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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA Instituto de Ciências Exatas Departamento de Química Laboratório de Termodinâmica Química RELATÓRIO V: Calor de neutralização ANA LETÍCIA OLIVEIRA FONSECA DAYSE DOS SANTOS QUETZ Docente: ALEXANDRE AMARAL LEITÃO JUIZ DE FORA 2018 1 1. Introdução A entalpia de neutralização é o calor produzido quando um ácido e uma base reagem, em solução aquosa, para produzir um mol de água. Ela pode ser calculada utilizando um calorímetro onde o aumento da temperatura é verificado a medida que se adiciona a base ao ácido. Os ácidos e bases fortes estão completamente dissociados/ionizados em solução aquosa, sendo assim: Esta determinação é baseada na lei da conservação da energia, para que esta lei seja verificada, é necessário que a reação seja realizada num recipiente o mais isolado possível para que as trocas de calor com o interior sejam desprezíveis. Sendo assim, a energia liberada na reação de neutralização é transferida para a solução, onde a temperatura aumenta. Calor é a energia que flui de um corpo a outro devido a uma diferença de temperatura existente entre eles. O conjunto de procedimentos e técnicas experimentais visando medir o calor que flui entre dois corpos, ou entre um corpo e o ambiente, constitui a calorimetria. Calorimetria descreve os ganhos e as perdas de calor envolvido em processos químicos e físicos. Calor então pode ser definido como a energia térmica que flui de um corpo para outro em virtude da diferença de temperatura entre eles. Utilizou-se o calorímetro para realizar esta medida. Neste calorímetro, quando uma transformação ocorre no seu interior, a solução que ele contém sofre aquecimento ou resfriamento. Medindo esta elevação ou diminuição da temperatura, é possível calcular a quantidade de calor liberada ou absorvida na transformação, utilizando a expressão: 2 H+1(aq )+OH −1 (aq )→H2O(l ) ΔHº=−57,3KJ mol −1 ΔH= qneutralização n KJ mol−1 qneutralização+ qsolução = 0 Q = mcΔT (1) ΔQ = C ΔT (2) Na equação (2) temos a capacidade calorífica = C = m.c, sendo c = calor específico de cada substância. 2. Objetivo Determinar o calor de neutralização de um ácido forte por uma base forte, utilizando HCl e NaOH. 3. Materiais utilizados Frasco térmico (calorímetro); Termômetros; Provetas; Água destilada; Soluções de HCl e NaOH 0,5 mol/L. 4. Procedimento experimental 4.1. Determinação da capacidade calorífica do calorímetro No frasco térmico foi colocado 100 mL de água destilada à temperatura ambiente, agitou-se o frasco e foi feita a leitura da temperatura até que se manteve constante. Em seguida mediu-se 50 mL de água destilada gelada, foi anotado a temperatura depois da estabilização, e rapidamente adicionou-se ao frasco térmico. Agitou-se a mistura e foi feita a leitura da temperatura até que se mantivesse em um valor constante. O procedimento fio realizado em triplicata. 4.2. Determinação do calor de neutralização Mediu-se 100 mL da solução de NaOH 0.5 mol/L e a transferiu para o calorímetro, anotou-se a temperatura quando se manteve constante. Mediu-se 100 mL da solução de HCl 0,5 mol/L em uma proveta, anotou- se a temperatura após estabilização e transferiu-se rapidamente a solução para o calorímetro. Agitou-se a mistura e anotou-se a temperatura do sistema quando atingiu o equilíbrio. 5. Resultados e Discussões 3 5.1. Determinação da capacidade calorífica do calorímetro Os dados obtidos experimentalmente estão listados na Tabela 1. sendo T(H2O)c a água gelada, T(H2O)h a água a temperatura ambiente e T final a temperatura da mistura dentro do calorímetro após estabilização. O cálculo da capacidade calorífica do calorímetro foi feito da seguinte maneira: Aplicando os dados da Tabela 1. na equação (3) temos o valor de C dado em cal/ºC para cada replicata. Tabela 1. Dados para determinação do C do calorímetro. Replicata T(H2O)c / ºC T(H2O)h / ºC T final / ºC C / cal ºC-¹ 1 12 25 21 12,5 2 10 24 20 25,0 3 10 24 21 83,3 5.2. Determinação do calor de neutralização Os dados obtidos experimentalmente estão listados na Tabela 2. utilizando as variações de entalpia das respectivas semi-reações, temos: 4 Q perdido o= Q ganho C (T h−T f )⏟ Q (calorímetro ) +mH2O .cH 2O(T h−T f )⏟ Q (águaquente ) =mH 2O .cH2O (T f−Tc )⏟ Q (água fria) (3) Temperaturaambiente daágua = T h Temperaturadaágua gelada = Tc Temperatura final = T f Calorespecífico daágua = c = 1,00 cal / gºC Massadaágua gelada = m = 50g Massa daáguaem temperaturaambiente = m = 100g ∆ H (1)+∆H (2)+∆ H (3)+∆ H (4)=0 m (NaOH )c ∆T+m (HCl )c ∆T+C ∆T+∆H (4 )=0 ∆H (4)=−m (NaOH ) c ∆T−m (HCl ) c ∆T−C∆T NaOHTi→ NaOHTf ΔH1 HClTi→ NaOHTf ΔH 2 CalorTi→ CalorTf ΔH 3 NaOH (aq) + HCl(aq) → NaCl(aq) + H 2O(l ) ΔH 4 Tabela 2. Dados para determinação do calor de neutralização. Replicata T(HCl)aq / ºC T(NaOH)aq / ºC T final / ºC ΔHn/cal/mol 1 24 25 28 -861,1 2 24 25 28 -861,1 3 25 25 28 -720,8 Para compararmos o valor da entalpia da reação com o valor tabelado é necessário transformar o ΔHn obtido no experimento em entalpia molar ΔHn,m. Assim, sabendo que a concentração dos reagentes é 0,5 mol/L é possível determinar quantos moles do reagente foi usado. Com o número de moles definido, é possível então usar a seguinte equação para determinar ΔHn,m: O valor de ΔHn,m acima é a média aritmética de todos os ΔHn,m obtidos usando a mesma equação. Comparando o valor obtido com o valor da literatura (-13,700cal/mol), verificou-se que o valor obtido foi próximo ao tabelado, assim podemos entender que um possível desvio para esas valor pode ter sido causado pelo fato do sistema não ser tão eficiente como um sistema verdadeiramente adiabático. 6. Conclusão Neste experimento realizamos uma técnica simples para determinar a entalpia de neutralização. Observando os resultados conclui-se que o valor da entalpia de reação molar obtido com o experimento não está muito distante do valor da literatura. Eventuais falhas podem ter acontecido ao longo da prática, tais como a leitura incorreta da temperatura, falta de homogeneidade da temperatura no meio constituído por água ou das misturas, devido a lentidão da troca de calor da água para o material. O sistema usado (garrafa térmica) não era verdadeiramente adiabático uma vez que perdia calor pelas paredes, que não tinha vácuo para separar o sistema do ambiente e não tinha superfície espelhada para não permitir a transmissão 5 Concentração=númerodemoles volume =0,05mols ∆ Hn ,m= ∆Hn número demoles ≈−16287 cal /mol de calor por irradiação térmica. Sabendo disso, o valor obtido teve um pequeno desvio em relação ao valor real devido ao sistema. 7. Referências Apostila de Laboratório de Termodinâmica Química. RUSSEL, J. B., Química Geral Vol 1 (2ª Ed), Makron Books do Brasil editora LTDA, São Paulo, 1982. CASTELLAN, G., Fundamentos de Físico-Química. Trad. de C. M. P dos Santos e R. B Faria. Rio de Janeiro,1986. 6