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Direito empresarial

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FUNDAÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DE GOIATUBA - FESG
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE GOIATUBA - UNICERRADO
GRADUAÇÃO EM DIREITO
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO EMPRESARIAL
Artigo científico elaborado sob a orientação do professor Rogério Silva Barros, Evolução Histórica Do Direito Empresarial, como requisito parcial de aprovação no 6º período do curso de graduação em Direito do Centro Universitário – UNICERRADO.
Goiatuba
2017
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO EMPRESARIAL
RESUMO
O Comércio desde as primícias, porém a sua regulamentação sucedeu na Idade a partir da idade media. Assim sendo, presente artigo tem por objetivo apresentar a evolução histórica do Direito Comercial a partir das mudanças sofridas pela própria natureza dos atos de comércio até propagação de seus efeitos em legislação brasileira. De início, busca-se a compreensão da origem do Direito Comercial, advindo desde a Idade Antiga, buscando compreender o modo de como as pessoas viviam em sociedade, como passando pela noção de comércio e pela caracterização desse tipo de atividade através dos tempos. Abordando, ainda, o desenvolvimento do Direito Comercial no Brasil: iniciando com a teoria brasileira dos atos de comércio até o advento do Código Civil de 2002, que passou a adotar a teoria da empresa pela legislação pátria.
Palavras-chave: Evolução Histórica do Direito Comercial. Teoria dos Atos de Comércio. Código Civil/2002. Teoria da Empresa. 
ABSTRACT
Commerce from the first fruits, but its regulation happened in the Age from the middle age. Thus, this article aims to present the historical evolution of Commercial Law from the changes suffered by the very nature of trade acts until its effects are propagated in Brazilian legislation. At the outset, we seek to understand the origin of Commercial Law, coming from the Old Age, seeking to understand the way in which people lived in society, how to go through the notion of commerce and the characterization of this type of activity through the ages. Also addressing the development of Commercial Law in Brazil: starting with the Brazilian theory of trade acts until the advent of the Civil Code of 2002, which adopted the theory of the company by the country's legislation.
Keywords: Historical Evolution of Commercial Law. Theory of Trade Acts. Civil Code / 2002. Theory of the Company.[1: ]
INTRODUÇÃO
O comercio surgiu na idade antiga com o exercício da atividade mercantil, com algumas leis esparsas, que originou um sistema jurídico com regras e princípios próprios.
Nesse sentido, leciona André Luiz Santa Cruz Ramos:
[...] a classe burguesa, os chamados comerciantes ou mercadores, teve então que se organizar e constituir o seu próprio “direito”, a ser aplicado nos diversos conflitos que passaram a eclodir com a efervescência da atividade mercantil que se observa, após décadas de estagnação do comercio. As regras do direito comercial foram surgindo, pois da própria dinâmica da atividade negocial. (2016, p. 03).[2: RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito Empresarial Esquematizado. Rio de Janeiro : Forense, 2016. ]
Diante esse contexto evolutivo, os grandes conglomerados econômicos que não param de se fortalecer, é inimaginável a vida sem a atividade mercantil, pois originaram a atual rede mundial de consumo que se transformou o comércio.
No que se refere a idade media, a doutrina estrangeira destacou duas teorias acerca dos atos de comercio: A de Thaller, que resumiam esses como atividade de circulação de bens ou serviços, e a de Alfredo Rocco, que viam nos atos a caraterística comum de intermediação para a troca. 
A teoria mercantilista foi a base para regulamentar, as operações de crédito, direitos do consumidor, celebração de contratos, fusão de grandes empreendimentos, controle de práticas econômicas abusivas, consumo de produtos importados, cheques sem fundos, circulação de bens e valores, entre muitas outras operações executadas pela quase totalidade dos habitantes do planeta.
No cenário nacional, não se possuiu uma legislação própria antecedente ao Código Comercial de 1850, aplicavam-se as Ordenações da Coroa, quais sejam as Ordenações Filipinas, Manuelinas e Afonsinas.
Posteriormente, com a edição do Código de 1850, adotou-se a teoria francesa dos atos de comercio, que definia o comerciante como aquele que exercia mercancia de forma habitual, como sua profissão (RAMOS, 2016, p. 08).
Com o advento da revolução industrial, surgiram novas atividades econômicas relevantes, originarias da teoria da empresa. 
Nessa esteira, a teoria supracitada foi recepcionada pelo sistema jurídico brasileiro tanto pelo Código Civil de 1942 quanto pelo de 2002, sendo que a cada época possuiu efeitos diversos, se concretizando atualmente na autonomia do direito empresarial, regido por princípios próprios fundamentado no desenvolvimento econômico e social, da livre iniciativa, propriedade privada, autonomia da vontade e valorização do trabalho humano.
1. DESENVOLVIMENTO
Ao pensarmos de como era o comercio na idade antiga, podemos ver que hoje seria impossível viver em um mundo sem a evolução do comercio. E ao estudarmos o direito comercial, logo percebemos que, o comercio é muito mais antigo do que ele. 
As pessoas viviam em uma época onde se trocavam mercadorias, o qual se dava o nome de escambo, que consistia na pratica ancestral de se realizar uma troca comercial sem o envolvimento de moedas, ou objeto que se passe por esta. Então nota-se que o comercio existe desde a idade antiga, no entanto, nesse período histórico, berço das primeiras civilizações, não obstante de ate já existirem algumas leis esparsas para a disciplina do direito comercial, que se entendia como um regime jurídico sistematizado com regras e princípios próprios.
Eis que durante a idade media, o comercio já avançara um estágio mais avançado, e não era mais característica de apenas alguns povos, porém de todos eles. E foi justamente nessa época que deu o surgimento das raízes do direito comercial, ou seja, do surgimento de um regime jurídico especifico para as relações mercantis, a primeira fase desse ramo do direito. É a época do ressurgimento das cidades (burgos) e do Renascimento Mercantil. Acontece que na Idade Media não existia ainda um poder político central forte, capaz de impor regras gerais e aplicá-las a todos, pois o poder politico era altamente descentralizado nas mãos da nobreza fundiária.
Surgem então nesse cenário as chamadas Corporações de Ofício, que imediatamente fizeram um excelente papel na sociedade da época, obtendo uma grande autonomia em relação à nobreza feudal. Como nessa primeira fase do direito comercial, ainda, não existiam nenhuma participação “estatal”, cada corporação tinha seus próprios usos e costumes, e os aplicava, por meio de cônsules, eleitos pelos próprios associados, para reger as relações entre seus membros. Eram compostas por Mestres (que eram os donos de oficina, com bastante experiência no ramo em que exercia); Oficiais (tinham um ótimo conhecimento na área, e recebiam um salário pela função que atuava); e os Aprendizes (eram jovens iniciantes que estavam na oficina para aprender o serviço, não eram remunerações, porém, muitas vezes recebiam uma espécie de ajuda). Nessa etapa de formação do direito comercial é que surgiu seus primeiros institutos jurídicos, como os títulos de créditos, que originou a letra de cambio; as sociedades, nomeadas como comendas; os contratos mercantis, como o de seguro, e os bancos. 
Um aspecto importante desta fase inicial do direito comercial é a sua figura subjetivista. Suas regras só se aplicavam aos mercadores filiados a uma corporação. Assim sendo, bastava que uma das partes de uma determinada relação fosse comerciante para que fosse a mesma disciplinada pelo o direito comercial (ius mercatorum), em detrimento dos demais direitos. Como bem colocado por FRANCESCO GALGANO: 
“O ius mercatorum nasce, portanto, como um direito directamente criado pela classe mercantil, sem a mediação da sociedade política;nasce como um direito imposto em nome de uma classe, e não em nome da comunidade no seu conjunto. É imposto aos eclesiásticos, aos nobres, aos militares, aos estrangeiros. Pressuposto da sua aplicação é o mero facto de se haverem estabelecido relações com um comerciante.”[3: GALGANO, Francesco. História do direito comercial. Tradução de João Espírito Santo. Lisboa: Editores, 1990, p. 39.]
Finalmente, o sistema de jurisdição especial que marca essa primeira etapa do direito comercial causa uma imensa modificação na teoria do direito, pois o sistema jurídico comum tradicional vai ser suprido por um direito especifico, peculiar a uma determinada classe social e disciplinar da nova realidade econômica que surgia.
O comercio foi se intensificando progressivamente, após o período do Renascimento Mercantil, sobretudo em função das feiras e dos navegadores. O sistema de jurisdição especial foi surgido e desenvolvido nas cidades italianas, difunde-se por toda Europa, chegando a países como França, Inglaterra e Alemanha.
Porém as corporações de oficio foram perdendo gradativamente o monopólio da jurisdição mercantil, na medida em que os Estados reivindicam e chamam para si o monopólio da jurisdição e se consagram a liberdade e a igualdade no exercício das artes e ofícios.
Assim é que, em 1804 e 1808, foram editados na França, o Código Civil e o Código Comercial. Dando origem a então segunda fase, podendo-se dizer em um sistema jurídico estatal, destinado a disciplinar as relações jurídico-comerciais. Surgindo um direito comercial posto e aplicado pelo Estado.
O Código Civil era basicamente um corpo de leis que respondia os interesses da nobreza fundiária, pois era dirigido ao direito de propriedade. Já o Código Comercial encarnava o espirito da burguesia comercial e industrial, destacando a riqueza imobiliária. 
Entretanto era necessário criar um critério que restringisse o âmbito de incidência do direito comercial, já que este surgiu como um regime jurídico especial para regular as atividades mercantis. Então a doutrina francesa gerou a teoria dos atos de comercio, que tinha como função atribuir quem praticasse os denominados atos de comercio.
O direito comercial então regulamentaria as relações jurídicas que abrangessem a atividade de alguns atos definidos em lei como atos de comercio.
Na doutrina estrangeira, Thaller resumia os atos de comercio como uma circulação de bens ou serviços, logo Alfredo Rocco, definia os atos de comercio como um atributo comum de intermediação para a troca.
A teoria de Rocco foi predominante. Ele concluiu, em síntese, que todos os atos de comercio possuíam uma característica comum: a função de intermediação na efetivação da troca. Em suma: os atos de comércio seriam aqueles que ou realizavam diretamente a referida intermediação ou facilitavam a sua execução.
Acerca das formulações doutrinarias, André Luiz Santa Cruz Ramos destaca que: 
“A doutrina criticava o sistema francês afirmando que nunca se conseguiu definir satisfatoriamente o que são atos de comércio. Ademais, mesmo à luz da doutrina de Rocco, é forçoso reconhecer que a ideia de intermediação para a troca sempre esteve longe de conseguir englobar todas as relações jurídicas verificadas no mercado”.[4: RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito Empresarial Esquematizado. Rio de Janeiro : Forense, 2016. ]
A teoria francesa dos atos de comércio foi adotada por quase todas as codificações oitocentistas, inclusive a do Brasil (Código Comercial de 1850).
 Os atos de comercio na legislação brasileira
A teoria dos atos de comercio ultrapassou as fronteiras da França espalhou pelo mundo, inclusive chegando ao Brasil, necessariamente ao inicio dos anos de 1800, quando se deu inicio as discussões em nosso país em face da necessidade de edição de um Código Comercial. 
Vale lembrar que por muito tempo o Brasil não possuiu uma legislação própria. Aplicavam-se as leis de Portugal, as denominadas Ordenações do Reino (Ordenações Filipinas, Ordenações Manuelinas e Ordenações Afonsinas).
Com a vinda de D. Joao VI ao Brasil, com a abertura dos portos às nações amigas, que ampliou o comércio na colônia, criando assim a “Real Junta de Comércio, Agricultura, Fábrica e Navegação”, a qual tinha, entre outros propósitos, tornar possível a criação de um direito comercial brasileiro.
Eis que, em 1832, foi criada uma comissão com a finalidade de tornar essa ideia em realidade, ou seja, colocá-la em prática. Assim que, em 1834, a comissão expôs ao congresso um projeto de lei, este que foi aprovado e foi promulgado em 15.06.1850. Tratava-se da Lei 556, o Código Comercial brasileiro.
O Código de 1850 adotou a teoria francesa dos atos de comercio, por influxo da codificação napoleônica. O Código Comercial definiu o comerciante como aquele que exercia a mercancia de forma habitual, como sua profissão. 
Ainda que o próprio Código não tenha mencionava o que considerava a mercancia (atos de comercio), o legislador prontamente cuidou em fazê-lo, no Regulamento 737, também do ano de 1850. Prestação de serviços, negociação imobiliária e atividades rurais já não existiam.
Segundo o art.19 do referido diploma legislativo, conceituavam-se mercancia:
“§ 1.º a compra e venda ou troca de efeitos móveis ou semoventes para os vender por grosso ou a retalho, na mesma espécie ou manufaturados, ou para alugar o seu uso;
§ 2.º as operações de câmbio, banco e corretagem;
§ 3.º as empresas de fábricas; de comissões; de depósito; de expedição, consignação, e transporte de mercadorias; de espetáculos públicos;
§ 4.º os seguros, fretamentos, riscos e quaisquer contratos relativos ao comércio marítimo;
§ 5.º a armação e expedição de navios.”
Foi revogado em 1875 o Regulamento 737, porém o seu rol enumerativo dos atos de comércio seguiu sendo levado em conta, tanto pela doutrina quanto pela jurisprudência.
 A teoria dos atos de comércio na doutrina brasileira
Nota-se que a teoria dos atos de comércio ao pensamento dos grandes comercialistas brasileiros, é que também para eles o percurso para a tentativa de uma conceituação dos atos de comercio foi profundamente sinuoso.
À medida que, na doutrina alienígena se enfatizou a formulação de Rocco, no Brasil salientou merecida a formulação de Carvalho de Mendonça, que fragmentava os atos de comércio em três classes: 
 Atos de comércio por natureza - visava entender as atividades típicas de mercancia.
Atos de comércio por dependência ou conexão – compreendiam os atos que facilitavam ou auxiliavam a mercancia.
Atos de comercio por força ou autoridade da lei - Qualquer que seja o objeto, a companhia é mercantil e se rege pelas leis e usos do comércio. (art.2.º § 1.º da Lei 6.404/76).
Conclui-se que, a título de exemplo do que se ocorreu na Europa, a doutrina brasileira, da mesma forma não conseguiu atribuir um conceito unitário aos atos de comércio.
Teoria da empresa 
Diante do que foi abordado nos tópicos anteriores, nota-se que o direito comercial, com o passar dos tempos mostrou-se defasado, juma vez que a incandescência do mercado, especialmente após a Revolução Industrial, provocou o surgimento de outras atividades econômicas relevantes, e varias não se estavam compreendidas no conceito de “ato de comércio”.
Em 1942, a Itália edita um novo Código Civil, trazendo um novo sistema do regime jurídico comercial: a teoria da empresa.
Apesar de que o Código Civil italiano de 1942 tenha adotado a teoria da empresa, não estabeleceu um conceito jurídico de empresa. Porém promoveu a unificação formal do direito privado, regularizando as relações civis e comerciais em um único diploma legislativo. O direito comercial entra, finalmente, na terceira fase de seu passo evolutivo. 
Ademais, a unificação foi alcançada de forma plena, sendo apenas no âmbito formal, uma vez que ainda existiam o direito comercial e o civil como disciplinas autônomas e independentes. O direito civil ainda continuava sendo um regime jurídico geral de direito privado, e o direito privado sendo um regime jurídicoespecial de direito privado.
Vale lembrar, todavia, com a edição do Código Civil italiano e a formulação da teoria da empresa, é que o direito comercial deixou de ser, o direito do comerciante, ou o direito dos atos de comercio, para ser tornar o direito da empresa, o que abrangeu uma seria maior de relações jurídicas.
O direito comercial, na teoria da empresa, não se delimita a regular apenas as relações jurídicas em que suceda a pratica de um determinado ato estabelecido em lei como ato de comercio. 
2.2. A teoria da empresa no Brasil antes do Código Civil de 2002
O novo Código Civil brasileiro aboliu grande parte do Código Comercial de 1850, buscando uma unificação, mesmo que formal, do direito privado. Se falando do Código Comercial ainda resta apenas o Comércio marítimo.
O Código Civil de 2002 trata, no seu Livro II, Título I, do “Direito de Empresa”. Extingue a figura do comerciante, e surge a figura do empresário, não se falando mais em sociedade comercial e sim em sociedade empresária. Porém a mudança encontra-se distante de se limitar os aspectos terminológicos. O direito brasileiro integra a teoria da empresa em nosso ordenamento jurídico, adotando o conceito de empresarialidade para delimitar o âmbito de incidência do regime jurídico empresarial.
Não se pronuncia mais em comerciante, como sendo aquele que exerce habitualmente atos de comercio. Mas refere-se agora em empresário, sendo este que conforme art.966 do Código Civil: “exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços”.[5: Código Civil - Lei 10406/02 | Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em: < https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/91577/codigo-civil-lei-10406-02#art-966>Acesso em: 01 de maio de 2017.]
Após o Código Civil 2002 ter adotado a teoria da empresa, o Código Comercial de 1850 se tornou superado e ineficaz. Com a edição do Código Civil de 2002, torna-se, portanto, prisco as noções de comerciante e de ato de comércio, sendo substituídas pelas definições de empresário e de empresa, respectivamente.
O Código Civil não determinou diretamente o que vem a ser empresa, mas concebeu o conceito de empresário disposto no seu art. 966, conforme já mencionado acima. 
Do conceito de empresário acima transcrito, pode-se dizer que empresa é uma atividade econômica organizada tendo como finalidade a circulação e produção de bens ou serviços. Nessa logica, segue a seguinte decisão do Superior Tribunal de justiça: 
(...) 2. O novo Código Civil Brasileiro, em que pese não ter definido expressamente a figura da empresa, conceituou no art. 966 o empresário como "quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços" e, ao assim proceder, propiciou ao interprete inferir o conceito jurídico de empresa como sendo "o exercício organizado ou profissional de atividade econômica para a produção ou a circulação de bens ou de serviços". 3. Por exercício profissional da atividade econômica, elemento que integra o núcleo do conceito de empresa, há que se entender a exploração de atividade com finalidade lucrativa. (...) (STJ, REsp 623.367/RJ, 2.ª Turma, Relator. Ministro. João Otávio de Noronha, DJ 09.08.2004, p.245).[6: STJ - RECURSO ESPECIAL : REsp 623367 RJ 2004/0006400-3. Disponível em: < https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/19492266/recurso-especial-resp-623367-rj-2004-0006400-3-stj> acesso em 10 de maio de 2017.]
Empresa, portanto é uma atividade, algo abstrato, já o empresário por sua vez, é quem a exerce. Sendo assim, pode-se falar que a empresa não é sujeito de direito, e sim é o titular da empresa.
E agora: direito comercial ou direito empresarial? Não se pode negar que o uso da expressão direito comercial se consagrou no meio jurídico acadêmico e profissional, sobretudo porque foi o comércio, desde a Antiguidade, como dito, a atividade precursora deste ramo do direito. Ocorre que, como bem destaca a doutrina comercialista, há hoje outras atividades negociais, além do comércio, como a indústria, os bancos, a prestação de serviços, entre outras. Hodiernamente, portanto, o direito comercial não cuida apenas do comércio, mas de toda e qualquer atividade econômica exercida com profissionalismo, intuito lucrativo e finalidade de produzir ou fazer circular bens ou serviços. Dito de outra forma: o direito comercial, hoje, cuida das relações empresariais, e por isso alguns têm sustentado que, diante dessa nova realidade, melhor seria usar a expressão direito empresarial. Alguns autores, inclusive, já acolheram a nova denominação, e por isso já podemos ver uma série de cursos e manuais de direito empresarial. Também não é pequeno o número de Faculdades de Direito que alteraram o nome da disciplina direito comercial para direito empresarial. Em contrapartida, também há inúmeros autores que continuam com seus cursos e manuais de direito comercial, bem como há inúmeras Faculdades que mantiveram em seus currículos a disciplina direito comercial. Ora, não há maiores problemas na alteração da nomenclatura do direito comercial. E parece-nos que este deve ser realmente o caminho a ser adotado pela doutrina. De fato, não é salutar a falta de uniformidade na referência a este importante ramo da árvore jurídica. Seria interessante que se chegasse a um consenso, e a partir de então fosse adotada uma única nomenclatura. E a mais adequada, diante da definitiva adoção da teoria da empresa pelo nosso ordenamento jurídico, é a expressão direito empresarial.
CONCLUSÃO
A historia do direito comercial é marcada pelos costumes de cada fase, dispensando por vezes o formalismo e levando mais em consideração as reais praticas usadas pela sociedade. O direito de comercio no Brasil é a única matéria que usa costumes como fonte, deixando ainda mais evidenciado que cada mudança, cada evolução da humanidade reflete diretamente no Direito Comercial.
Logo, concluo que as mudanças do direito de comercio, as diferentes fases existiram para acompanhar a mudança que passava a estrutura mercantil mundialmente. Mudanças essas que continuarão acontecendo, pois “não é o homem que deve acompanhar o direito e sim o direito acompanhar o homem”.
REFERÊNCIAS
RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito empresarial esquematizado/André Luiz Santa Cruz Ramos. – 6. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Fonrense; São Paulo : MÉTODO, 2016.
GALGANO, Francesco. História do direito comercial. Trad. Jõao Espirito Santo. Lisboa: Editores, 1990.
Código Civil - Lei 10406/02 | Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em: < https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/91577/codigo-civil-lei-10406-02#art-966>Acesso em: 01 de maio de 2017.
STJ - RECURSO ESPECIAL : REsp 623367 RJ 2004/0006400-3. Disponível em: < https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/19492266/recurso-especial-resp-623367-rj-2004-0006400-3-stj> acesso em 10 de maio de 2017.

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