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Ato Infracional Psicologia

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O ato infracional é conceituado pelo artigo 103 da lei 8.069/90, Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), que diz:
Art.103:”Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal”. 
Diferentemente do infração penal, o ato infracional se aplica a menores de idade, que serão submetidos à regras da lei supracitada, sendo que para critério de aplicação da lei, será considerada a idade do menor no dia em que ocorreu no ato. 
Crianças e adolescentes que comentem infrações penais são responsabilizados de forma diferente. Sendo assim, os atos infracionais são divididos em três espécies: leves, graves e gravíssimos. No primeiro, são atos infracionais análogos a infrações penais de menor potencial ofensivo. A segunda, graves, são atos relativos a crimes de maior potencial ofensivo. E por ultimo, os gravíssimos, são atos análogos a crimes que utilizam de violência ou grave ameaça a pessoa cuja a pena mínima seja maior que um ano. 
Para cada ato infracional tem-se uma medida socioeducativa para o menor. Essas medidas, estão previstas no artigo 112 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Com caráter predominantemente educativo, essas medidas vem com a função de mostra ao jovem a responsabilidade pelo ato cometido. 
É de responsabilidade do juiz da vara da infância e da juventude aplicar sentenças com as medidas, após análise de capacidade do adolescente de cumprir a medida, das circunstancias do fato e da gravidade da infração.	
Na mesma lei, tem-se descrito em seu artigo 129 a responsabilidade dos pais ou responsáveis quanto aos jovens que cometem esses atos:
Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável:
I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família;            
 II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua freqüência e aproveitamento escolar;
VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento especializado;
VII - advertência;
VIII - perda da guarda;
IX - destituição da tutela;
X - suspensão ou destituição do pátrio poder poder familiar.             
Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto nos arts. 23 e 24.
Com isso podemos ver que os atos infracionais interligam sociedade, famílias e, as crianças e adolescentes, que cometem os atos infracionais. Diante disso resta nos a entender de onde surge essas ideia de penas educativas aos menores infratores e como ela se coloca na nossa sociedade brasileira com o passar dos tempos. 
Com relação aos fundamentos citados a partir dos pontos a seguir são referentes ao artigo Uma Breve História Dos Direitos Da Criança e do Adolescente no Brasil feito por Gisella Werneck Lorenzi, publicado pela Fundação Telefônica, em 30 de novembro de 2016.
Não se tem registro, até pouco tempo, de politicas públicas sociais desenvolvidas pelo Estado, na época de 1900. A população de baixa renda era entregue a sorte e cuidados da Igreja Católica, através de instituições. As mesmas, tinham como foco o cuidado dos doentes e, também, com os órfãos e desprovidos. Já com relação ao ensino educacional, eram poucos os privilegiados que tinham acesso, uma vez que, o próprio sistema fazia varias exigências para que se pudesse selecionar quem poderia ou não ingressar nas escolas. Neste mesmo período de tempo, revolução industrial a todo vapor, se tinha a permissão de trabalho infantil a partir dos 12 anos de idade. 
Em 1923, com o advento de protestos sociais, lutas do proletariado contra a burguesia exploradora, a classe entre varias outra reivindicações, reclamava a proibição do trabalho de menores de 14 anos, além da abolição do trabalho noturno para as mulheres e os menores de 18 anos. Com todo esse alvoroço social, foi criado o primeiro Juizado de Menores. No ano de 1927, foi promulgado o primeiro documento que era especifico para a população menor de 18 anos: o Código de Menores, sendo esse não endereçado a todas as crianças, mas sim à aquelas que se encontravam em situação irregular.
O cenário mundial já vinha com um embate de guerra fria, meados do ano de1940, ou se estava de um determinado lado ou de outro, não tinha-se meio termo, e com as politicas sociais desaparecidas, uma vez que não se tinha uma frente social forte para defesa da população de baixa renda, se instaurava um Estado autoritário com características coorporativas no país. Com toda essa perspectiva, em 1942, foi criado o SAM – Serviço de Assistência ao Menor. Tratava-se de um órgão do Ministério da Justiça que funcionava como um sistema carcerário para os menores de dezoito anos, sua orientação era correcional-repressiva. 
Posteriormente, no ano de 1946, houve a promulgação de uma nova constituição. De caráter liberal, essa constituição trouxa a tona as instituições democráticas, interdependência dos três poderes, o pluripartidarismo, eleições diretas, a liberdade sindical e o direito à greve. Acabando com a censura e pena de morte. 
Com o intuito da melhoria do desenvolvimento da criança e do adolescente no Brasil, na mesma época, foi instalado o primeiro escritório da UNICEF no Brasil, na cidade de João Pessoa, Paraíba, com iniciativas quanto a saúde e proteção da criança em algumas cidades do nordeste brasileiro. 
Com todas essas mudanças houve dois pensamentos imergentes na população: um tendendo para a população de baixa renda, com cunho mais social, e a outra do controle da mobilização e organização que vinha se percebendo dentro das comunidades. 
Nesse inteirem, o SAM começa a ser associado, pela opinião pública, como “escola do crime”. Sendo esse período marcado por uma sociedade melhor organizada. 
	Entre 1964 à 1979, período em que houve o golpe militar no Brasil, o país se uniu a países de posicionamento capitalista. Em 1967 foi instaurada uma nova Constituição que estabeleceu variadas diretrizes para a vida social. Restrições quanto a opinião e expressão, retirada de recursos no campo do direito social, entre diversos atrasos que a sociedade tinha alcançado em vinte anos de democracia. 
 Com relação as crianças e jovens brasileiros, foram criadas duas leis, Lei 4.513/64, a qual criou a FUNABEM (Fundação Nacional do Bem – Estar do Menor), e o Código de Menores. O FUNABEM, tinha como objetivo implementar a Politica Nacional do Bem Estar do Menor, herdado todo o pessoal e estrutura física da SAM. O sistema tinha como foco a internação dos abandonados e carentes, além dos menores infratores que eram os principais. O Código de 79 tinha como base a arbitrariedade, assistencialismo, e repressão junto à população infanto - juvenil. 
Na década de 80, com a reabertura da democracia, com a promulgação da Constituição da Republica de 1988, a Constituição Cidadã. Além disso, essa época apresentou-se como uma das mais importantes para os movimentos sociais em prol da infância e juventude brasileira. A organização de grupos em torno do tema eram basicamente os menoristas e os estatutistas. 
Os menoristas, defendiam a reforma do Código de Menores, que propunha regulamentar a situação dos jovens e crianças que estavam em situação irregular. Os chamados estatutistas, foram de grande importância para ter-se conseguido a reforma e implantação de um novo estilo de direito para as crianças e os jovens brasileiros, defendendo uma grande mudança no código, colocando os tutelados como sujeitos de direito e uma politica de proteção integral dos mesmos. Na própria Constituição, observa-se no artigo 227 a modificação da visão da sociedade perante os direitos dessa parcela populacional, importando o conceito das Doutrina de Proteção Integral da Organização das Nações Unidas. 
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e aojovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.  
§ 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança, do adolescente e do jovem, admitida a participação de entidades não governamentais, mediante políticas específicas e obedecendo aos seguintes preceitos;
I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na assistência materno-infantil;
II - criação de programas de prevenção e atendimento especializado para as pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente e do jovem portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de discriminação. 
 § 2º A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência.
§ 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos:
I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII;
II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;
III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à escola; 
 IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica por profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar específica; 
V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade;
VI - estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado;
VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança, ao adolescente e ao jovem dependente de entorpecentes e drogas afins. 
§ 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente. 
§ 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte de estrangeiros. 
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. 
§ 7º No atendimento dos direitos da criança e do adolescente levar-se- á em consideração o disposto no art. 204.
§ 8º A lei estabelecerá: 
 I - o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos dos jovens;  
II - o plano nacional de juventude, de duração decenal, visando à articulação das várias esferas do poder público para a execução de políticas públicas.  
Já na década de 90, vemos o surgimento da Lei 8.069/90, Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA. A promulgação de uma lei em que tem-se um documento de direitos humanos que contempla o que tem de mais avançado na normativa quanto direitos da população infanto-juvenil. Esse documento altera significativamente as possibilidades de intervenção arbitraria do Estado na vida de crianças e adolescentes. 
Ainda há muitos obstáculos para que consigamos implementar o ECA em alguns âmbitos sociais e dentro do próprio direito. Muitos sociólogos, psicólogos, entre outros profissionais, analisam que deverá ser feita uma mudança geral tanto no comportamento social, quanto os profissionais que lidam com as crianças e adolescentes que passam por situações de risco eminente ou que já se envolveram em certos fatos típicos do direito penal brasileiro. Existem barreiras, mas são inegáveis os avanços feitos ate o momento, e que os mesmos tem um valor significativo se comparado a todo o histórico brasileiro. 
Mesmo sendo considerado um dos melhores estatutos feitos na historia do Brasil, o ECA ainda tem uma deficiência quanto a sua aplicação. Mas como sempre vemos, o Brasil tem uma distancia muito grande entre a lei e a realidade vivida pelos brasileiros. O Estado tem grande parcela de culpa nessa aplicação deficitária, quanto a sociedade, que hoje não se preocupa na formação do individuo, sendo que transfere, na maioria das vezes, para as instituições de ensino. A educação não educa, a saúde não cuida e cada vez mais temos jovens desamparados e despreparados para a vida adulta apos uns anos.

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