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Fraturas de Antebraço Prof. Esp. Fabrício Costa Fratura-luxação de Monteggia. Características gerais. Trata-se de uma fratura da extremidade proximal da ulna com luxação da cabeça do rádio, sendo causada por um impacto direto sobre o terço superior do antebraço, descrevendo um movimento de proteção à uma agressão física ou por uma queda sobre a mão com o braço em extensão associada a pronação forçada do antebraço. Tipo I: luxação anterior da cabeça do rádio associada a fratura da ulna em qualquer nível, com angulação anterior. Tipo II: luxação posterior ou póstero-lateral da cabeça do rádio associada a fratura da ulna, com angulação posterior. Classificação (BADO, 1967). I II Tipo III: luxação lateral ou ântero-lateral da cabeça do rádio associada a fratura da ulna, com angulação lateral. Tipo IV: fratura proximal do rádio e da ulna, com luxação anterior da cabeça do rádio e fratura da ulna com angulação anterior. III IV Tratamento conservador. As indicações de tratamento são baseadas no padrão da fratura e na idade do paciente. As lesões do tipo I, III e IV em crianças devem ser tratadas por redução e imobilização com tala gessada com 90º de flexão do cotovelo e supinação total. Em adultos, o resultado com o tratamento conservador não é animador, devendo- se optar pelo cirúrgico. As lesões do tipo II devem ser tratadas com imobilização a 70º de flexão do cotovelo e supinação. Tratamento cirúrgico. Os ligamentos anular e o colateral radial são geralmente lesados durante o deslocamento da cabeça do rádio. O rádio e a ulna são ligados pela membrana interóssea, o que aumenta o risco de luxação do rádio quando a ulna é fraturada. O tratamento cirúrgico é necessário caso não haja sucesso na redução da luxação, pois pode ocorrer interposição do ligamento anular ou da cápsula, impedindo a redução. A fratura de ulna é fixada com placa e parafuso ou haste intramedular introduzida através do olécrano, sendo o segmento imobilizado até consolidação completa. Em caso de lesão do ligamento anular do rádio um neo-ligamento é confeccionado utilizando-se a fáscia triciptal, presa à ulna proximalmente. Fratura-luxação de Galeazzi. Características gerais. Trata-se de uma fratura epifisária do terço distal do rádio associada a luxação da articulação radioulnar distal. O mecanismo de lesão geralmente é uma queda com a mão espalmada estando o punho em hiperextensão e o antebraço em pronação. A mão fixa no solo e a rotação do corpo durante a queda causam hiperpronação e as forças resultantes cruzam a articulação radiocarpal produzindo fratura da diáfise do rádio, que fraturado encurta causando lesão de tecidos moles ou fratura do processo estilóide da ulna. Mecanismo de lesão. Tratamento conservador x cirúrgico. O tratamento cirúrgico é o mais indicado para esse tipo de fratura, uma vez que é evidenciado resultados não tão satisfatórios em pacientes tratados conservadoramente. Geralmente a redução da fratura do rádio é obtida por meio de fixação com placas e parafusos. Após a redução do rádio ocorre a redução luxação da articulação radioulnar distal. Luxação do cotovelo. Características gerais. Mecanismo de lesão: A maioria das luxações do cotovelo ocorre por um trauma direto como uma queda com a mão em extensão associada à combinação de força axial aplicada em valgo, supinação e transmitida ao cotovelo. Essa combinação de forças produz a ruptura seqüencial das partes moles, que se inicia no ligamento colateral lateral, progride para a cápsula articular e finalmente para o ligamento colateral medial. Diagnóstico: O diagnóstico de luxação do cotovelo é, na maioria das vezes, evidente à inspeção, mas deve ser confirmado pela solicitação de exames complementares. Avaliação da estabilidade: A redução de uma luxação posterior do cotovelo deve ser feita com o paciente em decúbito dorsal, exercendo-se tração longitudinal no antebraço e contratração no braço, com o cotovelo em flexão de 30º. Uma vez conseguida a correção da translação lateral ou medial, que pode ser avaliada pela posição do olécrano, a pressão posterior sobre o olécrano e anterior sobre o úmero reduzirá a luxação. O tratamento das instabilidades do cotovelo deve se basear na avaliação clínica da estabilidade que é realizada após a redução da luxação. Manobra para avaliação da estabilidade do cotovelo em valgo. Instabilidade do cotovelo em valgo. LCM As luxações sempre envolvem lesões às partes moles adjacentes, como os ligamentos colaterais medial e lateral, de forma que mesmo quando a articulação lesada é imediatamente alinhada, a cicatrização completa pode levar algum tempo. Com demasiada freqüência, as luxações do cotovelo são tratadas com métodos conservadores. Após a redução, o uso de uma tipóia para o membro superior e uma tala posterior com aproximadamente 90º de flexão têm sido geralmente as modalidades de tratamento. Tratamento conservador. O tratamento cirúrgico é indicado em casos de: •Luxações irredutíveis. •Interposição de fragmentos ósseos. •Articulação incongruente pós-redução. •Fraturas associadas. •Instabilidade grosseira. •Lesão neurovascular. Tratamento cirúrgico. •Luxação irredutível / Interposição de fragmentos ósseos: A impossibilidade de reduzir uma luxação simples do cotovelo deve-se em geral à presença de um fragmento ósseo em topografia intra-articular, sendo o mais freqüente o fragmento constituído pelo epicôndilo medial. O tratamento cirúrgico envolve a redução anatômica e a fixação interna. A interposição de partes moles é a causa mais rara de impossibilidade de reduzir uma luxação do cotovelo. As estruturas envolvidas incluem o ligamento anular, colaterais ou lesão da cabeça do rádio na cápsula póstero-lateral. Luxação do cotovelo: fragmento intra-articular. •Fraturas associadas: luxação do cotovelo + fratura do colo do rádio. Quando existe associação com fraturas da cabeça do rádio, com desvio e/ou cominutas, o anel osteoligamentar sofre lesão grave e a possibilidade de instabilidade crônica aumenta, pois a perda da congruência articular entre a cabeça do rádio e o capítulo não permite a cicatrização dos ligamentos lesados. Luxação do cotovelo + Fratura do colo do rádio ou fragmentos articulares impactados fixação com placa de minifragmentos. As fraturas do processo coronóide são raras, ocorrendo em 2 a 10% dos pacientes com luxação do cotovelo. Em geral, caracterizam-se por instabilidade grave e, quando não tratada convenientemente, causam importantes alterações degenerativas. •Fraturas associadas: luxação do cotovelo + fratura da cabeça do rádio e do processo coronóide (tríade terrível). Luxação do cotovelo + Fratura da cabeça do rádio e do processo coronóide: radiografia da coronóide com placa e parafusos, substituição com prótese metálica da cabeça do rádio. •Fraturas associadas: luxação do cotovelo + fratura do olécrano. As fratura do olécrano associadas à luxação do cotovelo determinam aumento da instabilidade em razão da perda da atuação dinâmica do tríceps braquial e do comprometimento da incisura troclear que lesa a arquitetura óssea articular. Fratura-luxação transolecraniana com desvioanterior: a fratura do olécrano é instável e necessita de fixação interna rígida. Cominuição da incisura troclear enxerto ósseo retirado da crista ilíaca com a finalidade de manter a curvatura anatômica da incisura troclear. Fratura-luxação transolecraniana com desvio posterior: variante da lesão de Monteggia, a cominuição da extremidade proximal da ulna determina a instabilidade em razão da presença de fratura do processo coronóide. •Instabilidade grosseira: O tratamento cirúrgico está indicado para instabilidade grosseira, especialmente se associada a fraturas. Em geral, envolve reparo do complexo ligamentar lateral, realizando-se um reforço com fios inabsorvíveis fixados através de orifícios ósseos no úmero no nível de sua origem. O reparo deverá permitir a mobilização precoce. Existindo instabilidade medial, deverá ser realizado o reparo da porção anterior do ligamento colateral medial, que também é efetuado através do reforço com fio inabsorvível e fixado através de orifícios transósseos. Complicações Lesão neurovascular: A distorção e a tração das estruturas neurovasculares na região anterior do cotovelo podem determinar lesão do nervo mediano ou ruptura da artéria braquial. A tração em valgo é responsável pela maior freqüência das lesões do nervo ulnar. Em geral, as alterações relativas aos nervos mediano e ulnar desaparecem poucas horas após a redução em 90% dos casos. Complicações Rigidez do cotovelo: A limitação da extensão é um achado comum pós-luxação do cotovelo. A imobilização por prazo acima de três semanas, para tratamento de uma luxação, aumenta significativamente o risco de rigidez e dor. Complicações Ossificação heterotópica: As localizações mais freqüentes da ossificação heterotópica são: nas inserções ligamentares, na cápsula anterior logo acima do processo coronóide e na face anterior do cotovelo no corpo do músculo braquial. É aconselhável que a retirada cirúrgica da ossificação ocorra por volta de 12 ou 18 meses após o trauma para aguardar a maturação da ossificação.