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Psicologia Social o homem em movimento - identidade

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Psicologia Social: o homem em movimento
Parte: Identidade
A década de 1980 foi um dos principais períodos na psicologia brasileira de contestação das abordagens burguesas na psicologia, que não consideravam as necessidades e peculiaridades sociais da sociedade brasileira (Carone,2007). O grupo coordenado por Lane buscava acompanhar e elaborar teorias psicológicas que fossem críticas a realidade social, e parte desse grupo, inclusive Lane, encontrou nas obras de Leontiev e Vygotsky caminhos para almejada criticidade, especialmente por estes autores usaram como fundamento a epistemologia marxista. 
Leontiev, Lane e patê do grupo se apropriam das categorias atividade e consciência, onde a personalidade foi deixada de lado por esse grupo por entenderem que o termo estava atrelado a concepções burguesas, mecanicista e a-historica do psiquismo, que individualizam em demasia as formações psíquicas, privilegiando a formação do eu como algo que emanava do próprio individuo, mesmo com as interferências do meio social. Esse grupo buscava uma compreensão de eu histórica e socialmente determina, que se modificava com as alterações do meio social em que o indivíduo estava inserido, e que não fosse estático ou pouco dinâmico, como as teorias psicológicas da época postulavam. Assim, para Ciampa a identidade substitui a personalidade por explica a constituição do eu de forma dinâmica, numa abordagem psicológica mais crítica.
Identidade: Quem é você? Será tão fácil dizer quem somos? Sua resposta toma possível você se mostrar ao outro de forma total e transparente, de modo a não haver nenhuma dúvida, nenhum segredo a seu respeito? Sua resposta produz um conhecimento que o toma perfeitamente previsível? Ninguém (nem mesmo você), depois de conhecer essa resposta, terá dúvida sobre como você vai agir, pensar, sentir, em qualquer situação que surja? Será tão fácil dizer quem somos?
A resposta à pergunta “quem sou eu?” a primeira observação a ser feita é que nossa identidade se mostra como a descrição de um personagem, cuja a vida, cuja biografia aparece numa narrativa (uma história com enredo, personagens, cenários, etc), ou seja, como personagem que que surge num discurso (nossa resposta, nossa história). Ora, qualquer discurso, qualquer história costuma ter um autor que constrói a personagem. Cabe perguntar então: você é a personagem do seu discurso, ou o outro que cria essa personagem, ao fazer o discurso? Se você é a personagem de uma história, quem é o autor dessa história? 
Determinantes sociais: se nas histórias da vida real não existe o autor da história, será que não são todas as personagens que montam a história? Todos nós somos os personagens de uma história que nós mesmos ciamos, fazendo-nos autores e personagens ao mesmo tempo. Com esta afirmação já antecipamos o que se poderia dizer caso nos consideramos o autor que cria nossa personagem; o autor mesmo é personagem da história. E o cenário? Condições sócias, materiais e concretas onde nós desenvolvemos que já são dadas, mas que podemos transformar. 
É do contexto histórico social em que o homem vive que decorrem as possibilidades e impossibilidades, os modos e alternativas de sua identidade. No entanto, como determinada, a identidade se configura, ao mesmo tempo, como determinante, pois o indivíduo tem um papel ativo quer na construção desse contexto a partir de sua inserção quer na sua apropriação. Sob esta perspectiva é possível compreender o indivíduo que se configura ao mesmo tempo como personagem de uma história que ele mesmo constrói e que vai constituindo como autor (é personagem e autor). 
Costumamos falar das pessoas como se elas fossem de uma determinada forma e não se modificassem, o que é falso. Basta nós observarmos: no mínimo as pessoas ficam mais velhas, a criança se torna adulta. Há mudança mais ou menos previsíveis, desejáveis, controláveis e etc. Nós nos tornamos algo que não éramos ou nos tornamos algo que já éramos e estava como que embutido dentro de nós? Parece que quando se trata de algo positivamente valorizado, a tendência nossa é afirmar que estava embutido em nós. Quando não desejável, frequentemente estava embutido nos outros. 
Identidade como totalidade
Podemos imaginas as mais diversas combinações para configurar uma identidade como totalidade contraditória, múltipla e mutável, no entanto uma. Por mais contraditório e mutável que seja, sei que sou eu que sou assim, ou seja, sou uma unidade de contrários, sou uno na multiplicidade e na mudança. 
A história, os determinantes sociais vão constituir os limites e as possibilidades de ser; constituir também os desdobramentos dessa identidade que ao mesmo tempo que é individual é social = metamorfose. Quando não nos percebemos metamorfose, mas indivíduo nossa identidade é percebida como ameaçada em nosso vir a ser, corremos o risco de não sabermos quem somos, quando nos sentimos desagregado, temos mau pressentimentos ou de que vamos enlouquecer, pois aprendemos a ter horror de sermos outro. Ciampa (1987), entende identidade como metamorfose, ou seja, em constante transformação, sendo o resultado provisório da intersecção entre a história da pessoa, seu contexto histórico e social e seus projetos. 
Atividade formando a identidade: para entender a constituição da identidade por grupo é necessário ver que os grupos que existe objetivamente (verbo) é através das relações que estabelecem os membros entre si e com o meio onde vivem, através da pratica, modo de agir, pensar sentir, mas no verbo e não no substantivo, pois esquecemo o fato original do agir, que é pelo fazer que alguém se torna algo, somos ações, nós nos fazemos pela pratica. Assim, nossa identidade não é simplesmente uma representação, como um produto, mas o próprio processo de produção. Contudo é pelo agir que alguém se torna algo (estudar, estudante), por isso a identidade não deve ser tratada como um dado ou produto preexiste a ser conhecido, deixando de lado a questão fundamental de saber como se dá este dado e produz esse produto.
Ao responder quem sou eu? Com respostas dadas empiricamente, listaremos características de uma representação de mim, enquanto produto, mas deixa de lado seus aspectos constitutivos de produção, portanto, a identidade de uma pessoa é um fenômeno social e não natural. A identidade não pode ser vista como dada, mas como se dando num continuo processo de identificação. Temos que tomar cuidado. É como se uma vez identificada a pessoa, a produção de sua identidade se esgotasse com o produto, considera formalmente como atemporal. A reposição da identidade deixa de ser vista como uma sucessão temporal, passando a ser vista como simples manifestação de um ser idêntico a si mesmo na sua permanência e estabilidade. 
A mesmice de mim é pressuposta como dada permanentemente e não como reposição de uma identidade que uma vez foi posta. Eu como um ser social sou um ser posto. Cada posição social minha me determinam fazendo com que minha existência concreta seja a unidade de multiplicidade, que se realiza pelo desenvolvimento dessas determinações. Em cada momento de minha existência, embora eu seja uma totalidade, manifestasse uma parte de mim como desdobramento das múltiplas determinações a que estou sujeito. 
Este jogo de reflexões múltiplas que estrutura as relações sociais é mantido pela atividade dos indivíduos de tal forma que as identidades no seu conjunto refletem a estrutura social ao mesmo tempo que reagem sobre ela conservando-a ou transformando. Nossa identidade não é um dado, mas um dar-se constante. Portanto de um lado o homem não está limitado no seu vir a ser por um fim pré-estabilecido, de outro lado, não está liberado das condições históricas em que vive de modo que seu vir a ser fosse uma indeterminação absoluta. 
Assim a primeira constatação deve servir para questionar toda e qualquer concepção fatalista, mecanicista, ed um destino inexorável seja nas formas supersticiosas ou sofisticadas de teorias. E a segunda constatação de que o homem não estáliberado das condições históricas em que vive, que nos coloca um problema e uma tarefa. 
O problema que consiste que não é possível dissociar o estudo da identidade do indivíduo da sociedade. As possibilidades de diferentes configurações de identidade estão relacionadas com as diferentes configurações da ordem social. É do contexto histórico e social em que o homem vive que decorrem suas determinações e emergem as possibilidades ou impossibilidades, os modos e as alternativas de identidade. Tudo isso mostra como parto de fundo o verdadeiro problema de identidade do homem moderno: a cisão entre o indivíduo e a sociedade, isto é, o homem não ter consciência de que é um ser sócio histórico, determinado pela condições que a sociedade oferece, uma metamorfose ambulante que se transforma de acordo com o meio e como não tem consciência de sua condição sócio histórica não se importa com o meio que o constitui e que constitui o outro. Torna-se um indivíduo sem compromisso social e apolítico. 
Enquanto a tarefa se pauta pela realizado de um projeto político. A questão da identidade nos remete necessariamente a um projeto político. Trata-se de não contemplar inerte e quieto a história. Mas de se engajar em projetos de coexistência humana que possibilitem um sentido da história como realização de um porvir a ser feito com os outros. Projetos que não que não se definam aprioristicamente por um modelo de sociedade e de homem, que todos deveriam sofrer totalitariamente, mas projetos que possam tender convergir ou concorrer para a transformação real de nossas condições de existências, de modo que o verdadeiro sujeito humano venha a existência. A formulação de tal política há de ser feita coletivamente e de forma democrática.

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