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Prévia do material em texto

LÍNGUA PORTUGUESA
PROF. PABLO JAMILK 
QUESTÕES 
COMENTADAS E
 GABARITADAS
2
LÍNGUA PORTUGUESA
SUMÁRIO
MORFOLOGIA........................................................................................................03
VOZES VERBAIS.....................................................................................................28
SINTAXE..................................................................................................................36
COLOCAÇÃO PRONOMINAL E EMPREGO DO PRONOME..............................67
ACENTUAÇÃO GRÁFICA.......................................................................................88
CONCORDÂNCIA....................................................................................................91
EMPREGO DO SINAL INDICATIVO E CRASE......................................................99
PONTUAÇÃO..........................................................................................................116
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO...............................................................................126
REDAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIAS OFICIAIS................................................139
@pablojamilk
YouTube.com/pablojamilkoficial
@pjamilk 
www.pablojamilk.com.br
Facebook.com/pablojamilkoficial
3
LÍNGUA PORTUGUESA
EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS
ARTIGO 
Um embate entre instituições de ensino 
superior, editoras e autores é travado há anos. 
Com o argumento de que livros são caros e 
muitas vezes apenas um capítulo é necessário 
para o curso, alunos e professores lançam 
mão de cópias de partes de publicações 
ou de apostilas para economizar. O debate 
voltou à tona após policiais da Delegacia 
Antipirataria apreenderem, no mês passado, 
mais de duzentas pastas com textos para 
serem reproduzidos em uma universidade 
do Rio de Janeiro, sob a alegação de crime 
de direitos autorais. O operador da máquina 
foi detido, e a universidade, indignada, criou 
normas para regulamentar as cópias dentro 
de seus estabelecimentos. Uma alternativa 
legal, porém, existe há quatro anos, mas só 
agora começa a ser efetivada em algumas 
universidades: a venda de capítulos avulsos.
Luciani Gomes. In: IstoÉ, 6/10/2010 (com 
adaptações)
01. (CESPE – Adaptada)##A inserção do 
artigo definido plural os imediatamente 
antes da palavra “policiais” (l.6) não alteraria 
o sentido original do período.
Resposta: Errado.
Comentário: como não havia artigo no 
texto original, o substantivo “policiais” 
foi empregado de maneira genérica. Caso 
houvesse a inserção do artigo definido plural, 
o entendimento seria de que o substantivo 
passaria à determinação, ou seja, haveria 
um substantivo saliente (já mencionado) 
no texto que passa a ser retomado pelo 
referente. A presença do artigo altera o 
sentido original do período, que era de 
generalização do substantivo.
MORFOLOGIA
Na verdade, o que hoje definimos como 
democracia só foi possível em sociedades de 
tipo capitalista, mas não necessariamente de 
mercado. De modo geral, a democratização 
das sociedades impõe limites ao mercado, 
assim como desigualdades sociais em geral 
não contribuem para a fixação de uma 
tradição democrática. Penso que temos de 
refletir um pouco a respeito do que significa 
democracia. Para mim, não se trata de um 
regime com características fixas, mas de um 
processo que, apesar de constituir formas 
institucionais, não se esgota nelas. É tempo 
de voltar ao filósofo Espinosa e imaginar a 
democracia como uma potencialidade do 
social, que, se de um lado exige a criação 
de formas e de configurações legais e 
institucionais, por outro não permite parar. A 
democratização no século XX não se limitou 
à extensão de direitos políticos e civis. O 
tema da igualdade atravessou, com maior 
ou menor força, as chamadas sociedades 
ocidentais.
Renato Lessa. Democracia em debate. In: 
Revista Cult, n.º 137, ano 12, jul./2009, p. 57 
(com adaptações).
02. (CESPE - Adaptada)##Preservam-se a 
correção gramatical e a coerência textual ao 
se optar pela determinação do substantivo 
“respeito” (l.6), juntando-se o artigo definido 
à preposição “a”, escrevendo-se ao respeito.
Resposta: Errado. 
Comentário: a expressão “a respeito de” 
é uma locução prepositiva, formada por 
uma preposição, um substantivo e uma 
preposição. Ao inserir um artigo antes do 
substantivo “respeito”, descaracteriza-se 
a locução prepositiva, o que causa erro na 
construção do parágrafo. 
-------------------------- ------------------------
 Costumamos olhar pouco para fora 
do Brasil quando tentamos compreender 
o que estamos vivendo. Faz muito que a 
4
LÍNGUA PORTUGUESA
distância entre os países desapareceu, no 
plano objetivo. Continuamos, porém, vivendo 
“isolados do mundo”, como diz uma canção, 
ainda que apenas na subjetividade. 
 Se pensarmos no que está à nossa 
volta, na América do Sul, então, mais ainda. 
Mesmo quando é bem informado, o brasileiro 
típico se mostra mais capaz de dar notícia do 
que ocorre na Europa e nos Estados Unidos 
da América do que em qualquer de nossos 
vizinhos. 
 É pena, pois estar mais informados 
sobre o que acontece além das fronteiras 
pode ajudar muito a que nos entendamos 
como país. 
Marcos Coimbra. Olhando à nossa volta. 
In: Correio Braziliense, 23/9/2007 (com 
adaptações). 
03. (CESPE - Adaptada)## Preservam-se a 
coerência textual e a correção gramatical ao 
se empregar o artigo o em lugar de “como” 
(l. 11).
Resposta: Errado.
Comentário: haverá um prejuízo para 
a coerência da sentença, pois o artigo 
surge em substituição do comparativo. Na 
construção da sentença, essa comparação é 
fundamental para entender ideia ex-pressa 
pela sentença, que é o autoentendimento 
como país. 
Tópico 2:
O Jivaro
(Rubem Braga)
Um Sr. Matter, que fez uma viagem de 
exploração à América do Sul, conta a um 
jornal sua conversa com um índio jivaro, 
desses que sabem reduzir a cabeça de um 
morto até ela ficar bem pequenina. Queria 
assistir a uma dessas operações, e o índio 
lhe disse que exatamente ele tinha contas a 
acertar com um inimigo.
O Sr. Matter:
- Não, não! Um homem, não. Faça isso com a 
cabeça de um macaco.
E o índio:
- Por que um macaco? Ele não me fez nenhum 
mal!
04. (IBFC - Adaptada) Assinale a alternativa 
em que o vocábulo “a”, destacado nas opções 
abaixo, seja exclusivamente um artigo.
a) “conta a um jornal sua conversa com um 
índio jivaro,”
b) “desses que sabem reduzir a cabeça de 
um morto”
c) “Queria assistir a uma dessas operações”
d) “ele tinha contas a acertar com um 
inimigo”
e) “uma viagem de exploração à América 
do Sul”
Resposta: A 
Comentário: o “a” que antecede o termo 
cabeça deve ser classificado como artigo, 
pois, se analisarmos o termo subsequente, 
perceberemos que se trata de um substantivo. 
Nas demais alternativas, nota-se que há o 
emprego da preposição “a” em razão da 
regência dos termos “contar” e “assistir”. 
A preposição nos outros casos, surge em 
razão de haver uma locução adverbial que, 
em sua formação, usualmente é introduzida 
por uma preposição. 
-------------------- --------------------
Catar feijão (João Cabral de Melo Neto)
Catar feijão se limita com escrever
joga-se os grãos na água do alguidar1
E as palavras na folha do papel;
E depois, joga-se fora o que boiar. [...]
(João Cabral de Melo Neto)
5
LÍNGUA PORTUGUESA
05. (Makiyama - Adaptada) No trecho: “E 
as palavras na folha do papel”, o termo 
destacado morfologicamente é um 
a) adjetivo.
b) pronome.
c) artigo.
d) numeral.
e) verbo.
Resposta: C
Comentário: o termo destacado é um artigo, 
porque determina o substantivo “palavras”, 
com o qual estabelece uma relação de 
concordância, isto é, está flexionado no 
feminino e no plural. 
ADJETIVO
Tornou-se sócio de um clube da Lagoa. 
Sozinho, porém, nunca punha os pés lá, até 
que um dia se fez acompanhar pelo Lulu, 
bom atleta e péssimo funcionário, que o 
apresentara como “velho servidor do Estado” 
às principais beldades do bairro. Como 
dialogar com elas? Não conhecia futebolnem equitação, não sabia jogar baralho, 
não guardava nomes de artistas de cinema, 
ignorava os escândalos da sociedade.
06. (CESPE – Adaptada)##O termo “velho” (l. 
3) constitui exemplo de adjetivo cujo sentido 
é alterado conforme a posição em relação 
ao substantivo que modifica no sintagma — 
velho servidor / servidor velho.
Resposta: Certo.
Comentário: Considerando a alternativa, é 
preciso entender que a posição do adjetivo 
restritivo é fundamental para o entendimento 
da sentença: quando se desloca o adjetivo, 
o sentido pode ser alterado. A diferença em 
pleito é: velho servidor (servidor de longa 
data); servidor velho (um servidor com idade 
avançada).
-------------------------- ------------------------
Rememoro os Natais da Rua da União, no Re-
cife... A cozinha da casa de meu avô, aque-
la cozinha que era todo o mundo da velha 
preta Tomásia... As grandes tachas de cobre 
que deixavam o sono da despensa, o grande 
pilão de madeira, que entrava a esmagar o 
milho verde cozido... [25.XII.1960] 
BANDEIRA, Manuel. Andorinha, Andorinha. 
Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1966. 
(Com adaptações)
07. (CESGRANRIO – Adaptada)##O adjetivo 
(entre parênteses) NÃO corresponde à 
locução adjetiva (destacada) em
a) “Nos meses do verão,” (hibernais)
b) “...afastado do bulício da cidade,” 
(urbano)
c) “Às primeiras horas da tarde,” 
(vespertinas)
d) “...grandes tachas de cobre...” (cúpreas)
e) “o grande pilão de madeira,” (lígneo)
Resposta: A
Comentário: “Hibernal” é adjetivo que se 
refere à locução adjetiva “de inverno”. 
-------------------------- ------------------------
A polêmica sobre o porte de armas pela 
população não tem consenso nem mesmo 
dentro da esfera jurídica, na qual há vários 
entendimentos como: “o cidadão tem direito 
a reagir em legítima defesa e não pode ter 
cerceado seu acesso aos instrumentos de 
defesa”, ou “a utilização da força é direito 
exclusivo do Estado ”ou “o armamento da 
população mostra que o Estado é incapaz de 
garantir a segurança pública”. Independente 
de quão caloroso seja o debate, as estatísticas 
estão corretas: mais armas potencializam 
a ocorrência de crimes, sobretudo em um 
ambiente em que essas sejam obtidas por 
meios clandestinos. A partir daí, qualquer 
6
LÍNGUA PORTUGUESA
fato corriqueiro pode tornar-se letal. O porte 
de arma pelo cidadão pode dar uma falsa 
sensação de segurança, mas na realidade é 
o caminho mais curto para os registros de 
assaltos com morte de seu portador.
Internet:<http://www.serasa.com.br/
guiacontraviolencia>. Acesso em 28/9/2004 
(com adaptações).
08. (CESPE - Adaptada)##No período de 
que faz parte, o termo “Independente” (l.6) 
exerce a função de adjetivo e está no singular 
porque se refere a “debate” (l.7).
Resposta: Errado.
Comentário: A palavra “independente” é, 
morfologicamente falando, um adjetivo. 
Apesar disso, na sentença, ele foi empregado 
com função adverbial e, por essa razão, não 
há que se falar em concordância, afinal, o 
advérbio é invariável.
-------------------------- ------------------------
 O que nós conhecemos como vida é 
apenas a camada superficial de um mundo 
desco-nhecido. A grande maioria dos seres 
vivos são bactérias e microrganismos. Os 
cientistas estimam que as espécies que só 
podem ser vistas com aparelhos especiais 
cheguem a 10 milhões. Ou, quem sabe, a 
100 milhões. O biólogo norte-americano 
Craig Venter acredita que o código genético 
de microrganismos pode se transformar 
num excelente negócio no futuro. Esses 
seres microscópicos estão na base da 
cadeia alimentar e dão forma aos ciclos de 
carbono, nitrogênio e outros nutrientes que 
sustentam todo o ecossistema. Em teoria, o 
DNA deles pode conter a chave para gerar 
energia barata, desenvolver remédios e 
acertar as bagunças da natureza provocadas 
pelo avanço da civilização. Há bactérias que 
só vivem em locais onde existe petróleo. 
Quem identificá-las terá o mapa da mina 
para explorar o produto. 
Veja. 25/8/2004, p. 64-5 (com adaptações).
09. (CESPE - Adaptada)##Com o emprego 
do adjetivo “superficial” (l.1), em sentido 
conotativo, a argumentação do texto 
reforça a ideia de que a ciência tem tratado 
de maneira muito pouco aprofundada os 
conhecimentos sobre a totalidade dos seres 
vivos do planeta. 
Resposta: Errado. 
Comentário: Em primeiro lugar, o adjetivo 
não foi empregado conotativamente, 
mas sim denotativamente, pois faz alusão 
ao que é mais externo, mais exterior, 
portanto, superficial. Em segundo lugar, o 
sentido pretendido é o de que ainda não há 
conhecimento suficiente, mas não que seja 
por negligência da ciência. 
-------------------------- ------------------------
 Em 1819, o poeta John Keats, um expoente 
do movimento romântico, escreveu: “a 
verdade é bela e a beleza, verdade. Isso é 
tudo o que precisas saber em vida; tudo o que 
precisas saber”. (Perdoem-me pela tradução 
amadora.)
 Aqui, podemos perguntar: qual a 
relação da matemática com a beleza? 
Matemáticos e físicos atribuem beleza a 
teoremas e teorias, criando uma estética da 
“verdade”. Os mais belos são aqueles que 
explicam muito com pouco.
 Quando possível, os teoremas e 
teorias mais belos são também os mais 
simples: dadas duas ou mais explicações para 
o mesmo fenômeno, vence a mais simples. 
Esse critério é conhecido como a lâmina de 
Ockham, atribuído a William de Ockham, um 
teólogo inglês do século XIV. 
 Para os que creem na matemática 
como linguagem universal, essa estética leva 
à existência de uma única verdade, o que 
parece guardar relação com o monoteísmo 
judaico-cristão nas ciências. Melhor é 
defender a matemática como nossa invenção. 
Criamos uma linguagem para descrever o 
mundo, que não podemos deixar de achar 
bela.
Marcelo Gleiser. Folha de S.Paulo (com 
adaptações)
7
LÍNGUA PORTUGUESA
10. (CESPE - Adaptada)##No trecho 
“monoteísmo judaico-cristão nas ciências” 
(l. 15), o adjetivo é grafado na sua forma mais 
conhecida, embora também estejam corretas 
as formas judaicocristão e judaico cristão.
Resposta: Errado. 
Comentário: Como é um adjetivo composto, 
é preciso inserir um hífen na formação da 
palavra que, é preciso ressaltar, é feita por 
justaposição. 
-------------------------- ------------------------
 Brasil. País do verde-amarelo. Terra 
do futebol, do samba amigo e das mulatas 
sensuais. País da violência, das riquezas 
minerais e da política corrupta. Terra de 
Ronaldinho e de Chico Buarque. Alguma 
mentira? Não. Nosso país é de uma diversidade 
e de uma adversidade espantosas. De altos 
e baixos e extremos radicais. Riqueza, 
exuberância e miséria. São tantas coisas 
que falar sobre ele parece ser fácil. Ou não. 
São tantos extremos que evitar estereótipos 
parece difícil. Ou não. Todos estão sujeitos 
aos estereótipos. A ignorância e a arrogância 
permeiam esse caminho. A questão não é 
lutar para deletá-los, mas sim lutar para 
desmitificá-los.
11. (CESPE - Adaptada)##O fato de a palavra 
“verde-amarelo” (L.1) ser grafada com hífen 
mostra que se trata de uma composição 
vocabular em que o adjetivo verde passa a 
ser prefixo.
Resposta: Errado. 
Comentário: Como a palavra é composta, 
não há que se pensar em prefixação; afinal, 
esse procedimento ocorre apenas no 
processo de derivação. É preciso considerar 
que a palavra “verde” é um dos elementos 
da composição que já possui um morfema 
lexical (raiz) por si só. 
 Eu não gosto de ninguém, ele quase 
respondeu, refreando-se a tempo; faz sentido, 
ele mesmo concluía — é o pior momento da 
minha vida, sem a mulher, sem o filho, sem 
dinheiro, e desgraçadamente sem literatura. 
Uma letra de tango. Ou “um maneirista da 
própria sombra”, como escreveu Eusébio de 
Mattos no Suplemento de Arte, demolindo-o 
até a última linha com o sadismo certeiro 
dos grandes críticos. Para um país sem 
crítica, aquele texto chegava a ser uma boa 
surpresa, ainda que deixasse entrever mais o 
prazer do ataque que o lamento sincero de 
um estudioso honesto, o tsc tsc tsc diante de 
um escritorque nunca “chegou lá” na corrida 
de cavalos letrados do panorama nacional — 
e Donetti sentiu a respiração opressa pelo 
rancor. O célebre homem brasileiro cordial 
é cordial não porque seja polido, o que ele 
nunca foi, mas porque nada nunca passa 
pelo cérebro antes de chegar à vida — é só 
um coração batendo forte no meio da rua, 
que é o seu lugar.
Cristovão Tezza. Um erro emocional. 
Rio de Janeiro: Record, 2010, p. 91 (com 
adaptações).
12. (CESPE - Adaptada)##Se, em vez do 
adjetivo “célebre” (L.12), o autor tivesse 
optado pela sua forma superlativa, teria de 
acrescentar-lhe o sufixo -érrimo, da seguinte 
forma: celebérrimo.
Resposta: Certo
Comentário: A formação do superlativo de 
um adjetivo pode ser pela raiz vernácula ou 
pela raiz erudita. Com a vernácula, utiliza-
se o sufixo –íssimo; já, com a erudita, usa-
se o sufixo -érrimo. A forma célebre ficará, 
em seu superlativo absoluto sintético, como 
celebérrimo, porque a raiz latina desse 
adjetivo é “celeber”. 
8
LÍNGUA PORTUGUESA
Pesquisas constatam doses crescentes 
de pessimismo diante do que o futuro 
esteja reservando aos que habitam este 
mundo, com a globalização exacerbando a 
competitividade e colocando os Estados de 
bem-estar social nos corredores de espera 
de cumprimento da pena de morte. É preciso 
“investir no povo”, recomenda o Per Capita 
— um centro pensante, criado recentemente 
na Austrália —, com seus dons progressistas. 
Configurar um mercado no qual as empresas 
levem em consideração o interesse público, 
sejam ampliados os compromissos de 
proteção ao meio ambiente e tenham 
como objetivo o bem-estar dos indivíduos. 
A questão maior é saber como colocar em 
prática essas belezas, num momento em que 
as lutas sociais sofrem o assédio cada vez 
mais agressivo da globalização e as próprias 
barreiras ideológicas caem por terra. 
Newton Carlos. Má hora das esquerdas. 
In: Correio Braziliense, 20/11/2007 (com 
adaptações).
13. (CESPE - Adaptada)##O adjetivo 
“agressivo” (l.11) está empregado com valor 
de advérbio e corresponde, dessa forma, a 
agressivamente.
Resposta: Errado
Comentário: O adjetivo “agressivo” está 
no masculino e no singular. Por isso, já é 
possível entender que ele estabelece um 
vínculo de concordância com o substantivo 
que lhe é correlato na sentença, a palavra 
“assédio”. Não é possível dizer que se trata 
de um advérbio, porque não está vinculado a 
um verbo a um adjetivo ou a outro advérbio. 
-------------------------- ------------------------
Nicolau meteu-se na política. Em 1823, vamos 
achá-lo na Constituinte. Não há que dizer ao 
modo por que ele cumpriu os deveres do 
cargo. Íntegro, desinteressado, patriota, não 
exercia de graça essas virtudes públicas, mas 
à custa de muita tempestade moral. Pode-
se dizer, metaforicamente, que a frequência 
da câmara custava-lhe sangue precioso. 
Não era só porque os debates lhe pareciam 
insuportáveis, mas também porque lhe era 
difícil encarar certos homens, especialmente 
em certos dias. Montezuma, por exemplo, 
parecia-lhe balofo, Vergueiro, maçudo, 
os Andradas, execráveis. Cada discurso, 
não só dos principais oradores, mas dos 
secundários, era para o Nicolau verdadeiro 
suplício. E, não obstante, firme, pontual. 
Nunca a votação o achou ausente; nunca o 
nome dele soou sem eco pela augusta sala. 
Qualquer que fosse o seu desespero, sabia 
conter-se e pôr a ideia da pátria acima do 
alívio próprio. Talvez aplaudisse in petto o 
decreto de dissolução. Não afirmo; mas há 
bons fundamentos para crer que o Nicolau, 
apesar das mostras exteriores, gostou de ver 
dissolvida a assembleia. E se essa conjetura 
é verdadeira, não menos o será esta outra: 
que a deportação de alguns dos chefes 
constituintes, declarados inimigos públicos, 
veio aguar-lhe aquele prazer. Nicolau, que 
padecera com os discursos deles, não menos 
padeceu com o exílio, posto lhes desse um 
certo relevo. Se ele também fosse exilado!
Machado de Assis. Verba testamentária. In: 
J. Gledson. 50 contos de Machado de Assis. 
São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 
168 (com adaptações).
14. (CESPE - Adaptada)##O termo “balofo” 
(l.8) expressa uma característica do sujeito 
da oração na qual esse adjetivo é empregado.
Resposta: Certo.
Comentário: A oração em questão é 
“Montezuma, por exemplo, parecia-lhe 
balofo, Vergueiro, maçudo, os Andradas, 
execráveis”. Considerando que o sujeito do 
verbo parecer é o substantivo Montezuma 
e o verbo em pleito é um verbo relacional 
(de ligação), conclui-se que a função de 
predicativo do sujeito – atribuída ao adjetivo 
“balofo” – direciona-se ao sujeito da oração. 
9
LÍNGUA PORTUGUESA
CONJUNÇÕES
Embora as conquistas obtidas a partir da 
Revolução Francesa tenham possibilitado 
a consolidação da concepção de cidadania, 
elas não foram suficientes para que essa 
condição se verificasse na prática. A mera 
declaração formal das liberdades nos 
documentos e nas legislações esboroava 
diante da inexorável exclusão econômica da 
maioria da população. 
Em vista disso, já no século XIX, buscaram-
se os direitos sociais com ações estatais 
que compensassem tais desigualdades, 
municiando os desvalidos com direitos 
implantados e construídos de forma coletiva 
em prol da saúde, da educação, da moradia, 
do trabalho, do lazer e da cultura para todos. 
15. (CESPE - Adaptada)##Dada a relação 
de concessão estabelecida entre as duas 
primeiras orações do texto, a palavra 
“Embora” (l.1) poderia, sem prejuízo do 
sentido ou da correção gramatical do texto, 
ser substituída por Conquanto.
Resposta: Certo
Comentário: A palavra “embora” é 
uma conjunção subordinativa adverbial 
concessiva, assim como a palavra 
“conquanto”. Como o verbo da oração em 
que a conjunção surge foi conjugado no 
subjuntivo, é possível afirmar que não haverá 
prejuízo para a correção gramatical ou para 
o sentido da sentença.
-------------------------- ------------------------
 A impunidade de políticos não decorre 
de foro privilegiado, mas de justiça ineficiente. 
Abolir o referido mecanismo produzirá efeitos 
desfavoráveis. É compreensível a confusão. 
A designação mais conhecida, “foro 
privilegiado”, sem dúvida, sugere a existência 
de condenável regalia. Não é estranho, 
portanto, que o Congresso tenha incluído 
em sua agenda positiva um esforço para 
eliminar essa prerrogativa constitucional. 
Os parlamentares estariam, com isso, 
oferecendo o seu quinhão para o combate à 
impunidade que tradicionalmente beneficia 
políticos de todos os matizes. 
 Entretanto, há dois equívocos nesse 
raciocínio. O primeiro é imaginar que o foro 
especial — assegurado a autoridades como 
o presidente da República, governadores, 
prefeitos, congressistas e ministros de Estado 
— seja responsável pela ausência de punições 
na esfera jurídica. As numerosas instâncias 
da justiça comum favorecem a interposição 
de recursos, o que atrasa a caminhada 
processual e contribui para a impunidade. O 
segundo equívoco do raciocínio é imaginar 
que a prerrogativa de foro constitua, de fato, 
um privilégio. De um lado, porque não há 
benefício na supressão de um ou de todos 
os graus de jurisdição. De outro, porque o 
mecanismo busca assegurar um julgamento 
imparcial — em proveito não só do réu, mas 
também da sociedade.
16. (CESPE - Adaptada)##Mantêm-se as 
relações sintáticas originais ao se substituir 
o termo “Entretanto” (l. 9) por qualquer um 
dos seguintes: Porém, Contudo, Todavia, No 
entanto.
Resposta: Certo
Comentário: A palavra destacada é uma 
conjunção coordenativa adversativa, ou seja, 
que exprime sentido de oposição. Todos os 
elementos suscitados para a permuta a que 
a questão alude são da mesma natureza. 
Isso quer dizer que na troca solicitada não 
haveria problemas para a correção ou para 
o sentido da sentença.
-------------------------- ------------------------
 Leio que a ciência deu agora mais um 
passo definitivo. É claro que o definitivo da 
ciência é transitório, e não por deficiência 
da ciência (é Origem ciênciademais), que 
se supera a si mesma a cada dia... Não 
10
LÍNGUA PORTUGUESA
indaguemos para que, já que a própria ciência 
não o faz — o que, aliás, é a mais moderna 
forma de objetividade de que dispomos.
 Mas vamos ao definitivo transitório. 
Os cientistas afirmam que podem realmente 
construir agora a bomba limpa. Sabemos 
todos que as bombas atômicas fabricadas 
até hoje são sujas (aliás, imundas) porque, 
depois que explodem, deixam vagando pela 
atmosfera o já famoso e temido estrôncio 
90. Ora, isso é desagradável: pode mesmo 
acontecer que o próprio país que lançou 
a bomba venha a sofrer, a longo prazo, as 
consequências mortíferas da proeza. O que 
é, sem dúvida, uma sujeira.
 Pois bem, essas bombas indisciplinadas, 
mal-educadas, serão em breve substituídas 
pelas bombas n, que cumprirão sua missão 
com lisura: destruirão o inimigo, sem riscos 
para o atacante. Trata-se, portanto, de uma 
fabulosa conquista, não?
Ferreira Gullar. Maravilha. In: A estranha 
vida banal. Rio de Janeiro: José Olympio, 
1989, p. 109.
17. (CESPE - Adaptada)##Mantendo-se a 
correção gramatical e a coerência do texto, 
a conjunção “e”, em “e não por deficiência 
da ciência” (l. 2), poderia ser substituída por 
mas.
Resposta: Certo.
Comentário: A conjunção “e”, na maior 
parte das vezes, indica uma soma, ou seja, é 
aditiva. Ocorre que, na sentença em questão, 
ela desempenha função adversativa, razão 
pela qual sua permuta pela palavra “mas” 
(conjunção coordenativa adversativa) 
não prejudicaria a correção gramatical da 
sentença, tampouco a coerência. 
-------------------------- ------------------------
Todos nós, homens e mulheres, adultos e 
jovens, passamos boa parte da vida tendo de 
optar entre o certo e o errado, entre o bem e o 
mal. Na realidade, entre o que consideramos 
bem e o que consideramos mal. Apesar da 
longa permanência da questão, o que se 
considera certo e o que se considera errado 
muda ao longo da história e ao redor do 
globo terrestre.
 Ainda hoje, em certos lugares, a 
previsão da pena de morte autoriza o Estado 
a matar em nome da justiça. Em outras 
sociedades, o direito à vida é inviolável e nem 
o Estado nem ninguém tem o direito de tirar 
a vida alheia. Tempos atrás era tido como 
legítimo espancarem-se mulheres e crianças, 
escravizarem-se povos. Hoje em dia, embora 
ainda se saiba de casos de espancamento de 
mulheres e crianças, de trabalho escravo, 
esses comportamentos são publicamente 
condenados na maior parte do mundo.
 Mas a opção entre o certo e o errado 
não se coloca apenas na esfera de temas 
polêmicos que atraem os holofotes da 
mídia. Muitas e muitas vezes é na solidão da 
consciência de cada um de nós, homens e 
mulheres, pequenos e grandes, que certo e 
errado se enfrentam. E a ética é o domínio 
desse enfrentamento.
Marisa Lajolo. Entre o bem e o mal. In: 
Histórias sobre a ética. 5.ª ed. São Paulo: 
Ática, 2008 (com adaptações).
18. (CESPE - Adaptada)##Dado o fato de 
que nem equivale a e não, a supressão 
da conjunção “e”, empregada logo após 
“inviolável”, na linha 8, manteria a correção 
gramatical do texto.
Resposta: Errado.
Comentário: Se houvesse a supressão do 
termo em questão, seria necessário inserir 
uma vírgula em seu lugar, a fim de manter 
a correção gramatical da sentença, pois o 
termo precisaria ficar separado da sentença 
como um elemento deslocado.
11
LÍNGUA PORTUGUESA
 Durante o período de janeiro a 
março de 2013, foram recebidas 13.348 
reclamações de beneficiários de planos de 
saúde referentes à garantia de atendimento. 
Entre as operadoras médico-hospitalares, 
480 tiveram pelo menos uma reclamação 
e, entre as operadoras odontológicas, 29 
tiveram pelo menos uma reclamação de 
não cumprimento dos prazos máximos 
estabelecidos ou de negativa de cobertura.
 A fiscalização do cumprimento das 
garantias de atendimento é uma forma eficaz 
de se certificar o beneficiário da assistência 
por ele contratada, pois leva as operadoras a 
ampliarem o credenciamento de prestadores 
e a melhorarem o seu relacionamento 
com o cliente. Para isso, a participação dos 
consumidores é de fundamental importância.
Internet: <www.ans.gov.br> (com 
adaptações).
19. (CESPE - Adaptada)##Mantêm-se a 
correção gramatical do período e suas 
informações originais ao se substituir o termo 
“pois” (l. 7) por qualquer um dos seguintes: 
já que, uma vez que, porquanto.
Resposta: Certo. 
Comentário: A conjunção destacada é 
subordinativa adverbial causal, assim como 
as conjunções e locuções conjuntivas 
destacadas para a substituição na sentença. 
Por essa razão, não haveria prejuízo para a 
correção ou para o sentido da sentença, ao 
realizar a permuta mencionada.
-------------------------- ------------------------
 As relações que as sociedades 
ocidentais industriais mantêm com os 
temas da ciência e da tecnologia não se 
constituem numa constante. No transcorrer 
da história dessas sociedades, a ciência deixa 
de ser entendida apenas como um tipo de 
conhecimento tido como válido e passa a se 
conjugar com as técnicas, conformando uma 
aplicação prática e útil desse conhecimento. 
 Isso ocorre desde os desdobramentos 
da Revolução Industrial no século XIX, 
quando ciência e tecnologia passaram a 
constituir um binômio, abreviadamente 
ex-presso por C&T, no qual, cada vez mais, 
conhecimento científico e técnica se 
entrelaçam. A tecnologia vai-se tornando 
plena de ciência e esta tende a incorporar 
crescentemente a técnica. Já no século XX, 
o desenvolvimento de ciência e tecnologia 
passou a utilizar intensivamente grandes 
investimentos financeiros, tendo em vista 
o domínio tanto da natureza quanto das 
sociedades. 
 A partir de então, e dada a intensifi-
cação dos processos técnico-científicos da 
contemporaneidade, surgem posiciona-
mentos antagônicos em relação à temáti-
ca da aceleração tecnológica. Por um lado, 
estabelece-se uma compreensão de que o 
incremento de ciência e tecnologia é algo 
determinante, ou até mesmo fundamental 
para um desenvolvimento econômico e so-
cial satisfatório, além de ser politicamente 
neutro e desprovido de normatividade. 
 Desde outra perspectiva, 
desenvolvem-se reflexões sobre as 
incertezas e indeterminações acerca do 
destino das sociedades como consequência 
dos principais modelos e sistemas técnico-
científicos contemporâneos. Questiona-se o 
papel da ciência e da tecnologia como fator 
determinante e como atividade neutra de 
valores. 
Raquel Folmer Corrêa. Tecnologia e 
sociedade : análise de tecnologias sociais 
no Brasil contemporâneo. Porto Alegre: 
UFRGS, 2010. Dissertação de mestrado. In: 
Internet: <http://www.lume.ufrgs.br> (com 
adaptações)
20. (CESPE - Adaptada)##Nas linhas 8 e 
28, as ocorrências do vocábulo “desde” 
introduzem circunstâncias temporais. 
Resposta: Errado. 
12
LÍNGUA PORTUGUESA
Comentário: Na primeira ocorrência, a 
palavra “desde” indica uma circunstância 
de tempo; na segunda ocorrência, a palavra 
“desde” indica perspectiva (posição) e não 
circunstância temporal. 
-------------------------- ------------------------
 Se considerarmos o panorama 
internacional, perceberemos que o Ministério 
Público brasileiro é singular. Em nenhum 
outro país, há um Ministério Público que 
apresente perfil institucional semelhante 
ao nosso ou que ostente igual conjunto de 
atribuições.
 Do ponto de vista da localização 
institucional, há grande diversidade de 
situações no que se refere aos Ministérios 
Públicos dos demais países da América 
Latina. Encontra-se, por exemplo, Ministério 
Público dependente do Poder Judiciário na 
Costa Rica, na Colômbia e, no Paraguai, e 
ligado ao Poder Executivo, no México e no 
Uruguai. 
 Constata-se, entretanto, que, apesar 
da maior extensão de obrigações do Ministério 
Público brasileiro, a relação entre o número 
de integrantes da instituição e a população 
é uma das mais desfavoráveis no quadro 
latino-americano. De fato, dados recentes 
indicam que, no Brasil, com 4,2 promotorespara cada 100 mil habitantes, há uma 
situação de clara desvantagem no que diz 
respeito ao número relativo de integrantes. 
No Panamá, por exemplo, o número é de 15,3 
promotores para cada cem mil habitantes; 
na Guatemala, de 6,9; no Paraguai, de 5,9; na 
Bolívia, de 4,5. Em situação semelhante ou 
ainda mais crítica do que o Brasil, estão, por 
exemplo, o Peru, com 3,0; a Argentina, com 
2,9; e, por fim, o Equador, com a mais baixa 
relação: 2,4. É correto dizer que há nações 
proporcionalmente com menos promotores 
que o Brasil. No entanto, as atribuições do 
Ministério Público brasileiro são muito mais 
extensas do que as dos Ministérios Públicos 
desses países.
Maria Tereza Sadek. A construção de um 
novo Ministério Público resolutivo. Inter-
net: <https://aplicacao.mp.mg.gov.br> 
(com adaptações).
21. (CESPE - Adaptada)##Seriam mantidas a 
coerência e a correção gramatical do texto 
se, feitos os devidos ajustes nas iniciais 
maiúsculas e minúsculas, o período “É 
correto (...) o Brasil” (l.11-12) fosse iniciado 
com um vocábulo de valor conclusivo, como 
logo, por conseguinte, assim ou porquanto, 
seguido de vírgula.
Resposta: Errado.
Comentário: A questão não fala sobre 
a retirada do ponto final da sentença 
antecedente. Além disso, é preciso 
entender que as conjunções conclusivas 
não estabelecem relação de conclusão com 
a sentença antecedente, mas com toda a 
circunstância que era transmitida pelo texto. 
Portanto, a alteração mencionada causaria 
prejuízo para a coerência da sentença.
-------------------------- ------------------------
 A parte da natureza varia ao infinito. 
Não há, no universo, duas coisas iguais. Muitas 
se parecem umas às outras, mas todas entre 
si diversificam. Os ramos de uma só árvore, 
as folhas da mesma planta, os traços da 
polpa de um dedo humano, as partículas do 
mesmo pó, as raias do espectro de um só raio 
solar ou estelar. Tudo assim, desde os astros 
no céu, até os micróbios no sangue, desde as 
nebulosas no espaço até as gotas do rocio na 
relva dos prados.
 A regra da igualdade não consiste 
senão em quinhoar desigualmente aos 
desiguais na medida em que se desigualam. 
Nessa desigualdade social, proporcionada 
à desigualdade natural, é que se acha a 
verdadeira lei da igualdade. O mais são 
desvarios da inveja, do orgulho ou da loucura. 
Tratar com desigualdade a iguais, ou a 
desiguais com igualdade, seria desigualdade 
13
LÍNGUA PORTUGUESA
flagrante e não igualdade real.
 Essa blasfêmia contra a razão e a 
fé, contra a civilização e a humanidade, é 
a filosofia da miséria; executada, não faria 
senão inaugurar a organização da miséria. 
Se a sociedade não pode igualar os que 
a natureza criou desiguais, cada um, nos 
limites da sua energia moral, no entanto, 
pode reagir sobre as desigualdades nativas, 
pela educação, atividade e perseverança. Tal 
a missão do trabalho.
Ruy Barbosa. Oração aos moços. Internet: 
<http://home.comcast.net> (com 
adaptações).
22. (CESPE - Adaptada)##Não haveria 
prejuízo para o sentido original nem para 
a correção gramatical do texto caso se 
inserisse quando ou se for imediatamente 
antes de “executada” (l.15).
Resposta: Errado.
Comentário: Para entender a questão, é 
preciso entender o que evoca a conjunção 
empregada. No caso de utilizar a palavra 
“quando”, ela suscitará um verbo no futuro 
do presente e não no futuro do pretérito, 
como está no texto. A única permuta 
possível seria pela palavra “se” pode evocar 
o sentido de hipótese, ou seja, o verbo no 
futuro do pretérito. 
-------------------------- ------------------------
 Escrevi uma carta aos meus 
concidadãos, pedindo-lhes que me dissessem 
francamente o que consideravam que fosse 
política, e dispensando-os de citar Aristóteles, 
Maquiavelli, Spencer, Comte. (...)
 Não tardou que o correio começasse 
a entregar-me as respostas; e, como eu não 
pagava o porte, reconheci que há neste 
mundo uma infinidade de filhos de Deus ou do 
diabo que os carregue, que estão à espreita 
de um simples pretexto para comunicar as 
suas ideias, ainda à custa dos vinténs magros. 
 Não publico todas as definições 
recebidas, porque a vida é curta, vita brevis. 
Faço, porém, uma escolha rigorosa, e dou 
algumas das principais. (...) Uma das cartas 
dizia simplesmente que a política é tirar 
o chapéu às pessoas mais velhas. Outra 
afirmava que a política é a obrigação de 
não meter o dedo no nariz. Outra, que é, 
estando à mesa, não enxugar os beiços no 
guardanapo da vizinha, nem na ponta da 
toalha. Um secretário de club dançante jura 
que a política é dar excelência às moças, e 
não lhes pôr alcunhas. Segundo um morador 
da Tijuca, a política é agradecer com um 
sorriso animador ao amigo que nos paga a 
passagem. 
 Muitas cartas são tão longas e difusas, 
que quase se não pode extratar nada. Citarei 
dessas a de um barbeiro, que define a política 
como a arte de lhe pagarem as barbas, e a de 
um boticário para quem a verdadeira política 
é não comprar nada na botica da esquina. Um 
sectário de Comte (viver às claras) afirma que 
a política é berrar nos bonds, quer se trate 
dos negócios da gente, quer dos estranhos. 
 Não entendi algumas cartas. A letra de 
outras é ilegível. Outras repetem-se. Cinco 
ou seis dão, como suas, opiniões achadas nos 
livros. Note-se que, em todo esse montão 
de cartas, não há uma só de deputado 
ou senador, contudo escrevi a todos eles 
pedindo uma definição.
Machado de Assis. Balas de estalo. In: Obra 
completa, vol. 3, Rio de Janeiro: Aguilar, 
1973, p. 468-9 (com adaptações).
23. (CESPE - Adaptada)##O termo “contudo” 
(l.27) estabelece entre as orações do 
período relação sintática adversativa, por 
isso, poderia ser corretamente substituído 
por qualquer um dos seguintes vocábulos: 
entretanto, todavia, no entanto, porém, 
embora, conquanto.
Resposta: Errado. 
Comentário: O candidato deve perceber, 
14
LÍNGUA PORTUGUESA
nessa questão, a tentativa de o elaborador 
enganar alguém mais despreparado. 
Ao colocar uma série de conjunções, o 
elaborador tenta enganar o candidato, 
pois o último elemento do encadeamento, 
a palavra “conquanto”, é uma conjunção 
subordinativa adverbial concessiva, que não 
expressa o mesmo sentido das demais, que 
são coordenativas adversativas. Por isso, a 
questão está errada. 
-------------------------- ------------------------
 A língua indígena mais conhecida dos 
brasileiros — conquanto esse conhecimento 
se limite, em regra, só a um de seus nomes, 
tupi — é justamente o tupi-nambá. Essa foi 
a língua predominante nos contatos entre 
portugueses e indígenas nos séculos XVI e XVII 
e tornou-se a língua da expansão bandeirante 
no sul e da ocupação da Amazônia norte. Seu 
uso pela população luso-brasileira, tanto no 
norte quanto no sul da Colônia, era tão geral, 
no século XVIII, que o governo português 
chegou a baixar decretos (cartas régias) 
proibindo esse uso. Uma das consequências 
da prolongada convivência do tupinambá 
com o português foi a incorporação a este 
último de considerável número de palavras 
daquele. É notável a quantidade de lugares 
com nomes de origem tupinambá, quase sem 
alteração de pronúncia, muitos deles dados 
pelos luso-brasileiros dos séculos passados 
a localidades onde nunca viveram índios 
tupinambás.
Aryon Dall’Igna Rodrigues. Línguas 
brasileiras: para o conhecimento das 
línguas indígenas. São Paulo: Loyola, 2002 
(com adaptações).
24. (CESPE - Adaptada)##A conjunção 
“conquanto” (l.1) introduz uma oração em 
que se admite um fato contrário e subordinado 
ao fato afirmado na oração principal. 
Resposta: Certo.
Comentário: Por ser uma conjunção de 
natureza concessiva, é possível afirmar 
que a sentença por ele introduzida indica 
uma contraposição ao que se afirma na 
oração principal. Essa palavra encontra os 
elementos “embora,” “ainda que” e “mesmo 
que” como equivalentes semânticos.
-------------------------- ------------------------
 O Senado Federal aprovou em 
plenário, em 31/10/2012, o projeto de lei 
originário da Câmarados Deputados (PL n.º 
2.793/2011) que tipifica como criminosas 
algumas condutas cometidas no meio digital, 
sobretudo a invasão de computadores. A 
imprensa tem noticiado como se fosse a 
primeira aprovação desse tipo no Brasil 
e alguns setores comemoraram como 
se a existência de uma lei para os crimes 
eletrônicos fosse tudo o que faltava para 
diminuir a delinquência cibernética. Sendo 
o Brasil um país de tradições positivistas 
e sendo vedada a aplicação de analogia 
para criar tipos penais, não resta dúvida da 
necessidade de aprovação da lei. Talvez com 
a previsão dessas condutas específicas, haja 
melhores resultados punitivos.
 A falta de estrutura na maioria das 
delegacias civis do país e a ausência de previsão 
legal que estabeleça a obrigatoriedade da 
guarda de logs acabam por inviabilizar a 
investigação dos crimes digitais, em muitos 
casos. Com o Marco Civil da Internet (PL n.º 
2.126/2011), o legislador poderia sanar esse 
problema ao prever o armazenamento de 
tais registros, sem dar margem à violação da 
privacidade, evidentemente. No entanto, no 
último parecer ao projeto, no mês julho, o 
deputado relator retirou a obrigatoriedade do 
armazenamento dos dados pelos provedores 
de aplicações à Internet, os chamados 
provedores de conteúdo, deixando essa 
previsão apenas aos provedores de conexão. 
O fato é que os registros de conexão nem 
sempre são suficientes para uma eficiente 
coleta de provas. O certo seria obrigar 
também os provedores de conteúdo a fazer 
esse registro, o que permitiria investigar e 
punir não só os crimes digitais como também 
15
LÍNGUA PORTUGUESA
outros, tais como os de difamação, calúnia e 
injúria, tão comuns nas redes sociais. 
Rafael Fernandes Maciel. In: Consultor 
Jurídico, 9/11/2012.
Internet: <www.conjur.com.br> (com 
adaptações)
25. (CESPE - Adaptada) Mantendo-se a 
relação de sentido estabelecida entre os 
períodos, a expressão “No entanto” (l.17) 
poderia ser substituída, corretamente, por 
Com tudo. 
Resposta: Errado. 
Comentário: Essa questão, além de envolver 
conceitos de morfologia – conjunções, 
utiliza conhecimentos de ortografia. A 
despeito de haver uma locução conjuntiva 
coordenativa adversativa, a permuta não 
é possível, pois o elemento sugerido está 
grafado incorretamente. A grafia correta da 
palavra é “contudo”, sem separação. 
-------------------------- ------------------------
 O IDEB, indicador de qualidade 
educacional, combina informações sobre 
desempenho em exames padronizados 
(Prova Brasil ou SAEB) — demonstrado pelos 
estudantes ao final do ensino fundamental e 
do ensino médio — com informações sobre 
rendimento escolar (aprovação). Estudos e 
análises da qualidade educacional raramente 
combinam as informações produzidas por 
esses dois tipos de indicadores, ainda que a 
complementaridade entre elas seja evidente. 
 Um sistema educacional que reprove 
sistematicamente seus estudantes, fazendo 
que grande parte deles abandone a escola 
antes de completar a educação básica, não é 
desejável, mesmo se aqueles que concluem 
essa etapa de ensino atingem elevadas 
pontuações nos exames padronizados. 
Por outro lado, também não se deseja um 
sistema em que todos os alunos concluam 
o ensino médio no período correto, mas 
aprendam muito pouco na escola. Em suma, 
um sistema de ensino ideal seria aquele 
em que crianças e adolescentes tivessem 
acesso à escola, não desperdiçassem tempo 
com repetências, não abandonassem a 
escola precocemente e, ao final de tudo, 
aprendessem.
 Sabe-se que, no Brasil, a questão do 
acesso à escola não é mais um problema, já 
que a quase totalidade das crianças ingressa 
no sistema educacional. Entretanto, as taxas 
de repetência dos estudantes são bastante 
elevadas, assim como o é a proporção de 
adolescentes que abandonam a escola antes 
mesmo de concluir a educação básica. Outro 
indicador preocupante é a baixa proficiência 
obtida pelos alunos em exames padronizados.
Internet: <http://download.inep.gov.br> 
(com adaptações)
26. (CESPE - Adaptada) A locução “já que” 
(l.19) confere a noção de causa à oração em 
que ocorre.
Resposta: Certo.
Comentário: A locução conjuntiva “já 
que” pertence à categoria das conjunções 
subordinativas adverbiais causais, por isso, 
introduz uma noção de causa à sentença 
em que aparece. Se analisar a sentença em 
que aparece: “a questão do acesso à escola 
não é mais um problema, já que a quase 
totalidade das crianças ingressa no sistema 
educacional”, será possível perceber a 
relação de causa e consequência – a 
totalidade das crianças ingressar no sistema 
educacional é a causa de a questão do 
acesso à escola não ser mais um problema.
16
LÍNGUA PORTUGUESA
se entre si sem conciliação possível. Um 
exemplo dos estragos causados pela 
privatização desse recurso natural é o 
das represas Santo Antonio e Jirau, no rio 
Madeira, a oeste do Amazonas, no Brasil. As 
duas represas têm um custo de 20 bilhões 
de dólares e, na sua construção, estão 
envolvidas a multinacional GDF-Suez e o 
banco espanhol Santander. A construção 
dessas imensas represas provocou o que 
Ronack Monabay, da ONG Amigos da Terra, 
chama de “um desarranjo global”. As obras 
desencadearam um êxodo interior dos índios 
que viviam na região. Eles foram se refugiar 
em outra área ocupada por garimpeiros em 
busca de ouro e terminaram enfrentando-se 
com eles.
 (...) Brice Lalonde, coordenador da Rio+20, 
cúpula da ONU para o Meio Ambiente, 
prometeu que a água será “uma prioridade” 
da reunião que será realizada no Rio de 
Janeiro em junho. O responsável francês 
destaca neste sentido o paradoxo que 
atravessa este recurso natural: “a água é uma 
espécie de jogo entre o global e o local”. E 
neste jogo o poder global das multinacionais 
se impõe sobre os poderes locais.
As ONGs não perdem as esperanças e apostam 
na mobilização social para contrapor a 
influência das megacorporações. 
Neste contexto preciso, todos lembram 
o exemplo da Bolívia. Jacques Cambon, 
organizador do Fórum Alternativo Mundial 
da Água e membro da ONG Aquattac, 
recorda o protesto que ocorreu na cidade 
de Cocha-bamba: “dezenas de milhares de 
pessoas manifestaram-se na rua em protesto 
contra o aumento da tarifa da água potável 
imposto pela multinacional norte-americana 
Bechtel”.
A guerra da água é silenciosa, mas existe: 
conflito em Barcelona causado pelo aumento 
das tarifas, quase guerra na Patagônia 
chilena por causa da construção de enormes 
represas e da privatização de sistemas fluviais 
inteiros, antagonismos em Barcelona e em 
PREPOSIÇÕES
Guerra da água é silenciosa, mas já está em 
curso
 Quanto vale a vida? “Para começar, um bom 
copo de água”, responde com ironia Jerôme, 
um dos participantes do Fórum Mundial 
Alternativo de Água (FAME) que se reuniu na 
França, paralelamente ao muito oficial Fórum 
Mundial da Água (FME). Duas “cúpulas” e 
duas posturas radicalmente opostas que 
expõem até o absurdo o antagonismo entre 
as multinacionais privadas da água e aqueles 
que militam por um acesso gratuito e igual 
a este recurso natural cuja propriedade é 
objeto de uma áspera disputa nos países 
do Sul. Basta apontar a identidade dos 
organizadores do Fórum Mundial da Água 
para entender o que está em jogo: o Fórum 
oficial foi organizado pelo Conselho Mundial 
da Água. Este organismo foi fundado pelas 
multinacionais da água Suez e Veolia e pelo 
Fundo Monetário Internacional, incansáveis 
defensores da privatização da água nos 
países do Sul.
 O mercado que enxergam diante de si 
é colossal: um bilhão de seres humanos 
não têm acesso à água potável e cerca de 
três bilhões de seres humanos carecem de 
banheiro. O tema da água é estratégico e 
tem repercussões humanas muito profundas. 
Os especialistas calculam que, entre 1950 e 
2025, ocorrerá uma diminuição de 71% nas 
reservas mundiais de água por habitante: 18 
mil metros cúbicos em 1950 e 4.800 metros 
cúbicos em 2025. Cerca de 2.500 pessoas 
morrem por dia por não dispor de um acesso 
adequado à águapotável. A metade delas 
é de crianças. Comparativamente, 100% da 
população de Nova York recebe água potável 
em suas casas. A porcentagem cai para 44% 
nos países em via de desenvolvimento e 
despenca para 16% na África Subsaariana.
 As águas turvas dos negócios e as 
reivindicações límpidas da sociedade civil, 
que defende o princípio segundo o qual a 
água é um assunto público e não privado e 
uma gestão racional dos recursos, chocam-
17
LÍNGUA PORTUGUESA
muitos países africanos pelas tarifas abusivas 
aplicadas pelas multinacionais. A pérola fica 
por conta da Coca Cola e de suas tentativas de 
garantir o controle em Chiapas, México, das 
reservas de água mais importantes do país. 
Jacques Cambon está convencido de que “o 
problema do acesso à água é um problema 
de democracia. Enquanto não se garantir o 
acesso e a gestão da água sob supervisão de 
uma participação cidadã haverá guerras da 
água em todo o mundo”.
 (...) A ONU apresentou na França um informe 
sobre o impacto da mudança climática 
na gestão da água: secas, inundações, 
transtornos nos padrões básicos de chuva, 
derretimento de geleiras, urbanização 
excessiva, globalização, hiperconsumo, 
crescimento demográfico e econômico. 
Cada um destes fatores constitui, para as 
Nações Unidas, os desafios iminentes que 
exigem respostas da humanidade. 
 A margem de manobra é estreita. Nada 
indica que os tomadores de decisão estão 
dispostos a modificar o rumo de suas 
ações. A mudança climática colocou uma 
agenda que as multinacionais, os bancos 
e o sistema financeiro resistem a aceitar. 
Seguem destruindo, em benefício próprio e 
contra a humanidade. Ante a cegueira das 
multinacionais, a solidariedade internacional 
e o lançamento daquilo que se chamou na 
França de “um efeito mariposa” em torno 
da problemática da água são duas respostas 
possíveis para frear a seca mundial.
Eduardo Febbro - De Paris
Tradução: Katarina Peixoto
(Adaptado de www.cartamaior.com.br)
27. (CEPERJ - Adaptada)##“Cada um destes 
fatores constitui, para as Nações Unidas, os 
desafios iminentes que exigem respostas da 
humanidade” (7º parágrafo). Nessa frase, a 
preposição “para” possui valor semântico de:
a) comparação
b) finalidade
c) explicação
d) direção
e) conformidade
Resposta: E
Comentário: Na sentença em questão, a 
preposição empregada pode ser entendida 
com o sentido de “conforme”, o que - 
claramente - indica conformidade. Ainda 
existe outra possibilidade de entender 
o sentido dessa sentença, trocando a 
preposição “para” pela locução “de acordo 
com”. 
-------------------------- ------------------------
Todos chegarão lá
 RIO DE JANEIRO – O Brasil está 
envelhecendo. Segundo instituições oficiais 
calculam, 20% da população terá mais de 
60 anos em 2030. É o óbvio: vive-se mais, 
morre-se menos e as taxas de fecundidade 
estão caindo – e olhe que nunca se viram 
tantos gêmeos em carrinhos duplos no 
calçadão de Ipanema.
 Em números absolutos, esperam-se 
perto de 50 milhões de idosos em 2030 – 
imagine o volume de Lexotan, Viagra e fraldas 
geriátricas que isso vai exigir. Não quer dizer 
que a maioria desses macróbios seguirá o 
padrão dos velhos de antigamente, que, 
mal passados dos 60, equipados com boina, 
cachecol, suéter e cobertor nas pernas, eram 
levados para tomar sol no parquinho.
 Como a sociedade mudou muito, creio 
que os velhos de 2030 se parecerão cada vez 
mais com meus vizinhos do Baixo Vovô, aqui 
no Leblon – uma rede de vôlei frequentada 
diariamente por sexa ou septuagenários, 
com músculos invejáveis e capazes de saques 
mortíferos. A vida para eles nunca parou. Para 
eles, o lema é: se não se trabalha, diverte-se.
 
18
LÍNGUA PORTUGUESA
 Por sorte, a aceitação do velho é agora 
maior do que nunca. Bem diferente de 1968 
– apogeu de algo que me parecia fabricado, 
chamado “Poder Jovem” –, em que ser velho 
era quase uma ofensa. À idade da razão, que 
deveria ser a aspiração de todos, sobrepunha-
se o que Nelson Rodrigues denunciava como 
“a razão da idade” – a juventude justificando 
todas as injustiças e ignomínias (como as 
ocorridas na China, em que velhos eram 
humilhados publicamente por serem velhos, 
durante a Revolução Cultural).
 Enquanto naquela mesma época 
o rock era praticado por jovens esbeltos, 
bonitos e de longas cabeleiras, para uma 
plateia de rapazes e moças idem, hoje, 
como se viu no Rock in Rio, ele é praticado 
por velhos carecas, gordos e tatuados, para 
garotos que podiam ser seus netos. Já se 
pode confiar em maiores de 60 anos e, um 
dia, todos chegarão lá.
(Ruy Castro. Folha de S.Paulo. 04.10.2013. 
Adaptado)
28. (VUNESP – Adaptada)##A frase em que 
a preposição destacada estabelece uma 
relação de lugar é:
a) (...) 20% da população terá mais de 60 
anos em 2030. (1.° parágrafo)
b) Em números absolutos, esperam-se 
perto de 50 milhões de idosos em 2030 (...) 
(2.° parágrafo)
c) Bem diferente de 1968 – apogeu de algo 
que me parecia fabricado, chamado “Poder 
Jovem” –, em que ser velho era quase uma 
ofensa. (4.° parágrafo)
d) (...) (como as ocorridas na China, em que 
velhos eram humilhados publicamente 
por serem velhos, durante a Revolução 
Cultural). (4.° parágrafo)
e) Já se pode confiar em maiores de 60 anos 
e, um dia, todos chegarão lá. (5.° parágrafo)
Resposta: D
Comentário: Na letra A, a preposição indica 
tempo, pois se associa ao numeral que indica 
o ano; na letra B, a ideia transmitida é de 
modo; na letra C, a preposição se relaciona 
ao ano de 1968, portanto, o sentido é 
temporal. Na letra D, a preposição se 
relacionada ao pronome “que” para formar 
um adjunto adverbial de lugar - ao retomar 
o termo China -; na letra E, a preposição 
introduz o complemento do verbo “confiar”.
29. (FUMARC - Adaptada)##Assinale a 
alternativa em que a substituição da 
preposição em destaque pela dos parênteses 
implique erro.
a) O nome do Diretor Financeiro não 
constou na ata. (de)
b) Depois que me aposentar, pretendo ir 
para o exterior. (a)
c) É de Robert Frost a afirmativa de que o 
júri consta de doze pessoas escolhidas para 
decidirem quem tem o melhor advogado. 
(em)
d) Ainda não temos confirmação da 
organização do congresso, mas, se tudo 
der certo, vamos a Estocolmo nas próximas 
férias de julho. (para)
Resposta: C
Comentário: Na letra A, não há problemas 
para a correção gramatical, em virtude de 
a preposição “de” também poder funcionar 
como introdução de complemento do verbo 
constar (nesse caso, significa algo como 
“estar na formulação de”. Na letra B, a 
preposição “a” indica direção ou movimento, 
logo, não há prejuízo para a correção ou para 
o sentido. Na letra C, não é possível utilizar 
a preposição “em”, por razão da regência 
do substantivo “afirmativa”, que deve 
ter o seu complemento introduzido pela 
preposição “de”. Na letra D, a despeito da 
mudança de sentido, não há erro em trocar 
a preposição, pois as duas significam destino 
ou orientação. 
19
LÍNGUA PORTUGUESA
Note-se, em tempo, que a mudança 
de sentido promovida pela troca das 
preposições “a” por “para”, no sentido 
de orientação ou destino, tem a ver com 
a noção de permanência: utilizando a 
preposição “para”, não há o indicativo de 
retorno; utilizando a preposição “a”, há o 
indicativo. 
-------------------------- ------------------------
 A figura do ancião, desde o início dos 
relatos das primeiras civilizações, é muito 
controversa e discutida. No mundo ociden-
tal, o senso comum das principais culturas 
muitas vezes discordava dos ensinamentos 
das filosofias clássicas sobre as contribui-
ções da velhice para a sociedade. O estudo 
das reais condições trazidas pelo avanço da 
idade gerou diversas discussões éticas sobre 
as percepções biossociais dos processos de 
mudança do corpo. Médicos, biólogos, psicó-
logos e antropólogos ainda hoje não conse-
guem obter consenso sobre esse fenômeno 
em suas respectivas áreas.
 Muitas culturas ocidentais descrevem o 
estereótipo do jovem como corajoso, deste-
mido, forte e indolente. Já a figurado idoso 
é retratada como um peso morto, um chato 
em decadência corporal e mental. Percep-
ção preconceituosa que foi levada ao extre-
mo no século XX pelos portugueses durante 
a ditadura de Antônio Salazar, notório por 
usar a perseguição aos idosos como bandei-
ra política. Atletas e artistas cotidianamen-
te debatem o avanço da idade com medo e 
desgosto, enquanto especial istas da saúde 
questionam se há deterioração ou mudança 
adapta-tiva do corpo humano.
 Nas culturas orientais, assim como na 
maioria das filosofias clássicas, a velhice 
é vista de um ângulo positivo, sendo fonte 
de sabedoria e meta para uma vida guiada 
pela prudência. O sábio ancião, que perso-
nifica a figura do homem calmo, austero, e 
que muitas vezes é capaz de prever certas 
situações e aconselhar, se destaca em rela-
ção ao jovem cheio de energia e de hormô-
nios instáveis. Porém, apesar dos filósofos 
apreciarem o avanço da idade, nem todos 
eles tinham a mesma opinião sobre a velhi-
ce. O jovem Platão tinha como inspiração o 
velho filósofo Sócrates. Apesar de ser desfa-
vorecido materialmente, Sócrates possuía 
muita experiência e uma sabedoria ímpar 
que marcou a história do pensamento. Em 
A República , Platão retrata uma discussão 
filosófica sobre a justiça ocorrida na casa do 
velho Céfalo, homem importante e respei-
tável em Atenas, que propiciava discussões 
filosóficas entre os mais velhos e os jovens 
que contemplavam os diálogos. Na socieda-
de ideal desse filósofo, os jovens muitas ve-
zes eram retratados como inconsequentes e 
ingênuos, a exemplo de Polemarco, filho de 
Céfalo.
Nesta sociedade ideal, crianças e adolescen-
tes não recebiam diretamente o ensino da 
Filosofia. Por ser um conhecimento nobre e 
difícil, [ela] era ensinada somente para pes-
soas de idade mais avançada.
 Dentre os filósofos clássicos, o maior crí-
tico sobre a construção filosófica da ideia de 
“velhice” era o estoico Sêneca. Para ele, Pla-
tão, Aristóteles e Epicuro construíram uma 
concepção mitológica da figura do velho. Os 
idosos que ele conheceu em Roma muitas 
vezes não eram tão felizes como descreviam 
os gregos. Muitos deles, observou Sêne-
ca, pareciam tranquilos, mas no fundo não 
eram. A aparente tranquilidade decorria de 
seu cansaço e desânimo por não conseguir 
mais lutar por aquilo que queriam. Não bus-
caram a ataraxia enquanto jovens, ou seja, a 
tranquilidade da alma e a ausência de per-
turbações frente aos desafios impostos pela 
vida.
 Se envelhecer é uma “droga”, como afir-
ma o ator Arnold Schwarzenegger, ou se [a 
velhice] é a “melhor idade”, como dizem 
muitos aposentados, esses discursos não 
contribuem para uma resposta definitiva 
para o estudo científico. Afinal, o conceito 
de velhice não é um fenômeno puramente 
biológico, mas também fruto de uma cons-
trução social e psicoemocional.
MEUCCI, Arthur. Rev. Filosofia : março de 
2013, p. 72-3.
20
LÍNGUA PORTUGUESA
30. (FUNCAB – Adaptada)##No período: “[...] 
Por ser um conhecimento nobre e difícil, 
[ela] era ensinada somente para pessoas de 
idade mais avançada.” (§ 3) a preposição POR 
introduz a mesma circunstância que em:
a) batalhar por conseguir um lugar ao sol.
b) perder o emprego por incompetência.
c) corresponder-se com amigos por email
d) ausentar-se por algumas semanas.
e) relarcear os olhos por toda a sala.
Resposta: B
Comentário: Na letra A, a preposição 
introduz o sentido de finalidade (lutar para 
conseguir algo); na letra B, a preposição 
introduz o sentido de causa, que é idêntico 
ao do comando da questão. Na letra C, a 
preposição introduz o sentido de modo. Na 
letra D, a preposição introduz o sentido de 
tempo. Na letra E, a preposição introduz 
sentido de lugar. 
31. (IBFC - Adaptada)##Considere os versos 
abaixo para responder às questões 20 e 21 
seguintes.
I. “A esperança vem do sul”
II. “vem no café que produzimos”
Nos versos em análise, foram destacadas 
contrações de preposições. Assinale a opção 
que apresenta, respectivamente, os valores 
semânticos que elas introduzem.
a) lugar e lugar
b) lugar e meio
c) meio e meio
d) meio e tempo
e) lugar e tempo
Resposta: B
Comentário: A contração a que o comando 
da questão alude está relacionada à soma 
das preposições “de” e “em” com o artigo 
definido masculino “o”. Na construção “vir 
do sul”, o adjunto adverbial revela a ideia de 
lugar, ao passo que, na construção “vir no 
café”, o adjunto adverbial revela a ideia de 
meio. 
32. (Makiyama – Adaptada)##Assinale a 
alternativa em que a preposição destacada 
estabelece sentido de origem: 
a) Apesar do mau tempo, viajou.
b) O professor sequer quis ouvir às 
solicitações do aluno.
c) Os vitrais chegaram aqui em pedaços.
d) Este xale é de seda pura.
e) As crianças não gostaram do ensopado 
de jiló.
Resposta: B
Comentário: Na letra A, a preposição 
estabelece o sentido de concessão; na letra 
B, a solicitação é proveniente do aluno, 
logo, a preposição indica origem. Na letra 
C, a preposição indica o sentido de modo; 
na letra D, a preposição indica o sentido de 
material (xale de seda); na letra E, o sentido 
empregado é o de material também (sopa 
feita com / de jiló). 
33. (FJG – Adaptada)##“bem como os 
direitos originários sobre as terras que 
tradicionalmente ocupam” (2º parágrafo). 
A preposição em destaque pode preencher 
corretamente a lacuna em:
a) Nos conflitos com fazendeiros, índios às 
vezes são violentos, pois agem ___ pressão.
b) Frequentemente, a juventude clama ___ 
direitos que não são respeitados.
c) Políticos da oposição votaram ___ o nosso 
projeto.
d) A autora divulga dados ___ a situação 
atual dos povos indígenas.
21
LÍNGUA PORTUGUESA
Resposta: D
Comentário: Na letra A, a palavra correta 
é “sob” e não “sobre”. Na letra B, a 
preposição a ser empregada é “por”. Na 
letra C, a preposição em questão deveria ser 
“em” (apesar de dever aparecer na forma 
contrata). Finalmente, a sentença correta 
será a da letra D, pois a preposição deve 
introduzir ideia de assunto (sobre), nesse 
caso a frase conteria a informação “dados 
sobre a situação atual”. 
34. (VUNESP – Adaptada)##Em – ... cada um 
de nós morre um pouco quando alguém, na 
distância e no tempo, rasga alguma carta 
nossa, e não tem esse gesto de deixá-la em 
algum canto,... – a expressão em destaque 
introduz a ideia de
a) posse.
b) tempo.
c) modo.
d) causa.
e) lugar.
Resposta: E
Comentário: A preposição “em” associada 
ao termo “algum canto” cria a ideia de lugar. 
35. (VUNESP – Adaptada)##Assinale a 
alternativa em que o termo em destaque 
expressa circunstância de posse.
a) Era razoável, e diante da testemunha abri 
a bolsa, não sem experimentar a sensação 
de violar uma intimidade.
b) Hesitei: constrangia-me abrir a bolsa de 
uma desconhecida ausente; nada haveria 
nela que me dissesse respeito.
c) Por isso, grande foi a minha emoção ao 
deparar, no assento do ônibus, com uma 
bolsa preta de senhora.
d) Mas eu não estava preparado para achar 
uma bolsa, e comuniquei a descoberta ao 
passageiro mais próximo.
e) ... e sei de um polonês que achou um 
piano na praia do Leblon.
Resposta: B
Comentário: Na letra A, a ideia transmitida 
é a de lugar (diante de); na letra B, a ideia 
transmitida é a de posse (a bolsa pertencia a 
uma desconhecida); na letra C, a preposição 
estabelece o sentido de lugar; na letra D, a 
preposição introduz o sentido de finalidade; 
na letra E, o sentido transmitido é o de 
assunto (saber de / sobre). 
PRONOMES
Da utilidade dos animais
Terceiro dia de aula. A professora é um 
amor. Na sala, estampas coloridas 1 
mostram animais de todos os feitios.
“É preciso querer bem a eles”, diz a 
professora, com um sorriso que envolve 
toda a fauna, protegendo-a. “Eles têm 
direito à vida,
como nós, além disso são muito úteis. Quem 
não sabe que o cachorro é o maior amigo da 
gente? Cachorro faz muita falta. Mas
4 não é só ele não. A galinha, o peixe, a 
vaca... Todos ajudam.”
— Aquele cabeludo ali, professora, também 
ajuda?
— Aquele? É o iaque, um boi da ÁsiaCentral. 
Aquele serve de montaria e de burro de 
carga. Do pêlo se fazem perucas
7 bacaninhas. E a carne, dizem que é 
gostosa.
— Mas se serve de montaria, como é que a 
gente vai comer ele?
— Bem, primeiro serve para uma coisa, 
depois para outra. Vamos adiante. Este é o 
texugo. Se vocês quiserem pintar a
22
LÍNGUA PORTUGUESA
10 parede do quarto, escolham pincel de 
texugo. Parece que é ótimo.
— Ele faz pincel, professora?
— Quem, o texugo? Não, só fornece o 
pêlo. Para pincel de barba também, que o 
Arturzinho vai usar quando crescer.
13 Arturzinho afirmou que pretende usar 
barbeador elétrico. Além do mais, não 
gostaria de pelar o texugo, uma vez que 
devemos
gostar dele, mas a professora já explicava a 
utilidade do canguru:
— Bolsas, malas, maletas, tudo isso o couro 
do canguru dá pra gente. Não falando na 
carne. Canguru é utilíssimo.
16 — Vivo, fessora?
— A vicunha, que vocês estão vendo aí, 
produz... produz é maneira de dizer, ela 
fornece, ou por outra, com o pêlo dela
nós preparamos ponchos, mantas, 
cobertores etc.
19 — Depois a gente come a vicunha, né, 
fessora?
— Daniel, não é preciso comer todos os 
animais. Basta retirar a lã da vicunha, que 
torna a crescer...
— E a gente torna a cortar? Ela não tem 
sossego, tadinha.
22 — Vejam agora como a zebra é 
camarada. Trabalha no circo, e seu couro 
listrado serve para forro de cadeira, de 
almofada e para tapete. Também se 
aproveita a carne, sabem?
— A carne também é listrada? — pergunta 
que desencadeia riso geral.
25 — Não riam da Betty, ela é uma garota 
que quer saber direito as coisas. Querida, 
eu nunca vi carne de zebra no açougue, 
mas posso garantir que não é listrada. Se 
fosse, não deixaria de ser comestível por 
causa disto. Ah, o pingüim? Este vocês 
já conhecem da praia do Leblon, onde 
costuma aparecer, trazido pela correnteza. 
Pensam que só serve para brincar? Estão
28 enganados. Vocês devem respeitar o 
bichinho. O excremento — não sabem o 
que é? O cocô do pinguim é um adubo 
maravilhoso: guano, rico em nitrato. O óleo 
feito com a gordura do pinguim...
— A senhora disse que a gente deve 
respeitar. — Claro. Mas o óleo é bom.
31 — Do javali, professora, duvido que a 
gente lucre alguma coisa.
— Pois lucra. O pêlo dá escovas de ótima 
qualidade.
— E o castor? — Pois quando voltar a moda 
do chapéu para homens, o castor vai prestar 
muito serviço. Aliás, já presta,
34 com a pele usada para agasalhos. É o 
que se pode chamar um bom exemplo.
— Eu, hem?
— Dos chifres do rinoceronte, Belá, você 
pode encomendar um vaso raro para o 
living de sua casa. Do couro da girafa,
37 Luís Gabriel pode tirar um escudo 
de verdade, deixando os pêlos da cauda 
para Teresa fazer um bracelete genial. A 
tartaruga-marinha, meu Deus, é de uma 
utilidade que vocês não calculam. Comem-
se os ovos e toma-se a sopa: uma de-lí-cia. O 
casco serve para fabricar pentes, cigarreiras, 
tanta coisa... O biguá é engraçado.
40 — Engraçado, como? Apanha peixe pra 
gente.
— Apanha e entrega, professora?
— Não é bem assim. Você bota um anel no 
pescoço dele, e o biguá pega o peixe mas 
não pode engolir. Então você tira
43 o peixe da goela do biguá.
— Bobo que ele é.
— Não. É útil. Ai de nós se não fossem 
os animais que nos ajudam de todas as 
maneiras. Por isso que eu digo: devemos
46 amar os animais, e não maltratá-los de 
23
LÍNGUA PORTUGUESA
jeito nenhum. Entendeu, Ricardo?
— Entendi. A gente deve amar, respeitar, 
pelar e comer os animais, e aproveitar bem 
o pêlo, o couro e os ossos.
Carlos Drummond de Andrade. De notícias & 
não-notícias faz-se a crônica. Rio de Janeiro: 
Record, 1993, p. 113-5 (com adaptações).
36. (CESPE) A frase “Vocês devem respeitar 
o bichinho” (L.28) permanecerá correta se o 
trecho sublinhado for substituído por lhe.
Resposta: Errado. 
Comentário: a substituição não é possível, 
porque a palavra “lhe” é um pronome que 
serve para ocupar o lugar textual de termos 
que estão preposicionados. Como na frase 
o verbo é transitivo direto e não exige 
preposição, não se pode empregar a forma 
pronominal “lhe”. O correto seria empregar 
a forma “lo”.
-------------------------- ------------------------
 Todos nós, homens e mulheres, 
adultos e jovens, passamos boa parte da vida 
tendo de optar entre o certo e o errado, entre 
o bem e o mal. Na realidade, entre o que 
consideramos bem e o que consideramos mal. 
Apesar da longa permanência da questão, o 
que se considera certo e o que se considera 
errado muda ao longo da história e ao redor 
do globo terrestre.
 Ainda hoje, em certos lugares, a 
previsão da pena de morte autoriza o Estado 
a matar em nome da justiça. Em outras 
sociedades, o direito à vida é inviolável e nem 
o Estado nem ninguém tem o direito de tirar 
a vida alheia. Tempos atrás era tido como 
legítimo espancarem-se mulheres e crianças, 
escravizarem-se povos. Hoje em dia, embora 
ainda se saiba de casos de espancamento de 
mulheres e crianças, de trabalho escravo, 
esses comportamentos são publicamente 
condenados na maior parte do mundo.
 Mas a opção entre o certo e o errado 
não se coloca apenas na esfera de temas 
polêmicos que atraem os holofotes da 
mídia. Muitas e muitas vezes é na solidão da 
consciência de cada um de nós, homens e 
mulheres, pequenos e grandes, que certo e 
errado se enfrentam. E a ética é o domínio 
desse enfrentamento.
Marisa Lajolo. Entre o bem e o mal. In: 
Histórias sobre a ética. 5.ª ed. São Paulo: 
Ática, 2008 (com adaptações).
37. (CESPE- Adaptada) No trecho “o que 
consideramos bem” (l.3), o vocábulo “que” 
classifica-se como pronome e exerce a 
função de complemento da forma verbal 
“consideramos”.
Resposta: Gabarito: certo.
Comentário: a palavra “que” é um pronome 
relativo, que retoma o pronome antecedente 
(o demonstrativo “o”) e faz a relação 
sintática com o verbo considerar – que é um 
transitivo direto. Isso obriga a identificação 
do pronome como complemento da forma 
verbal, ou seja, o pronome desempenha a 
função sintática de objeto direto do verbo 
“considerar” e a palavra “bem” funciona 
como predicativo do objeto direto.
-------------------------- ------------------------
 Estou comendo umas empanadas 
e bebendo um vinho, ao entardecer, em 
uma modesta casa em Assunção, capital 
do Paraguai. Há qualquer coisa de meigo 
por aqui. E não é só porque entendem o 
português e aceitam o real como moeda. 
Há uma simpatia pelo Brasil, apesar de 
nosso fantasma imperialista, que vem desde 
aquela maldita guerra que arrasou o país. E 
isso é curioso porque minha geração dizia 
que imperialistas eram os norte-americanos. 
Mas aqui dão como exemplo atual a represa 
de Itaipu, cujo contrato é leonino contra o 
Paraguai.
24
LÍNGUA PORTUGUESA
Affonso Romano de Sant’Anna. Ali, no 
Paraguai. In: Correio Braziliense, 16/12/2007 
(com adaptações)
38. (CESPE - Adaptada) Na linha 8, o pronome 
relativo “cujo” estabelece a relação de posse 
entre “represa de Itaipu” e “contrato”. 
Resposta: Certo.
Comentário: o pronome “cujo” indica uma 
relação de posse sempre que empregado, 
como se houvesse em seu conteúdo 
semântico a preposição “de”, ou seja, “cujo” 
significa alguma coisa como “de algo”. 
No texto, o relacionamento é feito entre 
dois substantivos: represa e contrato. A 
interpretação evidente dessa relação é que 
o contrato pertence à represa. 
-------------------------- ------------------------
 A promoção da igualdade de 
oportunidades e a eliminação de todas as 
formas de discriminação são alguns dos 
elementos fundamentais da Declaração 
dos Direitos e Princípios Fundamentais do 
Trabalho e da Agenda do Trabalho Decente 
da Organização Internacional do Trabalho 
(OIT).
 Um requisito básico para que o 
crescimento econômico dos países se 
traduza em menos pobreza e maior bem-
estar e justiça social é melhorar as condições 
de vida das mulheres, dos negros e de outros 
grupos discriminados da sociedade; outro 
é aumentar sua possibilidade de acesso a 
empregos capazes de garantir uma vida 
digna para si próprios e para suas famílias.A pobreza está diretamente relacionada aos 
níveis e padrões de emprego, assim como às 
desigualdades e à discriminação existentes 
na sociedade. Além disso, as diferentes 
formas de discriminação estão fortemente 
associadas aos fenômenos de exclusão social 
que dão origem à pobreza e são responsáveis 
pelos diversos tipos de vulnerabilidade e pela 
criação de barreiras adicionais que impedem 
as pessoas e grupos discriminados de superar 
situações de pobreza.
 A erradicação da pobreza vem sendo 
considerada uma das maiores prioridades para 
a construção de sociedades mais justas, assim 
como vem aumentando o reconhecimento 
de que as causas e condições de pobreza 
são diferentes para homens e mulheres, 
negros e brancos. Por isso, estão sendo 
realizados esforços para que as necessidades 
das mulheres e negros sejam consideradas 
de forma explícita e efetiva nas estratégias 
de redução da pobreza e nas políticas de 
geração de emprego e renda.
Internet: <www.oit.org.br> (com 
adaptações)
39. (CESPE - Adaptada) Em “sua possibilidade 
de acesso” (l.8), o termo “sua” corresponde 
a da sociedade
Resposta: Errado.
Comentário: o pronome retoma 
semanticamente os referentes “as 
mulheres”, “os negros” e “os outros grupos 
discriminados da sociedade”. Isso ocorre, 
porque o termo referente é um grupo 
semântico subdividido, ou seja, há mais de 
um elemento de referência para a formação 
do parágrafo. Na retomada, o pronome de 
3ª pessoa recupera todos os elementos, não 
um particularmente.
-------------------------- ------------------------
 O conceito de consumo consciente não 
envolve apenas o que você consome, mas 
também como você consome um produto, 
de quem você o adquire e qual será o seu 
destino após descartá-lo. Pouco adianta usar 
sacolas retornáveis de uma empresa que não 
toma o devido cuidado em seu processo de 
produção, ou comprar alimentos orgânicos 
de um produtor que não registra devidamente 
25
LÍNGUA PORTUGUESA
seus empregados, mas utiliza mão de obra 
infantil ou escrava.
 Pesquisa recente promovida pelo 
Ministério do Meio Ambiente (MMA) apontou 
que dois terços dos brasileiros disseram 
desconhecer o significado do termo consumo 
consciente. Dos que responderam saber o 
seu significado, 54% o definiram como o 
ato de consumir produtos ou serviços que 
não agridam o meio ambiente nem a saúde 
humana. Há diversas abordagens sobre a 
definição de consumo consciente. De maneira 
geral, todas elas passam pela prática de 
consumir produtos com consciência de seus 
impactos, buscando a sustentabilidade.
 O Programa das Nações Unidas para 
o Meio Ambiente (PNUMA), por exemplo, 
indica que a utilização de bens e serviços 
precisa atender às necessidades básicas 
e proporcionar melhor qualidade de vida. 
Ao mesmo tempo, um produto ou serviço 
deve minimizar o uso de recursos naturais 
e materiais tóxicos, assim como diminuir a 
emissão de poluentes e a geração de resíduos.
 Para o MMA, o consumo consciente 
é uma contribuição voluntária, cotidiana 
e solidária do cidadão para garantir a 
sustentabilidade da vida no planeta. Envolve 
a ampliação dos impactos positivos e a 
diminuição dos impactos negativos no meio 
ambiente, na economia e nas relações sociais.
Internet: <www.brasil.gov.br> (com 
adaptações).
40. (CESPE - Adaptada) Na linha 4, o pronome 
“seu” pode fazer referência tanto ao processo 
de produção de sacolas retornáveis quanto 
ao processo de produção utilizado pela 
empresa hipotética mencionada, de forma 
geral. 
Resposta: Certo.
Comentário: nas questões de retomada, 
é importante observar que os pronomes 
necessitam de núcleos semânticos de 
referência, ou seja, outros pronomes, 
substantivos ou expressões substantivadas 
que sirvam para a progressão do texto. No 
caso do pronome “seu”, deve-se entender 
que ele faz uma retomada de 3ª pessoa e, na 
frase apresentada, há dois substantivos que 
poderiam receber o aporte semântico do 
termo processo: sacolas e empresa. Desse 
modo, há ambiguidade na interpretação dos 
elementos.
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I. A comunicação é uma característica 
inerente ao ser humano.
II. As pessoas estão mergulhadas em 
processos comunicativos o tempo todo. 
III. Do sucesso no circuito comunicacional 
dependem a existência e a felicidade pessoal. 
IV. Entre os diferentes tipos de comunicação, 
o mais importante é a comunicação 
interpessoal, que diz respeito à capacidade 
de dialogar, à troca de informações, seja 
por meio do contato físico direto, seja por 
intermédio de dispositivos técnicos criados 
pelo homem com o fim de transmissão de 
mensagens.
V. Nas sociedades orais, aquelas que não 
dispunham de nenhum sistema de escrita, as 
mensagens eram recebidas no tempo e no 
lugar em que eram emitidas.
41. (CESPE - Adaptada) No período que 
constitui a assertiva V, as duas ocorrências 
do pronome relativo “que” exercem funções 
sintáticas distintas.
Resposta: Certo.
Comentário: na primeira ocorrência do 
pronome, ele desempenha a função de 
sujeito do verbo dizer; na segunda ocorrência, 
o pronome desempenha a função de núcleo 
do adjunto adverbial. 
26
LÍNGUA PORTUGUESA
 Existem muitas maneiras de se 
enxergar uma empresa. Uma delas é vê-la 
como uma máquina. E não se trata de uma 
analogia nova. A era industrial foi construída 
com base nesse paradigma, sustentado 
pelas teorias dos cientistas Taylor e Fayol, 
que acreditavam (e isso fazia sentido para 
a época em que viveram) que uma empresa 
tinha de funcionar como um infalível relógio 
ou como uma locomotiva, programada para 
cumprir, rigorosamente, seus tempos de 
parada e locomoção, de maneira a garantir 
o andamento do sistema ferroviário, sem 
atrasos nem acidentes. Para isso, colocaram 
a produtividade como principal meta, 
assegurada por um sistema técnico de alta 
eficiência.
 Uma empresa até pode se parecer 
com uma máquina, quando existe uma 
tarefa contínua a ser desempenhada. Nesse 
caso, a mecanização da tarefa, de maneira 
integralmente repetitiva, pode diminuir a 
quantidade de erros. O mesmo raciocínio 
continua valendo, se a empresa estiver 
situada em um ambiente estável, ou seja, 
onde os fatores externos pouco ou nada 
interferem no seu desempenho. Ou quando a 
criatividade, produto mais nobre e valioso do 
sistema humano, é considerada indesejável.
 Tornar as tarefas repetitivas para 
eliminar erros é, talvez, o maior equívoco 
em que se pode incorrer. Afinal, os erros 
acontecem justamente quando o indivíduo 
liga o piloto automático. E o piloto automático 
é acionado quando o trabalho a ser feito 
não traz significado algum para aquele que 
o executa. Destituído de sentido, o trabalho 
se transforma em tarefa enfadonha, que traz 
apenas aborrecimento, o que, por sua vez, 
gera a pressa de acabar logo com aquela 
tortura, na ânsia de reencontrar a alma 
deixada na porta de entrada da empresa, ao 
lado do marcador de ponto.
Internet: <www.empreendedor.com.br> 
(com adaptações).
42. (CESPE - Adaptada) Mantendo-se a 
correção gramatical do texto, é correto 
substituir-se “colocaram a produtividade 
como principal meta” (l.11-12) por colocaram-
lhe na situação de meta principal.
Resposta: Errado.
Comentário: não se pode fazer a 
alteração proposta, porque a expressão 
“a produtividade” funciona como um 
complemento direto do verbo “colocar”. 
Isso mostra que não é possível aplicar a 
forma pronominal “lhe”, que substitui uma 
expressão preposicionada.
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“Não é difícil governar a Itália. É inútil.” O 
ditador Benito Mussolini cunhou essa frase 
com a pretensão de jogar sobre o povo 
italiano todas as mazelas do país. Contudo, 
a história vem mostrando que a famosa 
frase embute uma verdade, só que em um 
sentido invertido. Inúteis são governantes 
como Mussolini e Silvio Berlusconi, o bufão 
de 75 anos que foi primeiro-ministro por três 
vezes e agora cai por absoluta incapacidade 
de apresentar soluções para a brutal crise 
econômica da Itália. O último mandato

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