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A IMPORTÂNCIA DA INSERÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS ESCOLARES Flávio Ernan dos Santos de Araújo: Graduando em Pedagogia na Universidade Estácio de Sá (UNESA); flavioernandossantos@gmail.com. Orientadora: Maria Teixeira do Amaral Montes RESUMO De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais de Educação Ambiental, a Educação Ambiental deve estar presente no currículo do ensino formal, de modo contínuo, permanente e interdisciplinar. Nesse viés, este trabalho versa sobre as ações antrópicas e os impactos negativos causados por estas no meio ambiente, e como ganharam força nos últimos anos, trazendo graves consequências para a manutenção das diferentes formas de vida no planeta. Para tanto, esta pesquisa bibliográfica, tem como objetivo ratificar a importância da criação de sentidos sobre a Educação Ambiental (EA) nas práticas pedagógicas escolares. Desse modo, discute-se acerca de projetos de práticas educacionais ecológicas que procuram sensibilizar as pessoas das consequências e dos efeitos dos problemas ambientais. Ademais a isso, o ambiente escolar, deve utilizar a EA como instrumento metodológico interdisciplinar para oferecer aulas dinâmicas e contextualizadas dentro e fora das escolas, buscando resgatar o valor da EA para a sociedade, entender e modificar a relação homem-ambiente. Portanto, faz-se entender que práticas ambientais implementadas em instituições escolares devem ser fundamentadas na cooperação, participação e geração de autonomia dos atores envolvidos, promovendo o sentimento de pertencimento local, interação, conscientização e mudança de comportamento. Palavras-chaves: currículo escolar; futuras gerações; mudanças de hábitos. ABSTRACT According to the National Curriculum Guidelines for Environmental Education, Environmental Education must be present in the formal education curriculum, in a continuous, permanent and interdisciplinary way. Accordingly, this work deals with anthropic actions and the negative impacts caused by them on the environment, and how they gained strength in recent years, bringing serious consequences for the maintenance of different forms of life on the planet. Therefore, this bibliographic research aims to ratify the importance of creating meanings about Environmental Education (AE) in school pedagogical practices. In this way, we discuss about projects of ecological educational practices that seek to sensitize people to the consequences and effects of environmental problems. In addition to this, the school environment must use EE as an interdisciplinary methodological tool to offer dynamic and contextualized classes inside and outside schools, seeking to rescue the value of EE for society, understand and modify the man-environment relationship. Therefore, it is understood that environmental practices implemented in school institutions must be based on the cooperation, participation and generation of autonomy of the actors involved, promoting the feeling of local belonging, interaction, awareness and behavior change. Keywords: school curriculum; future generations; changes in habits. mailto:flavioernandossantos@gmail.com 1 INTRODUÇÃO Este trabalho tem como objetivo analisar, observar e apresentar pontualmente sobre ações sustentáveis voltadas para a conservação do meio ambiente, e em seus princípios e objetivos, a grande importância da educação ambiental residente na atuação consciente dos professores e alunos. Este visa, portanto, fomentar o aumento de práticas sustentáveis no ambiente escolar, haja vista que nesse contexto, a EA possui grande importância, uma vez que, desde cedo os alunos aprendem a lidar com o desenvolvimento sustentável, pois sabe-se que o consumismo na sociedade atual é um desafio existente para solucionar os problemas ambientais. Coloca-se, assim, o grande dilema para educação ambiental: como fazer com que essas experiências entrem nos currículos e práticas pedagógicas? Como fazer com que essas experiências produzam ressonâncias no corpo, gerando mudanças em relação à vida e a terra? Além disso, a EA é considerada conteúdo e aprendizado, é motivo e motivação, é parâmetro e norma, indo além dos conteúdos pedagógicos; faz com que os seres humanos interajam entre si, de forma que ocorra uma troca de práticas e conhecimentos sobre esse assunto, os educadores ambientais, são pessoas apaixonadas pelo que fazem (CARVALHO, 2006). Assim, dada sua importância, a Educação Ambiental além de estar amparada pela Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, onde está prescrito que todos os níveis e modalidades do processo educativo trabalhem o tema a fim de assegurar seus pressupostos, deve-se estar presente também, questões humanísticas, participativa, vinculação entre ética, educação, trabalho, práticas sociais,e respeito à diversidade individual e cultural (BRASIL, 1999). Portanto, para abordar os temas acima mencionados, utilizar-se-á os conceitos de Arnaldo e Santana sobre Políticas públicas de Educação Ambiental (ARNALDO E SANTANA, 2018), o silenciamento da educação ambiental no Plano Nacional de Educação e da Base Nacional Comum Curricular, de Frizzo e Carvalho, (FRIZZO E CARVALHO, 2018), bem como a Lei nº 9.795 de 27 de abril de 1999 sobre a educação ambiental no país. 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral ● Demonstrar e discorrer sobre a importância da Educação Ambiental nas escolas e como esta contribui para diminuição dos impactos ambientais e sociais. 2.2 Objetivos Específicos ● Traçar um histórico da Educação Ambiental. ● Reforçar o conteúdo Pedagógico e Político da Educação Ambiental na formação de Professores. ● Propiciar a constituição de uma comunidade interpretativa e de aprendizagem. ● Discutir a importância da Interpretação Ambiental. 3 JUSTIFICATIVA O trabalho em tela, pretende levantar o seguinte questionamento: Por que inserir a Educação Ambiental nas práticas pedagógicas, nas mais variadas disciplinas curriculares do ensino? De acordo com Nascimento (2020), as práticas específicas e voltadas para o estudo de problemáticas ambientais é a melhor alternativa para alcançar a mudança de atitudes, através da implantação de conceitos ambientais nas escolas e fora dela, possibilitando aos alunos a criarem um sentimento de pertencimento local e global voltados para uma nova perspectiva sobre escola e o mundo. Isto é, percebe-se que muitas escolas e docentes bem-intencionados diversas vezes acabam desistindo da prática educativa envolvendo a EA devido aos mais diversos obstáculos que surgem no caminho. Ademais, quando esses agentes levam seu projeto até o fim, faz-se necessário destacar que a aprendizagem dos alunos não é garantida, principalmente, nos casos onde os educadores não buscaram superar as dificuldades que encontraram, apenas as ignoraram. Além desses aspectos mencionados, cabe ressaltar também em relação aos professores das escolas públicas, que já encontram dificuldades inerentes à profissão, como cargas horárias desgastantes e falta de motivação dos alunos, quando começam a desenvolver seus planos de EA sempre encontraram situações inesperadas, no entanto, precisam nutrir o interesse em realizar um bom trabalho na formação das futuras gerações. Pensando nisso, destaca-se a importância deste trabalho, pois trata-se de compreendermos que alunos e professores devem empenhar-se na busca da melhoria do planeta mediante a busca pelo desenvolvimento da qualidade de vida e pelas melhores condições ambientais via campo da Educação Ambiental. Isto é, que a EA pode mudar hábitos, transformar a situação do planeta e proporcionar melhor qualidade de vida às pessoas. Em outras palavras, se faz necessário a prática de educação ambiental, onde cada indivíduo sinta-se responsável em fazer algo para conter o avanço da degradação ambiental. Por conseguinte, foramconsiderados vários aspectos educacionais e ambientais com a finalidade de discutir os pontos relativos à implementação da EA na prática escolar, com uma ênfase maior em valores como cooperação, igualdade de direitos, autonomia, democracia e participação (BARBOSA, 2011). 4 METODOLOGIA O presente artigo tem como abordagem a metodologia descritiva exploratória que, de acordo com Ramos et. al (2019) visa analisar o material produzido nos trabalhos científicos, com intuito de verificar artigos publicados em periódicos nacionais compreendendo o período de inclusão de 1998-2020, uma vez que este tipo de estudo procura explicar uma problemática a partir de referenciais teóricos publicadas em documentos. Os artigos foram elencados por meio de consulta eletrônica nas plataformas eletrônicas Google acadêmico, e utilizaram-se as seguintes combinações de palavras- chave: educação ambiental, práticas ambientais nas escolas, práticas pedagógicas, educação ambiental nas escolas. Ademais, como próximo passo, iniciou-se a leitura dos artigos, sendo somente selecionados aqueles artigos científicos, pela atualidade em termos de pesquisa, além de registros que relataram os principais pontos a serem abordados no decorrer do trabalho. A partir destes foi possível realizar uma seleção final das obras para, então, averiguar-se a importância dos assuntos abordados para com a questão norteadora do trabalho. 6 DESENVOLVIMENTO 6.1 Educação Ambiental: Sabe-se que, o ambiente escolar deve ser um espaço de transformação da sociedade, uma vez que o saber construído pode ser transmitido a todo conjunto da comunidade, docentes e discentes, seus familiares e aos ambientes de socialização. Nessa perspectiva, a Educação Ambiental (EA) surge como uma ferramenta com o propósito de assistir à transformação de mentalidade e atitudes entre relação homem- ambiente (COSTA, BRAGA, 2018). Dessarte, estudiosos como Frei Betto (2012), observou que em muitos casos os filhos herdam os impulsos consumistas dos pais e através do ambiente em que convivem além da casa. Tal processo inicia-se no controle dos gastos de uma criança em casa. O autor cita exemplos como: fraldas descartáveis, brinquedos de plástico, gasto de água, entre outros costumes, que podem desperdiçar recursos naturais e gerar grande quantidade de resíduos sólidos. Nesse contexto, percebe-se que a carga consumida pelos pais reflete o possível comportamento futuro da criança, que por consequência reproduz os hábitos de consumo dos pais. Nesse viés, a escola tem um papel importante no exercício da cidadania, ou seja, ela pode colaborar para a formação de pessoas que participam das decisões sobre os destinos da educação. Caberá a ela, ainda, o desafio de sensibilizar e refletir sobre seus impactos gerados no ambiente, embora esse papel seja responsabilidade de todos os atores da sociedade, não somente da instituição de ensino. Para isso, a educação ambiental entra como ferramenta no enfrentamento dos impactos ambientais por conta das ações antrópicas. 6.1 A Educação Ambiental: Uma Linha Temporal Na década de 1960 e 1970, a busca por soluções para as problemáticas ambientais foi marcada pelas conferências e reuniões internacionais (FRIZZO, CARVALHO, 2018). Segundo Arnaldo e Santana (2018), essas problemáticas ambientais, apresentaram o processo educativo como parte das propostas para resolver, ou quando não fosse possível, mitigar tais problemas. Nesse sentido, Melo (2007) afirma que o objetivo geral da educação ambiental é formar cidadãos capazes de identificar os problemas ambientais, que saibam solucioná-los e preveni-los, além de participar desses processos. Que preservem o patrimônio cultural e natural, que lutem por melhorias tanto para essa geração como para a futura. Entretanto, no Brasil, foi somente em 1999 que a EA teve seu auge legislativo com a promulgação da Lei nº 9.795 de 27 de abril de 1999, já mencionada, que instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), à qual, em seu artigo 10, considera que a educação ambiental deve ser desenvolvida em todos os níveis e modalidades do ensino formal como uma prática integrada e permanente, e que a mesma não deve ser uma disciplina específica do currículo (BRASIL, 1999). Ainda no mesmo ano, mais especificamente no Estado do Rio de Janeiro, a Lei nº 3.325 de dezembro de 1999, que institui a Política Estadual de Educação Ambiental, foi criada de acordo com os princípios e objetivos da PNEA, reforçando, em seu artigo 10 parágrafos 2º, a interdisciplinaridade no trato das questões ambientais. Ratifica-se, então, que em qualquer âmbito federativo, as políticas de educação ambiental ordenam que em qualquer instituição de ensino do Brasil deve considerar a EA como parte dos programas de ensino, permitindo o aluno a pôr em prática o conhecimento adquirido no ambiente escolar de forma a aplicá-lo em sua vivência. 6.2 Educação Ambiental no Cenário Escolar A escola é uma instituição dinâmica que deve compreender e articular os processos cognitivos com os contextos da vida (JUNIOR; CAMPOS, 2018). Cabe à esta proporcionar aos seus alunos um ambiente favorável às discussões e reflexões com o intuito de contribuir para a formação de cidadãos conscientes de seu papel em relação ao Meio Ambiente (SANTOS; COSTA, 2013). Por certo, o aluno vem para a escola com a mente aberta para novas experiências, é desta condição que os educadores devem aproveitar e inserir a Educação Ambiental, desenvolvendo futuros cidadãos conscientes da sua importância para a preservação do planeta (SCHÜNEMANN; ROSA, 2010). De acordo com Henn e Bastos (2008) o sistema educacional deve ser dinâmico, estar sempre se reinventando com o objetivo de proporcionar ensino qualidade para a formação do ser humano responsável por seus atos, com discernimento entre o que é ou não é aceitável fazer, entender que é parte integrante de um sistema muito maior e que suas ações podem garantir a prosperidade ou a desgraça deste (HENN; BASTOS, 2008). Justen (2006) explica que a visão mais comum sobre a EA se baseia no estudo da natureza e práticas que orientem a destinação correta do lixo, o que de fato também é importante, mas não suficiente. Outrossim, Loureiro (2006, p.47) consente com a crítica do autor supracitado dizendo que “[...]coloca-se com frequência no cerne da Educação Ambiental a contemplação do natural e não a interação na natureza” [...], ou seja, não se insere o indivíduo no meio em que vive, não se salienta a atuação de cada um, tanto positiva quanto negativa”. Em resumo, os autores compartilham a ideia de que a EA não é trabalhada da forma correta em boa parte das instituições de ensino, que optam por tratar o tema sob uma perspectiva de senso comum e superficialismo, afinal, a contemplação do meio ambiente, de maneira isolada e sem contextualização, dificilmente produzirá uma aprendizagem significativa. Nesse sentido, segundo Borges e Junior (2017) a EA cumpre o importante papel de intermediar a reintegração homem e natureza mediante o descuido com relação a sua preservação. Além disso, os autores ainda explicam que tal contribuição pode ser oferecida através de atitudes, valores e na inserção de docentes e discentes nesse processo de transformação do cenário ambiental. A complexidade da temática ambiental ainda é um tema singular pela maioria da população e até mesmo para os profissionais da educação que não são da área. No que se refere a EA, no Brasil, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) norteiam as práticas educativas que visam a implementação da EA no ensino (SANTOS; SANTOS, 2016). No que se refere a Educação Ambiental, está inserida dentro do tema meio ambiente como um tema transversal, a qual os PCN’s justificam que as problemáticas dos Temas Transversais permeiam diferentes campos do conhecimento. Neste documento,segundo Brasil (1998) a EA deve ser inserida no currículo de forma diferenciada, não como uma disciplina específica a mais. Isso porque o estudo das temáticas ambientais refere-se à necessidade de recorrer aos conhecimentos relativos às áreas do saber. Corroborando com este princípio Adams (2012), ressalta: “ trata-se de um processo, e como processo não pode ser instalada como uma disciplina específica, mas deve estar implícita em todas ações educativas. ” Em contextos educacionais, com a transversalidade a ideia é buscar um novo diálogo em sala de aula e fora dela, em que de forma conjunta professores, estudantes e a comunidade criem um ambiente de educação mútua. Nesse âmbito, alguns autores defendem também a ideia de uma disciplina específica de Educação Ambiental implica em imposição de conteúdos indo de encontro com a premissa da EA como uma forma de se educar (BERNARDES; PRIETO, 2010). Contudo, em estudo realizado por Arnaldo e Santana (2018) observaram que a busca para integrar a temática ambiental em diferentes áreas, ainda que presente, não é uma prática frequente. Ratificando-se um dos inúmeros desafios que a prática da EA enfrenta no ensino formal. Mediante a isso, cita-se ainda vários outros desafios dos docentes para trabalhar a educação ambiental como, por exemplo, falta de engajamento dos professores, dificuldade em trabalhar temas que não sejam específicos ou relacionados a área de competência dos mesmos, além disso a falta de planejamento e recursos da instituição, entre outros fatores (SANTOS, 2019). Logo, de um modo geral, os autores sinalizam o fracasso da introdução dos temas transversais em particular à temática ambiental, ratificando-se ainda mais a importância da construção de caminhos metodológicos para o desenvolvimento de práticas ambientais nas escolas e mudança de tal realidade. 6.2 A Educação Ambiental e a Interpretação Ambiental no meio escolar De acordo com o Ministério do Meio Ambiente a Interpretação Ambiental é uma linguagem da natureza, os processos naturais, a inter-relação entre o homem e a natureza, de maneira que os visitantes possam compreender e valorizar o ambiente e a cultura local (MMA, 2006). Nesse viés, torna-se inegável que a implementação, nas escolas, de aulas sobre EA, como por exemplo em Áreas de Proteção Ambiental (APA), Unidades de Conservação (UC), Áreas de proteção permanentes (APP), etc; são essenciais para a educação, em especial da educação infantil e fundamental, classes previstas no Art. 2ª da lei sobre Política Nacional da Educação Ambiental (BRASIL, 1999). De acordo com o Art. 9º da Lei supracitada, a educação ambiental deve estar presente e ser desenvolvida permeando os currículos das instituições de ensino público e privado, englobando: I – educação básica: a. educação infantil; b. ensino fundamental e c. ensino médio. II – educação superior; III – educação especial; IV – educação profissional; V – educação para jovens e adultos. (Brasil, 1999) De acordo com Viveiro e Diniz (2009) essa estratégia metodológica, é denominada de atividade de campo, ferramenta que possibilita o contato direto com o ambiente, o envolvimento, a interação em situações reais, o confronto entre teoria e prática, bem como aguça a curiosidade e os sentidos e pode estreitar as relações de estima entre professores e alunos (VIVEIRO; DINIZ, 2009). A Figura 1, a seguir, apresenta os alunos da 7ª e 8ª série, da Escola Dom Bosco, da cidade de Salinópolis, PA, em aula prática acerca de IA e também sobre a degradação do meio ambiente com a poluição dos ecossistemas costeiros, nesse caso, dos manguezais. Fonte: Professora Bióloga Jéssica Matos (2020) Pela mesma razão, quando nos referimos a atividades extraclasse voltas para IA e EA, associamos a ideia de uma estratégia onde se troca sala de aula por outro ambiente, onde existam condições para estudar as relações entre os seres vivos presentes naquele meio, incluindo a interação de homem-natureza, explorando aspectos naturais, sociais, históricos, culturais, medicinais entre outros. Desse modo, pode ocorrer em uma praia, em um bosque, uma praça, um museu, uma indústria, uma área de preservação, um bairro, incluindo desde saídas Figura 1 - Aula Prática de Interpretação Ambiental e Ecossistema de Manguezal rápidas em volta da escola até viagens turísticas que ocupam vários dias. Ou seja, nessas atividades, há possibilidade de promover o interesse dos alunos pela construção de uma sociedade ecologicamente sustentável. Ademais, de acordo com Piaget (1999), o desenvolvimento da aprendizagem está relacionado com o meio em que se está inserido. À medida que a infância é o momento em que eles começam a interagir com a ideia de sociedade, aprendem conceitos, são bombardeados com uma série de valores que serão a grande base para a vida. Nesse parâmetro, também se segue a adolescência e juventude, que são períodos de constante aprendizado e importantíssimos na trajetória dos indivíduos. Portanto, uma criança, um adolescente que aprende, desde cedo, que o mesmo é parte da natureza e não proprietário dela terá uma relação muito mais sustentável com a sociedade em geral e principalmente com meio ambiente. Paralelamente a isso, no médio e longo prazo, além da percepção, sensibilização e IA, a Educação Ambiental (EA) desenvolvida em áreas naturais, trabalha o senso crítico e o sentimento de pertencimento ao ambiente natural, bem como o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural (BRASIL, 1999). Portanto, são fases de capital importância para trabalhar a educação ambiental, e indo muito além dela, trabalhando também a inclusão social. Segundo Ikemoto, 2008, a IA é considerada como estratégica dentro do planejamento e manejo das Unidades de Conservação pela sua importância educativa e social. Ou seja, a IA deve ser considerada um instrumento estratégico nas práticas pedagógicas nas escolas afim de promover a EA na sociedade. Em suma, o aluno disponibiliza-se a aprender com o próprio ambiente em sala de aula mediado pelo docente que deve relacionar o conteúdo ministrado a questões do cotidiano dos discentes. De acordo com Sousa 2011, além do que já foi mencionado, as oficinas devem se desenvolver apoiadas nas vivências dos alunos e dos fenômenos que ocorrem à sua volta, buscando encaminhá-los com o auxílio dos conceitos científicos pertinentes (SOUSA, 2011). Nessa direção, Lima et al. (2021), ratifica que trabalhar com estudo do ambiente através do contato e a observação direta da natureza possibilita nos mostrar a importância da inclusão do ser humano no meio ambiente natural pois a sensibilização através do conhecimento vivenciado proporciona uma melhor percepção da ação o homem na natureza e o reconhecimento deste como cidadão sujeito destas ações. Ou seja, nesse panorama a EA aliada a IA, desperta no discente a consciência de preservação e de cidadania. Além disso, o ser humano deve passar a entender, desde cedo, que precisa cuidar, preservar e que o futuro depende do equilíbrio entre homem e natureza e do uso racional dos recursos naturais. Pois, considera-se que o pensamento sustentável representa a oportunidade de garantir que o sistema social possa sempre evoluir como comunidade ecológica (JACOBI, 2003). 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante dos problemas ambientais, as práticas pedagógicas de Educação Ambiental, surge como novas alternativas, para a construção de um novo pensar crítico e reflexivo, mediante a complexidade dos problemas ambientais enfrentados atualmente, utilizando-se das suas ferramentas de sensibilização, propõe-se, pois, repensar as práticas pedagógicas, acerca da EA no contexto escolar, de forma imediata, tendo em vista que já é uma prática que não pode ser somente inserida em um contexto transversal e interdisciplinar. De acordocom os autores mencionados nesta pesquisa, percebe-se que a inclusão das questões ambientais nas escolas e na formação do professor é um desafio, mas que pode ser vencido com empenho dos professores, das instituições de formação, do governo, dos alunos e da população. Outrossim, articulada a um currículo que promova práticas e sentidos que ultrapassem as linhas da grade escolar nacional, que possam ir além de uma sala com quatro paredes. Ademais, não é suficiente que os temas transversais sejam um apêndice das disciplinas. Por isso elas devem ser o próprio eixo da educação escolar. Dessa forma, como já mencionado, o currículo escolar deixa de ser um espaço de transmissão de conteúdos e passa a ser um espaço de formação social e ambiental. Inquestionavelmente, viu-se que a EA é essencial à promoção de valores também e para fomentar a capacidade das pessoas de entender e enfrentar as problemáticas ambientais e de desenvolvimento. Esta educação em todos os níveis, especialmente na base como articula Piaget, marcada como educação infantil, é onde os educadores fixam valores que ganharam força ao longo dos anos de vida dos alunos. Diante disso, a dimensão ambiental pode se configurar como um fator desencadeador de ações éticas e humanistas como citou Ikemoto, de ações que transcendam contextos e fronteiras. Agir dessa forma exige ultrapassar as amarras estabelecidas por um currículo disciplinar e pelos muros da escola. Outros espaços e tempos escolares necessitam ser tecidos, novas pedagogias e racionalidades emergem para além dos contextos reprodutivistas de um mundo ainda insustentável. Ademais, o currículo deve possibilitar que se saboreie a natureza, contextualizando esta experiência na vida de cada um, de maneira a despertar o cuidado e o respeito por si e pelos outros seres. Nesse viés, é preciso “incorporar” o currículo com vivências que estimulem os sentidos e a produção de novos sentidos para a vida. Portanto, a Educação Ambiental nas mais variadas práticas de ensino nas escolas tem um papel extremamente importante porque desperta em cada aluno a busca de soluções para os problemas ambientais que ocorrem, principalmente, em seu cotidiano e no desenvolvimento da consciência de que é imprescindível utilizar com inteligência os recursos naturais. Por fim, estimular a mudança de atitude, em busca de qualidade de vida, em como o respeito à natureza e a compreensão de que somos agentes de transformação da sociedade representa o ápice da prática pedagógica na educação ambiental, e além disso passa a ser um compromisso ético-político de cada educador, de toda comunidade, dos educandos e de cada instituição responsável pela formação das novas gerações. REFERÊNCIAS ADAMS, B. G. A Importância da Lei 9.795/99 e das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Ambiental para Docentes. Monografias Ambientais REMOA, Santa Maria, v.10, n.10, p. 2148 – 2157, 2012. ARNALDO, M. A.; SANTANA L. C. 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