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Troca de Calor George Lima Marques e Delaine Silva Santos Departamento de Ciências Exatas e Tecnológicas – Universidade Estadual de Santa Cruz Ilhéus - Bahia Resumo. O experimento consiste no estudo da variação de temperatura de porções de água no interior de um calorímetro e determinação da capacidade térmica dessas porções, assim como a análise de forma prática dos fenômenos de troca de calor e equilíbrio térmico em um sistema, obtendo resultados satisfatórios dados às condições do experimento. 1. Introdução O calor que é transferido quando se realiza um processo químico ou físico pode ser determinado por uma técnica experimental conhecida como calorimetria. O Calor é definido como (1) O equipamento utilizado para a aferição nesse tipo de procedimento é um calorímetro, é um aparelho simples construído para isolar termicamente o seu interior, para que não ocorram trocas de calor entre o interior e o ambiente externo, como mostra a figura 1. Neste instrumento é colocado um termômetro obviamente usado para aferição da temperatura do sistema. [1] Figura 1 - Esquema de montagem de um calorímetro. O princípio da igualdade das Trocas de Calor diz que quando vários corpos trocam calor apenas entre si, a soma das quantidades de calor a que alguns cedem é igual, em módulo, à soma das quantidades de calor que os restantes recebem. Q1 + Q2 +...+ Qn = 0 (2) A temperatura de um objeto varia quando emite ou absorve calor, esta variação de temperatura sofrida por um objeto que absorve certa quantidade de energia é denominada capacidade calorífica deste objeto. Mais especificamente, a capacidade calorífica de um objeto é a quantidade de energia necessária para elevar a sua temperatura em 1ºC ou 1K. Existe também a capacidade calorífica específica ou simplesmente calor específico de uma substância, que é a energia necessária para elevar de 1K ou 1ºC a massa de 1g da substância. A capacidade térmica é calculada da forma: (3) A relação utilizada para calcular o calor específico de um calorímetro em que são adicionadas amostras de uma mesma substância com temperaturas diferentes é: Ou (4) Onde é a capacidade térmica do calorímetro, é a temperatura final do sistema, é a temperatura inicial da primeira amostra, é a temperatura inicial da segunda amostra, é a massa da primeira amostra, é a massa da segunda amostra e é o calor específico da substância.[2] 2. Procedimento Experimental Obteve-se, com a balança, a massa(m) do copo de alumínio interno ao calorímetro. Colocou-se uma porção de água no interior do calorímetro (menos da metade do seu volume) e mediu-se a massa (m) dessa porção água. Colocou-se um termômetro no interior do calorímetro e obteve-se a temperatura dessa porção de água. Mediu-se a massa do balão de vidro e, posteriormente, colocou-se uma certa quantidade de água. Mediu-se novamente a massa do balão de vidro, para obter a massa de água no seu interior. O balão de vidro foi aquecido, utilizando a fonte de calor e o suporte, até uma temperatura superior a 40°C. Utilizou- se o termômetro para verificar a temperatura dessa porção de água. Colocou-se a água aquecida no interior do calorímetro, tampou- o e introduziu o termômetro no orifício da tampa e mediu-se a temperatura de equilíbrio do sistema. Repetiu-se todo o procedimento mais duas vezes. Antes de reiniciar o experimento, enxaguou-se o copo de alumínio com água até que o mesmo retornou à temperatura ambiente e checou-se essa temperatura inicial (ambiente) para cada medida. Repetiu-se o experimento utilizando, agora, uma porção de água fria (com temperatura inferior a 10°C). Obteve- se essa porção de água fria misturando água à temperatura ambiente com alguma quantidade de gelo. Repetiu-se este procedimento mais duas vezes. Nas medidas indiretas o valor da grandeza final dependerá das incertezas de cada uma das grandezas obtidas direta ou indiretamente, bem como da forma da expressão matemática utilizada para obtê- las. (5) 3. Resultados e Discussão A massa do calorímetro obtida na balança foi de 31,0 g. Com esse valor, fazendo uso da equação (3) podemos calcular a capacidade térmica do calorímetro, sendo seu calor específico (0,90 ± 0,01) J/g °C. Então: A tabela a seguir, contém os valores das medições referentes a mistura da água à temperatura ambiente e a água quente: Tabela 1: Valores referentes as medidas feitas para a mistura de água quente com água a temperatura ambiente. Medida 1 Medida 2 Medida 3 MTA* 91,1 g 91,3 g 90,6 g Ti* 24 °C 25 °C 24 °C MAQ* 90,1 g 94,5 g 90,1 g TAQ* 41 °C 43 °C 43 °C Tf* 33 °C 34 °C 33 °C *MTA é a massa da água a temperatura ambiente; Ti é a temperatura inicial; MAQ é a massa de água quente; TAQ é a temperatura da água quente e Tf é a temperatura final do sistema. Esta próxima tabela contém os valores das medições referentes a mistura da água à temperatura ambiente e a água fria: Tabela 2: Valores referentes para a mistura da água fria com a água a temperatura ambiente Medida 1 Medida 2 Medida 3 MTA* 90,8 g 89,7 g 90,2 g Ti* 24 °C 23 °C 24 °C MAF* 90,1 g 92,3 94,1 TAF* 9 °C 7 °C 7 °C Tf* 17 °C 16 °C 16 °C *MTA é a massa da água a temperatura ambiente; Ti é a temperatura inicial; MAF é a massa de água fria; TAF é a temperatura da água fria e Tf é a temperatura final do sistema. Sabendo que o calor específico da água é (4,18 ± 0,01) J/ g °C e fazendo uso da equação (3), podemos determinar a capacidade térmica das porções de água: Onde é a capacidade térmica da água a temperatura ambiente e é a capacidade térmica da água quente. Para as medidas referentes a mistura da água fria e a água a temperatura ambiente, temos também: Onde é a capacidade térmica da água a temperatura ambiente e é a capacidade térmica da água fria. Conhecendo a capacidade térmica das porções de água e do calorímetro, e utilizando as medições de temperatura vamos calcular os valores de Q a partir da equação (1). A partir da equação (5) vamos determinar uma expressão para calcular a incerteza de Q: (8) Daí obtemos:Para as medidas da mistura de água fria com a água a temperatura ambiente, temos também: Para calcular a soma do calor total, utilizando (3) e a partir de (7) podemos encontrar a incerteza com a seguinte equação: Para as medições da mistura de água quente e água a temperatura ambiente, temos: Medição 1: Medição 2: Medição 3: Para as medições da mistura de água fria com água a temperatura ambiente, temos: Medição 1: Medição 2: Medição 3: Em um sistema isolado o calor total envolvido é zero, pois o calor é liberado e absorvido internamente no sistema pelos seus componentes. No experimento, o sistema não é totalmente isolado, pois mesmo tendo um bom isolamento o calorímetro também troca calor com o meio externo, logo o calor total é diferente de zero. Os dados obtidos atestam isso, de forma que o calor total sofreu variação de medição para medição. Estas variações podem ter sofrido influências, também, de erros sistemáticos como aparelhos de medição com problema, erro ao fechar o calorímetro, balança mal calibrada, erros de leitura do termômetro e erros aleatórios entre cada medição. 4. Conclusão Com os resultados obtidos foi possível verificar que as variações de temperatura do sistema, interno ao calorímetro, ocorreu devido à transferência de calor entre os corpos, onde o corpo quente cede calor ao corpo frio. Foi observado também, que o copo interno ao calorímetro participa da troca de calor ora cedendo ora absorvendo, impossibilitando afirmar que todo calor cedido pela porção de água mais quente foi absorvido pela porção de água mais fria. O uso de um calorímetro com maior isolamento térmico e um termômetro de maior precisão pode contribuir para alcançar melhores resultados, embora os resultados encontrados sejam satisfatórios. 5. Referências 1] HALLIDAY, D.; RESNICK, J. W. Fundamentos de Física. Vol. 2, 8ª edição, Rio de Janeiro, Editora LTD, 2011. [2] NUSSENZVEIG, M. Curso de Física básica. Vol. 1, 4ª edição, São Paulo: Editora Blucher, 2002.
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