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Estudos Disciplinares XII

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TEMA
A desigualdade no capitalismo não se resolve apenas com uma socialização parcial da riqueza, mas com a eliminação das classes e da exploração do trabalho pelo capital, ou seja, com a superação da ordem capitalista. O sistema capitalista é um sistema estrutural e irremediavelmente desigual: supõe a "exploração" de uma classe por outra, apropriação pelo capitalista do valor produzido pelo trabalhador, subalternização das massas pelo comando econômico/político/ideocultural do capital, expulsão de massa de trabalhadores excedentes ou obsoletos para as necessidades do desenvolvimento e da acumulação capitalistas. 
No atual contexto de crise capitalista (MANDEL, 1980. MÉSZÁROS, 2009), a programática neoliberal (cf. Harvey, 2008) supõe a manutenção de um mínimo acionar estatal na área social (cf. HAYEK in MONTAÑO, 2002, p. 81-82): focalizado e precário, com programas de combate à fome e à miséria, financiados em parte por doações da "sociedade civil" e com retiros das classes trabalhadoras (rendas obtidas a partir do arrocho salarial, das reformas previdenciárias, da "flexibilização" das leis trabalhistas etc.).
 Como o pensamento neoliberal concebe a questão da pobreza?
O neoliberalismo pode ser definido como um conjunto de ideias econômicas e políticas que defende a participação mínima do Estado na sociedade e economia, favorecendo o livre jogo das forças de mercado para garantir o desenvolvimento e crescimento dos países. 
Entre 1970 e 1980 esse modelo econômico ganha força no cenário político internacional, sendo que um dos primeiros países a adota-lo foi a Inglaterra em 1979, no governo de Margareth Thatcher ou como ficou popularmente conhecida: a “Dama de Ferro”.
Löwy (1999, p. 170) destaca que: 
[...] uma das características centrais do neoliberalismo é fazer do mercado uma religião. A sacralização do mercado transformou-se numa vitória ideológica do neoliberalismo, talvez a maior delas. A lógica mercantil está sendo aceita como uma lei da natureza, como um dado inquestionável [...]”
Porém, esse modelo resulta em um significativo aumento das desigualdades sociais e consequentemente da pobreza, que embora seja um fenômeno histórico, a forma como ela se manifesta no sistema capitalista é cruel, pois, se antigamente a pobreza existia devido à falta de recurso, no capitalismo ela existe, pois, os “lucros” extraídos das relações de trabalho não são distribuídos de forma igualitária. 
Neste contexto, a pobreza está vinculada a um problema de distribuição, diferente da perspectiva keynesiana onde se via um déficit de demanda efetiva no mercado e onde por meio de ações redistributivas havia um estímulo ao consumo. 
Sérgio Abranches (1985) assevera em seus estudos que “pobreza é destituição, marginalidade e desproteção: destituição dos meios de sobrevivência física; marginalização no usufruto dos benefícios do progresso e no acesso as oportunidades de emprego e renda; desproteção por falta de amparo público adequado e inoperância dos direitos básicos de cidadania que incluem garantias à subsistência e bem-estar social”
No Brasil, o neoliberalismo foi introduzido pelo então presidente Fernando Collor de Mello e amplamente praticada no governo de Fernando Henrique Cardoso, isso logo após a promulgação da Constituição de 1988 conhecida como Constituição Cidadã, pois, coloca o Brasil num patamar de Estado de Bem Estar Social, fundamentando em seu texto uma sociedade liberta, justa e humanitária, celebrando a erradicação da pobreza e redução da desigualdade social.
Porém, o que foi garantido na Constituição vai via oposta a vários preceitos neoliberais, dentre eles a não intervenção do poder público sobre os empreendimentos privados, desregulamentação e redução do Estado na garantia de direitos sociais, chamando a sociedade civil para “participar” nas ações de redução da pobreza por meio de ações assistencialistas e imediatistas. Ao adotar tais ações, o Estado desresponsabiliza-se, passando essa responsabilidade da minimização da pobreza para a sociedade civil.
Behring & Boscheti (2011) asseveram que:
A trajetória recente das políticas sociais brasileiras, profundamente conectadas à política econômica monetarista e de duro ajuste fiscal enveredou pelos caminhos da privatização para os que podem pagar, da focalização/seletividade e políticas pobres para os pobres, e da descentralização, vista como desconcentração e desresponsabilização do Estado (...) (BEHRING & BOSCHETI, 2011, p.161).
Este processo gera uma contradição intransponível, pois, a pobreza é concebida como um problema individual-pessoal, não como reflexo da falta de emprego ou de distribuição irregular de renda e riqueza. Neste processo, os ideais neoliberais são alavancados, pois, para sobreviver necessita e se “alimenta” da alta produtividade, encarrilhada com o acúmulo de bens pelas minorias, e na falsa solução do problema, o Estado entra com as políticas públicas com programas que apenas minimizam a mendicidade desta população.
Considerações Finais:
Para o ideal neoliberal, a pobreza é um “mal necessário”, pois, esta é resultado do desenvolvimento econômico e social. 
A pobreza não é questão que será eliminada nessa sociedade sem que medidas estruturais sejam tomadas, para o enfrentamento em suas raízes, de onde devem ser cortadas. Medidas estas, que em uma sociedade neoliberalista, não seriam viáveis, pois, são oriundas de grande participação do Estado, na garantia da proteção social à sua população.
Porquanto se faz importante o diálogo sobre o afunilamento entre a pobreza e a política econômica contemporânea, identificando no aspecto do enfrentamento da pobreza gerada pelas organizações multifacetárias no neoliberalismo, o qual tem como proposta a retomada e valorização dos direitos e serviços públicos através das privatizações destes, com caráter conservador próprios do conhecimento atual. 
Enquanto isso, no âmbito estatal a ação social fica cada vez mais focalizada e precária e sua responsabilidade nas “mãos” de ações voluntárias e solidárias por parte da sociedade civil.
A lógica neoliberal orienta-se assim em uma tripla ação: ação estatal focalizada e passível de clientelismo, orientada às populações mais pobres; ação mercantil direcionada à população consumidora e desenvolvida pelas empresas capitalistas, fazendo dos serviços sociais uma mercadoria lucrativa, e por fim o “terceiro setor” com intervenções filantrópicas orientadas às pessoas não atendidas nos casos anteriores.
Portanto, compreender a questão da pobreza numa ótica Neoliberal é desprender-se das amarras de um Estado que minimamente oferta à população, os direitos garantidos em Nossa Lei Maior.
Bibliografia:
MONTAÑO, Carlos. Pobreza, “questão social” e seu enfrentamento. Serviço social e sociedade, São Paulo, 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-66282012000200004> Acesso em 07 Nov. 2017
MORAIS, Priscila. Pobreza e suas formas de enfrentamento no Estado Neoliberal. Disponível em: <http://servicosocialecotidiano.blogspot.com.br/2013/08/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x_7817.html>. Acesso em: 06 Nov. 2017
BEHRING, E. R; BOSCHETTI, I. Política Social:  fundamentos e história. 9 ed. São Paulo: Cortez, 2011. 
GASPARATTO, G. P. et al. O IDEÁRIO NEOLIBERAL: a submissão das políticas sociais aos interesses econômicos. XI Seminário Internacional de demandas sociais e políticas públicas na sociedade contemporânea. VII Mostra de trabalhos jurídicos científicos. Disponível em: < http://repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/8153/2/evento_006%20-%20Patr%C3%ADcia%20Krieger%20Grossi.pdf >. Acesso em 17 nov. 2017.

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