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MATERIAL PARA O CONCURSO CRF MT AGENTE ADMINISTRATIVO

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01_Lingua_Portuguesa.pdf
 
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CRF/MT 
Agente Administrativo 
 
 
Compreensão, interpretação e reescrita de textos e de fragmentos de textos, com domínio das relações 
morfossintáticas, semânticas, discursivas e argumentativas .................................................................... 1 
Tipologia textual ................................................................................................................................. 35 
Coesão e coerência ........................................................................................................................... 56 
Ortografia oficial ................................................................................................................................. 74 
Acentuação gráfica ............................................................................................................................ 91 
Pontuação ......................................................................................................................................... 98 
Formação, classe e emprego de palavras ....................................................................................... 105 
Significação de palavras .................................................................................................................. 199 
Coordenação e subordinação .......................................................................................................... 206 
Concordância nominal e verbal ........................................................................................................ 236 
Regência nominal e verbal ............................................................................................................... 257 
Emprego do sinal indicativo de crase ............................................................................................... 268 
Correspondência oficial (conforme Manual de Redação da Presidência da República). Aspectos gerais 
da redação oficial ................................................................................................................................. 277 
 
 
 
 
Candidatos ao Concurso Público, 
O Instituto Maximize Educação disponibiliza o e-mail professores@maxieduca.com.br para dúvidas 
relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom 
desempenho na prova. 
As dúvidas serão encaminhadas para os professores responsáveis pela matéria, portanto, ao entrar 
em contato, informe: 
- Apostila (concurso e cargo); 
- Disciplina (matéria); 
- Número da página onde se encontra a dúvida; e 
- Qual a dúvida. 
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhá-las em e-mails separados. O 
professor terá até cinco dias úteis para respondê-la. 
Bons estudos! 
1278306 E-book gerado especialmente para GENIZIA ARIELLY DOS SANTOS NANTES
 
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Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante 
todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica 
foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida 
conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente 
para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores @maxieduca.com.br 
 
 
Interpretação 
 
Cada vez mais, é comprovada a dificuldade dos estudantes, de qualquer idade, e para qualquer 
finalidade de compreender o que se pede em textos, e também dos enunciados. Qual a importância de 
entender um texto? 
Quando se fala em texto, pensamos naqueles longos, com introdução, desenvolvimento e conclusão, 
onde depois temos que responder uma ou várias questões sobre ele. Na verdade, texto pode ser a 
questão em si, a leitura que fazemos antes de resolver o exercício. E como é possível cometer um erro 
numa simples leitura de enunciado? Mais fácil de acontecer do que se imagina. Se na hora da leitura, 
deixamos de prestar atenção numa só palavra, como uma “não”, já muda a interpretação. Veja a 
diferença: 
 
Qual opção abaixo não pertence ao grupo? 
 
Qual opção abaixo pertence ao grupo? 
 
Isso já muda totalmente a questão, e se o leitor está desatento, vai marcar a primeira opção que 
encontrar correta. Pode parecer exagero pelo exemplo dado, mas tenha certeza que isso acontece mais 
do que imaginamos, ainda mais na pressão da prova, tempo curto e muitas questões. Partindo desse 
princípio, se podemos errar num simples enunciado, que é um texto curto, imagine os erros que podemos 
cometer ao ler um texto maior, sem prestar devida atenção aos detalhes. É por isso que é preciso 
melhorar a capacidade de leitura e compreensão. 
 
A literatura é a arte de recriar através da língua escrita. Sendo assim, temos vários tipos de gêneros 
textuais, formas de escrita. Mas a grande dificuldade encontrada pelas pessoas é a interpretação de 
textos. Muitos dizem que não sabem interpretar, ou que é muito difícil. Se você tem pouca leitura, 
consequentemente terá pouca argumentação, pouca visão, pouco ponto de vista e um grande medo de 
interpretar. A interpretação é o alargamento dos horizontes. E esse alargamento acontece justamente 
quando há leitura. Somos fragmentos de nossos escritos, de nossos pensamentos, de nossas histórias, 
muitas vezes contadas por outros. Quantas vezes você não leu algo e pensou: “Nossa, ele disse tudo 
que eu penso”. Com certeza, várias vezes. Temos aí a identificação de nossos pensamentos com os 
pensamentos dos autores, mas para que aconteça, pelo menos não tenha preguiça de pensar, refletir, 
formar ideias e escrever quando puder e quiser. 
Tornar-se, portanto, alguém que escreve e que lê em nosso país é uma tarefa árdua, mas acredite, 
valerá a pena para sua vida futura. Mesmo que você diga que interpretar é difícil, você exercita isso a 
todo o momento. Exercita através de sua leitura de mundo. A todo e qualquer tempo, em nossas vidas, 
interpretamos, argumentamos, expomos nossos pontos de vista. Mas, basta o(a) professor(a) dizer 
“Vamos agora interpretar esse texto” para que as pessoas se calem. Ninguém sabe o que calado quer, 
pois ao se calar você perde oportunidades valiosas de interagir e crescer no conhecimento. Perca o medo 
de expor suas ideias. Faça isso como um exercício diário e verá que antes que pense, o medo terá ido 
embora. 
 
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas entre si, formando um todo significativo 
capaz de produzir interação comunicativa (capacidade de codificar e decodificar). 
 
Compreensão, interpretação e reescrita de textos e de fragmentos de 
textos, com domínio das relações morfossintáticas, semânticas, 
discursivas e argumentativas 
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Contexto – um texto é constituído por diversas frases. Em cada uma delas, há certa informação que 
a faz ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a estruturação do conteúdo a 
ser transmitido. A essa interligação dá-se o nome de contexto. Nota-se que o relacionamento entre as 
frases é tão grande, que se uma frase for retirada de seu contexto original e analisada separadamente, 
poderá ter um significado diferente daquele inicial. 
 
Intertexto - comumente, os textos apresentam referências diretas ou indiretas a outros autores através 
de citações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. 
 
Interpretação de Texto - o primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é a identificação de 
sua ideia principal. A partir
daí, localizam-se as ideias secundárias, ou fundamentações, as 
argumentações ou explicações que levem ao esclarecimento das questões apresentadas na prova. 
 
Normalmente, numa prova o candidato é convidado a: 
 
Identificar - reconhecer os elementos fundamentais de uma argumentação, de um processo, de uma 
época (neste caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem o tempo). 
 
Comparar - descobrir as relações de semelhança ou de diferenças entre as situações do texto. 
 
Comentar - relacionar o conteúdo apresentado com uma realidade, opinando a respeito. 
 
Resumir - concentrar as ideias centrais e/ou secundárias em um só parágrafo. 
 
Parafrasear - reescrever o texto com outras palavras. 
 
Exemplo 
 
Título do Texto Paráfrases 
 
“O Homem Unido” 
A integração do mundo. 
A integração da humanidade. 
A união do homem. 
Homem + Homem = Mundo. 
A macacada se uniu. (sátira) 
 
Condições Básicas para Interpretar 
 
Faz-se necessário: 
- Conhecimento Histórico – literário (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), leitura e prática. 
- Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do texto) e semântico. Na semântica (significado 
das palavras) incluem-se: homônimos e parônimos, denotação e conotação, sinonímia e antonímia, 
polissemia, figuras de linguagem, entre outros. 
- Capacidade de observação e de síntese. 
- Capacidade de raciocínio. 
 
Interpretar X Compreender 
 
Interpretar Significa Compreender Significa 
Explicar, comentar, julgar, tirar 
conclusões, deduzir. 
 Tipos de enunciados: 
- através do texto, infere-se que... 
- é possível deduzir que... 
- o autor permite concluir que... 
- qual é a intenção do autor ao afirmar 
que... 
Intelecção, entendimento, atenção ao que realmente 
está escrito. 
Tipos de enunciados: 
- o texto diz que... 
- é sugerido pelo autor que... 
- de acordo com o texto, é correta ou errada a 
afirmação... 
- o narrador afirma... 
 
 
 
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Erros de Interpretação 
 
É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência de erros de interpretação. Os mais frequentes 
são: 
- Extrapolação (viagem). Ocorre quando se sai do contexto, acrescentado ideias que não estão no 
texto, quer por conhecimento prévio do tema quer pela imaginação. 
- Redução. É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a um aspecto, esquecendo que um 
texto é um conjunto de ideias, o que pode ser insuficiente para o total do entendimento do tema 
desenvolvido. 
- Contradição. Não raro, o texto apresenta ideias contrárias às do candidato, fazendo-o tirar 
conclusões equivocadas e, consequentemente, errando a questão. 
 
Observação: Muitos pensam que há a ótica do escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas 
numa prova de concurso o que deve ser levado em consideração é o que o autor diz e nada mais. 
 
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que relacionam palavras, orações, frases e/ou 
parágrafos entre si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um pronome relativo, uma 
conjunção (nexos), ou um pronome oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se vai dizer e o 
que já foi dito. São muitos os erros de coesão no dia a dia e, entre eles, está o mau uso do pronome 
relativo e do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do verbo; aquele do seu antecedente. 
Não se pode esquecer também de que os pronomes relativos têm cada um valor semântico, por isso a 
necessidade de adequação ao antecedente. Os pronomes relativos são muito importantes na 
interpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de coesão. Assim sendo, deve-se levar em 
consideração que existe um pronome relativo adequado a cada circunstância, a saber: 
 
Que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente. Mas depende das condições da frase. 
Qual (neutro) idem ao anterior. 
Quem (pessoa). 
Cujo (posse) - antes dele, aparece o possuidor e depois, o objeto possuído. 
Como (modo). 
Onde (lugar). 
Quando (tempo). 
Quanto (montante). 
 
Exemplo: 
Falou tudo quanto queria (correto). 
Falou tudo que queria (errado - antes do que, deveria aparecer o demonstrativo o). 
 
Vícios de Linguagem – há os vícios de linguagem clássicos (barbarismo, solecismo, cacofonia...); no 
dia a dia, porém, existem expressões que são mal empregadas, e por força desse hábito cometem-se 
erros graves como: 
- “Ele correu risco de vida”, quando a verdade o risco era de morte. 
- “Senhor professor, eu lhe vi ontem”. Neste caso, o pronome oblíquo átono correto é “o”. 
- “No bar: Me vê um café”. Além do erro de posição do pronome, há o mau uso. 
 
Algumas dicas para interpretar um texto: 
 
1. Leia bastante. Textos de diversas áreas, assuntos distintos nos trazem diferentes formas de 
pensar. 
 
2. Pratique com exercícios de interpretação. Questões simples, mas que nos ajuda a ter certeza 
que estamos prestando atenção na leitura. 
 
3. Cuidado com o “olho ninja”, aquele que quando damos conta, já está no final da página, e 
nem lembramos o que lemos no meio dela. Talvez seja hora de descansar um pouco, ou voltar a leitura 
num ponto que estávamos prestando atenção, e reler. 
 
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4. Ative seu conhecimento prévio antes de iniciar o texto. Qualquer informação, mínima que seja, 
nos ajuda a compreender melhor o assunto do texto. 
 
5. Faça uma primeira leitura superficial, para identificar a ideia central do texto, e assim, levantar 
hipóteses e saber sobre o que se fala. 
 
6. Leia as questões antes de fazer uma segunda leitura mais detalhada. Assim, você economiza 
tempo se no meio da leitura identificar uma possível resposta. 
 
7. Preste atenção nas informações não-verbais. Tudo que vem junto com o texto, é para ser 
usado ao seu favor. Por isso, imagens, gráficos, tabelas, etc., servem para facilitar nossa leitura. 
 
8. Use o texto. Rabisque, anote, grife, circule... enfim, procure a melhor forma para você, pois 
cada um tem seu jeito de resumir e pontuar melhor os assuntos de um texto. 
 
Além dessas dicas importantes, você também pode grifar palavras novas, e procurar seu significado 
para aumentar seu vocabulário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas são uma distração, 
mas também um aprendizado. 
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a compreensão do texto e ajudar a aprovação, 
ela também estimula nossa imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora nosso foco, cria 
perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além de melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de 
memória. Então, foco na leitura, que tudo fica mais fácil! 
 
Organização do Texto e Ideia Central 
 
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias seletas e organizadas, através dos 
parágrafos, composto pela ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão do texto. 
Podemos desenvolver um parágrafo de várias formas: 
 
- Declaração inicial; 
- Definição; 
- Divisão; 
- Alusão histórica. 
 
Serve para dividir o texto em pontos menores, tendo em vista os diversos enfoques. 
Convencionalmente, o parágrafo é indicado através da mudança de linha e um espaçamento da margem 
esquerda. Uma das partes bem distintas do parágrafo é o tópico frasal, ou seja, a ideia central extraída 
de maneira clara e resumida. Atentando-se para a ideia principal de cada parágrafo, asseguramos um 
caminho que nos levará à compreensão do texto. 
 
Os Tipos de Texto 
 
Basicamente, existem três tipos de texto: 
- Texto narrativo; 
- Texto descritivo; 
- Texto dissertativo. 
 
Cada um desses textos possui características
próprias de construção, que pode ser estudado mais 
profundamente na tipologia textual. 
 
É comum encontrarmos queixas de que não sabem interpretar textos. Muitos têm aversão a exercícios 
nessa categoria. Acham monótono, sem graça, e outras vezes dizem: cada um tem o seu próprio 
entendimento do texto ou cada um interpreta a sua maneira. No texto literário, essa ideia tem algum 
fundamento, tendo em vista a linguagem conotativa, os símbolos criados, mas em texto não literário isso 
é um equívoco. Diante desse problema, seguem algumas dicas para você analisar, compreender e 
interpretar com mais proficiência. 
 
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- Crie o hábito da leitura e o gosto por ela. Quando nós passamos a gostar de algo, compreendemos 
melhor seu funcionamento. Nesse caso, as palavras tornam-se familiares a nós mesmos. Não se deixe 
levar pela falsa impressão de que ler não faz diferença. Leia tudo que tenha vontade, com o tempo você 
se tornará mais seleto e perceberá que algumas leituras foram superficiais e, às vezes, até ridículas. 
Porém elas foram o ponto de partida e o estímulo para se chegar a uma leitura mais refinada. Existe 
tempo para cada momento de nossas vidas. 
- Seja curioso, investigue as palavras que circulam em seu meio. 
- Aumente seu vocabulário e sua cultura. Além da leitura, um bom exercício para ampliar o léxico é 
fazer palavras cruzadas. 
- Faça exercícios de sinônimos e antônimos. 
- Leia verdadeiramente. 
- Leia algumas vezes o texto, pois a primeira impressão pode ser falsa. É preciso paciência para ler 
outras vezes. Antes de responder as questões, retorne ao texto para sanar as dúvidas. 
- Atenção ao que se pede. Às vezes a interpretação está voltada a uma linha do texto e por isso você 
deve voltar ao parágrafo para localizar o que se afirma. Outras vezes, a questão está voltada à ideia geral 
do texto. 
- Fique atento a leituras de texto de todas as áreas do conhecimento, porque algumas perguntas 
extrapolam ao que está escrito. Veja um exemplo disso: 
 
Texto: 
 
Pode dizer-se que a presença do negro representou sempre fator obrigatório no desenvolvimento dos 
latifúndios coloniais. Os antigos moradores da terra foram, eventualmente, prestimosos colaboradores da 
indústria extrativa, na caça, na pesca, em determinados ofícios mecânicos e na criação do gado. 
Dificilmente se acomodavam, porém, ao trabalho acurado e metódico que exige a exploração dos 
canaviais. Sua tendência espontânea era para as atividades menos sedentárias e que pudessem exercer-
se sem regularidade forçada e sem vigilância e fiscalização de estranhos. 
 
(Sérgio Buarque de Holanda, in Raízes) 
 
Infere-se do texto que os antigos moradores da terra eram: 
(A) os portugueses. 
(B) os negros. 
(C) os índios. 
(D) tanto os índios quanto aos negros. 
(E) a miscigenação de portugueses e índios. 
 
(Aquino, Renato. Interpretação de textos, 2ª edição. Rio de Janeiro: Impetus, 2003.) 
 
Resposta “C”. Apesar do autor não ter citado o nome dos índios, é possível concluir pelas 
características apresentadas no texto. Essa resposta exige conhecimento que extrapola o texto. 
 
- Tome cuidado com as vírgulas. Veja por exemplo a diferença de sentido nas frases a seguir: 
(1) Só, o Diego da M110 fez o trabalho de artes. 
(2) Só o Diego da M110 fez o trabalho de artes. 
(3) Os alunos dedicados passaram no vestibular. 
(4) Os alunos, dedicados, passaram no vestibular. 
(5) Marcão, canta Garçom, de Reginaldo Rossi. 
(6) Marcão canta Garçom, de Reginaldo Rossi. 
 
Explicações: 
(1) Diego fez sozinho o trabalho de artes. 
(2) Apenas o Diego fez o trabalho de artes. 
(3) Havia, nesse caso, alunos dedicados e não dedicados e passaram no vestibular somente os que 
se dedicaram, restringindo o grupo de alunos. 
(4) Nesse outro caso, todos os alunos eram dedicados. 
(5) Marcão é chamado para cantar. 
(6) Marcão pratica a ação de cantar. 
 
Leia o trecho e analise a afirmação que foi feita sobre ele: 
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“Sempre fez parte do desafio do magistério administrar adolescentes com hormônios em ebulição e 
com o desejo natural da idade de desafiar as regras. A diferença é que, hoje, em muitos casos, a relação 
comercial entre a escola e os pais se sobrepõe à autoridade do professor”. 
 
Frase para análise. 
 
Desafiar as regras é uma atitude própria do adolescente das escolas privadas. E esse é o grande 
desafio do professor moderno. 
 
- Não é mencionado que a escola seja da rede privada. 
- O desafio não é apenas do professor atual, mas sempre fez parte do desafio do magistério. Outra 
questão é que o grande desafio não é só administrar os desafios às regras, isso é parte do desafio, há 
também os hormônios em ebulição que fazem parte do desafio do magistério. 
 
- Atenção ao uso da paráfrase (reescrita do texto sem prejuízo do sentido original). 
- A paráfrase pode ser construída de várias formas, veja algumas delas: substituição de locuções por 
palavras; uso de sinônimos; mudança de discurso direto por indireto e vice-versa; converter a voz ativa 
para a passiva; emprego de antonomásias ou perífrases (Rui Barbosa = A águia de Haia; o povo lusitano 
= portugueses). 
 
Observe a mudança de posição de palavras ou de expressões nas frases. Exemplos: 
- Certos alunos no Brasil não convivem com a falta de professores. 
- Alunos certos no Brasil não convivem com a falta de professores. 
- Os alunos determinados pediram ajuda aos professores. 
- Determinados alunos pediram ajuda aos professores. 
 
Explicações: 
- Certos alunos = qualquer aluno. 
- Alunos certos = aluno correto. 
- Alunos determinados = alunos decididos. 
- Determinados alunos = qualquer aluno. 
 
Articulações Morfossintáticas 
 
Conforme afirma Inez Sautchuk, citada por Jorge Viana de Moraes1, não se pode separar o 
conhecimento morfológico do sintático. Pois, segundo este entendimento, “o primeiro propicia muito mais 
segurança na determinação das funções sintáticas dos termos da oração: a base ou a natureza 
morfológica de um sintagma (constituinte imediato das orações) determina ou autoriza sua função 
sintática”. Ademais, existe um princípio linguístico universal que afirma: “nada na língua funciona sozinho”. 
 
Por isso, é de fundamental importância reconhecermos a natureza morfológica das palavras, para 
entendermos quais funções sintáticas elas poderão assumir numa frase. Ilustrando tais afirmações, 
observemos o seguinte enunciado e nele verificaremos se há adjetivos, indicando-os: 
 
A lua brilhava intensamente naquela noite fria de inverno. 
 
Se quiséssemos descobrir quantos adjetivos encontram-se neste enunciado, deveríamos proceder 
morfossintaticamente da seguinte maneira: 
 
1º) Na língua portuguesa, as palavras pertencentes à classe do adjetivo são variáveis em gênero e/ ou 
número; 
 
2º) Deixam-se articular (ou modificar) por outras que sejam advérbios; 
 
3º) Apenas as palavras que são adjetivos aceitam o sufixo “-mente”, dando origem, dessa forma, a um 
advérbio nominal. 
 
1 Fonte: http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/analise-morfossintatica---adjetivo-natureza-morfologica-e-sintatica.htm 
 
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Embora pareça um sistema complexo, vejamos na prática seu funcionamento. 
 
Pelo critério mórfico, somente a palavra “fria”, do enunciado acima, aceitaria o sufixo “-mente”, 
formando um advérbio nominal. Além, é claro, do já expresso advérbio nominal “intensamente”. Se 
atentarmos para formação desse advérbio, veremos que, primitivamente,
ele é um adjetivo: intenso. Isso 
só reforça e ilustra, ainda mais, o terceiro item de nossa explicação, que afirma ser o adjetivo a única 
palavra que aceita o sufixo “-mente”, formando, assim, um advérbio nominal. 
 
Da mesma forma, apenas as palavras “fria” e “intensamente” deixam-se articular (ou modificar) por 
outras que sejam advérbios intensificadores, como, por exemplo, “tão”, “muito” e “bem”, dependendo do 
contexto. 
 
Alguns poderão se perguntar: mas se tanto o advérbio quanto o adjetivo deixam-se articular por “tão”, 
“muito” ou “bem”, como poderei estabelecer um critério rigoroso para encontrar acertadamente o adjetivo, 
sem confundi-lo com o advérbio? Simples. Acionamos aqui o primeiro item de nossa explicação: as 
palavras pertencentes à classe do adjetivo são variáveis em gênero e número. Aplicando-o ao exemplo: 
 
A lua brilhava *intensamentes naquelas noites frias de inverno. 
 
Como podemos observar, jamais um falante de nossa língua falaria assim: “intensamentes”. Pela 
simples e única razão de ser o advérbio palavra invariável na língua portuguesa. Por isso a colocamos 
precedida por um asterisco, pois ela representa uma construção não autorizada pela gramática 
constitutiva, internalizada, da língua e, portanto, considerada “agramatical”. 
 
Ao passo que “frias” soa bem aos ouvidos dos falantes, pelo fato de ser uma construção normal, 
autorizada pela gramática constitutiva da língua portuguesa. Sendo assim, observa-se que “frias” é 
variável em gênero e/ ou número, justamente a característica fundamental que a diferencia do advérbio. 
Enfim, de acordo com todos estes critérios, somente a palavra “fria”, do enunciado que nos serve como 
exemplo, é um adjetivo. 
 
Recapitulando, teríamos então: será adjetivo toda palavra que é variável em gênero e/ ou número, e 
que se deixar anteceder por “tão”, “muito” ou “bem”, a depender do contexto. 
 
Semântica 
 
A semântica2 é o estudo do significado. Incide sobre a relação entre significantes, tais como palavras, 
frases, sinais e símbolos, e o que eles representam, a sua denotação. A semântica linguística estuda o 
significado usado por seres humanos para se expressar através da linguagem. Outras formas de 
semântica incluem a semântica nas linguagens de programação, lógica formal, e semiótica. 
Em sentido largo, pode-se entender semântica como um ramo dos estudos linguísticos que se ocupa 
dos significados produzidos pelas diversas formas de uma língua. Dentro dessa definição ampla, pertence 
ao domínio da semântica tanto a preocupação com determinar o significado dos elementos constituintes 
das palavras (prefixo, radical, sufixo) como o das palavras no seu todo e ainda o de frases inteiras. 
 
Linguagem 
 
É a capacidade que possuímos de expressar nossos pensamentos, ideias, opiniões e sentimentos. A 
Linguagem está relacionada a fenômenos comunicativos; onde há comunicação, há linguagem. Podemos 
usar inúmeros tipos de linguagens para estabelecermos atos de comunicação, tais como: sinais, 
símbolos, sons, gestos e regras com sinais convencionais (linguagem escrita e linguagem mímica, por 
exemplo). Num sentido mais genérico, a Linguagem pode ser classificada como qualquer sistema de 
sinais que se valem os indivíduos para comunicar-se. 
 
Tipos de Linguagem 
 
A linguagem pode ser: 
 
2 Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman6.php 
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Verbal: a Linguagem Verbal é aquela que faz uso das palavras para comunicar algo. 
 
Não Verbal: é aquela que utiliza outros métodos de comunicação, que não são as palavras. Dentre 
elas estão a linguagem de sinais, as placas e sinais de trânsito, a linguagem corporal, uma figura, a 
expressão facial, um gesto, etc. 
 
Língua 
 
A Língua é um instrumento de comunicação, sendo composta por regras gramaticais que possibilitam 
que determinado grupo de falantes consiga produzir enunciados que lhes permitam comunicar-se e 
compreender-se. Por exemplo: 
 
Falantes da língua portuguesa. 
 
A língua possui um caráter social: pertence a todo um conjunto de pessoas, as quais podem agir sobre 
ela. Cada membro da comunidade pode optar por esta ou aquela forma de expressão. Por outro lado, 
não é possível criar uma língua particular e exigir que outros falantes a compreendam. Dessa forma, cada 
indivíduo pode usar de maneira particular a língua comunitária, originando a fala. A fala está sempre 
condicionada pelas regras socialmente estabelecidas da língua, mas é suficientemente ampla para 
permitir um exercício criativo da comunicação. Um indivíduo pode pronunciar um enunciado da seguinte 
maneira: 
 
A família de Regina era paupérrima. 
Outro, no entanto, pode optar por: 
A família de Regina era muito pobre. 
 
As diferenças e semelhanças constatadas devem-se às diversas manifestações da fala de cada um. 
Note, além disso, que essas manifestações devem obedecer às regras gerais da língua portuguesa, para 
não correrem o risco de produzir enunciados incompreensíveis como: 
 
Família a paupérrima de era Regina. 
 
Língua Falada e Língua Escrita 
Não devemos confundir língua com escrita, pois são dois meios de comunicação distintos. A escrita 
representa um estágio posterior de uma língua. A língua falada é mais espontânea, abrange a 
comunicação linguística em toda sua totalidade. Além disso, é acompanhada pelo tom de voz, algumas 
vezes por mímicas, incluindo-se fisionomias. A língua escrita não é apenas a representação da língua 
falada, mas sim um sistema mais disciplinado e rígido, uma vez que não conta com o jogo fisionômico, 
as mímicas e o tom de voz do falante. 
No Brasil, por exemplo, todos falam a língua portuguesa, mas existem usos diferentes da língua devido 
a diversos fatores. Dentre eles, destacam-se: 
 
Fatores regionais: é possível notar a diferença do português falado por um habitante da região 
nordeste e outro da região sudeste do Brasil. Dentro de uma mesma região, também há variações no uso 
da língua. No estado do Rio Grande do Sul, por exemplo, há diferenças entre a língua utilizada por um 
cidadão que vive na capital e aquela utilizada por um cidadão do interior do estado. 
 
Fatores culturais: o grau de escolarização e a formação cultural de um indivíduo também são fatores 
que colaboram para os diferentes usos da língua. Uma pessoa escolarizada utiliza a língua de uma 
maneira diferente da pessoa que não teve acesso à escola. 
 
Fatores contextuais: nosso modo de falar varia de acordo com a situação em que nos encontramos: 
quando conversamos com nossos amigos, não usamos os termos que usaríamos se estivéssemos 
discursando em uma solenidade de formatura. 
 
Fatores profissionais: o exercício de algumas atividades requer o domínio de certas formas de língua 
chamadas línguas técnicas. Abundantes em termos específicos, essas formas têm uso praticamente 
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restrito ao intercâmbio técnico de engenheiros, químicos, profissionais da área de direito e da informática, 
biólogos, médicos, linguistas e outros especialistas. 
 
Fatores naturais: o uso da língua pelos falantes sofre influência de fatores naturais, como idade e 
sexo. Uma criança não utiliza a língua da mesma maneira que um adulto, daí falar-se em linguagem 
infantil e linguagem adulta. 
 
Fala 
 
É a utilização oral da língua pelo indivíduo. É um ato individual, pois cada indivíduo, para a 
manifestação da fala, pode escolher os elementos da língua que lhe convém, conforme seu gosto e sua 
necessidade, de acordo com a situação, o contexto, sua personalidade, o ambiente sociocultural
em que 
vive, etc. Desse modo, dentro da unidade da língua, há uma grande diversificação nos mais 
variados níveis da fala. Cada indivíduo, além de conhecer o que fala, conhece também o que os outros 
falam; é por isso que somos capazes de dialogar com pessoas dos mais variados graus de cultura, 
embora nem sempre a linguagem delas seja exatamente como a nossa. 
 
Níveis da fala 
 
Devido ao caráter individual da fala, é possível observar alguns níveis: 
 
Nível coloquial-popular: é a fala que a maioria das pessoas utiliza no seu dia a dia, principalmente 
em situações informais. Esse nível da fala é mais espontâneo, ao utilizá-lo, não nos preocupamos em 
saber se falamos de acordo ou não com as regras formais estabelecidas pela língua. 
 
Nível formal-culto: é o nível da fala normalmente utilizado pelas pessoas em situações formais. 
Caracteriza-se por um cuidado maior com o vocabulário e pela obediência às regras gramaticais 
estabelecidas pela língua. 
 
Signo 
 
O signo linguístico é um elemento representativo que apresenta dois aspectos: o significado e 
o significante. Ao escutar a palavra cachorro, reconhecemos a sequência de sons que formam essa 
palavra. Esses sons se identificam com a lembrança deles que está em nossa memória. Essa lembrança 
constitui uma real imagem sonora, armazenada em nosso cérebro que é o significante do 
signo cachorro. Quando escutamos essa palavra, logo pensamos em um animal irracional de quatro 
patas, com pelos, olhos, orelhas, etc. Esse conceito que nos vem à mente é o significado do 
signo cachorro e também se encontra armazenado em nossa memória. 
Ao empregar os signos que formam a nossa língua, devemos obedecer às regras gramaticais 
convencionadas pela própria língua. Desse modo, por exemplo, é possível colocar o artigo 
indefinido um diante do signo cachorro, formando a sequência um cachorro, o mesmo não seria 
possível se quiséssemos colocar o artigo uma diante do signo cachorro. A sequência uma 
cachorro contraria uma regra de concordância da língua portuguesa, o que faz com que essa sentença 
seja rejeitada. Os signos que constituem a língua obedecem a padrões determinados de organização. O 
conhecimento de uma língua engloba tanto a identificação de seus signos, como também o uso adequado 
de suas regras combinatórias. 
 
signo = significado (é o conceito, a ideia transmitida pelo signo, a parte abstrata do signo) + 
significante (é a imagem sonora, a forma, a parte concreta do signo, suas letras e seus fonemas) 
 
Língua: conjunto de sinais baseado em palavras que obedecem às regras gramaticais. 
Signo: elemento representativo que possui duas partes indissolúveis: significado e significante. 
Fala: uso individual da língua, aberto à criatividade e ao desenvolvimento da liberdade de expressão 
e compreensão. 
 
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre 
 
Num texto, as personagens falam, conversam entre si, expõem ideias. Quando o narrador conta o que 
elas disseram, insere na narrativa uma fala que não é de sua autoria, cita o discurso alheio. Há três 
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maneiras principais de reproduzir a fala das personagens: o discurso direto, o discurso indireto e o 
discurso indireto livre. 
 
Discurso Direto 
 
“Longe do olhos...” 
 
- Meu pai! Disse João Aguiar com um tom de ressentimento que fez pasmar o comendador. 
- Que é? Perguntou este. 
João Aguiar não respondeu. O comendador arrugou a testa e interrogou o roto mudo do filho. Não leu, 
mais adivinhou alguma coisa desastrosa; desastrosa, entenda-se, para os cálculos conjunto-políticos ou 
políticos-conjugais, como melhor nome haja. 
- Dar-se-á caso que... começou a dizer comendador. 
- Que eu namore? Interrompeu galhofeiramente o filho. 
 
Machado de Assis. Contos. 26ª Ed. São Paulo, Ática, 2002, p. 43. 
 
O narrador introduz a fala das personagens, um pai e um filho, e, em seguida, como quem passa a 
palavra a elas e as deixa falar. Vemos que as partes introdutórias pertencem ao narrador (por exemplo, 
disse João Aguiar com um tom de ressentimento que faz pasmar o comendador) e as falas, às 
personagens, (por exemplo, Meu pai!). 
O discurso direto é o expediente de citação do discurso alheio pela qual o narrador introduz o discurso 
do outro e, depois, reproduz literalmente a fala dele. 
As marcas do discurso são: 
- A fala das personagens é, de princípio, anunciada por um verbo (disse e interrompeu no caso do filho 
e perguntou e começou a dizer no caso do pai) denominado “verbo de dizer” (como: recrutar, retorquir, 
afirmar, declarar e outros do mesmo tipo), que pode vir antes, no meio ou depois da fala das personagens 
(no nosso caso, veio depois); 
- A fala das personagens aparece nitidamente separada da fala do narrador, por aspas, dois pontos, 
travessão ou vírgula; 
- Os pronomes pessoais, os tempos verbais e as palavras que indicam espaço e tempo (por exemplo, 
pronomes demonstrativos e advérbios de lugar e de tempo) são usados em relação à pessoa da 
personagem, ao momento em que ela fala diz “eu”, o espaço em que ela se encontra é o aqui e o tempo 
em que fala é o agora. 
 
Discurso Indireto 
 
Observemos um fragmento do mesmo conto de Machado de Assis: 
 
“Um dia, Serafina recebeu uma carta de Tavares dizendo-lhe que não voltaria mais à casa de seu pai, 
por este lhe haver mostrado má cara nas últimas vezes que ele lá estivera.” 
Idem. Ibidem, p. 48. 
 
Nesse caso o narrador para citar que Tavares disse a Serafina, usa o outro procedimento: não reproduz 
literalmente as palavras de Tavares, mas comunica, com suas palavras, o que a personagem diz. A fala 
de Tavares não chega ao leitor diretamente, mas por via indireta, isto é, por meio das palavras do 
narrador. Por essa razão, esse expediente é chamado discurso indireto. 
As principais marcas do discurso indireto são: 
- As falas das personagens também vêm introduzidas por um verbo de dizer; 
- As falas das personagens constituem oração subordinada substantiva objetiva direta do verbo de 
dizer e, portanto, são separadas da fala do narrador por uma partícula introdutória normalmente “que” ou 
“se”; 
- Os pronomes pessoais, os tempos verbais e as palavras que indicam espaço e tempo (como 
pronomes demonstrativos e advérbios de lugar e de tempo) são usados em relação ao narrador, ao 
momento em que ele fala e ao espaço em que está. 
 
Passagem do Discurso Direto para o Discurso Indireto 
 
Pedro disse: 
- Eu estarei aqui amanhã. 
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No discurso direto, o personagem Pedro diz “eu”; o “aqui” é o lugar em que a personagem está; 
“amanhã” é o dia seguinte ao que ele fala. Se passarmos essa frase para o discurso indireto ficará assim: 
 
Pedro disse que estaria lá no dia seguinte. 
 
No discurso indireto, o “eu” passa a ele porque á alguém de quem o narrador fala; estaria é futuro do 
pretérito: é um tempo relacionado ao pretérito da fala do narrador (disse), e não ao presente da fala do 
personagem, como estarei; lá é o espaço em que a personagem (e não o narrador) havia de estar; no dia 
seguinte é o dia que vem após o momento da fala da personagem designada por ele. 
Na passagem do discurso direto para o indireto, deve-se observar as frases que no discurso direto tem 
as formas interrogativas, exclamativa ou imperativa convertem-se, no discurso indireto, em orações 
declarativas. 
 
Ela me perguntou: quem está ai? 
Ela me perguntou quem estava lá. 
 
As interjeições e os vocativos do discurso direto desaparecem no discurso indireto ou tem seu valor 
semântico explicitado, isto é, traduz-se o significado que elas expressam. 
 
O papagaio disse: Oh! Lá vem
a raposa. 
O papagaio disse admirado (explicitação do valor semântico da interjeição oh!) que ao longe vinha 
a raposa. 
 
Se o discurso citado (fala da personagem) comporta um “eu” ou um “tu” que não se encontram entre 
as pessoas do discurso citante (fala do narrador), eles são convertidos num “ele”, se o discurso citado 
contém um “aqui” não corresponde ao lugar em que foi proferido o discurso citante, ele é convertido num 
“lá”. 
 
Pedro disse lá em Paris: - Aqui eu me sinto bem. 
 
Eu (pessoa do discurso citado que não se encontra no discurso citante) converte-se em ele; aqui 
(espaço do discurso citado que é diferente do lugar em que foi proferido o discurso citante) transforma-
se em lá: 
 
- Pedro disse que lá ele se sentia bem. 
 
Se a pessoa do discurso citado, isto é, da fala da personagem (eu, tu, ele) tem um correspondente no 
discurso citante, ela ocupa o estatuto que tem nesse último. 
 
Maria declarou-me: - Eu te amo. 
 
O “te” do discurso citado corresponde ao “me” do citante. Por isso, “te” passa a “me”: 
 
- Maria declarou-me que me amava. 
 
No que se refere aos tempos, o mais comum é o que o verbo de dizer esteja no presente ou no pretérito 
perfeito. Quando o verbo de dizer estiver no presente e o da fala da personagem estiver no presente, 
pretérito ou futuro do presente, os tempos mantêm-se na passagem do discurso direto para o indireto. Se 
o verbo de dizer estiver no pretérito perfeito, as alterações que ocorrerão na fala da personagem são as 
seguintes: 
 
Discurso Direto – Discurso Indireto 
Presente – Pretérito Imperfeito 
Pretérito Perfeito – Pretérito mais-que-perfeito 
Futuro do Presente – Futuro do Pretérito 
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Joaquim disse: - Compro tudo isso. 
- Joaquim disse que comprava tudo isso. 
 
Joaquim disse: - Comprei tudo isso. 
- Joaquim disse que comprara tudo isso. 
 
Joaquim disse: - Comprarei tudo isso. 
- Joaquim disse que compraria tudo isso. 
 
Discurso Indireto Livre 
 
“(...) No dia seguinte Fabiano voltou à cidade, mas ao fechar o negócio notou que as operações de 
Sinhá Vitória, como de costume, diferiam das do patrão. Reclamou e obteve a explicação habitual: a 
diferença era proveniente de juros. 
Não se conformou: devia haver engano. Ele era bruto, sim senhor, via-se perfeitamente que era bruto, 
mas a mulher tinha miolo. Com certeza havia um erro no papel do branco. Não se descobriu o erro, e 
Fabiano perdeu os estribos. Passar a vida inteira assim no toco, entregando o que era dele de mão 
beijada! Estava direito aquilo? Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria!” 
 
Graciliano Ramos. Vidas secas. 
28ª Ed. São Paulo, Martins, 1971, p. 136. 
 
Nesse texto, duas vozes estão misturadas: a do narrador e a de Fabiano. Não há indicadores que 
delimitem muito bem onde começa a fala do narrador e onde se inicia a da personagem. Não se tem 
dúvida de que no período inicial está traduzida a fala do narrador. A bem verdade, até não se conformou 
(início do segundo parágrafo), é a voz do narrador que está comandando a narrativa. Na oração devia 
haver engano, já começa haver uma mistura de vozes: sob o ponto de vista das marcas gramaticais, não 
há nenhuma pista para se concluir, que a voz de Fabiano é que esteja sendo citada; sob o ponto de vista 
do significado, porém, pode-se pensar numa reclamação atribuída a ele. 
Tomemos agora esse trecho: “Ele era bruto, sim senhor, via-se perfeitamente que era bruto, mas a 
mulher tinha miolo. Com certeza havia um erro no papel do branco.” Pelo conteúdo de verdade é pelo 
modo de dizer, tudo nos induz a vislumbrar aí a voz de Fabiano ecoando por meio do discurso do narrador. 
É como se o narrador, sem abandonar as marcas linguísticas próprias de sua fala, estivesse incorporando 
as reclamações e suspeitas da personagem, a cuja linguagem pertencem expressões do tipo bruto, sim 
senhor e a mulher tinha miolo. Até a repetição de palavras e certa entonação presumivelmente 
exclamativa confirmam essa inferência. 
Para perceber melhor o que é o discurso indireto livre, confrontemos uma frase do texto com a 
correspondente em discurso direito e indireto: 
 
- Discurso Indireto Livre 
Estava direito aquilo? 
 
- Discurso Direto 
Fabiano perguntou: - Está direito isto? 
 
- Discurso Indireto 
Fabiano perguntou se aquilo estava direito 
 
Essa forma de citação do discurso alheio tem características próprias que são tanto do discurso direto 
quanto do indireto. As características do discurso indireto livre são: 
 
- Não há verbos de dizer anunciando as falas das personagens; 
- Estas não são introduzidas por partículas como “que” e “se” nem separadas por sinais de pontuação; 
- O discurso indireto livre contém, como o discurso direto, orações interrogativas, imperativas e 
exclamativas, bem como interjeições e outros elementos expressivos; 
- Os pronomes pessoais e demonstrativos, as palavras indicadoras de espaço e de tempo são usadas 
da mesma forma que no discurso indireto. Por isso, o verbo estar, do exemplo acima, ocorre no pretérito 
imperfeito, e não no presente (está), como no discurso direto. Da mesma forma o pronome demonstrativo 
ocorre na forma aquilo, como no discurso indireto. 
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Funções dos diferentes modos de citar o discurso do outro 
 
O discurso direto cria um efeito de sentido de verdade. Isso porque o leitor ou ouvinte tem a impressão 
de que quem cita preservou a integridade do discurso citado, ou seja, o que ele reproduziu é autêntico. É 
como se ouvisse a pessoa citada com suas próprias palavras e, portanto, com a mesma carga de 
subjetividade. 
Essa modalidade de citação permite, por exemplo, que se use variante linguística da personagem 
como forma de fornecer pistas para caracterizá-la. Sirva de exemplo o trecho que segue um diálogo entre 
personagens do meio rural, um farmacêutico e um agricultor, cuja fala é transcrita em discurso direto pelo 
narrador: 
 
Um velho brônzeo apontou, em farrapos, à janela aberta o azul. 
- Como vai, Elesbão? 
- Sua bênção... 
- Cheio de doenças? 
- Sim sinhô. 
- De dores, de dificuldades? 
- Sim sinhô. 
- De desgraças... 
O farmacêutico riu com um tímpano desmesurado. Você é o Brasil. Depois Indagou: 
- O que você eu Elesbão? 
- To precisando de uns dinheirinho e duns gênor. Meu arroizinho tá bão, tá encanando bem. Preciso 
de uns mantimento pra coiêta. O sinhô pode me arranjá com Nhô Salim. Depois eu vendo o arroiz pra ele 
mermo. 
- Você é sério, Elesbão? 
- Sô sim sinhô! 
- Quanto é que você deve pro Nhô Salim? 
- Um tiquinho. 
Oswaldo de Andrade. Marco Zero. 
2ª Ed. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1974, p. 7-8. 
 
Quanto ao discurso indireto, pode ser de dois tipos e cada um deles cria um efeito de sentido diverso. 
 
- Discurso Indireto que analisa o conteúdo: elimina os elementos emocionais ou afetivos presentes 
no discurso direto, assim como as interrogações, exclamações ou formas imperativas, por isso produz 
um efeito de sentido de objetividade analítica. Com efeito, nele o narrador revela somente o conteúdo do 
discurso da personagem, e não o modo como ela diz. Com isso estabelece uma distância entre sua 
posição e a da personagem, abrindo caminho para a réplica e o comentário. Esse tipo de discurso indireto 
despersonaliza discurso citado em nome de uma objetividade analítica. Cria, assim, a impressão de que 
o narrador analisa o discurso citado de maneira racional e isenta de envolvimento emocional. O discurso 
indireto, nesse caso, não se interessa pela individualidade do falante no modo como ele diz as coisas. 
Por isso é a
forma preferida nos textos de natureza filosófica, científica, política, etc., quando se expõe 
as opiniões dos outros com finalidade de criticá-las, rejeitá-las ou acolhê-las. 
- Discurso Indireto que analisa a expressão: serve para destacar mais o modo de dizer do que o 
que se diz; por exemplo, as palavras típicas do vocabulário da personagem citada, a sua maneira de 
pronunciá-las, etc. Nesse caso, as palavras ou expressões ressaltadas aparecem entre aspas. Veja-se 
este exemplo. De Eça de Queirós: 
 
...descobrira de repente, uma manhã, eu não devia trair Amaro, “porque era papá do seu Carlinhos”. 
E disse-o ao abade; fez corar os sessenta e quatro anos do bom velho (...). 
O crime do Padre Amaro. 
Porto, Lello e Irmão, s.d., vol. I, p. 314. 
 
Imagine-se ainda que uma pessoa, querendo denunciar a forma deselegante com que fora atendida 
por um representante de uma empresa, tenha dito o seguinte: 
 
A certa altura, ele me respondeu que, se eu não estivesse satisfeito, que fosse reclamar “para o bispo” 
e que ele já não estava “nem aí” com “tipinhos” como eu. 
 
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Em ambos os casos, as aspas são utilizadas para dar destaque a certas formas de dizer típicas das 
personagens citadas e para mostrar o modo como o narrador as interpreta. No exemplo de Eça de 
Queirós, “porque era o papá de seu Carlinhos” contem uma expressão da personagem Amélia e mostra 
certa dose de ironia e malícia do narrador. No segundo exemplo, as aspas destacam a insatisfação do 
narrador com a deselegância e o desprezo do funcionário para com os clientes. 
O discurso indireto livre fica a meio caminho da subjetividade e da objetividade. Tem muitas funções. 
Por exemplo, dá verossimilhança a um texto que pretende manifestar pensamentos, desejos, enfim, a 
vida interior de uma personagem. 
Em síntese, demonstra um envolvimento tal do narrador com a personagem, que as vozes de ambos 
se misturam como se eles fossem um só ou, falando de outro modo, como se o narrador tivesse vestido 
completamente a máscara da personagem, aproximando-a do leitor sem a marca da sua intermediação. 
Veja-se como, neste trecho: “O tímido José”, de Antônio de Alcântara Machado, o narrador, valendo-
se do discurso indireto livre, leva o leitor a partilhar do constrangimento da personagem, simulando estar 
contaminado por ele: 
 
(...) Mais depressa não podia andar. Garoar, garoava sempre. Mas ali o nevoeiro já não era tanto 
felizmente. Decidiu. Iria indo no caminho da Lapa. Se encontrasse a mulher bem. Se não encontrasse 
paciência. Não iria procurar. Iria é para casa. Afinal de contas era mesmo um trouxa. Quando podia não 
quis. Agora que era difícil queria. 
Laranja-da-china. In: Novelas Paulistanas. 
1ª Ed. Belo Horizonte, Itatiaia/ São Paulo, Edusp, 1998, p. 184. 
 
 
Questões 
 
01. (SEDU/ES – Professor – Língua Portuguesa – FCC/2016) 
 
As enchentes de minha infância 
 Rubem Braga 
 
Sim, nossa casa era muito bonita, verde, com uma tamareira junto à varanda, mas eu invejava os que 
moravam do outro lado da rua, onde as casas dão fundos para o rio. Como a casa dos Martins, como a 
casa dos Leão, que depois foi dos Medeiros, depois de nossa tia, casa com varanda fresquinha dando 
para o rio. 
Quando começavam as chuvas a gente ia toda manhã lá no quintal deles ver até onde chegara a 
enchente. As águas barrentas subiam primeiro até a altura da cerca dos fundos, depois às bananeiras, 
vinham subindo o quintal, entravam pelo porão. Mais de uma vez, no meio da noite, o volume do rio 
cresceu tanto que a família defronte teve medo. 
Então vinham todos dormir em nossa casa. Isso para nós era uma festa, aquela faina de arrumar 
camas nas salas, aquela intimidade improvisada e alegre. Parecia que as pessoas ficavam todas 
contentes, riam muito; como se fazia café e se tomava café tarde da noite! E às vezes o rio atravessava 
a rua, entrava pelo nosso porão, e me lembro que nós, os meninos, torcíamos para ele subir mais e mais. 
Sim, éramos a favor da enchente, ficávamos tristes de manhãzinha quando, mal saltando da cama, íamos 
correndo para ver que o rio baixara um palmo – aquilo era uma traição, uma fraqueza do Itapemirim. Às 
vezes chegava alguém a cavalo, dizia que lá, para cima do Castelo, tinha caído chuva muita, anunciava 
águas nas cabeceiras, então dormíamos sonhando que a enchente ia outra vez crescer, queríamos 
sempre que aquela fosse a maior de todas as enchentes. 
 
(BRAGA, Rubem. As enchentes de minha infância. In: Ai de ti, Copacabana. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1962, 
p. 157) 
 
Há a presença do discurso indireto em: 
a) Eu invejava os que moravam do outro lado da rua, onde as casas dão fundos para o rio. 
b) Quando começavam as chuvas a gente ia toda manhã lá no quintal deles ver até onde chegara a 
enchente. 
c) Então vinham todos dormir em nossa casa. 
d) Parecia que as pessoas ficavam todas contentes, riam muito; como se fazia café e se tomava café 
tarde da noite! 
e) Às vezes chegava alguém a cavalo, dizia que lá, para cima do Castelo, tinha caído chuva muita. 
 
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02. (MGS – Advogado – IBFC/2016) 
 
Uma Vela para Dario 
 
(Dalton Trevisan) 
 
Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o 
passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na calçada, 
ainda úmida de chuva, e descansou na pedra o cachimbo. 
Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os 
lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer de ataque. 
Ele reclina-se mais um pouco, estendido agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado. O rapaz de 
bigode pediu aos outros que se afastassem e o deixassem respirar. Abre-lhe o paletó, o colarinho, a 
gravata e a cinta. Quando lhe tiram os sapatos, Dario rouqueja feio, bolhas de espuma surgiram no canto 
da boca. 
Cada pessoa que chega ergue-se na ponta dos pés, não o pode ver. Os moradores da rua conversam 
de uma porta à outra, as crianças de pijama acodem à janela. O senhor gordo repete que Dario sentou-
se na calçada, soprando a fumaça do cachimbo, encostava o guarda-chuva na parede. Mas não se vê 
guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado. 
A velhinha de cabeça grisalha grita que ele está morrendo. Um grupo o arrasta para o táxi da esquina. 
Já no carro a metade do corpo, protesta o motorista: quem pagaria a corrida? Concordam chamar a 
ambulância. Dario conduzido de volta e recostado à parede - não tem os sapatos nem o alfinete de pérola 
na gravata. 
Alguém informa da farmácia na outra rua. Não carregam Dario além da esquina; a farmácia é no fim 
do quarteirão e, além do mais, muito peso. É largado na porta de uma peixaria. Enxame de moscas lhe 
cobre o rosto, sem que faça um gesto para espantá-las. 
Ocupado o café próximo pelas pessoas que apreciam o incidente e, agora, comendo e bebendo, 
gozam as delícias da noite. Dario em sossego e torto no degrau da peixaria, sem o relógio de pulso. 
Um terceiro sugere lhe examinem os papéis, retirados - com vários objetos - de seus bolsos e alinhados 
sobre a camisa branca. Ficam sabendo do nome, idade; sinal de nascença. O endereço na carteira é de 
outra cidade. 
Registra-se correria de uns duzentos curiosos que, a essa hora, ocupam toda a rua e as calçadas: era 
a polícia. O carro negro investe a multidão. Várias pessoas tropeçam no corpo de Dario, pisoteado 
dezessete vezes. 
O guarda aproxima-se do cadáver, não pode identificá-lo — os bolsos
vazios. Resta na mão esquerda 
a aliança de ouro, que ele próprio quando vivo - só destacava molhando no sabonete. A polícia decide 
chamar o rabecão. 
A última boca repete — Ele morreu, ele morreu. A gente começa a se dispersar. Dario levou duas 
horas para morrer, ninguém acreditava estivesse no fim. Agora, aos que alcançam vê-lo, todo o ar de um 
defunto. 
Um senhor piedoso dobra o paletó de Dario para lhe apoiar a cabeça. Cruza as mãos no peito. Não 
consegue fechar olho nem boca, onde a espuma sumiu. Apenas um homem morto e a multidão se 
espalha, as mesas do café ficam vazias. Na janela alguns moradores com almofadas para descansar os 
cotovelos. 
Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acende ao lado do cadáver. Parece morto há 
muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva. 
Fecham-se uma a uma as janelas. Três horas depois, lá está Dario à espera do rabecão. A cabeça 
agora na pedra, sem o paletó. E o dedo sem a aliança. O toco de vela apaga-se às primeiras gotas da 
chuva, que volta a cair. 
 
No 11° parágrafo, tem -se “A última boca repete — Ele morreu, ele morreu”. Nessa passagem, pode-
se perceber um exemplo de discurso: 
 
a) indireto 
b) direto 
c) indireto livre 
d) não-verbal 
 
 
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03. (Pref. de Natal/RN – Psicólogo – IDECAN/2016) 
 
Conheça Aris, que se divide entre socorrer e fotografar náufragos 
 
Profissional da AFP diz que a experiência de documentar o sofrimento dos refugiados deixou-o mais 
rígido com as próprias filhas. 
 
O grego Aris Messinis é fotógrafo da agência AFP em Atenas. Cobriu guerras e os protestos da 
Primavera Árabe. Nos últimos meses, tem se dedicado a registrar a onda de refugiados na Europa. Ele 
conta em um blog da AFP, ilustrado com muitas fotos, como tem sido o trabalho na ilha de Lesbos, na 
Grécia, onde milhares de refugiados pisam pela primeira vez em território europeu. Mais de 700.000 
refugiados e imigrantes clandestinos já desembarcaram no litoral grego este ano. As autoridades locais 
estão sendo acusadas de não dar apoio suficiente aos que chegam pelo mar, e há até a ameaça de 
suspender o país do Acordo Schengen, que permite a livre circulação de pessoas entre os Estados-
membros. 
Messinis diz que o mais chocante do seu trabalho é retratar, em território pacífico, pessoas que trazem 
no rosto o sofrimento da guerra. “Só de saber que você não está em uma zona de guerra torna isso ainda 
mais emocional. E muito mais doloroso”, diz Messinis.Numa guerra, o fotógrafo também corre perigo, 
então, de certa forma, está em pé de igualdade com as pessoas que protagonizam as cenas que ele 
documenta. Em Lesbos, não é assim. Ele está em absoluta segurança. As pessoas que chegam estão 
lutando por suas vidas. Não são poucas as que morrem de hipotermia mesmo depois de pisar em terra 
firme, por falta de atendimento médico. 
Exatamente por causa dessa assimetria entre o fotojornalista e os protagonistas de suas fotos, muitas 
vezes Messinis deixa a câmera de lado e põe-se a ajudá-los. Ele se impressiona e se preocupa muito 
com os bebês que chegam nos botes. Obviamente, são os mais vulneráveis aos perigos da travessia. 
Messinis fotografou os cadáveres de alguns deles nas pedras à beira-mar. 
O fotógrafo grego diz que a experiência de ver o sofrimento das crianças refugiadas deixou-o mais 
rígido com as próprias filhas. As maiores têm 9 e sete anos. A menor, 7 meses. Quando vê o que acontece 
com as crianças que chegam nos botes, Messinis pensa em como suas filhas têm sorte de estarem vivas, 
de terem onde morar e de viverem num país em paz. Elas não têm do que reclamar. 
 
(Por: Diogo Schelp 04/12/2015. Disponível em: http://veja.abril.com.br/blog/a-boa-e-velha-reportagem/conheca-aris-que-se-
divide-entresocorrer-e-fotografar-naufragos/.) 
 
Dentre os recursos utilizados pelo autor, é correto afirmar acerca do trecho “Só de saber que você não 
está em uma zona de guerra torna isso ainda mais emocional. E muito mais doloroso” [...] (2º§), em 
discurso direto, que sua principal função é 
a) conferir credibilidade ao texto e ampliar a informação apresentada. 
b) apresentar diferentes pontos de vista, além de um conhecimento maior do assunto. 
c) destacar uma informação e caracterizá-la com um alto nível de relevância para o leitor. 
d) despertar o interesse do leitor pelo assunto tratado, apresentando o fato objetivamente. 
 
04. Sobre o discurso indireto é correto afirmar, EXCETO: 
(A) No discurso indireto, o narrador utiliza suas próprias palavras para reproduzir a fala de um 
personagem. 
(B) O narrador é o porta-voz das falas e dos pensamentos das personagens. 
(C) Normalmente é escrito na terceira pessoa. As falas são iniciadas com o sujeito, mais o verbo de 
elocução seguido da fala da personagem. 
(D) No discurso indireto as personagens são conhecidas através de seu próprio discurso, ou seja, 
através de suas próprias palavras. 
 
05. Assinale a alternativa que melhor complete o seguinte trecho: 
No plano expressivo, a força da ____________ em _____________ provém essencialmente de sua 
capacidade de _____________ o episódio, fazendo ______________ da situação a personagem, 
tornando-a viva para o ouvinte, à maneira de uma cena de teatro __________ o narrador desempenha a 
mera função de indicador de falas. 
(A) narração - discurso indireto - enfatizar - ressurgir – onde; 
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(B) narração - discurso onisciente - vivificar - demonstrar-se – donde; 
(C) narração - discurso direto - atualizar - emergir - em que; 
(D) narração - discurso indireto livre - humanizar - imergir - na qual; 
(E) dissertação - discurso direto e indireto - dinamizar - protagonizar - em que. 
 
06. Faça a associação entre os tipos de discurso e assinale a sequência correta. 
1- Reprodução fiel da fala da personagem, é demarcado pelo uso de travessão, aspas ou dois pontos. 
Nesse tipo de discurso, as falas vêm acompanhadas por um verbo de elocução, responsável por indicar 
a fala da personagem. 
2 - Ocorre quando o narrador utiliza as próprias palavras para reproduzir a fala de um personagem. 
3- Tipo de discurso misto no qual são associadas as características de dois discursos para a produção 
de outro. Nele a fala da personagem é inserida de maneira discreta no discurso do narrador. 
 
( ) discurso indireto 
( ) discurso indireto livre 
( ) discurso direto 
 
(A) 3, 2 e 1. 
(B) 2, 3 e 1. 
(C) 1, 2 e 3. 
(D) 3, 1 e 2. 
 
07. "Impossível dar cabo daquela praga. Estirou os olhos pela campina, achou-se isolado. Sozinho 
num mundo coberto de penas, de aves que iam comê-lo. Pensou na mulher e suspirou. Coitada de Sinhá 
Vitória, novamente nos descampados, transportando o baú de folha." 
 
O narrador desse texto mistura-se de tal forma à personagem que dá a impressão de que não há 
diferença entre eles. A personagem fala misturada à narração. Esse discurso é chamado: 
 (A) discurso indireto livre 
(B) discurso direto 
(C) discurso indireto 
(D) discurso implícito 
(E) discurso explícito 
 
Respostas 
 
01. Resposta E 
Discurso direto - primeira pessoa - eu, me, mim, comigo, nós, nos, conosco, meu, minha, nosso, nossa. 
Discurso indireto - terceira pessoa - ele, se, si, consigo, o, a, lhe, seu, sua. 
Às vezes chegava alguém a cavalo, dizia (ELE) que lá, para cima do Castelo, tinha caído chuva muita. 
 
02. Resposta B 
São características marcantes no discurso direto o verbo elocutivo que antecipa a fala da 
personagem, pontuações como dois-pontos, aspas ou travessão
marcando a própria fala. 
 
03. Resposta A 
 
04. Resposta D 
Apenas no discurso direto as personagens ganham voz. Para construirmos um discurso direto, 
devemos utilizar o travessão e os chamados verbos de elocução, ou seja, verbos que indicam o que as 
personagens falaram. 
Exemplo de verbo de elocução: 
– Muita fome! – Lucas respondeu, passando sua mão pela barriga. 
No exemplo acima, o verbo “respondeu” é o verbo de elocução. 
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05. Resposta C 
 
06. Resposta B 
 
07. Resposta A 
O discurso indireto livre é um tipo de discurso misto, em que se associam as características do discurso 
direto e do indireto. 
 
Argumentação 
 
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma informação a alguém. Quem comunica pretende 
criar uma imagem positiva de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, ou inteligente, ou culto), 
quer ser aceito, deseja que o que diz seja admitido como verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de 
convencer, ou seja, tem o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e faça o que ele propõe. 
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo texto contém um componente 
argumentativo. A argumentação é o conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir 
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo tipo de texto e visa a promover 
adesão às teses e aos pontos de vista defendidos. 
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas uma prova de verdade ou uma razão 
indiscutível para comprovar a veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse acima, 
é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocutor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar 
como verdadeiro o que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio da retórica, arte de 
persuadir as pessoas mediante o uso de recursos de linguagem. 
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom voltar ao que diz Aristóteles, filósofo 
grego do século lV a.C., numa obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de 
escolher entre duas ou mais coisas”. 
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma desvantajosa, como a saúde e a doença, 
não precisamos argumentar. Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas coisas 
igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, precisamos argumentar sobre qual das duas é 
mais desejável. O argumento pode então ser definido como qualquer recurso que torna uma coisa mais 
desejável que outra. Isso significa que ele atua no domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o 
interlocutor crer que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais possível que a outra, mais 
desejável que a outra, é preferível à outra. 
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de um fato, mas levar o ouvinte a admitir 
como verdadeiro o que o enunciador está propondo. 
Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação. O primeiro opera no domínio do 
necessário, ou seja, pretende demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das premissas 
propostas, que se deduz obrigatoriamente dos postulados admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões 
não dependem de crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadeamento de premissas 
e conclusões. 
 
Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento: 
 
A é igual a B. 
A é igual a C. 
Então: C é igual a B. 
 
Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente, que C é igual a B. 
 
Outro exemplo: 
 
Todo ruminante é um mamífero. 
A vaca é um ruminante. 
Logo, a vaca é um mamífero. 
 
Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão também será verdadeira. 
No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele, a conclusão não é necessária, não é 
obrigatória. Por isso, deve-se mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais plausível. Se 
o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-se mais confiável do que os concorrentes porque existe 
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desde a chegada da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-nos que um banco com quase 
dois séculos de existência é sólido e, por isso, confiável. Embora não haja relação necessária entre a 
solidez de uma instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso argumentativo na afirmação da 
confiabilidade de um banco. Portanto é provável que se creia que um banco mais antigo seja mais 
confiável do que outro fundado há dois ou três anos. 
Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase impossível, tantas são as formas de que 
nos valemos para fazer as pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante entender bem 
como eles funcionam. 
Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso acrescentar mais uma: o convencimento 
do interlocutor, o auditório, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fácil quanto mais os 
argumentos estiverem de acordo com suas crenças, suas expectativas, seus valores. Não se pode 
convencer um auditório pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas que ele abomina. Será mais 
fácil convencê-lo valorizando coisas que ele considera positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem 
com frequência associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos Estados Unidos, essa associação 
certamente não surtiria efeito, porque lá o futebol não é valorizado da mesma forma que no Brasil. O 
poder persuasivo de um argumento está vinculado ao que é valorizado ou desvalorizado numa dada 
cultura. 
 
Tipos de Argumento 
 
Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a fazer o interlocutor dar preferência à tese 
do enunciador é um argumento. Exemplo: 
 
Argumento de Autoridade 
 
É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas pelo auditório como autoridades em 
certo domínio do saber, para servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse recurso produz 
dois efeitos distintos: revela o conhecimento do produtor do texto a respeito do assunto de que está 
tratando; dá ao texto a garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do texto um amontoado 
de citações. A citação precisa ser pertinente e verdadeira. Exemplo: 
 
“A imaginação é mais importante do que o conhecimento.” 
 
Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para ele, uma coisa vem antes da outra: sem 
imaginação, não há conhecimento. Nunca o inverso. 
 
Alex José Periscinoto. 
In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2 
 
A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais importante do que o conhecimento. Para levar 
o auditório a aderir a ela, o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. Se um físico de 
renome mundial disse isso, então as pessoas devem acreditar que é verdade. 
 
Argumento de Quantidade 
 
É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior número de pessoas, o que existe em maior 
número, o que tem maior duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento desse tipo de 
argumento é que mais = melhor. A publicidade faz largo uso do argumento de quantidade. 
 
Argumento do Consenso 
 
É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se em afirmações que, numa determinada 
época, são aceitas como verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que o objetivo do 
texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia de que o consenso, mesmo que equivocado, 
corresponde ao indiscutível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que não desfruta dele. Em 
nossa época, são consensuais, por exemplo, as afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido 
e de que
as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. Ao confiar no consenso, porém, 
corre-se o risco de passar dos argumentos válidos para os lugares-comuns, os preconceitos e as frases 
carentes de qualquer base científica. 
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Argumento de Existência 
 
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar aquilo que comprovadamente existe 
do que aquilo que é apenas provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o argumento 
de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na mão do que dois voando”. 
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais (fotos, estatísticas, depoimentos, gra-
vações, etc.) ou provas concretas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. Durante a invasão 
do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o exército americano era muito mais poderoso do que o 
iraquiano. Essa afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia ser vista como propa-
gandística. No entanto, quando documentada pela comparação do número de canhões, de carros de 
combate, de navios, etc., ganhava credibilidade. 
 
Argumento quase lógico 
 
É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa e efeito, analogia, implicação, iden-
tidade, etc. Esses raciocínios são chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios lógicos, 
eles não pretendem estabelecer relações necessárias entre os elementos, mas sim instituir relações 
prováveis, possíveis, plausíveis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a C”, “então A é 
igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade lógica. Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo 
meu é meu amigo” não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade provável. 
Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente aceito do que um texto incoerente. Vários 
são os defeitos que concorrem para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir do tema proposto, 
cair em contradição, tirar conclusões que não se fundamentam nos dados apresentados, ilustrar -
afirmações gerais com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações indevidas. 
 
Argumento do Atributo 
 
É aquele que considera melhor o que tem proriedades típicas daquilo que é mais valorizado 
socialmente, por exemplo, o mais raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o que 
é mais grosseiro, etc. 
Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, celebridades recomendando prédios 
residenciais, produtos de beleza, alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o consumidor tende 
a associar o produto anunciado com atributos da celebridade. 
Uma variante do argumento de atributo é o argumento da competência linguística. A utilização da 
variante culta e formal da língua que o produtor do texto conhece a norma linguística socialmente mais 
valorizada e, por conseguinte, deve produzir um texto em que se pode confiar. Nesse sentido é que se 
diz que o modo de dizer dá confiabilidade ao que se diz. 
Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saúde de uma personalidade pública. Ele 
poderia fazê-lo das duas maneiras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais adequada 
para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria certa estranheza e não criaria uma imagem de 
competência do médico: 
 
- Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em conta o caráter invasivo de alguns 
exames, a equipe médica houve por bem determinar o internamento do governador pelo período de três 
dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001. 
- Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque alguns deles são barras-pesadas, a gente 
botou o governador no hospital por três dias. 
 
Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumentativa, porque ninguém fala para não ser 
levado a sério, para ser ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunicação deseja-se 
influenciar alguém. Por mais neutro que pretenda ser, um texto tem sempre uma orientação 
argumentativa. 
A orientação argumentativa é certa direção que o falante traça para seu texto. Por exemplo, um 
jornalista, ao falar de um homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo ou, ao 
contrário, de mostrar sua grandeza. 
O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto dando destaque a uns fatos e não a outros, 
omitindo certos episódios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e não outra. Veja: 
 
“O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras trocavam abraços afetuosos.” 
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. 21 
O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras e sogras não se toleram. Não fosse 
assim, não teria escolhido esse fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até, que 
serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada. 
Além dos defeitos de argumentação mencionados quando tratamos de alguns tipos de argumentação, 
vamos citar outros: 
- Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão amplo, que serve de argumento para um 
ponto de vista e seu contrário. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, pode ser usada 
pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras podem ter valor positivo (paz, justiça, honestidade, 
democracia) ou vir carregadas de valor negativo (autoritarismo, degradação do meio ambiente, injustiça, 
corrupção). 
- Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas por um único contra-exemplo. Quando se 
diz “Todos os políticos são ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir o 
argumento. 
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do contexto adequado, sem o significado 
apropriado, vulgarizando-as e atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por 
exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite que outras crescam”, em que o termo 
imperialismo é descabido, uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir outros à 
sua dependência política e econômica”. 
 
A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situação concreta do texto, que leva em conta 
os componentes envolvidos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação, o assunto, 
etc). 
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com manifestações de sinceridade do autor 
(como eu, que não costumo mentir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas feitas (como 
estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é evidente, afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de 
prometer, em seu texto, sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador deve construir um 
texto que revele isso. Em outros termos, essas qualidades não se prometem, manifestam-se na ação. 
A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer verdadeiro aquilo que se diz num texto 
e, com isso, levar a pessoa a que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz. 
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um ponto de vista, acompanhado de certa 
fundamentação, que inclui a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. Argumentar é 
o processo pelo qual se estabelecem relações para chegar à conclusão, com base em premissas. 
Persuadir é um processo de convencimento, por meio da argumentação, no qual se procura convencer 
os outros, de modo a influenciar seu pensamento e seu comportamento. 
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão válida, expõem-se com clareza os 
fundamentos de uma ideia ou proposição, e o interlocutor pode questionar cada passo do raciocínio 
empregado na argumentação. A persuasão não válida apoia-se em argumentos subjetivos, apelos

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