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Rec. Ord. Habeas Corpus Direito Penal s4

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MATO GROSSO- MT
Proc. nº. XXXXXXXXXXXXXXX
GABRIEL MATOS, já qualificado na denúncia, que lhe move a MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MATO GROSSO/MT, assistido juridicamente por seu procurador infra-assinado, devidamente constituído, in fine, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 105, II, a da Constituição da República, bem como os artigos 30 e 32 da Lei nº 8.038/90, INCONFORMADO com o Acórdão da 5ª Câmara Criminal, prolatado às fls., o qual DENEGOU a ordem, vem respeitosamente a presença de Vossa Excelência apresentar o presente:
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS COM PEDIDO LIMINAR
Requerendo, desde já, o seu processamento e remessa ao Egrégio Superior Tribunal de Justiça, haja vista não haver embasamento legal para a manutenção de prisão preventiva, conforme Razões acostadas.
Cumpre nesta oportunidade requerer a concessão dos benefícios da justiça gratuita, haja vista que o Recorrente não pode arcar com o pagamento das custas e honorários advocatícios.
Nesses termos, pede e espera deferimento.
RONDONÓPOLIS, 18 de outubro de 2018.
Renata Barcellos S.
OAB/MT 1975
RAZÕES DE RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS
PACIENTE: GABRIEL MATOS
Egrégio Superior Tribunal de Justiça,
Colenda Turma,
Eminentes Ministros
Habeas Corpus nº. 
Em que pese o prestígio da colenda 5ª Câmara Criminal do Egrégio Tribunal de Justiça, o acórdão proferido, denegando o pedido de Habeas Corpus impetrado em favor do Paciente, não pode prosperar, pelas razões fáticas e jurídicas abaixo aduzidas.
DOS FATOS
O MP do Estado do Mato Grosso ofereceu denúncia em face do cidadão acusado, imputando ao mesmo, o delito descrito no artigo 147 do CP, ainda sem razão, Gabriel restou detido em flagrante, indevidamente, após teve pedido de relaxamento da prisão ilegal, que restou indeferido pelo MM. Juiz do Plantão Judiciário dessa comarca, convertendo em prisão preventiva.
Em síntese, diante de tal ilegalidade o paciente imediatamente impetrou habeas corpus com pedido liminar, tendo sido concedida a liberdade provisória do acusado, com a declaração de medidas cautelares diferentes da prisão, para mais apresentada a resposta a acusação pelo acusado, a vítima apresentou petição alegando descumprimento das medidas cautelares impostas, sendo decretada novamente a prisão de Gabriel, onde foi determinado que o MP oferecesse nova denúncia, agora com fulcro no art. 24-A da lei 13.641/18.
Diante disso merece reforma a rescisão, pelos motivos de fato e direito a seguir expostos.
DO DIREITO
AUSÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS DA PREVENTIVA
A decisão da Colenda Turma para a denegação da ordem e consequente manutenção da prisão preventiva baseia-se no artigo 312 do CPP, que reza:
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria - (grifo nosso).
Se prova da existência do crime é a demonstração inequívoca da ocorrência de um fato punível, não se poderá alegar isso uma vez que os fatos foram presumíveis e não inequívocos. O paciente apenas não teve como provar naquele momento que a quantia achada em seu poder era fruto de venda de outra coisa e não de venda de drogas. Da mesma forma, não houve prova inequívoca de que a quantia encontrada era fruto da venda de drogas. Não, Excelências! A prova foi circunstancial. Desta maneira, o único ilícito cometido foi o porte de substância ilícita para consumo próprio.
Ao argumentar que a prisão preventiva do paciente é uma garantia da ordem pública, considerando a gravidade do crime e o crescente número de casos de tráfico de drogas existentes naquela Comarca, a Colenda Turma deixou de levar em conta os antecedentes positivos do paciente e emitiu um juízo meramente “profético”.
DA FALTA DE JUSTA CAUSA
Excelência, ressalta-se que a denúncia tem sua base formada apenas pelo depoimento da vítima, que de fato, foi à única pessoa que presenciou o acontecimento. Logo a suposta prova em favor a vítima seria o depoimento dela, ocorre que resta apenas o convencimento do Juiz, que é o seu destinatário, de que uma pessoa cometeu ou não um ato delituoso.
Diante disso as acusações feitas pela vítima, cabe a ela e não ao acusado o ônus de fazer prova de sua inocência, mas ao Ministério Público, com provas robustas, comprovar a real existência do delito.
Portanto ao receber a denúncia, dando assim o início ao processo penal, o juiz há de se lembrar de que tem diante de si uma pessoa que tem o direito constitucional de ser presumido inocente, pelo que possível não é que desta inocência a mesma tenha que fazer prova, restando, então, neste caso, ao Ministério Público, a obrigação de provar a culpa do acusado, com supedâneo em prova lícita e moralmente encartada aos autos, sob pena de, em não fazendo o trabalho que é seu, arcar com as consequências de um veredicto valorado em favor da pessoa apontada como autora do fato típico.
Além disso no presente caso em tela, é que, apenas o depoimento da vítima embasa a pretensão condenatória, o que se mostra totalmente incabível em um país que tem como PRINCÍPIO constitucional fundamental a DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA que se encontra presente no art. 1º da CF.
Assim sendo, a declaração da suposta vítima de um crime não é suficiente para deflagrar a ação penal contra o acusado de cometê-lo. Tal entendimento é da 5ª Câmara Criminal do Estado do Rio de Janeiro:
“EMENTA: HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL. JUSTA CAUSA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. A DENÚNCIA COMO QUALQUER PETIÇÃO INICIAL CONTÉM “DESENHO ESTRATÉGICO SUBJACENTE, QUE SUGERE UM PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE PROBATÓRIA E UMA PROPOSTA DE LEITURA DE PREVISÍVEL RESULTADO DESTA ATIVIDADE DIRIGIDA AO JULGADOR”. INADMISSIBILIDADE DE AÇÃO PENAL SEM SUPORTE EM UM MÍNIMO DE INFORMAÇÕES QUE ASSEGUREM TRATAR-SE DE DEMANDA NÃO LEVIANA OU TEMERÁRIA(ARTIGO 395, III, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL CONFORME A REDAÇÃO DA LEI 11.719/08) CONSTRANGIMENTO ILEGAL CARACTERIZADO QUANDO A DENÚNCIA RECEBIDA PROPÕE A CONDENAÇÃO DA PACIENTE COM BASE EM MEIO DE PROVA DE PLANO INCAPAZ DE AUTORIZAR A EMISSÃO DE DECRETO CONDENATÓRIO.” (grifei)
Nas lições do eminente professor Nestor Távora, na justa causa:
“A ação só pode ser validamente exercida se a parte autora lastrear a inicial com um mínimo probatório que indique os indícios de autoria, da materialidade delitiva, e da constatação da ocorrência de infração penal em tese (art. 395, I1I, CPP).
DO PEDIDO LIMINAR
Diante da flagrante ilegalidade da decretação da prisão do paciente, não pairam dúvidas para que, num gesto de estrita justiça, seja concedida liminarmente o direito à liberdade do mesmo.
A plausibilidade jurídica da concessão da liminar encontra-se devidamente caracterizada.
O “fumus comissidelicti”, significa a fumaça do cometimento do delito, o qual pelos elementos fáticos e jurídicos trazidos à colação não foram capaz es de demonstrar a efetiva participação do paciente no crime em o comento.
 Por sua vez, no que concerne o “periculum libertais” (perigo na liberdade do acusado), conforme demonstrado minucioso amente, não vislumbra-se qualquer justificativa plausível para a prisão cautelar do paciente.
 Os artigos 649 e 660, § 2º, do Código de Processo Penal preconizam que o juiz o u Tribunal “fará p as s ar imediatamente a ordem impetrada” ou “ordenará que c es s e imediatamente o constrangimento”.
 Por essas razões, conceder liberdade ao Paciente encarcerado se demonstra a medida m ais justa, eis que o mesmo tem bons antecedentes, não havendo a necessidade da manutenção da prisão.
DOS PEDIDOS
Diante do exposto requer, tendo em vista a ilegalidade consubstanciada no v. Acórdão guerreado, requer que: 
 a) O conhecimento e provimento do presente Recurso; 
b) A concessão a medidaLIMINAR, ante a existência de fumus boni iuris e periculum in mora, determinando a imediata LIBERDADE PROVISÓRIA do paciente, com a imediata expedição de ALVARÁ DE SOLTURA em favor do paciente, aguardando em liberdade para que possa responder ulteriores termos do processo - crime;
 c) O regular prosseguimento do f eito, para que ao final que sejam os autos conclusos para julgamento, nos termos do Regimento Interno desse E. Tribuna l; 
Nesses termos, pede e espera deferimento.
RONDONÓPOLIS, 18 de outubro de 2018.
Renata Barcellos S.
OAB/MT 1975

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