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Ética e Direito_Sociedade Orgânica e Mecânica

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UNIDADE 1 – ÉTICA E RESPONSABILIDADE 
SOCIOAMBIENTAL 
 
Valores e Reflexões: concebido, percebido e vivido / 
Ética e Responsabilidade Socioambiental 
ÉTICA X MORAL X DIREITO 
Os conceitos de ética, direito e moral estão intimamente 
relacionados. 
 
Toda a reflexão ética se faz no campo da moral e é dessa 
reflexão que nascem as leis. Sendo assim, a moral baseia-se, 
entre outras coisas, nas leis. 
Mas, a ética não está necessariamente relacionada à lei 
(embora a lei procure atuar de forma ética), isso porque a 
ética se preocupa com o bem comum, e, muitas vezes, a lei – 
construída/estruturada pelos homens não consegue atuar de 
forma abrangente o suficiente ou acaba por refletir uma 
visão parcial da situação, isto porque a lei é estruturada pelos 
homens e para os homens (a partir de questões culturais, 
históricas e da natureza humana). 
Quando os valores e costumes estabelecidos numa determinada 
sociedade são bem aceitos, não se percebe a necessidade de 
reflexão sobre eles. 
 
Mas, quando surgem questionamentos sobre problemas, 
costumes ou valores consolidados pela prática, surge a 
necessidade de fundamentá-los teoricamente ou criticá-los. 
 
 Por isso, a experiência ética cotidiana é fundamental! 
Existem alguns princípios éticos e morais que estão na 
Constituição Federal. 
 
Tudo isso revela a interdisciplinaridade entre esses campos. 
Observe na próxima 
tela, o diagrama que 
representa como os 
três campos se 
relacionam. 
ÉTICA 
MORAL 
1 
4 
6 
2 
1 – Ações com base em valores e regras que norteiam nosso 
comportamento (instituições culturais). 
 
 2 – Leis/normas que norteiam nosso comportamento. 
 
3 – Reflexões que envolvem juízo de valor a respeito das 
ações e sua relação com o bem comum. 
 
4 – Reflexão sobre instituições culturais vigentes que não são 
leis ou normas/Ações pautadas pela reflexão. 
 
5 – Reflexões sobre as leis/normas vigentes. 
 
6 – Ações com base nas leis/normas estabelecidas. 
• O código de ética de uma classe não é 
lei, mas ele pode ser citado por juiz se 
além da infração ética houver 
necessidade de uma ação civil, ou 
criminal. 
 
• O campo da moral é muito amplo. 
 
• Se não existe reflexão ética sobre o 
assunto, nem leis que normatizem a 
questão, a pessoa tem que se valer do 
bem comum – no campo da moral - 
para chegar a uma decisão. 
Professora, você pode repetir a 
diferença entre ética e moral, por 
favor? 
Claro! Vamos lá! 
 A moral diz respeito às 
regras através das quais 
vivem e convivem os 
integrantes de um grupo. 
 
Para se mostrarem efetivas (para que todos as sigam) 
estas regras apresentam-se como normas obrigatórias de 
ação, que podem ou não estar apoiadas nos livros ou 
mesmo na tradição de um grupo social (OLIVEIRA, 2013). 
A ética é uma disciplina que procura refletir sobre a moral, 
colocando questões sobre os tipos de raciocínios que a 
sustentam, procura observar se todos os seus ideais são 
plenamente compatíveis. 
 
 
Logo, a ética é uma disciplina reflexiva, que está preocupada com 
problemas de ordem prática, problemas que nos atingem a 
todos, como por exemplo, a amplitude de nossa liberdade de 
ação no mundo, a preocupação com o sofrimento de grupos ou 
seres com os quais não nos identificamos normalmente, o 
cuidado com o direito das novas gerações de viverem num 
mundo habitável etc. (OLIVEIRA, 2013). 
Uma questão importante é o fato de 
que muitas vezes as regras e padrões 
de comportamento que fazem parte 
da moral não sejam comumente 
questionados. 
 
 
 
 Isto porque desde pequenos somos acostumados a resolver 
nossas questões práticas com base nos princípios 
orientadores da moral de nossa cultura. 
Só que esquecemos que tais princípios são construídos 
socialmente, e ao se naturalizarem com o tempo para 
todos que formam o grupo em questão, ganham a 
força de se parecem autoevidentes. (OLIVEIRA, 2013). 
Dito de outro modo, as pessoas acabam agindo sem refletir, sem 
se preocupar com a ética e quando questionadas respondem 
“ajo deste modo porque sim!”. 
Entretanto se pretendemos construir relações melhores no lar, 
no trabalho, na faculdade e no meio ambiente, devemos 
começar a refletir sobre nossos atos, e por isso a ética vem em 
nosso auxílio, nos fazendo pensar sobre eles com a seguinte 
questão: 
 
Agir deste modo é agir com humanidade? 
Ética na nossa vida 
De acordo com Adela Cortina (1994) as 
palavras são criações humanas que 
ganham outros sentidos e conotações 
ao longo do tempo, logo, não é possível 
fixar um sentido único para as coisas. 
Mas ainda assim é possível 
fazermos a seguinte pergunta: qual 
o significado que podemos dar à 
ética? 
Para a autora, Adela Cortina, ética é um tipo de 
saber que orienta a ação. 
Agir com ética é um modo de orientar nossa ação 
racionalmente. 
 
Quem não pensa nas suas ações e consequências, não age 
racionalmente. 
 
A ética é uma indagação sobre a vida e o sentido da vida, não é 
algo pontual, como por exemplo, serei ético neste aspecto e 
antiético e em outro aspecto da vida. 
Para Cortina (1994) ou você problematiza a ética 
na sua vida ou deixa de agir racionalmente tendendo 
ao comportamento ético. 
A palavra ética vem do termo grego ethos, que significa 
caráter ou modo de ser. 
 
 O caráter de um homem é decisivo para sua vida, porque 
ainda que ele sofra interferência de fatores externos, o seu 
caráter assume o centro da sua tomada de decisões. 
Por isso, Heráclito de Éfeso dizia: 
 
 
 “O caráter é para um homem seu destino: segundo o 
caráter que ele possua, enfrentará a vida com ânimo 
ou com desânimo, com esperança ou com 
pessimismo e amargura”. 
A ética é o tipo de saber que pretende nos orientar no 
sentido do caráter, de modo que se não podemos 
transformar o que não está a nosso alcance, que 
transformemos o que pode ser transformado, no 
sentido de tomar decisões prudentes. 
O homem prudente toma boas decisões. 
 
 Aliás, a finalidade da filosofia, como amor ao saber é justamente 
isso, gerar homens sábios, que não só foram conhecedores dos 
segredos da natureza, mas que souberam viver e sobretudo, 
como dizia Aristóteles, souberam viver bem. 
 
A ética se propõe a fazer o homem aprender a viver bem. 
 Ética nas organizações 
Qual a nossa meta na vida? Qual a 
meta das nossas ações e atitudes? 
Respondido isso, nosso caráter agirá nesse sentido e será 
ético à medida que disponibilizarmo-nos a isso. Ou seja, a 
partir disso, pensaremos nos meios para atingir os fins. E 
hábitos bem orientados se tornam virtudes, ao passo que 
hábitos mal orientados se tornam vícios. 
 
Se devo é porque posso. Então sou livre 
para escolher o que devo fazer. As 
minhas ações dizem respeito 
a mim mesmo. 
Ao falar sobre a liberdade, Kant acentua: 
 Mas aquilo que faço e que causa impacto na sociedade 
envolve que eu me responsabilize por isso, pelo social. 
 
Por isso, as organizações e instituições têm uma 
responsabilidade social inegável, pois suas ações por 
excelência interferem na sociedade e os fins a que perseguem 
são sociais. 
Para Cortina (1994) liberdade e responsabilidade são 
indispensáveis no mundo ético. 
 
Assim como pensar sobre o futuro. 
 
Os projetos éticos são antes de tudo 
projetos futuros, para o futuro. 
 
Logo, devem ser tomados por aqueles 
que veem longe, não são imediatistas. 
Daí o conceito de sustentabilidade ser tão importante, na 
medida em que propõe que a ação do homem sobre a 
natureza, não exaure suas forças, mas, ao contrário, trabalhe 
para que ambos sobrevivam. 
Mas é possível perguntar sobre 
qual a meta da organização, o seu 
fim?Logo, é valido perguntar qual a função 
da empresa. 
 
O fim de uma organização é sempre social, porque ele 
produz bens e serviços para a sociedade. 
Ai é que está o problema, pois muitas empresas têm 
como função ser apenas um negócio. 
 
 E esse é seu fim, ou seja, se tornar uma mercadoria. 
 
Perseguir metas e respeitar os valores da sociedade no que se 
refere a seus direitos. 
Mas, o que muitas vezes 
esquecemos é que toda empresa 
deve produzir os bens a que se 
propõe, sem comprometer os 
direitos dos consumidores, dos 
trabalhadores etc. 
No saber ético não pode valer a expressão “a 
qualquer preço”, pois há preços que nem as 
pessoas, nem as organizações podem pagar. 
 
Uma organização como uma pessoa deve atuar com 
prudência e justiça, afinal, somos nós que atuamos 
nas organizações! 
Empresas éticas 
Segundo Rosa Valim (2013), para que uma empresa seja 
considerada ética ela deve se pautar por princípios éticos, ou 
seja, deve definir regras para nortear as práticas empresariais e 
estas devem ser incorporadas à essência da organização. 
Uma empresa que pratica Responsabilidade Social se 
preocupa em verificar sempre se os princípios adotados 
estão incorporados às suas práticas empresariais. 
Revisão constante é fundamental. 
Empresa responsável socialmente define, implementa 
princípios éticos e se preocupa em verificar as práticas de 
seus stakeholders (todas as pessoas interessadas no sucesso 
da empresa – de forma direta ou indireta) estão 
embasados nas regras ou princípios que definiu. 
A exploração de matéria prima pode ser danosa ao meio 
ambiente, à sociedade e à economia, por este motivo, uma ética 
para o desenvolvimento pressupõe a continuidade dos 
investimentos, pesquisas e da exploração de matéria prima, de 
modo a se respeitar proteger todas as espécies, evitando a 
extinção das mesmas. 
As condições para a existência de vida na Terra estão 
inteiramente relacionadas às atividades humanas em nosso 
planeta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 É preciso reduzir o consumo de matéria prima, pois da forma 
desenfreada como tem sido feito, corremos o risco de não 
darmos sustentabilidade às gerações futuras. 
Neste contexto é preciso investigar: 
 
 
 as questões éticas, valores e atitudes compreendidos na 
relação do ser humano com a economia, sociedade e 
meio ambiente; 
 
 a origem e o destino social dos recursos tecnológicos; a 
consequência para a saúde pessoal e ambiental; 
 
 as vantagens sociais do emprego de determinadas 
tecnologias. 
 Uma sociedade sustentável deve buscar unificação entre 
economia, meio ambiente e sociedade e para isto deve 
preservar (proteger contra a destruição e dano); 
 
 deve conservar (utilizando racional um recurso); 
 
 deve buscar recuperar o que foi danificado (buscando 
restabelecer as características originais); 
 
 deve criar norma para evitar a degradação, através da adoção 
de medidas preventivas legalmente necessárias e as medidas 
de vigilância adequadas. 
 
É preciso salvaguardar o ecossistema. 
Os avanços biotecnológicos no setor agrícola 
se constituíram num processo dinâmico que 
a cada ano incorpora novas tecnologias e 
permitem o aumento da produtividade e da 
riqueza e melhoram as condições da vida dos 
seus membros. 
Adotar medidas que deem à 
empresa uma imagem de respeito à 
natureza, valorizando o verde e o 
ecológico ajuda o negócio a 
melhorar a imagem que os clientes 
têm do produto e é uma 
oportunidade da empresa investir 
em melhorias. 
 
 
 Por exemplo, a empresa pode implementar ações de 
educação sobre o consumo responsável, coleta seletiva e 
reciclagem, e associar a imagem de seu produto a essas 
ações. 
Leonardo Boff ao abordar a Ética do Cuidado, exaltando a 
importância de uma ética de consenso mínimo (princípios 
mínimos acordados entre todos) que possam ajudar a 
minimizar os efeitos causados por uma globalização que 
deixa para trás cidades abandonadas, crianças e jovens 
desassistidos, a economia devastada por processos 
especulativos, ecossistemas descuidados, o planeta entregue 
à própria sorte 
Leonardo Boff 
É preciso elaborar uma ética do cuidado, que funcione como um 
consenso mínimo a partir do qual todos possamos nos amparar 
e desenvolver uma atitude cuidadosa, protetora e amorosa para 
com a realidade 
Leonardo Boff 
 O uso de filtros para preservar o meio ambiente; 
 
 o descarte inteligente de resíduos; 
 
 a água reutilizada como vapor para recuperar insumos ou 
destinada à irrigação de plantações, para futura produção 
caracteriza que a empresa trabalha com responsabilidade 
social. 
Agora a criação de peixes em 
aquários particulares para serem 
devolvidos ao seu habitat natural, 
para aumentar esta população, 
que estava sendo dizimada, ou por 
exemplo, o uso de madeira para 
construção de móveis, casas, 
retiradas da floresta com 
autorização de um órgão 
ambiental, são exemplos que 
correspondem a sustentabilidade. 
No próximo slide vamos 
abordar o conteúdo: 
Solidariedade orgânica e 
mecânica . Você sabe o que 
é isso? Então fique ligado! 
Solidariedade orgânica e mecânica 
De acordo com Regina Moraes (2014), falar sobre ética e 
responsabilidade social em épocas de capitalismo chamado 
selvagem, requer que analisemos os fatos a partir de uma 
percepção de conjunto. 
E neste ponto surge o conceito de solidariedade orgânica, 
que simboliza que todos nós estamos comprometidos ou 
associados na extensa divisão social do trabalho, ao redor 
do mundo. 
Por exemplo: 
Eu não planto café, nem transporto o café para o mercado, 
nem trabalho no mercado, mas todos os dias tomo café, cujo 
pó alguém comprou para me servir o café, seja no trabalho ou 
em casa. 
Este é um pequeno exemplo, mas 
imagine toda a solidariedade orgânica 
que envolve o mundo. 
Dependemos uns dos outros, nesta 
cadeia produtiva sem fim, ao redor do 
planeta. 
O sociólogo Émile Durkheim estudou a solidariedade 
orgânica e a divisão do trabalho ligadas a esta solidariedade. 
Em suas pesquisas verificou que a modernidade nos trouxe 
uma indústria com muitas tecnologias, o que permitiu que o 
trabalho se dividisse ao longo de uma cadeia produtiva, que 
se perde de vista através das redes e fronteiras. 
Criou-se a terceirização, quarteirização e os 
trabalhadores perderam os sentidos do que estão 
fazendo nesta cadeia produtiva tão complexa, 
gerando o que Durkheim chama de anomia, ou seja, 
um trabalho sem o sentido de enriquecer a identidade 
da pessoa, um trabalho que se funda no lucro. 
Mas tudo isto não deve ser estudado como uma 
caça às bruxas, não existem culpas, mas uma 
cultura capitalista, muitas vezes irresponsável e 
antiética que se dissemina ao redor do planeta. 
Convém, neste momento, que cada um de nós 
faça uma reflexão sobre nossos próprios atos. 
A vida cotidiana é demarcada pela vida em grupo. 
Estamos o tempo todo nos relacionando com outras pessoas. 
Mesmo quando ficamos sozinhos, a referência 
de nossos devaneios são os outros: pensamos 
em nossos amigos, na próxima atividade – que 
pode ser assistir à aula de inglês ou realizar nova 
tarefa no trabalho (que, provavelmente, 
envolverá mais de uma pessoa); pensamos no 
nosso namoro, em nossa família. 
Raramente encontraremos uma pessoa que viva 
completamente isolada, mesmo o mais asceta dos eremitas 
levará, para o exílio voluntário, suas lembranças, seu 
conhecimento, sua cultura. 
Talvez seja por isso que nossas 
vidas encontram sempre certa 
regularidade, que é necessária 
para a vida em grupo. 
As pessoas vivem, em nossa sociedade, em campos 
institucionalizados. 
 
Geralmente moram com suas famílias, vão àescola, ao 
emprego, à igreja, ao clube; convivem com grupos 
informais, como o grupo de amigos da rua, do bar, do 
centro acadêmico ou grêmio estudantil etc. 
Em alguns casos, a institucionalização nos obriga a conviver com 
pessoas que não escolhemos. 
 
 Quando conhecemos nossa primeira classe no ensino médio ou 
na universidade, descobrimos que vamos conviver com um 
grupo de 20, 30 ou 40 pessoas com as quais – como geralmente 
acontece – não tínhamos nenhum contato. 
A essa forma de convívio que 
independe da nossa escolha 
chamamos solidariedade 
mecânica. 
 
 A afiliação a um grupo independe 
da nossa vontade no que diz 
respeito à escolha de seus 
integrantes. 
A solidariedade orgânica é a forma 
de convívio na qual nos afiliamos a 
um grupo porque escolhemos 
nossos pares. 
É o caso do grupo de amigos que se reúne nos finais de semana 
para jogar futebol ou que decide formar uma banda. 
 
A afinidade pessoal é levada em consideração para a escolha do 
grupo. 
 
Nos grupos em que predomina a solidariedade mecânica, 
geralmente formam-se subgrupos que se caracterizam pela 
solidariedade orgânica, como é o caso das “panelinhas” em sala 
de aula ou do grupo de amigos em uma fábrica ou um escritório. 
Os valores morais de uma cultura não são naturais, apesar 
de assim parecerem para muitos. Eles são construídos. 
 
Os valores morais são aqueles que regulam a convivência 
dos integrantes de uma cultura, estejam eles codificados em 
seus grandes livros ou fazendo parte de seu senso comum. 
 
A ética é a disciplina que reflete sobre os caminhos e os 
descaminhos dos valores da nossa cultura. 
Vivemos hoje uma sociedade de moral 
individualista, onde a competição é a 
palavra de ordem e onde o culto ao 
sucesso pessoal se tornou um valor 
máximo. 
Contudo, para não ficarmos paralisados 
num pessimismo fatalista, é bom 
lembrarmos de exemplos muito 
relevantes na contramão dessa 
tendência. 
Afinal, ao lado do imenso individualismo incentivado 
hoje em nossa cultura, registra-se também o 
desenvolvimento de resistências a essa cultura, que 
tomam a forma de grupos comunitários reunidos em 
prol da qualidade social da vida e da luta por direitos 
continuamente desrespeitados. 
O processo de conscientização em torno da necessidade 
desses valores de cooperação não se completa antes da 
ação: ele ganha corpo durante as ações comunitárias 
desenvolvidas, ou seja, à medida que estas são 
concretamente vivenciadas pelo grupo e refletidas por seus 
integrantes, através de uma atitude dialógica. 
A reflexão que move os integrantes de tais grupos surge da prática, 
devendo retornar a ela sempre para que o discurso de intervenção 
não se torne engessado em torno de uma visão desligada dos 
obstáculos e dos impasses que continuarem a ser registrados. 
 
Obstáculos e impasses não nos deveriam fazer descrer do valor 
da resistência; devem, sim, alimentar novas reflexões e novas 
pesquisas da literatura sobre os desafios encontrados.

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