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www.esab.edu.br
Ética, Educação, Cidadania
e Relacionamento
Ética, Educação, 
Cidadania e 
Relacionamento
Vila Velha (ES)
2016
Escola Superior Aberta do Brasil
Diretor Geral 
Nildo Ferreira
Diretora Acadêmica
Ignêz Martins Pimenta
Coordenadora do Núcleo de Educação a Distância
Ignêz Martins Pimenta
Coordenadora do Curso de Administração EAD
Giuliana Bronzoni Liberato
Coordenador do Curso de Pedagogia EAD
Custodio Jovencio
Coordenador do Curso de Sistemas de Informação EAD
David Gomes Barboza
Produção do Material Didático-Pedagógico
 Escola Superior Aberta do Brasil
Design Educacional
Bruno Franco
Design Gráfico
Bruno Franco
Diagramação
Bruno Franco
Equipe Acadêmica da ESAB
Coordenadores dos Cursos
Docentes dos Cursos
Copyright © Todos os direitos desta obra são da Escola Superior Aberta do Brasil.
www.esab.edu.br
Av. Santa Leopoldina, nº 840
Coqueiral de Itaparica - Vila Velha, ES
CEP 29102-040
Apresentação
Caro estudante,
Seja bem-vindo à disciplina Ética, Educação, Cidadania e Relacionamento! Ao longo 
de 15 unidades, você terá a oportunidade de avançar em seus estudos. Atente 
que seu compromisso e dedicação são elementos fundamentais para obter êxito 
acadêmico. Atente, de igual modo que todo esforço e constância serão agraciados 
com mais conhecimento e formação na área da ética e da educacional. 
Ao longo das 15 unidades, abordaremos os fundamentos éticos do agir humano na 
educação; a diferença entre Ética e Moral; a História social da Moral; os Valores; a 
liberdade do sujeito moral; as relações entre valores e educação; o vínculo entre fa-
mília e escola; os jovens e o consumo; alunos “reais” e não “ideais”; a formação dos 
professores; uma discussão sobre avaliação; a questão da formação dos professores; 
as questões éticas contemporâneas; a Bioética; Ética cidadã; Ética profissional etc.
Assim, como base teórica para este estudo, contaremos com o apoio dos seguin-
tes autores: BITTAR, CHIAVENATO, GEORGEN, CAMPOS JÚNIOR, DEMO, HERMANN, 
PETRAGLIA, SUNG, BAUMAN, CORTELLA, LUCKESI, RABELO, VÁZQUEZ, entre outros. 
Esperamos com isso, contribuir para uma efetiva formação do profissional em 
educação, no que diz respeito as questões que perpassam a educação, a ética e o 
mundo globalizado.
Caro aluno, você está convidado, então, a desfrutar do estudo das unidades e das 
atividades que irão apoiar e consolidar seu aprendizado.
Sucesso e bons estudos!!! 
Objetivo
Apresentar as diferenças básicas entre ética e moral, suas especificidades. Discutir 
temas recorrentes da educação sob a esfera da ética e relacionando-os às questões 
que perpassam os temas e problemas contemporâneos.
Habilidades e competências
• Identificar as diferenças entre ética e moral;
• Analisar os problemas contemporâneos relacionados ao campo da ética e da 
educação;
• Estabelecer paradigmas a serem seguidos nos tempos atuais; paradigmas estes 
que se fundam em uma outra ordem não mais constituída por modelos entrevistos 
no passado;
• Trabalhar e desenvolver temas específicos da educação contemporânea.
Ementa
Estudo dos fundamentos éticos do agir humano na educação. Investigação das 
relações entre valores e educação. Debate dos pressupostos éticos da formação 
humana e da sociedade. Ética na atuação profissional e na produção do 
conhecimento. Discussão das questões éticas contemporâneas. Ética cidadã. Ética 
profissional. Exemplos e alternativas metodológicas na produção do conhecimento. 
A Educação, a ética e o relacionamento.
Sumário
1. ESTUDO DOS FUNDAMENTOS ÉTICOS DO AGIR HUMANO NA EDUCAÇÃO .........................7
2. HISTÓRIA SOCIAL DA MORAL ........................................................................................10
3. INVESTIGAÇÃO DAS RELAÇÕES ENTRE VALORES E EDUCAÇÃO .........................................13
4. VÍNCULO ENTRE FAMÍLIA E ESCOLA ...............................................................................16
5. ALUNOS “REAIS” E NÃO “IDEAIS” .....................................................................................19
6. DA FORMAÇÃO DOS PROFESSORES ................................................................................25
7. UMA BREVE DISCUSSÃO SOBRE AVALIAÇÃO ...................................................................29
8. AVALIAÇÃO E ÉTICA OU ÉTICA NA ATUAÇÃO PROFISSIONAL E NA PRODUÇÃO DO 
CONHECIMENTO ............................................................................................................32
9. DEBATE DOS PRESSUPOSTOS ÉTICOS DA FORMAÇÃO HUMANA E DA SOCIEDADE ............35
10. DISCUSSÃO DAS QUESTÕES ÉTICAS CONTEMPORÂNEAS .................................................39
11. ÉTICA AMBIENTAL E O ANTROPOCENO ...........................................................................44
12. ÉTICA CIDADÃ ................................................................................................................47
13. ÉTICA PROFISSIONAL .....................................................................................................50
14. A ÉTICA E O RELACIONAMENTO ......................................................................................53
15. A EDUCAÇÃO E A ÉTICA ..................................................................................................56
Glossário ..............................................................................................................................61
Referências ..........................................................................................................................64
www.esab.edu.br 7
1 Estudo dos fundamentos éticos do agir humano na educação
Objetivo
Estudar a diferença básica entre ética e moral. A ética enquanto 
reflexão das normas de conduta da sociedade, ou seja, como estudo 
da moral.
Inicialmente, devemos realizar uma diferenciação entre Ética e Moral. 
Em geral, tais conceitos são usados de forma indistinta, isto é, são 
conceitos utilizados frequentemente como sinônimos. Etimologicamente, 
não há verdadeiramente uma distinção entre ambos. Moral vem do 
Latim mos, moris, que significa “uma maneira de se comportar”, 
“costume”. Por outro lado, ética deriva do Grego ethos e significa 
também “costume”. Contudo, é possível estabelecer determinadas 
diferenças entre os conceitos.
Podemos, assim, pensar a ética como a ciência que estuda, que reflete 
acerca dos valores morais. Não será a ética que se voltará para os 
problemas concretos e práticos da realidade, mas a moral. Desse modo, 
não caberá a ética estabelecer normas de conduta moral, bem como não 
haverá preocupação da ética com a solução de problemas individuais, 
particulares. Essas são questões relativas ao comportamento moral. 
Caberá a ética, portanto, realizar uma reflexão que analisará criticamente 
os valores morais estabelecidos. 
Importante observar também que a moral, como norma de conduta 
da sociedade, existe desde tempos imemoriais, isto é, desde as mais 
antigas formas de organização social, tais como tribos ou clãs. Já, 
então, nessas tribos ou mesmo clãs, faz-se notar a presença de normas 
morais que regulam as relações entre as pessoas. Diante, então, de uma 
situação concreta, diante de um problema ou situação, desenvolvemos 
um julgamento ou avaliação que se estabelecerá como uma norma 
válida pelos membros da sociedade e que deverá ser seguida por toda a 
coletividade. É por isso que a moral vincula-se caracteristicamente como 
uma realização prática.
www.esab.edu.br 8
As pessoas não apenas agem moralmente, mas também refletem sobre o 
comportamento delas e das outras pessoas. De modo que, há nisso um 
processo, quando do campo prático da moral passamos para o campo 
da teoria moral. Ao passarmos de uma esfera para a outra, estamos 
propriamente no campo dos problemas teóricos ou éticos.
Ética, portanto, é a teoria que irá refletir sobre os comportamentos, 
ou seja, é uma reflexão acerca do comportamento moral dos homens 
em uma sociedade. Ao passo que a moral é um conjunto deregras, de 
normas que buscam regular as relações humanas numa dada sociedade. 
Os fundamentos Éticos
Assim, precisamos refletir e definir eticamente: onde se encontram, onde 
se apóiam os fundamentos morais do agir humano? Os fundamentos 
da moral estão apoiados em uma religião, isto é, na vontade de Deus? 
Em algo exterior aos homens? Ou, ao contrário, os fundamentos morais 
se sustentam na própria consciência humana? Se a moral se afirma na 
religião, Deus, então, seria o verdadeiro “motor” de todos os atos; logo, 
os seres humanos perderiam significativamente sua autonomia. Mas, se 
os fundamentos morais se sustentam na própria consciência humana, 
quais seriam estes fundamentos? Esses fundamentos estão sustentados na 
racionalidade? 
Em nosso dia a dia, deparamo-nos com problemas práticos, dos 
quais não temos como nos esquivar. E para resolver esses problemas 
práticos, recorremos às normas vigentes, cumprimos determinados atos, 
formulamos juízos etc. De modo que seria inútil recorrer à ética na 
esperança vã de encontrar nela alguma norma de ação para uma ou outra 
situação concreta.
Na “Fundamentação da Metafísica dos Costumes”, o filósofo alemão 
Immanuel Kant nos ensina que, toda pessoa deve agir sempre e de tal 
modo que o teu comportamento possa vir a ser princípio de uma lei 
universal. Isso quer dizer que cada ato moral nosso deve considerar o 
próximo. Assim, toda pessoa deve agir, conforme os princípios que ela 
queira que todos os seres humanos sigam e ajam, como se fosse uma lei 
da natureza humana.
www.esab.edu.br 9
Essa lei, elaborada pelo filósofo alemão, exprime de modo incondicional 
um fundamento no qual a sociedade pode pautar-se. Um norte que 
irá conduzir todos os nossos atos morais. Mas resta uma pergunta: será 
que a Lei Moral kantiana pode ainda fundamentar as relações sociais 
no mundo contemporâneo? Um mundo absolutamente instável. Tais 
perguntas, com sorte, deverão ser respondidas no decorrer deste escrito.
Saiba Mais
Para conhecer um pouco mais sobre 
Ética e Moral, acesse o link: http://
www2.uern.br/index.php/contexto/
article/viewFile/49/47
http://www2.uern.br/index.php/contexto/article/viewFile/49/47
http://www2.uern.br/index.php/contexto/article/viewFile/49/47
http://www2.uern.br/index.php/contexto/article/viewFile/49/47
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2 História social da Moral
Objetivo
Analisar e entender as regras e normas de condutas que irão nortear 
o caminhar desta sociedade.
Para que a civilização pudesse existir e, mesmo antes, para que o ser 
humano sobrevivesse em um mundo que lhe era hostil (lembremos 
que os animais são dotados de garras, presas, couro, pelos espessos etc, 
que os faziam seres adaptados à natureza), foi necessário que criassem 
instrumentos, mecanismos pelos quais pudessem se proteger das feras e 
das intempéries de um mundo agressivo. Aos homens, então, coube agir 
sobre a natureza, a fim de transformá-la em cultura. Ou seja, teve de criar 
artefatos, instrumentos para se firmarem em sua frágil existência. Para 
tanto, fez-se necessário estabelecer regras para organizar a vida entre os 
indivíduos.
Há, portanto, a ideia de “moral construída”, segundo a qual todos os 
comportamentos humanos são pautados por normas estabelecidas pelos 
próprios membros da sociedade. Esta moral é “exterior” ao indivíduo, 
isto é, ele recebe de fora, da sociedade e é “anterior” ao indivíduo, uma 
vez que as regras já estão estabelecidas antes dele nascer. Desse modo, 
podemos entender que os fundamentos morais se constituem numa 
ordem terrena, são criados pelos próprios homens.
A Moral, ou as regras morais só surgem quando os homens superam 
seu estado de natureza, instintivo, e passam a viver uma natureza social. 
Quando passam a ser membros de uma coletividade. Assim, como norma 
de conduta, a Moral exige exatamente que os homens estejam em relação 
com os demais, bem como, que possuam uma certa consciência desta 
relação para que se comportem de acordo com as normas prescritas.
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Os valores
Sob o ponto de vista da Ética, ainda é possível perguntar: há uma 
hierarquia de valores? Se há uma hierarquia de valores, quais seriam estes 
valores? Seria a felicidade? A utilidade? O prazer? A justiça? O dever? 
E estes valores são universais? Isto é, são válidos em todos os tempos e 
lugares? Ou, diversamente, esses valores são relativos? 
A moral, então, não se funda em valores absolutos, mas em valores 
relativos e, consequentemente, podem sofrer e sofrem modificações 
através do tempo. O que era considerado bom pela sociedade, com 
o passar do tempo, pode ser considerado ruim; o que era visto como 
digno, pode se tornar vil, ou vice-versa. À medida que o tempo passa e as 
relações sociais se alteram, ocorrem, de igual modo, lentas alterações nas 
normas morais da sociedade.
Como exemplo, podemos citar a questão do “desquite”. Em um 
determinado tempo histórico, o desquite poderia ser avaliado pela 
sociedade como algo inaceitável e, posteriormente, avaliado como algo 
moralmente aceitável. Assim como foi, de fato, a escravidão. Antes 
vista como algo imprescindível à economia do país, hoje é vista com 
abominação pelo conjunto da sociedade brasileira.
Existe liberdade quando praticamos um ato moral?
Mas a moral, vista como um conjunto de regras que regulam o 
comportamento dos indivíduos em um grupo social, tem também um 
caráter pessoal. Para que as regras morais possam fazer sentido, devem 
passar pela aceitação da pessoa, do ser individual. Assim, um ato moral só 
será verdadeiramente moral se a pessoa aceitá-lo, após uma reflexão, em 
seu íntimo.
Esse aspecto reflexivo é bastante interessante, porque os aspectos morais 
não se reduzem a somente aquilo que foi herdado ou recebido, ou 
seja, àquilo que nos é “exterior”. A partir de um dado momento, em 
geral na adolescência, o jovem desenvolve em muito a sua capacidade 
crítica e passa a questionar, a protestar, a se interrogar acerca dos 
valores recebidos. Amplia-se, desse modo, a consciência e a liberdade e, 
consequentemente, a responsabilidade pelos atos.
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Trata-se, portanto, de escolha: “escolhas morais”. Os indivíduos, em suas 
vidas, podem variar seus graus de escolha entre dois extremos, ou adotam 
a moral vigente ou negam a moral vigente. E, nessas escolhas, o que está 
em jogo são fatores objetivos, bem como os subjetivos. Os primeiros 
vinculam-se às normas estabelecidas, à cultura, em geral. Já os fatores 
subjetivos relacionam-se à ideia de liberdade e responsabilidade.
Se pensarmos exclusivamente na característica social da moral, tudo se 
reduzirá ao cumprimento das normas, sem discussão. Seria a execução 
das normas de conduta apenas por medo de receber alguma sanção, 
sem nenhuma reflexão crítica. Porém, se o indivíduo por em dúvida 
as regras, corremos o risco de destruir tais regras. Podemos cair em um 
individualismo e, quem sabe, no amoralismo, ou ausência de princípios.
Em sala de aula, podemos observar inúmeras situações que contemplam 
essa questão das escolhas morais. Temos, por um lado, aquele aluno que 
adere e cumpre as normas morais estabelecidas pela instituição de ensino. 
Tem um bom comportamento com os professores, com os colegas, 
funcionários da escola etc. Por outro lado, temos aqueles alunos que, 
mesmo sabendo das normas, em muitos casos, optam por ter uma ação 
moralmente má ou incorreta. E ainda um terceiro grupo que busca uma 
ruptura com as regras da instituição, como, por exemplo, se negarem a 
usar o uniforme.
Saiba Mais
Filme: Ágora, 2009. 
Espanha. Direção: Alejandro Amenábar.
É a história do debate entre pensamento 
antigo secular e
a ascensão do cristianismo, no século 
IV. Em Alexandria, no Egito, a filósofa 
Hipátia, representando o pensamento 
antigo secular, luta pela permanência 
da sabedoria antiga, enquanto seu 
ex-escravo, Davus, cristão recém-
convertido, luta pela sua fé e liberdade. 
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3 Investigação das relações entre valores e educação
Objetivo
Compreendera questão das emoções e sentimentos no contexto de 
nossas escolhas. 
Como vimos no capítulo anterior, todo ato moral supõe uma escolha, 
uma vez que, em geral, existem inúmeras possibilidades de opções. 
E toda escolha baseia-se em preferências. Escolhemos isso ou aquilo 
porque imaginamos extrair dessa escolha alguma consequência que 
nos é agradável ou útil. Assim, preferimos agir dessa maneira, pois tal 
comportamento nos parece mais digno ou valioso. Escolher, então, supõe 
que optamos por algo mais valioso em detrimento de algo menos valioso.
Quando nos referimos a “valores”, temos em mente a Utilidade da 
coisa ou a Beleza, a Justiça etc., bem como seus atributos negativos, a 
Inutilidade, a Fealdade ou a Injustiça. O “valor”, então, comporta uma 
relação entre nossas necessidades – viver, possuir, reproduzir, dominar 
etc., - e a probabilidade das coisas em nos contentar ou satisfazer. É na 
interseção da relação de nossas necessidades e a capacidade das coisas em 
satisfazer essas necessidades que é criada uma “hierarquia” de valores.
Hierarquizar as coisas é reconhecer suas características de modo a tê-las 
em consideração, quando as decisões forem tomadas. Filosoficamente 
falando, os valores não são totalmente subjetivos, nem totalmente 
objetivos, mas determinados pela relação entre o sujeito e o objeto. 
Sendo assim, os valores constituem os fundamentos de nossas ações e 
práticas, construindo a consciência que temos das coisas.
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De acordo com o Psicólogo e Epistemólogo suíço Jean Piaget (1896 – 
1980), em uma das definições mais aceitas na Educação,
[...] os valores são investimentos afetivos. Isso quer dizer que, apesar de se apoiarem 
em conceitos, estão ligados a emoções, tanto positivas quanto negativas. Educar para 
os valores é transmitir aos filhos ou alunos ideias em que realmente acreditamos – 
por exemplo, que vale a pena ouvir enquanto outra pessoa estiver falando. Ou que 
ficar muito tempo no chuveiro pode levar à falta de água para todos. Ou ainda que 
cada um é responsável por seus atos .
Todas as coisas existentes movimentam nossa atração ou repulsão por 
elas. São o que designamos por “avaliação”. Em cada situação da vida, 
estamos fazendo avaliações, conscientemente ou não. Alguma coisa que 
possui valor é justamente aquela que não nos deixa indiferentes. 
Como já foi dito, quando nascemos, o mundo já é um sistema 
estabelecido, com significados constituídos. Por exemplo: como nos 
comportar em casa; com estranhos na rua; no restaurante; o que vestir, o 
que não vestir; o que é feio, o que é bonito; quais nossos direitos e quais 
os nossos deveres etc. Isso significa que em decorrência dos nossos atos 
estamos sujeitos à aprovação ou à coerção em medidas variadas. 
A escola é, portanto, mais um ambiente, entre outros, como o Estado e 
a família, que tem sido demandada como o melhor lugar para o ensino-
aprendizagem dos valores para o pleno desenvolvimento do educando. 
Um lugar que prepara o indivíduo para a convivência em sociedade, o 
exercício da cidadania e ainda a exigência de qualificação para o mundo 
do trabalho.
Cabe às instituições de ensino o relevante ofício de passar valores 
para o desenvolvimento moral dos seus alunos. E voltamos à questão 
tangenciada logo acima: mas, afinal, o que são valores? E mais: quais 
valores carecem ser estudados, desenvolvidos e aperfeiçoados na escola? 
Há coerência entre o que a escola ensina e o que demanda a sociedade?
www.esab.edu.br 15
Há uma exigência, mais do que justa, em nossa sociedade – sociedade 
esta inserida em um mundo cada vez mais globalizado – de que a 
educação não se limite apenas a passar conteúdos, mas que seja uma 
“educação que passe valores”. Temas como a “pena de morte” e, mais, 
“ecologia”, “educação sexual”, “ética”, “direitos e deveres do cidadão” etc, 
são demandas que a sociedade deseja ver debatidas nas escolas. Isso nos 
leva a crer que o currículo escolar precisa ser debatido de forma ampla 
pela sociedade, visando acompanhar com a mesma velocidade as novas 
pautas do mundo pós-industrial
Voltaremos a este tema mais adiante. Por enquanto, seria interessante 
que o aluno, na intenção de aprofundar a sua reflexão sobre o tema, lesse 
o excelente livro “Ensaio sobre a cegueira” do escritor português José 
Saramago, Nobel de literatura de 1998; ou mesmo assistisse ao filme 
“Cegueira”, do diretor brasileiro Fernando Meirelles, inspirado no livro 
do escritor português.
Estudo Complementar
SARAMAGO, José. Ensaio Sobre a Cegueira.
São Paulo, Cia das Letras, 1995.
Em uma cidade fictícia, todas as pessoas ficam cegas, 
exceto uma mulher que toma conta de várias outras. 
Neste ambiente em dissolução, como as pessoas passam 
a agir? Quais os valores éticos são preservados e quais 
são esquecidos? O livro é uma reflexão sobre a relação 
entre valores e sobrevivência. 
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4 O vínculo entre família e escola
Objetivo
Compreender a necessidade de haver um vínculo harmônico entre os 
valores adotados pela família e os valores adotados pela escola.
Estes “investimentos afetivos” aos quais se refere Piaget devem ser uma 
das principais preocupações, inicialmente dos pais e, posteriormente, de 
todo educador. Quando educamos nossos alunos, devemos ter em mente 
este cuidado. Mas como atuar no dia a dia escolar? Quais valores são 
imprescindíveis? Como a escola pode colaborar nessa formação? Será que 
estamos, enquanto escola, preparados para transmitir valores?
Em geral, penso que sim, as escolas encontram-se preparadas para 
formar valores, para transmitir valores indispensáveis à vida dos nossos 
jovens – óbvio está que esse processo de formação não deve ser atribuído 
apenas às escolas. Pertence, primordialmente, aos pais, à família. À escola 
caberia a continuação do processo. É importante, entretanto, buscar 
alinhar conteúdos programáticos à discussão sobre valores. Por exemplo: 
a gravidez na adolescência. Temas transversais que tangenciam várias 
disciplinas, como Biologia, Sociologia, Psicologia, História etc.
Hoje, mais do que nunca, é imperativo que a escola participe dessa 
formação, seja difundindo, aconselhando, persuadindo nossos jovens a 
adotar valores universais. Sem a transmissão desses valores, não há como 
constituir cidadãos éticos, dispostos a viver em sociedade. 
Mas, reforçando, é fundamental a participação da família neste processo. 
A família tem de estar “afinada” aos valores que a escola busca fazer 
refletir. Se é uma família conservadora, esta deverá procurar uma escola 
com características mais conservadoras etc. Devemos considerar que 
formar cidadãos, educar cidadãos, requer, naturalmente, diálogo. E, para 
que esses diálogos aconteçam, faz-se necessário que as expectativas, os 
conceitos sejam compartilhados.
www.esab.edu.br 17
Com foi dito acima, “todo ato moral supõe uma escolha”, e essa escolha 
pertence à esfera daquilo que imaginamos ser agradável ou útil para 
nós. É imperativo que nossos educadores demonstrem que nem sempre 
poderemos trabalhar com as categorias do “agradável” e do “útil”. 
Devemos antes de tudo, pensar em leis universais, por exemplo: “se os 
outros tomassem a mesma atitude que eu, isso me afetaria positiva ou 
negativamente? ”
Os jovens e o consumo
Uma outra questão que perpassa a formação dos nossos jovens é a 
questão do consumo. Como é sabido, vivemos em uma sociedade de 
consumo, formamos uma sociedade de consumidores. Conforme o 
sociólogo polonês Zygmunt Bauman, vivíamos, na Modernidade, uma 
sociedade de produtores; hoje vivemos numa sociedade de consumidores. 
É um novo paradigma. Se o ser humano não é um consumidor, torna-
se uma pessoa de segunda categoria, pois o que importa não é mais o 
“ser”, e sim, o “ter”. Isso traz, entre outras, uma consequência nefasta à 
sociedade.
Saiba Mais
BAUMAN, Zygmunt. Vida Para Consumo.
Ed.: Zahar – Rio de Janeiro, 2008.
Zygmunt Bauman levanta uma discussão muito séria que toca de perto o 
campo da Ética: o jovem visto como um serdispensável, só não de todo 
dispensável porque consumidor. Mas o que Bauman pretende mostrar o 
jovem como um ser dispensável? Ele, o jovem, está sendo visto como um 
encargo social e não mais como uma promessa de futuro. O autor aponta 
o principal motivo para não serem inteiramente dispensáveis:
Devido à virtual contribuição à demanda de consumo: a existência de sucessivos 
escalões de jovens significa o eterno suprimento de ‘terras virgens’, inexploradas e 
prontas para cultivo, sem o qual a simples reprodução da economia capitalista [...] 
seria quase inconcebível. (BAUMAN, 2013, p. 52).
www.esab.edu.br 18
Temos mais um agravante se levarmos em conta as ponderações feitas 
pelo sociólogo polonês, que cita um estudo feito pela Kaiser Family 
Foundation em seu livro “Sobre Educação e Juventude”, de que 
jovens entre 8 e 18 anos “gastam... mais de sete horas e meia por dia 
com smartphones, computadores, televisores e outros instrumentos 
eletrônicos, em comparação com as menos de seis horas e meia de cinco 
anos atrás. ” (BAUMAN, 2013, p. 52). É certamente com esse jovem 
que estamos lidando.
Se a isto, prossegue Bauman, acrescentarmos o tempo gasto postando 
textos, falando em seus smartphones e realizando múltiplas tarefas, 
como assistir TV e atualizar o Facebook, o número aumenta para onze 
horas de conteúdo de mídia ao dia. Os jovens, desse modo, estão sendo 
“adestrados” para o consumo – mas não só! E o que pode um pai ou uma 
mãe fazer em relação a isso? O que pode a escola realizar neste contexto? 
Vejamos: quanto tempo esses pais passam próximos aos filhos? Quanto 
tempo “gastam” conversando com eles? Quando se aproximam dos filhos 
para tentarem quinze minutos de conversa, esses já tiveram onze horas 
de “conversa” com as mídias eletrônicas. Deixamos aqui uma última 
pergunta: Quem vai ganhar essa contenda? 
Tarefa dissertativa
Caro estudante, convidamos você a acessar o 
Ambiente Virtual de Aprendizagem e realizar a 
tarefa dissertativa.
www.esab.edu.br 19
5 Alunos “reais” e não “ideais”
Objetivo
Discutir a questão dos alunos “reais” e dos alunos “ideais” pela ótica 
da mudança dos paradigmas no mundo contemporâneo. 
O problema é bem mais complexo do que parece à primeira vista. Como 
iremos persuadir um jovem, formado e acostumado nestes tempos de 
“se dar bem”, de “levar vantagem em tudo”? Como persuadi-lo – nestes 
tempos de consumo desenfreado, em que o outro é visto sempre e apenas 
como um objeto a ser usado – a ter respeito pelos outros seres humanos? 
Mas será que mesmo não existindo uma resposta simples e direta, 
podemos, ainda assim, apontar caminhos, com a intenção de mitigar os 
problemas morais enfrentados por todos nós na contemporaneidade?
É, portanto, este jovem – dispensável, desprotegido, órfão em uma 
cultura egoísta – que nos é dado a ensinar valores. Estes são os nossos 
alunos “reais” e não “ideais”! E mais: indisciplina, infantilidade, rebeldia, 
envolvimento com álcool e drogas, além do desestímulo endêmico pela 
aprendizagem. 
A interrogação que se coloca é: “como deixamos chegar a esse ponto? 
”. Na realidade, “não deixamos chegar”, isso faz parte de um processo. 
São as consequências de um processo que teve sua origem no início da 
Modernidade europeia, por volta do século XVI, e avança até fins do 
século XIX. 
Existe algo assim como um consenso de que a Modernidade foi um 
período que se caracterizou, notoriamente, por certezas. Em geral, 
atribui-se a este período uma extrema confiança na razão humana como 
forma de alcançar o progresso e emancipar o homem da escassez. A 
religião, por exemplo, deixa de fundamentar a existência humana – e, 
em seu lugar, coloca-se a “Razão”. Assistimos também os cientistas 
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plenamente confiantes com o progresso tecnológico. Se de um lado, 
temos os capitalistas e seu entusiasmo com o desenvolvimento industrial; 
de outro, temos os socialistas, de igual modo, entusiasmados com a 
construção do socialismo. 
De maneira que, poucas destas convicções existentes até o século XIX 
sobreviveram incólumes ao século XX. O assim denominado “Projeto de 
Modernidade”, isto é, crença na racionalidade, confiança no pensamento 
científico, o forte papel da moralidade na vida de homens e mulheres, 
entre outras, não sobrevivem ao impacto trazido pelo século XX. Assim, 
somos seres que trazemos em nossas raízes culturais uma formação 
moldada no Humanismo e na Modernidade. 
Porém, tal formação – o tal “Projeto de Modernidade” – não se coaduna 
mais com os tempos atuais. Vivemos, não mais a Modernidade, mas 
uma a Pós-modernidade. É a superação daquele projeto de mundo, de 
compreensão de mundo. Essa superação ou ruptura em relação àquele 
“projeto” é resultado das profundas transformações pelos quais o mundo 
vem passando. As antigas ideias – racionalidade, ciência, moralidade, 
organização etc – que criaram o pano de fundo da cultura, isto é, que 
criaram os fundamentos que sustentavam a vida humana, entram em 
declínio e cedem lugar a novas formas culturais.
Assim, as “paisagens culturais” estão transformando os indivíduos sociais. 
As velhas identidades que instauraram a imagem que temos de nós, que 
davam uma espécie de esteio ao mundo social, estão em declínio. Surge, 
desse modo, novas identidades. Mas, antes, porém, o que vem a ser essas 
“velhas identidades”?
Saiba Mais
Paisagens culturais
Disponível em: http://www.brasilescola.
com/geografia/paisagem-cultural-
paisagem-natural.htm
Acessado em: 16/11/2015
http://www.brasilescola.com/geografia/paisagem-cultural-paisagem-natural.htm 
http://www.brasilescola.com/geografia/paisagem-cultural-paisagem-natural.htm 
http://www.brasilescola.com/geografia/paisagem-cultural-paisagem-natural.htm 
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Tanto nas Ciências Sociais, quanto na Filosofia (ao menos nas filosofias 
contemporâneas), entende-se que as “velhas identidades” eram formas 
de como os indivíduos se viam, se entendiam enquanto seres humanos. 
Estas velhas identidades, então, estavam ancoradas numa compreensão 
de pessoa humana inteiramente centrada, com as capacidades de ser 
racional, de ter consciência das coisas e de si e capaz de ação intencional. 
O que as Ciências Sociais e as Filosofias contemporâneas argumentam 
é que é exatamente este modo de se “ver” que está se alterando. O que 
denominamos de “processo de identificação”.
Aquele sujeito, visto e vivido como dono de uma “identidade unificada 
e estável”, com a qual se identificava, torna-se fragmentado. Possuidor 
não de uma identidade, mas de inúmeras identidades – às vezes até 
contraditórias entre si. O sujeito se entende e se sente provisório, 
improvável, precário, inconstante.
As “velhas identidades” que, como mencionamos acima, instauraram 
a imagem que construímos para nós mesmos, surgem hoje em 
declínio, fazendo surgir uma outra identidade, mais fragmentada. Em 
decorrência disso, há uma perda do “sentido de si”, o que chamamos de 
“deslocamento do sujeito.” É este sujeito, portanto, deslocado de si e da 
imagem que faz de si, que temos de lidar na escola e na sociedade em 
geral. Este é o nosso aluno “real”.
Muitos pais, ou mesmo a sociedade, no geral, entendem que a Educação 
deve estar associada a valores autoritários e morais. No entanto, podem 
existir outras formas de se educar. Mas que fique claro: educamos a partir 
de exemplos, para que alguém acredite naqueles valores que desejamos 
passar, que valorizamos, só será possível se for precedido pelos exemplos 
que nós mesmos damos. Sem bons exemplos não há valor que se 
sustente. De nada resolve, portanto, que a família pretenda que a escola 
atue com rigor em relação às crianças se a própria família não atua com o 
mesmo rigor. Mesmo porque, não é mais disso que se trata.
Disponível em
http://educarparacrescer.abril.com.br/comportamento/formacao-
valores-413152.shtml. Acessado em: 16/11/2015
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Se, como foi visto, lidamos hoje com pessoas formadas por outros 
paradigmas, obviamente devemos ajustar nossos pontosde vista, nossa 
maneira de ser e viver no mundo, e nos adequar dialeticamente aos 
nossos alunos “reais”.
Fórum
Caro estudante, participe do nosso Fórum de 
discussões. Lá você poderá interagir com seus 
colegas e com seu tutor de forma a ampliar, 
por meio da interação, a construção do seu 
conhecimento. Vamos lá!
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Resumo
No capítulo 1, estudamos a diferença entre Ética e Moral. Embora 
ambas sejam vistas como sinonímicas, há diferenças entre as duas. 
Enquanto Moral seriam as regras, os costumes de uma sociedade, a Ética 
seria, então, a ciência que estudaria essas regras morais. Os problemas 
concretos e práticos da realidade estão no campo da moral; ao passo que 
à Ética cabe estudar, refletir criticamente acerca dos valores morais. Ainda 
no capítulo 1, estudamos os fundamentos morais do agir humano. Tais 
fundamentos se apóiam na religião? Ou se apóiam na própria consciência 
humana? Eles estão baseados na razão?
No 2º capítulo, você viu que estudamos a História Social da Moral. 
Vimos que, para uma sociedade existir, qualquer que seja ela, necessitará 
de observar as regras. Toda sociedade, das mais arcaicas às modernas e 
complexas, tem de ter suas normas morais. Continuando o capítulo, 
discutimos a liberdade do sujeito moral. Para que as regras morais façam 
sentido, devem passar pela aceitação consciente da pessoa. Mais adiante, 
ainda no capítulo 2, estudamos a questão dos valores. Há uma hierarquia 
de valores? O que é mais importante em nossas escolhas: a justiça, 
a utilidade, a beleza? Além disso, estudamos a questão da liberdade 
quando praticamos um ato moral.
Investigamos as relações entre valores e educação no capítulo 3. Voltamos 
ao tema dos valores, à questão das hierarquias, vimos que nossas 
escolhas baseiam-se em nossas emoções e, posteriormente, pensamos 
a escola como mais um ambiente de transmissão de valores para o 
desenvolvimento do aluno. Um lugar de preparação de indivíduos para a 
convivência em sociedade.
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No capítulo 4, desenvolvemos a temática que diz respeito ao vínculo 
entre família e escola. Lá discutimos a necessidade de haver uma 
harmonia entre os valores que a família busca e os valores que a escola 
admite para si, isto é, a família do aluno tem de estar “afinada” aos 
valores reproduzidos pela escola. A necessidade de a escola transmitir 
valores para construir cidadãos éticos. Ainda neste capítulo, colocamos 
a problemática do consumo. Ou seja, os jovens na sociedade de 
consumo, a ideia do “ter” mais importante do que o “ser”. A mudança de 
paradigmas.
Por fim, no capítulo 5, pensamos acerca dos alunos “ideais” e dos 
alunos “reais”. Detalhamos, para tanto, o Projeto de Modernidade e o 
seu progressivo desmoronamento. A questão das “velhas identidades” 
que não refletem mais o que se espera no mundo contemporâneo. O 
sujeito, visto como portador de uma identidade una, estável, torna-se 
multifacetado, fragmentado. De modo que, nos tempos atuais, qualquer 
tipo de expectativa em relação aos alunos “ideias” cai por terra. Lidamos, 
pois, com pessoas formadas por outros paradigmas, nossos alunos “reais”.
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6 Da formação dos professores
Objetivo
Analisar as condições de trabalho do professor, seu status social e a 
questão da sua formação.
E é sob a perspectiva do item anterior, que devemos entender a formação 
dos professores. Para que tenhamos um efetivo avanço educacional, é de 
suma importância, por exemplo, vincularmos os resultados avaliativos 
de aprendizagem e a formação dos professores, a fim de que o processo 
de aprendizagem possa se renovar. De igual modo, é fundamental que 
haja a criação de planos de carreira para professores e demais profissionais 
envolvidos em educação. 
Para uma melhor qualidade da educação, faz-se necessário melhorar 
a formação dos professores, seu status social, bem como as condições 
de trabalho, pois os professores só poderão responder ao que deles é 
desejado se obtiverem as competências e os conhecimentos, as qualidades 
e as motivações pessoais solicitadas.
Os professores vêm sendo forçados a trabalhar em várias escolas, em 
vários períodos, devido aos baixos salários, ao mesmo tempo que têm de 
levar trabalhos extras e, sem remuneração, para casa. Por falta de tempo 
e dinheiro, tais profissionais vêm sofrendo um processo de defasagem 
profissional, uma vez que ficam impossibilitados de investir em sua 
própria formação. 
Quando falamos em “formação de professores”, uma das dificuldades 
encontrada é a separação que se faz entre teoria e prática. A separação 
entre conteúdo e forma, isto é, a dissociação entre os conteúdos 
aprendidos nas Universidades e a forma com que esses conteúdos serão 
trabalhados em sala de aula.
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A formação do professor é, portanto, algo fundamental para que a escola 
e, por extensão, os alunos consigam alcançar melhores resultados, já que, 
em sua prática, o professor pode e deve adotar uma atitude de auxílio ao 
aluno para o desenvolvimento da ação reflexiva. Assim, a formação do 
professor encontra-se intimamente ligada à pesquisa. Ele necessita, pois, 
de tempo, a fim de dedicar-se ao aperfeiçoamento e, consequentemente, 
construir novos saberes. É, por exemplo, o caso da formação continuada.
Dica
Formação de professores: aspectos históricos 
e teóricos do problema no contexto 
brasileiro.
Demerval Saviani – Universidade de 
Campinas, Faculdade de Educação. http://
www.scielo.br/pdf/rbedu/v14n40/
v14n40a12.pdfAcessado em: 17/11/2015 
A formação continuada como exigência do mundo globalizado
Não custa lembrar as mudanças pelas quais atravessa toda a sociedade, 
como vimos anteriormente – as profundas alterações nas paisagens 
culturais, novas identidades, uma outra visão que os seres humanos 
adquirem de si, etc. Tudo isso, somando-se ao processo de Globalização, 
faz com que vivamos num mundo onde a quantidade de informações 
diariamente disponibilizadas, a uma velocidade tal, faz com que, o 
“conhecimento” seja um pré-requisito indispensável ao mundo do 
trabalho.
Para saber mais sobre “Globalização”
http://aprovadonovestibular.com/resumo-globalizacao-o-que-e-
globalizacao.html. Acessado em 17/11/2015
http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v14n40/v14n40a12.pdfAcessado em: 17/11/2015 
http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v14n40/v14n40a12.pdfAcessado em: 17/11/2015 
http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v14n40/v14n40a12.pdfAcessado em: 17/11/2015 
http://aprovadonovestibular.com/resumo-globalizacao-o-que-e-globalizacao.html
http://aprovadonovestibular.com/resumo-globalizacao-o-que-e-globalizacao.html
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Incide, consequentemente, sobre o professor novas cobranças, novas 
exigências. De modo que, há a necessidade premente de estar sempre 
atualizado e bem informado. Mas veja: tem de estar, o profissional da 
educação, não só, sempre atualizado e bem informado no que tange aos 
fatos do mundo, mas sobretudo, diria, em relação aos conhecimentos 
curriculares e às novas tendências educacionais. Daí a fundamental 
importância de o professor adquirir capacitação por meio da formação 
continuada.
Para que as alterações que ocorrem de forma vertiginosa na sociedade 
contemporânea possam ser acompanhadas, é necessário que este 
profissional da educação dê valor, como estratégia de ensino, a 
investigação. Faz-se necessário que o profissional desenvolva a reflexão 
crítica em sua prática cotidiana e, para tanto, tem de haver, como pré-
requisito, uma formação continuada.
É, assim, mediante a constância do estudo, da pesquisa, da reflexão que 
podemos vislumbrar uma mudança na educação como um todo. A partir 
da oportunidade de experimentar e vivenciar novas pesquisas, novas 
reflexões, outras maneiras de ver e viver a escola, de pensar a escola. De 
modo que o processo de formação continuada de professores, após os 
conhecimentos iniciais adquiridos para o desenvolvimento da atividade 
profissional, é que irá aperfeiçoar o profissional da educação, a fim de 
garantir um ensino de qualidadesuperior aos educandos.
Ainda acerca da questão da formação continuada do professor. 
Ressaltamos que, faz-se necessário, por conseguinte, para que se efetue 
de forma efetiva tal formação, que o professor consiga identificar e unir 
os aspectos teóricos e práticos de sua formação no dia a dia da sala de 
aula. A teoria, esperamos que o auxilie a compreender sobremaneira 
a sua prática e a lhe conferir sentido; bem como a sua prática, a lhe 
proporcionar um melhor entendimento da teoria.
Para saber mais:
O significado da formação continuada docente. 
Lilian Kemmer Chimentão 
http://www.uel.br/eventos/conpef/conpef4/trabalhos/
comunicacaooralartigo/artigocomoral2.pdf
http://www.uel.br/eventos/conpef/conpef4/trabalhos/comunicacaooralartigo/artigocomoral2.pdf
http://www.uel.br/eventos/conpef/conpef4/trabalhos/comunicacaooralartigo/artigocomoral2.pdf
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Para finalizar, um parêntese neste momento, a fim de ressaltar aquilo 
que nem sempre salta aos olhos. Apesar da importância da formação 
continuada, e mesmo da importância de uma boa formação inicial – a 
qualidade do curso de graduação e licenciatura – devemos entender que o 
professor não tem toda essa autonomia. Depende, outrossim, do projeto 
político pedagógico da escola a qual está inserido. O professor está sujeito 
aos que com ele dividem o espaço escolar. Enfim, às limitações inerentes 
a toda relação de trabalho. Nem sempre temos autonomia para por em 
prática tudo aquilo que desejamos e em que acreditamos.
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7 Uma breve discussão sobre avaliação
Objetivo
Discutir a temática da “avaliação” como um processo, como uma 
ferramenta para fazer o aluno avançar.
Por um longo período, as provas foram usadas como um meio para 
qualificar os alunos como bons ou como maus. As temíveis provas 
bimestrais, ainda hoje, servem mais como ameaça à turma do que 
propriamente índice avaliativo. No entanto, este antigo e renitente 
modelo começa a ficar ultrapassado. De maneira que, trazemos para 
o nosso dia-a-dia escolar, a “avaliação”, vista como um novo modo de 
abordar a questão e uma ferramenta importante para fazer com que os 
nossos alunos possam avançar.
Comecemos observando que não devemos mais trabalhar com categorias 
de “certo” ou “errado”, mas trabalhar com elementos, tais como, 
redações, seminários, trabalhos em grupo, auto avaliação, projetos, prova 
objetiva, prova dissertativa, entre outros. Tudo isso adaptado conforme 
a contexto didático, adequando aos objetivos do educador, bem com às 
necessidades específicas da turma.
A “avaliação”, de acordo com esse outro ponto de vista, deve contemplar 
um novo encaminhamento para uma aprendizagem mais eficaz, tendo 
por objetivo, aspectos individuais e coletivos, bem como, considerar 
sempre a parceria professor/aluno. Ao primeiro cabe identificar onde 
se pretende chegar, quais os objetivos; ao segundo, compete uma 
parceria nessa longa empreitada. De modo que, as avaliações possam ser 
discutidas em conjunto.
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A questão da avaliação sempre esteve calcada numa relação de poder, 
como um mecanismo para controle da turma; era e ainda é uma ameaça. 
Porém, esse aspecto negativo da avaliação começa a ser questionado, na 
medida mesma em que a formação do professor passa a divisar novos 
paradigmas a serem adotados. Ou seja, as dificuldades dos jovens não são 
mais entrevistas como deficiência, mas encaradas como desafio para o 
professor.
Entendemos, entrementes, que a avaliação é uma atividade humana. Em 
toda e qualquer situação estamos sempre fazendo avaliações. Por que 
aquela pessoa falou daquele modo? Por que respondi de tal maneira? 
Aquele jeito de se vestir está combinando com o ambiente? Será que 
atuei mal tendo esta atitude? Devo comprar este Smartphone, é tão 
caro? Em resumo, as situações não têm fim, estamos sempre avaliando o 
mundo, os outros e a nós mesmos.
Como não poderia deixar de ser, avaliar é, de igual modo, um ato 
inerente ao processo educativo e deve ser realizado com a intenção 
de promover uma ação e uma reflexão e, de novo, uma ação. Logo, 
precisamos entender que nossa prática educacional está comprometida 
com a transformação social de modo consciente e não com a 
manutenção irrefletida e inconsciente (RABELO, 2009).
Ainda conforme Rabelo, avaliar é um ato para construção de 
competências técnicas e sócio-política-culturais. De maneira que a 
escola não deve dar continuidade aos trabalhos dogmáticos que adotem 
verdades absolutas. Ou como apenas instrumento de classificação em 
detrimento da ideia de diagnóstico.
A avaliação deve ser entendida como um instrumento que possibilite 
diagnósticos. Que sirva para avaliar os alunos, mas também as propostas 
da escola para “validar e/ou rever o trabalho pedagógico”. De modo que, 
neste processo avaliativo, a ênfase não deve recair somente no “certo” ou 
“errado”, mas como o aluno alcançou tal resultado.
Necessitamos entender a não só valorizar as respostas “certas”, mas 
perceber o “erro” como “parte importante da aprendizagem”, como 
expressão de um processo de elaboração de conhecimento, devendo “ser 
considerado erro construtivo”.
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Pois partimos, afinal, do ponto de vista que o ser humano é um ser 
histórico, que percorre todo um caminho e não nasce “pronto”, como 
nos ensina Cipriano Luckesi. Contudo, se valorizamos apenas o 
acerto, caímos na ideia pré-concebida do “pau que nasce torto, morre 
torto”. Ou seja, se é assim, não há o que fazer por esse aluno. Ele estará 
definitivamente julgado e classificado como irrecuperável diante do 
modelo escolar vigente.
Como dito anteriormente, o ser humano é um ser que não nasce pronto, 
é um ser histórico, que está em processo. Para tanto, devemos nos 
utilizar, enquanto educadores, de outros modos de avaliação. Assim, não 
estando o aluno preparado hoje, pois em processo, poderá estar amanhã. 
Como bem resume Rabelo, o ser humano é constituído por um conjunto 
riquíssimo de atributos, sejam afetivos, sociais, motores, corporais e 
cognitivos. Consequentemente:
Todas essas dimensões devem ter igual importância na sua formação. Portanto, 
uma avaliação acadêmica precisa considerar essa totalidade e não apenas o aspecto 
cognitivo, como habitualmente acontece na maioria dos processos avaliativos, em 
quase todo o nosso universo escolar. (RABELO, 2009, p. 45)
Indo além, Rabelo ressalta que uma prova não deveria apenas indicar um 
“erro” ou um “não-saber” em um momento pontual, mas poderia servir 
como um instrumento de aprendizagem, no sentido de que depois de 
corrigida e antes de aplicada a nota, ao aluno fosse dada a “oportunidade 
de refazê-la, atentando para possíveis observações feitas pelo professor e, é 
claro, sendo valorizado por esse refazer a prova, enquanto processo e não 
apenas enquanto produto”.
Saiba Mais
Leia, RABELO, Edmar Henrique. Avaliação: 
novos tempos, novas práticas
Ed.: Vozes – Rio de janeiro, 2009.
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8
Avaliação e ética ou ética na 
atuação profissional e na produção 
do conhecimento
Objetivo
Entender a relação entre avaliação e ética, além dos pactos 
estabelecidos entre o educador, os alunos e a sociedade.
Se estivermos de acordo com o que foi exposto no capítulo anterior, 
podemos, então, relacionar a temática da avaliação com a ética. Se 
entendermos que a avaliação da aprendizagem é a busca por resultados, 
podemos entrever que deve haver um pacto ético entre o professor e o 
educando, entre o professor e a escola e, de igual modo entre o professor 
e a sociedade, isto é, um pacto profissional. Conforme Cipriano Luckesi:
O educador, por meio do seu exercício profissional, compromete-se com todas 
essas instâncias a investir na produção dos resultados estabelecidos e desejados. E 
a avaliação da aprendizagem, na ótica operacional, só faz sentido se houver ação 
planejada e efetivamente executada com o objetivo de produzir os resultados 
estabelecidos. (LUCKESI, 2011, p. 36)
Os educadores, dentro do sistema de ensino e, em tudoo que isso 
comporta, serão aqueles que irão mediar o processo educativo e a 
produção de resultados. Pela própria posição assumida, os educadores 
têm compromisso com a solidariedade. Todo ato moral é solidário, no 
sentido de que o ato moral afeta o outro. A solidariedade no ato de 
aprendizagem significa o investimento para que os estudantes “aprendam 
da melhor forma possível”.
E se o estudante não aprendeu, é importante que haja uma investigação 
para verificar o que não funcionou e buscar uma solução viável para 
o problema. O pacto ético, assim denominado por Luckesi, entre o 
educador, o educando, a escola e a sociedade, está comprometido com a 
aprendizagem e o desenvolvimento do educando. Esse seria o primeiro 
pacto ético.
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O segundo pacto ético, conforme Luckesi, é o curricular. É o 
comprometimento do educador com a execução, com o “cumprimento 
satisfatório do currículo”. E somente deveria haver uma avaliação no 
momento em que todos os educandos tivessem realmente absorvido o 
que foi ensinado. Citando um educador protestante dos séculos XVI e 
XVII, Luckesi pondera: “[...]Que um educador só poderia aplicar uma 
prova depois que tivesse a certeza de que todos os seus estudantes haviam 
aprendido o que fora ensinado”. (LUCKESI, 2011, p. 83)
Constatamos, no entanto, que estamos distantes desse tipo de 
entendimento em nosso dia a dia na escola. Uma “prova” só encontrará 
seu fim, se demonstrar que nossos alunos realmente aprenderam o que 
realmente tinham de aprender.
O terceiro pacto, é o pacto com a verdade. Diz respeito a todas às 
incoerências resultantes do que foi oferecido aos educandos pelo 
educador e pela escola e o que foi cobrado sobre o conteúdo do que 
foi ensinado. O que foi pedido ao aluno possui uma linguagem clara e 
compreensível? Evitou-se dúvidas e equívocos no que foi solicitado ao 
aluno? Devemos, portanto, evitar as distorções, pois elas “rompem com 
o pacto da verdade”, ou seja, dificultam a expressão do que acontece 
realmente com nossos alunos em relação à aprendizagem. Elas ferem 
o ato de avaliar e, por isso mesmo, o pacto ético da verdade, pois 
instrumentos com as distorções apontadas... não podem descrever qual a 
efetiva aprendizagem dos educandos (LUCKESI, 2011)
Consequentemente, os instrumentos avaliativos serão incapazes de uma 
real percepção do desempenho dos alunos. Assim, a avaliação exige do 
educador uma ética, neste caso, o pacto com a verdade, para a elaboração 
das avaliações, conforme regras bem claras, “científicas”, a fim de que os 
educandos não se tornem reféns, por exemplo, de ameaças e ansiedades 
de ordem psicológicas. 
Exatamente como vimos no capítulo anterior. As provas não podem 
ser um meio de controle da turma, de ameaça em detrimento do índice 
avaliativo. Exige-se hoje que as avaliações sejam modos para que nossos 
educandos possam avançar.
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As correções das avaliações devem estar sintonizadas com a verdade. 
As observações a serem relacionadas, devem ser “adultas e verdadeiras”, 
jamais “agressivas ou desqualificadoras”; justamente o contrário, devem 
ser “acolhedoras e construtivas”, a fim de que os alunos tenham no 
educador um parceiro – pois é disso que se trata, uma obra em parceria.
Sintetizando, então, diríamos que temos três pactos éticos – o 
profissional, o curricular e o da verdade: os três pactos podem se resumir 
em um só que seria a “eficiência do sistema de ensino”. Isto significa a 
procura pelo sucesso, um empenho “com o projeto pedagógico, por meio 
do constante investimento em soluções para os impasses emergentes”. 
Obviamente que para cumprir esses três pactos éticos, faz-se necessário, 
por parte do educador, ter uma “maturidade emocional”. Para toda 
conduta ética é preciso maturidade, pois “imaturidade produz condutas 
éticas insatisfatórias nas relações com os outros”.
Saiba Mais
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da 
Aprendizagem, Componente de um Ato 
Pedagógico. Ed. Cortez – São Paulo, 2011.
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9 Debate dos pressupostos éticos da formação humana e da sociedade
Objetivo
Compreender os pressupostos éticos da contemporaneidade em um 
mundo ambivalente.
Como é notório, vivemos em uma sociedade plural. Evidente também 
está que tal pluralidade não é um privilégio desta sociedade. Se fizermos 
um rápido resumo histórico, perceberemos que as civilizações sempre se 
depararam com a diversidade e os conflitos que daí se produziram. Para 
ficarmos apenas em um exemplo: na Grécia Antiga, no século IV a. C., 
Alexandre Magno buscou unificar a vastidão do mundo conhecido em 
torno da hegemonia grega. Os exércitos de Alexandre marcharam sobre 
o nordeste da África, sobre o Império Persa, Ásia Menor, chegando até 
a Índia. Imaginemos as trocas culturais que daí se sucederam? Assim, o 
encontro entre diversidades sempre ocorreu no mundo.
Mas por que, então, tanta polêmica quando retratamos o panorama 
contemporâneo? Sempre existiu, como mencionado acima, esse 
contanto plural entre as sociedades e culturas. O problema, no entanto, 
se encontra nos mecanismos hoje existentes, em que a cultura assume 
características muito próprias. Talvez estejamos acostumados, ou melhor, 
mal-acostumados em pensar a cultura de forma binária, isto é, de forma 
excludente: ou isto ou aquilo. Mas a realidade não é tão simples assim.
Conforme Pedro Goergen, a ciência, até o século XIX, manteve uma 
leitura linear e harmônica dos corpos físicos, como exemplo, a mecânica 
de Newton. No entanto, quando esta ciência passou a ser confrontada 
com a física quântica de Max Planck e/ou a teoria da relatividade de 
Albert Einstein, percebeu-se que ela não correspondia às necessidades 
daquela outra realidade. A realidade ínfima.
Tanto a mecânica quântica, quanto à teoria da relatividade constataram que seus 
objetos de observação, sendo de natureza variável – ora onda, ora partícula – e 
suscetíveis à interferência do observador, eram essencialmente inexplicáveis pelos 
métodos da física clássica newtoniana.
www.esab.edu.br 36
De modo que o “incerto” passa a ocupar as mentes e os espíritos da 
contemporaneidade a partir justamente das ciências naturais. E ainda 
de acordo com Goergen, o mundo adquire uma ambivalência, uma 
tensão “que significa tanto inventar quanto preservar; descontinuidade 
e prosseguimento; novidade e tradição; rotina e quebra de padrões...”. 
Assim, buscar pelos fundamentos éticos, pelos pressupostos éticos da 
formação humana, requer do pesquisador, bem como do educando, um 
outro olhar. Um olhar em perspectiva. Como foi dito, menos binário. 
É, portanto, entre aqueles pólos paradoxais e ambivalentes que os 
pressupostos éticos da formação humana irão se formar. O que 
caracteriza a nossa sociedade diversificada, é a natureza incerta e 
inconstante. Findou-se tudo o que era permanente e que conferia 
legitimidade aos tradicionais pressupostos éticos. De modo que, 
atualmente, fica difícil pautar-se por um fundamento ético exclusivo.
Como exemplo, tínhamos na Antiguidade Clássica, a ética socrática 
que se pautava, isto é, que tinha como fundamento o “conhecimento”. 
A referência, portanto, é o conhecimento. Para Sócrates, o bem moral 
é um dado do conhecimento. Ninguém, segundo o ateniense, erra 
voluntariamente, quem pratica o mal ou, quem faz o mal, faz por 
ignorância, isto é, faz porque ignora o bem. Ora, Sócrates percebia que 
os homens, por seu temperamento, buscam sempre seu próprio bem, de 
maneira que, quando fazem o mal, não o fazem por se tratar do mal em 
si, mas porque, naturalmente, esperam retirar daí um bem.
Para Sócrates, o mal é involuntário. Os homens se enganam, sub-
repticiamente, ao esperarem um bem quando, verdadeiramente, 
cometem apenas um equívoco, um erro de cálculo. Ou seja, são vítimas 
da própria ignorância. Assim, para nosso filósofo, o conhecimento é 
condição necessária para se praticar o bem. E seria, sob tal ponto de vista, 
impossível conhecer o bem e não fazê-lo.
Mais adiante, na Modernidade temos,entre outros, David Hume. O 
filósofo escocês é um empirista e desenvolveu o que denominamos 
“moral do sentimento”. Segundo esta concepção filosófica, não é a razão 
que determina nossa vontade e nossos atos, mas sim, as paixões. Somos 
movidos pelas nossas paixões, conforme pensava David Hume. Isso 
quer dizer que os nossos atos, os atos morais dizem respeito apenas às 
sensações de agrado e prazer, de dor e remorso que deles resultam. 
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Esses dois exemplos citados acima, indicam claramente que no 
passado, o que fundamentava uma determinada ação, determinado 
ato moral eram fundamentos muito claros. No caso de Sócrates, era a 
razão. O que determinava um ato era a capacidade de o ser humano 
agir racionalmente. O ato moral era um dado do conhecimento; ao 
passo que, com David Hume, o que determinaria um ato moral era o 
sentimento que resultaria de tal ato. Na contemporaneidade, entretanto, 
trabalhamos com um vasto número de pressupostos éticos, criando desse 
modo, uma realidade bem mais complexa para nos movermos.
Conforme Goergen,
No movimento persistente entre os pólos desses binômios, realiza-se a formação 
humana, em ambientes tanto formais quanto informais de educação. O aporte 
novo, próprio das sociedades complexas e plurais, é o caráter instável e plural desse 
universo formativo. Perde-se a permanência e a fixidez que conferiam autoridade 
e legitimidade aos processos formativos tradicionais em que objetivos claros e 
socialmente referenciados justificavam os procedimentos impositivos usados para 
‘transmitir’ conhecimentos e posturas éticas vinculantes a serem incorporados com 
resignação e conformismo. Ordem, disciplina, respeito, obediência e humildade eram 
pressupostos naturais de qualquer relação formativa.
Mas, com a crise dessas certezas, isto é, das “certezas epistêmicas e 
éticas”, com o estabelecimento de um mundo mais complexo e instável, 
consequentemente, a educação tradicional é, de igual modo, posta em 
xeque. Há, portanto, uma defasagem entre a formação tradicional e a 
formação contemporânea, uma vez que agora, o processo formativo está 
fundado sobre alicerces bem menos estáveis e permanentes. Ainda, então, 
segundo Georgen,
Essa mudança redefine profundamente a relação ensino-aprendizagem, substituindo 
a verticalidade monológica pela horizontalidade dialógica. Diálogo e busca, 
comunicação e construção tornam-se as novas referências da interpretação/leitura 
do real e dos processos dinâmicos de constituição de identidade. Objetividade e 
subjetividade [...], permanência e transição passam a ser pólos seminais de uma 
nova dinâmica formativa, relacional e fluida, ladeando o relativismo à busca de novas 
permanências dialógicas, sempre provisórias, ancoradas apenas no tempo transitivo 
da cultura construída pelo homem.
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Tarefa dissertativa
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tarefa dissertativa.
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10 Discussão das questões éticas contemporâneas
Objetivo
Discutir a Ética Aplicada, buscando resolver os problemas do 
cotidiano.
Quando nos remetemos às questões de ética contemporânea, observamos 
que muito do que se discute, relaciona-se à temática ecológica. Há 
muito os ecologistas vêm nos alertando acerca das ameaças inerentes a 
todo o processo de degradação ambiental. A partir da segunda metade 
do século XX, ou após a 2ª Guerra Mundial, inúmeros pensadores, de 
diferentes áreas do saber humano, têm-se debruçado sobre uma temática 
deveras complexa: a tecnologia e suas consequências nefastas para o 
meio ambiente. A própria produção da bomba atômica acende uma luz 
vermelha na capacidade destrutiva dos homens.
Assim, por volta da década de 1970, numerosos debates se 
desenvolveram em torno do tema. Alguns teóricos da reflexão filosófica 
denominada Ética Aplicada, desenvolveram ramos, tais como, ética 
ambiental, ética dos negócios, bioética, entre outras.
Estes ramos da Ética Aplicada têm em comum uma comunicabilidade, 
um diálogo multidisciplinar entre várias ciências. Esse diálogo não fica 
circunscrito apenas aos filósofos. Mas estes, buscam interlocutores com 
os demais ramos do conhecimento, com os demais profissionais dos mais 
variados campos de pesquisa. Entre estes campos, podemos destacar: a 
biologia, a sociologia, a psicologia, o direito, entre outros.
Diante dos desafios impostos aos seres humanos na contemporaneidade, 
a Ética Aplicada busca deliberar sobre os problemas práticos do dia a dia, 
problemas estes que necessitam de uma maior consciência dos possíveis 
riscos a que estamos expostos e quais as medidas necessárias a serem 
tomadas.
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As questões dos atos morais dizem respeito aos indivíduos em seu 
“íntimo”, e consequentemente, às pessoas com as quais convivemos. 
Assim, muitas vezes ficamos indiferentes, ou mesmo, nos recusamos a 
ver o sofrimento de alguém, de um animal, ou ainda, a degradação da 
natureza. Vemos essa degradação, por exemplo, em absoluto silêncio, seja 
porque esperamos obter algum lucro ou por interesses, na maioria das 
vezes, mesquinhos. 
O filósofo alemão Karl-Otto Apel (1922), conclui, considerando os 
efeitos danosos da tecnologia sobre a natureza, que se faz necessário 
desdobrar a reflexão ética em três níveis: a microesfera, a mesoesfera e a 
macroesfera. 
A microesfera (micro, do grego: mikrós, “pequeno”) trata dos assuntos 
mais íntimos, como a família, os vizinhos; a mesoesfera (mésos, “meio”) 
vincula-se ao campo da política nacional; a macroesfera (makrós, 
“grande”) refere-se ao destino da humanidade.
Estaria, portanto, no campo da macroesfera, o enfrentamento dos 
problemas como a expansão do desequilíbrio ambiental, os perigos das 
ações belicistas, o terror, entre outros.
A Bioética
A Bioética é um dos ramos da Ética Aplicada. Ela pretende entender 
e interferir, daí a ideia de “ética prática”, nos conflitos e polêmicas na 
esfera da moral em tudo aquilo que diz respeito à Vida. Configura uma 
conjunção entre conhecimento biológico e valores humanos. 
Ela também se distingue das éticas em geral, no tocante de que estas se 
preocupam mais com a forma dos argumentos éticos. A bioética busca, 
de outro modo, resolver conflitos éticos concretos. Conflitos forjados 
em sociedades seculares, onde nos embates de interesses não podemos 
recorrer a alguma autoridade transcendente e a negociação é feita 
somente por agentes morais.
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Esta ética aplicada à vida, percorre temas bastante amplos: desde relações 
interpessoais até questões acerca da sobrevivência do planeta. Dentro 
da medicina veterinária, por exemplo, a Bioética está vinculada à ideia 
de bem-estar dos animais. Sob esse aspecto, a principal razão de seu 
surgimento foram os abusos cometidos na utilização de animais em 
experimentos. Outras questões também fazem parte do repertório da 
Bioética, como a clonagem de seres humanos – técnicas desumanizantes.
Como já vimos, os referenciais éticos tradicionais, que conferiam 
sustentação aos atos morais do passado, já não são mais suficientes, ou 
melhor, não sustentam mais diante das alterações pelas quais passam o 
mundo. 
As novas descobertas científicas podem afetar e de certo afetam tanto 
positiva quanto negativamente a sociedade. Assim, a exame das vantagens 
e desvantagens de determinada tecnologia ou experimentos deve ser 
julgada por comissões de pessoas formadas em diversas áreas científicas. 
Em se tratando dos temas referentes à Bioética, o rápido avanço tecno-
científico faz com que os códigos de éticas tradicionais vinculados às 
profissões não consigam acompanhar tal avanço, de modo que são 
insuficientes para a compreensão dos polêmicos temas da Bioética. 
Disponível em 
http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica. Acessado 
em: 16/11/2015
http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica
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Resumo
No capítulo 6, vimos o tema da formação dos professores. Tangenciamosa questão da avaliação – que será melhor desenvolvida no capítulo 
subsequente. Apresentamos a lógica de que para uma melhor qualidade 
da educação, faz-se necessária uma contínua formação dos professores, 
bem como as condições de trabalho, o status social, as motivações 
pessoais. Tocamos no delicado assunto das complicadas condições de 
trabalho da profissão do educador. Estudamos também a questão da 
separação entre conteúdo e forma. E a importância fundamental da 
formação continuada em um mundo globalizado.
A discussão sobre avaliação foi privilegiada no capítulo 7. Não podemos 
mais admitir na contemporaneidade que as provas sejam usadas como 
ameaça ao aluno ou à turma como um todo. A avaliação deve ser vista 
como uma ferramenta para que o aluno possa avançar. Não mais as 
categorias do “certo” e do “errado”, mas como o aluno alcançou tal 
resultado. Não mais uma relação de poder, mas um comprometimento 
com a transformação social. A avaliação como um diagnóstico de um 
trabalho em conjunto.
No capítulo 8, discutimos avaliação e ética. Os três pactos sugeridos por 
Cipriano Luckesi: o primeiro, o pacto profissional, entre o educador, seus 
alunos, a escola e a sociedade. O segundo pacto, é o curricular. Além de 
cumprir o currículo há que se ter a garantia de que os alunos tiveram um 
aprendizado necessário. O terceiro pacto é o pacto com a verdade. As 
questões da avaliação devem ser coerentes e precisas.
Debatemos no capítulo 9, os pressupostos éticos da contemporaneidade. 
A sociedade plural em que vivemos não concebe mais o que foi 
produzido no passado. Vivemos em um mundo em que o esquema 
binário e linear de leitura deste mesmo mundo e do indivíduo nele 
inserido, não mais cria significados para nossa existência. É, portanto, 
na ambivalência desse mundo na qual os pressupostos éticos devem se 
formar.
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Por fim, no capítulo 10, buscamos discutir as questões éticas 
contemporâneas, mais precisamente, a Ética Aplicada, um ramo da 
reflexão filosófica, que pretende uma discussão multidisciplinar entre as 
várias ciências, como a biologia, a sociologia, a psicologia, o direito etc. 
A Ética Aplicada almeja resolver os problemas práticos do nosso dia-
a-dia. Vimos também, nesse capítulo, uma das éticas que compõem a 
Ética Aplicada, a Bioética. Um dos ramos da Ética Aplicada, a Bioética 
pretende interferir nos conflitos da esfera da moral em tudo aquilo que 
diz respeito à Vida. 
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11 Ética ambiental e o Antropoceno
Objetivo
Expor e discutir o Antropoceno e a Ética Ambiental.
Neste capítulo, daremos continuidade ao tema da Ética Aplicada, 
à temática da Bioética em consonância com a Geologia. Como foi 
colocado no capítulo anterior, a Bioética é um ramo da Ética Aplicada 
que trabalha ao lado de outras ciências, uma vez que com o avanço da 
tecnologia e da complexidade do mundo tornam insuficientes os códigos 
de ética tradicionais. Daí a interseção que fazemos uso da Bioética e da 
Geologia.
Antes, porém, devemos conceituar o que vem a ser essa (nova) palavra 
“antropoceno”. Qual o seu significado? Antropoceno tem suas raízes nas 
palavras gregas anthropos que significa “ser humano” e ceno que significa 
“novo”.
Estudos geológicos indicam que o planeta Terra passa por períodos 
cíclicos de transformações climáticas que, poderíamos afirmar, serem 
naturais. As forças da natureza alteram as condições de vida no planeta. 
Estudiosos estimam que a Terra já passou por estágios de transformações 
inúmeras vezes. 
Tal mudança aconteceu pela última vez antes do desenvolvimento da 
humanidade. Estudos indicam que um meteoro veio de encontro à 
terra e em consequência do choque, o clima foi alterado radicalmente. 
Tal acidente resultou, então, na eliminação por completo de inúmeras 
espécies de animais, entre elas, os dinossauros. Devido ao acidente, 
esse período, dominado pelos répteis, foi substituído pelo período dos 
mamíferos. É o que denominamos era Cenozóica. Nasce, desse modo, a 
humanidade.
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Essas transformações climáticas são inevitáveis e o planeta está próximo 
a enfrentar uma outra era geológica. Porém, cientistas endossam a tese 
de que com a interferência insidiosa dos homens ao meio ambiente este 
processo de transformação do clima está sendo antecipado. Os estudiosos 
desse processo, então, nomearam esta nova era de “Antropoceno”.
Antropoceno é o nome que se dá a esta era geológica que se caracteriza 
pela insensata atividade humana nos processos naturais por pelo menos 
três séculos. O Nobel de Química de 1995, o holandês Paul J. Crutzen, 
foi quem forjou tal conceito, impressionado que estava com a intensa 
escalada de destruição do meio ambiente motivada pela ação irracional 
dos homens. 
Nos últimos trezentos anos, o ser humano vem atingindo de forma 
voraz a natureza, favorecendo-se deste “assalto” para criar produtos para 
seu consumo destruidor. A intenção é sempre a busca pelo lucro, e este 
movimento predador só aumenta exponencialmente, desde a Revolução 
Industrial.
Conforme estudos geológicos, parece que este movimento de alteração 
climática, é inevitável. A própria natureza se encarrega, digamos, de 
se “renovar”. Essa renovação traz consigo um rastro de destruição e, 
ao mesmo tempo de transformação que altera sobremaneira a vida no 
planeta. A era Cenozóica vai dando seus últimos suspiros, só que de 
forma mais rápida devido a ajuda destrutiva dos seres humanos.
Diante da longa “história do planeta”, somos os primeiros seres 
a “colaborar” para a sua destruição. Após milhões de anos da era 
Cenozóica, uma mudança radical se aproxima e não sabemos o que virá 
posteriormente. 
A humanidade atravessou inúmeras crises em seu caminhar. Só para 
ficarmos no século XX, temos, por exemplo, a crise de 29 – a Grande 
Depressão ou o assim chamado Crakc da Bolsa de 1929 – uma depressão 
econômica que só termina ao final da guerra em 1945. Tivemos as duas 
grandes guerras que também afetaram de maneira invulgar a vida em 
sociedade. Contudo, a crise pela qual estamos começando a experimentar 
é bem mais radical e alterará de modo profundo e desconhecido as bases 
da civilização.
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Muito já se falou sobre a “missão” dos homens sobre a terra. O encargo 
que se criou para a humanidade a partir da Modernidade era o de 
controle e domínio dos fenômenos da natureza. Mediante a razão e a 
ciência, poderíamos surpreender os desastres naturais. Seríamos “mestres 
e senhores da natureza” como desejava o Filósofo inglês do século XVII 
Francis Bacon.
No século XIX, por exemplo, August Comte, o criador da doutrina 
Positivista, um culto à ciência e uma sacralização do método científico, 
era um entusiasta dos benefícios da industrialização, do progresso 
capitalista guiado pela técnica e pela ciência. Comte pesquisou as leis 
gerais que regeriam os fenômenos naturais. Baseado nessas leis, ele 
imaginava que o ser humano tornar-se-ia capaz de prever e agir sobre a 
realidade. Seu lema era “ver para prever”. 
Todavia, grande parte desse sonho está indo por água abaixo e morrendo 
na foz poluída de algum rio agonizante. De modo que hoje temos que 
inventar uma nova “missão” para a humanidade. Nossa missão ética, 
portanto, não tem como ponto de partida um sentimento grandioso ou 
altruísta em relação ao próximo. Mas um sentimento de sobrevivência, 
de preservação da espécie. Da nossa espécie.
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12 Ética cidadã
Objetivo
Discutir a ética cidadã, tendo como enfoque o indivíduo agindo com 
responsabilidade ética.
Vamos iniciar este capítulo com uma indagação: o que é ser cidadão? Se 
voltarmos na história da humanidade, especificamente na Grécia Antiga, 
veremos que nos primórdios da cultura grega, a ética era a “ética do 
guerreiro”. Segundo esta visão, o importante era partir orgulhoso para o 
combate, de peito aberto; o respeito irrestrito pelo adversário, sobretudo 
pelo adversário que se encontrasse caído. Basta lembrarmos da “Ilíada” de 
Homero, onde dá lugar o combateentre Heitor e Aquiles. Morrer cedo e 
em batalha era o anseio de todo guerreiro.
Saiba Mais
TROIA
Produção americana de 2004. 
Direção de Wolfgang Petersen, baseado na 
Ilíada do autor grego Homero que relata a 
guerra de Tróia. Tendo Brad Pitt como Aquiles 
no papel principal.
Posteriormente, ainda na Grécia Antiga, mas já por volta dos séculos 
VII e VI a. C., não vigora mais a ética do guerreiro, mas sim, a “ética 
do cidadão”. Esta ética, ao contrário da anterior, não mais privilegiava 
o guerreiro e todas as características relatadas acima, mas era uma ética 
da responsabilidade social. O homem grego, ou o cidadão grego era um 
homem da Polis, isto é, um homem da cidade, um homem político.
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E enquanto cidadão da Polis grega, percebe que seus atos devem ser 
orientados, pensando, sobretudo, nos concidadãos. O cidadão grego sabe 
que tudo o que fizer irá gerar um resultado que afetará toda a cidade. 
Sente-se, portanto, responsável por tudo.
Em cada momento da história humana, para o bem ou para o mal, o 
padrão ético, isto é, o modo como as pessoas vão agir em sociedade irá 
se alterar. Em alguns momentos, privilegia-se o ato cidadão, responsável; 
em outros, o que está mais em voga é o individualismo. Grosso modo, 
é o que ocorre no período medieval. O compromisso não é mais com 
a sociedade, no geral, mas com o divino. Os seres humanos buscam 
praticar atos bons, pois terão que prestar contas mais tarde na eternidade. 
Mas, neste nosso modelo atual – um modelo mais próximo ao padrão 
grego – é de sermos cidadãos e, entre outras coisas, devemos agir com 
responsabilidade, com respeito, com justiça, com não-violência e, 
consequentemente, agindo com solidariedade. Como vimos, todo ato 
moral é solidário. Devemos, para tanto, aprender a dialogar nas mais 
distintas circunstâncias – assim como faziam os gregos – e atentar para 
tudo o que ocorre no cotidiano do país, afinal, somos cidadãos da Polis 
(cidade).
Esses valores – responsabilidade, respeito, justiça, não-violência, 
solidariedade – devem ser passados por nós educadores para que sejam 
aprendidos e desenvolvidos por nossos alunos. Para que isso aconteça, 
ou seja, para que esses princípios éticos façam sentido, é necessário que 
exprimam situações da realidade, que se expressem em experiências 
práticas. E que haja o que chamamos de “autonomia moral”, isto é, a 
livre e consciente capacidade que devemos ter para analisar e eleger os 
valores que iremos seguir.
Ainda nos referindo à questão do diálogo, devemos observar que é 
através da comunicação racional entre as pessoas que irão se estabelecer 
os valores e os princípios éticos. Será através do diálogo, então, entre os 
educadores e os educandos que organizar-se-á os valores e conteúdos 
construídos na escola. Os valores devem partir de temas com significado 
ético criando condições para uma convivência dialógica.
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A melhor forma de passar os valores ou os princípios éticos que 
desejamos legar aos nossos alunos é por meio da arte do diálogo, é por 
meio da reflexão e da convivência, em situações da nossa realidade prática 
e mediante exemplos. A convivência escolar, nesse sentido, é de suma 
importância para a formação ética de nossos jovens, daí:
A necessidade de os adultos reverem o ambiente escolar e o convívio social que ali se 
expressa, a partir das próprias relações que estabelecem entre si e com os estudantes, 
buscando a construção de ambientes mais democráticos.
Mas para que assumamos efetivamente esta convivência dialógica 
e democrática temos que ter coerência em nossos atos. Quais as 
potencialidades daquele estudante específico? Quais as suas dificuldades? 
Quais os contextos da vida e quais os problemas pelos quais ele passa? 
De modo que, se não houver o respeito, o diálogo, a solidariedade como 
valores a serem passados, não estaremos oferecendo nenhuma razão 
suficiente para que nossos alunos pratiquem isso.
Só mesmo em um ambiente escolar que possua princípios mútuos de 
diálogo, respeito, solidariedade, justiça; só mesmo em um ambiente 
escolar que haja coerência e onde os alunos participem e se apropriem 
desses canais, será possível a transmissão dos valores éticos e da plena 
cidadania.
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13 Ética profissional
Objetivo
Discutir a ética profissional, visando a uma melhor convivência para 
que se tenha uma sociedade mais justa e solidária.
Como vimos nos capítulos iniciais deste trabalho, a ética é a reflexão 
sobre as condutas morais. Busca justificar o motivo ou os motivos 
pelos quais estas e não aquelas regras compõem a sociedade. A ética 
profissional é, portanto, uma reflexão sobre as regras e os valores que 
estão associados no ambiente específico daquela profissão.
Tal reflexão ou reflexões têm seu início, não no momento da prática 
profissional, mas bem antes, talvez durante a escolha da profissão ainda 
na adolescência. O jovem, ao optar por qualquer profissão, passa a 
acolher e a entrever um conjunto de deveres e obrigações inerentes àquela 
carreira. É notório que, quando se é jovem, no mais das vezes, a escolha 
de uma profissão e, consequentemente, seus deveres e obrigações são 
alvos de pouca ou nenhuma reflexão.
Mas obrigatoriamente, no período de formação profissional, junto 
ao exercício do aprendizado e das habilidades específicas da profissão, 
deve-se incluir necessariamente a reflexão sobre os componentes éticos 
daquela profissão. E, ao final do curso de graduação, os formandos fazem 
um juramento, cujo comprometimento e concordância vão inseri-lo na 
categoria privativa daquela profissão. 
A adesão voluntária ao juramento – que nada mais é do que uma 
reunião, um conjunto de normas estabelecidas como as mais apropriadas 
para o exercício profissional – é que caracteriza a ética profissional. 
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Mas, é importante observar, mesmo que o indivíduo seja um prático, 
com pouca ou nenhuma formação profissional, não está eximido do 
encargo assumidamente inerente àquela profissão ou atividade. O fato, 
por exemplo, de uma pessoa trabalhar em um lugar que não escolheu, 
“pois foi o que apareceu”, também não a exime de responsabilidades 
éticas profissionais. Gostando ou não do que faz, há deveres a cumprir.
Como se faz a reflexão ética profissional?
A reflexão pode ocorrer através de perguntas que podem nos guiar 
em torno de uma tal reflexão, por exemplo: podemos nos perguntar 
diante do dia a dia no trabalho. Estou cumprindo com minhas 
responsabilidades? Estou agindo como o esperado? O que devo 
fazer? Estou sendo um bom profissional? Atitudes de cooperação, de 
generosidade, de tolerância sempre estarão de acordo diante do que se 
espera das normas de conduta.
Uma coisa que muitas vezes não é levada em conta: as oportunidades 
que surgem quando não esperamos por elas. Isso se deve ao fato de se 
estar acessível e receptivo à sua atividade profissional. Sempre tentando 
aprender, melhorar, experimentando novas situações. Esta é, por si só, 
uma forma de ser eticamente um bom profissional.
Como já foi dito, todo ato moral supõe a solidariedade, logo, quando 
cada um faz, não apenas aquilo que lhe é devido, mas além daquilo que é 
esperado, estamos indo bem para a constituição de uma boa sociedade. 
Por exemplo, quando um funcionário da companhia de limpeza urbana, 
além de varrer a rua, se preocupa com o entulho que poderá impedir o 
escoamento normal da água da chuva; quando um engenheiro escolhe 
os materiais mais aconselháveis para uma determinada construção, esses 
dois profissionais estão indo na direção de estabelecer uma sociedade 
mais justa, cidadã e solidária.
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Não saberemos quem fez aquele trabalho, nem mesmo notaremos que foi 
feito, mas com certeza, isso fará uma grande diferença. Poderemos, com 
esses pequenos atos, evitar, quem sabe, grandes catástrofes: enchentes nas

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