educacional. Agora abordaremos a contribuição da Sociologia para a Educação. Segundo Rodrigues, o sociólogo Florestan Fernandes entende que: A educação é o elemento da vida social responsável pela organização da experiência dos indivíduos na vida cotidiana, pelo desenvolvimento de sua personalidade e pela garantia da sobrevivência e do funcionamento das próprias coletividades humanas. [...] (RODRIGUES, 2000, p. 9) Para ele, as práticas que têm por finalidade educar utilizam técnicas; seguem normas e valores que fazem parte de uma determinada sociedade, de uma determinada cultura e de um determinado tempo histórico. Para a Sociologia, não há técnica pedagógica neutra: todas são construídas e utilizadas em meio a valores e normas. Florestan Fernandes, ao mencionar o termo técnicas aplicadas à educação queria abranger não só os recursos ou meios utilizados para transmitir conteúdos, mas também a pedagogia, compreendida também em todos os aspectos filosóficos e sociológicos. É neste sentido que as técnicas utilizadas em educação estão presentes nas práticas educacionais que seguem as normas e os valores sociais. As normas são as leis e regulamentos escritos e as regras, aquelas estabelecidas nos grupos sociais. Os valores correspondem aos critérios de julgamento de si e dos outros; as concordâncias e discordâncias; as aprovações e reprovações que nunca são individuais e, sim, aceitas e compartilhadas na vida social. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 9 NÚCLEO COMUM Olhar a educação do ponto de vista da Sociologia é compreender que, se a Pedagogia é o fundamento das práticas educacionais as crenças, os valores e as normas sociais são os fundamentos da pedagogia. (RODRIGUES, 2000, p. 10) Neste sentido, a Sociologia é um instrumento importante no processo educacional, como reveladora de práticas sociais que auxiliam a compreender a Pedagogia e o fazer do pedagogo. Como diz Rodrigues (2000, p. 10): [...] a Sociologia da Educação é aquela disciplina acadêmica que se preocupa em reconstruir sistematicamente as relações, que existem na prática cotidiana, entre as ações que objetivam educar e as estruturas da vida social, quer dizer: a economia, a cultura, o arcabouço jurídico, as concepções de mundo, os conflitos políticos. Portanto, toda análise e o estudo a ser realizado devem ter como base os fundamentos trazidos pelos seus iniciadores que analisaram a sociedade de sua época, a sociedade capitalista, buscando compreendê-la em suas peculiaridades, propondo caminhos teóricos interpretativos para os mais variados fenômenos sociais. Vamos “acompanhar o caminho trilhado” por alguns desses autores que iniciaram os estudos da Sociologia. Para complementar seus conhecimentos, breves considerações sobre a História da Sociologia. História sobre a Sociologia O estudo dos acontecimentos sociais é muito antigo. Pode-se dizer que, desde o aparecimento dos primeiros agrupamentos humanos, houve a preocupação de organizar-se da melhor forma para a sobrevivência do homem. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 10 NÚCLEO COMUM Somente no século XIX, a Sociologia passou a existir como ciência independente. As transformações pelas quais passou a sociedade européia nos séculos XVIII e XIX contribuíram de maneira acentuada para o aparecimento da Sociologia. A revolução industrial e a revolução francesa provocaram transformações radicais na sociedade da época. Os estudiosos começaram a estudar essas transformações e suas consequências para a vida humana: era início da Sociologia como ciência. O primeiro a registrar o termo “Sociologia” foi o filósofo francês Augusto Comte (1798-1857), em sua obra “Filosofia positiva”, publicada em 1838. Para ele, a Sociologia deveria realizar seus estudos com base na observação e na classificação sistemática e não baseada na autoridade e na especulação, como acontecia com a ciência antiga. O sociólogo francês Emile Durkheim (1858-1917) contribuiu para que a Sociologia analisasse a sociedade, os grupos sociais, os fatos sociais através do método científico. Em seu livro “Regras do método sociológico” (1895), Durkheim explicou como realizou sua pesquisa sobre o suicídio: primeiro planejou a pesquisa; depois coletou grande número de dados sobre pessoas que se suicidaram; por fim, chegou a uma conclusão elaborou a teoria do suicídio, em que apontou como fator principal o isolamento social. Durkheim analisou também a educação como fato social cujas teorias encontram-se no livro “Sociologia e Educação”; daí dizermos que foi o primeiro sistematizador da Sociologia da Educação. O que tem a ver a Sociologia com a educação escolar? A escola não está isolada em relação à comunidade, à sociedade em que está inserida. A escola é até certo ponto, reflexo das condições e das exigências estabelecidas pela sociedade, em seu sentido mais amplo, e pela comunidade, no sentidomais restrito. Por outro lado, mesmo no interior da escola, multiplicam-se os grupos sociais. Esses grupos - de alunos, de professores, de especialistas etc. têm enorme influência sobre o comportamento dos alunos e sobre sua educação. Até dentro da sala de aula, apesar do controle que pode ser exercido pelo professor, a influência das condições sociais do aluno e dos grupos de que ele participa dentro e fora da sala, não pode ser menosprezada. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 11 NÚCLEO COMUM A contribuição da Sociologia da Educação ao trabalho pedagógico abrange pelo menos dois aspectos principais: 1. O estudo dos processos e das influências sociais envolvidos na atividade educativa, em especial na escola. Incluem-se aqui os processos de interação dos indivíduos e de organização social e as influencias exercidas pela sociedade, pela comunidade e pelos grupos sobre a educação. 2. A aplicação dos conhecimentos e descobertas da Sociologia à atividade educativa, ou seja, utilização dos princípios e teorias sociológicas para tornar mais eficiente o processo educativo. Assim, a Sociologia da Educação preocupa-se com três grandes áreas de estudo: - organização da sala de aula - interação entre a escola e a comunidade - educação relacionada com a sociedade em seu sentido mais amplo. Até a próxima aula! Referências bibliográficas: FORACCHI, Marialice M. Sociologia e sociedade, Rio de Janeiro, Livros técnicos e científicos, 1978. RODRIGUES, Alberto Tosi. Sociologia da Educação. RJ, ED. DP&A, 2000. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 12 NÚCLEO COMUM Aula 02_A Sociologia na formação do educador Dando continuidade ao tema Sociologia na formação do educador, vamos aprofundar um pouco mais a questão da Sociologia como instrumental necessário na formação do professor para ajudar a prepará-lo para as diferentes realidades que encontrará e que, como professor, possa preparar criticamente seus alunos. Heloisa D. Penteado em seu texto “A Sociologia na formação do professor de 1° e 2° grau” (1982) diz que: [...] quando falamos da Sociologia na formação do professor de primeiro e segundo graus como instrumento de trabalho daquele profissional que o professor precisa se transformar estamos pensando no que chamamos, no início deste trabalho, de questões menores ou questões de sala de aula. Estamos pensando num professor instrumentado para perceber problemas do dia-a-dia da sala de aula, como faltas frequentes do aluno por perder a hora (não tem quem o chame); falta de estudo do aluno porque não lhe sobra tempo para tanto (trabalha) ou porque esquece (não tem quem o oriente fora da escola) visando lidar com eles de maneira mais produtiva e adequada. Estamos pensando num professor instrumentado para perceber problemas da relação com os pais como, por exemplo, não poder contar com eles para um acompanhamento dos filhos; para perceber o autoritarismo ou mesmo o passivismo dos pais em relação ao desempenho escolar dos filhos; para enfrentar o insucesso das reuniões de pais montadas pelos professores e buscar formas de superação. Estamos pensando num professor instrumentado para viver os problemas da relação professor – professor, professor – diretor, dentro da unidade escolar. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 13 NÚCLEO COMUM Analise e reflita sobre a importância da Sociologia na formação do educador, a partir das seguintes propostas: É indispensável conhecer conceitos e teorias sociológicas para a compreensão da realidade social. Qual é a função da escola? O professor precisa compreender que vai atuar num grupo social (escola), onde são encontrados outros grupos sociais de diferentes origens e culturas. A finalidade dos conhecimentos sociológicos é a sua utilização para melhorar as condições da existência humana. É trazer instrumentos para que o educador perceba que os problemas existentes numa escola são problemas sociais. Os educadores, são construtores da história e da sociedade onde vivem. Precisam construir a sociedade democrática brasileira. Até a próxima aula! Referência Bibliográfica: PENTEADO, Heloisa D. A Sociologia na formação do professor de 1° e 2° grau. Revista da Faculdade de Educação da USP. São Paulo, v.8, n.2, p.157-164, dez.1982. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 14 NÚCLEO COMUM Aula 03_Sociologia e Educação Nesta aula, trabalharemos alguns conceitos da Sociologia a partir de uma história que mostra uma trajetória de vida com várias dificuldades. Esta é uma história, como tantas outras em que “qualquer semelhança é mera coincidência” e foi extraída do livro: Sociologia da Educação de Nelson Piletti (pág. 243 e 244). Leia abaixo! “Isabel é do signo de Leão. Completará dezessete anos no dia 10 de agosto. Nasceu num pequeno povoado, de não mais de vinte famílias de pequenos agricultores. Na escola local fez as três primeiras séries do ensino fundamental. Era uma escola de apenas uma sala, na qual a professora procurava ensinar, ao mesmo tempo, a vinte e duas crianças da primeira a quarta série. Aos dez anos Isabel mudou-se para a cidade. Foi morar num apartamento. Nem sabe quem são seus vizinhos do apartamento em frente. Apenas “bom dia”, “boa tarde”, “tudo bem”? e nada mais. Atualmente frequenta a segunda série do curso de magistério. A tarde trabalha numa loja, para reforçar o orçamento familiar, que anda apertado. Hoje Isabel acordou às sete horas, um pouco tarde para entrar na escola às sete e meia. Lavou-se e vestiu-se rapidamente. Pôs o uniforme da escola, blusa branca e saia azul, meias brancas e tênis. Tomou café e saiu. No caminho encontrou Joana e Sandra, duas amigas inseparáveis. Foram conversando de tudo um pouco, as matérias do dia, os namorados, etc. Saindo da escola, Isabel vai correndo para casa, troca de roupa, almoça e vai para o serviço, onde permanece das 13 às 19 horas. Sabe que não pode chegar atrasada, pois as consequências são pesadas. Seis horas mostrando tecidos, roupas, blusas calças, meias! Preços, descontos, notas! Isabel sai do serviço, vai para casa, toma banho, janta. E agora? Novela das oito, trabalho de escola, cansaço, sono, namorado, etc. O que fazer? Isabel procura conciliar as coisas, fazer o que dá. “Quer ser professora e precisa estudar”. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 15 NÚCLEO COMUM Procure identificar, nesta história, situações que caracterizem: 1. Fato social; 2. Interação social; 3. Grupo social; 4. Estratificação social 5. Classe social O que vocês entendem sobre esses conceitos? Nesta aula, vamos ainda trabalhar, com o conceito de Fato Social do sociólogo Emile Durkheim. Para isso, leia o texto A Sociologia de Durkheim de Valesca da Costa Abranches disponível no AVA: O trecho abaixo é uma resenha de Cristina Costa para o livro Abortion in United States, organizado por Mary Steichen Calderone. New York: Hoeber-Harper and Row, 1958. O aborto é uma velha prática, mas mesmo na Antiguidade provocava grandes diferenças de opinião. Platão, na República, aprovava o aborto a fim de impedir o nascimento de filhos concebidos em incesto; Aristóteles, sempre prático, pensavano aborto como um útil regulador malthusiano. De outro lado, o juramento de Hipócrates contém as palavras: “não darei a uma mulher o pessário para provocar aborto”; Sêneca e Cícero condenaram o aborto a partir de princípios morais; o código Justiniano proibia o aborto. No entanto, parece haver pouca dúvida de que, no Império Romano e no mundo helenístico, o aborto era, nas palavras de um especialista, “muito comum nas classes altas”. A Igreja Cristã opôs-se rigorosamente a essa “atitude pagã” e considerou o aborto um pecado. Em muitos estados, a lei UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 16 NÚCLEO COMUM seguiu a doutrina da Igreja e considerou o pecado um crime. Mas na lei anglo- saxônica o aborto era considerado apenas “um delito eclesiástico”. Hoje, o aborto é um problema mundial. Os levantamentos e estudos realizados por pesquisadores isolados e pela Unesco mostram que essa prática é muito difundida nos países escandinavos, na Finlândia, na Alemanha, na União Soviética, no Japão, no México, em Porto Rico, na América Latina, nos Estados Unidos, bem como em outras regiões. O livro de George Devereux, “A study of abortion in primitive societies”, que abrange aproximadamente 400 sociedades pré-industriais, bem como 20 nações históricas e modernas, conclui que o aborto “é um fenômeno absolutamente universal”. Até a próxima aula! Referências ABRANCHES, Valesca da Costa. A Sociologia de Durkheim. Disponível no site: http://www.duplipensar.net/lit/francesa/2004-02-durkheim.html, consultado em 14/12/2005. COSTA, Cristina. Sociologia. Ed Moderna, SP, 1997. p.68. PILETTI, Nelson. Sociologia da Educação, SP, ED.Ática, 2003. p. 243 e 244. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 17 NÚCLEO COMUM Aula 04_Conceitos básicos de Sociologia Nesta aula vamos trabalhar com alguns conceitos importantes da Sociologia. Acompanhem! FATO SOCIAL: Fenômeno ou ocorrência social, com as seguintes características: generalidade, exterioridade e coerção social. AÇÃO SOCIAL: Ato individual de caráter social, com significado e valor ativo. INTERAÇÃO SOCIAL: Ação coletiva que pressupõe reciprocidade e interdependência entre agentes sociais. RELAÇÃO SOCIAL: Forma como ocorre a interação social. ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL: Processo que coloca os indivíduos de uma sociedade em camadas ou estratos sociais diferentes, de acordo com suas condições econômicas, de nascimento, étnicas, religiosas etc. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 18 NÚCLEO COMUM CLASSE SOCIAL: Cada um dos estratos ou camadas que constituem a sociedade estratificada. STATUS SOCIAL: Corresponde à posição que o indivíduo ocupa num grupo social ou na sociedade. PAPEL SOCIAL: Função que cada indivíduo desempenha em consequência do status que ocupa. GRUPO SOCIAL: Conjunto de indivíduos que interagem uns com os outros, durante um certo período de tempo. SOCIEDADE: Conjunto de indivíduos, grupos e instituições, cujos relacionamentos são impessoais, formais, utilitários. COMUNIDADE: Grupo ou grupos localizados, bastante integrados, com predominância de contatos primários: pessoais, informais, tradicionais, sentimentais. SOCIEDADE COMUNIDADE Estratificada não estratificada Grande área geográfica área geográfica limitada Formada por muitos grupos formada por um ou poucos grupos Objetivos diversos objetivos comuns Nem todos se conhecem todos ou quase todos se conhecem Competição união de esforços Complexa simples Todo parte do todo. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 19 NÚCLEO COMUM Até a próxima aula! UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 20 NÚCLEO COMUM Aula 05 _Educação e socialização Nesta aula trabalharemos com o conceito de socialização, para tanto escolhemos dois trechos da obra de Emile Durkheim, o fundador da Sociologia. Segundo Emile Durkheim, pode-se afirmar que: a) “Cada de nós, embora formando uma unidade, é constituído de dois seres: um ser individual formado por todos os estados mentais que só se relacionam conosco mesmos; e um ser social que é um sistema de idéias, sentimentos e hábitos, que exprimem em nós, não a nossa individualidade, mas o grupo ou os grupos diferentes de que fazemos parte; tais são as crenças religiosas, as crenças e as práticas morais, as tradições nacionais ou profissionais, as opiniões coletivas de toda espécie. (...) Constituir esse ser em cada um de nós ---- tal é o fim da educação”. b)”Não nascemos com este ser social nem ele se desenvolve em nós espontaneamente. O ser humano, espontaneamente, não se submeteria à autoridade, não respeitaria a disciplina, não se sacrificaria por objetivos comuns. É a educação, como socialização, que o leva a tais condutas. Ao nascer o ser humano não é social. A cada geração, a sociedade deve começar da estaca zero, pois a socialização não é hereditária e deve processar-se sempre de novo, com cada nova UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 21 NÚCLEO COMUM geração. A educação cria um ser novo, transforma cada ser não social que nasce num ser social”. Para complementar e esclarecer a socialização como conceito, veja a definição de Sonia Maria Portella Kruppa (1994, p.23): O processo educativo que procura tornar o indivíduo um membro da sociedade é chamado de socialização. A socialização e, por decorrência, a educação dependem da capacidade que os homens têm de influírem uns no comportamento dos outros, modificando-se mutuamente, no processo de interação social. Em outras palavras, é a capacidade de os homens reagirem, de serem capazes de atuar junto a outros homens, aprendendo e ensinando, que torna possível a educação. Leia, no seu ambiente virtual de aprendizagem, o texto “Sobre a importância do estudo dos processos de socialização em um curso de formação de educadores” de Fábio Gregori – Aluno de Pedagogia – FEUSP. Até a próxima aula! Referência Bibliográfica: DURKHEIM, Émile. Educação e Sociologia. São Paulo, Melhoramentos, 1978. p. 33 a 56. KRUPPA, Sonia Maria Portella. Sociologia da Educação. São Paulo, Cor- tez, 1994 UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 22 NÚCLEO COMUM Aula 06_As instituições sociais e a educação Para esta aula vamos trabalhar com o conceito de Instituições Sociais. Vocês sabem o que são instituições sociais? E qual é a relação existente entre “instituições sociais” e “educação”? Para esclarecer estas questões leia, em seu AVA, o texto “Instituições”. Leiam, também, as explicações de Sonia Kruppa (1994, p.24): Os indivíduos organizam sua vida em sociedade formando instituições sociais. As instituições sociais são formas de ação ou de vivência a que os homens recorrem, sistematicamente, visando a satisfazer determinadas necessidades. Essa recorrência sistemática vaiorganizando essas formas de ação, de tal modo que as instituições se destacam do todo social por terem uma função ou finalidade, um objetivo que satisfaça a determinadas necessidades do homem, e uma estrutura, isto é, regras que organizam tanto as relações humanas dos que dela participam, como o espaço físico onde acontecem estas relações [...] Se definirmos a instituição social como sendo uma força que atua sobre a conduta individual, logo perceberemos que qualquer outra instituição, sejam quais forem suas características e finalidades, depende dos padrões da linguagem. Perceba que qualquer forma de linguagem é primordial para a comunicação e a interação entre os homens. Logo, é fundamental no processo educacional. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 23 NÚCLEO COMUM Vamos complementar nossa aula, falando um pouco sobre a Educação Formal e a Educação Informal. A educação é um processo que envolve a aprendizagem com sentido amplo. Portanto, a educação não ocorre apenas em instituições formais, mas também nos hábitos e costumes que são normas sociais. Então, você sabe quais as relações e as diferenças entre a educação escolar e educação fora da escola? Segundo Sônia Kruppa (1994, p. 30): A educação escolar distingue-se, portanto, da educação informal (sem forma, sem norma) que acontece fora da escola. A escola tem horários, estabelece critérios para agrupamento dos alunos, tem profissionais executando papéis diferenciados (o professor, o diretor, o servente etc.), possui um sistema de avaliação e deve cumprir uma função: transmitir e criar conhecimentos. Assim, a primeira diferença entre o conhecimento escolar e aquele produzido no dia a dia está nas condições em que o conhecimento escolar é produzido e transmitido. A segunda diferença é dada pela própria função da escola, isto é, a transmissão e criação contínuas de conhecimento. Por essa função contínua, a escola é obrigada a fazer uma organização do conhecimento transmitido. Tal organização é feita a partir de critérios, dos quais o mais usado é aquele decorrente das ciências, cujo conhecimento é a base de onde são extraídos os conteúdos das disciplinas escolares. Agora vamos fazer algumas reflexões: UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 24 NÚCLEO COMUM Você compreendeu que: a) A educação que ocorre na escola é uma educação formal (é organizada, sistematizada, possui normas). Ela seleciona os conhecimentos considerados científicos. b) A educação que acontece fora da escola é uma educação informal (assistemática, sem normas específicas). O conhecimento que acontece, neste caso, é resultado das necessidades básicas do homem. c) A proposta hoje é para que as escolas não se “fechem” à transmissão de conhecimentos que estão sendo modificados a todo momento, através de novas descobertas. E, sim, “abram-se” ao conhecimento e compreensão da cultura existente em cada comunidade, sociedade ou grupos sociais, diminuindo o distanciamento entre os diferentes conhecimentos (internos e externos à escola). Até a próxima aula. Referência Bibliográfica: KRUPPA, Sonia M. P. Sociologia da Educação. São Paulo, Cortez, 1994. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 25 NÚCLEO COMUM Aula 07_Educação e Cultura Nesta aula vamos aprender um pouco mais sobre pluralidade cultural. Vocês sabem o que é pluralidade cultural? A resposta à pergunta acima você encontrará lendo o texto dos Parâmetros Curriculares Nacionais. Você estará em contato com partes dos Referenciais Curriculares, que são fundamentais para a formação do educador. Selecionei aqui apenas a apresentação, a introdução, a justificativa de Pluralidade Cultural nos Parâmetros. No link em nossa sala, pode-se encontrar o texto completo sobre pluralidade cultural. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS PLURALIDADE CULTURAL APRESENTAÇÃO Para viver democraticamente em uma sociedade plural é preciso respeitar os diferentes grupos e culturas que a constituem. A sociedade brasileira é formada não UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 26 NÚCLEO COMUM só por diferentes etnias, como também por imigrantes de diferentes países. Além disso, as migrações colocam em contato grupos diferenciados. Sabe-se que as regiões brasileiras têm características culturais bastante diversas e que a convivência entre grupos diferenciados nos planos social e cultural muitas vezes é marcada pelo preconceito e pela discriminação. O grande desafio da escola é reconhecer a diversidade como parte inseparável da identidade nacional e dar a conhecer a riqueza representada por essa diversidade etnocultural que compõe o patrimônio sociocultural brasileiro, investindo na superação de qualquer tipo de discriminação e valorizando a trajetória particular dos grupos que compõem a sociedade. Nesse sentido, a escola deve ser local de aprendizagem de que as regras do espaço público permitem a coexistência, em igualdade, dos diferentes. O trabalho com Pluralidade Cultural se dá a cada instante, exige que a escola alimente uma “Cultura da Paz”, baseada na tolerância, no respeito aos direitos humanos e na noção de cidadania compartilhada por todos os brasileiros. O aprendizado não ocorrerá por discursos, e sim num cotidiano em que uns não sejam “mais diferentes” do que os outros. Secretaria de Educação Fundamental 1ª PARTE PLURALIDADE CULTURAL INTRODUÇÃO A temática da Pluralidade Cultural diz respeito ao conhecimento e à valorização de características étnicas e culturais dos diferentes grupos sociais que convivem no território nacional, às desigualdades socioeconômicas e à crítica às relações sociais discriminatórias e excludentes que permeiam a sociedade brasileira, oferecendo ao aluno a possibilidade de conhecer o Brasil como um país complexo, multifacetado e algumas vezes paradoxal. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 27 NÚCLEO COMUM Este tema propõe uma concepção que busca explicitar a diversidade étnica e cultural que compõe a sociedade brasileira, compreender suas relações, marcadas por desigualdades socioeconômicas e apontar transformações necessárias, oferecendo elementos para a compreensão de que valorizar as diferenças étnicas e culturais não significa aderir aos valores do outro, mas respeitá-los como expressão da diversidade, respeito que é, em si, devido a todo ser humano, por sua dignidade intrínseca, sem qualquer discriminação. A afirmação da diversidade é traço fundamental na construção de uma identidade nacional que se põe e repõe permanentemente, tendo a Ética como elemento definidor das relações sociais e interpessoais. Ao tratar este assunto, é importante distinguir diversidade cultural, a que o tema se refere, de desigualdade social. As culturas são produzidas pelos grupos sociais ao longo das suas histórias, na construção de suas formas de subsistência, na organização da vida social e política, nas suas relações com o meio e com outros grupos, na produção de conhecimentos etc. A diferença entre culturas é fruto da singularidade desses processos em cada grupo social. A desigualdade social é uma diferença de outra natureza: é produzida na relação de dominação e exploração socioeconômica e política. Quando se propõe o conhecimentoe a valorização da pluralidade cultural brasileira, não se pretende deixar de lado essa questão. Ao contrário, principalmente no que se refere à discriminação, é impossível compreendê-la sem recorrer ao contexto socioeconômico em que acontece e à estrutura autoritária que marca a sociedade. As produções culturais não ocorrem “fora” de relações de poder: são constituídas e marcadas por ele, envolvendo um permanente processo de reformulação e resistência. Ambas, desigualdade social e discriminação articulam-se no que se convencionou denominar “exclusão social”: impossibilidade de acesso aos bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participação na gestão coletiva do espaço público — pressuposto da democracia. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 28 NÚCLEO COMUM Entretanto, apesar da discriminação, da injustiça e do preconceito que contradizem os princípios da dignidade, do respeito mútuo e da justiça, paradoxalmente o Brasil tem produzido também experiências de convívio, reelaboração das culturas de origem, constituindo algo intangível que se tem chamado de brasilidade, que permite a cada um reconhecer-se como brasileiro. Por isso, no cenário mundial, o Brasil representa uma esperança de superação de fronteiras e de construção da relação de confiança na humanidade. A singularidade que permite essa esperança é dada por sua constituição histórica peculiar no campo cultural. O que se almeja, portanto, ao tratar de Pluralidade Cultural, não é a divisão ou o esquadrinhamento da sociedade em grupos culturais fechados, mas o enriquecimento propiciado a cada um e a todos pela pluralidade de formas de vida, pelo convívio e pelas opções pessoais, assim como o compromisso ético de contribuir com as transformações necessárias à construção de uma sociedade mais justa. Reconhecer e valorizar a diversidade cultural é atuar sobre um dos mecanismos de discriminação e exclusão, entraves à plenitude da cidadania para todos e, portanto, para a própria nação. Justificativa É sabido que, apresentando heterogeneidade notável em sua composição populacional, o Brasil desconhece a si mesmo. Na relação do país consigo mesmo, é comum prevalecerem vários estereótipos, tanto regionais como em relação a grupos étnicos, sociais e culturais. Historicamente, registra-se dificuldade para se lidar com a temática do preconceito e da discriminação racial/étnica. Na escola, muitas vezes, há manifestações de racismo, discriminação social e étnica, por parte de professores, de alunos, da equipe escolar, ainda que de maneira involuntária ou inconsciente. Essas atitudes representam violação dos direitos dos alunos, professores e funcionários discriminados, trazendo consigo obstáculos ao processo educacional pelo sofrimento e constrangimento a que essas pessoas se vêem expostas. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 29 NÚCLEO COMUM Movimentos sociais, vinculados a diferentes comunidades étnicas, desenvolveram uma história de resistência a padrões culturais que estabeleciam e sedimentavam injustiças. Gradativamente conquistou-se uma legislação antidiscriminatória, culminando com o estabelecimento, na Constituição Federal de 1988[1], da discriminação racial como crime. Mais ainda, há mecanismos de proteção e de promoção de identidades étnicas, como a garantia, a todos, do pleno exercício dos direitos culturais[2] , assim como apoio e incentivo à valorização e difusão das manifestações culturais. A aplicação e o aperfeiçoamento da legislação são decisivos mas insuficientes. Para construir uma sociedade justa, livre e fraterna, o processo educacional terá de tratar do campo ético, de como se desenvolvem no cotidiano atitudes e valores voltados para a formação de novos comportamentos, novos vínculos em relação àqueles que historicamente foram alvo de injustiças. Mesmo em regiões onde não se apresente uma diversidade cultural tão acentuada, o conhecimento dessa característica plural do Brasil é extremamente relevante. Ao permitir o conhecimento mútuo entre regiões, grupos e indivíduos, ele forma a criança, o adolescente e o jovem ³para a responsabilidade social de cidadão, consolidando o espírito democrático. Reconhecer essa complexidade que envolve a problemática social, cultural e étnica é o primeiro passo. A escola tem um papel fundamental a desempenhar nesse processo. Em primeiro lugar, porque é um espaço em que pode se dar a convivência entre estudantes de diferentes origens, com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada um conhece, com visões de mundo diversas daquela que compartilha em família. Nesse contexto, ao analisar os fatos e as relações entre eles, a presença do passado no presente, no que se refere às diversas fontes de que se alimenta a identidade — ou as identidades, seria melhor dizer — é imprescindível esse recurso ao Outro, a valorização da alteridade como elemento constitutivo do Eu, com a qual experimentamos melhor quem somos e quem UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 30 NÚCLEO COMUM podemos ser. Em segundo, porque é um dos lugares onde são ensinadas as regras do espaço público para o convívio democrático com a diferença. Em terceiro lugar, porque a escola apresenta à criança conhecimentos sistematizados sobre o país e o mundo, e aí a realidade plural de um país como o Brasil fornece subsídios para debates e discussões em torno de questões sociais. A criança na escola convive com a diversidade e poderá aprender com ela. Singularidades presentes nas características de cultura, de etnias, de regiões, de famílias, são de fato percebidas com mais clareza quando colocadas junto a outras. A percepção de cada um, individualmente, elabora-se com maior precisão graças ao Outro, que se coloca como limite e possibilidade. Limite, de quem efetivamente cada um é. Possibilidade, de vínculos, realizações de “vir-a-ser”. Para tanto, há necessidade de a escola instrumentalizar-se para fornecer informações mais precisas a questões que vêm sendo indevidamente respondidas pelo senso comum, quando não ignoradas por um silencioso constrangimento. Esta proposta traz a necessidade imperiosa da formação de professores no tema da Pluralidade Cultural. Provocar essa demanda específica na formação docente é exercício de cidadania. É investimento importante e precisa ser um compromisso político-pedagógico de qualquer planejamento educacional/escolar para formação e/ou desenvolvimento profissional dos professores. Lido o texto dos Parâmetros Curriculares Nacionais sobre Pluralidade Cultural, reflita: 1. Qual a diferença entre diversidade cultural e desigualdade social? 2. Como a escola pode auxiliar a compreensão da diversidade cultural? Até a próxima aula! UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 31 NÚCLEO COMUM _____ [1]Art. 5o, parágrafo XLII: “a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei”. [2] Art. 5o, parágrafos VI e IX: “é inviolável a liberdade de consciência e de crença...; é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação”. [3]Sobre adolescência e juventude, ver quarta parte do documento de Introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 32 NÚCLEO COMUM Aula 08_Educação e Cultura Na aula anterior iniciamos a discussão sobrePluralidade Cultural. Agora vamos analisar como os conhecimentos sociológicos podem contribuir sobre esta questão. Leiam o texto dos Parâmetros Curriculares Nacionais sobre Contribuições para o estudo da Pluralidade Cultural no âmbito da escola. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS PLURALIDADE CULTURAL CONTRIBUIÇÕES PARA O ESTUDO DA PLURALIDADE CULTURAL NO ÂMBITO DA ESCOLA Para informar adequadamente a perspectiva de ensino e aprendizagem, é importante esclarecer o caráter interdisciplinar que constitui o campo de estudos teóricos da Pluralidade Cultural. A fundamentação ética, o entendimento de preceitos jurídicos, incluindo o campo internacional, conhecimentos acumulados no campo da História e da Geografia, noções e conceitos originários da Antropologia, da Lingüística, da Sociologia, da Psicologia, aspectos referentes a Estudos Populacionais, além do saber produzido no âmbito de movimentos sociais e de suas organizações comunitárias, constituem uma base sobre a qual se opera tal reflexão que, ao voltar-se para a atuação na escola, deve ter cunho eminentemente pedagógico. A seguir são apresentadas algumas indicações das diferentes contribuições, a título de subsídios-chave, a fim de balizar o trabalho pedagógico deste tema, embora não o esgotem. São pistas que o professor poderá seguir aprofundando e ampliando conforme as necessidades de seu planejamento. Visam, sobretudo, a explicitar que tratar do povo brasileiro, em seus desafios e conquistas do cotidiano e no processo UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 33 NÚCLEO COMUM histórico exige estudo e preparo cuidadoso que não se confundem, em hipótese alguma, com o senso comum. Fundamentos éticos Uma proposta curricular voltada para a cidadania deve preocupar-se necessariamente com as diversidades existentes na sociedade, uma das bases concretas em que se praticam os preceitos éticos. É a ética que norteia e exige de todos — da escola e dos educadores em particular —, propostas e iniciativas que visem à superação do preconceito e da discriminação. A contribuição da escola na construção da democracia é a de promover os princípios éticos de liberdade, dignidade, respeito mútuo, justiça e eqüidade, solidariedade, diálogo no cotidiano; é a de encontrar formas de cumprir o princípio constitucional de igualdade, o que exige sensibilidade para a questão da diversidade cultural e ações decididas em relação aos problemas gerados pela injustiça social. Conhecimentos históricos e geográficos Os aspectos históricos e geográficos expõem uma diversidade regional marcada pela desigualdade, do ponto de vista do atendimento pleno dos direitos de cidadania. A formação histórica do Brasil mostra os mecanismos de resistência ao processo de dominação desenvolvidos pelos grupos sociais em diferentes momentos. Uma das formas de resistência refere-se ao fato de que cada grupo — indígena, africano, europeu, asiático e do oriente médio — encontrou maneiras de preservar sua identidade cultural, ainda que às vezes de forma clandestina e precária. Assim sendo, tratar da presença do índio pela inclusão nos currículos de conteúdos que informem sobre a riqueza de suas culturas e a influência delas sobre a sociedade, conforme disposto na Constituição de 1988 (art. 210, parágrafo 2o), é valorizar essa presença e reafirmar os direitos dos índios como povos nativos, de forma que corrija uma visão deturpada que os homogeneíza como se fossem de um único grupo, devido à justaposição aleatória de traços retirados de diversas etnias. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 34 NÚCLEO COMUM Compreender a formação das sociedades européias e das relações entre sua história, viagens de conquista, entrelaçamento de seus processos políticos com os do continente americano, em particular América do Sul e Brasil, auxiliará professores e alunos a formarem referencial não só de conteúdos específicos, como também da estruturação de processos de influenciação recíproca. Isso é especialmente importante para o momento atual, quando o quadro internacional interfere no cotidiano do cidadão de muitas e variadas formas. O estudo histórico do continente africano compreende enorme complexidade de temas do período pré-colonial, como arqueologia; grupos humanos; civilizações antigas do Sudão, do sul e do norte da África; o Egito como processo de civilização africana a partir das migrações internas. Essa complexidade milenar é de extrema relevância como fator de informação e de formação voltada para a valorização dos descendentes daqueles povos. Significa resgatar a história mais ampla, na qual os processos de mercantilização da escravidão foram um momento que não pode ser amplificado a ponto que se perca a rica construção histórica da África. O conhecimento desse processo pode significar o dimensionamento correto do absurdo, do ponto de vista ético, da escravidão, de sua mercantilização e das repercussões que os povos africanos enfrentam por isso. Da mesma forma, uma visão histórica da Ásia contribui para a compreensão da formação cultural brasileira, tanto no que se refere às tradições como aos processos históricos que levaram seus habitantes a imigrarem para as Américas, e em particular para o Brasil, em diferentes momentos. É relevante, também, o estudo do Oriente Médio, sua história e suas influências na constituição da civilização ocidental. Cada um desses desenvolvimentos poderá estar presente conforme a necessidade e a oportunidade do trabalho em sala de aula. Conhecimentos sociológicos Toda seleção curricular é marcada por determinantes e fatores culturais, sociais e políticos, que podem ser analisados de forma isolada, para efeito de estudo, mas UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 35 NÚCLEO COMUM que se encontram amalgamados no social. Conhecimentos sociológicos são indispensáveis na Discussão da Pluralidade Cultural, pelas possibilidades que abrem de compreensão de processos complexos onde se dão interações entre fenômenos de diferentes naturezas.A escola pode fortalecer sua atuação tanto mais quanto seja conhecedora dos problemas presentes na estrutura socioeconômica e como se dão as relações de dominação, qual o papel desempenhado pelo universo cultural nesse processo. Além das diversas contribuições da Sociologia, aspectos particulares voltados para a discussão curricular têm sido desenvolvidos por autores que se ocupam da Sociologia da educação Sociologia do Currículo. Nesses estudos são analisados os vínculos entre escola democracia, escola e cidadania, democracia e currículo, permitindo uma reflexão voltada especificamente para o interior da escola e da sala de aula. Os conhecimentos sociológicos permitem uma discussão acurada de como as diferenças étnicas, culturais e regionais não podem ser reduzidas à dimensão socioeconômica de classes sociais. Conhecimentos antropológicos A Antropologia caracteriza-se como o estudo das alteridades, no qual se afirma o reconhecimento do valor inerente a cada cultura, por se tratar do que é exclusivamente humano, como criação, e próprio de certo grupo, em certo momento, em certo lugar. Cada cultura tem sua história, condicionantes, características, não cabendo qualquer classificação que sobreleve uma em detrimento de outra. Alguns temas, conceitos e termos da temática da Pluralidade Cultural dependem intrinsecamente de conhecimentos antropológicos, por se referirem diretamente à organização humana, na qual se coloca a diversidade.Entre eles destacamos os conceitos de cultura, raça e etnia. No sentido antropológico do termo, afirma-se que todo e qualquer indivíduo nasce no contexto de uma cultura e, ao longo de sua vida, ajuda a produzi-la. Não existe homem sem cultura, mesmo que não saiba ler, escrever e fazer contas. É como se UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 36 NÚCLEO COMUM fosse possível dizer que o homem é biologicamente incompleto: não sobreviveria sozinho sem a participação das pessoas e do grupo que o gerou. A cultura é o conjunto de códigos simbólicos reconhecíveis pelo grupo a partir dos quais se produz conhecimento: neles o indivíduo é formado desde o momento de sua concepção nesses mesmos códigos e, durante a infância, prende os valores do grupo. Por intermédio deles é mais tarde introduzido nas obrigações da vida adulta, da maneira como cada grupo social as concebe. A cultura, como código simbólico, apresenta-se como dinâmica viva. Todas as culturas estão em constante processo de reelaboração, introduzindo novos símbolos, atualizando valores, adaptando seu acervo tradicional às novas condições historicamente construídas pela sociedade. A cultura pode assumir sentido de sobrevivência, estímulo e resistência. Quando valorizada, reconhecida como parte indispensável das identidades individuais e sociais, apresenta-se como componente do pluralismo próprio da vida democrática. Por isso, fortalecer a cultura de cada grupo social, cultural e étnico que compõe a sociedade brasileira, promover seu reconhecimento, valorização e conhecimento mútuo, é fortalecer a igualdade, a justiça, a liberdade, o diálogo e, portanto, a democracia. O termo “raça”, de uso corriqueiro e banal no cotidiano, vem sendo evitado cada vez mais pelas ciências sociais pelos maus usos a que se prestou. Nas ciências biológicas, raça é a subdivisão de uma espécie, cujos membros mostram com freqüência certo número de atributos hereditários. Refere-se ao conjunto de indivíduos cujos caracteres somáticos, tais como a cor da pele, o formato do crânio e do rosto, tipo de cabelo, etc., são semelhantes e se transmitem por hereditariedade. O conceito de raça, portanto, assenta-se em conteúdo biológico, e foi utilizado na tentativa de demonstrar uma pretensa relação de superioridade/inferioridade entre grupos humanos. Convém lembrar que o uso do termo “raça” no senso comum é ainda muito difundido, para reafirmação étnica, como é feito comumente por movimentos sociais, ou nos contextos ostensivamente pejorativos que alimentam o racismo e a discriminação. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 37 NÚCLEO COMUM Por sua vez, o conceito de etnia substitui com vantagens o termo “raça”, já que tem base social e cultural. “Etnia” ou “grupo étnico” designa um grupo social que se diferencia de outros por sua especificidade cultural. Atualmente o conceito de etnia estende-se a todas as minorias que mantêm modos de ser distintos e formações que se distinguem da cultura dominante. Assim, os pertencentes a uma etnia partilham da mesma visão de mundo, de uma organização social própria, apresentam manifestações culturais que lhe são características. “Etnicidade” é a condição de pertencer a um grupo étnico. É o caráter ou a qualidade de um grupo étnico que freqüentemente se autodenomina comunidade. Já o “etnocentrismo” — tendência de alguém tomar a própria cultura como centro exclusivo de tudo, e de pensar sobre o outro também apenas a partir de seus próprios valores e categorias — muitas vezes dificulta um diálogo intercultural, impedindo o acesso ao inesgotável aprendizado que as diversas culturas oferecem. Por isso é errado, conceitual e eticamente, sustentar argumentos de ordem racial/étnica para justificar desigualdades socioeconômicas, dominação, abuso, exploração de certos grupos humanos. Historicamente, no Brasil, tentou-se justificar, por essa via, injustiças cometidas contra povos indígenas, contra africanos e seus descendentes, desde a barbárie da escravidão a formas contemporâneas de discriminação e exclusão destes e de outros grupos étnicos e culturais, em diferentes graus e formas. A escola deve posicionar-se criticamente em relação a esses fatos, mediante informações corretas, cooperando no esforço histórico de superação do racismo e da discriminação. O SER HUMANO COMO AGENTE SOCIAL E PRODUTOR DE CULTURA Ao pressupormos o ser humano como agente social e produtor de cultura, evocamos a emergência de suas histórias, delineadas no movimento do tempo em interação com o movimento no espaço. Esse movimento, por sua vez, é mediado por diferentes linguagens, cujas expressões denotam traços de conhecimentos, valores e tradições de um povo, de uma etnia ou de um determinado grupo social. Nesse contexto, as imagens UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 38 NÚCLEO COMUM construídas pelos gestos, pelos sons, pela fala, pela plasticidade e pelo silêncio implicam conteúdos relevantes para a construção da identidade, pois é nesse universo plural de significados e sentidos que as pessoas se reconhecem na sua singularidade. É no interior desse amálgama que podemos articular os conceitos de agente social e produtor cultural. Os conteúdos apresentam-se numa relação de igualdade, na qual não cabem avaliações preconceituosas e/ou pejorativas às diferenças de linguagens, tradições, crenças, valores e costumes, com o objetivo de valorizar os seres humanos como instância primeira das histórias. • Conhecimento, respeito e valorização das diferentes linguagens pelas quais se expressa a pluralidade cultural. Conhecer e respeitar diferentes linguagens é decisivo para que o trabalho com este tema possa desenvolver atitudes de diálogo e respeito para com culturas distintas daquela que a criança conhece, do grupo do qual participa. Este bloco oferece muitas oportunidades de transversalidade em Arte, quando por exemplo o adolescente poderá aprender sobre a cerâmica artesanal de certa população, ou músicas e danças de certos grupos étnicos, como formas de linguagem. É muito importante que, ao propor a atividade, o professor contextualize seu significado para o grupo étnico ou cultural de onde se originou a proposta, para que o assunto não seja tratado como folclore, mas como elemento cheio de importância para a estruturação e manifestação da vida simbólica daquele grupo. • Conhecimento dos instrumentos disponíveis para o fortalecimento da cidadania. Cidadania é prática, e a escola tem meios de desenvolver essa prática para trabalhar com o aluno não só a busca e acesso à informação relativa a seus direitos e deveres, como o seu exercício. Assim, consultas a documentos jurídicos nacionais e tratados e declarações internacionais poderá ser feita em sala de aula, continuando trabalho desenvolvido nos ciclos anteriores. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 39 NÚCLEO COMUM Da mesma forma, identificar e desenvolver alternativas de cooperação na melhoria da vida cotidiana na escola, na comunidade, na família é uma forma de prática de cidadania, no espaço imediato de vivência. É importante, também, entrelaçando com o tratamento dado à importância da imprensa, identificar situações na vida da comunidade, localidade, estado, país, que exigem ação reivindicatória, assim como ação de cooperação, entendendo a dinâmica de direitos e deveres. Em diferentes situações que se apresentem na vida diária da escola, será possível desenvolver uma atitude de responsabilidadedo aluno pelo seu ser, como adolescente, exigindo respeito para si, cuidado com sua saúde, seus estudos, seus vínculos afetivos, sua capacidade de fazer escolhas e opções. Da mesma forma, é importante enfatizar conteúdo já mencionado no primeiro bloco, referente à valorização, pelo adolescente, das oportunidades educacionais de que dispõe, como elemento de formação e consolidação de sua cidadania, potencializando-as o máximo possível. Esse cuidado é particularmente importante, tanto para evitar o abandono dos estudos, como na percepção e atitude dos alunos em relação à escola como instituição voltada para o bem comum, a qual cabe valorizar, cuidar e proteger. Entrelaçando-se com Ética, é importante tratar da cidadania a partir de atitude de valorização da solidariedade como princípio ético e como fonte de fortalecimento recíproco. Lido o texto e reflita sobre a seguinte questão: Qual a contribuição dos conhecimentos Sociológicos sobre pluralidade cultural? Até a próxima aula! UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 40 NÚCLEO COMUM Aula 09_Educação, cultura e conhecimento O conhecimento é um instrumento para a vida. Nesta aula vamos conversar um pouco sobre este tema. Uma visão do conhecimento Podemos dizer que o homem é um acontecimento cósmico, planetário, social e individual. O homem produz, organiza e difunde o conhecimento para sobreviver e transcender. No processo educacional, o homem deve ser pensado como aquele que vive em busca de sobrevivência e transcendência. O homem procura adquirir conhecimento para sobreviver e transcender. O homem observou a natureza e produziu conhecimento: um bom exemplo é a chuva, pois na sua ausência, o homem passou a regar a sua plantação para substituí-la. Além de produzir, ele organizou e transmitiu esse conhecimento. Conhecimento é o conjunto de meios para a sobrevivência e transcendência, gerados por indivíduos coletivizados e acumulados no curso da história. O conhecimento tem sido o maior instrumento para o exercício do poder e da autonomia. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 41 NÚCLEO COMUM O grande momento da espécie humana foi a descoberta do outro e a troca com o outro por meio da comunicação, de informações e de modos de ações. Vivemos hoje numa sociedade de conhecimentos. Referência bibliográfica: D’AMBRÓSIO, U. Educação para uma sociedade em transição. SP, ED. Papirus, 2000. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 42 NÚCLEO COMUM Aula 10_Educação, cultura e ideologia. Nesta aula vamos conversar um pouco sobre trabalho, educação, cultura e ideologia. Cultura, Trabalho e Educação A atividade animal é determinada por condições biológicas, caracterizada, sobretudo, por reflexos e instintos. Trata-se de um tipo de inteligência concreta, distinguindo-se da inteligência humana, que é abstrata. O homem representa o mundo por meio do pensamento, expressando-o pela linguagem simbólica. De fato, a linguagem substitui as coisas por símbolos, com palavras, por exemplo. A transformação que o homem exerce sobre a natureza chama-se cultura; entretanto, o mundo cultural é um sistema de significados já estabelecidos por outros. A noção de trabalho é fundamental para se compreender o que é cultura. Aliás, o trabalho é condição de liberdade, mas não em situações de exploração em que a maioria é obrigada a trabalhar em condições inadequadas à sua humanização. Isto é, na sociedade dividida em classes, o trabalho se torna alienado. Alienar, portanto, é tornar alheio, é transferir para outrem o que é seu. Por meio do trabalho o homem instaura relações sociais, cria modelos de comportamento, instituições e saberes. O aperfeiçoamento dessas atividades, no entanto, só é possível pela transmissão dos conhecimentos adquiridos através das gerações. É a educação que mantém viva a memória de um povo e dá condições para a sua sobrevivência. Cultura Erudita e Cultura Popular UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 43 NÚCLEO COMUM Não vivemos em uma sociedade homogênea, toda produção cultural está sujeita à avaliação que depende da posição social do grupo a que ela pertence. Para exemplificar, vamos estabelecer algumas distinções, considerando as seguintes divisões: - A Cultura Erudita é a produção acadêmica centrada no sistema educacional, sobretudo na universidade, produzida por uma minoria de intelectuais. - A Cultura Popular é identificada com folclore, conjunto das lendas, contos e concepções transmitidas oralmente pela tradição. É produzida pelo homem do campo, das cidades do interior ou pela população suburbana das grandes cidades. - A Cultura de Massa é aquela resultante dos meios de comunicação de massa. Produzida “de cima para baixo”, impondo padrões e homogeneíza o gosto. É preciso entender essas manifestações culturais como sendo expressões diferentes de uma sociedade pluralista, sem considerações a respeito da superioridade de uma ou outra. Ideologia A Ideologia é o conjunto de representações e idéias bem como de normas de conduta por meio das quais o homem é levado a pensar, sentir e agir de uma determinada maneira que convém à classe dominante. Lidar com conceitos abstratos, eternos e imutáveis, independentes da situação histórica em que se inserem, é um dos artifícios ideológicos pelos quais os valores dominantes são impostos. Os meios pelos quais a ideologia é, a nós imposta, variam, sendo utilizados meios tais como: a escola, os livros didáticos, os meios de comunicação de massa. As estruturas petrificadas que justificam as formas de dominação são ameaçadas pela filosofia, devido a essa ciência exercer papel importante como crítica de ideologia. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 44 NÚCLEO COMUM Até a próxima aula! Referência Bibliográfica ARANHA, M.L.A. Temas de Filosofia. SP. ED Moderna, 1996. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 45 NÚCLEO COMUM Aula 11_A escola como instituição social Na aula de hoje abordaremos, de forma simplificada, alguns momentos e tendências da escola e de sua relação com a sociedade em que se insere. As sociedades antes da escola Desde o aparecimento da educação formal, sempre existiu uma relação indissolúvel entre escola e sociedade. Vamos caminhar sobre as condições do aparecimento da educação formal, as transformações ao longo do tempo e também as críticas que têm sido feitas às soluções encontradas, trataremos das comunidades tribais, onde ainda inexistem escolas. As comunidades tribais - Trata-se de sociedades que não têm Estado, classes, Escrita, Comércio e Escola. Essa sociedade é essencialmente mítica. Nas comunidades tribais, as crianças aprendem imitando os gestos dos adultos em suas atividades diárias. A adaptação aos usos e valores da tribo geralmente é levada a efeito sem castigo. A escola tradicional burguesa Nos séculos XVI e XVII, são fundados colégios pelas ordens religiosas dos séculos XVI e XVII. E para disciplinar a criança, submetendo-a aos rigores da hierarquia, surge o hábito dos castigos corporais. Com isso, surge o modelo da escola tradicional:nestes colégios existe uma rígida formação moral. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 46 NÚCLEO COMUM Tornam-se famosos os internatos dos jesuítas, que se espalham por toda a Europa durante 200 anos (do século XVI ao XVIII). Essas escolas se destinam à nobreza e à burguesia ascendente. Com a Revolução Industrial, passou-se a exigir que, ao lado da formação humanística, fossem também estudadas as ciências da natureza. A escola nova No Brasil, o movimento da escola nova começou só no século XX, na década de 20. Na escola renovada, o aluno é o centro e há uma preocupação muito grande com a natureza psicológica da criança. A educação tradicional é magistrocêntrica. A escola tecnicista A escola tradicional no século XX tem sofrido inúmeras críticas de enfoques diversificados. Entre essas, a partir da década de 60, surgem propostas de inspiração tecnicista, baseadas na convicção de que a escola só se tornaria mais eficaz caso adotasse o modelo empresarial. No modelo citado, há uma nítida preocupação com a transmissão do saber científico exigido pela moderna tecnologia. No Brasil, nunca houve de fato plena implantação de reformas de tendência tecnicista, por estarem os professores imbuídos ou da tendência tradicional ou das idéias escola-novistas. A desescolarização da sociedade A escola nova pretendeu revolucionar os métodos trazendo para a vida a escola tradicional. No entanto, seu ideal de democratização não foi atingido, aliás, ela continuou a reproduzir as formas de dominação social. Devido a esse fato, o australiano Ivan Illich apresenta uma proposta radical, a desescolarização da sociedade. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 47 NÚCLEO COMUM A principal crítica que pode ser feita a Illich refere-se à dimensão individualista do seu projeto, que despreza uma análise mais profunda dos conflitos sociais. Na verdade, ele propõe uma revolução moral, empenhada em conscientizar os indivíduos para a mudança e converter cada um no seu íntimo. Até a próxima aula! Referência bibliográfica: ARANHA, M.L.A. Temas de Filosofia. SP, Moderna, 1996. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 48 NÚCLEO COMUM Resumo_Unidade I Apresentamos alguns conceitos básicos, pertinentes à literatura sociológica, utilizados por sociólogos e educadores. Introduzimos o significado de educação e socialização como processos interativos. Conhecemos as principais instituições sociais e suas características, bem como o surgimento da escola como instituição social. Por intermédio da análise sociológica da sociedade desvelamos a realidade social, compreendendo a sua historicidade. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 49 NÚCLEO COMUM Aula 12_A educação e a escola Na aula de hoje veremos como a escola vem realizando sua principal função: a formação do educando. Para esta discussão leiam o texto “Educar pra que? ” de Frei Betto, disponível em nosso AVA. Para complementar nossos conhecimentos, indico dois textos: 1 – A Escola dos meus sonhos, de Frei Betto, e 2 – Pra que serve a Educação, de Selma de Assis Moura: Após a leitura do texto reflita sobre as questões abaixo: 1. Para Frei Betto qual é a finalidade do processo educacional? 2. Para ele a escola está atendendo às finalidades do processo educacional? Por quê? 3. Qual a maior crítica que ele faz a escola? Chegamos ao final de nossa unidade Até a próxima aula! UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 50 NÚCLEO COMUM Aula 13_A análise sociológica da sociedade capitalista Vamos, inicialmente, analisar e reconhecer a sociedade brasileira. No início dos anos de 1970 Edmar Barra usou o termo Belíndia para falar da desigualdade social no Brasil. Segundo ele havia uma pequena parcela da sociedade brasileira que possuía grande poder aquisitivo, comparada com a Bélgica, enquanto a grande maioria era pobre, esta era a Índia brasileira. Sobre isso Kruppa diz que: A explicação que se usa o exemplo da “Bélgica” e da “Índia” como convivendo no mesmo Brasil, impossibilita-nos de ver que, longe de se apresentarem como realidades distintas, aqueles que se encaixam na Bélgica brasileira vivem assim graças à miséria causada pela exploração daqueles que são considerados como pertencentes à Índia brasileira. As razoes disso estão na forma pela qual o capitalismo se estrutura, desde seu aparecimento: na exploração do trabalho assalariado, que progressivamente foi separando os UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 51 NÚCLEO COMUM trabalhadores, o proletariado, dos donos dos meios de produção, a burguesia. (1994, p. 48) Leiam também o texto: “Belíndia” de Alan Henriques, disponível em nosso AVA: Agora que você leu, analisou e compreendeu o texto “Belíndia”, vamos refletir sobre algumas questões, em conformidade com as ideias do texto lido: 1- Por que o Brasil é um país de contrastes? 2- O que provoca a diferença social? 3- Qual é a classe social que tem maior acesso aos jornais, bibliotecas, teatros, viagens, etc? 4- O Estado brasileiro tem procurado mudar esta situação de desigualdade, investindo em serviços públicos como educação, saúde e moradia? 5- O modelo econômico adotado e o sistema educacional atendem com qualidade a maioria da população? 6- Você concorda com as ideias da autora do texto? Por quê? Referência Bibliográfica: KRUPPA, Sonia M. P. Sociologia da Educação. São Paulo, Cortez, 1994. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 52 NÚCLEO COMUM Aula 14_Compreendendo a realidade social Vamos analisar e compreender a realidade em que vivemos com o auxilio da Sociologia. Leia em seu AVA o texto “O Surgimento da Sociologia e do Socialismo” de Lázaro Curvêlo Chaves. Vejam também os textos “Origem da sociedade capitalista” de Paulo Meksenas, e “O que é a Sociologia?” de Lucien Goldmann. Reflita sobre esses aspectos: 1- A Sociologia é uma ciência que surge com a sociedade capitalista. 2- Ela procura explicar a sociedade capitalista. 3- Há várias teorias (explicações) para a realidade social. 4- Na análise da sociedade, os pensadores diferem quanto ao papel que contribuem para a educação, cultura e sociedade. 5- Durkheim e Marx são contraditórios em relação aos processos sociais. 6- A Sociologia, como qualquer ciência, não é “dona da verdade”; está sempre se refazendo. Vamos Relembrar alguns assuntos importantes? 1. Segundo Émile Durkheim: 1.1. A educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre as novas, que ainda não se encontram preparadas para a vida social. 1.2. A educação é, ao mesmo tempo, múltipla e una: a) Múltipla: varia segundo o grupo social, no tempo e no espaço; UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 53 NÚCLEO COMUM b) Una: procura inculcar os valores dominantes na sociedade e preservar a identidade nacional e os avanços da humanidade. 1.3. Como socialização, a educação vai construindo, em cada ser humano, o ser social. 1.4. Embora cada indivíduo eduque a si mesmo,
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