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Escola de atualização profissional e capacitação jurídica 
www.mestrejuridico.com.br Prof. Paulo Sérgio Pereira da Silva 
 
Rua João de Abreu, 192 Sl. B-96 Ed. Aton – S. Oeste – Goiânia – GO – CEP 74.120-110 
(62) 3215-5444 contato@mestrejuridico.com.br 
Disciplina: Prática Jurídica III Período: 9º Professor: Paulo Sérgio Pereira da Silva 
Universidade Salgado de Oliveira 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO 
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 NOME DO ADVOGADO, brasileiro, casado, 
advogado, OAB/... sob n. ..., com endereço profissional na ..., com fulcro no 
artigo 5º, LXVIII da Constituição Federal e artigo 648, VI e VII do CPP, vem 
impetrar 
 
HABEAS CORPUS 
 
com pedido de liminar inaudita altera pars em favor do paciente ROGÉRIO DE 
PAULA E SILVA, brasileiro, casado, construtor, nascido em 25.01.1973, 
portador da Carteira de Identidade nº 3190978-2271885, apontando como 
autoridade coatora o Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 2ª Vara 
Criminal da Comarca de Aparecida de Goiânia – Goiás, pelas razões fáticas e de 
direito abaixo deduzidas: 
 
 
I. DOS FATOS 
 
2. Em 04 de fevereiro de 1993 foi o paciente denunciado 
como incurso nas penas do artigo 121, § 3º e artigo 129, § 6º na forma do artigo 
70, todos do Código Penal, por supostamente ter, em acidente automobilístico, 
ocorrido em 21 de novembro de 1991, provocado a morte da vítima Juacy Freire 
Machado e lesões corporais em Alexandre Andrade Pires Campos (fls. 02/04). 
 
 
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3. A denúncia foi recebida em 10 de março de 1993 pelo 
MM. Juiz de Direito José Carlos de Oliveira (fl. 02). 
 
4. Frustrada a tentativa de citação pessoal do paciente foi 
determinado pelo magistrado sua citação por edital com a designação do dia 19 
de novembro de 1993 para o interrogatório (fl. 72). 
 
5. Nessa data, não tendo o paciente comparecido, foi 
decretada sua revelia com a nomeação de defensor, bem como designada data 
para 
realização de audiência de instrução e julgamento (fl. 74). 
 
6. Em 18 de maio de 1995 compareceu aos autos o 
paciente Rogério de Paula e Silva questionando a citação editalícia e requerendo 
a designação de data para seu interrogatório. 
 
7. Em 19 de junho de 1995, o Dr. José Carlos de Oliveira, 
que até então havia produzido todos os atos decisórios, proferiu o seguinte 
despacho (fl. 93): 
 
Compulsando os autos, constato que se trata de fato do qual 
tive a oportunidade de presenciá-lo, razão por qual não me 
sinto em condições de atuar no mesmo como juiz. Por isso, 
dou-me por suspeito. Encaminhe-se os autos ao meu 
substituto legal. 
Intimem-se. 
 
8. Os autos foram em seguida encaminhados ao Dr. Silvio 
Rabuske, que por também ter presenciado o fato narrado na denúncia, noticiou 
sua 
suspeição (fl. 94). 
 
9. Com isso os autos foram encaminhados ao Egrégio 
Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, onde o então Presidente, 
Desembargador Homero Sabino de Freitas designou para atuar neste processo o 
MM. Juiz de Direito da Comarca de Hidrolândia. 
 
10. Para tanto foi elaborado Decreto Judiciário, de nº 1898, 
que estende “a jurisdição e competência do Dr. Ari Ferreira de Queiroz, Juiz de 
Direito da Comarca de Hidrolândia (1ª entrância), com finalidade de oficiar nos 
autos do processo criminal nº 193/93, em que figura como indiciado, Rogério de 
Paula Silva e vítimas Juacy Freire Machado e Alexandre Pires de Campos, em 
tramitação na comarca de Aparecida de Goiânia (fls. 100/101). 
 
 
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11. Foi então expedida Carta Precatória à Comarca de 
Marianópolis, Tocantins, para Interrogatório do Paciente (fls. 105/109). 
 
12. O ato jurisdicional, contudo, não se efetivou por ter 
autoridade deprecada entendido, que por força dos dispositivos da Lei nº 
9.099/95, era indispensável à presença da vítima ou seus representantes legais 
(fl. 110). 
 
13. Com isso os autos foram novamente conclusos ao Dr. 
Ari Ferreira de Queiroz, que proferiu o seguinte despacho: “Ante o não 
cumprimento da carta precatória, dê vista ao Ministério Público, para, se for o 
caso, emendar por aditamento, a denúncia. [...]” (fl. 111). 
 
14. Assim recomendado, o representante Ministerial, sem 
qualquer justificativa ou fato novo, aditou a denúncia, dando nova definição 
jurídica ao fato imputado ao paciente, tipificando-o na conduta descrita nos 
artigos 121, caput e 129, caput, na forma do artigo 70, todos do Código Penal 
(fls. 113/115). 
 
15. Em 05/09/1997, foi recebido, pela Drª Wanessa 
Resende 
Fuso, o aditamento à denúncia (fl. 116). 
 
16. Expedida nova Carta Precatória, foi o paciente 
interrogado (fls. 127/129). 
 
17. Apresentada Defesa prévia (fls. 130/131), iniciou-se a 
instrução processual. 
 
18. Inicialmente foi inquirido o Juiz de Direito José Carlos 
de 
Oliveira1 (fl. 146/148). Em seguida, o também Juiz de Direito Sílvio José 
Rabuske (fl. 204/205) e o Oficial de Justiça Neil Armstrong Gonçalves Ribeiro 
(fls. 206/207). 
 
19. Empós, tendo o Dr. José Carlos de Oliveira, 
manifestado 
seu impedimento em presidir o feito (fl. 209), foram os autos encaminhados a 
esta Egrégia Corte, tendo o DD. Presidente, Dr. Byron Seabra Guimarães, 
designado, por coincidência, o mesmo magistrado que presidiu o feito por 
 
 
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alguns anos, o Dr. Desclieux F. da Silva Júnior, titular da Vara das Fazendas 
Públicas, para presidir o feito em questão (fl. 211). 
 
20. Contudo, o novo dirigente processual, ao analisar a 
marcha processual, encontrou defeitos de representação do paciente, e com o 
mister de suprir eventuais nulidades, chamou o feito a ordem, anulando as 
inquirições já realizadas (fls. 213/214). 
 
21. Realizada nova audiência de instrução, foram 
novamente inquiridos o Dr. Sílvio José Rabuske (fls. 232/236) e o Dr. José 
Carlos de Oliveira (fl. 238/241). 
 
22. Em seguida, foi realizada audiência de inquirição de 
testemunha arrolada na Defesa Prévia. O Ato jurisdicional em questão foi 
conduzido pela MM. Juíza de Direito, Titular da 2ª Vara Cível, Drª Maria do 
Socorro Afonso da Silva (fls. 257/258). 
 
23. Ato seguinte, o Dr. José Carlos de Oliveira determinou 
a intimação das partes para apresentação de alegações finais (fl. 285). 
 
24. O Ministério Público reiterou os termos do aditamento 
da 
denúncia (fls. 286/296). 
 
25. O defensor do paciente, mesmo regularmente intimado, 
deixou de apresentar suas alegações (fl. 302). 
 
26. Com isso, foi determinada a intimação pessoal do 
paciente (fl. 303). 
 
27. Mesmo existindo nos autos, inúmeras notícias do 
endereço do réu na Comarca de Palmas – Tocantins, foi tentada e frustrada sua 
citação no endereço constante da denúncia (fls. 307/308).28. O mesmo magistrado que inicialmente presidiu o feito, 
recebendo a denúncia e em seguida foi ouvido como testemunha. 
 
29. Foi então nomeado defensor dativo, que apresentou 
alegações finais, requerendo, alternativamente, a decretação da prescrição ou 
“absolvição por falta de provas” (fls. 310/314). 
 
 
 
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30. Em seguida, em 13 de outubro de 2005, foi proferida 
decisão, pronunciando o paciente como incurso nas penas dos artigos 121, caput 
e 129, caput, na forma do artigo 70, todos do Código Penal (fls. 316/325). 
 
31. Não tendo o paciente sido encontrado para intimação 
pessoal da decisão de pronúncia, foi decretada sua prisão preventiva (fls. 
346/348). 
 
II. DO DIREITO 
 
32. A marcha processual que ora se tenciona obstar o 
prosseguimento é no mínimo peculiar. Iniciou-se há quase 15 (quinze) anos, foi 
conduzida por inúmeros juízes, que ingressaram e se retiraram da direção 
processual por intermédio de critérios substituição e decretos de nomeação de 
constitucionalidade duvidosa. Em uma mesma demanda, um ilustre e digno 
magistrado atuou como dirigente processual, após como testemunha e, em 
seguida, novamente como dirigente processual. 
 
33. Com isso, passaram-se os anos, as provas se esvaíram, 
a lembrança dos fatos se apagando da memória das testemunhas, a família da 
vítima ficou se resposta e o nome do acusado, por estes anos todos, foi maculado 
pela pecha de um processo criminal. 
 
34. O feito em questão é uma demonstração quase que 
didática de como um processo não deve ser conduzido. A quantidade de 
nulidades e irregularidades processuais da presente marcha processual é 
tamanha, que se fosse enumerada, uma a uma, ensejaria um sem números de 
páginas. 
 
35. Por império do devido processo legal deveriam todas 
estas nulidades, de pronto, demonstradas. Contudo, por medida de utilidade, 
demonstrar-se-á somente algumas, as mais flagrantes, e que per se, já maculam 
de forma inconteste a regularidade deste processo penal e atingem 
inexoravelmente a validade da intenção punitiva estatal. 
 
II.1. DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE: PRESCRIÇÃO 
 
II.1.1. DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA ENTRE A DATA 
DE RECEBIMENTO DA DENÚNCIA E A DATA DO SEU 
ADITAMENTO 
 
 
 
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36. Conforme demonstrado no tópico supra, que relata a 
marcha processual, os fatos sob judice ocorreram no dia 21 de novembro de 
1991. 
 
37. Em 04 de fevereiro de 1993 foi oferecida denúncia, 
imputando ao paciente as condutas descritas nos artigos 121, § 3º e 129, § 6º, na 
forma do artigo 70, todos do Código Penal. 
 
38. Em 10 de março de 1993 foi a denúncia recebida, 
tendo 
ocorrido nesta data, por força do disposto no artigo 117, I do Código Penal, a 
interrupção da contagem do prazo prescricional. 
 
39. Ocorre, contudo, que em meados de 1997 (não é 
possível precisar o dia, pois a petição não é datada!) foi a denúncia aditada, 
modificando-se a capitulação constante da exordial de homicídio e lesão 
corporal culposos para homicídio e lesão corporal dolosos. 
 
40. No dia 05 de setembro de 1997 foi o aditamento à 
denúncia recebido. 
 
41. Ocorre, contudo, que tal decisão malfere o disposto no 
artigo 43, II, do Código de Processo Penal, porquanto não poderia o magistrado 
a quo ter recebido a denúncia eis que já extinta a punibilidade do paciente pela 
ocorrência da prescrição, em sua modalidade propriamente dita. 
 
42. Note. A imputação perpetrada ao paciente, até a data 
do recebimento do aditamento à denúncia amoldava-se ao disposto nos artigos 
121, § 3º, cuja pena máxima é de 03 (três) anos de reclusão, e artigo 129, § 6º, 
de reprimenda máxima de 01 (um) ano de detenção. 
 
43. Assim, considerando o disposto no artigo 109 do 
Código Penal, a prescrição, calculada com base na pena máxima cominada, 
operar-se-ia, para o crime de homicídio culposo no prazo de 08 (oito) anos 
(inteligência do artigo 109, IV) e para o crime de lesão corporal culposa, no 
prazo de 04 (quatro) anos (cf. artigo 109, V). 
 
44. Outrossim, considerando que o paciente, nascido em 
25.01.1973 (cf. documento de identidade de fl. 30), possuía na data dos fatos 
narrados como crime, 21.11.1991, menos de 21 anos (precisamente, 18 anos, 09 
meses e 26 dias), aplica-se o redutor constante do artigo 115 do Código Penal. 
 
 
 
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45. Assim, os prazos prescricionais, foram reduzidos para 
04 (quatro) anos em relação ao crime descrito no artigo 121, § 3º e 02 (dois) 
anos para o crime previsto no artigo 129, § 6º. 
 
46. Com isso, tendo a denúncia sido originalmente 
recebida no dia 10.03.1993 em 10.03.1995 ocorreu a prescrição da pretensão 
punitiva em relação ao crime de lesão corporal culposa e em 10.03.1997, em 
relação ao crime de homicídio culposo. 
 
47. Desta feita, ainda que o recebimento da denúncia fosse 
causa interruptiva da prescrição, na data em que foi realizado, ou seja, que 
alterou a 
capitulação da conduta do agente, já havia ocorrido a extinção da punibilidade. 
 
48. Ou seja, enquanto não recebido o aditamento da 
denúncia, a imputação perpetrada ao impetrado era que norteava a intenção 
punitiva estatal, devendo nela se basear o cálculo da prescrição. 
 
49. Ainda se falasse que o réu não se defende da 
capitulação constante da denúncia, mas dos fatos nela narrados, ainda sim, 
considerando que a denúncia narra, essencialmente, conduta característica de 
crime culposo, o cálculo da prescrição, antes do recebimento do aditamento, 
deve obedecer a adequação típica da denúncia. 
 
50. Assim, por já estar extinta a punibilidade do impetrante 
em relação a estes crimes, não poderia o magistrado a quo ter acolhido o 
aditamento de denúncia, cujos requisitos de validade e existência são os mesmos 
de uma denúncia (art. 43). 
 
51. Nesse sentido, precedente do TJ/MG: 
 
O aditamento para retificação da denúncia não pode ser 
acolhido quando, em tal ensejo, já tenha ocorrido a 
prescrição do crime capitulado no libelo inicial.
1
 
 
52. Destarte, não merece prosperar a presente marcha 
processual, devendo, de plano, ser decretada a extinção da punibilidade do 
impetrante pela ocorrência da prescrição em sua modalidade propriamente dita. 
 
II.1.2. DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA ENTRE A DATA 
DE RECEBIMENTO DA DENÚNCIA E A DECISÃO DE 
 
1 TJMG. Relator Correia de Almeida in RT 421/345. 
 
 
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PRONÚNCIA. DA NÃO INTERRUPÇÃO DA MARCHA 
PROCESSUAL PELO RECEBIMENTO DO ADITAMENTO À 
DENÚNCIA 
 
53.Na remota hipótese desta Corte não acatar a anterior 
demonstração de extinção da punibilidade ocorrida entre o recebimento da 
denúncia e o recebimento do aditamento à denúncia levando-se em conta a 
tipificação realizada na primeira peça acusatória (artigos. 121, § 3º e 129, § 6º), 
alternativamente, demonstrar-se-á, a ocorrência da prescrição levando-se em 
conta a tipificação realizada no aditamento à denúncia (arts. 121, caput e 129, 
caput). 
 
54. Ocorre que mesmo considerando a pena máxima 
cominável aos crimes de homicídio doloso e lesão corporal dolosa há prescrição 
da pretensão punitiva entre a data do recebimento da denúncia a decisão da 
pronúncia. 
 
55. Tal argumentação tem seu fundamento calcado no fato 
de que a decisão que recebe o aditamento à denúncia não constituir, no caso em 
questão, causa interruptiva da prescrição. 
 
56. Explica-se. Há inicialmente que se classificar as 
espécies de aditamento à denúncia. O aditamento poderá ser: i) próprio, quando 
acrescenta fatos novos ou corréus, cuja descoberta somente se deu no curso da 
instrução; ii) impróprio, quando retifica, esclarece ou integra a denúncia inicial
2
. 
 
57. Na primeira hipótese, por se tratar de fato novo, o 
aditamento reveste-se de características de nova denúncia, devendo seu 
recebimento, por conseguinte, interromper a contagem do prazo prescricional. 
 
58. Todavia, na segunda hipótese, tratando-se tão somente 
de 
nova capitulação de fatos já conhecidos, o recebimento do aditamento não tem o 
condão de interromper a prescrição. 
 
59. Admitir-se o contrário ensejaria a criação de uma nova 
hipótese de causa interruptiva da prescrição, carreando verdadeira analogia in 
malam partem. 
 
 
2 Classificação adotada pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do HC 23.493/RS. Relator Ministro Félix Fischer. 
 
 
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60. Senão, veja-se excerto do já citado voto do Ministro 
Félix 
Fischer do Superior Tribunal de Justiça: 
 
[...] o aditamento (pelo seu recebimento) pode, ou não, (a 
par da quaestio em torno do inserido no art. 117 § 1º do 
C.P.), interromper o prazo prescricional ex vi art. 117, inciso 
I do Código Penal. Interrompe, sim, quando sob tal 
denominação a peça acusatória adicional apresenta o caráter, 
propriamente, de denúncia. Fora daí a alteração pode, 
conforme o caso, modificar o referido prazo, mas não tem o 
condão de interrompê-lo. A mera retificação decorrente de 
lapso ou obscuridade fática na exteriorização da imputatio e 
calcada, principalmente, em dados previamente conhecidos 
se insere na modalidade de aditamento impróprio que não 
deve ter força interruptiva.[...]”
3
 
 
61. No mesmo sentido, precedente do STF: 
 
O aditamento à denúncia não configura causa de interrupção 
da prescrição, por ausência de previsão legal.
4
 
 
62. Assim, considerando que a denúncia fora inicialmente 
recebida em 10 de março de 1993, e a decisão de pronúncia ocorreu somente em 
13 de outubro de 2005, ou seja, mais de 12 anos após, ultrapassou-se o prazo 
máximo para exercício da intenção punitiva, que, no caso, tendo em conta a 
menoridade relativa do paciente, seria de 10 (dez) anos. 
 
63. Desta forma resta sobejamente evidenciada a extinção 
da punibilidade pela ocorrência da prescrição em 02 (duas) situações: 
 
64. Primeiro, na modalidade propriamente dita, levando-se 
em conta a primeira imputação perpetrada ao paciente, ocorrida entre o 
recebimento da denúncia e o recebimento do aditamento à denúncia. 
 
65. Segundo, na modalidade propriamente dita, levando-se 
em conta a segunda imputação perpetrada ao paciente, ocorrida entre o 
recebimento da denúncia e a decisão de pronúncia. 
 
II.2. DA NULIDADE ABSOLUTA DA DECISÃO DE PRONÚNCIA PELA 
FUNDAMENTAÇÃO CALCADA EM DEPOIMENTO DE 
MAGISTRADO QUE HAVIA ATUADO NO PROCESSO 
 
3 Ibidem. 
4 Supremo Tribunal Federal. Relator Ministro Carlos Veloso. HC 84606 / SP. J. 05/10/2004. DJ 28.10. 2004, p. 51. 
 
 
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66. Conforme acima aduzido e demonstrado na narrativa 
da marcha processual, quando iniciada a persecução, atuou como dirigente 
processual o nobre Magistrado Dr. José Carlos de Oliveira, que, em juízo de 
prelibação, recebeu a denúncia e designou a citação e data para interrogatório do 
réu, ora paciente. 
 
67. 02 (dois) anos após esta decisão, e tão somente tanto 
tempo após, o magistrado, como que num estalo de memória, apercebeu-se que 
havia presenciado o fato narrado na denúncia e, corretamente, consignou sua 
suspeição. 
 
68. Empós, considerando que o substituto automático, Dr. 
Sílvio Rabuske, também havia presenciado o fato supostamente criminoso, foi 
designado, em decreto de constitucionalidade questionável8, o Dr. Ari Ferreira 
de Queiroz, para conduzir o feito em questão. Este, de pronto, determinou a 
expedição de Carta Precatória para interrogatório do réu. 
 
69. Entretanto, o ato de cooperação jurisdicional não se 
realizou, retornando ao juízo de origem. 
 
70. Com isso, o então magistrado, sem que qualquer fato 
novo (nota-se que o Inquérito Policial há muito já havia se encerrado e a 
instrução processual sequer iniciado), os autos foram novamente encaminhados 
ao representante do Ministério Público, que como em um passe de mágica, 
notou que os fatos narrados na denúncia caracterizavam não crime culposo, mas 
doloso, em sua espécie eventual (assunção do risco). 
 
71. A denúncia foi então emendada, não para acrescentar 
fato novo ou corréu, mas para dar nova definição jurídica a um fato já 
sobejamente narrado na exordial. 
 
72. Na oportunidade, foram ainda, arroladas novas 
testemunhas, dentre elas, o Dr. José Carlos de Oliveira, o mesmo que, após mais 
de 02 (dois) anos como dirigente processual, deu-se por suspeito para continuar 
na condução da marcha por ter presenciado os fatos sob judice. 
 
73. Com isso, o Dr. José Carlos de Oliveira foi inquirido 
como testemunha, tendo seu relato fornecido valioso subsídio para decisão que 
pronunciou o ora paciente (cf. se verifica, ad exemplum, na fl. 323). 
 
74. Observa-se pois, situação fática e jurídica peculiar. 
 
 
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75. Em uma mesma marcha processual, um mesmo sujeito 
atuou como magistrado e como testemunha. Ou seja, o mesmo juiz que recebeu 
a denúncia, determinando a integralização da relação processual, tempos após, 
participou da produção da prova. 
 
76. A designação de juiz para atuar em processo judicial 
específico e já em trâmite, inexistindo notícia de prévio critério de designação 
de substituto legal configura evidente ofensa ao princípio constitucional do juízo 
natural. 
 
77. Não se que questiona aqui, em hipótese alguma, a 
isenção e correçãodo nobre Magistrado, de conduta inquestionavelmente 
ilibada. O que justifica a presente insurreição é a confusão de funções 
processuais. 
 
78. Tendo o magistrado em questão, recebido à denúncia, 
tornou-se, inequivocamente impedido de atuar em outra função no mesmo 
processo. Admitir-se o inverso, poderia ensejar o precedente de que em um 
mesmo processo, pode a mesma pessoa atuar primeiro como juiz, e após, como 
advogado! 
 
79. Da mesma forma, não se cogita aqui, consignar que um 
magistrado jamais possa atual como testemunha em um processo. O que se 
defende é que, tendo o magistrado proferido qualquer ato decisório torna-se 
impedido de atuar como testemunha. Inadmissível em uma persecução 
democrática, tal promiscuidade processual. 
 
80. Outrossim, não há que se falar que o Magistrado em 
questão não proferiu qualquer ato decisório, mas tão somente despachos de 
expediente que não o vincularam ao feito. 
 
81. Conforme jurisprudência reiterada do Supremo 
Tribunal 
Federal a decisão de recebimento da denúncia embora prescinda do dever de 
motivação consagrado pelo disposto no artigo 93, IX da Constituição Federal 
tem caráter decisório: 
 
Denúncia: recebimento: assente a jurisprudência do STF em 
que, regra geral - da qual o caso não constitui exceção – “o 
despacho que recebe a denúncia ou a queixa, embora tenha 
também conteúdo decisório, não se encarta no conceito de 
 
 
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‘decisão’, como previsto no art. 93, IX, da Constituição, não 
sendo exigida a sua fundamentação - art. 394 do C.P.P”
5
 
 
82. Vê-se, portanto, que há notória vinculação do juiz que 
recebe a denúncia, com a marcha processual subseqüente, tornando-o, por 
conseguinte, impedido de atuar como testemunha. 
 
83. Mutatis Mutandis: 
 
Prova. Testemunha. Magistrado. Depoimento de juiz 
aposentado que praticou atos judiciais de caráter decisório e 
valorativo da prova até então produzida. Inadmissibilidade. 
Incompatibilidade entre a posição de julgador e testemunha 
no processo. Inteligência do art. 252, II do CPP. – O art. 252, 
II do CPP expressa dois comandos: o primeiro impede o 
magistrado de exercer jurisdição no processo em que serviu 
de testemunha, e o segundo proíbe o magistrado de prestar 
testemunho no processo em que exerceu a jurisdição. 
Portanto, não pode ser admitido como testemunha o juiz 
aposentado que praticou atos judiciais de caráter decisório e 
valorativo da prova até então produzida, por ser incompatível 
com a posição de julgador e testemunha no mesmo 
processo
6
. 
 
84. Outrossim, ainda na mesma marcha processual, outra 
situação no mínimo curiosa é a de que o mesmo Dr. José Carlos de Oliveira, 
após ter figurado como testemunha, voltou a despachar no feito, determinando a 
apresentação das alegações finais (fl. 285). 
 
85. Ainda que se saiba que tal despacho teve somente 
caráter 
de expediente, sem qualquer conteúdo decisório, demonstra-se, mais uma vez, a 
confusão e promiscuidade de funções processuais que se instaurou na presente 
marcha! 
 
86. Assim, frente esta absoluta ausência de delimitação de 
funções no presente feito e tendo a decisão de pronúncia se fundado 
essencialmente em depoimento inválido, não resta outra solução a não ser a 
decretação de nulidade da decisão de pronúncia. 
 
87. Com isso, decretando-se a nulidade da decisão de 
pronúncia, considerando o lapso temporal desde o recebimento do aditamento à 
denúncia em 05 de setembro de 1997, já se passaram mais de 10 (dez) anos, 
 
5 Supremo Tribunal Federal. Primeira Turma. Relator Ministro Sepúlveda Pertence. HC 86248/MT. J. 08.11.2005. DJ 02.12.2005, p. 384. 
6
 TJRO. Câmara Criminal. AP 00.000208-9. Relator Dimas Fonseca. 15.03.2001 in RT 790/688. 
 
 
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havendo, por conseguinte, evidente hipótese de extinção da punibilidade em 
virtude da prescrição da pretensão punitiva. 
 
III. DO PEDIDO DE LIMINAR 
 
88. Como é cediço, a concessão da liminar requer a 
presença 
dos requisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora, que no caso, são 
concomitantes. 
 
89. Vislumbra-se a “fumaça do bom direito” pela 
verossilhança dos argumentados apresentados na presente impetração, 
evidenciando nulidade da decisão de pronúncia, e ainda, extinção da 
punibilidade pela ocorrência da prescrição em 02 (duas) oportunidades. 
 
90. Já o “perigo da demora” se materializa frente a 
decretação da prisão do paciente (fl. 346/348), que supostamente não foi 
encontrado após a prolação da decisão de pronúncia. 
 
91. Assim, considerando que a ação penal em questão 
padece de vícios insanáveis a manutenção da persecutio criminis, bem como do 
decreto de prisão do paciente, é medida que lhe fere o direito ao devido processo 
legal, justificando, de plano, a concessão da liminar, inaudita altera pars. 
 
 
IV. DOS PEDIDOS 
 
 Assim, requer: 
 
a) a concessão da liminar, determinando-se a revogação do 
decreto de prisão do paciente e a expedição de salvo-conduto; 
 
b) no mérito, seja concedida a presente ordem de habeas-corpus, 
decretando-se a extinção da punibilidade do paciente: 
 
b.1. quer pela ocorrência da prescrição da pretensão punitiva, 
entre o recebimento da denúncia e o recebimento do 
aditamento à denúncia, levando-se em conta a pena 
máxima cominada aos crimes descritos na primeira 
imputação; 
 
 
 
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b.2. quer pela ocorrência da prescrição da pretensão punitiva, 
entre o recebimento da denúncia e a decisão de 
pronúncia, levando-se em conta a imputação dos fatos 
narrados no aditamento à denúncia; 
 
c) ainda, na remota hipótese desta Corte, não entender ter 
ocorrido a preclusão temporal da pretensão punitiva, seja 
decretada a nulidade da decisão de pronúncia ante os 
argumentos supra delineados. 
 
 Pede deferimento. 
 
 
 Goiânia, ... 
 
 
 
ADVOGADO 
OAB/... n. ...

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