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EDUCAÇÃO AMBIENTAL PRÁTICA PEDAGÓGICA NO ENSINO DE GEOGRAFIA SEMIEDU

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL: PRÁTICA PEDAGÓGICA NO ENSINO DE GEOGRAFIA
Danilo Borges de Carvalho (Graduando em Licenciatura em Geografia – Universidade Anhanguera) - daniloborgesmdo@gmail.com 
Valdenir de Souza Coutinho (Mestrando PPGEdu/Unemat) – valdenirsouzacoutinho@hotmail.com
Resumo: Os diálogos sobre a questão ambiental no século XXI vêm crescendo nitidamente dentro da nossa sociedade e ganhando cada vez mais destaque no campo educacional. Nesse sentido o presente artigo foi desenvolvido a partir de pesquisa bibliográfica em uma abordagem qualitativa, onde buscou sustentação nos aportes teóricos, como leituras de artigos, leis, parâmetros curriculares entre outros, tendo como objetivo proporcionar reflexão sobre a Educação Ambiental e a possibilidade docente em articular como prática pedagógica no Ensino de Geografia. A Geografia é uma disciplina que instiga no aluno o observar, analisar, interpretar e pensar criticamente a realidade, visando sua transformação. Considerando que a degradação ambiental é hoje uma das maiores preocupações dos governos e da sociedade, faz-se necessário desenvolver ações de caráter educativo, para o desenvolvimento sustentável garantindo assim, a permanência dos recursos naturais em condições que assegure às gerações futuras sobrevivência na Terra. Para tanto faz se necessária adesão de prática educativa, especificamente do ensino de geografia que atuem na transformação de motivações individuais e integre as capacidades afetivas, cognitivas e de consciência do educando. Restringindo a Educação Ambiental a tal saber pode-se dizer que quase todos os conteúdos previstos em torno do Meio Ambiente podem ser abordados pelo olhar da Geografia. Assim sendo, suscita a necessidade de discussão e de reflexão quanto à relevância do ensino da Geografia na educação atual e na Educação Ambiental em particular, uma vez que a Geografia é uma disciplina que tem estreita relação com as questões ambientais demonstrando-os preocupações em relações homem/meio.
 
Palavras – chave: Educação ambiental, Ensino de Geografia, Prática Pedagógica. 
1 Introdução
A ciência geográfica desde sua origem vem demonstrando preocupações com as questões ambientais, iniciando através do estudo da relação homem x natureza até uma construção do conceito de meio natural e da interferência humana neste ambiente (MONTEIRO, 2015). As questões ambientais ganham cada vez mais importância no cenário nacional e internacional, assumindo assim um papel de destaque no contexto geopolítico (SILVA, 2015). 
Com os avanços da degradação do ambiente torna-se necessária uma educação ambiental capaz de desenvolver instrumentos pedagógicos e expandir a prática educativa, tendo em vista a incorporação de uma nova ética e uma nova epistemologia que atuem na transformação de motivações individuais e integre as capacidades afetivas, cognitivas e de consciência do educando. Com isso, a educação converte-se num processo criativo, cujo sentido, conteúdo e eficácia dependem da produção ativa dos saberes ambientais, que possibilite aos indivíduos desempenhar uma função produtiva com vistas a melhorar a vida e a proteger o ambiente (MESQUITA et. al., 2010).
A Educação Ambiental deve contemplar não somente saberes e conteúdos, mas também estratégias que permitam aos alunos e demais atores envolvidos no processo educacional o pleno exercício da cidadania. Pela Educação Ambiental é possível estimular a construção da consciência ecológica e a mudança na postura dos seres humanos perante o meio ambiente (COSTA et. al., 2013).
Segundo Mesquita et. al., (2010), a educação ambiental pretende formar indivíduos aptos a responder aos desafios colocados pelo estilo de desenvolvimento em curso, o qual orienta a relação entre sociedade e natureza. Além disso, ela propicia aos sujeitos, desde o início do processo de ensino, o conhecimento do ambiente em que se vive, destacando que a degradação social leva a uma forma de relação predatória com a natureza.
A Geografia trabalha com a compreensão do meio ambiente, na sua escala local, regional e global. Analisa todos os seus componentes, naturais, sociais e econômicos, e por este motivo é uma ferramenta importantíssima para a educação ambiental, visto que a mesma trabalha conceitos que podem ser utilizados amplamente no trabalho e apreensão do conhecimento pelos estudantes (SANTOS et. al., 2015). 
Como ciência social, a geografia, é capaz de contribuir no processo de ensino-aprendizagem de Educação Ambiental em todos os níveis da educação básica, já que procura analisar a relação existente entre a sociedade e as modificações causadas ao ambiente. Acredita-se que ao partir da realidade vivenciada pelos alunos e pela comunidade favorece o envolvimento dessas pessoas com a Educação Ambiental através de seus conhecimentos prévios e sua experiência com relação ao assunto estudado, o que contribui para a sensibilização ambiental (MESQUITA et. al., 2010).
A educação ambiental é um processo de aprendizagem e comunicação das questões relacionadas com a interação dos seres humanos com o ambiente, tanto em âmbito global, natural, como no criado pelo homem. No entanto, a Educação Ambiental é o método mais eficaz para buscar soluções e/ou alternativas que sensibilizem a sociedade quanto aos problemas socioambientais que estão ocorrendo no planeta nas últimas décadas. Acredita-se na eficácia da Educação Ambiental, que surge como uma necessidade no processo de salvar a humanidade de seu próprio desaparecimento e de ultrapassar a crise ambiental contemporânea. É um dos meios para se adquirir as atitudes, as técnicas e os conceitos necessários à construção de uma nova forma de adaptação cultural aos sistemas ambientais (RODRIGUEZ et. al., 2009 apud MONTEIRO, 2015).
À escola cabe uma parcela de contribuição nessas novas buscas. Sendo um espaço privilegiado de informação, de transmissão e produção de conhecimentos, de criatividade, de possibilidades. Deve-se trabalhar na perspectiva da superação de visões distorcidas, ingênuas, reducionistas das novas gerações. Contudo, percebe-se a importância da Educação Ambiental no processo de sensibilização da sociedade, principalmente no âmbito escolar, pois falar de meio ambiente hoje tornou-se pauta obrigatória, não por um mero modismo, mas por uma necessidade de se compreender a complexidade dos fenômenos ambientais que afetam o planeta (AZEVEDO, 2009 apud MONTEIRO, 2015).
Como prática pedagógica, a educação ambiental proporciona atividades indispensáveis na busca de soluções contra o agravamento dos problemas ambientais e ainda como medida eficaz para a construção de um ambiente mais saudável. E por isso deve estar presente na educação básica, para que os educandos, desde cedo, conheçam e aprendam a preservar o ambiente em que vivem. Conforme especifica a Carta da Terra a Educação Ambiental deve procurar fornecer instrumentos para iniciar discussões e ações concretas em relação às questões ambientais, sobretudo, no âmbito escolar, de maneira a ter uma população, mais consciente e preparada, para solucionar os possíveis problemas relacionados ao meio ambiente (BRASIL, 2018). 
A Educação Ambiental tem o papel de sensibilizar o professor e o aluno para que, construam coletivamente, o conhecimento, com estratégias pedagógicas que façam da escola um canal para disseminar os conteúdos e as novas práticas de ensino e de cidadania (BRASIL, 2018). 
O presente artigo desenvolveu a partir de estudos bibliográficos como leituras de produção científica, artigos, livros, dissertações e teses, cuja finalidade, mostrar a importância da Educação Ambiental, como ferramenta de conscientização trabalhada nas escolas como prática pedagógica no ensino de geografia, o mesmo está estruturados em três momentos, a principio faz se um breve histórico das concepções de educação ambiental e suas implicações, em seguida discutem o contexto de Educação Ambiental articulado a disciplina de Geografia, por fim enfatiza sua prática dentro da sala de aula.
2 Histórico sobre Educação AmbientalA Educação Ambiental surgiu no Brasil muito antes da sua institucionalização no governo federal. Temos a existência de um persistente movimento conservacionista até o início dos anos 70, quando ocorre a emergência de um ambientalismo que se une às lutas pelas liberdades democráticas, manifestada através da ação isolada de professores, estudantes e escolas, por meio de pequenas ações de organizações da sociedade civil, de prefeituras municipais e governos estaduais, com atividades educacionais voltadas a ações para recuperação, conservação e melhoria do meio ambiente. Neste período também surgem os primeiros cursos de especialização em Educação Ambiental (HENRIQUES et. Al., 2007).
O processo de institucionalização da Educação Ambiental no governo federal brasileiro teve início em 1973 com a criação da Secretaria Especial do Meio Ambiente (Sema), vinculada à Presidência da República. Outro passo na institucionalização da Educação Ambiental foi dado em 1981, com a Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) que estabeleceu, no âmbito legislativo, a necessidade de inclusão da Educação Ambiental em todos os níveis de ensino, incluindo a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para a participação ativa na defesa do meio ambiente. Reforçando essa tendência, a Constituição Federal, em 1988, estabeleceu, no inciso VI do artigo 225, a necessidade de “promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente” (HENRIQUES et. Al., 2007).
O conceito de Educação Ambiental evoluiu de acordo com o tempo. Historicamente esteve ligado aos conceitos ou representações que se atribuíram ao meio ambiente. Nas últimas décadas, vem se consolidando e tornando-se um parâmetro no estabelecimento de um outro pensar a educação no seu conjunto, haja vista, o número de publicações, projetos, experiências e pessoas envolvidas com a temática em todas as esferas. A Educação Ambiental busca a comunhão com os princípios fundamentais de participação, cidadania, autonomia, familiaridade com a cultura local e sustentabilidade almejando uma educação que priorize, em suas bases epistemológicas e metodológicas, a formação de homens aptos a enfrentar os desafios socioambientais que em muitos casos são produtos de sua própria ação (SOARES, 2007).
Segundo Dias apud Soares (2007),
a Educação Ambiental é um processo permanente no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação que os tornem aptos a agir e resolver problemas ambientais presentes e futuros.
Segundo Guimarães (1995), a Educação Ambiental tem o importante papel de facilitar a percepção da necessária integração do homem com o meio ambiente de modo que esta seja uma relação de harmonia consciente do equilíbrio dinâmico da natureza proporcionando, por meio de novos conhecimentos, atitudes e valores, a inserção de educando e educador como cidadãos no processo de transformação do atual quadro ambiental de nosso planeta.
O processo oficial de formação de uma Educação Ambiental formal se iniciou no Brasil através do Decreto Legislativo Federal n˚ 3, de 13 de fevereiro de 1948, que aprovou a Convenção para Proteção da Flora, Fauna e Belezas Naturais do país. A criação dos órgãos ambientais foi oficialmente instituída pela Lei Federal nº 6.938, sancionada em 31 de agosto de 1981, criando a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) (SOARES, 2007). 
O reconhecimento da Educação Ambiental ocorre na Constituição de 1988. No inciso VI, referente ao meio ambiente, define-se que a Educação Ambiental deve ser promovida em todos os níveis de ensino, bem como a necessidade de existir uma conscientização pública para preservação do meio ambiente. Oferecendo assim, amparo legal, e até, obrigatório, para as ações educativas formais e não formais em Educação Ambiental (SOARES, 2007).
No Inciso I do artigo 36 da Lei das Diretrizes e bases da Educação Nacional – LDB Lei nº 9.394, de 1996 a Educação Ambiental é prevista nos conteúdos curriculares da educação básica de forma multidisciplinar e integrada em todos os níveis de ensino. Em 1998, são publicados pelo Ministério da Educação e Cultura os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Estes Parâmetros são um útil instrumento no apoio a discussões pedagógicas, a projetos educacionais, ao planejamento de aulas, a reflexões da prática educativa, bem como de análise do material didático (SOARES, 2007). 
Dentro dos Parâmetros Curriculares, menciona-se a utilização de temas transversais, entre eles encontra-se a indicação da temática ambiental. Em 27 de abril de 1999, é sancionada a Política de Educação Ambiental – PNEA, que finalmente legaliza a obrigatoriedade de trabalhar o tema ambiental de forma transversal, conforme foi proposto pelos Parâmetros e Diretrizes Curriculares Nacionais. Assim, dentro da atual proposta curricular, a Educação Ambiental vem sendo apresentada como um tema interdisciplinar e transversal, isto é, ela não possui associação com nenhuma disciplina específica, mas deve estar presente em todas as áreas (SOARES, 2007).
2.1 A importância da Geografia para a Educação Ambiental
A Geografia é uma ciência que nasce da observação da natureza e acredita-se que desde antes de sua sistematização no século XIX, os povos coletores deviam a sobrevivência do clã ao conhecimento do espaço, os navegadores tinham ou não êxito em suas viagens conforme a habilidade de ler e confeccionar cartas, povos conquistavam ou eram conquistados graças ao conhecimento geográfico. Logo podemos observar que a geografia é a ciência que faz parte da vida humana desde os primórdios, conforme nos expõe Mendonça (2004) apud Marques et. al., (2015):
a geografia é, sem sombra de dúvidas, a única ciência que, desde a sua formação, se propôs ao estudo da relação entre os homens e o meio natural do planeta – meio ambiente, atualmente, em voga é propalado na perspectiva que engloba o meio natural e o social.(MENDONÇA, 2004, apud MARQUES et. al., 2015).
A Geografia, na proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais, tem tratamento específico como área, uma vez que oferece instrumentos essenciais para a compreensão e intervenção da realidade social. Por meio dela é possível compreender como diferentes sociedades interagem com a natureza na construção de seu espaço. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, a Geografia tem como objeto de estudo as relações entre o processo histórico que regula a formação das sociedades humanas e o funcionamento da natureza, por meio da leitura do espaço geográfico e da paisagem (DAMIATI et. al., 2010). 
O objetivo da Geografia é explicar e compreender as relações entre a sociedade e a natureza, e como ocorre a apropriação desta por aquela. A Geografia também contribui para o entendimento e para a análise dessas questões. Na análise geográfica sobre a questão ambiental há o resgate da sua dimensão social. Portanto, para a Geografia, a questão ambiental é histórica, política e econômica (DAMIATI et. al., 2010).
A Geografia pode desempenhar um papel muito importante diante das questões socioambientais. A preocupação desta disciplina em relacionar temas como a educação ambiental, sociedade e natureza, faz dela uma ferramenta especial na demonstração de como as ações humanas podem ao longo do tempo, interferir na condição de vida de várias gerações. Pode também mostrar ao aluno o papel dele diante da sociedade (DAMIATI et. al., 2010). 
O ensino de geografia por sua vez tem todo um perfil que possibilita, através de seus conteúdos a prática da educação ambiental de forma contínua. Ao se trabalhar o espaço geográfico, considerado o objeto de estudo da geografia, o educador tem todas as prerrogativas para promover a educação ambiental, já que esta não pode ser dissociada do espaço, logo cada aula de geografia também pode ser uma aula de educação ambiental (DAMIATI et. al., 2010; MARQUES et. al., 2015).
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionaisdo Ensino Médio (PCNEM), a geografia contribui para a formação do aluno ao orientar o seu olhar para os fenômenos ligados ao espaço, reconhecendo – os a partir da dicotomia sociedade/natureza. Segundo o PCNEM, reconhecer isto permitiria a comparação e avaliação da qualidade de vida, hábitos, formas de utilização e/ou exploração de recursos, em busca de uma organização social mais equânime. A geografia permite ao homem, entender tais relações que se estabelecem no mundo, também lhe fornece subsídios para que o por si só possa alterar essas relações, a fim de torna-las menos destrutivas e mais aprazíveis a todos aqueles que as integram. A Geografia fundamentada eticamente associa Educação Ambiental a mudanças profundas na percepção dos seres humanos, sobre o papel que devem desempenhar no ‘Ecossistema Planetário (OLIVEIRA, 2007).
Oliveira (2007), ressalta que articular geografia e educação ambiental é de vital importância para a conscientização dos indivíduos sobre a importância de preservar a natureza e ao mesmo tempo assegurar a qualidade de vida. Pois por intermédio da educação ambiental pode-se levar a compreender as relações homem-natureza, com o objetivo de tomar os necessários cuidados com o meio ambiente para mantê-lo conservado não só no presente mas também para as gerações futuras. 
Cabe a geografia o papel de conscientizar, onde segundo Freire, a conscientização é mais que a simples tomada de consciência. Supõe, por sua vez, superar a falsa consciência, quer dizer, o estado de consciência semi-intransitiva ou transitiva ingênua, e uma melhor inserção crítica da pessoa conscientizada numa realidade desmitologizada (FREIRE, 1977, apud MARQUES et. al., 2015).
2.2 Educação Ambiental na Prática Pedagógica Dentro de Sala de Aula
Pode-se entender que a educação ambiental é um processo pelo qual o educando começa a obter conhecimentos acerca das questões ambientais, onde ele passa a ter uma nova visão sobre o meio ambiente, sendo um agente transformador em relação à conservação ambiental. As questões ambientais estão cada vez mais presentes no cotidiano da sociedade, contudo, a educação ambiental é essencial em todos os níveis dos processos educativos e em especial nos anos iniciais da escolarização, já que é mais fácil conscientizar as crianças sobre as questões ambientais do que os adultos (MEDEIROS et. al., 2011).
Segundo Torres (2005) apud Calixto et. al., (2014) a Educação Ambiental vem sendo incorporada ao processo educacional com uma nova dimensão, ou seja, através da Educação Ambiental busca-se sensibilizar os alunos a se tornar um cidadão inserido em seu contexto social, capaz de lidar com os problemas ambientais da sociedade em que vive. Nesse sentido, exige-se que o educador tenha preparo prático, teórico e científico para introduzir e direcionar seus educandos no trato com os assuntos relacionados ao uso e proteção racional do meio natural. Portanto, a Educação Ambiental desenvolvida no contexto escolar deve proporcionar aos alunos uma educação para a cidadania. 
Segundo Medeiros et. al., (2011), a cada dia que passa a questão ambiental tem sido considerada como um fato que precisa ser trabalhada com toda sociedade e principalmente nas escolas, pois as crianças bem informadas sobre os problemas ambientais vão ser adultas mais preocupadas com o meio ambiente, além do que elas vão ser transmissoras dos conhecimentos que obtiveram na escola sobre as questões ambientais em sua casa, família e vizinhos. As instituições de ensino já estão conscientes que precisam trabalhar a problemática ambiental e muitas iniciativas tem sido desenvolvida em torno desta questão, onde já foi incorporada a temática do meio ambiente nos sistemas de ensino como tema transversal dos currículos escolares, permeando toda prática educacional (MEDEIROS et. al., 2011).
A Educação Ambiental deve se orientar firmemente para formar na consciência das novas gerações a importância da natureza e dar-lhes a possibilidade de ação para preservar e conservar o meio em que vivem. Conceituar e discutir Educação Ambiental nos remete à necessária reflexão sobre os desafios que estão colocados para mudar a formas de pensar e de comportamento sobre a questão ambiental numa perspectiva contemporânea (OLIVEIRA, 2007). O trabalho da Educação Ambiental deve ajudar os educandos a construírem uma consciência global das questões relativas ao ambiente, para que possam assumir posições afinadas com os valores referentes à sua proteção e melhoria. Para isso, é importante que atribuam significado aquilo que aprendem sobre as questões ambientais, resultado da ligação que estabelecem entre o que aprendem e sua realidade cotidiana possibilitando a utilização destes conhecimentos em outras situações (SOARES, 2007).
O sucesso da educação ambiental na prática dentro de sala de aula depende da forma como o professor conduz as suas atividades, adequando as necessidades dos alunos, por isso se faz necessário á reflexão diária sobre tudo que está no seu contexto de vida presente e futura. A construção de uma prática educativa nomeada educação ambiental e a identidade profissional de um educador a ela associada, formam parte dos movimentos de estruturação do campo ambiental (CARVALHO et. al., 2005 apud VIRGENS, 2011). 
Segundo Virgens, (2011), é claro que a prática escolar consiste na concretização das condições que asseguram a realização do trabalho docente. Tais condições não se reduzem ao estritamente pedagógico, já que a escola compre funções que lhe são dadas pela sociedade que é formar cidadãos críticos e conscientes do seu papel como ser humano e como ser social mediante as questões ambientais, e até da sua própria existência e das gerações futuras.
A educação ambiental nas escolas contribui para a formação de cidadãos conscientes, aptos para decidirem e atuarem na realidade socioambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade. Para isso, é importante que, mais do que informações e conceitos, a escola se disponha a trabalhar com atitudes, com formação de valores e com mais ações práticas do que teóricas para que o aluno possa aprender a amar, respeitar e praticar ações voltadas à conservação ambiental (MEDEIROS et. al., 2011). 
A escola é o lugar onde o aluno irá dar sequência ao seu processo de socialização, no entanto, comportamentos ambientalmente corretos devem ser aprendidos na prática, no decorrer da vida escolar com o intuito de contribuir para a formação de cidadãos responsáveis, contudo a escola deve oferecer a seus alunos os conteúdos ambientais de forma contextualizada com sua realidade (MEDEIROS et. al., 2011).
O trabalho com o meio ambiente nas escolas traz a ela a necessidade de estar preparada para trabalhar esse tema e junto aos professores adquirir conhecimentos e informações para que possa desenvolver um bom trabalho com os alunos. Os professores têm o papel de ser o mediador das questões ambientais, mas isso não significa que ele deve saber tudo sobre o meio ambiente para desenvolver um trabalho de qualidade com seus alunos, mas que ele esteja preparado e disposto a ir à busca de conhecimentos e informações e transmitir aos alunos a noção de que o processo de construção de conhecimentos é constante. Para isso o professor precisa buscar junto com os discentes mais informações, com o objetivo de desenvolver neles uma postura crítica diante da realidade ambiental e de construírem uma consciência global das questões relativas ao meio ambiente para que possam assumir posições relacionadas com os valores referentes à sua proteção e melhoria. 
Medeiros et. al., (2011) ressalta que a figura do professor diante de seus alunos deve ser um instrumento de ação para a conscientização deles educando-os de forma correta desde a conservação da limpeza da sala de aula até a preservação do meio em que comunidade escolar está inserida na sociedade.
Segundo a UNESCO (2005, p. 44), “Educação ambiental é uma disciplina bem estabelecida que enfatiza a relação dos homens com o ambiente natural,as formas de conservá-lo, preservá-lo e de administrar seus recursos adequadamente”. Assim, incluindo a educação ambiental como prática pedagógica no ensino de geografia na escola pode-se preparar o indivíduo para exercer sua cidadania, possibilitando a ele uma participação efetiva nos processos sociais, culturais, políticos e econômicos relativos à preservação do “verde no nosso planeta”, que se encontram de certa forma em crise, precisando de recuperação urgente. O início do processo de conscientização, de que o meio ambiente solicita é o entendimento e a reflexão de uma condição básica para a convivência humana. A educação ambiental tem muito a contribuir no sentido de construir relações e proporcionar intercâmbios entre as diversas disciplinas. Este intercâmbio depende exclusivamente da vontade dos docentes em participarem deste processo, e que esta vontade dificilmente acontece sem haver uma orientação e um preparo (MEDEIROS, et. al., 2011).
A educação ambiental tem como princípio buscar e assegurar que o futuro do planeta esteja equilibrado no que se refere a natureza. A sua Política Nacional tem como um de seus princípios “o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas na perspectiva da interdisciplinaridade”. Esta lei determina que a educação ambiental não seja trabalhada na forma de disciplina especifica, mas que permeie o currículo das disciplinas. Deve ter na perspectiva da transversalidade a estratégia metodológica, o que tem se revelado um desafio que as escolas vêm enfrentando com muitas dificuldades, seja pelo programa estritamente fechado em seus conteúdos e carga horária, seja pelo pouco interesse, por parte dos professores, em atividades diferentes do binômio quadro-giz (MEDEIROS, et. al., 2011). 
Portanto, os PCNs (Parâmetros curriculares nacionais) vêm fortalecer para os professores a importância de se trabalhar a educação ambiental como forma de transformação da conscientização dos indivíduos, sendo uma forma de integrar as diversas áreas do conhecimento. Porém em nosso país a realidade diverge do que determina a lei (MEDEIROS, et. al., 2011). 
A temática ambiental, em muitas instituições de ensino, é abordada nas disciplinas de Geografia e Ciências, quando na verdade, deveria ser trabalhada em todas as matérias ministradas em sala de aula. O caráter integrador do meio ambiente acaba permanecendo na teoria, o que vem reforçar a ideia antropocêntrica de grande parte da sociedade: o homem não faz parte do meio ambiente, ele está fora do mesmo, muitas vezes considera-se algo superior (MEDEIROS, et. al., 2011).
Assim, conclui-se que se faz necessário relacionar a educação ambiental juntamente com a vida do aluno, com seu meio, e sua comunidade. Almejando que, por meio da Educação Ambiental, leve a mudança de comportamento pessoal, a atitude e aos valores que podem ter fortes consequências sociais. Propiciando que realmente se identifiquem como parte integrante da natureza, percebendo a importância de suas atitudes como elemento fundamental para uma ação criativa, responsável e respeitosa em relação ao ambiente (SOARES, 2007).
3 Considerações Finais
O ensino de geografia na atualidade vem passando por várias reformulações, diante da reflexão sobre o papel da escola na sociedade e em presença das grandes transformações socioespaciais que vem ocorrendo seja na escala local, regional ou global. 
A geografia possui um caráter espacial que a torna capaz de envolver as questões sociais e naturais dispostas em nosso planeta. A geografia por ser uma disciplina que visivelmente possui uma estreita relação com as questões ambientais possibilita o indivíduo refletir sobre o modo de vida, o consumo, as diferenças socioespaciais produzidas no espaço e a produção voltada para o lucro sem nenhuma preocupação com o futuro da biosfera.
A educação ambiental, assume a cada dia um papel desafiador que exige novas demandas e saberes. Observa-se, que a inserção da educação ambiental na educação proporciona o desenvolvimento de cidadãos críticos, reflexivos e participativos, capazes de compreender a realidade local e, a partir desta, os problemas ambientais que afetam o mundo. 
Considera-se a educação ambiental como prática pedagógica no ensino de geografia como abordagem significativa como instrumento que poderá nortear práticas pedagógicas conscientes, críticas e transformadoras no ambiente escolar. Tendo em vista que os paradigmas de interpretação da realidade interferem no trabalho pedagógico e afetam diretamente o que se pretende ensinar, fez-se pertinente destacar alguns elementos da prática educativa em EA no ensino de Geografia.
Portanto, a educação ambiental trabalhada dentro da geografia como prática pedagógica pode possibilitar mudanças positivas no comportamento e nas atitudes, tanto individual quanto coletivamente, com benefícios para as águas, seja pelo seu uso racional, seja pelo respeito aos recursos naturais decorrentes desta transformação cultural. Além disso, é importante que se criem desde cedo, cidadãos conscientes dos problemas ambientais locais e globais, e que possam contribuir para um ambiente mais saudável, já que passam a ter oportunidade de vivenciar as realidades de sua região, o que oferece facilidades na identificação e compreensão dos problemas do meio ambiente.
REFERÊNCIAS
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