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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO DEPARTAMENTO DE QUÍMICA RELATÓRIO DA PRÁTICA: CALOR DE NEUTRALIZAÇÃO Aluno: Vítor Patrício da Silva Medeiros – 2017210275. Disciplina: Físico-Química Experimental. Professor: Antonio Luciano. Seropédica/RJ 2019 1. INTRODUÇÃO Quando uma reação química ocorre, os reagentes inicialmente presentes no sistema vão se modificando com o avanço da reação, de modo a formar os produtos. Essa transformação vem acompanhada por uma mudança característica na energia. No entanto, processos que ocorrem a pressão constante são mais fáceis de medir a entalpia (H), como propriedade de um sistema. As reações químicas, sob pressão constante, podem ser classificadas como endotérmicas ou exotérmicas de acordo com a variação de entalpia ou o calor envolvido no processo. A determinação deste calor pode ser feita através da Lei de Hess ou de medidas calorimétricas. É importante que nesta determinação experimental seja observado o estado físico dos participantes e o efeito que este exerce sobre os resultados obtidos. A variação de entalpia é dada pelo calor trocado com as vizinhanças. Então, numa reação química, a temperatura do sistema após a reação é, em geral, diferente da temperatura inicial. De maneira a restaurar o sistema, a sua temperatura inicial, é preciso haver um escoamento de calor, seja para as vizinhanças ou a partir das vizinhanças. É a partir desse princípio de troca de calor entre o sistema e as vizinhanças que entende-se o calor de neutralização de um ácido com uma base, com a ajuda de um calorímetro. O calor de neutralização é o calor envolvido na reação de neutralização de um ácido por uma base com formação de um mol de água. Observa-se que quando tratamos soluções diluídas de ácidos fortes com soluções diluídas de bases fortes o calor liberado, por mol de água formado, é praticamente constante e independente da natureza dos ácidos ou bases que estejam envolvidos. Quando uma transformação ocorre a pressão constante, o único trabalho possível é o trabalho de expansão e o calor liberado é igual à ∆H (variação da entalpia), ou seja, Qp=∆H, onde Qp é o calor da reação química a pressão constante. Esse calor pode alterar a energia do sistema. Assim, medindo-se a variação da energia do sistema podemos determinar o calor produzido pelas reações químicas. O método que estuda tais relações é a calorimetria. 2. OBJETIVO Determinar o calor de neutralização da reação do HCl com NaOH, em meio aquoso, usando um calorímetro adiabático. 3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Mediu-se numa proveta 50 mL de NaOH 0,6M, transferiu-se este volume para um erlenmeyer. Em outra proveta, mediu-se 25 mL de HCl 1M, transferiu- se assim para outro erlenmeyer. Colocou-se os dois erlenmeyer em um banho termostático. Aguardou-se o equilíbrio térmico e anotou-se a temperatura do banho T1. Em seguida, introduziu-se a barra magnética no frasco, com cuidado, fazendo-a deslizar pela parede, inclinando-se o frasco. Adicionou-se a solução de NaOH ao calorímetro. Colocou-se a tampa, introduzindo-se o termômetro até o anel de borracha que fazia a sustentação do mesmo. Colocou-se também o funil de separação, contendo a solução de HCl. Em sequência, abriu-se a torneira do funil, iniciando- se a reação. Esperou-se o sistema entrar em equilíbrio e anotou-se a temperatura T2. E ainda, determinou-se o Cp do calorímetro, após a lavagem e a retirada do funil de separação. Depois recolocou-se na tampa do calorímetro e adicionou-se 50 mL de água destilada e anotou a temperatura da água T3. Ao final abriu-se a torneira do funil e esperou-se o sistema entrar em equilíbrio e anotou-se a temperatura T4. 3.1 MATERIAIS Os materiais utilizados na prática foram: Erlenmeyers. Barra magnética (Termômetro). Calorímetro adiabático Proveta e pissete. Recipiente de plástico. HCl 1M, NaOH 0,6M e água. Manta de aquecimento. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados podem ser observados a partir das temperaturas obtidas experimentalmente, conforme verifica-se na Tabela 1. Tabela 1 – Resultados obtidos experimentalmente pela medição da temperatura. Para a determinação do processo adiabático e isobárico utilizando o calorímetro adiabático, foi-se necessário realizar os cálculos demonstrados em sequência. Temperatura T (°C) T (K) T1 26 299,15 T2 30,2 303,35 T3 26 299,15 T4 28,4 301,55 Como a quantidade de calor, em uma dada pressão é igual ao ΔH da transformação e verificando-se também que o sistema é adiabático. Toda e qualquer troca de calor se dá internamente, logo observa-se que: Qp = ∆H E compreende-se que o calor de neutralização é dado a partir da capacidade calorífica do calorímetro adiabático, conforme a seguir. 0 = ∆H = Cp cal ∆Tcal + ΔHneutralização 0 = Cp cal ∆Tcal + ΔHneutralização Sabendo que a variação da entalpia de neutralização é feita conforme os cálculos a expressão em sequência: ∆Hneutralização = − Cp cal ∆Tcal ∆Hneutralização = − Cp cal (T2 − T1) ∆Hneutralização = − Cp cal (303,35 − 299,15) ∆Hneutralização = − Cp cal (4,2) Como o valor de Cp cal é desconhecido, utiliza-se a capacidade calorífica da água, que possui valor definido como referência ao procedimento. Sendo que pela literatura, a capacidade calorífica da água é 0,998 cal/g.K. Sabe-se que o processo adiabático e isobárico é calculado pelo Cpda água pela dedução, conforme a seguir. Qp = 0 = ∆Ht = ∆Hcal + ∆HH2O 0 = Cp cal ∆Tcal + Cp H2O ∆TH2O Como foram utilizados 50 mL de água, realiza-se este procedimento: Cp H2O = 50 x Cp H2O Cp H2O = 50 x 0,998 Cp H2O = 49,9 cal/g . K A partir dessas expressões obtém-se: Cp cal = − Cp H2O ∆TH2O ∆Tcal = − Cp H2O (T4 − T3) (T4 − T2) Cp cal = − 49,9 (301,55 − 299,15) (301,55 − 303,35) Cp cal = 66,53 cal/g. K Pode-se agora, voltar a calcular a variação da entalpia de neutralização: ∆Hneutralização = − Cp cal (4,2) ∆Hneutralização = −66,53 (4,2) Precisa-se antes de calcular a variação da entalpia, encontrar o número de mols de HCl na solução: Volume de HCl = 25 mL = 0,025L Entende-se que: nHCl = M . V nHCl = 1 x 0,025 nHCl = 0,025 mols Tendo então a expressão geral como: ∆𝐻𝑛𝑒𝑢𝑡𝑟𝑎𝑙𝑖𝑧𝑎çã𝑜 = − Cp cal ∆Tcal nHCl = −66,53.(303,35 − 299,15) 0,025 ∆𝐻𝑛𝑒𝑢𝑡𝑟𝑎𝑙𝑖𝑧𝑎çã𝑜 = −11.117,04 cal/g. mol Convertendo para Joule, temos: ∆Hneutralização = − 46.720,027 J/mol = −46,7 kJ/mol Com foi encontrado o valor experimental da ∆Hneutralização , pode-se calcular a discrepância percentual em relação ao obtido no procedimento. 𝐸𝑟𝑟𝑜(%) = | 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑒𝑥𝑝𝑒𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙 − 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 teórico 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 teórico | × 100 Substituindo os valores, calculou-se o desvio padrão: 𝐸𝑟𝑟𝑜(%) = | 46,7 − 57,7 57,7 | × 100 = 19,06% Pode-se observar que a discrepância percentual em relação ao valor da entalpia de neutralização experimental comparado ao padrão da literatura, que é de -57,7 kJ/mol apresentou um erro de 19,06%, acima do limite aceitável de 15% 5. CONCLUSÃO Através desse experimento foi possível calcular e verificar experimentalmente a entalpia de neutralização da reação com ácido e base, e ainda, poder demonstrar a forma de calcular pela manipulação de expressões, na qual sua utilização se faz necessária para o desenvolvimento da prática. A discrepância percentual da entalpia de neutralização foi cerca de 19,06% (-46,7 kJ/mol) comparado ao valor de referência pela literatura (-57,7 kJ/mol), ou seja, encontra-se fora da margem aceitável de 15%. Isso se deve ao ato de ter como calorímetro adiabático, um instrumento improvisado, como uma garrafa térmica de café, que pode ter ocasionado possíveis erros ao procedimento experimental, aumento assim a margem de erroao procedimento. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ATKINS, P. W. Physical Chemistry. 6 ed. Oxford: Oxford University Press, 1998. ATKINS, P. W. Físico-Química e Fundamentos. 3 ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos. Rio de Janeiro: Editora 2003.
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