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0820_Sociologia da Educação

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SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO 
	
 
Créditos e Copyright	
MACEDO, Doroti de Oliveira Rosa.
Sociologia da Educação.  Doroti de Oliveira Rosa Macedo: Núcleo de Educação a Distância da UNIMES, 2015. 99p. (Material didático. Curso de ciências sociais).
 
Modo de acesso: www.unimes.br
1. Ensino a distância.  2. Educação.   3. Sociologia.
CDD 371.12
UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS
FACULDADE DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS
PLANO DE ENSINO
 
CURSO: Licenciaturas
COMPONENTE CURRICULAR: Sociologia da Educação
ANO/SEMESTRE: 1º
CARGA HORÁRIA TOTAL: 80h
  
EMENTA
Interpretação e reflexão da educação, da sociedade e da escola, no contexto da realidade brasileira. As relações sociais na sociedade capitalista: desigualdade e exclusão social. Analise da função da escola como prática social numa sociedade multicultural e o papel do educador como mobilizador na construção da cidadania.
  
OBJETIVO GERAL 
Compreender conceitos sociológicos e diferentes formas de organização da sociedade. Compreender a relação entre a organização da sociedade e a escola. Refletir a relação entre conhecimento, educação e sociedade.
  
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
UNIDADE I: Sociologia e Educação
Ao compreender conceitos de interação social, educação, socialização, instituições sociais e conhecimento perceber-se como ser que passa por estes processos, vivenciando-os de determinadas formas; Compreender o homem como ser histórico, criador de novas formas de vida, ao mesmo tempo capaz, por sua memória, escrita ou oral, de acumular experiências.
 
UNIDADE II: Análise Sociológica da Sociedade Capitalista
Compreender o capitalismo e o liberalismo como formas de organização da sociedade, tendo como pano de fundo os resultados e as contradições da sociedade brasileira, organizada sob o sistema capitalista; Situar o nascimento da Sociologia no estabelecimento do capitalismo, compreendendo que o uso da ciência não é neutro. A ciência pode ser usada para a conservação ou para a transformação da sociedade.
 
UNIDADE III: A Escola na Sociedade Brasileira
Refletir sobre a realidade da educação escolar brasileira como consequência das contradições da sociedade capitalista em que vivemos, buscando alternativas que viabilizem um projeto de construção da autonomia da escola; Questionar, buscando respostas junto à comunidade escolar, sobre a função da escola na atualidade.
 
Bibliografia Básica
LAKATOS, Eva M., MARCONI, Marina de Andrade, Sociologia Geral, São Paulo: Ed. Atlas, 2011.
NERY, Maria Clara Ramos, Sociologia da Educação, Curitiba : Intersaberes, 2013. (Livro eletrônico – Biblioteca Virtual Unimes)
RODRIGUES, Alberto Tosi, Sociologia da Educação, Rio de Janeiro: DP&A.Editora, 2002.
  
Bibliografia Complementar
ARAÚJO, Silvia M., BRIDI, Maria Aparecida, MOTIN, Benilde L.,  Sociologia – um olhar critico . SP , Editora Contexto , 2009 ( livro eletrônico – Biblioteca Virtual Unimes)
BRANDÃO, C. R. O que é Educação? São Paulo: Brasiliense, 2007, disponível em https://pt.scribd.com/doc/39369244/O-que-e-Educacao-BRANDAO-Carlos-Rodrigues
DIAS, Reinaldo, Introdução à Sociologia, 2ª Edição – São Paulo – Pearson Prentise Hall – 2010. (livro eletrônico- Biblioteca Virtual Unimes)
DURKHEIM, E., Fato Social e Divisão do Trabalho, apresentação e comentários de MUSSE, Ricardo, Editora Ática: SP, 2007, (Livro eletrônico - Biblioteca Virtual Unimes)
MELLO , Alessandro de, Fundamentos socioculturais da educação, Curitiba -InterSaberes, 2012, Série Fundamentos da Educação ( Livro eletrônico – Biblioteca Virtual Unimes)  
 
METODOLOGIA
As aulas serão desenvolvidas por meio de recursos como: videoaulas, fóruns, atividades individuais, atividades em grupo. O desenvolvimento do conteúdo programático se dará por leitura de textos, indicação e exploração de sites, atividades individuais, colaborativas e reflexivas entre os alunos e os professores.
  
 AVALIAÇÃO
A avaliação dos alunos é contínua, considerando-se o conteúdo desenvolvido e apoiado nos trabalhos e exercícios práticos propostos ao longo do curso, como forma de reflexão e aquisição de conhecimento dos conceitos trabalhados na parte teórica e prática e habilidades. Prevê ainda a realização de atividades em momentos específicos como fóruns, chats, tarefas, avaliações à distância e Presencial, de acordo com a Portaria da Reitoria UNIMES 04/2014.
Sumário
Aula 01_A contribuição da Sociologia para a educação	8
Aula 02_A Sociologia na formação do educador	12
Aula 03_Sociologia e Educação	14
Aula 04_Conceitos básicos de Sociologia	17
Aula 05 _Educação e socialização	20
Aula 06_As instituições sociais e a educação	22
Aula 07_Educação e Cultura	25
Aula 08_Educação e Cultura	32
Aula 09_Educação, cultura e conhecimento	40
Aula 10_Educação, cultura e ideologia.	42
Aula 11_A escola como instituição social	45
Resumo_Unidade I	48
Aula 12_A educação e a escola	49
Aula 13_A análise sociológica da sociedade capitalista	50
Aula 14_Compreendendo a realidade social	52
Aula 15_Educação e política.	55
Aula 16_A dimensão social da liberdade	57
Aula 17_Sociedade Contratual e Sociedade Contextual	60
Aula 18_ Emile Durkheim e a Educação	64
Aula 19 _A sociedade para a Sociologia crítica	65
Aula 20_A Educação para a Sociologia Crítica	68
Aula 21_A análise Marxista no estudo da escola	71
Aula 22_A educação escolar e a sociedade brasileira	74
Aula 23_A educação escolar como intervenção	77
Aula 24_A educação escolar como invenção	79
Aula 25_A escola e a questão cultural	80
Aula 26_A escola e a questão cultural	81
Aula 27_A organização da escola	83
Aula 28_A organização da escola	85
Aula 29_O preconceito na escola	87
Aula 30_A escola no contexto social	89
Aula 31_A função da escola	94
Aula 32_Sawabona!!! Shikoba!!!	97
Núcleo de Educação a Distância
UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS
Aula 01_A contribuição da Sociologia para a educação
  
Os estudos sociológicos trazem conhecimentos fundamentais para nossa compreensão sobre o homem e a sua realidade social e, consequentemente, para o processo educacional.
Agora abordaremos a contribuição da Sociologia para a Educação. Segundo Rodrigues, o sociólogo Florestan Fernandes entende que:
 
A educação é o elemento da vida social responsável pela organização da experiência dos indivíduos na vida cotidiana, pelo desenvolvimento de sua personalidade e pela garantia da sobrevivência e do funcionamento das próprias coletividades humanas. [...] (RODRIGUES, 2000, p. 9)
 
Para ele, as práticas que têm por finalidade educar utilizam técnicas; seguem normas e valores que fazem parte de uma determinada sociedade, de uma determinada cultura e de um determinado tempo histórico. Para a Sociologia, não há técnica pedagógica neutra: todas são construídas e utilizadas em meio a valores e normas.
Florestan Fernandes, ao mencionar o termo técnicas aplicadas à educação queria abranger não só os recursos ou meios utilizados para transmitir conteúdos, mas também a pedagogia, compreendida também em todos os aspectos filosóficos e sociológicos. É neste sentido que as técnicas utilizadas em educação estão presentes nas práticas educacionais que seguem as normas e os valores sociais. As normas são as leis e regulamentos escritos e as regras, aquelas estabelecidas nos grupos sociais. Os valores correspondem aos critérios de julgamento de si e dos outros; as concordâncias e discordâncias; as aprovações e reprovações que nunca são individuais e, sim, aceitas e compartilhadas na vida social.
 
Olhar a educação do ponto de vista da Sociologia é compreender que, se a Pedagogia é o fundamento das práticas educacionais as crenças, os valores e as normas sociais são os fundamentos da pedagogia. (RODRIGUES, 2000, p. 10)
  
Neste sentido, a Sociologia é um instrumento importante no processo educacional, como reveladora de práticas sociais que auxiliam a compreender a Pedagogia e o fazer do pedagogo. Como diz Rodrigues (2000, p. 10):
 
[...] a Sociologia da Educação é aquela disciplina acadêmica que se preocupa em reconstruir sistematicamente as relações, que existem na prática cotidiana, entreas ações que objetivam educar e as estruturas da vida social, quer dizer: a economia, a cultura, o arcabouço jurídico, as concepções de mundo, os conflitos políticos.
 
Portanto, toda análise e o estudo a ser realizado devem ter como base os fundamentos trazidos pelos seus iniciadores que analisaram a sociedade de sua época, a sociedade capitalista, buscando compreendê-la em suas peculiaridades, propondo caminhos teóricos interpretativos para os mais variados fenômenos sociais.
Vamos “acompanhar o caminho trilhado” por alguns desses autores que iniciaram os estudos da Sociologia.
Para complementar seus conhecimentos, breves considerações sobre a História da Sociologia.
 
História sobre a Sociologia
O estudo dos acontecimentos sociais é muito antigo. Pode-se dizer que, desde o aparecimento dos primeiros agrupamentos humanos, houve a preocupação de organizar-se da melhor forma para a sobrevivência do homem.
Somente no século XIX,  a Sociologia passou a existir como ciência independente. As transformações pelas quais passou a sociedade européia nos séculos XVIII e XIX contribuíram de maneira acentuada para o aparecimento da Sociologia. A revolução industrial e a revolução francesa provocaram transformações radicais na sociedade da época. Os estudiosos começaram a estudar essas transformações e suas consequências para a vida humana: era início da Sociologia como ciência.
O primeiro a registrar o termo “Sociologia” foi o filósofo francês Augusto Comte (1798-1857), em sua obra “Filosofia positiva”, publicada em 1838. Para ele, a Sociologia deveria realizar seus estudos com base na observação e na classificação sistemática e não baseada na autoridade e na especulação, como acontecia com a ciência antiga.
O sociólogo francês Emile Durkheim (1858-1917) contribuiu para que a Sociologia analisasse a sociedade, os grupos sociais, os fatos sociais através do método científico. Em seu livro “Regras do método sociológico” (1895), Durkheim explicou como realizou sua pesquisa sobre o suicídio: primeiro planejou a pesquisa; depois coletou grande número de dados sobre pessoas que se suicidaram; por fim, chegou a uma conclusão elaborou a teoria do suicídio, em que apontou como fator principal o isolamento social. Durkheim analisou também a educação como fato social cujas teorias encontram-se no livro “Sociologia e Educação”; daí dizermos que foi o primeiro sistematizador da Sociologia da Educação.
O que tem a ver a Sociologia com a educação escolar? A escola não está isolada em relação à comunidade, à sociedade em que está inserida. A escola é até certo ponto, reflexo das condições e das exigências estabelecidas pela sociedade, em seu sentido mais amplo, e pela comunidade, no sentido mais restrito. Por outro lado, mesmo no interior da escola, multiplicam-se os grupos sociais. Esses grupos  -  de alunos, de professores, de especialistas etc. têm enorme influência sobre o comportamento dos alunos e sobre sua educação. Até dentro da sala de aula, apesar do controle que pode ser exercido pelo professor, a influência das condições sociais do aluno e dos grupos de que ele participa dentro e fora da sala, não pode ser menosprezada.
 
A contribuição da Sociologia da Educação ao trabalho pedagógico abrange pelo menos dois aspectos principais:
            1. O estudo dos processos e das influências sociais envolvidos na atividade educativa, em especial na escola. Incluem-se aqui os processos de interação dos indivíduos e de organização social e as influencias exercidas pela sociedade, pela comunidade e pelos grupos sobre a educação.
            2. A aplicação dos conhecimentos e descobertas da Sociologia à atividade educativa, ou seja, utilização dos princípios e teorias sociológicas para tornar mais eficiente o processo educativo.
 
Assim, a Sociologia da Educação preocupa-se com três grandes áreas de estudo:
            - organização da sala de aula
            - interação entre a escola e a comunidade
            - educação relacionada com a sociedade em seu sentido mais amplo.
 
             Até a próxima aula!
 
 
Referências bibliográficas:
FORACCHI, Marialice M. Sociologia e sociedade, Rio de Janeiro, Livros técnicos e científicos, 1978.
RODRIGUES, Alberto Tosi. Sociologia da Educação. RJ, ED. DP&A, 2000.
Aula 02_A Sociologia na formação do educador
 
Dando continuidade ao tema Sociologia na formação do educador, vamos aprofundar um pouco mais a questão da Sociologia como instrumental necessário na formação do professor para ajudar a prepará-lo para as diferentes realidades que encontrará e que, como professor, possa preparar criticamente seus alunos. 
Heloisa D. Penteado em seu texto “A Sociologia na formação do professor de 1° e 2° grau” (1982) diz que:
 
[...] quando falamos da Sociologia na formação do professor de primeiro e segundo graus como instrumento de trabalho daquele profissional que o professor precisa se transformar estamos pensando no que chamamos, no início deste trabalho, de questões menores ou questões de sala de aula.
Estamos pensando num professor instrumentado para perceber problemas do dia-a-dia da sala de aula, como faltas frequentes do aluno por perder a hora (não tem quem o chame); falta de estudo do aluno porque não lhe sobra tempo para tanto (trabalha) ou porque esquece (não tem quem o oriente fora da escola) visando lidar com eles de maneira mais produtiva e adequada.
Estamos pensando num professor instrumentado para perceber problemas da relação com os pais como, por exemplo, não poder contar com eles para um acompanhamento dos filhos; para perceber o autoritarismo ou mesmo o passivismo dos pais em relação ao desempenho escolar dos filhos; para enfrentar o insucesso das reuniões de pais montadas pelos professores e buscar formas de superação. Estamos pensando num professor instrumentado para viver os problemas da relação professor – professor, professor – diretor, dentro da unidade escolar.
 
Analise e reflita sobre a importância da Sociologia na formação do educador, a partir das seguintes propostas:
· É indispensável conhecer conceitos e teorias sociológicas para a compreensão da realidade social.
· Qual é a função da escola?
· O professor precisa compreender que vai atuar num grupo social (escola), onde são encontrados outros grupos sociais de diferentes origens e culturas.
· A finalidade dos conhecimentos sociológicos é a sua utilização para melhorar as condições da existência humana.
· É trazer instrumentos para que o educador perceba que os problemas existentes numa escola são problemas sociais.
· Os educadores, são construtores da história e da sociedade onde vivem. Precisam construir a sociedade democrática brasileira.
 
 
 Até a próxima aula!
 
 Referência Bibliográfica:
PENTEADO, Heloisa D. A Sociologia na formação do professor de 1° e 2° grau. Revista da Faculdade de Educação da USP. São Paulo, v.8, n.2, p.157-164, dez.1982.
Aula 03_Sociologia e Educação
  
Nesta aula, trabalharemos alguns conceitos da Sociologia a partir de uma história que mostra uma trajetória de vida com várias dificuldades.
Esta é uma história, como tantas outras em que “qualquer semelhança é mera coincidência” e foi extraída do livro: Sociologia da Educação de Nelson Piletti (pág. 243 e 244). Leia abaixo!
“Isabel é do signo de Leão. Completará dezessete anos no dia 10 de agosto. Nasceu num pequeno povoado, de não mais de vinte famílias de pequenos agricultores. Na escola local fez as três primeiras séries do ensino fundamental. Era uma escola de apenas uma sala, na qual a professora procurava ensinar, ao mesmo tempo, a vinte e duas crianças da primeira a quarta série.
Aos dez anos Isabel mudou-se para a cidade. Foi morar num apartamento. Nem sabe quem são seus vizinhos do apartamento em frente. Apenas “bom dia”, “boa tarde”, “tudo bem”? e nada mais. Atualmente frequenta a segunda série do curso de magistério. A tarde trabalha numa loja, para reforçar o orçamento familiar, que anda apertado.
Hoje Isabel acordou às sete horas, um pouco tarde para entrar na escola às sete e meia. Lavou-se e vestiu-serapidamente. Pôs o uniforme da escola, blusa branca e saia azul, meias brancas e tênis. Tomou café e saiu. No caminho encontrou Joana e Sandra, duas amigas inseparáveis. Foram conversando de tudo um pouco, as matérias do dia, os namorados, etc.
Saindo da escola, Isabel vai correndo para casa, troca de roupa, almoça e vai para o serviço, onde permanece das 13 às 19 horas. Sabe que não pode chegar atrasada, pois as consequências são pesadas.
Seis horas mostrando tecidos, roupas, blusas calças, meias!  Preços, descontos, notas! Isabel sai do serviço, vai para casa, toma banho, janta. E agora? Novela das oito, trabalho de escola, cansaço, sono, namorado, etc. O que fazer? Isabel procura conciliar as coisas, fazer o que dá. “Quer ser professora e precisa estudar”.
  
Procure identificar, nesta história, situações que caracterizem:
1. Fato social;
2. Interação social;
3. Grupo social;
4. Estratificação social
5. Classe social
 
O que vocês entendem sobre esses conceitos?
 
Nesta aula, vamos ainda trabalhar, com o conceito de Fato Social do sociólogo Emile Durkheim.
Para isso, leia o texto A Sociologia de Durkheim de Valesca da Costa Abranches disponível no AVA:
O trecho abaixo é uma resenha de Cristina Costa para o livro Abortion in United States, organizado por Mary Steichen Calderone. New York: Hoeber-Harper and Row, 1958.
O aborto é uma velha prática, mas mesmo na Antiguidade provocava grandes diferenças de opinião. Platão, na República, aprovava o aborto a fim de impedir o nascimento de filhos concebidos em incesto; Aristóteles, sempre prático, pensava no aborto como um útil regulador malthusiano. De outro lado, o juramento de Hipócrates contém as palavras: “não darei a uma mulher o pessário para provocar aborto”; Sêneca e Cícero condenaram o aborto a partir de princípios morais; o código Justiniano proibia o aborto. No entanto, parece haver pouca dúvida de que, no Império Romano e no mundo helenístico, o aborto era, nas palavras de um especialista, “muito comum nas classes altas”. A Igreja Cristã opôs-se rigorosamente a essa “atitude pagã” e considerou o aborto um pecado. Em muitos estados, a lei seguiu a doutrina da Igreja e considerou o pecado um crime. Mas na lei anglo-saxônica o aborto era considerado apenas “um delito eclesiástico”.
Hoje, o aborto é um problema mundial. Os levantamentos e estudos realizados por pesquisadores isolados e pela Unesco mostram que essa prática é muito difundida nos países escandinavos, na Finlândia, na Alemanha, na União Soviética, no Japão, no México, em Porto Rico, na América Latina, nos Estados Unidos, bem como em outras regiões. O livro de George Devereux, “A study of abortion in primitive societies”, que abrange aproximadamente 400 sociedades pré-industriais, bem como 20 nações históricas e modernas, conclui que o aborto “é um fenômeno absolutamente universal”. 
 
Até a próxima aula!
 
 
Referências 
 
ABRANCHES, Valesca da Costa. A Sociologia de Durkheim. Disponível no site: http://www.duplipensar.net/lit/francesa/2004-02-durkheim.html, consultado em 14/12/2005.
COSTA, Cristina. Sociologia. Ed Moderna, SP, 1997. p.68.
PILETTI, Nelson. Sociologia da Educação, SP, ED.Ática, 2003. p. 243 e 244.
Aula 04_Conceitos básicos de Sociologia 
  
Nesta aula vamos trabalhar com alguns conceitos importantes da Sociologia. Acompanhem!
FATO SOCIAL:
Fenômeno ou ocorrência social, com as seguintes características: generalidade, exterioridade e coerção social.
AÇÃO SOCIAL:
Ato individual de caráter social, com significado e valor ativo.
INTERAÇÃO SOCIAL:
Ação coletiva que pressupõe reciprocidade e interdependência entre agentes sociais.
RELAÇÃO SOCIAL:
Forma como ocorre a interação social.
ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL:
Processo que coloca os indivíduos de uma sociedade em camadas ou estratos
sociais diferentes, de acordo com suas condições econômicas, de nascimento, étnicas, religiosas etc.
CLASSE SOCIAL:
Cada um dos estratos ou camadas que constituem a sociedade estratificada.
STATUS SOCIAL:
Corresponde à posição que o indivíduo ocupa num grupo social ou na sociedade.
PAPEL SOCIAL:
Função que cada indivíduo desempenha em consequência do status que ocupa.
GRUPO SOCIAL:
Conjunto de indivíduos que interagem uns com os outros, durante um certo período de tempo.
SOCIEDADE:
Conjunto de indivíduos, grupos e instituições, cujos relacionamentos são impessoais, formais, utilitários.
COMUNIDADE:
Grupo ou grupos localizados, bastante integrados, com predominância de contatos primários: pessoais, informais, tradicionais, sentimentais.
 
SOCIEDADE                                               COMUNIDADE
Estratificada                                                 não estratificada
Grande área geográfica                            área geográfica limitada
Formada por muitos grupos                     formada por um ou poucos grupos
Objetivos diversos                                      objetivos comuns
Nem todos se conhecem                          todos ou quase todos se conhecem
Competição                                                 união de esforços
Complexa                                                    simples
Todo                                                              parte do todo.
 
 
Até a próxima aula!
Aula 05 _Educação e socialização
 
  
Nesta aula trabalharemos com o conceito de socialização, para tanto escolhemos dois trechos da obra de Emile Durkheim, o fundador da Sociologia.           
Segundo Emile Durkheim, pode-se afirmar que:
  
a) “Cada de nós, embora formando uma unidade, é constituído de dois seres: um ser individual formado por todos os estados mentais que só se relacionam conosco mesmos; e um ser social que é um sistema de idéias, sentimentos e hábitos, que exprimem em nós, não a nossa individualidade, mas o grupo ou os grupos diferentes de que fazemos parte; tais são as crenças religiosas, as crenças e as práticas morais, as tradições nacionais ou profissionais, as opiniões coletivas de toda espécie. (...) Constituir esse ser em cada um de nós ---- tal é o fim da educação”.
b)”Não nascemos com este ser social nem ele se desenvolve em nós espontaneamente. O ser humano, espontaneamente, não se submeteria à autoridade, não respeitaria a disciplina, não se sacrificaria por objetivos comuns. É a educação, como socialização, que o leva a tais condutas. Ao nascer o ser humano não é social. A cada geração, a sociedade deve começar da estaca zero, pois a socialização não é hereditária e deve processar-se sempre de novo, com cada nova geração. A educação cria um ser novo, transforma cada ser não social que nasce num ser social”.
 
Para complementar e esclarecer a socialização como conceito, veja a definição de Sonia Maria Portella Kruppa (1994, p.23):
 
O processo educativo que procura tornar o indivíduo um membro da sociedade é chamado de socialização. A socialização e, por decorrência, a educação dependem da capacidade que os homens têm de influírem uns no comportamento dos outros, modificando-se mutuamente, no processo de interação social. Em outras palavras, é a capacidade de os homens reagirem, de serem capazes de atuar junto a outros homens, aprendendo e ensinando, que torna possível a educação.
  
Leia, no seu ambiente virtual de aprendizagem, o texto “Sobre a importância do estudo dos processos de socialização em um curso de formação de educadores” de Fábio Gregori – Aluno de Pedagogia – FEUSP.
 
Até a próxima aula!
  
 
Referência Bibliográfica:
DURKHEIM, Émile. Educação e Sociologia. São Paulo, Melhoramentos, 1978.  p. 33 a 56.
KRUPPA, Sonia Maria Portella. Sociologia da Educação. São Paulo, Cor- tez, 1994
Aula 06_As instituições sociais e a educação
   
Para esta aula vamos trabalhar com o conceito de Instituições Sociais.
Vocês sabem o que são instituições sociais?
E qual é a relação existente entre “instituições sociais” e “educação”?
 
Para esclarecer estas questões leia, em seu AVA, o texto “Instituições”.
 
Leiam, também, as explicações de Sonia Kruppa (1994, p.24):
Os indivíduos organizam sua vida em sociedade formando instituiçõessociais. As instituições sociais são formas de ação ou de vivência a que os homens recorrem, sistematicamente, visando a satisfazer determinadas necessidades. Essa recorrência sistemática vai organizando essas formas de ação, de tal modo que as instituições se destacam do todo social por terem uma função ou finalidade, um objetivo que satisfaça a determinadas necessidades do homem, e uma estrutura, isto é, regras que organizam tanto as relações humanas dos que dela participam, como o espaço físico onde acontecem estas relações [...]
Se definirmos a instituição social como sendo uma força que atua sobre a conduta individual, logo perceberemos que qualquer outra instituição, sejam quais forem suas características e finalidades, depende dos padrões da linguagem.
 
Perceba que qualquer forma de linguagem é primordial para a comunicação e a interação entre os homens. Logo, é fundamental no processo educacional.
 
Vamos complementar nossa aula, falando um pouco sobre a Educação Formal e a Educação Informal.
 
A educação é um processo que envolve a aprendizagem com sentido amplo. Portanto, a educação não ocorre apenas em instituições formais, mas também nos hábitos e costumes que são normas sociais.
Então, você sabe quais as relações e as diferenças entre a educação escolar e educação fora da escola?
 
Segundo Sônia Kruppa (1994, p. 30):
 
A educação escolar distingue-se, portanto, da educação informal (sem forma, sem norma) que acontece fora da escola. A escola tem horários, estabelece critérios para agrupamento dos alunos, tem profissionais executando papéis diferenciados (o professor, o diretor, o servente etc.), possui um sistema de avaliação e deve cumprir uma função: transmitir e criar conhecimentos. Assim, a primeira diferença entre o conhecimento escolar e aquele produzido no dia a dia está nas condições em que o conhecimento escolar é produzido e transmitido.
 
A segunda diferença é dada pela própria função da escola, isto é, a transmissão e criação contínuas de conhecimento. Por essa função contínua, a escola é obrigada a fazer uma organização do conhecimento transmitido. Tal organização é feita a partir de critérios, dos quais o mais usado é aquele decorrente das ciências, cujo conhecimento é a base de onde são extraídos os conteúdos das disciplinas escolares. 
 
Agora vamos fazer algumas reflexões:
Você compreendeu que:
a) A educação que ocorre na escola é uma educação formal (é organizada, sistematizada, possui normas). Ela seleciona os conhecimentos considerados científicos.
b) A educação que acontece fora da escola é uma educação informal (assistemática, sem normas específicas). O conhecimento que acontece, neste caso, é resultado das necessidades básicas do homem.
c) A proposta hoje é para que as escolas não se “fechem” à transmissão de conhecimentos que estão sendo modificados a todo momento, através de novas descobertas. E, sim, “abram-se” ao conhecimento e compreensão da cultura existente em cada comunidade, sociedade ou grupos sociais, diminuindo o distanciamento entre os diferentes conhecimentos (internos e externos à escola).
 
Até a próxima aula.
  
  
Referência Bibliográfica:
KRUPPA, Sonia M. P. Sociologia da Educação. São Paulo, Cortez, 1994.
Aula 07_Educação e Cultura
  
 
Nesta aula vamos aprender um pouco mais sobre pluralidade cultural.      
Vocês sabem o que é pluralidade cultural?
                              
A resposta à pergunta acima você encontrará lendo o texto dos Parâmetros Curriculares Nacionais.
Você estará em contato com partes dos Referenciais Curriculares, que são fundamentais para a formação do educador.
Selecionei aqui apenas a apresentação, a introdução, a justificativa de Pluralidade Cultural nos Parâmetros.  
No link em nossa sala, pode-se encontrar o  texto completo sobre pluralidade cultural.
  
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS
PLURALIDADE CULTURAL
APRESENTAÇÃO
Para viver democraticamente em uma sociedade plural é preciso respeitar os diferentes grupos e culturas que a constituem. A sociedade brasileira é formada não só por diferentes etnias, como também por imigrantes de diferentes países. Além disso, as migrações colocam em contato grupos diferenciados. Sabe-se que as regiões brasileiras têm características culturais bastante diversas e que a convivência entre grupos diferenciados nos planos social e cultural muitas vezes é marcada pelo preconceito e pela discriminação.
O grande desafio da escola é reconhecer a diversidade como parte inseparável da identidade nacional e dar a conhecer a riqueza representada por essa diversidade etnocultural que compõe o patrimônio sociocultural brasileiro, investindo na superação de qualquer tipo de discriminação e valorizando a trajetória particular dos grupos que compõem a sociedade.
Nesse sentido, a escola deve ser local de aprendizagem de que as regras do espaço público permitem a coexistência, em igualdade, dos diferentes. O trabalho com Pluralidade Cultural se dá a cada instante, exige que a escola alimente uma “Cultura da Paz”, baseada na tolerância, no respeito aos direitos humanos e na noção de cidadania compartilhada por todos os brasileiros. O aprendizado não ocorrerá por discursos, e sim num cotidiano em que uns não sejam “mais diferentes” do que os outros.
 
Secretaria de Educação Fundamental
1ª PARTE
PLURALIDADE CULTURAL
INTRODUÇÃO
 
A temática da Pluralidade Cultural diz respeito ao conhecimento e à valorização de características étnicas e culturais dos diferentes grupos sociais que convivem no território nacional, às desigualdades socioeconômicas e à crítica às relações sociais discriminatórias e excludentes que permeiam a sociedade brasileira, oferecendo ao aluno a possibilidade de conhecer o Brasil como um país complexo, multifacetado e algumas vezes paradoxal.
Este tema propõe uma concepção que busca explicitar a diversidade étnica e cultural que compõe a sociedade brasileira, compreender suas relações, marcadas por desigualdades socioeconômicas e apontar transformações necessárias, oferecendo elementos para a compreensão de que valorizar as diferenças étnicas e culturais não significa aderir aos valores do outro, mas respeitá-los como expressão da diversidade, respeito que é, em si, devido a todo ser humano, por sua dignidade intrínseca, sem qualquer discriminação. A afirmação da diversidade é traço fundamental na construção de uma identidade nacional que se põe e repõe permanentemente, tendo a Ética como elemento definidor das relações sociais e interpessoais.
Ao tratar este assunto, é importante distinguir diversidade cultural, a que o tema se refere, de desigualdade social.
As culturas são produzidas pelos grupos sociais ao longo das suas histórias, na construção de suas formas de subsistência, na organização da vida social e política, nas suas relações com o meio e com outros grupos, na produção de conhecimentos etc. A diferença entre culturas é fruto da singularidade desses processos em cada grupo social.
A desigualdade social é uma diferença de outra natureza: é produzida na relação de dominação e exploração socioeconômica e política. Quando se propõe o conhecimento e a valorização da pluralidade cultural brasileira, não se pretende deixar de lado essa questão.
Ao contrário, principalmente no que se refere à discriminação, é impossível compreendê-la sem recorrer ao contexto socioeconômico em que acontece e à estrutura autoritária que marca a sociedade. As produções culturais não ocorrem “fora” de relações de poder: são constituídas e marcadas por ele, envolvendo um permanente processo de reformulação e resistência.
Ambas, desigualdade social e discriminação articulam-se no que se convencionou denominar “exclusão social”: impossibilidade de acesso aos bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participação na gestão coletiva do espaço público — pressuposto da democracia.
Entretanto, apesar da discriminação, da injustiça e do preconceito que contradizem os princípios da dignidade, do respeito mútuo e da justiça, paradoxalmente o Brasil tem produzido também experiênciasde convívio, reelaboração das culturas de origem, constituindo algo intangível que se tem chamado de brasilidade, que permite a cada um reconhecer-se como brasileiro.
Por isso, no cenário mundial, o Brasil representa uma esperança de superação de fronteiras e de construção da relação de confiança na humanidade. A singularidade que permite essa esperança é dada por sua constituição histórica peculiar no campo cultural. O que se almeja, portanto, ao tratar de Pluralidade Cultural, não é a divisão ou o esquadrinhamento da sociedade em grupos culturais fechados, mas o enriquecimento propiciado a cada um e a todos pela pluralidade de formas de vida, pelo convívio e pelas opções pessoais, assim como o compromisso ético de contribuir com as transformações necessárias à construção de uma sociedade mais justa.
Reconhecer e valorizar a diversidade cultural é atuar sobre um dos mecanismos de discriminação e exclusão, entraves à plenitude da cidadania para todos e, portanto, para a própria nação.
  
Justificativa
É sabido que, apresentando heterogeneidade notável em sua composição populacional, o Brasil desconhece a si mesmo. Na relação do país consigo mesmo, é comum prevalecerem vários estereótipos, tanto regionais como em relação a grupos étnicos, sociais e culturais.
Historicamente, registra-se dificuldade para se lidar com a temática do preconceito e da discriminação racial/étnica. Na escola, muitas vezes, há manifestações de racismo, discriminação social e étnica, por parte de professores, de alunos, da equipe escolar, ainda que de maneira involuntária ou inconsciente. Essas atitudes representam violação dos direitos dos alunos, professores e funcionários discriminados, trazendo consigo obstáculos ao processo educacional pelo sofrimento e constrangimento a que essas pessoas se vêem expostas.
Movimentos sociais, vinculados a diferentes comunidades étnicas, desenvolveram uma história de resistência a padrões culturais que estabeleciam e sedimentavam injustiças.
Gradativamente conquistou-se uma legislação antidiscriminatória, culminando com o estabelecimento, na Constituição Federal de 1988[1], da discriminação racial como crime.
Mais ainda, há mecanismos de proteção e de promoção de identidades étnicas, como a garantia, a todos, do pleno exercício dos direitos culturais[2] , assim como apoio e incentivo à valorização e difusão das manifestações culturais.
A aplicação e o aperfeiçoamento da legislação são decisivos mas insuficientes. Para construir uma sociedade justa, livre e fraterna, o processo educacional terá de tratar do campo ético, de como se desenvolvem no cotidiano atitudes e valores voltados para a formação de novos comportamentos, novos vínculos em relação àqueles que historicamente foram alvo de injustiças.
Mesmo em regiões onde não se apresente uma diversidade cultural tão acentuada, o conhecimento dessa característica plural do Brasil é extremamente relevante. Ao permitir o conhecimento mútuo entre regiões, grupos e indivíduos, ele forma a criança, o adolescente e o jovem ³para a responsabilidade social de cidadão, consolidando o espírito democrático.
Reconhecer essa complexidade que envolve a problemática social, cultural e étnica é o primeiro passo. A escola tem um papel fundamental a desempenhar nesse processo.
Em primeiro lugar, porque é um espaço em que pode se dar a convivência entre estudantes de diferentes origens, com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada um conhece, com visões de mundo diversas daquela que compartilha em família. Nesse contexto, ao analisar os fatos e as relações entre eles, a presença do passado no presente, no que se refere às diversas fontes de que se alimenta a identidade — ou as identidades, seria melhor dizer — é imprescindível esse recurso ao Outro, a valorização da alteridade como elemento constitutivo do Eu, com a qual experimentamos melhor quem somos e quem podemos ser. Em segundo, porque é um dos lugares onde são ensinadas as regras do espaço público para o convívio democrático com a diferença. Em terceiro lugar, porque a escola apresenta à criança conhecimentos sistematizados sobre o país e o mundo, e aí a realidade plural de um país como o Brasil fornece subsídios para debates e discussões em torno de questões sociais.
A criança na escola convive com a diversidade e poderá aprender com ela.
Singularidades presentes nas características de cultura, de etnias, de regiões, de famílias, são de fato percebidas com mais clareza quando colocadas junto a outras. A percepção de cada um, individualmente, elabora-se com maior precisão graças ao Outro, que se coloca como limite e possibilidade. Limite, de quem efetivamente cada um é. Possibilidade, de vínculos, realizações de “vir-a-ser”. Para tanto, há necessidade de a escola instrumentalizar-se para fornecer informações mais precisas a questões que vêm sendo indevidamente respondidas pelo senso comum, quando não ignoradas por um silencioso constrangimento.
Esta proposta traz a necessidade imperiosa da formação de professores no tema da Pluralidade Cultural. Provocar essa demanda específica na formação docente é exercício de cidadania. É investimento importante e precisa ser um compromisso político-pedagógico de qualquer planejamento educacional/escolar para formação e/ou desenvolvimento profissional dos professores.
   
Lido o texto dos Parâmetros Curriculares Nacionais sobre Pluralidade Cultural, reflita:
1. Qual a diferença entre diversidade cultural e desigualdade social?
2. Como a escola pode auxiliar a compreensão da diversidade cultural?
 
Até a próxima aula! 
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[1]Art. 5o, parágrafo XLII: “a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei”.
[2] Art. 5o, parágrafos VI e IX: “é inviolável a liberdade de consciência e de crença...; é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação”.
[3]Sobre adolescência e juventude, ver quarta parte do documento de Introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais.
Aula 08_Educação e Cultura
  
Na aula anterior iniciamos a discussão sobre Pluralidade Cultural. Agora vamos analisar como os conhecimentos sociológicos podem contribuir sobre esta questão.
Leiam o texto dos Parâmetros Curriculares Nacionais sobre
 
Contribuições para o estudo da Pluralidade Cultural no âmbito da escola.
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS
PLURALIDADE CULTURAL
CONTRIBUIÇÕES PARA O ESTUDO DA
PLURALIDADE CULTURAL NO ÂMBITO DA ESCOLA
 
Para informar adequadamente a perspectiva de ensino e aprendizagem, é importante esclarecer o caráter interdisciplinar que constitui o campo de estudos teóricos da Pluralidade Cultural.
A fundamentação ética, o entendimento de preceitos jurídicos, incluindo o campo internacional, conhecimentos acumulados no campo da História e da Geografia, noções e conceitos originários da Antropologia, da Lingüística, da Sociologia, da Psicologia, aspectos referentes a Estudos Populacionais, além do saber produzido no âmbito de movimentos sociais e de suas organizações comunitárias, constituem uma base sobre a qual se opera tal reflexão que, ao voltar-se para a atuação na escola, deve ter cunho eminentemente pedagógico.
A seguir são apresentadas algumas indicações das diferentes contribuições, a título de subsídios-chave, a fim de balizar o trabalho pedagógico deste tema, embora não o esgotem. São pistas que o professor poderá seguir aprofundando e ampliando conforme as necessidades de seu planejamento. Visam, sobretudo, a explicitar que tratar do povo brasileiro, em seus desafios e conquistas do cotidiano e no processo histórico exige estudo e preparo cuidadoso que não se confundem, em hipótese alguma, com o senso comum.
  
Fundamentos éticos
Uma proposta curricular voltada para a cidadania deve preocupar-se necessariamente com as diversidades existentes na sociedade, uma das bases concretas em que se praticam os preceitos éticos. É a ética que norteia e exige de todos — da escola e dos educadores em particular —, propostas e iniciativas que visem à superação dopreconceito e da discriminação. A contribuição da escola na construção da democracia é a de promover os princípios éticos de liberdade, dignidade, respeito mútuo, justiça e eqüidade, solidariedade, diálogo no cotidiano; é a de encontrar formas de cumprir o princípio constitucional de igualdade, o que exige sensibilidade para a questão da diversidade cultural e ações decididas em relação aos problemas gerados pela injustiça social.
  
Conhecimentos históricos e geográficos
Os aspectos históricos e geográficos expõem uma diversidade regional marcada pela desigualdade, do ponto de vista do atendimento pleno dos direitos de cidadania. A formação histórica do Brasil mostra os mecanismos de resistência ao processo de dominação desenvolvidos pelos grupos sociais em diferentes momentos. Uma das formas de resistência refere-se ao fato de que cada grupo — indígena, africano, europeu, asiático e do oriente médio — encontrou maneiras de preservar sua identidade cultural, ainda que às vezes de forma clandestina e precária.
Assim sendo, tratar da presença do índio pela inclusão nos currículos de conteúdos que informem sobre a riqueza de suas culturas e a influência delas sobre a sociedade, conforme disposto na Constituição de 1988 (art. 210, parágrafo 2o), é valorizar essa presença e reafirmar os direitos dos índios como povos nativos, de forma que corrija uma visão deturpada que os homogeneíza como se fossem de um único grupo, devido à justaposição aleatória de traços retirados de diversas etnias.
Compreender a formação das sociedades européias e das relações entre sua história, viagens de conquista, entrelaçamento de seus processos políticos com os do continente americano, em particular América do Sul e Brasil, auxiliará professores e alunos a formarem referencial não só de conteúdos específicos, como também da estruturação de processos de influenciação recíproca. Isso é especialmente importante para o momento atual, quando o quadro internacional interfere no cotidiano do cidadão de muitas e variadas formas.
O estudo histórico do continente africano compreende enorme complexidade de temas do período pré-colonial, como arqueologia; grupos humanos; civilizações antigas do Sudão, do sul e do norte da África; o Egito como processo de civilização africana a partir das migrações internas. Essa complexidade milenar é de extrema relevância como fator de informação e de formação voltada para a valorização dos descendentes daqueles povos.
Significa resgatar a história mais ampla, na qual os processos de mercantilização da escravidão foram um momento que não pode ser amplificado a ponto que se perca a rica construção histórica da África. O conhecimento desse processo pode significar o dimensionamento correto do absurdo, do ponto de vista ético, da escravidão, de sua mercantilização e das repercussões que os povos africanos enfrentam por isso.
Da mesma forma, uma visão histórica da Ásia contribui para a compreensão da formação cultural brasileira, tanto no que se refere às tradições como aos processos históricos que levaram seus habitantes a imigrarem para as Américas, e em particular para o Brasil, em diferentes momentos. É relevante, também, o estudo do Oriente Médio, sua história e suas influências na constituição da civilização ocidental.
Cada um desses desenvolvimentos poderá estar presente conforme a necessidade e a oportunidade do trabalho em sala de aula.
  
Conhecimentos sociológicos
Toda seleção curricular é marcada por determinantes e fatores culturais, sociais e políticos, que podem ser analisados de forma isolada, para efeito de estudo, mas que se encontram amalgamados no social. Conhecimentos sociológicos são indispensáveis na Discussão da Pluralidade Cultural, pelas possibilidades que abrem de compreensão de processos complexos onde se dão interações entre fenômenos de diferentes naturezas.A escola pode fortalecer sua atuação tanto mais quanto seja conhecedora dos problemas presentes na estrutura socioeconômica e como se dão as relações de dominação, qual o papel desempenhado pelo universo cultural nesse processo.
Além das diversas contribuições da Sociologia, aspectos particulares voltados para a discussão curricular têm sido desenvolvidos por autores que se ocupam da Sociologia da educação Sociologia do Currículo. Nesses estudos são analisados os vínculos entre escola democracia, escola e cidadania, democracia e currículo, permitindo uma reflexão voltada especificamente para o interior da escola e da sala de aula.
Os conhecimentos sociológicos permitem uma discussão acurada de como as diferenças étnicas, culturais e regionais não podem ser reduzidas à dimensão socioeconômica de classes sociais.
 
Conhecimentos antropológicos
A Antropologia caracteriza-se como o estudo das alteridades, no qual se afirma o reconhecimento do valor inerente a cada cultura, por se tratar do que é exclusivamente humano, como criação, e próprio de certo grupo, em certo momento, em certo lugar. Cada cultura tem sua história, condicionantes, características, não cabendo qualquer classificação que sobreleve uma em detrimento de outra. Alguns temas, conceitos e termos da temática da Pluralidade Cultural dependem intrinsecamente de conhecimentos antropológicos, por se referirem diretamente à organização humana, na qual se coloca a diversidade. Entre eles destacamos os conceitos de cultura, raça e etnia.
No sentido antropológico do termo, afirma-se que todo e qualquer indivíduo nasce no contexto de uma cultura e, ao longo de sua vida, ajuda a produzi-la. Não existe homem sem cultura, mesmo que não saiba ler, escrever e fazer contas. É como se fosse possível dizer que o homem é biologicamente incompleto: não sobreviveria sozinho sem a participação das pessoas e do grupo que o gerou. A cultura é o conjunto de códigos simbólicos reconhecíveis pelo grupo a partir dos quais se produz conhecimento: neles o indivíduo é formado desde o momento de sua concepção nesses mesmos códigos e, durante a infância, prende os valores do grupo. Por intermédio deles é mais tarde introduzido nas obrigações da vida adulta, da maneira como cada grupo social as concebe.
A cultura, como código simbólico, apresenta-se como dinâmica viva. Todas as culturas estão em constante processo de reelaboração, introduzindo novos símbolos, atualizando valores, adaptando seu acervo tradicional às novas condições historicamente construídas pela sociedade. A cultura pode assumir sentido de sobrevivência, estímulo e resistência.
Quando valorizada, reconhecida como parte indispensável das identidades individuais e sociais, apresenta-se como componente do pluralismo próprio da vida democrática. Por isso, fortalecer a cultura de cada grupo social, cultural e étnico que compõe a sociedade brasileira, promover seu reconhecimento, valorização e conhecimento mútuo, é fortalecer a igualdade, a justiça, a liberdade, o diálogo e, portanto, a democracia.
O termo “raça”, de uso corriqueiro e banal no cotidiano, vem sendo evitado cada vez mais pelas ciências sociais pelos maus usos a que se prestou. Nas ciências biológicas, raça é a subdivisão de uma espécie, cujos membros mostram com freqüência certo número de atributos hereditários. Refere-se ao conjunto de indivíduos cujos caracteres somáticos, tais como a cor da pele, o formato do crânio e do rosto, tipo de cabelo, etc., são semelhantes e se transmitem por hereditariedade. O conceito de raça, portanto, assenta-se em conteúdo biológico, e foi utilizado na tentativa de demonstrar uma pretensa relação de superioridade/inferioridade entre grupos humanos. Convém lembrar que o uso do termo “raça” no senso comum é ainda muito difundido, para reafirmação étnica, como é feito comumente por movimentos sociais, ou nos contextos ostensivamente pejorativos que alimentam o racismo e a discriminação.
Por sua vez, o conceito de etnia substitui com vantagens o termo “raça”, já que tem base social e cultural. “Etnia” ou “grupo étnico” designa um grupo social que se diferencia de outros por sua especificidade cultural. Atualmente o conceito de etnia estende-sea todas as minorias que mantêm modos de ser distintos e formações que se distinguem da cultura dominante. Assim, os pertencentes a uma etnia partilham da mesma visão de mundo, de uma organização social própria, apresentam manifestações culturais que lhe são características. “Etnicidade” é a condição de pertencer a um grupo étnico. É o caráter ou a qualidade de um grupo étnico que freqüentemente se autodenomina comunidade. Já o “etnocentrismo” — tendência de alguém tomar a própria cultura como centro exclusivo de tudo, e de pensar sobre o outro também apenas a partir de seus próprios valores e categorias — muitas vezes dificulta um diálogo intercultural, impedindo o acesso ao inesgotável aprendizado que as diversas culturas oferecem.
Por isso é errado, conceitual e eticamente, sustentar argumentos de ordem racial/étnica para justificar desigualdades socioeconômicas, dominação, abuso, exploração de certos grupos humanos. Historicamente, no Brasil, tentou-se justificar, por essa via, injustiças cometidas contra povos indígenas, contra africanos e seus descendentes, desde a barbárie da escravidão a formas contemporâneas de discriminação e exclusão destes e de outros grupos étnicos e culturais, em diferentes graus e formas. A escola deve posicionar-se criticamente em relação a esses fatos, mediante informações corretas, cooperando no esforço histórico de superação do racismo e da discriminação.
 
O SER HUMANO COMO AGENTE SOCIAL E PRODUTOR DE CULTURA
Ao pressupormos o ser humano como agente social e produtor de cultura, evocamos a emergência de suas histórias, delineadas no movimento do tempo em interação com o movimento no espaço.
Esse movimento, por sua vez, é mediado por diferentes linguagens, cujas expressões denotam traços de conhecimentos, valores e tradições de um povo, de uma etnia ou de um determinado grupo social. Nesse contexto, as imagens construídas pelos gestos, pelos sons, pela fala, pela plasticidade e pelo silêncio implicam conteúdos relevantes para a construção da identidade, pois é nesse universo plural de significados e sentidos que as pessoas se reconhecem na sua singularidade.
É no interior desse amálgama que podemos articular os conceitos de agente social e produtor cultural. Os conteúdos apresentam-se numa relação de igualdade, na qual não cabem avaliações preconceituosas e/ou pejorativas às diferenças de linguagens, tradições, crenças, valores e costumes, com o objetivo de valorizar os seres humanos como instância primeira das histórias.
• Conhecimento, respeito e valorização das diferentes linguagens pelas quais se expressa a pluralidade cultural.
Conhecer e respeitar diferentes linguagens é decisivo para que o trabalho com este tema possa desenvolver atitudes de diálogo e respeito para com culturas distintas daquela que a criança conhece, do grupo do qual participa.
Este bloco oferece muitas oportunidades de transversalidade em Arte, quando por exemplo o adolescente poderá aprender sobre a cerâmica artesanal de certa população, ou músicas e danças de certos grupos étnicos, como formas de linguagem. É muito importante que, ao propor a atividade, o professor contextualize seu significado para o grupo étnico ou cultural de onde se originou a proposta, para que o assunto não seja tratado como folclore, mas como elemento cheio de importância para a estruturação e manifestação da vida simbólica daquele grupo.
• Conhecimento dos instrumentos disponíveis para o fortalecimento da cidadania.
Cidadania é prática, e a escola tem meios de desenvolver essa prática para trabalhar com o aluno não só a busca e acesso à informação relativa a seus direitos e deveres, como o seu exercício. Assim, consultas a documentos jurídicos nacionais e tratados e declarações internacionais poderá ser feita em sala de aula, continuando trabalho desenvolvido nos ciclos anteriores.
Da mesma forma, identificar e desenvolver alternativas de cooperação na melhoria da vida cotidiana na escola, na comunidade, na família é uma forma de prática de cidadania, no espaço imediato de vivência.
É importante, também, entrelaçando com o tratamento dado à importância da imprensa, identificar situações na vida da comunidade, localidade, estado, país, que exigem ação reivindicatória, assim como ação de cooperação, entendendo a dinâmica de direitos e deveres.
Em diferentes situações que se apresentem na vida diária da escola, será possível desenvolver uma atitude de responsabilidade do aluno pelo seu ser, como adolescente, exigindo respeito para si, cuidado com sua saúde, seus estudos, seus vínculos afetivos, sua capacidade de fazer escolhas e opções.
Da mesma forma, é importante enfatizar conteúdo já mencionado no primeiro bloco, referente à valorização, pelo adolescente, das oportunidades educacionais de que dispõe, como elemento de formação e consolidação de sua cidadania, potencializando-as o máximo possível. Esse cuidado é particularmente importante, tanto para evitar o abandono dos estudos, como na percepção e atitude dos alunos em relação à escola como instituição voltada para o bem comum, a qual cabe valorizar, cuidar e proteger. Entrelaçando-se com Ética, é importante tratar da cidadania a partir de atitude de valorização da solidariedade como princípio ético e como fonte de fortalecimento recíproco.
Lido o texto e reflita sobre a seguinte questão:
Qual a contribuição dos conhecimentos Sociológicos sobre pluralidade cultural?
  
 
Até a próxima aula!
Aula 09_Educação, cultura e conhecimento
 
O conhecimento é um instrumento para a vida. Nesta aula vamos conversar um pouco sobre este tema.
Uma visão do conhecimento
Podemos dizer que o homem é um acontecimento cósmico, planetário, social e individual.
O homem produz, organiza e difunde o conhecimento para sobreviver e transcender.
No processo educacional, o homem deve ser pensado como aquele que vive em busca de sobrevivência e transcendência. O homem procura adquirir conhecimento para sobreviver e transcender. O homem observou a natureza e produziu conhecimento: um bom exemplo é a chuva, pois na sua ausência, o homem passou a regar a sua plantação para substituí-la. Além de produzir, ele organizou e transmitiu esse conhecimento.
Conhecimento é o conjunto de meios para a sobrevivência e transcendência, gerados por indivíduos coletivizados e acumulados no curso da história.
O conhecimento tem sido o maior instrumento para o exercício do poder e da autonomia.
O grande momento da espécie humana foi a descoberta do outro e a troca com o outro por meio da comunicação, de informações e de modos de ações.
 
Vivemos hoje numa sociedade de conhecimentos.
 
Referência bibliográfica:
D’AMBRÓSIO, U. Educação para uma sociedade em transição. SP, ED. Papirus, 2000.          
Aula 10_Educação, cultura e ideologia. 
 
Nesta aula vamos conversar um pouco sobre trabalho, educação, cultura e ideologia.
 
Cultura, Trabalho e Educação
A atividade animal é determinada por condições biológicas, caracterizada, sobretudo, por reflexos e instintos. Trata-se de um tipo de inteligência concreta, distinguindo-se da inteligência humana, que é abstrata.
O homem representa o mundo por meio do pensamento, expressando-o pela linguagem simbólica. De fato, a linguagem substitui as coisas por símbolos, com palavras, por exemplo.
A transformação que o homem exerce sobre a natureza chama-se cultura; entretanto, o mundo cultural é um sistema de significados já estabelecidos por outros.
A noção de trabalho é fundamental para se compreender o que é cultura. Aliás, o trabalho é condição de liberdade, mas não em situações de exploração em que a maioria é obrigada a trabalhar em condições inadequadas à sua humanização. Isto é, na sociedade dividida em classes, o trabalho se torna alienado. Alienar, portanto, é tornar alheio, é transferir para outrem o que é seu.
Por meio do trabalho o homem instaura relações sociais, cria modelos de comportamento, instituições e saberes. O aperfeiçoamento dessas atividades, no entanto, só é possível pela transmissão dos conhecimentos adquiridos através das gerações.É a educação que mantém viva a memória de um povo e dá condições para a sua sobrevivência.
 
Cultura Erudita e Cultura Popular
Não vivemos em uma sociedade homogênea, toda produção cultural está sujeita à avaliação que depende da posição social do grupo a que ela pertence. Para exemplificar, vamos estabelecer algumas distinções, considerando as seguintes divisões:
- A Cultura Erudita é a produção acadêmica centrada no sistema educacional, sobretudo na universidade, produzida por uma minoria de intelectuais.
- A Cultura Popular é identificada com folclore, conjunto das lendas, contos e concepções transmitidas oralmente pela tradição. É produzida pelo homem do campo, das cidades do interior ou pela população suburbana das grandes cidades.
- A Cultura de Massa é aquela resultante dos meios de comunicação de massa. Produzida “de cima para baixo”, impondo padrões e homogeneíza o gosto.
É preciso entender essas manifestações culturais como sendo expressões diferentes de uma sociedade pluralista, sem considerações a respeito da superioridade de uma ou outra.
 
 Ideologia
A Ideologia é o conjunto de representações e idéias bem como de normas de conduta por meio das quais o homem é levado a pensar, sentir e agir de uma determinada maneira que convém à classe dominante.
Lidar com conceitos abstratos, eternos e imutáveis, independentes da situação histórica em que se inserem, é um dos artifícios ideológicos pelos quais os valores dominantes são impostos.
Os meios pelos quais a ideologia é, a nós imposta, variam, sendo utilizados meios tais como: a escola, os livros didáticos, os meios de comunicação de massa.
As estruturas petrificadas que justificam as formas de dominação são ameaçadas pela filosofia, devido a essa ciência exercer papel importante como crítica de ideologia.
 
Até a próxima aula! 
 
 
Referência Bibliográfica
ARANHA, M.L.A. Temas de Filosofia. SP. ED Moderna, 1996.
Aula 11_A escola como instituição social 
 
Na aula de hoje abordaremos, de forma simplificada, alguns momentos e tendências da escola e de sua relação com a sociedade em que se insere.
  
As sociedades antes da escola
Desde o aparecimento da educação formal, sempre existiu uma relação indissolúvel entre escola e sociedade.
Vamos caminhar sobre as condições do aparecimento da educação formal, as transformações ao longo do tempo e também as críticas que têm sido feitas às soluções encontradas, trataremos das comunidades tribais, onde ainda inexistem escolas.
  
As comunidades tribais - Trata-se de sociedades que não têm Estado, classes, Escrita, Comércio e Escola. Essa sociedade é essencialmente mítica.
Nas comunidades tribais, as crianças aprendem imitando os gestos dos adultos em suas atividades diárias.
A adaptação aos usos e valores da tribo geralmente é levada a efeito sem castigo.
  
 A escola tradicional burguesa
Nos séculos XVI e XVII, são fundados colégios pelas ordens religiosas dos séculos XVI e XVII. E para disciplinar a criança, submetendo-a aos rigores da hierarquia, surge o hábito dos castigos corporais.
Com isso, surge o modelo da escola tradicional: nestes colégios existe uma rígida formação moral.
Tornam-se famosos os internatos dos jesuítas, que se espalham por toda a Europa durante 200 anos (do século XVI ao XVIII). Essas escolas se destinam à nobreza e à burguesia ascendente.
Com a Revolução Industrial, passou-se a exigir que, ao lado da formação humanística, fossem também estudadas as ciências da natureza.
  
A escola nova
No Brasil, o movimento da escola nova começou só no século XX, na década de 20.
Na escola renovada, o aluno é o centro e há uma preocupação muito grande com a natureza psicológica da criança. A educação tradicional é magistrocêntrica.
  
A escola tecnicista
A escola tradicional no século XX tem sofrido inúmeras críticas de enfoques diversificados. Entre essas, a partir da década de 60, surgem propostas de inspiração tecnicista, baseadas na convicção de que a escola só se tornaria mais eficaz caso adotasse o modelo empresarial. No modelo citado, há uma nítida preocupação com a transmissão do saber científico exigido pela moderna tecnologia.
No Brasil, nunca houve de fato plena implantação de reformas de tendência tecnicista, por estarem os professores imbuídos ou da tendência tradicional ou das idéias escola-novistas.
  
A desescolarização da sociedade
A escola nova pretendeu revolucionar os métodos trazendo para a vida a escola tradicional. No entanto, seu ideal de democratização não foi atingido, aliás, ela continuou a reproduzir as formas de dominação social. Devido a esse fato, o australiano Ivan Illich apresenta uma proposta radical, a desescolarização da sociedade.
A principal crítica que pode ser feita a Illich refere-se à dimensão individualista do seu projeto, que despreza uma análise mais profunda dos conflitos sociais. Na verdade, ele propõe uma revolução moral, empenhada em conscientizar os indivíduos para a mudança e converter cada um no seu íntimo.
 
Até a próxima aula!
  
 
Referência bibliográfica:
ARANHA, M.L.A. Temas de Filosofia. SP, Moderna, 1996.
Resumo_Unidade I     
  
Apresentamos alguns conceitos básicos, pertinentes à literatura sociológica, utilizados por sociólogos e educadores. Introduzimos o significado de educação e socialização como processos interativos. Conhecemos as principais instituições sociais e suas características, bem como o surgimento  da  escola como instituição social. Por intermédio da análise sociológica da sociedade desvelamos a  realidade social, compreendendo a sua historicidade.
Aula 12_A educação e a escola
 
Na aula de hoje veremos como a escola vem realizando sua principal função: a formação do educando.
Para esta discussão leiam o texto “Educar pra que? ” de Frei Betto, disponível em nosso AVA.
 
Para complementar nossos conhecimentos, indico dois textos:
1 – A Escola dos meus sonhos, de Frei Betto, e
2 – Pra que serve a Educação, de Selma de Assis Moura:
Após a leitura do texto reflita sobre as questões abaixo:
1. Para Frei Betto qual é a finalidade do processo educacional?
2. Para ele a escola está atendendo às finalidades do processo educacional? Por quê?
3. Qual a maior crítica que ele faz a escola?
 Chegamos ao final de nossa unidade
Até a próxima aula!
Aula 13_A análise sociológica da sociedade capitalista
  
Vamos, inicialmente, analisar e reconhecer a sociedade brasileira.
 
 
No início dos anos de 1970 Edmar Barra usou o termo Belíndia para falar da desigualdade social no Brasil. Segundo ele havia uma pequena parcela da sociedade brasileira que possuía grande poder aquisitivo, comparada com a Bélgica, enquanto a grande maioria era pobre, esta era a Índia brasileira. 
Sobre isso Kruppa diz que:
 
A explicação que se usa o exemplo da “Bélgica” e da “Índia” como convivendo no mesmo Brasil, impossibilita-nos de ver que, longe de se apresentarem como realidades distintas, aqueles que se encaixam na Bélgica brasileira vivem assim graças à miséria causada pela exploração daqueles que são considerados como pertencentes à Índia brasileira. As razoes disso estão na forma pela qual o capitalismo se estrutura, desde seu aparecimento: na exploração do trabalho assalariado, que progressivamente foi separando os trabalhadores, o proletariado, dos donos dos meios de produção, a burguesia. (1994, p. 48)
 
Leiam também o texto: “Belíndia” de Alan Henriques, disponível em nosso AVA:
Agora que você leu, analisou e compreendeu o texto “Belíndia”, vamos refletir sobre algumas questões, em conformidade com as ideias do texto lido:
1- Por que o Brasil é um país de contrastes?
2- O que provoca a diferença social?
3- Qual é a classe social que tem maior acesso aos jornais, bibliotecas, teatros, viagens, etc?
4- O Estado brasileiro tem procurado mudar esta situação de desigualdade, investindo em serviços públicos como educação, saúde e moradia?
5- O modelo econômico adotado e o sistema educacional atendem com qualidade a maioria da população?
6- Você concorda com as ideias da autora do texto? Por quê?
 
 
ReferênciaBibliográfica:
KRUPPA, Sonia M. P. Sociologia da Educação. São Paulo, Cortez, 1994.
Aula 14_Compreendendo a realidade social 
  
Vamos analisar e compreender a realidade em que vivemos com o auxilio da Sociologia.
Leia em seu AVA o texto “O Surgimento da Sociologia e do Socialismo” de Lázaro Curvêlo Chaves.
Vejam também os textos “Origem da sociedade capitalista” de Paulo Meksenas, e “O que é a Sociologia?” de Lucien Goldmann.
  
Reflita sobre esses aspectos:
1-     A Sociologia é uma ciência que surge com a sociedade capitalista.
2-     Ela procura explicar a sociedade capitalista.
3-     Há várias teorias (explicações) para a realidade social.
4-     Na análise da sociedade, os pensadores diferem quanto ao papel que contribuem para a educação, cultura e sociedade.
5-     Durkheim e Marx são contraditórios em relação aos processos sociais.
6-     A Sociologia, como qualquer ciência, não é “dona da verdade”; está sempre se refazendo.
 
Vamos Relembrar alguns assuntos importantes?
1. Segundo Émile Durkheim:
1.1. A educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre as  novas, que ainda não se encontram preparadas para a vida social.
1.2. A educação é, ao mesmo tempo, múltipla e una:
      a)  Múltipla: varia segundo o grupo social, no tempo e no espaço;
      b) Una: procura inculcar os valores dominantes na sociedade e   preservar a identidade nacional e os avanços da humanidade.
1.3. Como socialização, a educação vai construindo, em cada ser humano, o ser social.
1.4. Embora cada indivíduo eduque a si mesmo, é a sociedade que estabelece o clima, os meios e os objetivos do processo educativo.
 
2. Segundo outros autores:
2.1. A educação pode ser:
a) Intencional: em condições previamente estabelecidas e programadas;
b) Não intencional: sem programação, através da convivência social.
2.2. Os primeiros adultos que convivem com a criança, geralmente os pais são os primeiros agentes educadores. São os veículos através dos quais a sociedade inculca nas crianças os padrões sociais vigentes, abrangendo a totalidade do indivíduo, desde o seu organismo até o seu psiquismo.
2.3. Através de métodos impositivos (horários de refeições, educação sanitária etc.) ou não impositivos (o exemplo dos pais), a criança vai internalizando os padrões sociais e sendo socializada.
2.4. A escola é a agência especializada na educação das novas gerações, tendo por finalidade específica levar os alunos a conhecerem o patrimônio cultural da humanidade.
2.5. A escola nem sempre existiu. Em sua evolução, podemos identificar várias fases:
a) A época em que não havia escola , em que todo adulto era professor;
b) A escola da nobreza, na época medieval, em que predominavam os estudos literários;
c) A escola da burguesia, na época moderna, em que se começou a dar importância aos estudos científicos;
d) A época posterior à revolução industrial, em que havia uma escola para os ricos, chegando aos estudos superiores, e uma escola para os trabalhadores, limitada ao primário;
Aula 15_Educação e política. 
 
Nesta aula vamos abordar o conceito de política e sua relação com a educação.
 
  
O QUE É POLÍTICA?
 
De acordo com o Dicionário de Sociologia de Allan G. Johnson:
Política é o processo social através do qual o poder coletivo é gerado, organizado, distribuído e usado nos sistemas sociais. Na maioria das sociedades, é organizada sobretudo em torno da instituição do ESTADO, embora este fenômeno seja relativamente recente. Nas sociedades feudais, por exemplo, o ESTADO era muito fraco e subdesenvolvido, e o poder político cabia principalmente aos nobres, vassalos e clero, cujas esferas de influência eram bem definidas pela extensão de suas terras.
Embora seja associado com mais frequência a instituições de governo nos níveis internacional, nacional, regional e comunitário, o conceito de política pode ser aplicado a virtualmente todos os sistemas sociais, nos quais o poder representa papel importante. Podemos, por conseguinte, fazer perguntas sobre a política da vida familiar e da sexualidade, a política de escritório, a política universitária ou mesmo a política da arte e da música. Este último argumento tem importância especial, porque chama a atenção para o fato de que todos os sistemas sociais têm uma ESTRUTURA DE PODER e não apenas aqueles cujas funções sociais são formalmente definidas em termos de poder”.
Para melhor compreensão do que é “política”, devemos ler outras fontes de conhecimento para podermos evitar equívocos, tais como o de que somente os políticos partidários (senadores, deputados, vereadores, etc...) fazem política.
 
 Até a próxima aula!
  
  
Referência Bibliográfica:
JOHNSON, Allan G. Dicionário de Sociologia – Guia Prático da Linguagem Sociológica. RJ, Jorge Zahar Editor, 1997.
Aula 16_A dimensão social da liberdade 
 
Nesta aula vamos estudar o conceito de liberdade sob o viés social.
 
A DIMENSÃO SOCIAL DA LIBERDADE: CRÍTICA AO CONCEITO LIBERAL BURGUÊS DE LIBERDADE
Quando nos referimos ao caráter social da moral, queremos significar duas maneiras do social agir sobre o homem. Num primeiro momento, o social é resultado de uma herança cultural e, como tal, condição da imanência ou facticidade. Mas, ao considerarmos o aspecto aperceptivo, o social que aí encontramos é justamente condição da transcendência e expressão da nossa liberdade. Isso significa que é impossível a liberdade fora da comunidade dos homens. As relações entre os homens não são de contiguidade, mas de engendramento, isto é, os homens não estão simplesmente uns ao lado dos outros, mas são feitos uns pelos outros: o homem se humaniza pelo trabalho, e esta ação é social. Daí não podermos falar propriamente do homem como uma “ilha”.
Para explicar melhor, vamos examinar o conceito burguês de liberdade, tal como foi teorizado a partir dos séculos XVII e XVIII.
O pensamento liberal é essencialmente individualista. Parte do pressuposto do contrato social e legitima todo poder para garantir a propriedade e a segurança dos cidadãos. O Estado não deve intervir, em principio, senão para garantir a liberdade individual (opondo-se ao mercantilismo, o liberalismo defende o “laissez faire”). A liberdade individual surge como ponto de partida onde se alicerçam as relações possíveis entre as pessoas. A expressão clássica dessa concepção é: “A liberdade de cada um é limitada unicamente pela liberdade dos demais”.
A escravidão é condenada, e o contrato de trabalho se apresenta como uma forma legal de acordo livre entre iguais: o dono do capital paga o salário ao operário; este, por sua vez, vende sua força de trabalho. Mas também já vimos que a democracia liberal é uma democracia de direito, e não de fato, pois o que ocorre é a elitização do poder: apenas as pessoas que têm propriedade têm poder político. A decorrência é que os homens não são tão iguais assim e, portanto, a “liberdade de escolha” não é tão “livre” quanto se poderia se imaginar. Na verdade, as condições de escolha já estão predeterminadas.
Explicando melhor: ao tentar exercer sua liberdade, o proletário verifica que a livre escolha dos indivíduos privilegiados acaba por delimitar cada vez mais o seu próprio espaço de ação. Na selva do salve-se-quem-puder, onde cada um luta por si mesmo e não deve obrigações a ninguém, a liberdade é uma ilusão. Além de que, se os pobres quiserem expressar seus desejos, isso assume imediatamente um caráter de desordem. O principio do liberalismo é: “A raposa livre no galinheiro livre”.
Quando nos referimos ao caráter social da liberdade, queríamos justamente nos contrapor a essa idéia individualista de liberdade.
O ponto de partida não deve ser a liberdade individual, mas sim o interesse coletivo. É a partir dele que o comportamento individual se regula. Só assim será possível a efetiva liberdade de cada um, como processo final de uma ação calcada na cooperação, na reciprocidade e no desenvolvimento da noção de responsabilidade e compromisso. Nesse sentido, o outro não é o limite da nossa liberdade, mas a condição para atingi-la. Merleau-Ponty dáo exemplo da tortura infligida ao homem para obrigá-lo a falar: “Se ele se recusa a dar os nomes e os endereços que se quer arrancar dele, não é por uma decisão solitária e sem apoio; ele ainda se sentia com seus camaradas e, ainda engajado na luta comum, ele estava como que incapaz de falar (...). Não é finalmente uma consciência nua que resiste à dor, mas o prisioneiro com seus camaradas ou com o que amam e sob o olhar de quem vive. (...). Estamos misturados no mundo e aos outros numa confusão inextrincável”.
 
 Até a próxima aula!    
 
 
 
 Referência Bibliográfica
ARANHA, M.L.A. e outros. Filosofando. SP, Ed. Moderna, 1991. p. 321-322.
Aula 17_Sociedade Contratual e Sociedade Contextual 
  
Nesta aula escolhemos uma crônica para trabalhar com as diferentes formas de “acatar as leis” em sociedades distintas. É importante percebermos que a cultura de cada povo e a sua organização social é responsável pelo modo como entende as leis e respeita-as.
Leiam a crônica escrita, na revista “Emoção”, de fevereiro de 2000, pelo jornalista americano Matthew Shirts, 41 anos, colunista do jornal “O Estado de São Paulo” e redator-chefe da revista “Nacional Geographic Brasil”. Nasceu em São Diego, nos Estados Unidos, e fez pós graduação em História na Universidade da Califórnia em Stanford.
 
SOCIEDADE CONTRATUAL E SOCIEDADE CONTEXTUAL
No Brasil, furar o sinal vermelho é tido como normal, em certos casos. Já os americanos param até quando não há ninguém na rua. Entenda esta diferença.
Você já deve ter reparado em alguma regra que é sistematicamente desobedecida no seu local de trabalho. Gente que fuma onde é proibido ou que ouve rádio quando outros estão tentando escrever. Por que existem as regras, perguntamos, se ninguém obedece? São “coisas do Brasil”, é comum ouvir, a título de explicação. Pior é a situação do trânsito. Somos obrigados a assistir a barbaridades sem trégua. Já vi motoristas andando alegremente na contra mão e coisas do gênero.
Mas o que mais chama a atenção de um estrangeiro, como eu, é a reação dos brasileiros ajuizados, que costumam pôr em questão a viabilidade política do país, sempre que alguém passa por um sinal vermelho. “Este país não tem jeito” é uma das frases mais ouvidas. Considerações desse tipo soam surpreendentes aos ouvidos de um americano, uma vez que, nos Estados Unidos, muito dificilmente alguém ousaria questionar as bases políticas do país a partir de delitos individuais – menos ainda a partir de infrações do Código de Trânsito. Mesmo quando acontecem fatos graves, como massacres em escolas, não se duvida da viabilidade dos Estados Unidos.
Com o tempo, vim a perceber que o hábito de questionar a viabilidade do Brasil, a partir de acontecimentos cotidianos, é apenas a ponta mais visível de uma discussão complexa. O que irrita os brasileiros, na verdade, é a relação dos seus compatriotas com as leis e as regras vigentes no país. Estas tendem a ser vistas com arbitrárias e, portanto, são desrespeitadas. O maior, talvez único, motivo para obedecê-las é a ameaça de punição. Já em outros países, como os Estados Unidos e a Alemanha, os cidadãos cumprem os regulamentos automaticamente e até com gosto. As regras de comportamento são interiorizadas. Fazem parte da identidade dos indivíduos.
Alguns antropólogos atribuem essa diferença a uma oposição entre culturas “contratuais”, de um lado. E “contextuais”, do outro. Nas sociedades contratuais, o comportamento é baseado num sistema de regras aceitas por todos. Nas sociedades contextuais, como a brasileira ou a italiana, o comportamento varia de acordo com a avaliação que o indivíduo faz de cada situação. Quando um brasileiro chega a um sinal de trânsito fechado em uma avenida deserta às três horas da madrugada, ele não pára. Dá uma desacelerada, olha para os lados para se garantir de que não vem vindo ninguém – e segue em frente. O americano é diferente. Ele breca com convicção, sem nem olhar (já que vai parar mesmo), e espera até o sinal abrir.
Nas sociedades contextuais, as regras são apenas uma referência. O comportamento depende de cada situação, do momento. É por isso que as leis “não pegam” muitas vezes. Ninguém crê, no íntimo, que devam ser obedecidas cegamente. Vale o juízo individual e, quando necessário, o famoso jeitinho – uma maneira de driblar as regras, no fim das contas. As sociedades contextuais são mais libertárias nesse sentido. Ninguém vai deixar de fumar se não alguém para se incomodar com o cigarro aceso. Tampouco alguém vai parar num semáforo no meio do deserto – afinal, ninguém é bobo. Os integrantes das sociedades contextuais acreditam menos no valor das regras. “Para os amigos tudo; para os inimigos, a lei” é uma frase tipicamente contextual.
Já nas sociedades contratuais a lei serve para resolver todos ou quase todos os conflitos, do assédio sexual aos latidos do cachorro do vizinho. É por isso que existem mais advogados nos EUA do que em todos os outros países do mundo juntos. O caso Mônica Lewinsky, por exemplo, foi até a Suprema Corte, o que não é pouca coisa. Era preciso saber se o presidente Bill Clinton violara as regras ou não. As sociedades erguidas sobre um contrato são assim. Por aqui, no entanto, ninguém entendeu o motivo de tanto escândalo. Na visão brasileira, Clinton era culpado de uma pulada de cerca. Devia explicações para a mulher dele, sim, jamais para instância mais alta do sistema legal do país. Era uma questão pessoal. Se havia violado uma lei qualquer não vinha ao caso.
Explicar porque algumas sociedades são contratuais e outras contextuais é uma tarefa complexa. Os motivos têm a ver com a formação cultural de cada nação. Alguns analistas destacam a relativa fraqueza de certas burguesias nacionais e a conseqüente dificuldade para impor às sociedades contextuais o que o filósofo italiano Antonio Gramsci (1891-1937) chamou de hegemonia cultural. Também é possível chamar a atenção para o papel da escravidão e do colonialismo na falta de legitimidade dos sistemas legal e político.
Se um tipo de cultura – seja contratual, seja contextual – é melhor que o outro, não está claro e depende um pouco do gosto de cada um. Quando os brasileiros reclamam, diante de uma contravenção no trânsito, que o país não tem jeito, estão dizendo que só quando o comportamento dos patriotas mudar é que o país poderá dar certo. Ou seja, só quando a americanização do brasileiro for completa. Já os partidários da cultura contextual tendem a destacar a capacidade do brasileiro para lidar com situações de improviso. A vida por estas bandas é mais divertida. Ao menos é o que dizem.
  
Até a próxima aula!    
Aula 18_ Emile Durkheim e a Educação
  
Em aulas passadas trabalhamos com o sociólogo  Emile Durkheim. Considerado o criador da Sociologia da Educação, ele nasceu em Epinal, noroeste da França em 1858. Lecionou Pedagogia e Ciência Social na Faculdade de Letras de Bordeaux, onde foi criada a primeira cátedra de Sociologia da França, sob sua alçada. Ele dizia que: "A sociedade e cada meio social particular determinam o ideal que a educação realiza".
  
Vamos compreender o pensamento de Émile Durkheim, por meio dos textos que estão em seu AVA:  
“O criador da Sociologia da educação”
“A Sociologia de Durkheim”.
  
REFLITA SOBRE O TEXTO:
1)    Qual a função da educação?
2)    Quais as características da educação?
3)    Qual a função do Estado na educação?
 
Até a próxima aula!    
Aula 19 _A sociedade para a Sociologia crítica
  
Iniciamos a partir dessa aula com um pensamento social diferente daquele positivista, baseado numa teoria da harmonia social. A Sociologia Crítica possui uma análise que percebe desigualdade na sociedade, lançando seus esforços para entender a raiz dessa diferença. Um dos mais importantes pensadores dessa corrente foi o alemão Karl Marx.
Karl Marx e Durkheim foram criados num ambiente cultural de classe média. Como o pai de Marx era advogado, ele teve a oportunidade e acesso aos estudos. Formado numa sociedade alemã regida por um governo autoritário que para se manter no poder político

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