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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ECNOMIA RURAL ERU 471 Orçamento em Cooperativas Brício dos Santos Reis Viçosa – MG 2011 UNNIVERSIDA DE FEDRAL DE VI 2 1. Planejamento e Controle de Resultados 1.1. Planejamento e controle de sobras operacionais O processo de administração de uma empresa, seja ela cooperativa ou não, envolve uma série de previsões, como fluxos de caixa, efeitos de políticas de crédito, etc. Nesse contexto, a técnica de planejamento e controle de lucros (sobras), de acordo com WELSCH (1996), é um dos instrumentos mais importantes, pois consiste na elaboração dos mais diversos tipos de orçamento, permitindo ao administrador visão mais abrangente da capacidade futura de geração de recursos da entidade. Formalmente, o planejamento e controle de resultados envolve: � Elaboração de objetivos globais de longo prazo; � Elaboração de planos de resultados específicos (cada unidade operacional da empresa definirá suas estratégias); � Elaboração de um plano de resultados geral; � Elaboração de um sistema de relatórios periódicos (cada unidade deve relatar seu desempenho); Os objetivos globais de uma cooperativa são definidos, normalmente, pela Diretoria Executiva e devem especificar fatos genéricos, sem nenhum tipo de quantificação. Nesse sentido, conforme destacado por BENATO (1993), os diretores devem levar em consideração, além do aspecto econômico, o caráter social de uma instituição cooperativista, englobando questões como: atendimento às necessidades sócio-econômicas de seu quadro de cooperados e da comunidade na qual está inserida; participação no mercado; necessidade de acumulação de capital para expansão de sua capacidade operacional; entre outros fatores. Definidos os objetivos, os mesmos devem ser encaminhados ao Conselho de Administração e, se aprovados, levados à AGO, no início de cada ano, como plano de metas a ser apresentado aos cooperados. Para evitar morosidade no processo de tomada de Planejamento Controle 3 decisões, a Diretoria, antes mesmo que a assembléia aprecie esse plano, deve repassar as decisões tomadas pelo conselho à sua equipe administrativa (Gerente Geral, Gerente Administrativo, Gerente de Vendas, Gerente de Produção, Gerente de Compras, Gerente Financeiro, etc.), que ficará responsável pela elaboração dos planos de resultados específicos (não mais genéricos, mas sim quantitativos), efetivados na forma de orçamentos para as diversas unidades que compõem a estrutura organizacional interna da cooperativa. O setor de compras, diretamente ligado aos cooperados, responsabiliza-se pelo levantamento da produção a ser recebida pela cooperativa. O departamento comercial, por sua vez, deve, de acordo com os objetivos globais da entidade, estipular o nível de vendas a ser alcançado, o que permite identificar a necessidade ou não de compra de produtos de terceiros. No caso de cooperativas industriais, cabe ao setor de produção elaborar os orçamentos decorrentes dos anteriores (produção, matéria-prima, mão-de-obra direta e despesas indiretas de fabricação). O departamento administrativo, assim, define, em conjunto com o setor de vendas, as necessidades em termos de gastos com processo administrativo e comercial. Por fim, a equipe financeira da companhia deve definir os investimentos que serão necessários em ativos fixos, contas a receber e disponibilidades. Após a elaboração desses planos, os mesmos devem ser apresentados à Diretoria Executiva, que analisa, critica e, se for o caso, sugere alterações pertinentes. Concluída essa etapa, o conjunto de planos específicos forma o plano de resultados geral da entidade, formalizado através de orçamentos de curto e longo prazos1. Essa sistemática envolve, praticamente, todos os funcionários da cooperativa, seja com participação direta (gerentes de cada área) ou indireta (indivíduos ouvidos pelos seus respectivos gerentes para formulação dos planos específicos), o que é um importante instrumento de motivação para o corpo funcional. Todas essas etapas integram a parte relacionada ao planejamento da empresa. A partir daí, dá-se a execução das medidas especificadas. Portanto, cabe às unidades envolvidas, após a implementação dos projetos, acompanhar seu desenvolvimento mediante elaboração de relatórios periódicos, específicos de cada área, para comparação entre os resultados previstos e os efetivamente alcançados. Isso é o que se denomina controle. 1 O planejamento e controle de resultados é definido, normalmente, em termos de orçamentos de curto prazo (por exemplo, período de um ano) e de longo prazo (por exemplo, período de cinco anos). Cada setor ou departamento estipula suas ações e objetivos específicos para esses dois períodos. 4 Entretanto, como enfatizado por WELSCH (1996), essa etapa não se restringe, simplesmente, à verificação da veracidade dos resultados orçados. Há necessidade de definição de estratégias alternativas para correção de rumo em caso de diferenças significativas em relação às reais conseqüências das políticas implantadas. Por exemplo, se a previsão de gastos com matéria-prima não condiz com a real necessidade que a cooperativa apresenta, os relatórios de acompanhamento (ou relatórios de desempenho) apresentados pelo departamento de produção, com a comparação entre gastos previstos e reais, deve indicar quais os fatores que estão contribuindo para essa situação e as providências que devem ser tomadas no intuito de garantir o alcance dos objetivos inicialmente propostos. Caso isso não seja possível, esses objetivos devem ser revistos. De acordo com o exposto, pode-se dizer que a importância do processo de planejamento e controle de resultados diz respeito, basicamente, à determinação de padrões de desempenho que indicarão se os resultados alcançados são satisfatórios ou não para a cooperativa. O enfoque contábil, segundo WELSCH (1996), é o de comparar resultados reais correntes com resultados reais de períodos passados, o que, no máximo, pode indicar qual a tendência que se observa em relação a determinado indicador2. Apenas a definição de metas, consideradas bons indicadores de desempenho, pode fornecer bases para avaliação de resultados, uma vez que as mesmas levam em consideração as diferenças qualitativas e quantitativas de épocas distintas. 1.2. Princípios do planejamento e controle de resultados De acordo com WELSCH (1996), vários são os princípios do planejamento e controle de resultados, os mais importantes são: 1) Envolvimento Administrativo 2 Por exemplo, a receita bruta da cooperativa foi de $ 120.000 em maio de 2002, com custo em torno de $ 58.000. Em 2001, a receita obtida, no mesmo mês, foi de $ 110.000, com custo total de $ 59.000. Aparentemente, esses resultados poderiam ser considerados satisfatórios, entretanto, a situação atual pode ser muito diferente da observada no ano passado (o preço do produto vendido pode ter subido consideravelmente, o custo da mão-de-obra pode ter caído consideravelmente, a economia pode estar em fase de expansão, etc.). Além disso, o próprio desempenho de 2001 pode não ter sido bom, entre outros fatores. 5 Conforme já comentado, o envolvimento de todos os níveis hierárquicos na formulação e execução do planejamento e controle orçamentário é de fundamental importância para o sucesso dessa medida administrativa. O interesse efetivo dos funcionários do departamento comercial,no momento de execução do orçamento de vendas, propicia maior confiabilidade às previsões e garante maior comprometimento do corpo funcional para alcance dos objetivos propostos. Da mesma forma, o pessoal do setor de produção tem muito a contribuir para a correta elaboração dos orçamentos ligados diretamente à fábrica. 2) Adaptação Organizacional A implantação de um programa de planejamento e controle de resultados exige a especificação de responsabilidades, definidas de acordo com a estrutura organizacional da empresa. O gerente e a equipe de produção devem ser responsáveis pela elaboração de orçamentos ligados ao processo produtivo e, posteriormente, pela confecção de relatórios de desempenho (acompanhamento) para avaliação dos resultados obtidos. 3) Orientação para Objetivos Conforme já comentado, a definição de objetivos servirá como base de avaliação dos resultados alcançados pela empresa. A simples comparação com períodos anteriores não leva em consideração as mudanças qualitativas e quantitativas de cada época, permitindo apenas uma visualização da tendência da variável analisada. Com as metas definidas, o administrador pode avaliar o desempenho da entidade e, consequentemente, adotar medidas corretivas em caso de inconsistências. 4) Expectativas Realistas A Diretoria Executiva deve determinar os objetivos da cooperativa, que serão analisados pelo Conselho de Administração, de acordo com as condições externas e internas projetadas. Assim, deve-se evitar a definição de metas excessivamente otimistas, a ponto de desencorajar esforços para seu alcance, e, da mesma forma, metas modestas, que não motivam os funcionários por representarem algo simples. O papel da alta administração da cooperativa, nesse contexto, é muito importante, no sentido de ajustar os objetivos 6 específicos, definidos em cada setor. Normalmente, os indivíduos têm a tendência de subestimar vendas e superestimar despesas para que os possíveis resultados alcançados possam parecer melhor que o esperado. Tudo isso deve ser ajustado, de acordo com expectativas realistas, pelos órgãos estatutários responsáveis pela gestão da empresa. Se esse ajuste não for feito, os efeitos poderão ser desastrosos, à medida que cada orçamento tem reflexo sobre os demais (vendas subestimadas levam à especificação de gastos com o processo produtivo que serão insuficientes para atendimento da demanda, etc.). 5) Aplicação Flexível Um programa de planejamento e controle de resultados não deve ser tão rígido a ponto de impedir o aproveitamento de oportunidades que a empresa venha a encontrar. Nesse sentido, esse tipo de técnica administrativa deve possuir nível de flexibilidade que permita seu ajustamento ao longo do tempo. Por exemplo, se determinado item de custo não foi previsto, mas, efetivamente, deve ser realizado para atendimento de uma demanda adicional, o planejamento deve ser flexível a ponto de permitir tal modificação e, uma vez que os objetivos de vendas não se mostraram corretos, os mesmos devem ser revistos. 7 2. Tipos de Orçamento O orçamento anual, em cooperativas, diferencia-se do elaborado em sociedades de capital apenas pelo fato de incluir, antes da previsão de vendas, um levantamento a respeito da produção que a empresa terá à disposição para que possa ser industrializada, se for o caso, e vendida. Com base nesse levantamento, o setor comercial, ao elaborar seu orçamento de vendas, identificará a necessidade ou não de aquisição de produtos de terceiros para alcance dos objetivos propostos. O passo seguinte, após a determinação das vendas, consiste, no caso de cooperativas agroindustriais, na especificação dos orçamentos ligados ao setor produtivo, quais sejam: orçamento de produção, de matéria-prima, de mão-de-obra direta e de despesas indiretas de fabricação. Na seqüência, deverão ser elaborados os orçamentos de despesas administrativas e comerciais, de valores a receber e de caixa. 2.1. Orçamento de Recebimento da Produção Conforme comentado, o orçamento de recebimento da produção envolve o levantamento das quantidades produzidas pelos associados e que, posteriormente, serão entregues, ou não (caso de cooperados inativos), à cooperativa para industrialização e comercialização. Além disso, pode englobar, também, informações sobre toda a área de atuação da empresa, discriminando o montante a ser produzido por agricultores que não fazem parte do quadro social. Isso propicia melhores condições para que a administração possa organizar projetos de expansão e, consequentemente, garantir maior inserção em sua área de atuação. Como exemplo de relatório final, contendo as informações descritas, tem-se: 8 Cooperativa X Levantamento da Produção Agrícola Período: Região: Cultura Cooperados Ativos Cooperados Inativos Não-cooperados Produção Total N.º Produtores Área Plantada Produção Esperada N.º Produtores Área Plantada Produção Esperada N.º Produtores Área Plantada Produção Esperada Arroz Feijão Café Obs.: Área em ha e Produção em Kg. 9 A terra cultivada por cooperados inativos pode ser denominada de área de reconquista, enquanto a de terceiros, normalmente, é chamada de área de expansão. Além da produção de não-cooperados dentro de sua área de atuação, a empresa ainda pode contar com produção de terceiros fora dessa área, o que poderia ser especificado em um relatório complementar. O levantamento dessas informações exige um trabalho meticuloso por parte do quadro funcional da entidade, exigindo, muitas vezes, a contratação de profissionais capacitados para análise das condições de produção e, consequentemente, da safra total a ser obtida. Assim, com base nessas informações, a administração da cooperativa tem como mensurar a quantidade de produtos que terá à disposição para o processo de produção ou, simplesmente, para comercializar sem nenhum tipo de beneficiamento. Quanto ao fornecimento de bens de consumo (sementes, corretivos, fertilizantes, materiais diversos, etc.) aos agricultores da região em que a cooperativa atua, outro relatório pode ser preenchido para identificação da possível demanda a ser atendida, conforme indicado na figura da página seguinte. Nesse relatório, as áreas de cooperados ativos, inativos e terceiros não representam, necessariamente, o total de hectares utilizados por cada grupo. O técnico responsável pela coleta dessas informações deve contabilizar, apenas, a área que poderá ser cultivada com o emprego de materiais adquiridos junto à cooperativa (dados históricos podem ser úteis na determinação desses valores). Dessa forma, a coluna “total” será o resultado da multiplicação do valor do produto utilizado em cada hectare pela soma das áreas que demandarão produtos da empresa. 10 Cooperativa X Levantamento das Necessidades de Bens de Consumo Período: Região: Produto Aplicação por Hectare Área de Cooperados Ativos Área de Cooperados Inativos Área de Terceiros Total Sementes Fertilizantes Corretivos 12 2.2. Orçamento de Vendas Conforme enfatizado por WELSCH (1996), o plano (ou orçamento) de vendas é “o alicerce do planejamento periódico numa empresa, pois praticamente todo o restante do planejamento da empresa baseia-senas estimativas de venda.”. Nesse contexto, não pode ser entendido, única e exclusivamente, como uma simples projeção das vendas que a cooperativa realizará em determinado período de tempo. Essa projeção, aliás, constitui-se apenas em um primeiro passo para a elaboração do verdadeiro plano de vendas, servindo de base para a confecção dos três suborçamentos que o compõem, quais sejam: plano de marketing, plano de promoção de vendas e publicidade e plano de despesas de vendas. Assim, o cronograma de realização de um plano de vendas pode ser definido da seguinte forma: 1) Previsões de Venda – com base em dados históricos e considerando diversos cenários econômicos alternativos, o departamento de vendas deve preparar projeções para as vendas da cooperativa em determinado período (um ano, por exemplo); 2) Plano de Marketing – após a análise das previsões de vendas, a alta administração da empresa deve adicionar à mesma os objetivos que foram previamente definidos (expansão da capacidade de produção, alterações de preços, criação de novos produtos, abandono de produtos atualmente fabricados, etc.) a ponto de determinar os montantes ideais de venda para o referido período. Nesse sentido, o plano de marketing pode ser encarado como o orçamento de vendas propriamente dito, especificando-as em termos quantitativos (unidades e valores monetários). 3) Plano de Promoção de Vendas e Publicidade – definição das estratégias a serem adotadas para que as vendas orçadas sejam efetivamente realizadas (intensificação da propaganda nos atuais mercados, busca de novos mercados, estipulação de prazos para concessão de crédito a clientes, etc.). 4) Plano de Despesas de Vendas – com base nas informações do plano anterior, os profissionais responsáveis pela área de vendas devem definir quais as despesas que a empresa incorrerá para atingir seus objetivos (gastos com propaganda e publicidade, necessidade de contratação de novos funcionários, etc.). 13 Após a formulação desse plano, o departamento de vendas, conforme já enfatizado anteriormente, deve submetê-lo à apreciação da Diretoria Executiva, que avalia a adequação das metas de receitas e despesas à realidade da empresa. Se as mesmas forem consideradas suscetíveis, o próximo passo é a divulgação do plano para os demais setores que, com base nessas informações, darão início à elaboração dos demais orçamentos necessários à realização das vendas. 2.2.1. Métodos de projeção de vendas De acordo com WELSCH (1996), existem, basicamente, três classificações para os diversos métodos de projeção de vendas, ou métodos de elaboração de orçamento de vendas (plano de marketing), quais sejam: Classificação 1 Os métodos são divididos em duas abordagens: causal e não-causal. Na abordagem causal, identificam-se dois tipos de variáveis que influenciam (causam) as vendas futuras: as incontroláveis (PIB, taxa de juros, taxa de câmbio, desemprego, população, enfim, condições econômicas em geral) e as controláveis (linhas de produtos, preços, despesas de publicidade e promoção de vendas, número de funcionários, etc.). A projeção e estimativa dessas variáveis, então, servem como base para determinação do volume de vendas da empresa. Na abordagem não-causal, por sua vez, os padrões das vendas passadas (basicamente, sazonalidade) serão os mesmos das futuras, ou seja, assume-se que as variáveis causais influenciarão as vendas futuras da mesma forma que influenciaram as passadas. Classificação 2 Os métodos são divididos em dois tipos: diretos e indiretos. No tipo indireto, projetam-se as vendas totais da indústria (mediante utilização de abordagem causal ou não causal) e, de acordo com a participação histórica da empresa nesse montante, faz-se a projeção das vendas futuras. No tipo direto, por sua vez, as vendas futuras da empresa não são projetadas com base em sua representatividade no total da indústria (essas projeções também podem ser realizadas de acordo com as abordagens causal ou não-causal). 14 Classificação 3 Os métodos são divididos em: de julgamento (não estatísticos), estatísticos e de finalidades específicas. Os métodos de julgamento consistem na combinação das opiniões dos diversos profissionais envolvidos na realização e promoção de vendas, além daqueles ligados ao setor de planejamento (vendedores, supervisores de divisões de vendas, executivos do setor de planejamento). As projeções são feitas, normalmente, com a análise, por parte desses profissionais, dos dados históricos de vendas e das medidas a serem implantadas para alcance dos objetivos globais da entidade. Essas informações, avaliadas de acordo com a experiência de cada um, servem de base para determinação do volume de vendas a ser efetivado. A principal vantagem desse método é que as previsões são feitas pelos funcionários que atuam mais próximos aos clientes da empresa (no caso dos vendedores). Já as desvantagens são a possibilidade de subestimação de vendas (para classificar possíveis resultados melhores como excepcionais) e pouca atenção às variáveis causais (condições econômicas futuras, os próprios objetivos da empresa – que podem não ter sido bem assimilados pelos funcionários – etc.). Os métodos estatísticos podem ser subdivididos em quatro: método do ritmo econômico, método de seqüências cíclicas (ou correlação), método de analogia histórica especial e método de transposição. O primeiro envolve a projeção de tendências passadas e parte da pressuposição de que as vendas futuras obedecerão aos mesmos padrões observados no passado. Já o segundo procura estabelecer o nível de correlação existente entre as vendas (variável dependente) e alguns indicadores selecionados (variáveis independentes), como índice de produção industrial, taxa de câmbio, entre outros. Uma vez conhecida essa correlação, a empresa deve projetar os valores desses indicadores e, consequentemente, o volume de vendas a ser alcançado. O método de analogia histórica especial, por sua vez, consiste na escolha de um período passado que se assemelhe (condições econômicas gerais) ao atual e, com base nos seus indicadores, projetar as vendas futuras. Por fim, o método de transposição baseia-se na idéia de que não há dois ciclos idênticos, mas que os fatores que ocasionaram determinado volume de vendas obtido no passado podem, se repetidos no futuro, produzir resultados semelhantes. Assim, com base no conhecimento dos profissionais a respeito do processo econômico, as projeções devem ser feitas de acordo 15 com a possibilidade de esses fatores voltarem a acontecer. A única diferença em relação ao método anterior é que os fatores podem ter acontecido em épocas diferentes e as previsões devem ser ajustadas conforme o conhecimento acumulado pelos profissionais da área. Os métodos de finalidades específicas são subdivididos em: método de análise da indústria, método de análise de linhas de produtos e método de análise de usos finais de produtos. O primeiro envolve a determinação das vendas futuras da indústria (ou setor), com base na identificação e projeção de variáveis causais, e, com a utilização de dados históricos de participação da empresa nesse total, procura-se estimar sua capacidade de oferta no mercado. Já o segundo consiste na projeção individual de vendas para cada produto da empresa, considerando que os mesmos utilizam canais de comercialização diferenciados (sistema de distribuição organizado por produto, ao invés de região ou clientes). As previsões podem ser feitas com base nos modelos estatísticos descritos. Quanto ao método de usos finais, o responsável pelo orçamento de vendas deve voltar seus esforços para osclientes que utilizam os produtos vendidos e, com base em suas previsões de compras, projetar as vendas da empresa. Se, porventura, os clientes não cooperarem no sentido de estabelecer suas necessidades futuras de compras, cabe ao referido profissional procurar estimar as possíveis vendas desses clientes. 2.2.2. Fatores limitantes da capacidade de vendas Todos os métodos de projeção de vendas apresentam qualidades e defeitos que devem ser levados em consideração na hora da decisão sobre qual deve ser utilizado pela cooperativa. Além disso, todos são influenciados por fatores que limitam a capacidade de venda da empresa e que, portanto, fazem parte do contexto de análise do profissional da área de planejamento. Esses fatores, de acordo com WELSCH (1996), são: 1) Capacidade de Produção em Termos Econômicos A determinação de níveis de vendas para o futuro deve ser feita com base na capacidade operacional da empresa, buscando conjugar suas condições atuais de produção com a projeção de investimentos capazes de expandi-la. 2) Disponibilidade de Recursos Humanos 16 Além da capacidade produtiva em termos de máquinas e equipamentos, o profissional responsável pelo planejamento orçamentário de vendas deve levar em consideração a disponibilidade de mão-de-obra da empresa. Se for insuficiente, cabe ao mesmo analisar a possibilidade de contratação de pessoal, o que envolve custos de admissão, treinamento e manutenção de corpo funcional. 3) Adequação de Matérias-primas e Materiais Indiretos Conforme comentado anteriormente, o processo de planejamento orçamentário, em cooperativas, começa com o levantamento da produção disponível para industrialização e/ou comercialização. A partir do momento que essas informações são apuradas, cabe ao setor responsável pela elaboração do orçamento de vendas analisar a disponibilidade dessa matéria-prima e indicar a necessidade, ou não, de compra de produtos de terceiros. Da mesma forma, a disponibilidade de materiais indiretos, utilizados no processo produtivo, também deve ser avaliada para evitar problemas futuros de desabastecimento. 4) Recursos Financeiros A realização de determinado volume de vendas poderá exigir da empresa, além dos investimentos em mão-de-obra, aplicação de recursos em bens imobilizados, contas a receber, disponibilidades, estoques, etc. Tudo isso deve ser levado em consideração no momento de execução do planejamento, uma vez que o mesmo pode ser inviabilizado pela ausência de fundos. Assim, os quatro fatores descritos explicitam a relevância da comunicação entre o departamento comercial e os demais setores (produção, recursos humanos, compras, financeiro, entre outros) para execução de um plano de vendas adequado às reais condições de operação da cooperativa. As estimativas de montantes a serem comercializados, além das pressuposições e técnicas desenvolvidas nos diversos modelos de projeção, devem ser baseadas em informações a respeito da capacidade operacional da empresa, sob pena de não corresponderem à realidade interna da entidade e, consequentemente, serem inviáveis. 2.2.3. Exemplo de Orçamentos de Vendas 17 O departamento de finanças e planejamento de uma cooperativa agroindustrial, utilizando um ou mais métodos de previsão de vendas, conforme descrito anteriormente, fez algumas projeções para os dois principais produtos da empresa (A e B), de acordo com as potencialidades de seus mercados-alvo (Regiões Sudeste e Nordeste), para o próximo ano, como segue3: Período Produto A (unidades) Produto B (unidades) Sudeste Nordeste Sudeste Nordeste Janeiro 2000 3000 3000 4000 Fevereiro 2200 3400 3300 4500 Março 2300 3400 3500 4600 2º Trimestre 6600 9000 8000 10000 3º Trimestre 7000 9900 8500 10300 4ª Trimestre 5000 7000 6000 8000 Os preços unitários de venda previstos são: Produto A – $ 3,30 (Sudeste) e $ 3,40 (Nordeste) Produto B – $ 4,30 (Sudeste) e $ 4,40 (Nordeste). Além disso, estima-se, com base em dados históricos, que as devoluções e os descontos concedidos representarão algo em torno de 1% das vendas brutas do Produto A e 1,5% das vendas brutas do Produto B. De acordo com essas informações, os orçamentos de vendas podem ser representados pelos seguintes quadros: 18 Orçamento de Vendas – Detalhado Região Sudeste Região Nordeste Vendas Totais ($) Produto A Produto B Produto A Produto B A B Total Unid $ Unid $ Unid $ Unid $ Jan 2000 6.600 3000 12.900 3000 10.200 4000 17.600 16.800 30.500 47.300 Fev 2200 7.260 3300 14.190 3400 11.560 4500 19.800 18.820 33.990 52.810 Mar 2300 7.590 3500 15.050 3400 11.560 4600 20.240 19.150 35.290 54.440 1º T 6500 21.450 9800 42.140 9800 33.320 13100 57.640 54.770 99.780 154.550 2º T 6600 21.780 8000 34.400 9000 30.600 10000 44.000 52.380 78.400 130.780 3º T 7000 23.100 8500 36.550 9900 33.660 10300 45.320 56.760 81.870 138.630 4º T 5000 16.500 6000 25.800 7000 23.800 8000 35.200 40.300 61.000 101.300 Vendas Brutas 82.830 138.890 121.380 182.160 204.210 321.050 525.260 Deduções (828) (2.083) (1.214) (2.732) (2.042) (4.815) (7.577) Vendas Liq. 82.002 136.807 120.166 179.428 202.168 316.235 518.403 Orçamento de Vendas – Resumido Regiões Produto A Produto B Vendas Brutas ($) Deduções ($) Vendas Líquidas ($) Unid $ Unid $ Sudeste 25100 82.830 32300 138.890 221.720 (2.911) 218.809 Nordeste 35700 121.380 41400 182.160 303.540 (3.946) 299.594 Total 60800 204.210 73700 321.050 525.260 (6.857) 518.403 De acordo com o exposto, pode-se notar que o orçamento de vendas, no curto prazo, contém previsões detalhadas para os três primeiros meses do ano e, a partir desse ponto, especifica, apenas, as vendas por trimestre. Já para o longo prazo, o quadro poderia ser dividido em previsões trimestrais para o primeiro ano e, subseqüentemente, especificação de vendas anuais até o quinto ano (modelo um-cinco). 2.3. Orçamento de Produção O orçamento de produção, conforme enfatizado por WELSCH (1996), “é uma estimativa da quantidade de bens que devem ser fabricados durante o exercício 3 Exemplo adaptado de WELSCH (1996). 19 orçamentário”. Nesse sentido, deve ser elaborado levando-se em consideração o orçamento de vendas (plano de marketing) e a política de estoques da empresa, ou seja, deve estipular o montante a ser produzido de acordo com as necessidades de comercialização e manutenção de produtos em poder da entidade. Assim, esse tipo de orçamento pode ser representado, de forma esquemática, por: EXIGÊNCIAS DE PRODUÇÃO = VOLUME DE VENDAS + VARIAÇÃO DE ESTOQUE Se o plano de marketing prevê a comercialização de 100 mil unidades do produto A no próximo ano (X1), os estoques no final do ano corrente (X0) devem fechar em 7 mil unidades (estoque inicial do ano X1) e há a necessidade de se manter um nível mínimo de estoques de 9 mil unidades (estoque final do ano X1), tem-se que: Descrição Unidades do Produto A Vendas previstas 100.000 (+) Estoque Final Planejado 9.000 Total Exigido para Atendimento das Vendas 109.000 (-) Estoque Inicial (estimado) 7.000 Produção Planejada 102.000 Nesse contexto, o processo de fabricação envolve, além do orçamento de produção, três outros orçamentos importantes: de matérias-primas, de mão-de-obra direta e de custos indiretos de fabricação (ou despesas indiretas). Todos serão analisados posteriormente. No momento, o que importa é definir o montantea ser produzido pela cooperativa, com base nos relatórios de previsão de vendas e na política de estoques adotada. O primeiro passo, portanto, consiste na determinação dos níveis de estoque adequados. A seguir, determina-se o montante, de cada produto, a ser fabricado. Por fim, deve-se distribuir essa produção ao longo do período de planejamento. No caso do plano orçamentário de curto prazo, estimam-se as quantidades a serem produzidas nos três primeiros meses do ano e nos trimestres subsequentes. 20 Como exemplo, imagine que o departamento comercial da Cooperativa X tenha especificado, em seu plano de vendas para o ano X2, as seguintes previsões (WELSCH, 1996): Período Vendas Planejadas (unidades) Período Vendas Planejadas (unidades) Janeiro 1.500 Julho 700 Fevereiro 1.600 Agosto 600 Março 1.600 Setembro 900 Abril 1.400 Outubro 1.100 Maio 1.200 Novembro 1.200 Junho 1.000 Dezembro 1.400 Total 14.200 Com base nessas informações, o primeiro passo, conforme já descrito, consiste na determinação dos níveis adequados de estoque para o produto já acabado. Partindo da pressuposição de que as elevações eventuais de demanda em dezembro, nos cinco últimos anos, nunca tenham excedido 1.100 unidades, a administração determina um nível de segurança de 1.500 unidades para o final do ano X2. A previsão para o final do ano X1 (orçamento do ano X1, realizado em X0) é de um estoque de 2.000 unidades. Assim, como a variação negativa de estoque será de 500 unidades, a produção para o ano de X2 deverá ser de 13.700 unidades. A partir desse ponto, o profissional responsável pela elaboração do orçamento deve preocupar-se em distribuir, ao longo do ano, o total da produção estimada, principalmente se as vendas sofrerem tantas influências sazonais como no exemplo descrito. Para tanto, é necessário levar em consideração três possibilidades: produção estável, nível de estoque estável ou equilíbrio de produção e estoque. Na primeira alternativa, estabelece-se um nível de produção rígido para todo o ano, que pode sofrer pequenas alterações para baixo ou para cima, deixando o estoque flutuar de maneira inversa ao comportamento sazonal das vendas. Já na segunda, fixa-se um valor para o nível de estoque, permitindo variações da produção para acompanhar a sazonalidade das vendas. Por fim, a terceira opção envolve a não- 21 rigidez de nenhum dos dois elementos, mas a variação de ambos para que as condições operacionais da empresa possam ser mais bem aproveitadas, ou seja, adoção de maior flexibilidade para o planejamento orçamentário (WELSCH, 1996). Com base no orçamento de vendas da Cooperativa X, o Quadro 1 apresenta três propostas de distribuição temporal para a produção. Na proposta A, utiliza-se o enfoque de produção estável, mantendo-se um nível produtivo de, no máximo, 1.200 unidades e, no mínimo, 1.100 unidades. Os estoques é que variam entre 500 e 1.700 unidades (representação gráfica na Figura 1). Já na proposta B, o enfoque é o do nível de estoques rígido, com valores máximo e mínimo de 1.900 e 1.500 unidades, respectivamente, e valor da produção variável, entre 600 e 1.500 unidades (representação gráfica na Figura 2). Por fim, a proposta C procura equilibrar as variações de produção e estoques (representação gráfica na Figura 3). A manutenção de níveis estáveis de produção traz maiores benefícios em termos de melhor aproveitamento da capacidade operacional da empresa, evitando a ociosidade de recursos produtivos (mão-de-obra e equipamentos). Em algumas companhias, a variabilidade da produção implica, inclusive, em maior rotatividade funcional, o que acaba desestimulando os trabalhadores, elevando custos de contratação e treinamento de pessoal, atraindo mão-de-obra pouco qualificada e instável, entre outros fatores que influem negativamente no desempenho da empresa. Por outro lado, políticas de manutenção de níveis estáveis de estoque podem contribuir para redução de custos de armazenagem, uma vez que a variação da quantidade estocada pode implicar em custos de armazenamento maiores devido a problemas de necessidades constantes de alterações contratuais de seguros, aluguéis de estruturas para acondicionamento dos produtos, entre outros elementos que contribuem para o incremento das despesas. Enfim, o equilíbrio entre as duas políticas, caso da proposta C, parece a alternativa mais indicada para minimização dos problemas relacionados à distribuição da produção e do nível de estoques ao longo do período orçamentário. 22 Quadro 1 – Orçamento de Produção e Estoque de Produtos Acabados Proposta A Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total Vendas 1.500 1.600 1.600 1.400 1.200 1.000 700 600 900 1.100 1.200 1.400 14.200 (+) Est. Final 1.700 1.300 900 600 500 600 1.000 1.500 1.700 1.700 1.700 1.500 1.500 Total 3.200 2.900 2.500 2.000 1.700 1.600 1.700 2.100 2.600 2.800 2.900 2.900 15.700 (-) Est. Inicial 2.000 1.700 1.300 900 600 500 600 1.000 1.500 1.700 1.700 1.700 2.000 Produção 1.200 1.200 1.200 1.100 1.100 1.100 1.100 1.100 1.100 1.100 1.200 1.200 13.700 Proposta B Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total Vendas 1.500 1.600 1.600 1.400 1.200 1.000 700 600 900 1.100 1.200 1.400 14.200 (+) Est. Final 1.900 1.800 1.700 1.600 1.500 1.500 1.500 1.500 1.500 1.500 1.500 1.500 1.500 Total 3.400 3.400 3.300 3.000 2.700 2.500 2.200 2.100 2.400 2.600 2.600 2.900 15.700 (-) Est. Inicial 2.000 1.900 1.800 1.700 1.600 1.500 1.500 1.500 1.500 1.500 1.500 1.500 2.000 Produção 1.400 1.500 1.500 1.300 1.100 1.000 700 600 900 1.100 1.200 1.400 13.700 Proposta C Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total Vendas 1.500 1.600 1.600 1.400 1.200 1.000 700 600 900 1.100 1.200 1.400 14.200 (+) Est. Final 1.700 1.300 1.100 1.100 1.300 1.500 1.500 1.600 1.600 1.700 1.700 1.500 1.500 Total 3.200 2.900 2.700 2.500 2.500 2.500 2.200 2.200 2.500 2.800 2.900 2.900 15.700 (-) Est. Inicial 2.000 1.700 1.300 1.100 1.100 1.300 1.500 1.500 1.600 1.600 1.700 1.700 2.000 Produção 1.200 1.200 1.400 1.400 1.400 1.200 700 700 900 1.200 1.200 1.200 13.700 24 Figura 1 – Orçamentos de vendas, produção e estoques (proposta A) Figura 2 – Orçamentos de vendas, produção e estoques (proposta B) 0 200 400 600 800 1.000 1.200 1.400 1.600 1.800 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Orçamento de Vendas Orçamento de Estoques Orçamento de Produção 0 200 400 600 800 1.000 1.200 1.400 1.600 1.800 2.000 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Orçamento de Vendas Orçamento de Estoques Orçamento de Produção 25 Figura 3 – Orçamento de vendas, produção e estoque (proposta C) 2.3.1. Políticas de planejamento de estoques A administração de estoques realizada pelo setor financeiro diz respeito à determinação do Lote Econômico de Compra (LEC), isto é, à especificação do tamanho do pedido que minimiza o custo total de estocagem. Além disso, esse departamento deve, em conjunto com o setor de produção, determinar o nível adequado de estoques para atendimento das exigências de venda. Para tanto, podem ser utilizadas séries históricas de variação de demanda como base de informações para identificação da volatilidade dos mercados. No exemplo anterior, identificou-se que a variação das vendas, no mês de dezembro dos últimos cinco anos, nunca ultrapassou 1.100 unidades, definindo-se um nível de segurança para os estoques de 1.500 unidades. Entretanto, conforme destacado por WELSCH (1996), outras técnicas podem ser utilizadas, quais sejam:1) Nível-padrão com base em média mensal de vendas Essa é uma das técnicas mais simples para determinação do volume de estoques a ser mantido. Supondo uma previsão de vendas, para o ano seguinte, de 960.000 unidades de 0 200 400 600 800 1.000 1.200 1.400 1.600 1.800 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Orçamento de Vendas Orçamento de Estoques Orçamento de Produção 26 determinado produto, a média mensal será de 80.000 unidades (960.000 / 12). Com base nesse valor, estipula-se que o estoque mensal desse produto deverá ser capaz de suprir dois meses de vendas, ou seja, deverá ser de 160.000 unidades. Dessa forma, se as vendas apresentarem padrão altamente sazonal, a produção será variável (a partir do segundo mês, o valor da produção será idêntico ao das vendas), o que pode implicar em problemas para o setor produtivo (capacidade ociosa em alguns meses, sobrecarga em outros). 2) Nível-padrão com base em média móvel trimestral de vendas Para reduzir a rigidez da política anterior, a administração pode estabelecer um nível de estoque com variabilidade atrelada à distribuição das vendas ao longo do ano, baseado em uma média móvel trimestral. Considerando o mesmo volume anual orçado no exemplo supracitado (960.000 unidades) e a necessidade de manutenção de estoques de suprimento para dois meses, a política poderia ser resumida da seguinte forma: Vendas Previstas Média Móvel Trimestral Estoque Final (2 meses) Dezembro (X0) 98.000 Janeiro (X1) 96.000 95.333 a 190.666 Fevereiro (X1) 92.000 91.333 182.666 Março (X1) 86.000 87.333 174.666 Abril (X1) 84.000 84.000 168.000 Maio (X1) 82.000 ... ... Etc. ... ... ... Total (X1) 960.000 a (98.000 + 96.000 + 92.000) / 3 3) Giro-padrão com base em vendas anuais A administração da cooperativa pode estabelecer um nível ideal para giro dos estoques. Assim, de acordo com as vendas anuais orçadas, manter-se-á um valor fixo de estoques durante o ano. Considerando a comercialização de 960.000 unidades para o ano X1 e a definição da necessidade de 5 giros de estoques durante esse período (suprimento 27 equivalente a 2,4 meses = 12/54), o nível mensal de produtos estocados será de 192.000 unidades (960.000 / 5). Contudo, da mesma forma que observado na política de nível- padrão com base em média mensal de vendas, essa técnica, em caso de sazonalidade acentuada, exige produção variável, o que pode não ser compatível com as condições operacionais da empresa. 4) Giro-padrão com base em vendas mensais O giro-padrão, aplicado às vendas mensais previstas no orçamento, corrige o problema da manutenção de níveis fixos de estoque. Considerando os mesmos dados do exemplo anterior, com exigência de 5 rotações, pode-se definir a quantidade de estoque, em cada mês de X1, assumindo-se que suas respectivas vendas serão repetidas durante todo o restante do ano, assim: Vendas Previstas Cálculo Estoque Final Janeiro (X1) 96.000 (96.000 x 12) / 5 230.400 Fevereiro (X1) 92.000 (92.000 x 12) / 5 220.800 Março (X1) 86.000 (86.000 x 12) / 5 206.400 Abril (X1) 84.000 (84.000 x 12) / 5 201.600 Maio (X1) 82.000 (82.000 x 12) / 5 196.800 Etc. ... ... ... Total (X1) 960.000 Todas essas técnicas podem ser utilizadas. O que determina a maior adequação de uma ou de outra são as condições operacionais de cada cooperativa. Se o processo produtivo for flexível o suficiente para permitir alterações de volume produzido ao longo do ano, os métodos de estoque constante podem ser adotados. Entretanto, para a maioria das empresas, conforme já enfatizado, níveis instáveis de produção acarretam sérios problemas operacionais (ociosidade de recursos, rotatividade da mão-de-obra, etc.). Por outro lado, grande variabilidade de estoques também pode trazer transtornos, como 4 960.000 / 12 = 80.000 unidades x 2,4 = 192.000 unidades. 28 elevação dos custos de armazenamento (necessidades constantes de alterações contratuais para seguros e aluguel de espaços físicos, etc.). Assim, de acordo com as considerações feitas anteriormente, o equilíbrio entre políticas de produção e estoque deve ser o enfoque central do processo de planejamento produtivo, uma vez que permite maior eficiência ao processo fabril. 2.4. Orçamento de Matéria-prima De acordo com WELSCH (1996), três são os suborçamentos que compõem o orçamento geral de matérias-primas, a saber: 1) Suborçamento de Matérias-primas (propriamente dito) Especifica as quantidades dos diversos tipos de matéria-prima necessários para atendimento das exigências de produção. Não envolve a determinação dos custos de aquisição, definindo, apenas, o montante necessário de materiais diretamente relacionados ao processo produtivo, isto é, aqueles que variam de acordo com o volume de produção. Para tanto, faz-se necessária a especificação de taxas-padrão de consumo para cada tipo de matéria-prima e produto (a partir de estudos de engenharia ou de acordo com análise de registros de compra/uso desses materiais relacionados aos dados de produção). Assim como no caso dos orçamentos de vendas e produção, as necessidades de matérias-primas devem ser orçadas de acordo com os subperíodos do processo de planejamento e controle de resultados. Normalmente, conforme já enfatizado, os relatórios de curto prazo são elaborados para o período de um ano, com especificação detalhada nos três primeiros meses e projeções trimestrais a partir desse ponto. No caso de cooperativas agroindustriais, os produtos entregues pelos associados representam um item desse relatório. Portanto, o orçamento de recebimento da produção deve ser utilizado como base de informações para identificação das quantidades a serem industrializadas5. Assim, define-se a necessidade ou não de compras de produtos de terceiros para suprimento das necessidades de produção/comercialização. 5 Logicamente, as necessidades de produtos para industrialização ou comercialização direta não pode exceder a disponibilidade de matérias-primas da cooperativa (de cooperados e de terceiros). Nesse sentido, o departamento comercial, ao elaborar o orçamento de vendas, deve levar em consideração, entre outros fatores, 29 Além desse tipo de matéria-prima, outros materiais diretos fazem parte do processo produtivo, devendo ser orçados conforme sua exigência e disponibilidade (fornecedores). Dessa forma, completa-se a relação de insumos necessários para atendimento das metas de vendas estabelecidas pela administração da cooperativa. 2) Suborçamento de Compras e Estoques Com base na especificação das necessidades de matérias-primas, por período e por produto, para atendimento das exigências de produção, o departamento de compras da cooperativa deve elaborar um plano de aquisição desses materiais. Para tanto, deve estabelecer uma política de estoques compatível com as condições operacionais da empresa. Nesse sentido, esse suborçamento envolve três etapas: definição dos níveis de estoque, determinação do número de unidades de cada material a ser adquirido e estimação do custo unitário dessas matérias-primas. A segunda é conseqüência da primeira, isto é, o estabelecimento de níveis estáveis de estoque implica em quantidades variáveis de compra, em caso de sazonalidade das vendas, e, de forma contrária, volume estável de compras ocasiona níveis variáveis de estoque. O ideal, na visão de WELSCH (1996), é o equilíbrio entre essas duas políticas. A utilização do modelo do Lote Econômico de Compra (LEC),para determinação do volume do pedido que minimiza os custos de armazenagem de matérias-primas, é uma das técnicas utilizadas para definição dessas estratégias. Além dela, o profissional responsável deve definir a necessidade de estoques de segurança para definição do ponto de reencomenda. Quanto ao custo unitário das compras, pesquisas de mercado são importantes para estimação dos preços a serem pagos aos cooperados e a terceiros pela entrega/aquisição de seus produtos6. Da mesma forma, deve-se estimar o preço unitário dos demais materiais diretos a serem empregados no processo produtivo. A essas estimativas devem ser adicionadas as prováveis despesas de transporte e recebimento dos referidos produtos as informações constantes no orçamento de recebimento da produção, a fim de não haver necessidade de reformulação das metas previstas. 6 Dado o aspecto social de uma empresa cooperativa, os preços pagos aos cooperados devem ser, normalmente, maiores que os estabelecidos para compras de produtos de terceiros. Entretanto, para fins de simplificação de cálculos, serão estabelecidos preços unitários idênticos para os dois tipos de origem de matérias-primas. 30 (valor unitário de frete, seguro de cargas, etc.). Esses dados, juntamente com as previsões de consumo feitas no suborçamento de matérias-primas, formam a base de informações para elaboração do suborçamento seguinte. 3) Suborçamento de Custo das Matérias-primas Consumidas Com base no suborçamento de matérias-primas, que estipula a quantidade de materiais diretos a ser empregada no processo produtivo, e no suborçamento de compras e estoque, que determina o custo unitário desses materiais, o departamento de compras deve estabelecer o custo total das matérias-primas a serem utilizadas no período7. Esse suborçamento pode ser combinado com o de matérias-primas, propiciando a elaboração de apenas um relatório, que envolverá quantidades e custo dos materiais diretamente empregados no processo produtivo. 2.4.1. Exemplo de Elaboração de um Orçamento de Matérias-primas Considere os Planos de Venda e Produção, para o ano de X2, descritos abaixo: Plano de Vendas (X2) Produto A Produto B Janeiro 4.000 5.000 Fevereiro 3.500 6.500 Março 3.000 6.000 2º Trimestre 12.000 16.000 3º Trimestre 13.500 14.000 4º Trimestre 14.000 12.500 Total (unidades) 50.000 60.000 Preço Unitário (constante) $ 6,00 $ 10,00 Valor das Vendas $ 300.000 $ 600.000 31 Plano de Produção (X2) Produto A Produto B Vendas (+) EF (-) EI Prod. Vendas (+) EF (-) EI Prod. Jan 4.000 10.000 10.417a 3.583 5.000 13.000 12.500a 5.500 Fev 3.500 9.500 10.000 3.000 6.500 13.500 13.000 7.000 Mar 3.000 9.000 9.500 2.500 6.000 13.000 13.500 5.500 2º T 12.000 10.000 9.000 13.000 16.000 14.000 13.000 17.000 3º T 13.500 11.800 10.000 15.300 14.000 14.500 14.000 14.500 4º T 14.000 12.500 11.800 14.700 12.500 15.000 14.500 13.000 Total 50.000 52.083 60.000 62.500 a Estoque final estimado no orçamento de X1. Considerando a existência de dois tipos de materiais diretos, Y e Z, o primeiro passo para elaboração do orçamento geral de matérias-primas é a identificação de suas taxas de consumo por unidade produzida, como segue: Produto Consumo de Y por unidade Consumo de Z por unidade A 2,5 2,0 B 4,0 3,5 A seguir, deve-se estimar os preços unitários para esses materiais. Como simplificação, assume-se que os mesmos sejam fixos durante todo o ano: $ 0,80 (Y) e $ 0,20 (Z)8. Com base nessas informações, pode-se definir os suborçamentos que compõem o orçamento geral de matérias-primas, quais sejam: 7 Determina-se o custo de matérias-primas consumidas, e não de compras de matérias-primas, porque a demonstração de resultado deve ser projetada de acordo com o regime de competência, o que permite, posteriormente, comparação com a DRE real do período. 8 Portanto, o custo unitário da matéria-prima Y para produção de A é de $ 2,00 (2,5 un. X $0,80) e para produção de B é de $ 3,20 (4,0 un. X $ 0,80). Já o custo unitário da matéria-prima Z para produção de A é de $ 0,40 (2,0 un. X $ 0,20) e para produção de B é de $ 0,70 (3,5 un. X $ 0,20). 32 Suborçamento de Matérias-primas Consumo de Y Consumo de Z Prod. A Prod. B Total Prod. A Prod. B Total Jan 8.958a 22.000b 30.958 7.166 19.250 26.416 Fev 7.500 28.000 35.500 6.000 24.500 30.500 Mar 6.250 22.000 28.250 5.000 19.250 24.250 2º T 32.500 68.000 100.500 26.000 59.500 85.500 3º T 38.250 58.000 96.250 30.600 50.750 81.350 4º T 36.750 52.000 88.750 29.400 45.500 74.900 Total 130.208 250.000 380.208 104.166 218.750 322.916 a Produção Planejada X Consumo de Y por Unidade de A = 3.583 un. X 2,5 = 8.957,5 un. b Produção Planejada X Consumo de Y por Unidade de B = 5.500 un. X 4,0 = 22.000,0 un. Suborçamento de Compras e Estoques (Y) Unidades Necessárias EF (+) EI (-) Compras Necessárias Preço Unitário Valor das Compras Jan 30.958 102.000 95.052a 37.906 $ 0,80 $ 30.324,80 Fev 35.500 108.000 102.000 41.500 $ 0,80 $ 33.200,00 Mar 28.250 100.000 108.000 20.250 $ 0,80 $ 16.200,00 2º T 100.500 114.000 100.000 114.500 $ 0,80 $ 91.600,00 3º T 96.250 106.000 114.000 88.250 $ 0,80 $ 70.600,00 4º T 88.750 126.736 106.000 109.486 $ 0,80 $ 87.588,80 Total 380.208 411.892 $ 0,80 $ 329.513,60 a Estoque final estimado no orçamento de X1. 33 Suborçamento de Compras e Estoques (Z) Unidades Necessárias EF (+) EI (-) Compras Necessárias Preço Unitário Valor das Compras Jan 26.416 116.242 80.729 61.929 $ 0,20 $ 12.385,80 Fev 30.500 114.216 116.242 28.474 $ 0,20 $ 5.694,80 Mar 24.250 112.386 114.216 22.420 $ 0,20 $ 4.484,00 2º T 85.500 110.550 112.386 83.664 $ 0,20 $ 16.732,80 3º T 81.350 108.926 110.550 79.726 $ 0,20 $ 15.945,20 4º T 74.900 107.639 108.926 73.613 $ 0,20 $ 14.722,60 Total 322.916 349.826 $ 0,20 $ 69.965,20 a Estoque final estimado no orçamento de X1. Total de Compras = $ 329.513,60 (Y) + $ 69.965,20 (Z) = $399.478,80 Suborçamento de Custo das Matérias-primas Consumidas Y Z Custo Total Unid. Preço Total Unid. Preço Total Jan 30.958 $ 0,80 $ 24.766,40 26.416 $ 0,20 $ 5.283,20 $ 30.049,60 Fev 35.500 $ 0,80 $ 28.400,00 30.500 $ 0,20 $ 6.100,00 $ 34.500,00 Mar 28.250 $ 0,80 $ 22.600,00 24.250 $ 0,20 $ 4.850,00 $ 27.450,00 2º T 100.500 $ 0,80 $ 80.400,00 85.500 $ 0,20 $ 17.100,00 $ 97.500,00 3º T 96.250 $ 0,80 $ 77.000,00 81.350 $ 0,20 $ 16.270,00 $ 93.270,00 4º T 88.750 $ 0,80 $ 71.000,00 74.900 $ 0,20 $ 14.980,00 $ 85.980,00 Total 380.208 $ 0,80 $ 304.166,40 322.916 $ 0,20 $ 64.583,20 $ 368.749,60 Por fim, como os valores orçados têm como base a produção prevista para o próximo ano e a projeção da Demonstração de Resultado do Exercício deve ser feita a partir dos valores de vendas, deve-se proceder ao ajuste do custo, como segue: 34 Ajuste no Suborçamento de Custo das MPs Consumidas para determinação do Custo MP Produto A Produto B Total $/un Custo Vendas Taxa Consumo Vendas Taxa Consumo Y 50.000 2,5 125.000 60.000 4,0 240.000 365.000 0,80 $ 292.000,00Z 50.000 2,0 100.000 60.000 3,5 210.000 310.000 0,20 $ 62.000,00 Total $ 354.000,00 2.5. Orçamento de Mão-de-obra Direta De acordo com WELSCH (1996), um orçamento de mão-de-obra completo envolve áreas complexas como: necessidades de recursos humanos, recrutamento, treinamento, avaliação e eficiência de tarefas, avaliação de desempenhos, negociações com sindicatos e administração salarial. Todos esses fatores devem ser considerados para elaboração de um plano completo de despesas com pessoal. Entretanto, nossa abordagem será restrita à etapa mais importante desse plano, que consiste na determinação do custo da mão-de-obra diretamente empregada na atividade produtiva da empresa. Os gastos com os demais trabalhadores, isto é, aqueles não vinculados ao departamento de produção (administradores, vendedores, equipe de limpeza, etc.), farão parte do orçamento de custos indiretos de fabricação. Assim como no caso do orçamento de matérias-primas, a determinação das despesas com a utilização de recursos humanos no processo produtivo será útil no sentido de permitir a identificação do Custo dos Produtos Vendidos (CPV), elemento essencial para projeção da Demonstração de Resultado do Exercício e do Fluxo de Caixa. Da mesma forma, os custos unitários de mão-de-obra direta, projetados de acordo com as condições operacionais/econômicas atuais e futuras (previsões), servirão de base para avaliação dos resultados reais obtidos ao longo do período orçado. Nesse contexto, a preparação desse orçamento pode ser feita, basicamente, de acordo com o seguinte cronograma: 35 1) O Departamento de Produção estima o número de horas de mão-de-obra direta exigido para fabricação de uma unidade de cada produto (estudos de tempo e movimento, custo-padrão, estimativa direta do supervisor e/ou projeções estatísticas). Exemplo: Produto Horas de MDO por Unidade A 0,2 B 0,5 2) A seguir, com base nas políticas salarial e de pessoal planejadas pela empresa, estipula-se o valor da taxa média de remuneração (salário por hora de trabalho) para cada tipo de produto, como segue: Produto Taxa Média de Remuneração (por hora) A $ 4,00 B $ 4,20 3) A multiplicação do número de horas de trabalho, para cada unidade de determinado produto, pela taxa média de remuneração resulta no custo de mão-de-obra por unidade produzida. Assim: Produto Horas de MDO por unidade Taxa Média de Remuneração Custo de MDO por unidade A 0,2 $ 4,00 $ 0,80 B 0,5 $ 4,20 $ 2,10 4) Determinação do custo total de mão-de-obra direta mediante multiplicação do custo unitário pela quantidade planejada de produção: Produto Produção Custo Unitário de MDO Custo Total de MDO (por produto) A 52.083 $ 0,80 $ 41.666,40 B 62.500 $ 2,10 $ 131.250,00 Custo Total de MDO Direta $ 172.916,40 36 5) Determinação do custo total de mão-de-obra em função da quantidade vendida (ajuste necessário para projeção da DRE): Produto Vendas Custo Unitário de MDO Custo Total de MDO (por produto) A 50.000 $ 0,80 $ 40.000,00 B 60.000 $ 2,10 $ 126.000,00 Custo Total de MDO Direta $ 166.000,00 Esse Custo Total de Mão-de-obra Direta deverá ser somado ao custo da matéria- prima, determinado no orçamento anterior, para, em conjunto com os custos indiretos de produção (orçamento que será visto posteriormente), integrar o Custo dos Produtos Vendidos. 2.5.1. Determinação do Número de Horas de Mão-de-obra Direta por Unidade Produzida De acordo com WELSCH (1996), quatro métodos podem ser usados para especificação dos tempos-padrão de trabalho para produção de uma unidade de cada produto, são eles: A) Estudos de tempo e movimento Engenheiros de produção cronometram o tempo gasto em cada etapa de fabricação do produto. Assim, a soma desses tempos eqüivale ao número total de horas para finalização do processo produtivo de cada unidade. B) Custo-padrão Se a empresa utiliza o sistema contábil de custo-padrão, já determina, automaticamente, o número de horas de mão-de-obra direta para cada unidade produzida, uma vez que esse sistema necessita dessa medida para rateio dos custos indiretos de fabricação. Basta requisitar os dados ao setor contábil. C) Estimativa direta pelo supervisor O supervisor de cada departamento de produção deve, com base em sua experiência, desempenho passado e auxílio de assessores, estimar o número de horas de mão-de- 37 obra direta que seu setor gasta para produzir cada unidade dos produtos comercializados pela empresa. D) Projeções estatísticas Com base em dados de volume de produção e número de funcionários em períodos passados, uma equipe de estatísticos pode projetar as necessidades de horas de mão-de- obra por unidade produzida. 2.5.2. Determinação das Taxas Médias de Remuneração Conforme destacado por WELSCH (1996), a técnica de cálculo da taxa média de remuneração mais utilizada consiste na enumeração dos funcionários de cada setor produtivo e na especificação do valor de sua remuneração por hora, obtendo-se, com base no número total de empregados, a média dessa taxa para a empresa como um todo. No exemplo anterior, assume-se que o processo de fabricação do produto A envolve a participação de três setores do departamento de produção, como segue: Setor 1 Setor 2 Setor 3 Rem. Média (por hora) $ 2,90 $ 4,16 $ 4,60 Nº de Trabalhadores 4 5 6 Rem. Total (por hora) $ 11,60 $ 20,80 $ 27,60 Remuneração total para o processo produtivo de A (por hora) $ 60,00 Número total de funcionários 15 Taxa Média de Remuneração (por hora) $ 4,00 Já em relação a B, assume-se que seu processo produtivo envolve apenas dois setores, como segue: 38 Setor 1 Setor 4 Rem. Média (por hora) $ 2,90 $ 5,07 Nº de Trabalhadores 4 6 Rem. Total (por hora) $ 11,60 $ 30,42 Remuneração total para o processo produtivo de A (por hora) $ 42,02 Número total de funcionários 10 Taxa Média de Remuneração (por hora) $ 4,20 Portanto, para determinação do custo de mão-de-obra para cada unidade produzida, basta multiplicar a taxa média de remuneração pelo número de horas de mão-de-obra direta exigido para fabricação de uma unidade do respectivo produto. � Observação: � Considerando as taxas de remuneração horária e o número de funcionários em cada setor, temos o total de $ 90,42 por hora de trabalho ($ 11,60 + $ 20,80 + $ 27,60 + $ 30,42); � Considerando que a jornada diária de trabalho é de 8h, temos um custo diário de $ 723,36 com mão-de-obra nos setores (departamento de produção); � Admitindo que se trabalhe, em média, 23 dias em um mês (descontando sábados e domingos), temos um custo mensal de $ 16.637,28 com mão-de-obra; � Portanto, o custo anual é de $ 199.647,36 ($ 16.637,28 x 12); � Como o custo com mão-de-obra direta, considerando a produção estimada, está previsto em $ 172.916,40, a diferença refere-se ao pagamento de funcionários que não estão ligados diretamente ao processo produtivo, como supervisores, embora também integrantes dos setores que compõem o departamento de produção. Um orçamento de mão-de-obra direta mais amplo poderia especificar o número de horas que cada produto gasta por setor, como segue: Setor 1 Setor 2 Setor 3 Setor 4 A 0,05h 0,10h 0,05h - B 0,30h - - 0,20h 39 Assim, o custo de mão-de-obra direta por unidade poderia ser determinado da seguinte forma: PRODUTO A Setores Rem. Média (por hora) Tempo Custo de MDO por unidade 1 $ 2,90 0,05h $ 0,145 2 $ 4,16 0,10h $ 0,416 3 $ 4,60 0,05h $ 0,2304 $ 5,07 - - Total $ 0,79 PRODUTO B Setores Rem. Média (por hora) Tempo Custo de MDO por unidade 1 $ 2,90 0,30h $ 0,87 2 $ 4,16 - - 3 $ 4,60 - - 4 $ 5,07 0,20h $ 1,01 Total $ 1,88 2.6. Orçamento de Custos Indiretos de Produção Conforme destacado por WELSCH, os custos indiretos de fabricação dizem respeito à parte do custo total de produção que não é diretamente associável ao processo produtivo, sendo representados por: materiais indiretos (lubrificantes e peças para manutenção de máquinas, produtos para limpeza, etc.), mão-de-obra indireta (salários de supervisores, etc.) e despesas diversas de fabricação (seguros, depreciação, luz, água, etc.). Para empresas com vários setores ou departamentos produtivos e de serviços9, o cálculo desses custos indiretos passa pela definição de bases de atividades para cada uma 9 Conforme descrito por WELSCH (1996), os setores ou departamentos de produção são aqueles que trabalham diretamente com os bens fabricados, enquanto os setores ou departamentos de serviços 40 dessas unidades operacionais (unidades de produto final – no caso do setor participar da produção de apenas um bem –, horas de uso direto de máquinas, horas diretas de reparo, etc.). Posteriormente, determinam-se, de acordo com o orçamento de produção, as necessidades em termos dessas bases de atividade. Assim, o custo total dos materiais indiretos é calculado mediante estimação de gastos por parte do gerente responsável pelo respectivo setor. De forma simplificada, conforme destacado por SANVICENTE (1997), assume-se que, com base em técnicas estatísticas de regressão linear, cada setor estabelece as relações entre os diversos tipos de materiais indiretos e o valor das vendas. Assim, de acordo com o exemplo anterior: Produto Vendas Planejadas Preço de Venda Valor da Produção % A 50.000 un. $ 6,00 $ 300.000,00 33 B 60.000 un. $ 10,00 $ 600.000,00 67 Total $ 900.000,00 100 Com base nesse valor das vendas, chamado de Q, cada departamento determinaria a fórmula para os diversos tipos de custo indireto, explicitando suas parcelas fixa e variável. Essas fórmulas seriam agregadas para a empresa como um todo, resultando no seguinte orçamento de custos indiretos: Item Fórmula Valor Anual Estimado Mão-de-obra indireta $ 2.000 + 0,05 Q $ 47.000,00 Manutenção – peças e outros $ 2.000 + 0,03 Q $ 29.000,00 Energia elétrica $ 500 + 0,08 Q $ 72.500,00 Seguros $ 30.000 + 0,00 Q $ 30.000,00 Depreciação $ 10.000 + 0,00 Q $ 10.000,00 Aluguel $ 10.000 + 0,00 Q $ 10.000,00 Total $ 54.500 + 0,16 Q $ 198.500,00 (manutenção e reparos, compras, energia elétrica, etc.) apenas executam tarefas de acordo com as necessidades dos primeiros. 41 A ausência de custos variáveis nesse quadro é resultado da preparação de orçamentos separados para mão-de-obra direta e matérias-primas, únicos gastos, nesse exemplo, classificados como diretamente relacionados ao processo produtivo. Mão-de-obra indireta, manutenção e energia elétrica são custos semivariáveis, uma vez que ocasionarão gastos mesmo com volume zero de produção, tendo seu valor acrescido à medida que unidades adicionais são fabricadas. Já as despesas com seguros, depreciação e aluguel são fixas. 2.7. Orçamento de Despesas Comerciais e Administrativas A projeção de demonstrações contábeis (Fluxo de Caixa, Demonstração de Resultado do Exercício e Balanço Patrimonial), com base em orçamentos, requer, além da determinação das receitas e custos destacados nos relatórios abordados anteriormente, a especificação dos gastos que a cooperativa incorrerá quando da realização de suas atividades comerciais e administrativas. Nesse sentido, o planejamento desses gastos é de vital importância para a elaboração de um programa de planejamento e controle de resultados amplo e capaz de identificar, com clareza, os principais elementos responsáveis pela evolução de seu patrimônio. Conforme enfatizado por WELSCH (1996), a confecção de um planejamento de vendas envolve três etapas: preparação de um plano de marketing, de um plano de promoção de vendas e publicidade e de um plano de despesas de vendas. O primeiro, já analisado anteriormente, envolve a especificação do volume físico e do valor das vendas. Os dois últimos, por sua vez, englobam os gastos com o processo de divulgação dos produtos da empresa, bem como com as vendas, distribuição e entrega dos mesmos. Já o planejamento de despesas administrativas tem como foco a projeção dos demais gastos da empresa, ou seja, aqueles que não estão relacionados, diretamente, aos processos produtivos e de comercialização. Esses gastos dizem respeito a salários, material de consumo, aluguéis, seguros, etc., vinculados às unidades administrativas. Assim, são considerados, normalmente, como fixos. Entretanto, como destacado por WELSCH (1996), devem ser analisados em relação ao volume de vendas da companhia e, de acordo com o 42 comportamento dessa receita, necessitam de flexibilidade para garantir maior eficiência à cooperativa. Esses elementos de custo constituem, basicamente, as chamadas Despesas Operacionais10 que, diminuídas do Resultado Bruto, dão origem ao seu Resultado Operacional. Com o intuito de simplificar os cálculos desses valores, podemos assumir que, da mesma forma que no caso dos custos indiretos de fabricação, o setor de planejamento da cooperativa tenha realizado um estudo, com base em técnicas estatísticas de regressão linear, e determinado que o comportamento das despesas comerciais e administrativas, em relação ao valor das vendas, seja o seguinte: Item Fórmula Valor Anual Estimado Promoções e propaganda $ 5.000 + 0,02 Q $ 23.000,00 Comissões – vendedores $ 0 + 0,05 Q $ 45.000,00 Salários fixos – vendedores $ 10.000 + 0,00 Q $ 10.000,00 Salários fixos – pessoal administrativo $ 30.000 + 0,00 Q $ 30.000,00 Material de escritório $ 1.000 + 0,01 Q $ 10.000,00 Total $ 46.000 + 0,08 Q $ 118.000,00 10 Essas despesas são compostas, ainda, pelos gastos financeiros (analisados a frente). 43 3. Demonstrações Contábeis Projetadas 3.1. Demonstração de Resultado do Exercício Todos os orçamentos elaborados até agora formam a base de informações da Demonstração de Resultado do Exercício, um dos principais instrumentos de análise no processo administrativo. Entretanto, apesar da amplitude dos dados disponibilizados com as técnicas orçamentárias, algumas outras previsões devem ser feitas para que esse relatório contábil reflita com maior fidelidade o que se espera da cooperativa, em termos de variação patrimonial, no período orçado. Em primeiro lugar, de acordo com o plano de investimentos em ativo permanente elaborado pelo setor de planejamento (utilizando técnicas de análise como Valor Presente Líquido e Taxa Interna de Retorno), em conjunto com as demais unidades operacionais da empresa, deve-se determinar as possíveis receitas/despesas que serão incorridas com a substituição de equipamentos, instalações, veículos, entre outros bens imobilizados. Partindo do pressuposto que esse plano tenha determinado a venda de maquinários nas condições especificadas no quadro apresentado a seguir, apura-se que a cooperativa obterá um resultado negativo de $ 1.00011 com essas operações, que será lançado como despesa não-operacional, pois constitui resultado de ato não-cooperativo,para fins de determinação das sobras líquidas ao final do ano considerado na análise. Ademais, os empréstimos/financiamentos, tomados para possibilitar os investimentos previstos, gerarão despesas financeiras que alcançarão, conforme previsão do departamento financeiro, a cifra de $ 25.000. 11 O valor contábil do Equipamento 1, na época da transação, será de $ 34.000 ($ 120.000 – $ 86.000), como o valor previsto para a venda é de $ 32.000, a cooperativa terá um prejuízo de $ 2.000. No caso do Equipamento 2, haverá um lucro de $ 4.000 e, para o Equipamento 3, obter-se-á um déficit de $ 3.000. Esses valores geram uma despesa não-operacional de $ 1.000. 44 Valor de Venda Previsto Valor Contábil Depreciação Acumulada Equipamento 1 $ 32.000 $ 120.000 $ 86.000 Equipamento 2 $ 26.000 $ 98.000 $ 76.000 Equipamento 3 $ 18.000 $ 59.000 $ 38.000 Além dessas transações, a cooperativa prevê, ainda, que seus investimentos em ações de empresas coligadas, efetivados para propiciar melhores condições de realização dos seus objetivos sócio-econômicos, proporcionarão um rendimento de $ 1.500, apurado de acordo com o método de equivalência patrimonial. Por fim, com base nos orçamentos de recebimento da produção e de vendas, tem-se que a necessidade de aquisição de matéria- prima de não-associados será equivalente a 20% da receita bruta total. Assim, pode-se elaborar a Demonstração de Resultado do Exercício Projetada para o ano de X2, levando em consideração os diversos orçamentos realizados e as previsões adicionais explicitas a seguir: Plano de Vendas (X2) Produto A Produto B Janeiro 4.000 5.000 Fevereiro 3.500 6.500 Março 3.000 6.000 2º Trimestre 12.000 16.000 3º Trimestre 13.500 14.000 4º Trimestre 14.000 12.500 Total (unidades) 50.000 60.000 Preço Unitário (constante) $ 6,00 $ 10,00 Valor das Vendas $ 300.000 $ 600.000 45 Custo da Matéria-prima (ajustado para DRE) MP Produto A Produto B Total $/un CMV Vendas Taxa Consumo Vendas Taxa Consumo Y 50.000 2,5 125.000 60.000 4,0 240.000 365.000 0,80 $ 292.000,00 Z 50.000 2,0 100.000 60.000 3,5 210.000 310.000 0,20 $ 62.000,00 Total $ 354.000,00 Custo Total de Mão-de-obra Direta (ajustado para DRE) Produto Vendas Custo Unitário de MDO Custo Total de MDO (por produto) A 50.000 $ 0,80 $ 40.000,00 B 60.000 $ 2,10 $ 126.000,00 Custo Total de MDO Direta $ 166.000,00 Custos Indiretos de Fabricação Item Fórmula Valor Anual Estimado Mão-de-obra indireta $ 2.000 + 0,05 Q $ 47.000,00 Manutenção – peças e outros $ 2.000 + 0,03 Q $ 29.000,00 Energia elétrica $ 500 + 0,08 Q $ 72.500,00 Seguros $ 30.000 + 0,00 Q $ 30.000,00 Depreciação $ 10.000 + 0,00 Q $ 10.000,00 Aluguel $ 10.000 + 0,00 Q $ 10.000,00 Total $ 54.500 + 0,16 Q $ 198.500,00 46 Despesas Administrativas e Comerciais Item Fórmula Valor Anual Estimado Promoções e propaganda $ 5.000 + 0,02 Q $ 23.000,00 Comissões – vendedores $ 0 + 0,05 Q $ 45.000,00 Salários fixos – vendedores $ 10.000 + 0,00 Q $ 10.000,00 Salários fixos – pessoal administrativo $ 30.000 + 0,00 Q $ 30.000,00 Material de escritório $ 1.000 + 0,01 Q $ 10.000,00 Total $ 46.000 + 0,08 Q $ 118.000,00 Outras Despesas Despesas financeiras ($ 25.000) Venda de bens do ativo permanente ($ 1.000) Ganhos de investimentos em sociedades não-cooperativas $ 1.500 47 Demonstração de Resultado do Exercício Projetada Atos Cooperativos Atos Não-cooperativos Total Receita Bruta 720.000,00 180.000,00 900.000,00 (-) Deduções 0,00 0,00 0,00 Receita Líquida 720.000,00 180.000,00 900.000,00 (-) Custo dos Produtos Vendidos 574.800,00 143.700,00 718.500,00 Resultado (Operacional) Bruto 145.200,00 36.300,00 181.500,00 (-) Despesas Operacionais 114.400,00 28.600,00 143.000,00 Despesas Administrativas 32.000,00 8.000,00 40.000,00 Despesas Comerciais 62.400,00 15.600,00 78.000,00 Despesas Financeiras 20.000,00 5.000,00 25.000,00 Resultado Operacional (Líquido) 30.800,00 7.700,00 38.500,00 (+) Receitas Não-operacionais - 1.500,00 1.500,00 (-) Despesas Não-operacionais - 1.000,00 1.000,00 Resultado Antes do IR 30.800,00 8.200,00 39.000,00 (-) Imposto de Renda (30%) - 2.010,00 2.010,00 Resultado Depois do IR 30.800,00 6.190,00 36.990,00 (-) Reserva Legal (10%) 3.080,00 - 3.080,00 (-) Rates (5%) 1.540,00 6.190,00 7.730,00 SOBRAS À DISP. DA A.G.O. 26.180,00 - 26.180,00 Cálculo do Imposto de Renda: Base de Cálculo = $ 8.200,00 – $ 1.500,00* = $ 6.700,00 IR = $ 6.700,00 x 30% = $ 2.010,00 * O resultado positivo de investimentos em sociedades controladas ou coligadas , calculado de acordo com o método de equivalência patrimonial, não é tributável (ver Regulamento do Imposto de Renda – RIR). 48 3.2. Balanço Patrimonial Conforme enfatizado por SANVICENTE (1997), além de prever o resultado que a empresa obterá com a implantação das medidas estipuladas em seu processo de planejamento orçamentário, faz-se necessária a projeção de sua posição patrimonial ao final do período orçado. Para tanto, especifica o autor, deve-se identificar os montantes a serem aplicados nos diversos itens que compõem a estrutura de bens e direitos da entidade, tais como: disponibilidades, contas a receber, imobilizado, entre outros. Além disso, é preciso explicitar as fontes dos recursos a serem investidos, isto é, a composição das obrigações, exigíveis ou não, que a cooperativa terá que assumir para realizar as aplicações previamente definidas. Os diversos orçamentos desenvolvidos anteriormente, para o ano de X2, compõem a base de informações para elaboração do Balanço Patrimonial Projetado. Entretanto, uma vez que esses orçamentos são realizados antes do final do ano em curso (X1), é necessário que a empresa tenha uma estimativa, também, do Balanço Patrimonial para o início do período que está sendo orçado, ou seja, para o final de X1. Assim, com base no próprio orçamento elaborado para esse ano, admite-se que a estrutura patrimonial da cooperativa será, em 31 de dezembro de X1, a seguinte: 49 Balanço Patrimonial Previsto (X1) ATIVO PASSIVO e PL Circulante 465.440,00 Circulante 94.140,00 Disponível 104.418,60 Coop. C/ Movimento 56.000,00 DRCP 112.800,00 Fornecedores 15.000,00 Estoques 248.221,40 Salários a Pagar 22.600,00 Produtos Acabadosa 156.034,00 IR a Pagar 540,00 Matéria-prima 92.187,40 Não Circulante 100.000,00 Não Circulante 135.200,00 Financiamentos 100.000,00 Investimentos 40.000,00 Patrimônio Líquido 406.500,00 Imobilizado 95.200,00 Capital Social 346.000,00 Custo Original 342.800,00 Reserva Legal 29.500,00 (-) Depreciação Acumulada 247.600,00 Rates 31.000,00 TOTAL 600.640,00 TOTAL 600.640,00 a O saldo da conta de produtos acabados não é o mesmo daquele considerado como saldo inicial no cálculo do CMV, $ 73.750,80 (página 38), pois falta adicionar, a este último, os demais custos (MDO direta e CIF). 3.2.1. Variações do Ativo Não Circulante Como primeiro passo na projeção do BP para o ano de X2, deve-se especificar as possíveis alterações na composição dos ativos imobilizados da cooperativa. Para tanto, o plano de investimentos em bens permanentes, avaliado de acordo com as diversas
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