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Trabalho Swales

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Universidade Federal de Viçosa
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes
Departamento de Letras
LET 612 – Análise de Gêneros Discursivos
Profª. Dra. Maria Carmen Aires Gomes
Mestrandos: José Silva- 67982
 Juliana Costa - ouvinte
 	 Pauliane Godoy – 98184
		 Vanessa Borges - 56522
Quadro comparativo Swales
	Introdução[1: Baseada em anotações realizada na aula de Análise de Gêneros discursivos realizada em 20/09/18.]
	O trabalho de Swales é voltado para fins educacionais com abordagem pedagógica (Inglês para fins específicos);
Inicia com a perspectiva acadêmica e amplia para outras áreas;
Diálogo com Miller: gênero como ação social e artefato social (são produtos de uma cultura);
Diálogo com Bakhtin: sistema de dialogismo, rede de gêneros, cronotopo, situação comunicativa, recorrência dos gêneros;
Swales influenciou Bhatia;
Investigação do texto em seu contexto – interdependência entre texto e contexto (retórico social);
Campos de estudo que influenciaram os estudos de Swales: estudos folclóricos, estudos literários, estudos linguísticos (sistêmico funcional) e estudos retóricos. 
	
	
	Gênero
	“Um gênero compreende uma classe de eventos comunicativos, cujos exemplares compartilham os mesmos propósitos comunicativos. Esses propósitos são reconhecidos pelos membros mais experientes da comunidade discursiva original e constituem a razão do gênero. A razão subjacente dá o contorno da estrutura esquemática do discurso e influencia e restringe as escolhas de conteúdo e estilo. O propósito comunicativo é o critério que é privilegiado e que faz com que o escopo do gênero se mantenha enfocado estreitamente em determinada ação retórica compatível com o gênero. Além do propósito, os exemplares do gênero demonstram padrões semelhantes, mas com variações em termos de estrutura, estilo, conteúdo e público-alvo. Se forem realizadas todas as expectativas em relação àquilo que é altamente provável para o gênero, o exemplar será visto pela comunidade discursiva original como um protótipo. Os gêneros têm nomes herdados e produzidos pelas comunidades discursivas e importados por outras comunidades. Esses nomes constituem uma comunicação etnográfica valiosa, porém normalmente precisam de validação adicional.” (SWALES, 1990, p.58 apud. HEMAIS & BIASI-RODRIGUES, 2005, p.114-115)
Premissas para a definição de gêneros: a) situação comunicativa/evento comunicativo; b) prototipicidade; 
c) hierarquia; d) razão subjacente.
situação comunicativa/evento comunicativo: é constituído do discurso, dos participantes, da função do discurso e do ambiente onde é produzido e recebido (HEMAIS & BIASI-RODRIGUES, 2005);
prototipicidade: “um texto será classificado como sendo do gênero se possuir os traços especificados na definição de gênero. Por outro lado, pode-se usar o critério de semelhança para classificação no gênero, ou seja, a inclusão no gênero pode ser determinada pela semelhança com outros textos na grande família do gênero. Os exemplares que mais plenamente se integram ao gênero são aqueles que parecem os mais típicos entre todos os exemplares de um grupo, na perspectiva da semelhança familiar. Os mais típicos da categoria são os protótipos.” (HEMAIS & BIASI-RODRIGUES, 2005, p.113). Entretanto, Swales (1990) acredita que a terminologia pode trair o gênero, uma vez que nem sempre se apresenta da mesma forma. 
hierarquia: a relação que se dá entre os gêneros é de ordem cronológica, “especialmente quando um gênero é antecedente de outro” (SWALES, 2004, p.18). A hierarquia cuida dos diferentes graus de importância que uma determinada área ou comunidade discursiva delega aos gêneros que produz. 
razão subjacente: “[...] significa a lógica do gênero, e nessa lógica os membros da comunidade reconhecem o gênero. O gênero tem uma lógica própria porque assim serve a um propósito que a comunidade reconhece. Em função daquele propósito, existem algumas convenções esperadas e manifestadas no gênero. Ou seja, de acordo com seu entendimento do propósito comunicativo, os membros utilizam as convenções que realizam o gênero com o propósito apropriado.” (HEMAIS & BIASI-RODRIGUES, 2005, p.113-114)
	Comunidade discursiva
	Em Swales (1990), apesar de admitir a dificuldade em reconhecer as comunidades discursivas, a noção de comunidade discursiva “é empregada em relação ao ensino de produção de texto como uma atividade social realizada por comunidades que têm convenções específicas e para as quais o discurso faz parte de seu comportamento social. [...] As convenções discursivas facilitam a iniciação de novos membros na comunidade, ou seja, os novatos são estimulados a usar de forma apropriada as convenções discursivas reconhecidas pela comunidade.” (HEMAIS & BIASI-RODRIGUES, 2005, p.115).
Entretanto, posteriormente, o próprio Swales considerou que sua definição de comunidade discursiva de 1990 era problemática por considerar que as convenções enquanto generalizações acerca do mundo. Além disso, em trabalhos posteriores (1992, 1993 e 1998), a partir de crítica, reconsidera sua conceituação e admite a existência de comunidades discursivas locais e globais. Além disso, o conceito de 1990 deixou de considerar a inclusão de novos gêneros, tópicos e questões que são incorporadas às comunidades. Os gêneros são propriedades de comunidades discursivas, as quais padronizam e convencionam suas atividades comunicativas. Diferente de 1990 , a comunidade discursiva é definida como “um grupo sociorretórico heterogêneo que compartilha objetivos e interesses ocupacionais ou recreativos (SWALES, 1992, p.8).
	Propósito comunicativo
	Em 1990, era o critério privilegiado por Swales para definir gênero. O propósito comunicativo “embasa o gênero e determina não apenas sua estrutura esquemática, mas também as escolhas em torno de conteúdo e estilo” (HEMAIS & BIASI-RODRIGUES, 2005, p. 118) cooperando para que o gênero permaneça em uma ação retórica específica. Posteriormente, juntamente com Askehave, Swales revê a centralidade do propósito comunicativo na definição dos gêneros. Askehave & Swales (2001) propõem a revisão do propósito comunicativo para a classificação do gênero. Os autores propõem que o propósito comunicativo seja mantido, mas não como um critério privilegiado e que seja considerado em função da investigação sobre o gênero. Além disso, admitem que o propósito comunicativo não é fácil de ser identificado. 
	Prototipicidade
	Um texto pertence a um gênero se possuir traços específicos da definição de tal gênero. É possível a utilização do critério de semelhança para classificar o gênero dentro de uma grande família de gêneros. Os textos mais típicos (protótipos) são aqueles que se integram ao gênero (HEMAIS & BIASI-RODRIGUES, 2005).
	Recorrência – ações recorrentes
	Os gêneros são entendidos como ações discursivas. Esses discursos têm certo grau de estabilidade na forma, no conteúdo e no estilo, logo são ações discursivas recorrentes. 
	Tipificação de ações
	Relacionam-se às ações retóricas. Em 1984, Swales propôs o modelo CARS (create a research space) baseado na análise de Introduções de trabalhos científicos. O primeiro modelo envolvia quatro movimentos: 
Movimento 1: estabelecer o campo de pesquisa;
Movimento 2: sumarizar pesquisas prévias;
Movimento 3: preparar para a pesquisa; 
Movimento 4: introduzir a presente pesquisa.
Posteriormente, Swales (1990) reagrupou o modelo CARS em três movimentos:
Movimento 1: estabelecer o território;
Movimento 2: estabelecer o nicho;
Movimento 3: ocupar o nicho
Essa reagrupação ocorreu em vista da dificuldade em se distinguir os movimentos 1 e 2 do modelo de 1984 (HEMAIS & BIASI-RODRIGUES, 2005). O modelo proposto por Swales, apesar de ainda sofrer críticas, serve como base para diversas aplicações de análises com suas devidas aplicações até hoje. 
Referências
HEMAIS, B.; BIASI-RODRIGUES, B. A proposta sociorretóricade John M. Swales para o estudo de gêneros textuais. In: MEVRER, J. L; BONINI, A; MOTTA-ROTH, D. (Orgs.). Gêneros- teorias, métodos, debates. São Paulo: Parábola Editorial, 2005.
SWALES, J. M. Genre Analysis : English in academic and research settings. Cambridge: Cambridge University Press, 1990. 
____________. Discourse community and the evaluation of written texts. Georgetown University Round Table on Languages and Linguistics, 1992.
____________. Genre and engagement. Revue Belge de Philologie et d’ Histoire, 1993.
____________. Other floors, other voices: a textography of small university building. London: Lawrence Erlbaum, 1998.
ASKEHAVE, I.; SWALES, J. M. Genre identification and communicative purpose: a problem and a possible solution. Applied Linguistics, v. 22, n. 2, p. 195-212, 2001. 
SWALES, J. M. Research genres: explorations and applications. New York: Cambridge University Press, 2004.

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