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LÍNGUA PORTUGUESA
PROF. PABLO JAMILK 
QUESTÕES 
COMENTADAS E
 GABARITADAS
2
LÍNGUA PORTUGUESA
SUMÁRIO
MORFOLOGIA........................................................................................................03
VOZES VERBAIS.....................................................................................................28
SINTAXE..................................................................................................................36
COLOCAÇÃO PRONOMINAL E EMPREGO DO PRONOME..............................67
ACENTUAÇÃO GRÁFICA.......................................................................................88
CONCORDÂNCIA....................................................................................................91
EMPREGO DO SINAL INDICATIVO E CRASE......................................................99
PONTUAÇÃO..........................................................................................................116
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO...............................................................................126
REDAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIAS OFICIAIS................................................139
@pablojamilk
YouTube.com/pablojamilkoficial
@pjamilk 
www.pablojamilk.com.br
Facebook.com/pablojamilkoficial
3
LÍNGUA PORTUGUESA
EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS
ARTIGO 
Um embate entre instituições de ensino 
superior, editoras e autores é travado há anos. 
Com o argumento de que livros são caros e 
muitas vezes apenas um capítulo é necessário 
para o curso, alunos e professores lançam 
mão de cópias de partes de publicações 
ou de apostilas para economizar. O debate 
voltou à tona após policiais da Delegacia 
Antipirataria apreenderem, no mês passado, 
mais de duzentas pastas com textos para 
serem reproduzidos em uma universidade 
do Rio de Janeiro, sob a alegação de crime 
de direitos autorais. O operador da máquina 
foi detido, e a universidade, indignada, criou 
normas para regulamentar as cópias dentro 
de seus estabelecimentos. Uma alternativa 
legal, porém, existe há quatro anos, mas só 
agora começa a ser efetivada em algumas 
universidades: a venda de capítulos avulsos.
Luciani Gomes. In: IstoÉ, 6/10/2010 (com 
adaptações)
01. (CESPE – Adaptada)##A inserção do 
artigo definido plural os imediatamente 
antes da palavra “policiais” (l.6) não alteraria 
o sentido original do período.
Resposta: Errado.
Comentário: como não havia artigo no 
texto original, o substantivo “policiais” 
foi empregado de maneira genérica. Caso 
houvesse a inserção do artigo definido plural, 
o entendimento seria de que o substantivo 
passaria à determinação, ou seja, haveria 
um substantivo saliente (já mencionado) 
no texto que passa a ser retomado pelo 
referente. A presença do artigo altera o 
sentido original do período, que era de 
generalização do substantivo.
MORFOLOGIA
Na verdade, o que hoje definimos como 
democracia só foi possível em sociedades de 
tipo capitalista, mas não necessariamente de 
mercado. De modo geral, a democratização 
das sociedades impõe limites ao mercado, 
assim como desigualdades sociais em geral 
não contribuem para a fixação de uma 
tradição democrática. Penso que temos de 
refletir um pouco a respeito do que significa 
democracia. Para mim, não se trata de um 
regime com características fixas, mas de um 
processo que, apesar de constituir formas 
institucionais, não se esgota nelas. É tempo 
de voltar ao filósofo Espinosa e imaginar a 
democracia como uma potencialidade do 
social, que, se de um lado exige a criação 
de formas e de configurações legais e 
institucionais, por outro não permite parar. A 
democratização no século XX não se limitou 
à extensão de direitos políticos e civis. O 
tema da igualdade atravessou, com maior 
ou menor força, as chamadas sociedades 
ocidentais.
Renato Lessa. Democracia em debate. In: 
Revista Cult, n.º 137, ano 12, jul./2009, p. 57 
(com adaptações).
02. (CESPE - Adaptada)##Preservam-se a 
correção gramatical e a coerência textual ao 
se optar pela determinação do substantivo 
“respeito” (l.6), juntando-se o artigo definido 
à preposição “a”, escrevendo-se ao respeito.
Resposta: Errado. 
Comentário: a expressão “a respeito de” 
é uma locução prepositiva, formada por 
uma preposição, um substantivo e uma 
preposição. Ao inserir um artigo antes do 
substantivo “respeito”, descaracteriza-se 
a locução prepositiva, o que causa erro na 
construção do parágrafo. 
-------------------------- ------------------------
 Costumamos olhar pouco para fora 
do Brasil quando tentamos compreender 
o que estamos vivendo. Faz muito que a 
4
LÍNGUA PORTUGUESA
distância entre os países desapareceu, no 
plano objetivo. Continuamos, porém, vivendo 
“isolados do mundo”, como diz uma canção, 
ainda que apenas na subjetividade. 
 Se pensarmos no que está à nossa 
volta, na América do Sul, então, mais ainda. 
Mesmo quando é bem informado, o brasileiro 
típico se mostra mais capaz de dar notícia do 
que ocorre na Europa e nos Estados Unidos 
da América do que em qualquer de nossos 
vizinhos. 
 É pena, pois estar mais informados 
sobre o que acontece além das fronteiras 
pode ajudar muito a que nos entendamos 
como país. 
Marcos Coimbra. Olhando à nossa volta. 
In: Correio Braziliense, 23/9/2007 (com 
adaptações). 
03. (CESPE - Adaptada)## Preservam-se a 
coerência textual e a correção gramatical ao 
se empregar o artigo o em lugar de “como” 
(l. 11).
Resposta: Errado.
Comentário: haverá um prejuízo para 
a coerência da sentença, pois o artigo 
surge em substituição do comparativo. Na 
construção da sentença, essa comparação é 
fundamental para entender ideia ex-pressa 
pela sentença, que é o autoentendimento 
como país. 
Tópico 2:
O Jivaro
(Rubem Braga)
Um Sr. Matter, que fez uma viagem de 
exploração à América do Sul, conta a um 
jornal sua conversa com um índio jivaro, 
desses que sabem reduzir a cabeça de um 
morto até ela ficar bem pequenina. Queria 
assistir a uma dessas operações, e o índio 
lhe disse que exatamente ele tinha contas a 
acertar com um inimigo.
O Sr. Matter:
- Não, não! Um homem, não. Faça isso com a 
cabeça de um macaco.
E o índio:
- Por que um macaco? Ele não me fez nenhum 
mal!
04. (IBFC - Adaptada) Assinale a alternativa 
em que o vocábulo “a”, destacado nas opções 
abaixo, seja exclusivamente um artigo.
a) “conta a um jornal sua conversa com um 
índio jivaro,”
b) “desses que sabem reduzir a cabeça de 
um morto”
c) “Queria assistir a uma dessas operações”
d) “ele tinha contas a acertar com um 
inimigo”
e) “uma viagem de exploração à América 
do Sul”
Resposta: A 
Comentário: o “a” que antecede o termo 
cabeça deve ser classificado como artigo, 
pois, se analisarmos o termo subsequente, 
perceberemos que se trata de um substantivo. 
Nas demais alternativas, nota-se que há o 
emprego da preposição “a” em razão da 
regência dos termos “contar” e “assistir”. 
A preposição nos outros casos, surge em 
razão de haver uma locução adverbial que, 
em sua formação, usualmente é introduzida 
por uma preposição. 
-------------------- --------------------
Catar feijão (João Cabral de Melo Neto)
Catar feijão se limita com escrever
joga-se os grãos na água do alguidar1
E as palavras na folha do papel;
E depois, joga-se fora o que boiar. [...]
(João Cabral de Melo Neto)
5
LÍNGUA PORTUGUESA
05. (Makiyama - Adaptada) No trecho: “E 
as palavras na folha do papel”, o termo 
destacado morfologicamente é um 
a) adjetivo.
b) pronome.
c) artigo.
d) numeral.
e) verbo.
Resposta: C
Comentário: o termo destacado é um artigo, 
porque determina o substantivo “palavras”, 
com o qual estabelece uma relação de 
concordância, isto é, está flexionado no 
feminino e no plural. 
ADJETIVO
Tornou-se sócio de um clube da Lagoa. 
Sozinho, porém, nunca punha os pés lá, até 
que um dia se fez acompanhar pelo Lulu, 
bom atleta e péssimo funcionário, que o 
apresentara como “velho servidor do Estado” 
às principais beldades do bairro. Como 
dialogar com elas? Não conhecia futebolnem equitação, não sabia jogar baralho, 
não guardava nomes de artistas de cinema, 
ignorava os escândalos da sociedade.
06. (CESPE – Adaptada)##O termo “velho” (l. 
3) constitui exemplo de adjetivo cujo sentido 
é alterado conforme a posição em relação 
ao substantivo que modifica no sintagma — 
velho servidor / servidor velho.
Resposta: Certo.
Comentário: Considerando a alternativa, é 
preciso entender que a posição do adjetivo 
restritivo é fundamental para o entendimento 
da sentença: quando se desloca o adjetivo, 
o sentido pode ser alterado. A diferença em 
pleito é: velho servidor (servidor de longa 
data); servidor velho (um servidor com idade 
avançada).
-------------------------- ------------------------
Rememoro os Natais da Rua da União, no Re-
cife... A cozinha da casa de meu avô, aque-
la cozinha que era todo o mundo da velha 
preta Tomásia... As grandes tachas de cobre 
que deixavam o sono da despensa, o grande 
pilão de madeira, que entrava a esmagar o 
milho verde cozido... [25.XII.1960] 
BANDEIRA, Manuel. Andorinha, Andorinha. 
Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1966. 
(Com adaptações)
07. (CESGRANRIO – Adaptada)##O adjetivo 
(entre parênteses) NÃO corresponde à 
locução adjetiva (destacada) em
a) “Nos meses do verão,” (hibernais)
b) “...afastado do bulício da cidade,” 
(urbano)
c) “Às primeiras horas da tarde,” 
(vespertinas)
d) “...grandes tachas de cobre...” (cúpreas)
e) “o grande pilão de madeira,” (lígneo)
Resposta: A
Comentário: “Hibernal” é adjetivo que se 
refere à locução adjetiva “de inverno”. 
-------------------------- ------------------------
A polêmica sobre o porte de armas pela 
população não tem consenso nem mesmo 
dentro da esfera jurídica, na qual há vários 
entendimentos como: “o cidadão tem direito 
a reagir em legítima defesa e não pode ter 
cerceado seu acesso aos instrumentos de 
defesa”, ou “a utilização da força é direito 
exclusivo do Estado ”ou “o armamento da 
população mostra que o Estado é incapaz de 
garantir a segurança pública”. Independente 
de quão caloroso seja o debate, as estatísticas 
estão corretas: mais armas potencializam 
a ocorrência de crimes, sobretudo em um 
ambiente em que essas sejam obtidas por 
meios clandestinos. A partir daí, qualquer 
6
LÍNGUA PORTUGUESA
fato corriqueiro pode tornar-se letal. O porte 
de arma pelo cidadão pode dar uma falsa 
sensação de segurança, mas na realidade é 
o caminho mais curto para os registros de 
assaltos com morte de seu portador.
Internet:<http://www.serasa.com.br/
guiacontraviolencia>. Acesso em 28/9/2004 
(com adaptações).
08. (CESPE - Adaptada)##No período de 
que faz parte, o termo “Independente” (l.6) 
exerce a função de adjetivo e está no singular 
porque se refere a “debate” (l.7).
Resposta: Errado.
Comentário: A palavra “independente” é, 
morfologicamente falando, um adjetivo. 
Apesar disso, na sentença, ele foi empregado 
com função adverbial e, por essa razão, não 
há que se falar em concordância, afinal, o 
advérbio é invariável.
-------------------------- ------------------------
 O que nós conhecemos como vida é 
apenas a camada superficial de um mundo 
desco-nhecido. A grande maioria dos seres 
vivos são bactérias e microrganismos. Os 
cientistas estimam que as espécies que só 
podem ser vistas com aparelhos especiais 
cheguem a 10 milhões. Ou, quem sabe, a 
100 milhões. O biólogo norte-americano 
Craig Venter acredita que o código genético 
de microrganismos pode se transformar 
num excelente negócio no futuro. Esses 
seres microscópicos estão na base da 
cadeia alimentar e dão forma aos ciclos de 
carbono, nitrogênio e outros nutrientes que 
sustentam todo o ecossistema. Em teoria, o 
DNA deles pode conter a chave para gerar 
energia barata, desenvolver remédios e 
acertar as bagunças da natureza provocadas 
pelo avanço da civilização. Há bactérias que 
só vivem em locais onde existe petróleo. 
Quem identificá-las terá o mapa da mina 
para explorar o produto. 
Veja. 25/8/2004, p. 64-5 (com adaptações).
09. (CESPE - Adaptada)##Com o emprego 
do adjetivo “superficial” (l.1), em sentido 
conotativo, a argumentação do texto 
reforça a ideia de que a ciência tem tratado 
de maneira muito pouco aprofundada os 
conhecimentos sobre a totalidade dos seres 
vivos do planeta. 
Resposta: Errado. 
Comentário: Em primeiro lugar, o adjetivo 
não foi empregado conotativamente, 
mas sim denotativamente, pois faz alusão 
ao que é mais externo, mais exterior, 
portanto, superficial. Em segundo lugar, o 
sentido pretendido é o de que ainda não há 
conhecimento suficiente, mas não que seja 
por negligência da ciência. 
-------------------------- ------------------------
 Em 1819, o poeta John Keats, um expoente 
do movimento romântico, escreveu: “a 
verdade é bela e a beleza, verdade. Isso é 
tudo o que precisas saber em vida; tudo o que 
precisas saber”. (Perdoem-me pela tradução 
amadora.)
 Aqui, podemos perguntar: qual a 
relação da matemática com a beleza? 
Matemáticos e físicos atribuem beleza a 
teoremas e teorias, criando uma estética da 
“verdade”. Os mais belos são aqueles que 
explicam muito com pouco.
 Quando possível, os teoremas e 
teorias mais belos são também os mais 
simples: dadas duas ou mais explicações para 
o mesmo fenômeno, vence a mais simples. 
Esse critério é conhecido como a lâmina de 
Ockham, atribuído a William de Ockham, um 
teólogo inglês do século XIV. 
 Para os que creem na matemática 
como linguagem universal, essa estética leva 
à existência de uma única verdade, o que 
parece guardar relação com o monoteísmo 
judaico-cristão nas ciências. Melhor é 
defender a matemática como nossa invenção. 
Criamos uma linguagem para descrever o 
mundo, que não podemos deixar de achar 
bela.
Marcelo Gleiser. Folha de S.Paulo (com 
adaptações)
7
LÍNGUA PORTUGUESA
10. (CESPE - Adaptada)##No trecho 
“monoteísmo judaico-cristão nas ciências” 
(l. 15), o adjetivo é grafado na sua forma mais 
conhecida, embora também estejam corretas 
as formas judaicocristão e judaico cristão.
Resposta: Errado. 
Comentário: Como é um adjetivo composto, 
é preciso inserir um hífen na formação da 
palavra que, é preciso ressaltar, é feita por 
justaposição. 
-------------------------- ------------------------
 Brasil. País do verde-amarelo. Terra 
do futebol, do samba amigo e das mulatas 
sensuais. País da violência, das riquezas 
minerais e da política corrupta. Terra de 
Ronaldinho e de Chico Buarque. Alguma 
mentira? Não. Nosso país é de uma diversidade 
e de uma adversidade espantosas. De altos 
e baixos e extremos radicais. Riqueza, 
exuberância e miséria. São tantas coisas 
que falar sobre ele parece ser fácil. Ou não. 
São tantos extremos que evitar estereótipos 
parece difícil. Ou não. Todos estão sujeitos 
aos estereótipos. A ignorância e a arrogância 
permeiam esse caminho. A questão não é 
lutar para deletá-los, mas sim lutar para 
desmitificá-los.
11. (CESPE - Adaptada)##O fato de a palavra 
“verde-amarelo” (L.1) ser grafada com hífen 
mostra que se trata de uma composição 
vocabular em que o adjetivo verde passa a 
ser prefixo.
Resposta: Errado. 
Comentário: Como a palavra é composta, 
não há que se pensar em prefixação; afinal, 
esse procedimento ocorre apenas no 
processo de derivação. É preciso considerar 
que a palavra “verde” é um dos elementos 
da composição que já possui um morfema 
lexical (raiz) por si só. 
 Eu não gosto de ninguém, ele quase 
respondeu, refreando-se a tempo; faz sentido, 
ele mesmo concluía — é o pior momento da 
minha vida, sem a mulher, sem o filho, sem 
dinheiro, e desgraçadamente sem literatura. 
Uma letra de tango. Ou “um maneirista da 
própria sombra”, como escreveu Eusébio de 
Mattos no Suplemento de Arte, demolindo-o 
até a última linha com o sadismo certeiro 
dos grandes críticos. Para um país sem 
crítica, aquele texto chegava a ser uma boa 
surpresa, ainda que deixasse entrever mais o 
prazer do ataque que o lamento sincero de 
um estudioso honesto, o tsc tsc tsc diante de 
um escritorque nunca “chegou lá” na corrida 
de cavalos letrados do panorama nacional — 
e Donetti sentiu a respiração opressa pelo 
rancor. O célebre homem brasileiro cordial 
é cordial não porque seja polido, o que ele 
nunca foi, mas porque nada nunca passa 
pelo cérebro antes de chegar à vida — é só 
um coração batendo forte no meio da rua, 
que é o seu lugar.
Cristovão Tezza. Um erro emocional. 
Rio de Janeiro: Record, 2010, p. 91 (com 
adaptações).
12. (CESPE - Adaptada)##Se, em vez do 
adjetivo “célebre” (L.12), o autor tivesse 
optado pela sua forma superlativa, teria de 
acrescentar-lhe o sufixo -érrimo, da seguinte 
forma: celebérrimo.
Resposta: Certo
Comentário: A formação do superlativo de 
um adjetivo pode ser pela raiz vernácula ou 
pela raiz erudita. Com a vernácula, utiliza-
se o sufixo –íssimo; já, com a erudita, usa-
se o sufixo -érrimo. A forma célebre ficará, 
em seu superlativo absoluto sintético, como 
celebérrimo, porque a raiz latina desse 
adjetivo é “celeber”. 
8
LÍNGUA PORTUGUESA
Pesquisas constatam doses crescentes 
de pessimismo diante do que o futuro 
esteja reservando aos que habitam este 
mundo, com a globalização exacerbando a 
competitividade e colocando os Estados de 
bem-estar social nos corredores de espera 
de cumprimento da pena de morte. É preciso 
“investir no povo”, recomenda o Per Capita 
— um centro pensante, criado recentemente 
na Austrália —, com seus dons progressistas. 
Configurar um mercado no qual as empresas 
levem em consideração o interesse público, 
sejam ampliados os compromissos de 
proteção ao meio ambiente e tenham 
como objetivo o bem-estar dos indivíduos. 
A questão maior é saber como colocar em 
prática essas belezas, num momento em que 
as lutas sociais sofrem o assédio cada vez 
mais agressivo da globalização e as próprias 
barreiras ideológicas caem por terra. 
Newton Carlos. Má hora das esquerdas. 
In: Correio Braziliense, 20/11/2007 (com 
adaptações).
13. (CESPE - Adaptada)##O adjetivo 
“agressivo” (l.11) está empregado com valor 
de advérbio e corresponde, dessa forma, a 
agressivamente.
Resposta: Errado
Comentário: O adjetivo “agressivo” está 
no masculino e no singular. Por isso, já é 
possível entender que ele estabelece um 
vínculo de concordância com o substantivo 
que lhe é correlato na sentença, a palavra 
“assédio”. Não é possível dizer que se trata 
de um advérbio, porque não está vinculado a 
um verbo a um adjetivo ou a outro advérbio. 
-------------------------- ------------------------
Nicolau meteu-se na política. Em 1823, vamos 
achá-lo na Constituinte. Não há que dizer ao 
modo por que ele cumpriu os deveres do 
cargo. Íntegro, desinteressado, patriota, não 
exercia de graça essas virtudes públicas, mas 
à custa de muita tempestade moral. Pode-
se dizer, metaforicamente, que a frequência 
da câmara custava-lhe sangue precioso. 
Não era só porque os debates lhe pareciam 
insuportáveis, mas também porque lhe era 
difícil encarar certos homens, especialmente 
em certos dias. Montezuma, por exemplo, 
parecia-lhe balofo, Vergueiro, maçudo, 
os Andradas, execráveis. Cada discurso, 
não só dos principais oradores, mas dos 
secundários, era para o Nicolau verdadeiro 
suplício. E, não obstante, firme, pontual. 
Nunca a votação o achou ausente; nunca o 
nome dele soou sem eco pela augusta sala. 
Qualquer que fosse o seu desespero, sabia 
conter-se e pôr a ideia da pátria acima do 
alívio próprio. Talvez aplaudisse in petto o 
decreto de dissolução. Não afirmo; mas há 
bons fundamentos para crer que o Nicolau, 
apesar das mostras exteriores, gostou de ver 
dissolvida a assembleia. E se essa conjetura 
é verdadeira, não menos o será esta outra: 
que a deportação de alguns dos chefes 
constituintes, declarados inimigos públicos, 
veio aguar-lhe aquele prazer. Nicolau, que 
padecera com os discursos deles, não menos 
padeceu com o exílio, posto lhes desse um 
certo relevo. Se ele também fosse exilado!
Machado de Assis. Verba testamentária. In: 
J. Gledson. 50 contos de Machado de Assis. 
São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 
168 (com adaptações).
14. (CESPE - Adaptada)##O termo “balofo” 
(l.8) expressa uma característica do sujeito 
da oração na qual esse adjetivo é empregado.
Resposta: Certo.
Comentário: A oração em questão é 
“Montezuma, por exemplo, parecia-lhe 
balofo, Vergueiro, maçudo, os Andradas, 
execráveis”. Considerando que o sujeito do 
verbo parecer é o substantivo Montezuma 
e o verbo em pleito é um verbo relacional 
(de ligação), conclui-se que a função de 
predicativo do sujeito – atribuída ao adjetivo 
“balofo” – direciona-se ao sujeito da oração. 
9
LÍNGUA PORTUGUESA
CONJUNÇÕES
Embora as conquistas obtidas a partir da 
Revolução Francesa tenham possibilitado 
a consolidação da concepção de cidadania, 
elas não foram suficientes para que essa 
condição se verificasse na prática. A mera 
declaração formal das liberdades nos 
documentos e nas legislações esboroava 
diante da inexorável exclusão econômica da 
maioria da população. 
Em vista disso, já no século XIX, buscaram-
se os direitos sociais com ações estatais 
que compensassem tais desigualdades, 
municiando os desvalidos com direitos 
implantados e construídos de forma coletiva 
em prol da saúde, da educação, da moradia, 
do trabalho, do lazer e da cultura para todos. 
15. (CESPE - Adaptada)##Dada a relação 
de concessão estabelecida entre as duas 
primeiras orações do texto, a palavra 
“Embora” (l.1) poderia, sem prejuízo do 
sentido ou da correção gramatical do texto, 
ser substituída por Conquanto.
Resposta: Certo
Comentário: A palavra “embora” é 
uma conjunção subordinativa adverbial 
concessiva, assim como a palavra 
“conquanto”. Como o verbo da oração em 
que a conjunção surge foi conjugado no 
subjuntivo, é possível afirmar que não haverá 
prejuízo para a correção gramatical ou para 
o sentido da sentença.
-------------------------- ------------------------
 A impunidade de políticos não decorre 
de foro privilegiado, mas de justiça ineficiente. 
Abolir o referido mecanismo produzirá efeitos 
desfavoráveis. É compreensível a confusão. 
A designação mais conhecida, “foro 
privilegiado”, sem dúvida, sugere a existência 
de condenável regalia. Não é estranho, 
portanto, que o Congresso tenha incluído 
em sua agenda positiva um esforço para 
eliminar essa prerrogativa constitucional. 
Os parlamentares estariam, com isso, 
oferecendo o seu quinhão para o combate à 
impunidade que tradicionalmente beneficia 
políticos de todos os matizes. 
 Entretanto, há dois equívocos nesse 
raciocínio. O primeiro é imaginar que o foro 
especial — assegurado a autoridades como 
o presidente da República, governadores, 
prefeitos, congressistas e ministros de Estado 
— seja responsável pela ausência de punições 
na esfera jurídica. As numerosas instâncias 
da justiça comum favorecem a interposição 
de recursos, o que atrasa a caminhada 
processual e contribui para a impunidade. O 
segundo equívoco do raciocínio é imaginar 
que a prerrogativa de foro constitua, de fato, 
um privilégio. De um lado, porque não há 
benefício na supressão de um ou de todos 
os graus de jurisdição. De outro, porque o 
mecanismo busca assegurar um julgamento 
imparcial — em proveito não só do réu, mas 
também da sociedade.
16. (CESPE - Adaptada)##Mantêm-se as 
relações sintáticas originais ao se substituir 
o termo “Entretanto” (l. 9) por qualquer um 
dos seguintes: Porém, Contudo, Todavia, No 
entanto.
Resposta: Certo
Comentário: A palavra destacada é uma 
conjunção coordenativa adversativa, ou seja, 
que exprime sentido de oposição. Todos os 
elementos suscitados para a permuta a que 
a questão alude são da mesma natureza. 
Isso quer dizer que na troca solicitada não 
haveria problemas para a correção ou para 
o sentido da sentença.
-------------------------- ------------------------
 Leio que a ciência deu agora mais um 
passo definitivo. É claro que o definitivo da 
ciência é transitório, e não por deficiência 
da ciência (é Origem ciênciademais), que 
se supera a si mesma a cada dia... Não 
10
LÍNGUA PORTUGUESA
indaguemos para que, já que a própria ciência 
não o faz — o que, aliás, é a mais moderna 
forma de objetividade de que dispomos.
 Mas vamos ao definitivo transitório. 
Os cientistas afirmam que podem realmente 
construir agora a bomba limpa. Sabemos 
todos que as bombas atômicas fabricadas 
até hoje são sujas (aliás, imundas) porque, 
depois que explodem, deixam vagando pela 
atmosfera o já famoso e temido estrôncio 
90. Ora, isso é desagradável: pode mesmo 
acontecer que o próprio país que lançou 
a bomba venha a sofrer, a longo prazo, as 
consequências mortíferas da proeza. O que 
é, sem dúvida, uma sujeira.
 Pois bem, essas bombas indisciplinadas, 
mal-educadas, serão em breve substituídas 
pelas bombas n, que cumprirão sua missão 
com lisura: destruirão o inimigo, sem riscos 
para o atacante. Trata-se, portanto, de uma 
fabulosa conquista, não?
Ferreira Gullar. Maravilha. In: A estranha 
vida banal. Rio de Janeiro: José Olympio, 
1989, p. 109.
17. (CESPE - Adaptada)##Mantendo-se a 
correção gramatical e a coerência do texto, 
a conjunção “e”, em “e não por deficiência 
da ciência” (l. 2), poderia ser substituída por 
mas.
Resposta: Certo.
Comentário: A conjunção “e”, na maior 
parte das vezes, indica uma soma, ou seja, é 
aditiva. Ocorre que, na sentença em questão, 
ela desempenha função adversativa, razão 
pela qual sua permuta pela palavra “mas” 
(conjunção coordenativa adversativa) 
não prejudicaria a correção gramatical da 
sentença, tampouco a coerência. 
-------------------------- ------------------------
Todos nós, homens e mulheres, adultos e 
jovens, passamos boa parte da vida tendo de 
optar entre o certo e o errado, entre o bem e o 
mal. Na realidade, entre o que consideramos 
bem e o que consideramos mal. Apesar da 
longa permanência da questão, o que se 
considera certo e o que se considera errado 
muda ao longo da história e ao redor do 
globo terrestre.
 Ainda hoje, em certos lugares, a 
previsão da pena de morte autoriza o Estado 
a matar em nome da justiça. Em outras 
sociedades, o direito à vida é inviolável e nem 
o Estado nem ninguém tem o direito de tirar 
a vida alheia. Tempos atrás era tido como 
legítimo espancarem-se mulheres e crianças, 
escravizarem-se povos. Hoje em dia, embora 
ainda se saiba de casos de espancamento de 
mulheres e crianças, de trabalho escravo, 
esses comportamentos são publicamente 
condenados na maior parte do mundo.
 Mas a opção entre o certo e o errado 
não se coloca apenas na esfera de temas 
polêmicos que atraem os holofotes da 
mídia. Muitas e muitas vezes é na solidão da 
consciência de cada um de nós, homens e 
mulheres, pequenos e grandes, que certo e 
errado se enfrentam. E a ética é o domínio 
desse enfrentamento.
Marisa Lajolo. Entre o bem e o mal. In: 
Histórias sobre a ética. 5.ª ed. São Paulo: 
Ática, 2008 (com adaptações).
18. (CESPE - Adaptada)##Dado o fato de 
que nem equivale a e não, a supressão 
da conjunção “e”, empregada logo após 
“inviolável”, na linha 8, manteria a correção 
gramatical do texto.
Resposta: Errado.
Comentário: Se houvesse a supressão do 
termo em questão, seria necessário inserir 
uma vírgula em seu lugar, a fim de manter 
a correção gramatical da sentença, pois o 
termo precisaria ficar separado da sentença 
como um elemento deslocado.
11
LÍNGUA PORTUGUESA
 Durante o período de janeiro a 
março de 2013, foram recebidas 13.348 
reclamações de beneficiários de planos de 
saúde referentes à garantia de atendimento. 
Entre as operadoras médico-hospitalares, 
480 tiveram pelo menos uma reclamação 
e, entre as operadoras odontológicas, 29 
tiveram pelo menos uma reclamação de 
não cumprimento dos prazos máximos 
estabelecidos ou de negativa de cobertura.
 A fiscalização do cumprimento das 
garantias de atendimento é uma forma eficaz 
de se certificar o beneficiário da assistência 
por ele contratada, pois leva as operadoras a 
ampliarem o credenciamento de prestadores 
e a melhorarem o seu relacionamento 
com o cliente. Para isso, a participação dos 
consumidores é de fundamental importância.
Internet: <www.ans.gov.br> (com 
adaptações).
19. (CESPE - Adaptada)##Mantêm-se a 
correção gramatical do período e suas 
informações originais ao se substituir o termo 
“pois” (l. 7) por qualquer um dos seguintes: 
já que, uma vez que, porquanto.
Resposta: Certo. 
Comentário: A conjunção destacada é 
subordinativa adverbial causal, assim como 
as conjunções e locuções conjuntivas 
destacadas para a substituição na sentença. 
Por essa razão, não haveria prejuízo para a 
correção ou para o sentido da sentença, ao 
realizar a permuta mencionada.
-------------------------- ------------------------
 As relações que as sociedades 
ocidentais industriais mantêm com os 
temas da ciência e da tecnologia não se 
constituem numa constante. No transcorrer 
da história dessas sociedades, a ciência deixa 
de ser entendida apenas como um tipo de 
conhecimento tido como válido e passa a se 
conjugar com as técnicas, conformando uma 
aplicação prática e útil desse conhecimento. 
 Isso ocorre desde os desdobramentos 
da Revolução Industrial no século XIX, 
quando ciência e tecnologia passaram a 
constituir um binômio, abreviadamente 
ex-presso por C&T, no qual, cada vez mais, 
conhecimento científico e técnica se 
entrelaçam. A tecnologia vai-se tornando 
plena de ciência e esta tende a incorporar 
crescentemente a técnica. Já no século XX, 
o desenvolvimento de ciência e tecnologia 
passou a utilizar intensivamente grandes 
investimentos financeiros, tendo em vista 
o domínio tanto da natureza quanto das 
sociedades. 
 A partir de então, e dada a intensifi-
cação dos processos técnico-científicos da 
contemporaneidade, surgem posiciona-
mentos antagônicos em relação à temáti-
ca da aceleração tecnológica. Por um lado, 
estabelece-se uma compreensão de que o 
incremento de ciência e tecnologia é algo 
determinante, ou até mesmo fundamental 
para um desenvolvimento econômico e so-
cial satisfatório, além de ser politicamente 
neutro e desprovido de normatividade. 
 Desde outra perspectiva, 
desenvolvem-se reflexões sobre as 
incertezas e indeterminações acerca do 
destino das sociedades como consequência 
dos principais modelos e sistemas técnico-
científicos contemporâneos. Questiona-se o 
papel da ciência e da tecnologia como fator 
determinante e como atividade neutra de 
valores. 
Raquel Folmer Corrêa. Tecnologia e 
sociedade : análise de tecnologias sociais 
no Brasil contemporâneo. Porto Alegre: 
UFRGS, 2010. Dissertação de mestrado. In: 
Internet: <http://www.lume.ufrgs.br> (com 
adaptações)
20. (CESPE - Adaptada)##Nas linhas 8 e 
28, as ocorrências do vocábulo “desde” 
introduzem circunstâncias temporais. 
Resposta: Errado. 
12
LÍNGUA PORTUGUESA
Comentário: Na primeira ocorrência, a 
palavra “desde” indica uma circunstância 
de tempo; na segunda ocorrência, a palavra 
“desde” indica perspectiva (posição) e não 
circunstância temporal. 
-------------------------- ------------------------
 Se considerarmos o panorama 
internacional, perceberemos que o Ministério 
Público brasileiro é singular. Em nenhum 
outro país, há um Ministério Público que 
apresente perfil institucional semelhante 
ao nosso ou que ostente igual conjunto de 
atribuições.
 Do ponto de vista da localização 
institucional, há grande diversidade de 
situações no que se refere aos Ministérios 
Públicos dos demais países da América 
Latina. Encontra-se, por exemplo, Ministério 
Público dependente do Poder Judiciário na 
Costa Rica, na Colômbia e, no Paraguai, e 
ligado ao Poder Executivo, no México e no 
Uruguai. 
 Constata-se, entretanto, que, apesar 
da maior extensão de obrigações do Ministério 
Público brasileiro, a relação entre o número 
de integrantes da instituição e a população 
é uma das mais desfavoráveis no quadro 
latino-americano. De fato, dados recentes 
indicam que, no Brasil, com 4,2 promotorespara cada 100 mil habitantes, há uma 
situação de clara desvantagem no que diz 
respeito ao número relativo de integrantes. 
No Panamá, por exemplo, o número é de 15,3 
promotores para cada cem mil habitantes; 
na Guatemala, de 6,9; no Paraguai, de 5,9; na 
Bolívia, de 4,5. Em situação semelhante ou 
ainda mais crítica do que o Brasil, estão, por 
exemplo, o Peru, com 3,0; a Argentina, com 
2,9; e, por fim, o Equador, com a mais baixa 
relação: 2,4. É correto dizer que há nações 
proporcionalmente com menos promotores 
que o Brasil. No entanto, as atribuições do 
Ministério Público brasileiro são muito mais 
extensas do que as dos Ministérios Públicos 
desses países.
Maria Tereza Sadek. A construção de um 
novo Ministério Público resolutivo. Inter-
net: <https://aplicacao.mp.mg.gov.br> 
(com adaptações).
21. (CESPE - Adaptada)##Seriam mantidas a 
coerência e a correção gramatical do texto 
se, feitos os devidos ajustes nas iniciais 
maiúsculas e minúsculas, o período “É 
correto (...) o Brasil” (l.11-12) fosse iniciado 
com um vocábulo de valor conclusivo, como 
logo, por conseguinte, assim ou porquanto, 
seguido de vírgula.
Resposta: Errado.
Comentário: A questão não fala sobre 
a retirada do ponto final da sentença 
antecedente. Além disso, é preciso 
entender que as conjunções conclusivas 
não estabelecem relação de conclusão com 
a sentença antecedente, mas com toda a 
circunstância que era transmitida pelo texto. 
Portanto, a alteração mencionada causaria 
prejuízo para a coerência da sentença.
-------------------------- ------------------------
 A parte da natureza varia ao infinito. 
Não há, no universo, duas coisas iguais. Muitas 
se parecem umas às outras, mas todas entre 
si diversificam. Os ramos de uma só árvore, 
as folhas da mesma planta, os traços da 
polpa de um dedo humano, as partículas do 
mesmo pó, as raias do espectro de um só raio 
solar ou estelar. Tudo assim, desde os astros 
no céu, até os micróbios no sangue, desde as 
nebulosas no espaço até as gotas do rocio na 
relva dos prados.
 A regra da igualdade não consiste 
senão em quinhoar desigualmente aos 
desiguais na medida em que se desigualam. 
Nessa desigualdade social, proporcionada 
à desigualdade natural, é que se acha a 
verdadeira lei da igualdade. O mais são 
desvarios da inveja, do orgulho ou da loucura. 
Tratar com desigualdade a iguais, ou a 
desiguais com igualdade, seria desigualdade 
13
LÍNGUA PORTUGUESA
flagrante e não igualdade real.
 Essa blasfêmia contra a razão e a 
fé, contra a civilização e a humanidade, é 
a filosofia da miséria; executada, não faria 
senão inaugurar a organização da miséria. 
Se a sociedade não pode igualar os que 
a natureza criou desiguais, cada um, nos 
limites da sua energia moral, no entanto, 
pode reagir sobre as desigualdades nativas, 
pela educação, atividade e perseverança. Tal 
a missão do trabalho.
Ruy Barbosa. Oração aos moços. Internet: 
<http://home.comcast.net> (com 
adaptações).
22. (CESPE - Adaptada)##Não haveria 
prejuízo para o sentido original nem para 
a correção gramatical do texto caso se 
inserisse quando ou se for imediatamente 
antes de “executada” (l.15).
Resposta: Errado.
Comentário: Para entender a questão, é 
preciso entender o que evoca a conjunção 
empregada. No caso de utilizar a palavra 
“quando”, ela suscitará um verbo no futuro 
do presente e não no futuro do pretérito, 
como está no texto. A única permuta 
possível seria pela palavra “se” pode evocar 
o sentido de hipótese, ou seja, o verbo no 
futuro do pretérito. 
-------------------------- ------------------------
 Escrevi uma carta aos meus 
concidadãos, pedindo-lhes que me dissessem 
francamente o que consideravam que fosse 
política, e dispensando-os de citar Aristóteles, 
Maquiavelli, Spencer, Comte. (...)
 Não tardou que o correio começasse 
a entregar-me as respostas; e, como eu não 
pagava o porte, reconheci que há neste 
mundo uma infinidade de filhos de Deus ou do 
diabo que os carregue, que estão à espreita 
de um simples pretexto para comunicar as 
suas ideias, ainda à custa dos vinténs magros. 
 Não publico todas as definições 
recebidas, porque a vida é curta, vita brevis. 
Faço, porém, uma escolha rigorosa, e dou 
algumas das principais. (...) Uma das cartas 
dizia simplesmente que a política é tirar 
o chapéu às pessoas mais velhas. Outra 
afirmava que a política é a obrigação de 
não meter o dedo no nariz. Outra, que é, 
estando à mesa, não enxugar os beiços no 
guardanapo da vizinha, nem na ponta da 
toalha. Um secretário de club dançante jura 
que a política é dar excelência às moças, e 
não lhes pôr alcunhas. Segundo um morador 
da Tijuca, a política é agradecer com um 
sorriso animador ao amigo que nos paga a 
passagem. 
 Muitas cartas são tão longas e difusas, 
que quase se não pode extratar nada. Citarei 
dessas a de um barbeiro, que define a política 
como a arte de lhe pagarem as barbas, e a de 
um boticário para quem a verdadeira política 
é não comprar nada na botica da esquina. Um 
sectário de Comte (viver às claras) afirma que 
a política é berrar nos bonds, quer se trate 
dos negócios da gente, quer dos estranhos. 
 Não entendi algumas cartas. A letra de 
outras é ilegível. Outras repetem-se. Cinco 
ou seis dão, como suas, opiniões achadas nos 
livros. Note-se que, em todo esse montão 
de cartas, não há uma só de deputado 
ou senador, contudo escrevi a todos eles 
pedindo uma definição.
Machado de Assis. Balas de estalo. In: Obra 
completa, vol. 3, Rio de Janeiro: Aguilar, 
1973, p. 468-9 (com adaptações).
23. (CESPE - Adaptada)##O termo “contudo” 
(l.27) estabelece entre as orações do 
período relação sintática adversativa, por 
isso, poderia ser corretamente substituído 
por qualquer um dos seguintes vocábulos: 
entretanto, todavia, no entanto, porém, 
embora, conquanto.
Resposta: Errado. 
Comentário: O candidato deve perceber, 
14
LÍNGUA PORTUGUESA
nessa questão, a tentativa de o elaborador 
enganar alguém mais despreparado. 
Ao colocar uma série de conjunções, o 
elaborador tenta enganar o candidato, 
pois o último elemento do encadeamento, 
a palavra “conquanto”, é uma conjunção 
subordinativa adverbial concessiva, que não 
expressa o mesmo sentido das demais, que 
são coordenativas adversativas. Por isso, a 
questão está errada. 
-------------------------- ------------------------
 A língua indígena mais conhecida dos 
brasileiros — conquanto esse conhecimento 
se limite, em regra, só a um de seus nomes, 
tupi — é justamente o tupi-nambá. Essa foi 
a língua predominante nos contatos entre 
portugueses e indígenas nos séculos XVI e XVII 
e tornou-se a língua da expansão bandeirante 
no sul e da ocupação da Amazônia norte. Seu 
uso pela população luso-brasileira, tanto no 
norte quanto no sul da Colônia, era tão geral, 
no século XVIII, que o governo português 
chegou a baixar decretos (cartas régias) 
proibindo esse uso. Uma das consequências 
da prolongada convivência do tupinambá 
com o português foi a incorporação a este 
último de considerável número de palavras 
daquele. É notável a quantidade de lugares 
com nomes de origem tupinambá, quase sem 
alteração de pronúncia, muitos deles dados 
pelos luso-brasileiros dos séculos passados 
a localidades onde nunca viveram índios 
tupinambás.
Aryon Dall’Igna Rodrigues. Línguas 
brasileiras: para o conhecimento das 
línguas indígenas. São Paulo: Loyola, 2002 
(com adaptações).
24. (CESPE - Adaptada)##A conjunção 
“conquanto” (l.1) introduz uma oração em 
que se admite um fato contrário e subordinado 
ao fato afirmado na oração principal. 
Resposta: Certo.
Comentário: Por ser uma conjunção de 
natureza concessiva, é possível afirmar 
que a sentença por ele introduzida indica 
uma contraposição ao que se afirma na 
oração principal. Essa palavra encontra os 
elementos “embora,” “ainda que” e “mesmo 
que” como equivalentes semânticos.
-------------------------- ------------------------
 O Senado Federal aprovou em 
plenário, em 31/10/2012, o projeto de lei 
originário da Câmarados Deputados (PL n.º 
2.793/2011) que tipifica como criminosas 
algumas condutas cometidas no meio digital, 
sobretudo a invasão de computadores. A 
imprensa tem noticiado como se fosse a 
primeira aprovação desse tipo no Brasil 
e alguns setores comemoraram como 
se a existência de uma lei para os crimes 
eletrônicos fosse tudo o que faltava para 
diminuir a delinquência cibernética. Sendo 
o Brasil um país de tradições positivistas 
e sendo vedada a aplicação de analogia 
para criar tipos penais, não resta dúvida da 
necessidade de aprovação da lei. Talvez com 
a previsão dessas condutas específicas, haja 
melhores resultados punitivos.
 A falta de estrutura na maioria das 
delegacias civis do país e a ausência de previsão 
legal que estabeleça a obrigatoriedade da 
guarda de logs acabam por inviabilizar a 
investigação dos crimes digitais, em muitos 
casos. Com o Marco Civil da Internet (PL n.º 
2.126/2011), o legislador poderia sanar esse 
problema ao prever o armazenamento de 
tais registros, sem dar margem à violação da 
privacidade, evidentemente. No entanto, no 
último parecer ao projeto, no mês julho, o 
deputado relator retirou a obrigatoriedade do 
armazenamento dos dados pelos provedores 
de aplicações à Internet, os chamados 
provedores de conteúdo, deixando essa 
previsão apenas aos provedores de conexão. 
O fato é que os registros de conexão nem 
sempre são suficientes para uma eficiente 
coleta de provas. O certo seria obrigar 
também os provedores de conteúdo a fazer 
esse registro, o que permitiria investigar e 
punir não só os crimes digitais como também 
15
LÍNGUA PORTUGUESA
outros, tais como os de difamação, calúnia e 
injúria, tão comuns nas redes sociais. 
Rafael Fernandes Maciel. In: Consultor 
Jurídico, 9/11/2012.
Internet: <www.conjur.com.br> (com 
adaptações)
25. (CESPE - Adaptada) Mantendo-se a 
relação de sentido estabelecida entre os 
períodos, a expressão “No entanto” (l.17) 
poderia ser substituída, corretamente, por 
Com tudo. 
Resposta: Errado. 
Comentário: Essa questão, além de envolver 
conceitos de morfologia – conjunções, 
utiliza conhecimentos de ortografia. A 
despeito de haver uma locução conjuntiva 
coordenativa adversativa, a permuta não 
é possível, pois o elemento sugerido está 
grafado incorretamente. A grafia correta da 
palavra é “contudo”, sem separação. 
-------------------------- ------------------------
 O IDEB, indicador de qualidade 
educacional, combina informações sobre 
desempenho em exames padronizados 
(Prova Brasil ou SAEB) — demonstrado pelos 
estudantes ao final do ensino fundamental e 
do ensino médio — com informações sobre 
rendimento escolar (aprovação). Estudos e 
análises da qualidade educacional raramente 
combinam as informações produzidas por 
esses dois tipos de indicadores, ainda que a 
complementaridade entre elas seja evidente. 
 Um sistema educacional que reprove 
sistematicamente seus estudantes, fazendo 
que grande parte deles abandone a escola 
antes de completar a educação básica, não é 
desejável, mesmo se aqueles que concluem 
essa etapa de ensino atingem elevadas 
pontuações nos exames padronizados. 
Por outro lado, também não se deseja um 
sistema em que todos os alunos concluam 
o ensino médio no período correto, mas 
aprendam muito pouco na escola. Em suma, 
um sistema de ensino ideal seria aquele 
em que crianças e adolescentes tivessem 
acesso à escola, não desperdiçassem tempo 
com repetências, não abandonassem a 
escola precocemente e, ao final de tudo, 
aprendessem.
 Sabe-se que, no Brasil, a questão do 
acesso à escola não é mais um problema, já 
que a quase totalidade das crianças ingressa 
no sistema educacional. Entretanto, as taxas 
de repetência dos estudantes são bastante 
elevadas, assim como o é a proporção de 
adolescentes que abandonam a escola antes 
mesmo de concluir a educação básica. Outro 
indicador preocupante é a baixa proficiência 
obtida pelos alunos em exames padronizados.
Internet: <http://download.inep.gov.br> 
(com adaptações)
26. (CESPE - Adaptada) A locução “já que” 
(l.19) confere a noção de causa à oração em 
que ocorre.
Resposta: Certo.
Comentário: A locução conjuntiva “já 
que” pertence à categoria das conjunções 
subordinativas adverbiais causais, por isso, 
introduz uma noção de causa à sentença 
em que aparece. Se analisar a sentença em 
que aparece: “a questão do acesso à escola 
não é mais um problema, já que a quase 
totalidade das crianças ingressa no sistema 
educacional”, será possível perceber a 
relação de causa e consequência – a 
totalidade das crianças ingressar no sistema 
educacional é a causa de a questão do 
acesso à escola não ser mais um problema.
16
LÍNGUA PORTUGUESA
se entre si sem conciliação possível. Um 
exemplo dos estragos causados pela 
privatização desse recurso natural é o 
das represas Santo Antonio e Jirau, no rio 
Madeira, a oeste do Amazonas, no Brasil. As 
duas represas têm um custo de 20 bilhões 
de dólares e, na sua construção, estão 
envolvidas a multinacional GDF-Suez e o 
banco espanhol Santander. A construção 
dessas imensas represas provocou o que 
Ronack Monabay, da ONG Amigos da Terra, 
chama de “um desarranjo global”. As obras 
desencadearam um êxodo interior dos índios 
que viviam na região. Eles foram se refugiar 
em outra área ocupada por garimpeiros em 
busca de ouro e terminaram enfrentando-se 
com eles.
 (...) Brice Lalonde, coordenador da Rio+20, 
cúpula da ONU para o Meio Ambiente, 
prometeu que a água será “uma prioridade” 
da reunião que será realizada no Rio de 
Janeiro em junho. O responsável francês 
destaca neste sentido o paradoxo que 
atravessa este recurso natural: “a água é uma 
espécie de jogo entre o global e o local”. E 
neste jogo o poder global das multinacionais 
se impõe sobre os poderes locais.
As ONGs não perdem as esperanças e apostam 
na mobilização social para contrapor a 
influência das megacorporações. 
Neste contexto preciso, todos lembram 
o exemplo da Bolívia. Jacques Cambon, 
organizador do Fórum Alternativo Mundial 
da Água e membro da ONG Aquattac, 
recorda o protesto que ocorreu na cidade 
de Cocha-bamba: “dezenas de milhares de 
pessoas manifestaram-se na rua em protesto 
contra o aumento da tarifa da água potável 
imposto pela multinacional norte-americana 
Bechtel”.
A guerra da água é silenciosa, mas existe: 
conflito em Barcelona causado pelo aumento 
das tarifas, quase guerra na Patagônia 
chilena por causa da construção de enormes 
represas e da privatização de sistemas fluviais 
inteiros, antagonismos em Barcelona e em 
PREPOSIÇÕES
Guerra da água é silenciosa, mas já está em 
curso
 Quanto vale a vida? “Para começar, um bom 
copo de água”, responde com ironia Jerôme, 
um dos participantes do Fórum Mundial 
Alternativo de Água (FAME) que se reuniu na 
França, paralelamente ao muito oficial Fórum 
Mundial da Água (FME). Duas “cúpulas” e 
duas posturas radicalmente opostas que 
expõem até o absurdo o antagonismo entre 
as multinacionais privadas da água e aqueles 
que militam por um acesso gratuito e igual 
a este recurso natural cuja propriedade é 
objeto de uma áspera disputa nos países 
do Sul. Basta apontar a identidade dos 
organizadores do Fórum Mundial da Água 
para entender o que está em jogo: o Fórum 
oficial foi organizado pelo Conselho Mundial 
da Água. Este organismo foi fundado pelas 
multinacionais da água Suez e Veolia e pelo 
Fundo Monetário Internacional, incansáveis 
defensores da privatização da água nos 
países do Sul.
 O mercado que enxergam diante de si 
é colossal: um bilhão de seres humanos 
não têm acesso à água potável e cerca de 
três bilhões de seres humanos carecem de 
banheiro. O tema da água é estratégico e 
tem repercussões humanas muito profundas. 
Os especialistas calculam que, entre 1950 e 
2025, ocorrerá uma diminuição de 71% nas 
reservas mundiais de água por habitante: 18 
mil metros cúbicos em 1950 e 4.800 metros 
cúbicos em 2025. Cerca de 2.500 pessoas 
morrem por dia por não dispor de um acesso 
adequado à águapotável. A metade delas 
é de crianças. Comparativamente, 100% da 
população de Nova York recebe água potável 
em suas casas. A porcentagem cai para 44% 
nos países em via de desenvolvimento e 
despenca para 16% na África Subsaariana.
 As águas turvas dos negócios e as 
reivindicações límpidas da sociedade civil, 
que defende o princípio segundo o qual a 
água é um assunto público e não privado e 
uma gestão racional dos recursos, chocam-
17
LÍNGUA PORTUGUESA
muitos países africanos pelas tarifas abusivas 
aplicadas pelas multinacionais. A pérola fica 
por conta da Coca Cola e de suas tentativas de 
garantir o controle em Chiapas, México, das 
reservas de água mais importantes do país. 
Jacques Cambon está convencido de que “o 
problema do acesso à água é um problema 
de democracia. Enquanto não se garantir o 
acesso e a gestão da água sob supervisão de 
uma participação cidadã haverá guerras da 
água em todo o mundo”.
 (...) A ONU apresentou na França um informe 
sobre o impacto da mudança climática 
na gestão da água: secas, inundações, 
transtornos nos padrões básicos de chuva, 
derretimento de geleiras, urbanização 
excessiva, globalização, hiperconsumo, 
crescimento demográfico e econômico. 
Cada um destes fatores constitui, para as 
Nações Unidas, os desafios iminentes que 
exigem respostas da humanidade. 
 A margem de manobra é estreita. Nada 
indica que os tomadores de decisão estão 
dispostos a modificar o rumo de suas 
ações. A mudança climática colocou uma 
agenda que as multinacionais, os bancos 
e o sistema financeiro resistem a aceitar. 
Seguem destruindo, em benefício próprio e 
contra a humanidade. Ante a cegueira das 
multinacionais, a solidariedade internacional 
e o lançamento daquilo que se chamou na 
França de “um efeito mariposa” em torno 
da problemática da água são duas respostas 
possíveis para frear a seca mundial.
Eduardo Febbro - De Paris
Tradução: Katarina Peixoto
(Adaptado de www.cartamaior.com.br)
27. (CEPERJ - Adaptada)##“Cada um destes 
fatores constitui, para as Nações Unidas, os 
desafios iminentes que exigem respostas da 
humanidade” (7º parágrafo). Nessa frase, a 
preposição “para” possui valor semântico de:
a) comparação
b) finalidade
c) explicação
d) direção
e) conformidade
Resposta: E
Comentário: Na sentença em questão, a 
preposição empregada pode ser entendida 
com o sentido de “conforme”, o que - 
claramente - indica conformidade. Ainda 
existe outra possibilidade de entender 
o sentido dessa sentença, trocando a 
preposição “para” pela locução “de acordo 
com”. 
-------------------------- ------------------------
Todos chegarão lá
 RIO DE JANEIRO – O Brasil está 
envelhecendo. Segundo instituições oficiais 
calculam, 20% da população terá mais de 
60 anos em 2030. É o óbvio: vive-se mais, 
morre-se menos e as taxas de fecundidade 
estão caindo – e olhe que nunca se viram 
tantos gêmeos em carrinhos duplos no 
calçadão de Ipanema.
 Em números absolutos, esperam-se 
perto de 50 milhões de idosos em 2030 – 
imagine o volume de Lexotan, Viagra e fraldas 
geriátricas que isso vai exigir. Não quer dizer 
que a maioria desses macróbios seguirá o 
padrão dos velhos de antigamente, que, 
mal passados dos 60, equipados com boina, 
cachecol, suéter e cobertor nas pernas, eram 
levados para tomar sol no parquinho.
 Como a sociedade mudou muito, creio 
que os velhos de 2030 se parecerão cada vez 
mais com meus vizinhos do Baixo Vovô, aqui 
no Leblon – uma rede de vôlei frequentada 
diariamente por sexa ou septuagenários, 
com músculos invejáveis e capazes de saques 
mortíferos. A vida para eles nunca parou. Para 
eles, o lema é: se não se trabalha, diverte-se.
 
18
LÍNGUA PORTUGUESA
 Por sorte, a aceitação do velho é agora 
maior do que nunca. Bem diferente de 1968 
– apogeu de algo que me parecia fabricado, 
chamado “Poder Jovem” –, em que ser velho 
era quase uma ofensa. À idade da razão, que 
deveria ser a aspiração de todos, sobrepunha-
se o que Nelson Rodrigues denunciava como 
“a razão da idade” – a juventude justificando 
todas as injustiças e ignomínias (como as 
ocorridas na China, em que velhos eram 
humilhados publicamente por serem velhos, 
durante a Revolução Cultural).
 Enquanto naquela mesma época 
o rock era praticado por jovens esbeltos, 
bonitos e de longas cabeleiras, para uma 
plateia de rapazes e moças idem, hoje, 
como se viu no Rock in Rio, ele é praticado 
por velhos carecas, gordos e tatuados, para 
garotos que podiam ser seus netos. Já se 
pode confiar em maiores de 60 anos e, um 
dia, todos chegarão lá.
(Ruy Castro. Folha de S.Paulo. 04.10.2013. 
Adaptado)
28. (VUNESP – Adaptada)##A frase em que 
a preposição destacada estabelece uma 
relação de lugar é:
a) (...) 20% da população terá mais de 60 
anos em 2030. (1.° parágrafo)
b) Em números absolutos, esperam-se 
perto de 50 milhões de idosos em 2030 (...) 
(2.° parágrafo)
c) Bem diferente de 1968 – apogeu de algo 
que me parecia fabricado, chamado “Poder 
Jovem” –, em que ser velho era quase uma 
ofensa. (4.° parágrafo)
d) (...) (como as ocorridas na China, em que 
velhos eram humilhados publicamente 
por serem velhos, durante a Revolução 
Cultural). (4.° parágrafo)
e) Já se pode confiar em maiores de 60 anos 
e, um dia, todos chegarão lá. (5.° parágrafo)
Resposta: D
Comentário: Na letra A, a preposição indica 
tempo, pois se associa ao numeral que indica 
o ano; na letra B, a ideia transmitida é de 
modo; na letra C, a preposição se relaciona 
ao ano de 1968, portanto, o sentido é 
temporal. Na letra D, a preposição se 
relacionada ao pronome “que” para formar 
um adjunto adverbial de lugar - ao retomar 
o termo China -; na letra E, a preposição 
introduz o complemento do verbo “confiar”.
29. (FUMARC - Adaptada)##Assinale a 
alternativa em que a substituição da 
preposição em destaque pela dos parênteses 
implique erro.
a) O nome do Diretor Financeiro não 
constou na ata. (de)
b) Depois que me aposentar, pretendo ir 
para o exterior. (a)
c) É de Robert Frost a afirmativa de que o 
júri consta de doze pessoas escolhidas para 
decidirem quem tem o melhor advogado. 
(em)
d) Ainda não temos confirmação da 
organização do congresso, mas, se tudo 
der certo, vamos a Estocolmo nas próximas 
férias de julho. (para)
Resposta: C
Comentário: Na letra A, não há problemas 
para a correção gramatical, em virtude de 
a preposição “de” também poder funcionar 
como introdução de complemento do verbo 
constar (nesse caso, significa algo como 
“estar na formulação de”. Na letra B, a 
preposição “a” indica direção ou movimento, 
logo, não há prejuízo para a correção ou para 
o sentido. Na letra C, não é possível utilizar 
a preposição “em”, por razão da regência 
do substantivo “afirmativa”, que deve 
ter o seu complemento introduzido pela 
preposição “de”. Na letra D, a despeito da 
mudança de sentido, não há erro em trocar 
a preposição, pois as duas significam destino 
ou orientação. 
19
LÍNGUA PORTUGUESA
Note-se, em tempo, que a mudança 
de sentido promovida pela troca das 
preposições “a” por “para”, no sentido 
de orientação ou destino, tem a ver com 
a noção de permanência: utilizando a 
preposição “para”, não há o indicativo de 
retorno; utilizando a preposição “a”, há o 
indicativo. 
-------------------------- ------------------------
 A figura do ancião, desde o início dos 
relatos das primeiras civilizações, é muito 
controversa e discutida. No mundo ociden-
tal, o senso comum das principais culturas 
muitas vezes discordava dos ensinamentos 
das filosofias clássicas sobre as contribui-
ções da velhice para a sociedade. O estudo 
das reais condições trazidas pelo avanço da 
idade gerou diversas discussões éticas sobre 
as percepções biossociais dos processos de 
mudança do corpo. Médicos, biólogos, psicó-
logos e antropólogos ainda hoje não conse-
guem obter consenso sobre esse fenômeno 
em suas respectivas áreas.
 Muitas culturas ocidentais descrevem o 
estereótipo do jovem como corajoso, deste-
mido, forte e indolente. Já a figurado idoso 
é retratada como um peso morto, um chato 
em decadência corporal e mental. Percep-
ção preconceituosa que foi levada ao extre-
mo no século XX pelos portugueses durante 
a ditadura de Antônio Salazar, notório por 
usar a perseguição aos idosos como bandei-
ra política. Atletas e artistas cotidianamen-
te debatem o avanço da idade com medo e 
desgosto, enquanto especial istas da saúde 
questionam se há deterioração ou mudança 
adapta-tiva do corpo humano.
 Nas culturas orientais, assim como na 
maioria das filosofias clássicas, a velhice 
é vista de um ângulo positivo, sendo fonte 
de sabedoria e meta para uma vida guiada 
pela prudência. O sábio ancião, que perso-
nifica a figura do homem calmo, austero, e 
que muitas vezes é capaz de prever certas 
situações e aconselhar, se destaca em rela-
ção ao jovem cheio de energia e de hormô-
nios instáveis. Porém, apesar dos filósofos 
apreciarem o avanço da idade, nem todos 
eles tinham a mesma opinião sobre a velhi-
ce. O jovem Platão tinha como inspiração o 
velho filósofo Sócrates. Apesar de ser desfa-
vorecido materialmente, Sócrates possuía 
muita experiência e uma sabedoria ímpar 
que marcou a história do pensamento. Em 
A República , Platão retrata uma discussão 
filosófica sobre a justiça ocorrida na casa do 
velho Céfalo, homem importante e respei-
tável em Atenas, que propiciava discussões 
filosóficas entre os mais velhos e os jovens 
que contemplavam os diálogos. Na socieda-
de ideal desse filósofo, os jovens muitas ve-
zes eram retratados como inconsequentes e 
ingênuos, a exemplo de Polemarco, filho de 
Céfalo.
Nesta sociedade ideal, crianças e adolescen-
tes não recebiam diretamente o ensino da 
Filosofia. Por ser um conhecimento nobre e 
difícil, [ela] era ensinada somente para pes-
soas de idade mais avançada.
 Dentre os filósofos clássicos, o maior crí-
tico sobre a construção filosófica da ideia de 
“velhice” era o estoico Sêneca. Para ele, Pla-
tão, Aristóteles e Epicuro construíram uma 
concepção mitológica da figura do velho. Os 
idosos que ele conheceu em Roma muitas 
vezes não eram tão felizes como descreviam 
os gregos. Muitos deles, observou Sêne-
ca, pareciam tranquilos, mas no fundo não 
eram. A aparente tranquilidade decorria de 
seu cansaço e desânimo por não conseguir 
mais lutar por aquilo que queriam. Não bus-
caram a ataraxia enquanto jovens, ou seja, a 
tranquilidade da alma e a ausência de per-
turbações frente aos desafios impostos pela 
vida.
 Se envelhecer é uma “droga”, como afir-
ma o ator Arnold Schwarzenegger, ou se [a 
velhice] é a “melhor idade”, como dizem 
muitos aposentados, esses discursos não 
contribuem para uma resposta definitiva 
para o estudo científico. Afinal, o conceito 
de velhice não é um fenômeno puramente 
biológico, mas também fruto de uma cons-
trução social e psicoemocional.
MEUCCI, Arthur. Rev. Filosofia : março de 
2013, p. 72-3.
20
LÍNGUA PORTUGUESA
30. (FUNCAB – Adaptada)##No período: “[...] 
Por ser um conhecimento nobre e difícil, 
[ela] era ensinada somente para pessoas de 
idade mais avançada.” (§ 3) a preposição POR 
introduz a mesma circunstância que em:
a) batalhar por conseguir um lugar ao sol.
b) perder o emprego por incompetência.
c) corresponder-se com amigos por email
d) ausentar-se por algumas semanas.
e) relarcear os olhos por toda a sala.
Resposta: B
Comentário: Na letra A, a preposição 
introduz o sentido de finalidade (lutar para 
conseguir algo); na letra B, a preposição 
introduz o sentido de causa, que é idêntico 
ao do comando da questão. Na letra C, a 
preposição introduz o sentido de modo. Na 
letra D, a preposição introduz o sentido de 
tempo. Na letra E, a preposição introduz 
sentido de lugar. 
31. (IBFC - Adaptada)##Considere os versos 
abaixo para responder às questões 20 e 21 
seguintes.
I. “A esperança vem do sul”
II. “vem no café que produzimos”
Nos versos em análise, foram destacadas 
contrações de preposições. Assinale a opção 
que apresenta, respectivamente, os valores 
semânticos que elas introduzem.
a) lugar e lugar
b) lugar e meio
c) meio e meio
d) meio e tempo
e) lugar e tempo
Resposta: B
Comentário: A contração a que o comando 
da questão alude está relacionada à soma 
das preposições “de” e “em” com o artigo 
definido masculino “o”. Na construção “vir 
do sul”, o adjunto adverbial revela a ideia de 
lugar, ao passo que, na construção “vir no 
café”, o adjunto adverbial revela a ideia de 
meio. 
32. (Makiyama – Adaptada)##Assinale a 
alternativa em que a preposição destacada 
estabelece sentido de origem: 
a) Apesar do mau tempo, viajou.
b) O professor sequer quis ouvir às 
solicitações do aluno.
c) Os vitrais chegaram aqui em pedaços.
d) Este xale é de seda pura.
e) As crianças não gostaram do ensopado 
de jiló.
Resposta: B
Comentário: Na letra A, a preposição 
estabelece o sentido de concessão; na letra 
B, a solicitação é proveniente do aluno, 
logo, a preposição indica origem. Na letra 
C, a preposição indica o sentido de modo; 
na letra D, a preposição indica o sentido de 
material (xale de seda); na letra E, o sentido 
empregado é o de material também (sopa 
feita com / de jiló). 
33. (FJG – Adaptada)##“bem como os 
direitos originários sobre as terras que 
tradicionalmente ocupam” (2º parágrafo). 
A preposição em destaque pode preencher 
corretamente a lacuna em:
a) Nos conflitos com fazendeiros, índios às 
vezes são violentos, pois agem ___ pressão.
b) Frequentemente, a juventude clama ___ 
direitos que não são respeitados.
c) Políticos da oposição votaram ___ o nosso 
projeto.
d) A autora divulga dados ___ a situação 
atual dos povos indígenas.
21
LÍNGUA PORTUGUESA
Resposta: D
Comentário: Na letra A, a palavra correta 
é “sob” e não “sobre”. Na letra B, a 
preposição a ser empregada é “por”. Na 
letra C, a preposição em questão deveria ser 
“em” (apesar de dever aparecer na forma 
contrata). Finalmente, a sentença correta 
será a da letra D, pois a preposição deve 
introduzir ideia de assunto (sobre), nesse 
caso a frase conteria a informação “dados 
sobre a situação atual”. 
34. (VUNESP – Adaptada)##Em – ... cada um 
de nós morre um pouco quando alguém, na 
distância e no tempo, rasga alguma carta 
nossa, e não tem esse gesto de deixá-la em 
algum canto,... – a expressão em destaque 
introduz a ideia de
a) posse.
b) tempo.
c) modo.
d) causa.
e) lugar.
Resposta: E
Comentário: A preposição “em” associada 
ao termo “algum canto” cria a ideia de lugar. 
35. (VUNESP – Adaptada)##Assinale a 
alternativa em que o termo em destaque 
expressa circunstância de posse.
a) Era razoável, e diante da testemunha abri 
a bolsa, não sem experimentar a sensação 
de violar uma intimidade.
b) Hesitei: constrangia-me abrir a bolsa de 
uma desconhecida ausente; nada haveria 
nela que me dissesse respeito.
c) Por isso, grande foi a minha emoção ao 
deparar, no assento do ônibus, com uma 
bolsa preta de senhora.
d) Mas eu não estava preparado para achar 
uma bolsa, e comuniquei a descoberta ao 
passageiro mais próximo.
e) ... e sei de um polonês que achou um 
piano na praia do Leblon.
Resposta: B
Comentário: Na letra A, a ideia transmitida 
é a de lugar (diante de); na letra B, a ideia 
transmitida é a de posse (a bolsa pertencia a 
uma desconhecida); na letra C, a preposição 
estabelece o sentido de lugar; na letra D, a 
preposição introduz o sentido de finalidade; 
na letra E, o sentido transmitido é o de 
assunto (saber de / sobre). 
PRONOMES
Da utilidade dos animais
Terceiro dia de aula. A professora é um 
amor. Na sala, estampas coloridas 1 
mostram animais de todos os feitios.
“É preciso querer bem a eles”, diz a 
professora, com um sorriso que envolve 
toda a fauna, protegendo-a. “Eles têm 
direito à vida,
como nós, além disso são muito úteis. Quem 
não sabe que o cachorro é o maior amigo da 
gente? Cachorro faz muita falta. Mas
4 não é só ele não. A galinha, o peixe, a 
vaca... Todos ajudam.”
— Aquele cabeludo ali, professora, também 
ajuda?
— Aquele? É o iaque, um boi da ÁsiaCentral. 
Aquele serve de montaria e de burro de 
carga. Do pêlo se fazem perucas
7 bacaninhas. E a carne, dizem que é 
gostosa.
— Mas se serve de montaria, como é que a 
gente vai comer ele?
— Bem, primeiro serve para uma coisa, 
depois para outra. Vamos adiante. Este é o 
texugo. Se vocês quiserem pintar a
22
LÍNGUA PORTUGUESA
10 parede do quarto, escolham pincel de 
texugo. Parece que é ótimo.
— Ele faz pincel, professora?
— Quem, o texugo? Não, só fornece o 
pêlo. Para pincel de barba também, que o 
Arturzinho vai usar quando crescer.
13 Arturzinho afirmou que pretende usar 
barbeador elétrico. Além do mais, não 
gostaria de pelar o texugo, uma vez que 
devemos
gostar dele, mas a professora já explicava a 
utilidade do canguru:
— Bolsas, malas, maletas, tudo isso o couro 
do canguru dá pra gente. Não falando na 
carne. Canguru é utilíssimo.
16 — Vivo, fessora?
— A vicunha, que vocês estão vendo aí, 
produz... produz é maneira de dizer, ela 
fornece, ou por outra, com o pêlo dela
nós preparamos ponchos, mantas, 
cobertores etc.
19 — Depois a gente come a vicunha, né, 
fessora?
— Daniel, não é preciso comer todos os 
animais. Basta retirar a lã da vicunha, que 
torna a crescer...
— E a gente torna a cortar? Ela não tem 
sossego, tadinha.
22 — Vejam agora como a zebra é 
camarada. Trabalha no circo, e seu couro 
listrado serve para forro de cadeira, de 
almofada e para tapete. Também se 
aproveita a carne, sabem?
— A carne também é listrada? — pergunta 
que desencadeia riso geral.
25 — Não riam da Betty, ela é uma garota 
que quer saber direito as coisas. Querida, 
eu nunca vi carne de zebra no açougue, 
mas posso garantir que não é listrada. Se 
fosse, não deixaria de ser comestível por 
causa disto. Ah, o pingüim? Este vocês 
já conhecem da praia do Leblon, onde 
costuma aparecer, trazido pela correnteza. 
Pensam que só serve para brincar? Estão
28 enganados. Vocês devem respeitar o 
bichinho. O excremento — não sabem o 
que é? O cocô do pinguim é um adubo 
maravilhoso: guano, rico em nitrato. O óleo 
feito com a gordura do pinguim...
— A senhora disse que a gente deve 
respeitar. — Claro. Mas o óleo é bom.
31 — Do javali, professora, duvido que a 
gente lucre alguma coisa.
— Pois lucra. O pêlo dá escovas de ótima 
qualidade.
— E o castor? — Pois quando voltar a moda 
do chapéu para homens, o castor vai prestar 
muito serviço. Aliás, já presta,
34 com a pele usada para agasalhos. É o 
que se pode chamar um bom exemplo.
— Eu, hem?
— Dos chifres do rinoceronte, Belá, você 
pode encomendar um vaso raro para o 
living de sua casa. Do couro da girafa,
37 Luís Gabriel pode tirar um escudo 
de verdade, deixando os pêlos da cauda 
para Teresa fazer um bracelete genial. A 
tartaruga-marinha, meu Deus, é de uma 
utilidade que vocês não calculam. Comem-
se os ovos e toma-se a sopa: uma de-lí-cia. O 
casco serve para fabricar pentes, cigarreiras, 
tanta coisa... O biguá é engraçado.
40 — Engraçado, como? Apanha peixe pra 
gente.
— Apanha e entrega, professora?
— Não é bem assim. Você bota um anel no 
pescoço dele, e o biguá pega o peixe mas 
não pode engolir. Então você tira
43 o peixe da goela do biguá.
— Bobo que ele é.
— Não. É útil. Ai de nós se não fossem 
os animais que nos ajudam de todas as 
maneiras. Por isso que eu digo: devemos
46 amar os animais, e não maltratá-los de 
23
LÍNGUA PORTUGUESA
jeito nenhum. Entendeu, Ricardo?
— Entendi. A gente deve amar, respeitar, 
pelar e comer os animais, e aproveitar bem 
o pêlo, o couro e os ossos.
Carlos Drummond de Andrade. De notícias & 
não-notícias faz-se a crônica. Rio de Janeiro: 
Record, 1993, p. 113-5 (com adaptações).
36. (CESPE) A frase “Vocês devem respeitar 
o bichinho” (L.28) permanecerá correta se o 
trecho sublinhado for substituído por lhe.
Resposta: Errado. 
Comentário: a substituição não é possível, 
porque a palavra “lhe” é um pronome que 
serve para ocupar o lugar textual de termos 
que estão preposicionados. Como na frase 
o verbo é transitivo direto e não exige 
preposição, não se pode empregar a forma 
pronominal “lhe”. O correto seria empregar 
a forma “lo”.
-------------------------- ------------------------
 Todos nós, homens e mulheres, 
adultos e jovens, passamos boa parte da vida 
tendo de optar entre o certo e o errado, entre 
o bem e o mal. Na realidade, entre o que 
consideramos bem e o que consideramos mal. 
Apesar da longa permanência da questão, o 
que se considera certo e o que se considera 
errado muda ao longo da história e ao redor 
do globo terrestre.
 Ainda hoje, em certos lugares, a 
previsão da pena de morte autoriza o Estado 
a matar em nome da justiça. Em outras 
sociedades, o direito à vida é inviolável e nem 
o Estado nem ninguém tem o direito de tirar 
a vida alheia. Tempos atrás era tido como 
legítimo espancarem-se mulheres e crianças, 
escravizarem-se povos. Hoje em dia, embora 
ainda se saiba de casos de espancamento de 
mulheres e crianças, de trabalho escravo, 
esses comportamentos são publicamente 
condenados na maior parte do mundo.
 Mas a opção entre o certo e o errado 
não se coloca apenas na esfera de temas 
polêmicos que atraem os holofotes da 
mídia. Muitas e muitas vezes é na solidão da 
consciência de cada um de nós, homens e 
mulheres, pequenos e grandes, que certo e 
errado se enfrentam. E a ética é o domínio 
desse enfrentamento.
Marisa Lajolo. Entre o bem e o mal. In: 
Histórias sobre a ética. 5.ª ed. São Paulo: 
Ática, 2008 (com adaptações).
37. (CESPE- Adaptada) No trecho “o que 
consideramos bem” (l.3), o vocábulo “que” 
classifica-se como pronome e exerce a 
função de complemento da forma verbal 
“consideramos”.
Resposta: Gabarito: certo.
Comentário: a palavra “que” é um pronome 
relativo, que retoma o pronome antecedente 
(o demonstrativo “o”) e faz a relação 
sintática com o verbo considerar – que é um 
transitivo direto. Isso obriga a identificação 
do pronome como complemento da forma 
verbal, ou seja, o pronome desempenha a 
função sintática de objeto direto do verbo 
“considerar” e a palavra “bem” funciona 
como predicativo do objeto direto.
-------------------------- ------------------------
 Estou comendo umas empanadas 
e bebendo um vinho, ao entardecer, em 
uma modesta casa em Assunção, capital 
do Paraguai. Há qualquer coisa de meigo 
por aqui. E não é só porque entendem o 
português e aceitam o real como moeda. 
Há uma simpatia pelo Brasil, apesar de 
nosso fantasma imperialista, que vem desde 
aquela maldita guerra que arrasou o país. E 
isso é curioso porque minha geração dizia 
que imperialistas eram os norte-americanos. 
Mas aqui dão como exemplo atual a represa 
de Itaipu, cujo contrato é leonino contra o 
Paraguai.
24
LÍNGUA PORTUGUESA
Affonso Romano de Sant’Anna. Ali, no 
Paraguai. In: Correio Braziliense, 16/12/2007 
(com adaptações)
38. (CESPE - Adaptada) Na linha 8, o pronome 
relativo “cujo” estabelece a relação de posse 
entre “represa de Itaipu” e “contrato”. 
Resposta: Certo.
Comentário: o pronome “cujo” indica uma 
relação de posse sempre que empregado, 
como se houvesse em seu conteúdo 
semântico a preposição “de”, ou seja, “cujo” 
significa alguma coisa como “de algo”. 
No texto, o relacionamento é feito entre 
dois substantivos: represa e contrato. A 
interpretação evidente dessa relação é que 
o contrato pertence à represa. 
-------------------------- ------------------------
 A promoção da igualdade de 
oportunidades e a eliminação de todas as 
formas de discriminação são alguns dos 
elementos fundamentais da Declaração 
dos Direitos e Princípios Fundamentais do 
Trabalho e da Agenda do Trabalho Decente 
da Organização Internacional do Trabalho 
(OIT).
 Um requisito básico para que o 
crescimento econômico dos países se 
traduza em menos pobreza e maior bem-
estar e justiça social é melhorar as condições 
de vida das mulheres, dos negros e de outros 
grupos discriminados da sociedade; outro 
é aumentar sua possibilidade de acesso a 
empregos capazes de garantir uma vida 
digna para si próprios e para suas famílias.A pobreza está diretamente relacionada aos 
níveis e padrões de emprego, assim como às 
desigualdades e à discriminação existentes 
na sociedade. Além disso, as diferentes 
formas de discriminação estão fortemente 
associadas aos fenômenos de exclusão social 
que dão origem à pobreza e são responsáveis 
pelos diversos tipos de vulnerabilidade e pela 
criação de barreiras adicionais que impedem 
as pessoas e grupos discriminados de superar 
situações de pobreza.
 A erradicação da pobreza vem sendo 
considerada uma das maiores prioridades para 
a construção de sociedades mais justas, assim 
como vem aumentando o reconhecimento 
de que as causas e condições de pobreza 
são diferentes para homens e mulheres, 
negros e brancos. Por isso, estão sendo 
realizados esforços para que as necessidades 
das mulheres e negros sejam consideradas 
de forma explícita e efetiva nas estratégias 
de redução da pobreza e nas políticas de 
geração de emprego e renda.
Internet: <www.oit.org.br> (com 
adaptações)
39. (CESPE - Adaptada) Em “sua possibilidade 
de acesso” (l.8), o termo “sua” corresponde 
a da sociedade
Resposta: Errado.
Comentário: o pronome retoma 
semanticamente os referentes “as 
mulheres”, “os negros” e “os outros grupos 
discriminados da sociedade”. Isso ocorre, 
porque o termo referente é um grupo 
semântico subdividido, ou seja, há mais de 
um elemento de referência para a formação 
do parágrafo. Na retomada, o pronome de 
3ª pessoa recupera todos os elementos, não 
um particularmente.
-------------------------- ------------------------
 O conceito de consumo consciente não 
envolve apenas o que você consome, mas 
também como você consome um produto, 
de quem você o adquire e qual será o seu 
destino após descartá-lo. Pouco adianta usar 
sacolas retornáveis de uma empresa que não 
toma o devido cuidado em seu processo de 
produção, ou comprar alimentos orgânicos 
de um produtor que não registra devidamente 
25
LÍNGUA PORTUGUESA
seus empregados, mas utiliza mão de obra 
infantil ou escrava.
 Pesquisa recente promovida pelo 
Ministério do Meio Ambiente (MMA) apontou 
que dois terços dos brasileiros disseram 
desconhecer o significado do termo consumo 
consciente. Dos que responderam saber o 
seu significado, 54% o definiram como o 
ato de consumir produtos ou serviços que 
não agridam o meio ambiente nem a saúde 
humana. Há diversas abordagens sobre a 
definição de consumo consciente. De maneira 
geral, todas elas passam pela prática de 
consumir produtos com consciência de seus 
impactos, buscando a sustentabilidade.
 O Programa das Nações Unidas para 
o Meio Ambiente (PNUMA), por exemplo, 
indica que a utilização de bens e serviços 
precisa atender às necessidades básicas 
e proporcionar melhor qualidade de vida. 
Ao mesmo tempo, um produto ou serviço 
deve minimizar o uso de recursos naturais 
e materiais tóxicos, assim como diminuir a 
emissão de poluentes e a geração de resíduos.
 Para o MMA, o consumo consciente 
é uma contribuição voluntária, cotidiana 
e solidária do cidadão para garantir a 
sustentabilidade da vida no planeta. Envolve 
a ampliação dos impactos positivos e a 
diminuição dos impactos negativos no meio 
ambiente, na economia e nas relações sociais.
Internet: <www.brasil.gov.br> (com 
adaptações).
40. (CESPE - Adaptada) Na linha 4, o pronome 
“seu” pode fazer referência tanto ao processo 
de produção de sacolas retornáveis quanto 
ao processo de produção utilizado pela 
empresa hipotética mencionada, de forma 
geral. 
Resposta: Certo.
Comentário: nas questões de retomada, 
é importante observar que os pronomes 
necessitam de núcleos semânticos de 
referência, ou seja, outros pronomes, 
substantivos ou expressões substantivadas 
que sirvam para a progressão do texto. No 
caso do pronome “seu”, deve-se entender 
que ele faz uma retomada de 3ª pessoa e, na 
frase apresentada, há dois substantivos que 
poderiam receber o aporte semântico do 
termo processo: sacolas e empresa. Desse 
modo, há ambiguidade na interpretação dos 
elementos.
-------------------------- ------------------------
I. A comunicação é uma característica 
inerente ao ser humano.
II. As pessoas estão mergulhadas em 
processos comunicativos o tempo todo. 
III. Do sucesso no circuito comunicacional 
dependem a existência e a felicidade pessoal. 
IV. Entre os diferentes tipos de comunicação, 
o mais importante é a comunicação 
interpessoal, que diz respeito à capacidade 
de dialogar, à troca de informações, seja 
por meio do contato físico direto, seja por 
intermédio de dispositivos técnicos criados 
pelo homem com o fim de transmissão de 
mensagens.
V. Nas sociedades orais, aquelas que não 
dispunham de nenhum sistema de escrita, as 
mensagens eram recebidas no tempo e no 
lugar em que eram emitidas.
41. (CESPE - Adaptada) No período que 
constitui a assertiva V, as duas ocorrências 
do pronome relativo “que” exercem funções 
sintáticas distintas.
Resposta: Certo.
Comentário: na primeira ocorrência do 
pronome, ele desempenha a função de 
sujeito do verbo dizer; na segunda ocorrência, 
o pronome desempenha a função de núcleo 
do adjunto adverbial. 
26
LÍNGUA PORTUGUESA
 Existem muitas maneiras de se 
enxergar uma empresa. Uma delas é vê-la 
como uma máquina. E não se trata de uma 
analogia nova. A era industrial foi construída 
com base nesse paradigma, sustentado 
pelas teorias dos cientistas Taylor e Fayol, 
que acreditavam (e isso fazia sentido para 
a época em que viveram) que uma empresa 
tinha de funcionar como um infalível relógio 
ou como uma locomotiva, programada para 
cumprir, rigorosamente, seus tempos de 
parada e locomoção, de maneira a garantir 
o andamento do sistema ferroviário, sem 
atrasos nem acidentes. Para isso, colocaram 
a produtividade como principal meta, 
assegurada por um sistema técnico de alta 
eficiência.
 Uma empresa até pode se parecer 
com uma máquina, quando existe uma 
tarefa contínua a ser desempenhada. Nesse 
caso, a mecanização da tarefa, de maneira 
integralmente repetitiva, pode diminuir a 
quantidade de erros. O mesmo raciocínio 
continua valendo, se a empresa estiver 
situada em um ambiente estável, ou seja, 
onde os fatores externos pouco ou nada 
interferem no seu desempenho. Ou quando a 
criatividade, produto mais nobre e valioso do 
sistema humano, é considerada indesejável.
 Tornar as tarefas repetitivas para 
eliminar erros é, talvez, o maior equívoco 
em que se pode incorrer. Afinal, os erros 
acontecem justamente quando o indivíduo 
liga o piloto automático. E o piloto automático 
é acionado quando o trabalho a ser feito 
não traz significado algum para aquele que 
o executa. Destituído de sentido, o trabalho 
se transforma em tarefa enfadonha, que traz 
apenas aborrecimento, o que, por sua vez, 
gera a pressa de acabar logo com aquela 
tortura, na ânsia de reencontrar a alma 
deixada na porta de entrada da empresa, ao 
lado do marcador de ponto.
Internet: <www.empreendedor.com.br> 
(com adaptações).
42. (CESPE - Adaptada) Mantendo-se a 
correção gramatical do texto, é correto 
substituir-se “colocaram a produtividade 
como principal meta” (l.11-12) por colocaram-
lhe na situação de meta principal.
Resposta: Errado.
Comentário: não se pode fazer a 
alteração proposta, porque a expressão 
“a produtividade” funciona como um 
complemento direto do verbo “colocar”. 
Isso mostra que não é possível aplicar a 
forma pronominal “lhe”, que substitui uma 
expressão preposicionada.
-------------------------- ------------------------
“Não é difícil governar a Itália. É inútil.” O 
ditador Benito Mussolini cunhou essa frase 
com a pretensão de jogar sobre o povo 
italiano todas as mazelas do país. Contudo, 
a história vem mostrando que a famosa 
frase embute uma verdade, só que em um 
sentido invertido. Inúteis são governantes 
como Mussolini e Silvio Berlusconi, o bufão 
de 75 anos que foi primeiro-ministro por três 
vezes e agora cai por absoluta incapacidade 
de apresentar soluções para a brutal crise 
econômica da Itália. O último mandatode 
Berlusconi começou em 2008 e, desde então, 
ele parecia viver uma realidade paralela. 
Passou o tempo administrando denúncias 
— de fraude fiscal a sexo pago com belas 
garotas. Mas foi a economia que acabou com 
a sua condição de primeiro-ministro com mais 
tempo no poder italiano depois da Segunda 
Guerra Mundial. Sem respaldo político para 
adotar medidas de austeridade essenciais 
para impedir a quebradeira da Itália, a 
terceira maior economia da zona do euro, 
Berlusconi anunciou, no dia 8 de novembro, 
sua intenção de renúncia. Só não marcou a 
data. Como condicionou a saída à aprovação 
de um pacote de reformas econômicas, ele 
acabou provocando mais incertezas quanto 
ao futuro da economia italiana.
Luiza Villaméa. A queda do bufão. In: IstoÉ, 
16/11/2011 (com adaptações).
27
LÍNGUA PORTUGUESA
43. (CESPE – Adaptada) Nos períodos “o 
bufão de 75 anos que foi primeiro-ministro 
por três vezes” (l.5) e “Mas foi a economia 
que acabou com a sua condição de primeiro-
ministro” (l.11), os elementos sublinhados 
têm, ambos, a função de restringir o sentido 
das expressões que os antecedem, a saber, 
“o bufão de 75 anos” e “a economia”, 
respectivamente
Resposta: Errado.
Comentário: O primeiro termo sublinhado 
é um pronome relativo e, de fato, retoma 
e restringe o referente. O segundo termo 
não é um pronome, mas sim uma partícula 
expletiva, ou seja, é uma expressão que 
não é necessária para a sentença e pode 
ser retirada sem prejuízo da correção ou 
do sentido. A forma final da sentença sem 
a expressão expletiva seria: mas a economia 
acabou com a sua condição de primeiro-
ministro.
SUBSTANTIVOS
44. (FUNCAB – Adaptada)##O substantivo 
REBANHO é coletivo, por indicar uma 
multiplicidade de seres da mesma espécie, 
embora esteja no singular. Assinale a opção 
em que o elemento entre parênteses está 
corretamente relacionado como substantivo 
coletivo.
a) Armada (armas de fogo)
b) Cáfila (soldados)
c) Nuvem (insetos)
d) Réstia (aves em voo)
e) Fauna (plantas de uma região)
Resposta: C
Comentário: Armada é o coletivo de navios 
de guerra; cáfila é o coletivo de camelos; 
nuvem é o coletivo de insetos (a única 
correta); réstia é o coletivo de cebolas e 
alhos; fauna é o coletivo de animais de uma 
região. 
45. (CESGRANRIO - Adaptada)##A palavra b é 
o substantivo ligado à ação do verbo atender. 
Qual verbo tem o substantivo ligado à sua 
ação com a mesma terminação (-mento)?
a) Escrever
b) Ferver
c) Pretender
d) Querer
e) Crescer
Resposta: E
Comentário: Para responder a essa questão, 
basta tentar derivar todas as palavras com 
o sufixo em questão: crescimento (correto); 
escrevimento (errado); fervimento (errado); 
pretendimento (errado); queremento 
(errado.
46. (NCE – UFRJ)##Assinale a alternativa 
em que a relação entre verbo/ substantivo 
cognatos é INADEQUADA:
a) sobreviver / sobrevivência;
b) perceber / percepção;
c) resolver / resposta;
d) gerar / geração;
e) interagir / interação.
Resposta: C
Comentário: Na letra C, o substantivo 
correto para a derivação do verbo deve 
ser “resolução”. As demais formas estão 
corretas. 
47. (FGV)##Celular é um adjetivo que se 
transformou em substantivo masculino, em 
função da elipse do vocábulo telefone, que 
antecedia esse adjetivo. O caso em que houve 
o mesmo é: 
a) o micro-ondas
b) o caixa
28
LÍNGUA PORTUGUESA
c) o Municipal
d) o público
e) o lança-perfume
Resposta: C
Comentário: Dentre todos os termos 
mencionados, o único que tem sufixação 
adjetival (que forma um adjetivo) é o da letra 
C. Observem-se casos semelhantes: policial, 
estadual, colegial, matricial. O que ocorre na 
questão é uma derivação imprópria, causada 
pela anteposição do artigo a um adjetivo, 
com o fito de transformá-lo em substantivo.
48. (FGV)##Assinale alternativa em que 
a forma verbal sublinhada funciona como 
substantivo. 
a)“Estenderam-se na praia para descansar” 
b) “Ficamos meio cegos, incapazes 
de perceber seja o que for acima da 
mediocridade” 
c) “Então eles, os heróis, chegaram a uma 
ilha deserta chamada Tinis, ao alvorecer” 
d) “Em terra de gente que lê sem ler...” 
Resposta: C
Comentário: A despeito da alternativa C, 
todos os termos destacados são verbos. 
A palavra “alvorecer”, originalmente um 
verbo, ao receber o artigo na anteposição, 
transforma-se em um substantivo. 
49. (EEAR - Adaptada)##Em qual alternativa 
não é possível identificar se o ser ao qual 
o substantivo em destaque se refere é 
masculino ou feminino?
a) A agente de turismo me garantiu que o 
hotel é excelente.
b) A cliente reclamou do péssimo 
atendimento ao gerente do banco.
c) O público aplaudiu muito a intérprete 
quando o espetáculo terminou.
d) Depois de várias ameaças anônimas, a 
testemunha passou a receber proteção 
policial.
Resposta: D
Comentário: As palavras “agente”, “cliente” 
e “intérprete” são substantivos comuns-de-
dois gêneros. Como a palavra “testemunha” 
é um substantivo sobrecomum, não há como 
saber o gênero do referente dessa palavra. 
[14 de fevereiro]
Conheci ontem o que é celebridade. Estava 
comprando gazetas a um homem que as 
vende na calçada da Rua de S. José, esquina 
do Largo da Carioca, quando vi chegar uma 
mulher simples e dizer ao vendedor com voz 
descansada:
− Me dá uma folha que traz o retrato desse 
homem que briga lá fora.
− Quem?
− Me esqueceu o nome dele.
Leitor obtuso, se não percebeste que “esse 
homem que briga lá fora” é nada menos 
que o nosso Antônio Conselheiro, crê-me 
que és ainda mais obtuso do que pareces. 
A mulher provavelmente não sabe ler, 
ouviu falar da seita de Canudos, com muito 
pormenor misterioso, muita auréola, muita 
lenda, disseram-lhe que algum jornal dera o 
retrato do Messias do sertão, e foi comprá-lo, 
ignorando que nas ruas só se vendem as folhas 
do dia. Não sabe o nome do Messias; é “esse 
homem que briga lá fora”. A celebridade, 
caro e tapado leitor, é isto mesmo. O nome 
de Antônio Conselheiro acabará por entrar na 
memória desta mulher anônima, e não sairá 
mais. Ela levava uma pequena, naturalmente 
filha; um dia contará a história à filha, depois 
à neta, à porta da estalagem, ou no quarto 
em que residirem.
VOZES VERBAIS
29
LÍNGUA PORTUGUESA
 (Machado de Assis, Crônica publicada em A 
semana, 1897. In Obra completa, vol.III, Rio 
de Janeiro: Nova Aguilar, 1997, p. 763)
01. (FCC – Adaptada) ## ... um dia contará a 
história à filha, depois à neta.
Transpondo para a voz passiva a frase acima, 
a forma verbal obtida corretamente é:
a) seriam contadas.
b) haverá de ser contada.
c) haveria de ser contada.
d) poderiam ser contadas.
e) será contada.
Resposta: E
Comentário: Para fazer a transposição de 
uma sentença da voz ativa para a voz passiva 
analítica, basta colocar o verbo principal 
(o de ação) no particípio e o verbo auxiliar 
(ser) com as flexões de tempo e modo que 
o principal possuía na voz ativa. No caso em 
questão, a transformação será a seguinte: A 
história será contada à filha, depois à neta. 
-------------------------- ------------------------
 O termo groupthinking foi cunhado, 
na década de cinquenta, pelo sociólogo 
William H. Whyte, para explicar como grupos 
se tornavam reféns de sua própria coesão, 
tomando decisões temerárias e causando 
grandes fracassos. Os manuais de gestão 
definem groupthinking como um processo 
mental coletivo que ocorre quando os grupos 
são uniformes, seus indivíduos pensam da 
mesma forma e o desejo de coesão supera a 
motivação para avaliar alternativas diferentes 
das usuais. Os sintomas são conhecidos: 
uma ilusão de invulnerabilidade, que gera 
otimismo e pode levar a riscos; um esforço 
coletivo para neutralizar visões contrárias 
às teses dominantes; uma crença absoluta 
na moralidade das ações dos membros do 
grupo; e uma visão distorcida dos inimigos, 
comumente vistos como iludidos, fracos ou 
simplesmente estúpidos.
 Tão antigas como o conceito são as 
receitas para contrapor a patologia: primeiro, 
é preciso estimular o pensamento 
críticoe as visões alternativas à visão 
dominante; segundo, é necessário adotar 
sistemas transparentes de governança e 
procedimentos de auditoria; terceiro, é 
desejável renovar constantemente o grupo, 
de forma a oxigenar as discussões e o 
processo de tomada de decisão.
Thomaz Wood Jr. O perigo do groupthinking. 
In: Carta Capital, 13/5/2009, p. 51 (com 
adaptações).
02. (CESPE – Adaptada) ## Por estar 
empregada como uma forma de voz passiva, 
a locução verbal “foi cunhado” corresponde 
a cunhou-se e por esta forma pode ser 
substituída, sem prejuízo para a coerência ou 
para a correção gramatical do texto.
Resposta: Errado.
Comentário: Ao colocar a forma sugerida 
pela questão, haveria problema para o 
sentido original da sentença, o que causaria 
prejuízo para a coerência do período. Isso 
ocorreria em razão de o sentido assumido 
ser o reflexivo e não o passivo. 
-------------------------- ------------------------
QUANDO A INFELICIDADE DA PERGUNTA É 
A RESPOSTA
 O que é o desenvolvimento sustentável? 
Não sabemos, felizmente. Como disse certa 
vez o psicanalista francês André Green, “a 
infelicidade da pergunta é a resposta”. E essa 
não é uma pergunta qualquer. É a pergunta.
Com o Livro aprendemos que a revelação se 
dá pela História. E, mesmo a da humanidade, 
tem seus momentos definidores.
 Os próximos muitos anos são um 
desses momentos decisivos da história. 
Sabemos que estamos consumindo de uma 
30
LÍNGUA PORTUGUESA
forma insustentável os recursos que a 
natureza nos oferece e renova(a). E que, com 
o crescimento da população e a desejável 
elevação dos padrões de consumo de bilhões 
de pessoas, essa tendência será fortemente 
acelerada.
 O rumo atual é insustentável! Pode 
causar estranheza tal assertividade. Afinal, 
não apenas não sabemos com clareza o 
significado(d) do conceito de desenvolvimento 
sustentável, como também não sabemos 
medir a noção de sustentabilidade com 
precisão.
 Há muitos esforços importantes 
sendo despendidos(c) para nos aproximarmos 
de melhores mensurações da ideia de 
sustentabilidade. A medição do Produto 
Interno Bruto dos países está sob implacável 
crítica por suas grandes fragilidades, e a 
forma insuficiente e equivocada de as contas 
nacionais considerarem os recursos naturais 
é uma das razões mais importantes.
 Também a Comissão de Estatística 
das Nações Unidas tem promovido a 
elaboração(b) de uma família de indicadores 
de desenvolvimento sustentável pelas 
instituições nacionais de estatística. E muitos 
indicadores sintéticos e outras formas de 
avaliar a sustentabilidade do desenvolvimento 
atual estão sendo aprimorados.
 Esses esforços têm dado origem a 
ferramentas importantes e úteis. As pesquisas 
científicas, assim como as estatísticas e 
indicadores, sugerem cenários com forte 
tendência à degradação da capacidade da 
natureza de renovar serviços fundamentais 
à qualidade da vida humana (clima, água 
doce, solos férteis, biodiversidade, etc.) em 
velocidade condizente com as taxas previstas 
para sua utilização. Essa é a crise ambiental 
do século XXI em sua dimensão conhecida.
 Somos, contudo, muito ignorantes 
sobre a realidade natural do planeta e há um 
risco acima do aceitável de estarmos gerando 
processos irreversíveis que trariam no futuro 
consequências potencialmente catastróficas 
para a civilização e a espécie humana. Para 
qualquer mentalidade racional, o princípio 
da precaução é o imperativo aplicável.
 É importante lembrar que esse 
processo é insustentável para a civilização e 
para a biodiversidade do nosso tempo, mas 
não para a natureza. Na escala de tempo do 
planeta, contada em milhões e de milhões de 
anos, a humanidade é impotente para gerar 
dano significativo à natureza.
 Não sabemos o que é o desenvolvimento 
sustentável e tampouco temos claro o que 
significa desenvolvimento. A identidade entre 
crescimento econômico e desenvolvimento é 
o produto de uma época histórica, que, como 
todas as demais, será superada.
 Desenvolvimento, como observou 
notavelmente Jean Claude Carriérre, é 
etimologicamente inequívoco em várias 
línguas. Desenvolver não significa apenas 
“ampliar, crescer” e, sim, “des(fazer) o que 
está envolvido; ou, em espanhol, des(arrollar) 
o que está arrollado; ou ainda, em francês ou 
inglês, development/développement, isto 
é, desenvelopar”. Desenvolvimento, para 
a sabedoria da linguagem, é um processo 
de libertação de um potencial contido, 
aprisionado pelas circunstâncias da história.
 Finalmente, sustentável é muito mais 
do que simplesmente duradouro. E significa 
mais, até, do que compromisso com as 
futuras gerações. Sustentável diz respeito 
ao tempo. A consciência humana também 
diz respeito ao tempo e o que distingue o 
homem é a consciência.
 Chegou o momento de a humanidade 
deixar a adolescência, reconhecer a 
existência de limites(e) e ampliar as fronteiras 
de sua relação com o tempo, isto é, assumir 
um pouco mais conscientemente a sua 
história em um tempo mais longo.
 A questão do desenvolvimento 
sustentável confunde-se com a questão 
da consciência humana. A pergunta: “O 
31
LÍNGUA PORTUGUESA
que é o desenvolvimento sustentável?” é 
também a pergunta “Quem é o Homem?” 
A resposta para a pergunta sobre o que é o 
desenvolvimento sustentável é também a 
resposta sobre quem será o homem que o 
homem construirá.
(Sérgio Besserman, Jornal O Globo, 
15/08/2010, com adaptações)
03. (CEPERJ – Adaptada) ## Não ocorre 
mudança de voz verbal em:
a) “ ... os recursos que a natureza nos 
oferece e renova ... “ /os recursos que nos 
são oferecidos e renovados pela natureza ...
b) “Também a Comissão de Estatística das 
Nações Unidas tem promovido a elaboração 
... “ / Também a Comissão de Estatística das 
Nações Unidas promove a elaboração ...
b) “Há muitos esforços importantes sendo 
despendidos ... “ / Despendem-se muitos 
esforços importantes ...
c) “Afinal, não apenas não sabemos com 
clareza o significado ...” / Afinal, não apenas 
não se sabe com clareza o significado ...
d) “ ... reconhecer a existência de limites ...” 
/ a existência de limites ser reconhecida ...
Resposta: B
Comentário: Para identificar a voz passiva 
nas alternativas, basta procurar por uma 
forma no particípio acompanhada do verbo 
“ser” ou a palavra “se” associada a formas 
verbais (diretas ou bitransitivas). Na letra 
b, a diferença entre as formas verbais é a 
seguinte: “tem promovido” é uma forma do 
presente composto do indicativo, enquanto 
“promove” é uma forma do presente simples 
do indicativo. 
-------------------------- ------------------------
TEXTO − DO CAMPO PARA A CIDADE
Gomes, 2002
 Até 1940, os migrantes se dirigiam 
predominantemente para a cidade do Rio de 
Janeiro, então Distrito Federal, e também 
para a cidade e o estado de São Paulo, e eram 
em grande parte oriundos de Minas Gerais e 
do Nordeste. Desde então, seriam os estados 
dessa região os principais responsáveis pela 
expulsão de populações, que se dirigiriam 
primeiro para São Paulo e, após 1950-60, 
também para o Paraná, Goiás, Mato Grosso 
e Rondônia. Estabeleceram-se assim novos 
polos de atração de migrantes e novas áreas 
de expansão das fronteiras agrícolas, o que 
se acentuou após a instauração do regime 
militar em 1964. (...)
 Os anos 1970 assinalaram um ponto 
de inflexão extremamente significativo em 
nosso perfil demográfico, na medida em 
que começou a se inverter a relação entre 
população rural e urbana, ficando está cada 
vez mais concentrada no que passava a ser, 
genérica e simbolicamente, denominado 
como Sul ou Sul Maravilha, numa alusão às 
possibilidades reais ou sonhadas que a região 
oferecia.
 Toda essa situação passaria a produzir 
desdobramentos econômicos e sociais graves, 
que seriam identificados e avaliados, cada 
vez mais, como negativos para o país. De um 
lado, o que se verificava era o esvaziamento 
e o empobrecimento do campo; de outro, 
com o inchamento das grandes cidades, um 
agravamento dos problemas de habitação, 
educação, saúde e segurança.
 Mais recentemente,os deslocamentos 
não se fizeram tanto de áreas rurais para 
urbanas, mas sim entre áreas urbanas e, 
nesse caso, não mais tendo como destino 
preferencial as cidades metropolitanas, e sim 
aquelas de médio porte, que se tornaram 
polos de atração de fluxos migratórios. (....)
 Todas essas transformações desenham 
um novo mapa e um novo perfil para a 
população brasileira. Somos, na virada do 
século XX para o XXI, um novo Brasil urbano, 
inclusive com uma diferenciação bem menor 
entre campo e cidade. Nosso povo deixou 
de ser jovem e começou a envelhecer. Sem 
dúvida, é hora de o Brasil amadurecer.
32
LÍNGUA PORTUGUESA
04. (FDC – Adaptada) ## “Toda essa 
situação passaria a produzir desdobramentos 
econômicos e sociais graves”. Esse segmento 
do texto pode ser reescrito, conservando-
se o seu sentido, de várias formas distintas; 
a frase em que a modificação proposta 
conserva esse sentido original é:
a) Desdobramentos econômicos e sociais 
graves passariam a ser produzidos por toda 
essa situação.
b) Graves desdobramentos sociais e 
econômicos viriam a ser produzidos por 
toda essa situação.
c) Graves desdobramentos econômicos e 
sociais seriam modificados por toda essa 
situação.
d) Toda essa situação seria levada a produzir 
graves desdobramentos econômicos e 
sociais.
e) Toda essa situação chegaria a produzir 
desdobramentos econômicos e sociais 
graves.
Resposta: A
Comentário: O sentido original da sentença 
somente será preservado se houver uma 
transposição da sentença para a voz passiva. 
A expressão “passariam a ser produzidos” é 
a forma passiva de “passaria a produzir”. 
-------------------------- ------------------------
 Imagine que um poder absoluto ou 
um texto sagrado declarem que quem roubar 
ou assaltar será enforcado (ou terá a mão 
cortada). Nesse caso, puxar a corda, afiar a 
faca ou assistir à execução seria simples, pois 
a responsabilidade moral do veredicto não 
estaria conosco. Nas sociedades tradicionais, 
em que a punição é decidida por uma 
autoridade superior a todos, as execuções 
podem ser públicas: a coletividade festeja o 
soberano que se encarregou da justiça − que 
alívio!
 
 A coisa é mais complicada na 
modernidade, em que os cidadãos comuns 
(como você e eu) são a fonte de toda 
autoridade jurídica e moral. Hoje, no mundo 
ocidental, se alguém é executado, o braço 
que mata é, em última instância, o dos 
cidadãos − o nosso. Mesmo que o condenado 
seja indiscutivelmente culpado, pairam mil 
dúvidas. Matar um condenado à morte não 
é mais uma festa, pois é difícil celebrar o 
triunfo de uma moral tecida de perplexidade. 
As execuções acontecem em lugares 
fechados, diante de poucas testemunhas: há 
uma espécie de vergonha. Essa discrição é 
apresentada como um progresso: os povos 
civilizados não executam seus condenados 
nas praças. Mas o dito progresso é, de fato, 
um corolário da incerteza ética de nossa 
cultura.
 Reprimimos em nós desejos e fantasias 
que nos parecem ameaçar o convívio social. 
Logo, frustrados, zelamos pela prisão 
daqueles que não se impõem as mesmas 
renúncias. Mas a coisa muda quando a pena 
é radical, pois há o risco de que a morte do 
culpado sirva para nos dar a ilusão de liquidar, 
com ela, o que há de pior em nós. Nesse 
caso, a execução do condenado é usada para 
limpar nossa alma. Em geral, a justiça sumária 
é isto: uma pressa em suprimir desejos 
inconfessáveis de quem faz justiça. Como 
psicanalista, apenas gostaria que a morte 
dos culpados não servisse para exorcizar 
nossas piores fantasias − isso, sobretudo, 
porque o exorcismo seria ilusório. Contudo é 
possível que haja crimes hediondos nos quais 
não reconhecemos nada de nossos desejos 
reprimidos.
Contardo Calligaris. Terra de ninguém − 
101 crônicas. São Paulo: Publifolha, 2004, 
p. 94-6 (com adaptações).
05. (CESPE – Adaptada) ## Mantendo-se a 
correção gramatical e a coerência do texto, 
a oração “se alguém é executado”, que 
expressa uma hipótese, poderia ser escrita 
33
LÍNGUA PORTUGUESA
como caso se execute alguém, mas não, 
como se caso alguém se execute.
Resposta: Certo.
Comentário: A primeira forma (caso se 
execute alguém) é uma forma de voz passiva 
sintética, a qual preserva o sentido da sua 
relativa analítica anteriormente colocada. 
A construção “se caso alguém se execute”, 
além de possui sentido reflexivo, possui uma 
construção viciosa (a colocação de duas 
conjunções da mesma natureza – se e caso). 
-------------------------- ------------------------
 Assim como os antigos moralistas 
escreviam máximas, deu-me vontade 
de escrever o que se poderia chamar de 
mínimas, ou seja, alguma coisa que, ajustada 
às limitações do meu engenho, traduzisse 
um tipo de experiência vivida, que não chega 
a alcançar a sabedoria mas que, de qualquer 
modo, é resultado de viver.
 Andei reunindo pedacinhos de papel 
em que estas anotações vadias foram feitas 
e ofereço-as ao leitor, sem que pretenda 
convencê-lo do que penso nem convidá-lo 
a repensar suas ideias. São palavras que, de 
modo canhestro, aspiram a enveredar pelo 
avesso das coisas, admitindo-se que elas 
tenham um avesso, nem sempre perceptível 
mas às vezes curioso ou surpreendente.
C.D.A. (Carlos Drummond de Andrade. O 
avesso das coisas [aforismos]. 5.ed. Rio de 
Janeiro: Record, 2007, p. 3)
06. (FCC – Adaptada) ## ...em que estas 
anotações vadias foram feitas... Observando 
o contexto em que a frase acima foi 
empregada, a sua transposição para a voz 
ativa produz corretamente a seguinte forma 
verbal:
a) fizeram-se.
b) tinha feito.
c) fiz.
d) faziam.
e) poderia fazer.
Resposta: C
Comentário: Pelo contexto, entende-se 
que o referente para o agente da passiva 
é a primeira pessoa do singular, logo, na 
transposição da sentença para a voz ativa, 
o verbo deverá ser conjugado mantendo 
o referente de pessoa e número. O verbo 
principal é “fazer” e deve receber a forma 
do pretérito perfeito do indicativo. A frase 
resultante será: “em que fiz estas anotações 
vadias”. 
-------------------------- ------------------------
 No artigo 68 do Ato das Disposições 
Constitucionais Transitórias, dispôs a Carta 
Magna de 1988: “Aos remanescentes das 
comunidades dos quilombos que estejam 
ocupando suas terras é reconhecida a 
propriedade definitiva, devendo o Estado 
emitir-lhes os títulos respectivos.” Era o 
reconhecimento de um direito. Restava 
regulamentar a forma pela qual esse direito 
seria garantido. Em novembro de 2003, o 
presidente da República assinou o Decreto 
n.º 4.877, que estabelece, em seu artigo 
2.º: “Consideram-se remanescentes das 
comunidades dos quilombos, para os fins deste 
decreto, os grupos étnico-raciais, segundo 
critérios de autoatribuição, com trajetória 
histórica própria, dotados de relações 
territoriais específicas, com presunção de 
ancestralidade negra relacionada com a 
resistência à opressão histórica sofrida.”
 E, logo em seguida, o parágrafo 
primeiro do mesmo artigo reafirma e 
esclarece: “Para os fins deste decreto, a 
caracterização dos remanescentes das 
comunidades dos quilombos será atestada 
mediante autodefinição da própria 
comunidade.”
 Essa regulamentação resultou naquilo 
que o professor Denis Rosenfield descreveu 
como “ressemantização da palavra 
34
LÍNGUA PORTUGUESA
quilombo”; segundo ele, “o quilombo já 
não significaria um povoado formado por 
escravos negros (...), mas uma identidade 
cultural.”
O Estado de S.Paulo, 29/11/2010 (com 
adaptações).
07. (CESPE – Adaptada) ## Prejudica-
se a correção gramatical do período ao 
se substituir ‘Consideram-se’ por São 
considerados.
Resposta: Errado.
Comentário: Não há prejuízo para a correção 
gramatical da sentença, pois a mudança em 
questão trata-se apenas de uma alteração de 
forma passiva: da sintética para a analítica. 
Uma vez que a relação de concordância está 
correta, essa sentença se mantém correta. 
-------------------------- ------------------------
 Convocada por D. Pedro em junho de 
1822, a constituinte só seria instalada um 
ano maistarde, no dia 3 de maio de 1823, 
mas acabaria dissolvida seis meses depois, 
em 12 de novembro.
 Os membros da constituinte eram 
escolhidos por meio dos mesmos critérios 
estabelecidos para a eleição dos deputados 
às cortes de Lisboa. Os eleitores eram apenas 
os homens livres, com mais de vinte anos e 
que residissem por, pelo menos, um ano na 
localidade em que viviam, e proprietários 
de terra. Cabia a eles escolher um colégio 
eleitoral, que, por sua vez, indicava os 
deputados de cada região. Estes tinham 
de saber ler e escrever, possuir bens e 
virtudes. Em uma época em que a taxa de 
analfabetismo alcançava 99% da população, 
só um entre cem brasileiros era elegível. 
Os nascidos em Portugal tinham de estar 
residindo por, pelo menos, doze anos no 
Brasil. Do total de cem deputados eleitos, só 
89 tomaram posse. Era a elite intelectual e 
política do Brasil, composta de magistrados, 
membros do clero, fazendeiros, senhores 
de engenho, altos funcionários, militares e 
professores. Desse grupo, sairiam mais tarde 
33 senadores, 28 ministros de Estado, dezoito 
presidentes de província, sete membros 
do primeiro conselho de Estado e quatro 
regentes do Império.
 O local das reuniões era a antiga 
cadeia pública, que, em 1808, havia sido 
remodelada pelo vice-rei conde dos Arcos 
para abrigar parte da corte portuguesa de 
D. João. No dia da abertura dos trabalhos, D. 
Pedro chegou ao prédio em uma carruagem 
puxada por oito mulas. Discursou de cabeça 
descoberta, o que, por si só, sinalizava 
alguma concessão ao novo poder constituído 
nas urnas. A coroa e o cetro, símbolos do seu 
poder, também foram deixados sobre uma 
mesa.
Laurentino Gomes. 1822. Rio de Janeiro: 
Nova Fronteira, 2010, p. 213-16 (com 
adaptações).
08. (CESPE – Adaptada) ## Empregando-se 
a voz ativa e mantendo-se os tempos verbais 
empregados, o trecho “O local das reuniões 
era a antiga cadeia pública, que, em 1808, 
havia sido remodelada pelo vice-rei conde 
dos Arcos” seria, corretamente, reescrito da 
seguinte forma: O local das reuniões era a 
antiga cadeia pública, que, em 1808, o vice-
rei conde dos Arcos remodelou.
Resposta: Errado.
Comentário: Para manter exatamente a 
correlação de tempos e modos verbais, seria 
necessário manter a forma de pretérito-
mais-que-perfeito (remodelara), ou um 
pretérito-mais-que-perfeito composto do 
indicativo (havia remodelado). 
-------------------------- ------------------------
 Na mídia em geral, nos discursos 
políticos, em mensagens publicitárias, na 
fala de diferentes atores sociais, enfim, nos 
diversos contextos em que a comunicação se 
35
LÍNGUA PORTUGUESA
faz presente, deparamo-nos repetidas vezes 
com a palavra cidadania. Esse largo uso, 
porém, não torna seu significado evidente. 
Ao contrário, o fato de admitir vários 
empregos deprecia seu valor conceitual, isto 
é, sua capacidade de nos fazer compreender 
certa ordem de eventos. Assim, pode-se 
dizer que, contemporaneamente, a palavra 
cidadania atende bastante bem a um dos 
usos possíveis da linguagem, a comunicação, 
mas caminha em sentido inverso quando 
se trata da cognição, do uso cognitivo 
da linguagem. Por que, então, a palavra 
cidadania é constantemente evocada, se o 
seu significado é tão pouco esclarecido?
 Uma resposta possível a essa 
indagação começaria por reconhecer que há 
considerável avanço da agenda igualitária 
no mundo e, decorrente disso, a valorização 
sem precedentes da ideia de direitos. 
De fato, tornou-se impossível conceber 
formas contemporâneas de interação entre 
indivíduos ou grupos sem que a referência 
a direitos esteja pressuposta ou mesmo 
vocalizada. Direitos, por isso, sustentam 
uma espécie de argumentação pública 
permanente, a partir da qual os atores sociais 
agenciam suas identidades e tentam ampliar 
o escopo da política de modo a abarcar suas 
questões. Tais atores constroem-se, portanto, 
em público, pressionando o sistema político 
a reconhecer direitos que julgam possuir e a 
incorporá-los à agenda governamental.
(Maria Alice Rezende de Carvalho. 
“Cidadania e direitos”. In: Agenda brasileira: 
temas de uma sociedade em mudança. 
André Botelho e Lilia Moritz Schwarcz 
(orgs.). São Paulo: Companhia das Letras, 
2011, p. 104)
09. (FCC – Adaptada) ## Direitos, por isso, 
sustentam uma espécie de argumentação 
pública permanente [...]
Transpondo a frase acima para a voz passiva, 
a forma verbal obtida é:
a) sustentam-se.
b) é sustentada.
c) foi sustentada.
d) sustentara-se.
e) haviam sido sustentadas.
Resposta: B
Comentário: O sujeito paciente da sentença 
é “uma espécie de argumentação pública 
permanente”; o tempo do verbo é o presente 
simples do indicativo. Logo, a forma será 
“uma espécie de argumentação pública 
permanente é sustentada por direitos. 
A POLÍCIA E A VIOLÊNCIA NA ESCOLA
Miriam Abramovay e Paulo Gentili
 Em alguns países, a presença da 
polícia dentro das escolas tem sido uma das 
respostas mais recorrentes para enfrentar a 
violência das sociedades contemporâneas. 
A proposta parece ser a maneira mais 
elementar de oferecer proteção às crianças e 
aos jovens, as principais vítimas da violência. 
Muros altos, grades imensas, seguranças 
armados ou policiais patrulhando o interior 
das escolas parecem brindar aquilo que 
desejamos para nossos filhos: segurança e 
amparo.
 Todavia, os efeitos positivos desse tipo 
de iniciativa nunca foram demonstrados. 
Conforme evidenciam pesquisas e 
experiências no campo da segurança pública, 
o ataque aos efeitos da violência costuma 
não diminuir sua existência. Precisamos 
compreender a origem e as razões da 
violência no interior do espaço escolar para 
pensar soluções que não contribuam para 
aprofundá-las.
 Nesse sentido, quando as próprias 
tarefas de segurança dentro das instituições 
educacionais são transferidas para pessoas 
36
LÍNGUA PORTUGUESA
exteriores a elas, cria-se a percepção de que 
os adultos que ali trabalham são incapazes 
ou carecem de poder suficiente para resolver 
os problemas que emergem. Instala-se a 
ideia de que a visibilidade de uma arma ou 
a presença policial tem mais potência que 
o diálogo ou os mecanismos de intervenção 
que a própria escola pode definir. A medida 
contribui para aprofundar um vácuo de 
poder já existente nas relações educacionais, 
criando um clima de desconfiança entre os 
que convivem no ambiente escolar.
 A presença da polícia no contexto 
escolar será marcada por ambiguidades 
e tensões. Estabelecer os limites da 
intervenção do agente policial é sempre 
complexo num espaço que se define por uma 
especificidade que a polícia desconhece. 
Nenhuma formação educacional foi oferecida 
aos policiais que estarão agora dentro das 
escolas, o que constitui enorme risco. As 
pesquisas sobre juventude evidenciam um 
grave problema nas relações entre a polícia 
e os jovens, particularmente quando eles são 
pobres, com uma reação de desconfiança e 
desrespeito promovendo um conflito latente 
que costuma explodir em situações de alta 
tensão entre os jovens e a polícia. Reproduzir 
essa lógica no interior da escola não é 
recomendável.
 A política repressiva não é o caminho 
para tornar as escolas mais seguras. A escola 
deve ser um local de proteção e protegido, e 
a presença da polícia pode ser uma fonte de 
novos problemas.
 Devemos contribuir para que as 
escolas solucionem seus problemas 
cotidianos com a principal riqueza que elas 
têm: sua comunidade de alunos, docentes, 
diretivos e funcionários. Programas de 
Convivência Escolar e outras alternativas 
têm demonstrado um enorme potencial 
para enfrentar a dimensão educacional da 
violência social. O potencial da escola está 
na ostentação do saber, do conhecimento, 
do diálogo e da criatividade. Não das armas.
10. (FEMPERJ – Adaptada) A frase abaixo que 
apresenta voz verbal diferente das demais é:
a) “Programas de Convivência Escolar e 
outras alternativas têm demonstrado um 
enorme potencial...”.
b) “A presença da polícia no contexto 
escolar será marcada por ambiguidadese 
tensões”.
c) “Instala-se a ideia de que a visibilidade 
de uma arma ou a presença policial...”.
d) “...quando as próprias tarefas de 
segurança dentro das instituições 
educacionais são transferidas para pessoas 
exteriores a elas...”.
e) “Todavia, os efeitos positivos desse tipo 
de iniciativa nunca foram demonstrados”.
Resposta: A
Comentário: A sentença da letra “a” – a 
resposta correta – possui voz ativa (ocorre 
que o verbo está em um tempo composto). 
As demais sentenças apresentam formas 
verbais de voz passiva (em “c”, sintética; nas 
demais, analítica).
Freud, o peixeiro e os excluídos
 Há anos compro peixe na mesma feira 
com o mesmo peixeiro. Disse a ele outro dia: 
Quando crescer, quero ser peixeiro. Devolveu 
a provocação: "Boa escolha, professor. 
É a profissão do id." Fiquei uma semana 
intrigado. Enfim, um peixeiro freudiano no Rio 
de Janeiro! Um analista excêntrico que tem 
por hobby limpar escamas! Na feira seguinte, 
perguntei: Ok, peixeiro é a profissão do id. 
Mas como assim? "O professor não conhece 
a Bíblia? Cristo precisava de apóstolos, 
chamou os pescadores e disse: Ide e pregai o 
evangelho a toda criatura!".
 Um sujeito bem intencionado quer 
dizer uma coisa, o freguês entende outra. 
SINTAXE
37
LÍNGUA PORTUGUESA
Quando dizemos "direitos humanos", por 
exemplo, o que entendem os peixeiros, 
torneiros mecânicos, políticos profissionais, 
investigadores de polícia, personal trainings 
e membros de outras profissões? Não 
sabemos, mas deveríamos.
 A luta social não acontece só na 
"política" - partidos, parlamentos, sindicatos 
etc. Aconte-ce também no interior da 
linguagem. Os desentendimentos por causa 
das palavras são, às vezes, desentendimentos 
sociais.
 Não se sabe, por exemplo, quem 
inventou a palavra "excluídos" para designar 
pobres. Os movimentos sociais incorporaram 
a palavrinha sem refletir. A criança que não 
tem escola - está "excluída" da escola. O 
trabalhador que não tem emprego - está 
"excluído" do emprego. A palavra designa 
um fato real, mas o que quer dizer? Que a 
sociedade tem um lado de dentro e outro 
de fora. Como se fosse um trem correndo 
pela Baixada Fluminense (digamos): nós que 
estamos dentro olhamos pela janela e vemos 
as casas e pessoas que estão de fora.
 Acontece que a sociedade não é um 
trem que corre pela Baixada. A sociedade é o 
trem e as pessoas que vemos pela janela do 
trem. A sociedade não tem lado de fora. O 
que está fora da sociedade seria desumano, 
pois ela nada mais é que a relação entre os 
humanos. Não formamos sociedade com os 
cães, os mosquitos, os micos-leões-dourados. 
A única possibilidade de um ser humano ser 
excluído dela é deixar de ser humano. Até 
mesmo a nossa relação com a natureza e os 
bichos se faz por meio da sociedade.
 O leitor já viu onde quero chegar. 
Chamar alguém de "excluído" é lhe retirar a 
condição de humano. Ora, os movimentos 
sociais, que lutam para estender os direitos 
humanos a todas as pessoas, querem 
precisamente o contrário: querem humanizar 
ricos e pobres, negros e brancos, homens 
de bem e criminosos, bonitos e feios. Como 
é então que usam, e abusam, da palavra 
"excluídos"? Como é que admitem que a 
sociedade tem um lado de dentro (onde 
estão os incluídos) e um lado de fora (onde 
estão os "excluídos")? Como é que se deixam 
enredar por esse pântano de palavras, a 
ponto de negar com a boca o que fazem com 
o coração?
 Alguém os enredou. Quem foi? Talvez 
o Polvo de Vieira. "O polvo, escurecendo-
se a si, tira a vista aos outros, e a primeira 
traição e roubo que faz é a luz, para que 
não se distinga as cores". Não é inocente 
chamar os explorados de nossa sociedade 
de "excluídos". Primeiro, porque, sutilmente, 
se está negando aos pobres a humanidade 
que os outros teriam. Segundo porque se 
está desvinculando a pobreza ("exclusão") da 
riqueza ("inclusão"). Por esse modo de pensar, 
aparentemente inocente, os ricos nada têm 
a ver com os pobres. Estes são problema 
do governo, "que devia dar escola, saúde e 
segurança aos excluídos" e dos políticos "que 
só sabem roubar".
 Temos até hoje feira de trabalhadores: 
centenas de homens fortes acocorados 
esperando o "gato" selecionar os que vão 
trabalhar. O salário obedece à lei da oferta 
e procura: sobe se os acocorados forem 
poucos, desce se forem muitos.
 Como lidar com o número crescente 
de pessoas que nascem, vivem e morrem sem 
trabalho? O Brasil inventou várias "soluções" 
para esse problema do desenvolvimento. 
Uma delas foi o padrão popular de 
acumulação: o Se Virar. Os que se viram não 
estão excluídos de nada. Pertencem a um 
padrão de acumulação que compete há cem 
anos com o padrão capitalista.
 Na minha feira, há muitos vendedores 
de limão. Alguns vendem outras coisas. 
São "excluídos"? Produzem mais-valia 
como qualquer outro proletário. Desejam 
roupas, tênis, bailes, prestígio, mulheres de 
revista, adrenalina, alucinação. Têm desejos 
e compram a sua satisfação possuindo a 
imagem (ou a simulação) dos objetos do 
38
LÍNGUA PORTUGUESA
desejo. Se tiverem competência e sorte, se 
tornarão vendedores de objetos (como limão) 
ou de sensações (como cocaína). Alguns 
abraçarão a profissão do Ide. De um jeito ou 
de outro, todos estão incluídos.
(Adaptação do texto de SANTOS, Joel 
Rufino dos. Jornal do Brasil, domingo, 
11/03/2001.)
01. (FGV - Adaptada) ## A sociedade não tem 
lado de fora. O que está fora da sociedade 
seria desumano, pois ela nada mais é que a 
relação entre os humanos.
A respeito do uso do vocábulo pois no 
fragmento acima, pode-se afirmar que se 
trata de:
a) uma conjunção subordinativa que 
estabelece conexão entre as orações 
introduzindo valor de explicação.
b) uma preposição que estabelece conexão 
entre períodos coordenativos introduzindo 
valor de consequência.
c) uma conjunção coordenativa que 
estabelece conexão entre as orações 
introduzindo valor de alternância.
d) um pronome relativo que introduz a 
oração relativa explicativa, retomando a 
expressão sociedade.
e) uma conjunção coordenativa que 
estabelece conexão entre as orações 
introduzindo valor de explicação.
Resposta: E
Comentário: É preciso considerar que a 
palavra “pois” pode ser classificada de dois 
modos básicos: conjunção coordenativa 
conclusiva e conjunção coordenativa 
explicativa. Como, para possuir sentido 
conclusivo, seria necessário surgir após uma 
forma verbal, entende-se que o caso em 
questão se trata de uma conjunção com 
valor explicativo. 
Freud, o peixeiro e os excluídos
 Há anos compro peixe na mesma feira 
com o mesmo peixeiro. Disse a ele outro dia: 
Quando crescer, quero ser peixeiro. Devolveu 
a provocação: "Boa escolha, professor. 
É a profissão do id." Fiquei uma semana 
intrigado. Enfim, um peixeiro freudiano no Rio 
de Janeiro! Um analista excêntrico que tem 
por hobby limpar escamas! Na feira seguinte, 
perguntei: Ok, peixeiro é a profissão do id. 
Mas como assim? "O professor não conhece 
a Bíblia? Cristo precisava de apóstolos, 
chamou os pescadores e disse: Ide e pregai o 
evangelho a toda criatura!".
 Um sujeito bem intencionado quer 
dizer uma coisa, o freguês entende outra. 
Quando dizemos "direitos humanos", por 
exemplo, o que entendem os peixeiros, 
torneiros mecânicos, políticos profissionais, 
investigadores de polícia, personal trainings 
e membros de outras profissões? Não 
sabemos, mas deveríamos.
 A luta social não acontece só na 
"política" - partidos, parlamentos, sindicatos 
etc. Acontece também no interior da 
linguagem. Os desentendimentos por causa 
das palavras são, às vezes, desentendimentos 
sociais.
 Não se sabe, por exemplo, quem 
inventou a palavra "excluídos" para designar 
pobres. Os movimentos sociais incorporaram 
a palavrinha sem refletir. A criança que não 
tem escola - está "excluída" da escola. O 
trabalhador que não tem emprego - está 
"excluído" do emprego. A palavra designa 
um fato real, mas o que quer dizer? Que a 
sociedade tem um lado de dentro e outro 
de fora. Como se fosse um trem correndo 
pela Baixada Fluminense(digamos): nós que 
estamos dentro olhamos pela janela e vemos 
as casas e pessoas que estão de fora.
 Acontece que a sociedade não é um 
trem que corre pela Baixada. A sociedade é 
o trem e as pessoas que vemos pela janela 
do trem. A sociedade não tem lado de fora. O 
39
LÍNGUA PORTUGUESA
que está fora da sociedade seria desumano, 
pois ela nada mais é que a relação entre os 
humanos. Não formamos sociedade com os 
cães, os mosquitos, os micos-leões-dourados. 
A única possibilidade de um ser humano ser 
excluído dela é deixar de ser humano. Até 
mesmo a nossa relação com a natureza e os 
bichos se faz por meio da sociedade.
 O leitor já viu onde quero chegar. 
Chamar alguém de "excluído" é lhe retirar a 
condição de humano. Ora, os movimentos 
sociais, que lutam para estender os direitos 
humanos a todas as pessoas, querem 
precisamente o contrário: querem humanizar 
ricos e pobres, negros e brancos, homens 
de bem e criminosos, bonitos e feios. Como 
é então que usam, e abusam, da palavra 
"excluídos"? Como é que admitem que a 
sociedade tem um lado de dentro (onde 
estão os incluídos) e um lado de fora (onde 
estão os "excluídos")? Como é que se deixam 
enredar por esse pântano de palavras, a 
ponto de negar com a boca o que fazem com 
o coração?
 Alguém os enredou. Quem foi? Talvez 
o Polvo de Vieira. "O polvo, escurecendo-
se a si, tira a vista aos outros, e a primeira 
traição e roubo que faz é a luz, para que 
não se distinga as cores". Não é inocente 
chamar os explorados de nossa sociedade 
de "excluídos". Primeiro, porque, sutilmente, 
se está negando aos pobres a humanidade 
que os outros teriam. Segundo porque se 
está desvinculando a pobreza ("exclusão") da 
riqueza ("inclusão"). Por esse modo de pensar, 
aparentemente inocente, os ricos nada têm 
a ver com os pobres. Estes são problema 
do governo, "que devia dar escola, saúde e 
segurança aos excluídos" e dos políticos "que 
só sabem roubar".
 Temos até hoje feira de trabalhadores: 
centenas de homens fortes acocorados 
esperando o "gato" selecionar os que vão 
trabalhar. O salário obedece à lei da oferta 
e procura: sobe se os acocorados forem 
poucos, desce se forem muitos.
 Como lidar com o número crescente 
de pessoas que nascem, vivem e morrem sem 
trabalho? O Brasil inventou várias "soluções" 
para esse problema do desenvolvimento. 
Uma delas foi o padrão popular de 
acumulação: o Se Virar. Os que se viram não 
estão excluídos de nada. Pertencem a um 
padrão de acumulação que compete há cem 
anos com o padrão capitalista.
 Na minha feira, há muitos vendedores 
de limão. Alguns vendem outras coisas. 
São "excluídos"? Produzem maisvalia como 
qualquer outro proletário. Desejam roupas, 
tênis, bailes, prestígio, mulheres de revista, 
adrenalina, alucinação. Têm desejos e 
compram a sua satisfação possuindo a 
imagem (ou a simulação) dos objetos do 
desejo. Se tiverem competência e sorte, se 
tornarão vendedores de objetos (como limão) 
ou de sensações (como cocaína). Alguns 
abraçarão a profissão do Ide. De um jeito ou 
de outro, todos estão incluídos.
(Adaptação do texto de SANTOS, Joel 
Rufino dos. Jornal do Brasil, domingo, 
11/03/2001.)
02. (FGV- Adaptada) ## Não se sabe, por 
exemplo, quem inventou a palavra "excluídos" 
para designar pobres.
De acordo com a descrição sintática 
tradicional, a oração sublinhada deve ser 
analisada como:
a) objeto direto indeterminado do verbo 
saber, que é impessoal.
b) sujeito oracional do verbo saber, que está 
na voz passiva sintética.
b) adjunto adverbial de finalidade em 
relação à ideia de designar algo.
c) sujeito indeterminado do verbo inventar, 
que não admite determinação do sujeito.
d) complemento nominal oracional da 
expressão por exemplo.
40
LÍNGUA PORTUGUESA
 O verbo saber é transitivo direto e se 
encontra apassivado pelo pronome “se”, ou 
seja, esse é um caso de voz passiva sintética. 
Como há o verbo e a partícula apassivadora, 
resta identificar o sujeito paciente dessa 
forma verbal. Se o leitor perguntar “o que 
se sabe?”, concluirá que a resposta é “quem 
inventou a palavra ‘excluídos’”, que se trata 
de uma oração introduzida pela palavra 
“quem” (com valor de conjunção integrante). 
Logo, trata-se de uma oração subordinada 
substantiva subjetiva (que é o sujeito 
oracional) paciente. 
 De um modo geral, o conflito ou a 
contradição que atravessam a separação 
entre o público e o privado podem ser 
resumidos na pergunta que sempre 
atormentou os moralistas antigos e os 
modernos: os fins justificam os meios? Um dos 
divisores de água que a modernidade traçou 
entre a ética e a política foi dado pela baliza 
posta por essa pergunta. No caso da ética, 
a resposta é negativa: os meios precisam 
estar de acordo com a natureza dos fins e, 
portanto, para fins éticos os meios precisam 
ser éticos também. (...) No caso da política, 
ao contrário, a resposta tende a ser positiva e 
estabelece uma diferença de natureza entre 
meios e fins, exigindo-se, porém, que haja 
alguma proporção (ou racionalidade) entre 
eles. A idéia que parece prevalecer é a de que, 
na política, todos os meios são bons e lícitos 
desde que o fim seja bom para a coletividade.
Marilena Chaui. Público, privado, de 
spotismo. In: Ética, Adauto Novaes (org.). 
São Paulo: Companhia das Letras, Secretaria 
Municipal de Cultura, 5.ª impressão, 1997, p. 
353-4 (com adaptações).
03. (CESPE – Adaptada) ## Em "exigindo-
se", a eliminação do pronome enclítico "se" 
prejudicaria o sentido e a correção gramatical 
do período, porque a oração ficaria sem 
sujeito.
Resposta: Errado
Comentário: Não haveria problema para a 
correção gramatical, pois a eliminação da 
palavra “se” faria com que o verbo tivesse 
uma mudança em seu sujeito, sintaticamente 
falando, o sujeito seria oculto. 
-------------------------- ------------------------
O avanço da publicidade na Internet
 Desde 2003, os gastos em publicidade 
na Internet quase triplicaram no Brasil. A 
expansão se deve à elevação do número de 
usuários, das conexões em banda larga e do 
tempo de conexão. Por mês, os brasileiros 
passam, em média, 22 horas e 43 minutos na 
rede. Apesar do crescimento, a Internet só 
detém 2% do mercado publicitário do país.
Veja, 4/7/2007 (com adaptações).
04. (CESPE - Adaptada) ## O fato de os termos 
"do número", "das conexões" e "do tempo" 
iniciarem-se com a mesma preposição indica 
que esses termos são complementos de 
"elevação".
Resposta: Errado
Comentário: O termo “do número” está 
subordinado ao elemento “elevação” 
como um complemento nominal; já, os 
elementos “das conexões” e “do tempo” 
estão subordinados ao termo número como 
adjuntos adnominais.
ÉTICA E TRIBUTO
 No amplo debate sobre as questões 
tributárias fala-se com freqüência de ética 
ou moralidade tributária, ainda que não 
se tenha absoluta clareza quanto à real 
extensão desse conceito. Nada diferente do 
que ocorre em relação à acepção da ética em 
outros domínios da política e da economia. 
A propósito, Norberto Bobbio, em "Elogio 
da serenidade e outros escritos morais", já 
observara que "nenhuma questão moral, 
proposta em qualquer campo, encontrou até 
hoje solução definitiva".
41
LÍNGUA PORTUGUESA
 A despeito de sua natureza 
relativamente controversa, a ética tributária, 
ao menos conforme admite o senso comum, 
vincula-se à concepção e à prática de regras 
justas e razoáveis em matéria tributária. 
Aponta para questões, não raro conflitantes, 
que envolvem as limitações do poder de 
tributar, os direitos dos contribuintes, o dever 
fundamental de pagar impostos, o equilíbrio 
concorrencial, a prevenção das guerras 
fiscais, etc. Encerra, portanto, questões 
concernentes às relações entre o fisco e o 
contribuinte, entre os contribuintes e entre 
os fiscos.
 No Brasil, o debate sobre ética 
tributária só recentemente ganhou vulto 
em decorrência do aumento da carga 
tributária, da expansão da "indústria de 
liminares", do visível aperfeiçoamento 
da administração fiscal, da estabilidade 
econômica e da crescente inserçãodo país na 
economia globalizada. Na maioria dos países 
desenvolvidos, com cultura tributária mais 
amadurecida, esse debate é mais limitado, 
porque praticamente restrito a discussões 
sobre a pressão fiscal e a competição fiscal 
nociva (harmfull tax competition).
 Ainda não se enxerga horizonte 
visível para fixação de padrões éticos no 
campo tributário brasileiro, porque essa 
meta demanda uma ampla reestruturação 
de relacionamentos entre os fiscos e os 
contribuintes. O cidadão brasileiro, ao menos 
no plano cultural, não inclui o pagamento 
de impostos entre os deveres fundamentais. 
Não causa estranheza o empresário afirmar, 
sem nenhum sentimento de culpa, que 
deixou de pagar os impostos porque a "crise" 
o obrigou a optar entre o recolhimento de 
impostos e o pagamento aos fornecedores 
e empregados. Dito de outra forma, o 
pagamento de impostos ainda não é um valor 
definitivamente incorporado à vida nacional.
 (...)
 A evasão tributária é explicável por 
várias razões.
 A mais conhecida é o propósito ilícito 
de auferir vantagens em relação aos demais 
contribuintes.
 Essa é a razão que socorre o homo 
oeconomicus, que pensa em sua conveniência 
econômica e não reconhece nenhum dever 
moral de conduta. No seu entender, é lícito 
tudo que o beneficia. Entre outras razões 
explicativas da evasão, destacam-se: a 
ignorância frente à matéria tributária, muitas 
vezes reforçada por uma legislação complexa 
e ambígua; a impunidade que privilegia os que 
não pagam impostos; a falta de percepção 
quanto ao uso do dinheiro público ou sua 
malversação, em prejuízo do exercício pleno 
da cidadania fiscal; a utilização imprópria 
de recursos judiciais; a existência de uma 
relação desequilibrada nas relações entre o 
fisco e o contribuinte.
 Estudos da Secretaria da Receita 
Federal, com base no recolhimento da CPMF, 
mostram que um terço dos pagamentos 
realizados por intermédio de instituições 
financeiras foi tributado apenas por aquela 
contribuição, o que significa dizer que foram 
objeto de evasão, elisão ou isenção fiscais. 
Trata-se de percentual elevado, porém bem 
inferior a uma muito propalada estimativa 
de sonegação no Brasil ("para cada real 
arrecadado corresponde um real sonegado").
 O combate à evasão fiscal é um dos 
pilares básicos sobre os quais se assenta a 
ética tributária. Nada produz mais distorções 
concorrenciais ou injustiça na arrecadação 
de impostos que a evasão fiscal, inclusive 
quando comparada com outras supostas 
"imperfeições" do sistema tributário, como a 
incidência em cascata. Ao fim e ao cabo, não 
é demais lembrar que inexiste igualdade na 
ilegalidade.
 Ao contrário do que alguns propagam, 
evasão fiscal não é um problema adstrito à 
administração tributária, a ser debelado pela 
ação fiscalizadora. A própria concepção dos 
tributos já traz em si os riscos de sonegação. 
Tributos muito vulneráveis à evasão, 
42
LÍNGUA PORTUGUESA
especialmente em países sem forte tradição 
tributária, são altamente perniciosos, 
porque sendo a sonegação uma conduta 
oportunista ela inevitavelmente ocorrerá e, 
em conseqüência, acarretará toda sorte de 
desequilíbrios no mercado e deficiências no 
erário.
 (...)
 No âmbito da administração tributária, 
o enfrentamento da evasão fiscal exige um 
contínuo aperfeiçoamento, que passa, entre 
recursos, pela aplicação de procedimentos 
de inteligência fiscal e pelo uso intensivo 
das novas tecnologias de informação e 
comunicação. Tudo, entretanto, será inócuo 
se resultar em impunidade, o que requer 
celeridade nas execuções fiscais e nos 
julgamentos de recursos e impugnações 
administrativas, extrema parcimônia 
na concessão de anistias e remissões, e 
articulação entre órgãos de fiscalização.
 Ninguém põe dúvida quanto à 
legalidade da elisão fiscal, entendida como um 
ato ou negócio jurídico destinado a reduzir ou 
eliminar o ônus tributário, mediante utilização 
de "brechas fiscais" (fiscal loopholes), sem 
ofensa à lei e anteriormente à ocorrência 
do fato gerador. Não há, portanto, como 
confundi-la com evasão fiscal, de natureza 
francamente ilegal. Tampouco pode alguém 
cogitar de restrições ao legítimo direito de 
autoorganiza-ção do contribuinte. A questão 
é de outra natureza. Deve a legislação 
brasileira, à semelhança do que ocorre em 
vários países desenvolvidos, estabelecer 
uma norma geral antielisão? A prática do 
planejamento fiscal não poderá, em certos 
casos, resultar em ofensa aos princípios 
constitucionais da igualdade, solidariedade e 
justiça, favorecendo os que dispõem de mais 
recursos e mais informações?
 A elisão fiscal não poderá assumir um 
caráter de segregação entre os que podem 
fazer uso dela e os que não podem e, por 
isso mesmo, acabam, obliquamente, sendo 
onerados por um inusitado "imposto sobre 
os tolos"?
 As respostas a essas questões não são 
simples, ademais de controversas. A matéria 
não foi ainda suficientemente pacificada 
entre os tributaristas. Entretanto, por mais 
fortes que sejam os argumentos dos que 
se opõem a uma norma geral antielisão é 
inequívoco que a prática do planejamento 
fiscal fixa um divisor entre contribuintes de 
primeira e segunda classes, em detrimento 
de um desejado tratamento igualitário.
 (...)
 As isenções complementam o 
quadro dos institutos que comprometem 
a igualdade tributária. Freqüentemente, 
elas resultam de pressões exercidas por 
grupos de interesses, alimentadas por 
financiamentos de campanhas, e têm pouca 
ou nenhuma fundamentação econômica ou 
social. No Brasil, não se percebe claramente 
que a sociedade finda pagando mais 
impostos justamente para compensar os 
que não pagam em virtude da fruição de 
benefícios fiscais. Esses benefícios, todavia, 
assim como as despesas, não são órfãos. 
Removê-los implica uma verdadeira batalha 
política. É evidente que essa crítica não se 
aplica a incentivos transitórios e específicos 
para regiões ou pessoas pobres, nem ao 
ajustamento dos impostos à capacidade 
econômica dos contribuintes.
 (...)
 A ética tributária guarda relação, 
também, com a percepção externa das 
administrações tributárias. É importante que 
os contribuintes percebam que a política 
tributária é justa, a administração fiscal é 
proba, sensível e confiável, e os recursos 
arrecadados são corretamente aplicados.
 (...)
 A confiança do contribuinte na 
administração fiscal presume, desde logo, 
a existência de servidores probos - não 
apenas honestos ou que pareçam honestos, 
mas sobretudo exemplares. A autoridade 
que se confere ao servidor fiscal impõe 
43
LÍNGUA PORTUGUESA
responsabilidade e exemplaridade. A 
instituição de corregedorias, com autonomia 
funcional e mandato, é peça indispensável 
para consecução de padrões de honestidade 
nas administrações tributárias.
 (...)
 A ética tributária, por último, 
reclama a observância de relações de 
cooperação entre as administrações 
tributárias, como a troca de informações 
e, no plano internacional, as convenções 
para prevenir a bitributação. Militam em 
direção oposta a esse entendimento a 
utilização de instrumentos de "guerra fiscal" 
e a constituição de paraísos fiscais. Inúmeros 
estudos mostram que a guerra fiscal, 
particularmente no caso brasileiro, em nada 
aproveitou ao desenvolvimento das regiões 
mais pobres. Quando muito, serviu para 
acumulação de riquezas de certas elites, não 
necessariamente residentes nessas regiões. 
Não nos esqueçamos de que as guerras 
fiscais são quase tão velhas quanto a pobreza 
dessas regiões.
 (...)
 Robert Wagner, quando prefeito de 
Nova York, cunhou uma frase que se tornou 
célebre na literatura tributária: "Os impostos 
são o preço da civilização; não existem 
impostos na selva." No Brasil, a consolidação 
de uma ética tributária constitui requisito 
crítico para o desenvolvimento, para a 
segurança dos investimentos, para o 
equilíbrio concorrencial e para a justiça fiscal.
(Everardo Maciel. www.braudel.org.br)
05. (FGV - Adaptada) ## "No Brasil, o debate 
sobre ética tributária só recentemente 
ganhou vultoem decorrência do aumento da 
carga tributária, da expansão da 'indústria 
de liminares', do visível aperfeiçoamento 
da administração fiscal, da estabilidade 
econômica e da crescente inserção do país 
na economia globalizada."
No trecho grifado do excerto acima, em 
relação às ocorrências de complemento 
nominal, é correto afirmar que há:
a) quatro casos.
b) cinco casos.
c) oito casos.
d) seis casos.
e) dois casos.
Resposta: E
Comentário: Os dois casos de 
complementação nominal são: “da 
administração fiscal” (complemento 
de “aperfeiçoamento”) e “do país” 
(complemento de “inserção”).
06. (FGV – Adaptada) ## "É importante que 
os contribuintes percebam que a política 
tributária é justa, que a política tributária 
é justa, sensível e confiável, e os recursos 
arrecadados são corretamente aplicados."
A respeito da estrutura sintática do período 
acima, é correto afirmar que há:
a) cinco orações subordinadas e duas 
coordenadas entre si.
b) quatro orações subordinadas e três 
coordenadas entre si.
c) quatro orações subordinadas e duas 
coordenadas entre si.
d) cinco orações subordinadas e três 
coordenadas entre si.
e) três orações subordinadas e somente 
uma coordenada.
Resposta: B
Comentário: As orações subordinadas são:
- que os contribuintes percebam (oração 
subordinada substantiva subjetiva);
- que a política tributária é justa (oração 
subordinada substantiva objetiva direta);
44
LÍNGUA PORTUGUESA
- que a política tributária é justa (oração 
subordinada substantiva objetiva direta);
- os recursos arrecadados são corretamente 
aplicados (oração subordinada substan-tiva 
objetiva direta, com elipse da conjunção 
integrante).
As orações coordenadas são: 
- a política tributária é justa (oração 
coordenada assindética);
- a política tributária é justa, sensível e 
confiável (oração coordenada assindética);
- e os recursos arrecadados são corretamente 
aplicados (oração coordenada sindéti-ca 
aditiva). 
Pode parecer estranho, a primeiro plano, 
colocar esses elementos nessa disposição 
analítica, mas o que ocorre é um processo 
de período misto, em que as orações 
podem ser, ao mesmo tempo, coordenadas 
a umas e subordinadas a outras. O nome 
desse fenômeno é “princípio da oração 
equipolente”. 
-------------------------- ------------------------
Lei de Responsabilidade Fiscal, correlação 
entre metas e riscos fiscais e o impacto dos 
déficits públicos para as gerações futuras
 É certo que o advento da Lei 
Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, 
representou um avanço significativo nas 
relações entre o Estado fiscal e o cidadão. 
Mais que isso, ao enfatizar a necessidade 
da accountability, atribuiu caráter de 
essencialidade à gestão das finanças públicas 
na conduta racional do Estado moderno, 
reforçando a idéia de uma ética do interesse 
público, voltada para o regramento fiscal 
como meio para o melhor desempenho das 
funções constitucionais do Estado.
 (...)
 Percebe-se que os dois temas [a 
correlação entre metas e riscos fiscais e 
o impacto dos déficits públicos sobre as 
futuras gerações] se vinculam à função 
prospectiva da noção de responsabilidade 
fiscal. Enquanto o primeiro, normalmente, 
se adstringe a situações futuras próximas, 
o segundo vincula-se a situações futuras a 
longo prazo.
 Portanto, além de a responsabilidade 
fiscal cumprir o papel de proporcionar 
recursos de imediato a fim de que o Estado 
realize as funções a que constitucionalmente 
está vinculado, busca controlar a situação 
orçamentária a fim de não comprometer 
nem o futuro imediato, muito menos o futuro 
mais distante.
 (...)
 O estudo das relações entre déficits 
fiscais e seus efeitos nas gerações futuras, 
ao menos na economia, não é novo. 
Economistas clássicos e contemporâneos - 
dentre eles David Ricardo, Martin Feldstein, 
James Buchanan e Keynes - trataram do 
assunto sob perspectivas diferentes.
 A reflexão jurídica sobre o assunto, 
contudo, não se tem mostrado tão farta 
quanto aquela encontrada na economia. 
Isso se deve, talvez, à associação feita ao 
tema dos efeitos na utilização de recursos 
entre gerações especificamente no campo 
ambiental - fortalecida, principalmente, 
após a década de 70, quando o movimento 
ambientalista passou a formular um discurso 
jurídico mais sólido, angariando adeptos das 
mais variadas formações, em diversas partes 
do planeta.
 Não pode, no entanto, a noção jurídica 
de efeitos entre gerações se restringir à 
temática ambientalista. Obviamente, ela 
possui contornos bem definidos naquela área, 
uma vez que a própria ética ambientalista 
se funda na distribuição de recursos entre 
gerações, alicerce para a sobrevivência da 
própria humanidade.
 Mas a alocação de recursos públicos 
através do equilíbrio orçamentário também 
se mostra indispensável para que as 
gerações futuras não sejam privadas de 
45
LÍNGUA PORTUGUESA
políticas públicas propostas para serem 
minimamente efetivas, por falta de 
disponibilização orçamentária suficiente. 
Isso leva a crer que um dos objetivos da 
idéia de responsabilidade fiscal é preservar 
a capacidade de financiamento de políticas 
públicas para as futuras gerações.
 Do mesmo modo que a ética 
ambientalista tem enfatizado que os 
recursos ambientais não são inesgotáveis, 
colocando-se a possibilidade de as gerações 
presentes virem a exauri-los, privando as 
futuras gerações da própria existência, não 
é menos razoável pensar que os recursos 
públicos, também exauríveis, podem vir a 
comprometer o desenvolvimento humano e 
a existência de grupos menos favorecidos, 
carentes da ação estatal que vise a minorar 
as desigualdades.
 Percebe-se que os gastos públicos 
normalmente beneficiam muito mais as 
gerações atuais que as gerações futuras. 
Entre outros fatores, isso se deve ao fato de 
que as decisões políticas tendem a visualizar 
um período estreito de tempo a fim de se 
concretizarem. Natural - mas não ideal - que 
assim seja. Tomadores de decisões políticas 
freqüentemente ficam adstritos ao período 
de seus mandatos, uma vez que percebem 
que os efeitos de suas decisões são sentidos 
mais a curto que a longo prazo. Acrescente-
se a isso o fato de que muitos eleitores 
ignoram completamente a complexidade 
das decisões, não percebendo ou relevando 
o limitado escopo de tais decisões, não 
se prolongando no tempo e beneficiando, 
primordialmente, as gerações atuais.
 Pode-se argumentar, a contrário, com 
três situações. A primeira delas é de que não 
se pode estabelecer uma relação tão rígida no 
sentido de que déficits públicos terão o efeito 
prolongado a ser sentido pelas gerações 
futuras. Um exemplo disso seria o famoso "erro 
de Malthus".Ao afirmar que a produção de 
alimentos cresce em progressão aritmética, 
enquanto o aumento da população se dá em 
progressão geométrica, Malthus não levou 
em consideração a evolução tecnológica 
como transformadora da capacidade de 
produção de alimentos, pressupondo mesmo 
uma sociedade estanque.
 Nesse sentido, seria possível afirmar 
que poderiam surgir novas formas de alocação 
de recursos que eliminariam os déficits, não 
necessariamente impondo ônus adicionais 
às gerações futuras.
 Esse raciocínio baseia-se, contudo, 
numa falsa comparação. Primeiramente, 
porque a alocação de novos recursos nada 
tem a ver, em princípio, com o impacto 
tecnológico. O avanço deste não acarreta 
necessariamente impacto positivo daquela.
 Um segundo fator diz respeito ao 
argumento de que a existência de déficits 
públicos pode promover o desenvolvimento 
nacional, o que a experiência brasileira não 
parece confirmar.
 O terceiro argumento contra a idéia de 
que déficits imporiam ônus às gerações futuras 
é o de que não se sabe qual será a postura das 
futuras gerações quanto aos bens materiais. 
Uma vez que uma postura antimaterialista, 
já existente na contemporaneidade, pode 
se disseminar para uma grande parte da 
população dentro de um Estado, pode-se 
facilmente defender que futuras gerações 
se preocuparão pouco com a alocação de 
recursospúblicos e sua utilização através de 
políticas públicas, importando-se mais com, 
v.g., valores espirituais, em detrimento dos 
valores materiais.
 A fraqueza dessa tese está no fato 
de ser ela, meramente, uma suposição. 
Destarte, não há nenhum dado seguro 
para afirmar que determinadas gerações 
futuras serão anti-materialistas ou que 
se importarão pouco com alocação de 
recursos destinados à promoção de políticas 
públicas. Esquecer-se das gerações futuras, 
tendo em vista a possibilidade de estas se 
tornarem antimaterialistas, é um exercício 
46
LÍNGUA PORTUGUESA
de mera futurologia, exercício irresponsável, 
instituidor de compromissos que poderão ou 
não ser honrados pelas gerações futuras.
 Portanto, a necessidade de as gerações 
atuais preservarem recursos para as gerações 
futuras também se dá no que tange aos 
recursos públicos. A Lei de Responsabilidade 
Fiscal, ao impor o regramento das contas 
públicas, racionalizando-as, compromete-
se com esse objetivo, ao propugnar que o 
controle orçamentário repercutirá a curto 
prazo - incidindo sobre as gerações atuais - 
e a longo prazo - resguardando a viabilidade 
fiscal do Estado para as gerações futuras.
 (...)
 A função da responsabilidade fiscal, 
como já dito, é de mero meio. É o conceito 
instrumento essencial para a atuação do 
Estado moderno. Não mais se concebe uma 
atuação estatal efetiva sem uma apurada 
reflexão sobre os gastos públicos, seus limites 
e sua aplicação.
 As alternativas atuais para a construção 
de uma economia sólida e menos suscetível 
passam necessariamente pelo controle de 
gastos públicos. Alguns países desenvolvidos, 
tendo em vista essa perspectiva, buscaram 
limitar gastos e muitas vezes editaram leis 
para esse fim. É impossível, na atualidade, 
visualizar qualquer Estado que se proponha 
ao desenvolvimento sem um minucioso 
projeto de controle de gastos públicos.
 Imprescindível é, pois, que toda a 
reflexão sobre a necessidade de um conceito 
de responsabilidade fiscal não seja perdida 
da vista dos administradores públicos, assim 
como dos cidadãos. Somente assim, com a 
atuação de todos os atores sociais, poder-se-á 
buscar o controle de gastos públicos, visando 
a fomentar um crescimento econômico 
sustentado e garantidor, principalmente, dos 
direitos e garantias fundamentais dispostos 
na Constituição Federal de 1988.
(Gilmar Ferreira Mendes, com adaptações. 
Disponível em: <http://www.mt.tr f1.gov.br/
judice/jud7/impacto.htm>)
07. (FGV – Adaptada) ## No trecho "não 
necessariamente impondo ônus adicionais às 
gerações futuras", o termo grifado exerce a 
função sintática de:
a) adjunto adverbial.
b) adjunto adnominal.
c) complemento nominal.
d) sujeito.
e) objeto indireto. 
Resposta: E
Comentário: O verbo “impor” é bitransitivo, 
ou seja, exige dois complementos distintos. 
Na sentença em questão, o termo “ônus 
adicionais” funciona como objeto direto; 
o termo destacado “às gerações futuras” 
desempenha função de objeto indireto, haja 
vista sua introdução por uma preposição. 
-------------------------- ------------------------
Lei de Responsabilidade Fiscal, correlação 
entre metas e riscos fiscais e o impacto dos 
déficits públicos para as gerações futuras
 É certo que o advento da Lei 
Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, 
representou um avanço significativo nas 
relações entre o Estado fiscal e o cidadão. 
Mais que isso, ao enfatizar a necessidade 
da accountability, atribuiu caráter de 
essencialidade à gestão das finanças públicas 
na conduta racional do Estado moderno, 
reforçando a idéia de uma ética do interesse 
público, voltada para o regramento fiscal 
como meio para o melhor desempenho das 
funções constitucionais do Estado.
 (...)
 Percebe-se que os dois temas [a 
correlação entre metas e riscos fiscais e 
o impacto dos déficits públicos sobre as 
futuras gerações] se vinculam à função 
prospectiva da noção de responsabilidade 
fiscal. Enquanto o primeiro, normalmente, 
se adstringe a situações futuras próximas, 
47
LÍNGUA PORTUGUESA
o segundo vincula-se a situações futuras a 
longo prazo.
 Portanto, além de a responsabilidade 
fiscal cumprir o papel de proporcionar 
recursos de imediato a fim de que o Estado 
realize as funções a que constitucionalmente 
está vinculado, busca controlar a situação 
orçamentária a fim de não comprometer 
nem o futuro imediato, muito menos o futuro 
mais distante.
 (...)
 O estudo das relações entre déficits 
fiscais e seus efeitos nas gerações futuras, 
ao menos na economia, não é novo. 
Economistas clássicos e contemporâneos - 
dentre eles David Ricardo, Martin Feldstein, 
James Buchanan e Keynes - trataram do 
assunto sob perspectivas diferentes.
 A reflexão jurídica sobre o assunto, 
contudo, não se tem mostrado tão farta 
quanto aquela encontrada na economia. 
Isso se deve, talvez, à associação feita ao 
tema dos efeitos na utilização de recursos 
entre gerações especificamente no campo 
ambiental - fortalecida, principalmente, 
após a década de 70, quando o movimento 
ambientalista passou a formular um discurso 
jurídico mais sólido, angariando adeptos das 
mais variadas formações, em diversas partes 
do planeta.
 Não pode, no entanto, a noção jurídica 
de efeitos entre gerações se restringir à 
temática ambientalista. Obviamente, ela 
possui contornos bem definidos naquela área, 
uma vez que a própria ética ambientalista 
se funda na distribuição de recursos entre 
gerações, alicerce para a sobrevivência da 
própria humanidade.
 Mas a alocação de recursos públicos 
através do equilíbrio orçamentário também 
se mostra indispensável para que as 
gerações futuras não sejam privadas de 
políticas públicas propostas para serem 
minimamente efetivas, por falta de 
disponibilização orçamentária suficiente. 
Isso leva a crer que um dos objetivos da 
idéia de responsabilidade fiscal é preservar 
a capacidade de financiamento de políticas 
públicas para as futuras gerações.
 Do mesmo modo que a ética 
ambientalista tem enfatizado que os 
recursos ambientais não são inesgotáveis, 
colocando-se a possibilidade de as gerações 
presentes virem a exauri-los, privando as 
futuras gerações da própria existência, não 
é menos razoável pensar que os recursos 
públicos, também exauríveis, podem vir a 
comprometer o desenvolvimento humano e 
a existência de grupos menos favorecidos, 
carentes da ação estatal que vise a minorar 
as desigualdades.
 Percebe-se que os gastos públicos 
normalmente beneficiam muito mais as 
gerações atuais que as gerações futuras. 
Entre outros fatores, isso se deve ao fato de 
que as decisões políticas tendem a visualizar 
um período estreito de tempo a fim de se 
concretizarem. Natural - mas não ideal - que 
assim seja. Tomadores de decisões políticas 
freqüentemente ficam adstritos ao período 
de seus mandatos, uma vez que percebem 
que os efeitos de suas decisões são sentidos 
mais a curto que a longo prazo. Acrescente-
se a isso o fato de que muitos eleitores 
ignoram completamente a complexidade 
das decisões, não percebendo ou relevando 
o limitado escopo de tais decisões, não 
se prolongando no tempo e beneficiando, 
primordialmente, as gerações atuais.
 Pode-se argumentar, a contrário, com 
três situações. A primeira delas é de que não 
se pode estabelecer uma relação tão rígida no 
sentido de que déficits públicos terão o efeito 
prolongado a ser sentido pelas gerações 
futuras. Um exemplo disso seria o famoso "erro 
de Malthus".Ao afirmar que a produção de 
alimentos cresce em progressão aritmética, 
enquanto o aumento da população se dá em 
progressão geométrica, Malthus não levou 
em consideração a evolução tecnológica 
como transformadora da capacidade de 
48
LÍNGUA PORTUGUESA
produção de alimentos, pressupondo mesmo 
uma sociedade estanque.
 Nesse sentido, seria possível afirmar 
que poderiam surgir novas formas de 
alocação de recursos que eliminariam os 
déficits, não necessariamente impondo ônus 
adicionais às gerações futuras.
 Esse raciocínio baseia-se, contudo, 
numa falsa comparação.Primeiramente, 
porque a alocação de novos recursos nada 
tem a ver, em princípio, com o impacto 
tecnológico. O avanço deste não acarreta 
necessariamente impacto positivo daquela.
 Um segundo fator diz respeito ao 
argumento de que a existência de déficits 
públicos pode promover o desenvolvimento 
nacional, o que a experiência brasileira não 
parece confirmar.
 O terceiro argumento contra a idéia de 
que déficits imporiam ônus às gerações futuras 
é o de que não se sabe qual será a postura das 
futuras gerações quanto aos bens materiais. 
Uma vez que uma postura antimaterialista, 
já existente na contemporaneidade, pode 
se disseminar para uma grande parte da 
população dentro de um Estado, pode-se 
facilmente defender que futuras gerações 
se preocuparão pouco com a alocação de 
recursos públicos e sua utilização através de 
políticas públicas, importando-se mais com, 
v.g., valores espirituais, em detrimento dos 
valores materiais.
 A fraqueza dessa tese está no fato 
de ser ela, meramente, uma suposição. 
Destarte, não há nenhum dado seguro 
para afirmar que determinadas gerações 
futuras serão anti-materialistas ou que 
se importarão pouco com alocação de 
recursos destinados à promoção de políticas 
públicas. Esquecer-se das gerações futuras, 
tendo em vista a possibilidade de estas se 
tornarem antimaterialistas, é um exercício 
de mera futurologia, exercício irresponsável, 
instituidor de compromissos que poderão ou 
não ser honrados pelas gerações futuras.
 Portanto, a necessidade de as gerações 
atuais preservarem recursos para as gerações 
futuras também se dá no que tange aos 
recursos públicos. A Lei de Responsabilidade 
Fiscal, ao impor o regramento das contas 
públicas, racionalizando-as, compromete-
se com esse objetivo, ao propugnar que o 
controle orçamentário repercutirá a curto 
prazo - incidindo sobre as gerações atuais - 
e a longo prazo - resguardando a viabilidade 
fiscal do Estado para as gerações futuras.
 (...)
 A função da responsabilidade fiscal, 
como já dito, é de mero meio. É o conceito 
instrumento essencial para a atuação do 
Estado moderno. Não mais se concebe uma 
atuação estatal efetiva sem uma apurada 
reflexão sobre os gastos públicos, seus limites 
e sua aplicação.
 As alternativas atuais para a 
construção de uma economia sólida e 
menos suscetível passam necessariamente 
pelo controle de gastos públicos. Alguns 
países desenvolvidos, tendo em vista essa 
perspectiva, buscaram limitar gastos e 
muitas vezes editaram leis para esse fim. É 
impossível, na atualidade, visualizar qualquer 
Estado que se proponha ao desenvolvimento 
sem um minucioso projeto de controle de 
gastos públicos.
 Imprescindível é, pois, que toda a 
reflexão sobre a necessidade de um conceito 
de responsabilidade fiscal não seja perdida 
da vista dos administradores públicos, assim 
como dos cidadãos. Somente assim, com a 
atuação de todos os atores sociais, poder-se-á 
buscar o controle de gastos públicos, visando 
a fomentar um crescimento econômico 
sustentado e garantidor, principalmente, dos 
direitos e garantias fundamentais dispostos 
na Constituição Federal de 1988.
(Gilmar Ferreira Mendes, com adaptações. 
Disponível em: <http://www.mt.tr f1.gov.br/
judice/jud7/impacto.htm>)
49
LÍNGUA PORTUGUESA
08. (FVG – Adaptada) ## Assinale a alternativa 
em que o termo desempenhe função sintática 
idêntica à de da Lei Complementar n° 101
a) sobre as futuras gerações
b) dos déficits públicos
c) a situações futuras próximas
d) de recursos públicos
e) a evolução tecnológica
Resposta: B
Comentário: A função em questão é a de 
complemento nominal. O termo destacado 
funciona como complemento do substantivo 
“advento”; o elemento da alternativa correta 
desempenha a função de complemento do 
substantivo “impacto”. 
-------------------------- ------------------------
Breve histórico
 A idéia de criação de um Tribunal de 
Contas surgiu, pela primeira vez no Brasil, 
em 23 de junho de 1826, com a iniciativa 
de Felisberto Caldeira Brandt, Visconde de 
Barbacena, e de José Inácio Borges, que 
apresentaram projeto de lei nesse sentido 
ao Senado do Império. As discussões em 
torno da criação de um Tribunal de Contas 
durariam quase um século, polarizadas entre 
aqueles que defendiam a sua necessidade 
- para quem as contas públicas deviam ser 
examinadas por órgão independente - e 
aqueles que a combatiam, por entenderem 
que as contas públicas podiam continuar 
sendo controladas por aqueles mesmos que 
as realizavam.
 Originariamente o Tribunal teve 
competência para exame, revisão e julgamento 
de todas as operações relacionadas com a 
receita e a despesa da União. A fiscalização 
fazia-se pelo sistema de registro prévio. A 
Constituição de 1891 institucionalizou o 
Tribunal e conferiu-lhe competências para 
liquidar as contas da receita e da despesa 
e verificar a sua legalidade, antes de serem 
prestadas ao Congresso Nacional.
 Pela Constituição de 1934, o Tribunal 
recebeu, entre outras, as seguintes atribuições: 
proceder ao acompanhamento da execução 
orçamentária, registrar previamente as 
despesas e os contratos, julgar as contas dos 
responsáveis por bens e dinheiro públicos, 
assim como apresentar parecer prévio sobre 
as contas do Presidente da República, para 
posterior encaminhamento à Câmara dos 
Deputados. Com exceção do parecer prévio 
sobre as contas presidenciais, todas as demais 
atribuições do Tribunal foram mantidas 
pela Carta de 1937. A Constituição de 1946 
acresceu um novo encargo às competências 
da Corte de Contas: julgar a legalidade das 
concessões de aposentadorias, reformas e 
pensões.
 A Constituição de 1967, ratificada 
pela Emenda Constitucional n.º 1, de 1969, 
retirou do Tribunal o exame e o julgamento 
prévio dos atos e dos contratos geradores 
de despesas, sem prejuízo da competência 
para apontar falhas e irregularidades que, 
se não sanadas, seriam, então, objeto de 
representação ao Congresso Nacional.
 Eliminou-se, também, o julgamento da 
legalidade de concessões de aposentadorias, 
reformas e pensões, ficando a cargo do 
Tribunal, tão-somente, a apreciação da 
legalidade para fins de registro. O processo 
de fiscalização financeira e orçamentária 
passou por completa reforma nessa etapa. 
Como inovação, deu-se incumbência à Corte 
de Contas para o exercício de auditoria 
financeira e orçamentária sobre as contas 
das unidades dos três poderes da União, 
instituindo-se, desde então, os sistemas 
de controle externo, a cargo do Congresso 
Nacional, com auxilio da Corte de Contas, e 
de controle interno, este exercido pelo Poder 
Executivo e destinado a criar condições para 
um controle externo eficaz.
 Finalmente, com a Constituição de 
1988, o Tribunal de Contas da União (TCU) 
teve a sua jurisdição e a sua competência 
substancialmente ampliadas. Recebeu 
50
LÍNGUA PORTUGUESA
poderes para, no auxílio ao Congresso 
Nacional, exercer a fiscalização contábil, 
financeira, orçamentária, operacional e 
patrimonial da União e das entidades da 
administração direta e indireta, quanto à 
legalidade, à legitimidade e à economicidade, 
e a fiscalização da aplicação das subvenções 
e da renúncia de receitas. Qualquer pessoa 
física ou jurídica, pública ou privada, que 
utilize, arrecade, guarde, gerencie ou 
administre dinheiros, bens e valores públicos 
ou pelos quais a União responda, ou que, em 
nome desta, assuma obrigações de natureza 
pecuniária tem o dever de prestar contas ao 
TCU.
Conheça o TCU. Internet:<http://www.
tcu.gov.br>. Acesso em 10/4/2005 (com 
adaptações).
09. (CESPE – Adaptada) ## O emprego 
da vírgula antes de "que" justifica-se pelo 
valor restritivo da oração adjetiva que esse 
pronome introduz.
Resposta: Errado
Comentário: É preciso ressaltar que uma 
oração adjetiva somente possuirá valor 
restritivo quando não estiver separada 
da sentença, do contrário, o valor será 
explicativo. Na frase em questão, a vírgula 
possui valor explicativo. 
-------------------------- ------------------------
 A EMBRAPAvirou símbolo de excelência 
na administração pública. Em mais uma 
década, terá sido a responsável pela melhoria 
do padrão nutricional dos brasileiros, por 
meio de um programa para a produção de 
alimentos mais saudáveis. Os componentes de 
nossa dieta básica - arroz, feijão, milho, soja - 
estão sendo pesquisados para que adquiram 
teores mais elevados de vitaminas, proteínas 
e aminoácidos. Do projeto, há poucos anos 
surgiu a cenoura com mais procaroteno (que 
ajuda no combate à cegueira), já incorporada 
ao mercado. A presidente interina da 
EMBRAPA, Marisa Barbosa, acentua que 
outros resultados positivos serão alcançados 
nos próximos anos. Com isso, o índice de 
subnutrição e doenças dela resultantes 
serão gradativamente reduzidos. Alimentos 
denominados funcionais, proteicamente 
enriquecidos, estão sendo pesquisados para 
combater a diabetes e o envelhecimento. 
Nada a ver com transformação genética. A 
EMBRAPA tem 2.220 pesquisadores, sendo 
1.100 com doutorado.
Jornal do Brasil (Informe JB), 15/3/2004, p. 
A6 (com adaptações).
10. (CESPE – Adaptada) ## Na linha 
referênciada em vermelho, as palavras 
"subnutrição" e "doenças" estão exercendo a 
função de complemento da palavra "índice".
Reposta: Errado
Comentário: A palavra “subnutrição” 
desempenha função de complemento do 
substantivo “índice” (que é um dos núcleos 
do sujeito), mas a palavra “doenças” é 
núcleo do sujeito composto. O sujeito do 
verbo “ser” é “o índice de subnutrição e 
doenças dela resultantes”. 
-------------------------- ------------------------
 Algum pessimista argumentará que, 
qualquer que seja o tratamento que eu 
dê ao tema anunciado pelo título acima, 
não passarei de comentários tautológicos, 
já que a morte por si mesma é banal, não 
necessitando de que se sublinhem essa 
condição. De fato, como única verdadeira 
certeza que temos na vida, a morte é banal, 
acontece a toda hora e, mais cedo ou mais 
tarde, chegará para todos. Mas, embora saiba 
não estar dizendo novidades, pois eu mesmo 
já falei neste assunto várias vezes e em várias 
ocasiões, acho que, entre nós, a morte está 
ficando banal em demasia.
 Nas grandes cidades brasileiras a 
começar pelas duas maiores, mata-se 
praticamente como se tratasse de algo 
51
LÍNGUA PORTUGUESA
inerente à existência urbana. Não creio estar 
apenas reprisando um bordão de velho, 
quando digo que a vida humana cada vez 
tem menos valor - e não só para bandidos, 
que assassinam mesmo sem necessidade 
alguma, mas para nós, outros, que só 
faltamos dar de ombros, quando sabemos de 
uma nova morte violenta, entre as dezenas 
que se noticiam todos os dias nos jornais. Em 
biologia, sabe-se que a repetição exaustiva de 
um estímulo acaba por atenuar fortemente, 
ou mesmo eliminar, seu efeito. Sem dúvida, 
isto acontece conosco. De tanto sabermos de 
barbaridades, já não mais nos chocamos.
 A morte violenta não nos sitia somente 
nos noticiários. Ela está em todas as partes, 
nas balas perdidas que vêm atingindo tanta 
gente no Rio de Janeiro e que são mesmo 
objeto de fornidas coleções em alguns 
bairros, nos jogos eletrônicos que fascinam 
nossos filhos e netos e nos enlatados 
americanos com que somos bombardeados 
pela televisão. Desde criança, vemos mortes 
violentas às dúzias. E, o que é pior, mortes 
desacompanhadas de tudo que ela traz 
na vida real. O personagem toma um tiro, 
bate as botas e nada mais acontece. Não há 
luto, não há orfandade, não há viuvez, não 
há nem sequer dor. O assassinato e a morte 
são quase iguais a outros atos corriqueiros da 
vida cotidiana.
 Sabemos também que, embora não 
esteja na lei, a pena de morte, pública e 
privadamente decretada, há muito tempo 
existe no Brasil. De vez em quando aparece 
uma reportagem, mostrando como pistoleiros 
cobram quantias que não dão nem para um 
bom jantar, num bom restaurante, para matar 
alguém que não conhecem e que nunca fez 
mal. Encher a cara, pegar o carro e matar 
um desafeto é a melhor maneira de cometer 
homicídio no Brasil. O matador paga fiança, 
é solto, responde o processo em liberdade 
e, se eventualmente for condenado, poderá, 
caso se trate de réu primário, cumprir a pena 
também em liberdade.
 A polícia mata ("executa", palavra com 
que certa imprensa parece querer nobilitar o 
assassinato) e não mata somente o bandido, 
mas também o cidadão que está por perto. 
Comerciantes contratam "justiceiros", que 
tomam a si o encargo de eliminar quem 
quer que pareça uma ameaça. Viajar de 
ônibus passou a ser uma aventura cotidiana, 
pois raro é o dia que um ou mais não são 
assaltados, com direito a tiroteio. Hospitais, 
berçários, asilos de velhos e clínicas matam 
em níveis reminiscentes do nazismo. Morre-
se de fome nas cidades e no campo, e por aí 
vamos.
 Enfim, mata-se escandalosamente em 
toda parte e ficamos nós, os sobreviventes, 
como que anestesiados. Para muitos, 
infelizmente, o problema só se torna grave 
quando a vítima lhes é próxima. Enquanto 
acontece somente com os outros, não merece 
muita atenção. Isso não pode deixar de ser 
visto como uma gravíssima deformação, de 
que precisamos tomar consciência e nos 
livrarmos a qualquer custo. A morte é o 
fim natural da vida, mas não é natural que 
se alastre dessa forma monstruosa e que, 
embotados, abúlicos e acomodados, não 
façamos nada para mudar a situação em que 
tão aviltantemente existimos. Não somos 
bichos, somos cidadãos, e se não zelarmos 
até ferozmente pelos nossos direitos, dentro 
em breve não teremos mais direito nenhum, 
nem mesmo à vida.
João Ubaldo Ribeiro. Manchete, 16/11/96, 
p. 97.2
11. (CESPE - Adaptada) ## Considerando o 
período "O personagem toma um tiro, bate 
as botas e nada mais acontece.", assinale a 
opção correta.
a) O período é composto por coordenação, 
mas apenas uma oração é coordenada 
sindética.
b) "O personagem" é o sujeito das três 
orações.
52
LÍNGUA PORTUGUESA
c) O nível de linguagem é coloquial, culto.
d) Há apenas artigos definidos exercendo a 
função de adjuntos adnominais.
e) As três formas verbais são de 
predicação transitiva direta.
Resposta: A
Comentário: De fato, o período é composto 
por coordenação, visto que uma oração 
coordenada é aquela que apresenta sua 
estrutura sintática completa e é apenas 
colocada ao lado de outra, com a qual 
estabelece uma relação de sentido. Para que 
uma oração seja sindética, ela deve possuir 
um síndeto (uma conjunção) coordenativo. 
Apenas a sentença “e nada mais acontece” 
é introduzida por uma conjunção, a palavra 
“e”. 
-------------------------- ------------------------
 O termo groupthinking foi cunhado, 
na década de cinquenta, pelo sociólogo 
William H. Whyte, para explicar como grupos 
se tornavam reféns de sua própria coesão, 
tomando decisões temerárias e causando 
grandes fracassos. Os manuais de gestão 
defi-nem groupthinking como um processo 
mental coletivo que ocorre quando os grupos 
são uniformes, seus indivíduos pensam da 
mesma forma e o desejo de coesão supera a 
motivação para avaliar alternativas diferentes 
das usuais. Os sintomas são conhecidos: 
uma ilusão de invulnerabilidade, que gera 
otimismo e pode levar a riscos; um esforço 
coletivo para neutralizar visões contrárias 
às teses dominantes; uma crença absoluta 
na moralidade das ações dos membros do 
grupo; e uma visão distorcida dos inimigos, 
comumente vistos como iludidos, fracos ou 
simplesmente estúpidos.
 Tão antigas como o conceito são 
as receitas para contrapor a patologia: 
primeiro, é preciso estimular o pensamento 
crítico e as visões alternativas à visão 
dominante; segundo, é necessário adotar 
sistemas transparentes de governança e 
procedimentos de auditoria; terceiro, é 
desejável renovar constantemente o grupo, 
de forma a oxigenar as discussões e o 
processo de tomada de decisão.
Thomaz Wood Jr. O perigo do groupthinking. 
In: Carta Capital, 13/5/2009, p. 51 (com 
adaptações).
12. (CESPE – Adaptada) ## Na linha 4, 
preservam-se a correção gramatical e a 
coerência textual ao se inserir uma vírgula 
imediatamenteapós o vocábulo "coletivo", 
mesmo que, com isso, as informações possam 
ser tomadas como uma explicação - e não 
como uma caracterização - da expressão 
"processo mental coletivo".
Resposta: Certo
Comentário: A inserção da vírgula após a 
palavra “coletivo” gera uma alteração de 
ordem sintática, a qual fará a oração se 
transformar em uma oração subordinada 
adjetiva explicativa. Isso se nota ao analisar 
a presença do pronome relativo e uma base 
verbal na sentença.
13. (ESAF - Adaptada) ## Em relação ao 
texto, assinale a opção correta.
Há alguma esperança de que a diminuição do 
desmatamento no Brasil possa se manter e 
não seja apenas, e mais uma vez, o reflexo da 
redução das atividades econômicas causada 
pela crise global. Mas as notícias ruins agora 
vêm de outras frentes. As emissões de gases 
que provocam o efeito estufa pela indústria 
cresceram 77% entre 1994 e 2007, segundo 
estimativas do Ministério do Meio Ambiente 
a partir de dados do IBGE e da Empresa de 
Pesquisa Energética. Para piorar, as fontes 
de energia se tornaram mais "sujas", com 
o aumento de 122% do CO2 lançado na 
atmosfera, percentual muito acima dos 71% 
da ampliação da geração no período. Assim, 
enquanto as emissões por desmatamento 
53
LÍNGUA PORTUGUESA
tendem a se reduzir para algo entre 55% e 
60% do total, as da indústria e do uso de 
combustíveis fósseis ganham mais força.
(Editorial, Valor Econômico, 1/9/2009)
a) Em "possa se manter" o pronome "se" 
indica sujeito indeterminado.
b) O termo "causada" está no singular e no 
feminino porque concorda com "esperança".
c) O termo "enquanto" confere ao período 
uma relação de consequência.
d) Em "se tornaram" o pronome "se" indica 
voz passiva.
e) O segmento "que provocam o efeito 
estufa pela indústria" constitui oração 
subordinada adjetiva restritiva.
Resposta: E
Comentário: a) como o verbo “manter” é 
transitivo direto, a palavra “se” indica uma 
voz passiva sintética. 
b) a palavra “causada” concorda com o 
substantivo “redução”.
c) a palavra “enquanto” dá sentido de 
proporção.
d) na formação em questão, a palavra “se” é 
parte integrante do verbo.
e) como a oração introduzida pelo pronome 
relativo não está isolada por vírgulas na 
sentença, entende-se que possui natureza 
restritiva. 
-------------------------- ------------------------
 A economia brasileira, há alguns anos, 
apresentava fortes barreiras protecionistas, 
e controles cambiais provocavam a 
valorização artificial do câmbio comercial, 
havendo ágio expressivo no mercado livre. A 
realidade hoje é outra. As barreiras tarifárias 
foram muito reduzidas, a taxa de câmbio é 
flutuante e não há diferença significativa 
entre o mercado oficial e o paralelo. Os 
modelos econométricos disponíveis, por 
menos precisos que sejam, são unânimes 
em apontar para uma desvalorização do real 
acima do seu equilíbrio de longo prazo, e não 
o contrário. Logo, onde está o problema? 
Por que gastar escassos recursos públicos - 
pois não se faz política industrial sem eles 
- para poupar divisas quando o mercado já 
está bem sinalizado nesta direção? Pode até 
haver outras razões para justificar a política 
proposta. Mas economia de divisas não é 
uma delas.
(Adaptado de Cláudio Haddad)
14. (ESAF – Adapatada) ## Assinale a opção 
em que as duas expressões exercem a mesma 
função sintática no texto.
a) "controles cambiais" = "fortes barreiras 
protecionistas"
b) "a valorização artificial do câmbio 
comercial" = "A economia brasileira"
c) "há alguns anos" = "hoje"
d) "a taxa de câmbio" = "diferença 
significativa"
e) "escassos recursos públicos" = "o 
mercado"
Resposta: C
Comentário: Em “a”, os termos são 
classificados como sujeito (do verbo provocar) 
e objeto direto (do verbo apresentar). Em 
“b” os termos são classificados como objeto 
direto (do verbo provocar) e sujeito (do 
verbo apresentar). Em “c” os dois termos 
são adjuntos adverbiais. 
-------------------------- ------------------------
Da impunidade
 O homem ainda não encontrou uma 
forma de organização social que dispense 
regras de conduta, princípios de valor, 
discriminação objetiva de direitos e deveres 
comuns. Todos nós reconhecemos que, em 
qualquer atividade humana, a inexistência 
54
LÍNGUA PORTUGUESA
de parâmetros normativos implica o estado 
de barbárie, no qual prevalece a mais dura 
e irracional das justificativas: a lei do mais 
forte, também conhecida, não por acaso, 
como "a lei da selva". É nessa condição que 
vivem os animais, relacionando-se sob o 
exclusivo impulso dos instintos. Mas o homo 
sapiens afirmou-se como tal exatamente 
quando estabeleceu critérios de controle dos 
impulsos primitivos.
 Variando de cultura para cultura, as 
regras de convívio existem para dar base e 
estabilidade às relações entre os homens. 
Não decorrem, aliás, apenas de iniciativas 
reconhecidas simplesmente como humanas: 
podem apresentar-se como manifestações 
da vontade divina, como valores supremos, 
por vezes apresentados como eternos. Os 
dez mandamentos ditados por Deus a Moisés 
são um exemplo claro de que a religião toma 
para si a tarefa de orientar a conduta humana 
por meio de princípios fundamentais. No caso 
da lei mosaica, um desses princípios é o da 
interdição: "Não matarás", "Não cobiçarás a 
mulher do próximo" etc. Ou seja: está suposto 
nesses mandamentos que o ponto de partida 
para a boa conduta é o reconhecimento 
daquilo que não pode ser permitido, daquilo 
que representa o limite de nossa vontade e 
de nossas ações.
 Nas sociedades modernas, os textos 
constitucionais e os regulamentos de todo 
tipo multiplicam-se e sofisticam-se, mas 
permanece como sustentação delas a 
idéia de que os direitos e os deveres dizem 
respeito a todos e têm por finalidade o bem 
comum. Para garantia do cumprimento dos 
princípios, instituem-se as sanções para 
quem os ignore. A penalidade aplicada 
ao indivíduo transgressor é a garantia da 
validade social da norma transgredida. Por 
isso, a impunidade, uma vez manifesta, 
quebra inteiramente a relação de equilíbrio 
entre direitos e deveres comuns, e passa a 
constituir um exemplo de delito vantajoso: 
aquele em que o sujeito pode tirar proveito 
pessoal de uma regra exatamente por tê-la 
infringido. Abuso de poder, corrupção, tráfico 
de influências, quando não seguidos de 
punição exemplar, tornam-se estímulos para 
uma prática delituosa generalizada. Um dos 
maiores desafios da nossa sociedade é o de 
não permitir a proliferação desses casos. Se 
o ideal da civilização é permitir que todos os 
indivíduos vivam e convivam sob os mesmos 
princípios éticos acordados, a quebra desse 
acordo é a negação mesma desse ideal da 
humanidade.
(Inácio Leal Pontes)
15. (FCC – Adaptada) ## Expressa uma 
finalidade a oração subordinada adverbial 
sublinhado em:
a) (...) a religião toma para si a tarefa de 
orientar a conduta humana.
b) (...) o sujeito pode tirar proveito pessoal 
de uma regra por tê-la infringido.
c) (...) o ponto de partida para a boa conduta 
é o reconhecimento daquilo que não pode 
ser permitido.
d) (...) as regras de convívio existem para 
dar base e estabilidade às relações entre os 
homens.
e) (...) o ideal da civilização é permitir que 
todos os indivíduos vivam sob os mesmos 
princípios éticos acordados.
Resposta: D
Comentário: Só há duas orações subordinadas 
adverbiais na questão: a da letra “b”, que se 
trata de uma oração subordinada adverbial 
causal reduzida de infinitivo e a da letra “d”, 
que se trata de uma oração subordinada 
adverbial final reduzida de infinitivo.
55
LÍNGUA PORTUGUESA
Da impunidade
 O homem ainda não encontrou uma 
forma de organização social que dispense 
regras de conduta, princípios de valor, 
discriminação objetiva de direitos e deveres 
comuns. Todos nós reconhecemos que, em 
qualquer atividade humana, a inexistência 
de parâmetros normativos implica o estado 
de barbárie, no qual prevalece a mais dura 
e irracional das justificativas: a lei do mais 
forte, também conhecida, não por acaso, 
como"a lei da selva". É nessa condição que 
vivem os animais, relacionando-se sob o 
exclusivo impulso dos instintos. Mas o homo 
sapiens afirmou-se como tal exatamente 
quando estabeleceu critérios de controle dos 
impulsos primitivos.
 Variando de cultura para cultura, as 
regras de convívio existem para dar base e 
estabilidade às relações entre os homens. 
Não decorrem, aliás, apenas de iniciativas 
reconhecidas simplesmente como humanas: 
podem apresentar-se como manifestações 
da vontade divina, como valores supremos, 
por vezes apresentados como eternos. Os 
dez mandamentos ditados por Deus a Moisés 
são um exemplo claro de que a religião toma 
para si a tarefa de orientar a conduta humana 
por meio de princípios fundamentais. No caso 
da lei mosaica, um desses princípios é o da 
interdição: "Não matarás", "Não cobiçarás a 
mulher do próximo" etc. Ou seja: está suposto 
nesses mandamentos que o ponto de partida 
para a boa conduta é o reconhecimento 
daquilo que não pode ser permitido, daquilo 
que representa o limite de nossa vontade e 
de nossas ações.
 Nas sociedades modernas, os textos 
constitucionais e os regulamentos de todo 
tipo multiplicam-se e sofisticam-se, mas 
permanece como sustentação delas a 
idéia de que os direitos e os deveres dizem 
respeito a todos e têm por finalidade o bem 
comum. Para garantia do cumprimento dos 
princípios, instituem-se as sanções para 
quem os ignore. A penalidade aplicada 
ao indivíduo transgressor é a garantia da 
validade social da norma transgredida. Por 
isso, a impunidade, uma vez manifesta, 
quebra inteiramente a relação de equilíbrio 
entre direitos e deveres comuns, e passa a 
constituir um exemplo de delito vantajoso: 
aquele em que o sujeito pode tirar proveito 
pessoal de uma regra exatamente por tê-la 
infringido. Abuso de poder, corrupção, tráfico 
de influências, quando não seguidos de 
punição exemplar, tornam-se estímulos para 
uma prática delituosa generalizada. Um dos 
maiores desafios da nossa sociedade é o de 
não permitir a proliferação desses casos. Se 
o ideal da civilização é permitir que todos os 
indivíduos vivam e convivam sob os mesmos 
princípios éticos acordados, a quebra desse 
acordo é a negação mesma desse ideal da 
humanidade.
(Inácio Leal Pontes)
16. (FCC – Adaptada) ## Não decorrem, 
aliás, apenas de iniciativas reconhecidas 
simplesmente como humanas (...).
O elemento sublinhado na frase acima poderá 
permanecer o mesmo, caso substituamos 
Não decorrem por
a) Não advêm.
b) Não implicam.
c) Não têm origem.
d) Não se devem.
e) Não se atribuem.
Resposta: A
Comentário: Como o termo destacado 
possui função de adjunto adverbial, o único 
verbo que atenderia à condição de manter 
as relações sintáticas (mantendo também a 
regência) é o verbo “advir”.
56
LÍNGUA PORTUGUESA
17. (FCC - Adaptada) ## O termo sublinhado 
constitui o sujeito da seguinte construção:
a) Não se encontrou uma forma definitiva 
de organização social.
b) É nessa condição que vivem os animais.
c) Tais delitos acabam tornando-se estímulos 
para a banalização das transgressões.
d) Ocorre isso por conta das reiteradas 
situações de impunidade.
e) Deve-se reconhecer na interdição um 
princípio da lei mosaica.
Resposta: D
Comentário: Em “a” o termo destacado 
funciona como partícula apassivadora. 
Em “b” o termo destacado funciona como 
núcleo do adjunto adverbial. Em “c”o 
termo destacado funciona com núcleo do 
predicativo do sujeito. Em “d” a palavra 
“isso” é sujeito do verbo “Ocorrer”. Em “e” 
o termo destacado é núcleo do adjunto 
adverbial. 
-------------------------- ------------------------
Constituição à brasileira
 Vinte anos. Congresso superlotado, 
emoção quase palpável, o presidente da 
Constituinte, deputado Ulysses Guimarães, 
71, muito à vontade, no auge da glória, 
expressão de felicidade no rosto altivo, 
termina vigoroso discurso. De pé, ergue os 
longos braços para exibir um livro de 292 
páginas, capa verde-amarela, 245 artigos 
e 70 disposições transitórias, que chama 
de Constituição Cidadã, porque acha que 
recuperará como cidadãos milhões de 
brasileiros. "Mudar para vencer! Muda, 
Brasil!", grita entusiasmado.
 Foram 20 meses de muito poder, palco 
iluminado, pressão, choques, trabalho 
extenuante, abertura à participação popular. 
Esperava muito da Carta, seu maior feito. E 
também a Presidência da República.
 De outubro a dezembro de 1988, em 
ambiente nacional de sinistrose e medo de 
hiperinflação, funcionou o chamado "pacto 
social", reunindo governo, empresários, 
trabalhadores e, no fim, políticos. Espaço 
de diálogo e negociação. Deu certo. Os 
entendimentos foram essenciais para 
amenizar o impacto inicial da Constituição.
 A convocação da Assembléia Nacional 
Constituinte ganhara força na reta final 
da ditadura. Tancredo Neves, candidato 
a presidente, prometera fazê-lo. Hábil, 
usava o compromisso para se desvencilhar 
de questões embaraçosas. Seu eventual 
mandato seria de quatro, cinco ou seis anos? 
"Será o que a Constituinte fixar." Um dia, na 
intimidade, perguntei: "Seis anos, doutor 
Tancredo?". "Muito", respondeu. "Quatro?". 
"Pouco." Indispensável, mas também fonte 
de instabilidade, a Constituinte podia quase 
tudo. Quando foi instalada, fevereiro de 
1987, o presidente Sarney me disse que, 
apesar de tema conjuntural, a duração de 
seu mandato ocuparia o centro das atenções. 
Tinha certeza de que iam politizar o assunto. 
Coisas da política, do poder e da paixão. 
Havia forte enxame de moscas azuis no 
Congresso Nacional, muitos presidenciáveis. 
Difícil governar com inflação alta, economia 
em baixa e um suprapoder em cima.
 No Palácio do Planalto, inesgotável 
romaria de parlamentares, parte de nariz 
empinado, salto 15 ou mais, exalando poder 
e importância.
 A questão do mandato realmente 
pegou fogo. Em 15/11/1987, um domingo, 
a Comissão de Sistematização votou quatro 
anos para Sarney. A terra tremeu no Plano 
Piloto. Final da manhã, telefonema do general 
Ivan de Souza Mendes, ministro-chefe do SNI. 
Está ansioso e preocupado. Pede que eu vá 
depressa ao Palácio da Alvorada, residência 
presidencial.
 Meia hora depois, encontro lá o 
presidente Sarney, os ministros militares e 
muitos civis. Dia tenso, perigoso. Grande 
57
LÍNGUA PORTUGUESA
atividade, agitação, nervosismo. O presidente 
ouvia muito e falava pouco. Agüentou firme. 
Não arredou pé do compromisso democrático. 
Começo da noite, li nota à imprensa, em 
que ele reafirmava o respeito a todas as 
decisões que vies-sem a ser adotadas pela 
Constituinte. Inclusive eleições em 1988.
 No final do processo, acirrada disputa 
da duração do mandato e do sistema de go-
verno. Deu presidencialismo e cinco anos. 
Mas a alma parlamentarista ficou, como 
mostra, por exemplo, o instituto das medidas 
provisórias, inspirado no parlamentarismo 
italiano. Abundante remessa de 
matérias polêmicas para a legislação 
infraconstitucional permitiu aprovar o texto 
definitivo em 23/9/1988. Conforme pesquisa 
do jurista Saulo Ramos, precisava de 289 leis 
de concreção, sendo 41 complementares.
 A nova Carta serviu bem ao país? 
Críticos dizem que é irrealista, rica em contradi-
ções e ambigüidades, economicamente 
desequilibrada e anacrônica, excessiva em 
matérias e detalhamentos, mas repleta de 
lacunas. Que provocou o maior desastre 
fiscal da história brasileira, induzindo a 
disparada do déficit público, da dívida 
interna e da carga tributária.
 Afirmam que as imperfeições 
sufocaram o Congresso. Citam o advento 
de 56 emendas, 69 leis complementares, 
além de milhares de propostas de emenda 
rejeitadas ou em tramitação.
 Também exuberante demanda 
de interpretações ao STF e implacável 
bombardeio de medidas provisórias.
 Aspas para Sarney: "Logo, logo se viu 
que a Constituição Cidadã criava mais direi-
tos que obrigações, mais despesas que fontes 
de recursos. Um dos efeitos danosos foi a ne-
cessidade de emendá-la continuamente. A 
cada emenda, o governo se torna refém da 
parte menos nobredo Congresso."
 Ela fez bem à nação? Politicamente, 
sim. Completou a transição, é profundamente 
democrática, assegurou o Estado de Direito. 
Tem muitas virtudes. A mais abrangente de 
todas, trouxe avanços notáveis em campos 
como o dos direitos e das garantias individuais, 
liberdades públicas, meio ambiente, 
fortalecimento do Ministério Público, regras 
de administração pública, planejamento e 
Orçamento, nas cláusulas pétreas.
 Seu coração, feito de democracia, de 
cidadania e de esperança, não perdeu a iden-
tidade.
(Ronaldo Costa Couto. Folha de São Paulo, 
7 de outubro de 2008.)
18. (FGV – Adaptada) ## "Que provocou o 
maior desastre fiscal da história bra-sileira, 
induzindo a disparada do déficit público, da 
dívida interna e da carga tributária."
No trecho acima, em relação às ocorrências 
de complemento nominal, é correto afirmar 
que há:
a) três.
b) quatro.
c) duas.
d) uma.
e) zero.
Resposta: E
Comentário: As expressões “da história 
brasileira”, “do déficit público”, “da dívida 
inter-na” e “da carga tributária” são 
classificados como adjuntos adnominais dos 
termos com os quais se relacionam. 
58
LÍNGUA PORTUGUESA
19. (FGV – Adaptada) ## No texto, meu, 
mermão e véi funcionam como:
a) apostos.
b) vocativos.
c) sujeitos.
d) predicativos.
e) adjuntos adnominais.
Comentário: Como os elementos em questão 
indicam interpelação ao interlocutor, devem 
ser classificados como vocativos. 
-------------------------- ------------------------
Terra, território e diversidade cultural
 O voto do ministro Carlos Ayres Britto 
sobre a reserva Raposa/Serra do Sol evidencia 
a oportunidade de deixarmos para trás os 
resquícios de uma mentalidade colonial e 
termos um avanço histórico, rumo a uma 
política contemporânea que contemple o 
diálogo produtivo entre as diversas etnias e 
culturas que compõem um país de dimensões 
continentais como o Brasil. O voto deixa 
claro, ainda, que o respeito ao espírito e à 
letra da Consti-tuição de 1988 é o caminho.
 O relator trouxe à luz o direito 
inalienável e imprescritível dos índios de viver 
nas terras que tradicionalmente ocupam 
e de acordo com suas próprias culturas. 
Trouxe, também, o valor de sua contribuição 
na formação da nacionalidade brasileira.
 O ministro mostrou que a afirmação 
das culturas dos primeiros enriquece a 
vida de todos nós. Basta lembrar o quanto 
sua relação positiva com a natureza tem 
ajudado na existência da floresta e da 
megadiversidade brasileira como um 
todo. Quem convive com eles sabe que os 
indígenas cooperam com as Forças Armadas 
para proteger a floresta de usos ilegais e 
ajudam no monitoramento das fronteiras.
 Dois pontos, entre vários outros 
relevantes abordados pelo voto do ministro, 
merecem destaque por suas implicações 
para a cultura brasileira. Em primeiro lugar, 
a distinção entre terra e território, que 
expressa a maneira sofisticada e inovadora 
por meio da qual a Constituição de 1988 
solucionou juridicamente a relação entre as 
sociedades indígenas e o ambiente em que 
vivem.
 É sabido que a terra não pertence 
aos índios; antes, são eles que pertencem 
à terra. Por isso mesmo, a Carta Magna, 
reconhecendo a anterioridade dessa relação 
ao regime de propriedade, concedeu-lhes o 
usufruto das terras que ocupam, atribuiu o 
pertencimento delas à União e conferiu ao 
Estado o dever de zelar pela sua integridade. 
A Constituição de 1988 selou a convivência 
harmoniosa entre duas culturas, uma que 
reconhece e outra que não reconhece a 
apropriação da terra pelos homens.
 O segundo ponto refere-se à relação 
entre terra e cultura, que concerne 
à continuidade do território ou sua 
fragmentação em ilhas. Quem conhece 
a questão indígena no Brasil sabe que o 
rompimento da integridade territorial 
implica a morte do modo de vida e, portanto, 
da cultura e do modo de ser do índio.
 Se, em séculos passados, acreditou-
se que os índios eram um arcaísmo, não 
é mais possível nem tolerável sustentar 
59
LÍNGUA PORTUGUESA
tal ponto de vista no século 21. Não só 
porque no mundo todo cresce a convicção 
da importância dos povos tradicionais para 
o futuro da humanidade, precisamente em 
virtude de sua relação específica com a terra e 
a natureza, mas também porque a sociedade 
do conhecimento, acelerada construção, não 
pode prescindir da diversidade cultural para 
seu próprio desenvolvimento.
 Na era da globalização, da 
cibernetização dos conhecimentos, das 
informações e dos saberes, não faz mais 
sentido opor o tradicional ao moderno, como 
se este último fosse melhor e mais avançado 
que o primeiro. Com efeito, proliferam na 
cultura contemporânea, de modo cada vez 
mais intenso, os exemplos de processos, 
procedimentos e produtos que recombinam 
o moderno e o tradicional em novas 
configurações.
 Se a China e a Índia hoje surgem no 
cenário internacional de modo surpreendente, 
é porque sabem articular inovadoramente 
a cultura ocidental moderna com seus 
antiqüíssi-mos modos de pensar e agir, 
demonstrando que o desenvolvimento não 
se dá mais em termos lineares e que o futuro 
não se desenha desprezando e recalcando o 
passado.
 Por isso, o Brasil - cuja singularidade 
se caracteriza tanto por sua megadiversidade 
biológica quanto por sua grande 
sociodiversidade e rica diversidade cultural 
-, precisa urgentemente reavaliar esse 
patrimônio. Temos trabalhado com os 
povos indígenas no Ministério da Cultura e 
promovido a diversidade cultural como valor 
e expressão de uma democracia mais plena, 
em que cenas como a defesa da advogada 
indígena Joênia Batista de Carvalho Wapichna 
se tornem mais que exceções históricas.
 A soberania não se constrói com 
fantasmas nem paranóias, mas com a 
atualização de nossas forças e nossos 
potenciais. O ministro Ayres Britto tem razão 
ao sublinhar que não precisamos de outro 
instrumento jurídico além da Constituição de 
1988.
(Juca Ferreira e Sérgio Mamberti. Folha de 
São Paulo, 9 de setembro de 2008)
20. (FGV – Adaptada) ## Assinale a 
alternativa em que o termo ou a oração não 
exerça função sintática idêntica à de Quem 
convive com eles.
a) que a terra não pertence aos índios.
b) sustentar tal ponto de vista no século 21.
c) a convicção da importância dos povos 
tradicionais para o futuro da humanidade.
d) que os índios eram um arcaísmo.
e) rompimento da integridade territorial.
Resposta: D
Comentário: A função a oração destacada 
no comando da questão é a de sujeito. A 
única sentença que não desempenha essa 
função é a da letra “d”, que desempenha a 
função de objeto do verbo “acreditar” (que 
está com o sujeito indeterminado).
-------------------------- ------------------------
Terra, território e diversidade cultural
 O voto do ministro Carlos Ayres Britto 
sobre a reserva Raposa/Serra do Sol eviden-
cia a oportunidade de deixarmos para trás 
os resquícios de uma mentalidade colonial 
e termos um avanço histórico, rumo a uma 
política contemporânea que contemple o 
diálogo produtivo entre as diversas etnias e 
culturas que compõem um país de dimensões 
continen-tais como o Brasil. O voto deixa 
claro, ainda, que o respeito ao espírito e à 
letra da Constituição de 1988 é o caminho.
 O relator trouxe à luz o direito 
inalienável e imprescritível dos índios de viver 
nas terras que tradicionalmente ocupam e de 
acordo com suas próprias culturas. Trouxe, 
também, o valor de sua contribuição na 
formação da nacionalidade brasileira.
60
LÍNGUA PORTUGUESA
 O ministro mostrou que a afirmação 
das culturas dos primeiros enriquece a vida 
de todos nós. Basta lembrar o quanto sua 
relação positiva com a natureza tem ajudado 
na existência da floresta e da megadiversidade 
brasileira como um todo. Quem convive com 
eles sabe que os indígenas cooperam com as 
Forças Armadas para proteger a floresta de 
usos ilegais e ajudam no monitoramento das 
fronteiras.
 Dois pontos, entre vários outros 
relevantes abordados pelo voto do ministro, 
merecem destaque por suas implicações 
para a cultura brasileira. Em primeirolugar, a 
distinção entre terra e território, que expressa 
a maneira sofisticada e inovadora por meio 
da qual a Constituição de 1988 solucionou 
juridicamente a relação entre as sociedades 
indígenas e o ambiente em que vivem.
 É sabido que a terra não pertence 
aos índios; antes, são eles que pertencem 
à terra. Por isso mesmo, a Carta Magna, 
reconhecendo a anterioridade dessa relação 
ao regime de propriedade, concedeu-lhes o 
usufruto das terras que ocupam, atribuiu o 
pertencimento delas à União e conferiu ao 
Estado o dever de zelar pela sua integridade. 
A Constituição de 1988 selou a convivência 
harmoniosa entre duas culturas, uma que 
reconhece e outra que não reconhece a 
apropriação da terra pelos homens.
 O segundo ponto refere-se à relação 
entre terra e cultura, que concerne à continui-
dade do território ou sua fragmentação em 
ilhas. Quem conhece a questão indígena no 
Brasil sabe que o rompimento da integridade 
territorial implica a morte do modo de vida 
e, portanto, da cultura e do modo de ser do 
índio.
 Se, em séculos passados, acreditou-se 
que os índios eram um arcaísmo, não é mais 
possível nem tolerável sustentar tal ponto de 
vista no século 21. Não só porque no mundo 
todo cresce a convicção da importância 
dos povos tradicionais para o futuro da 
humanidade, precisamente em virtude 
de sua relação específica com a terra e a 
natureza, mas também porque a sociedade 
do conhecimento, acelerada construção, não 
pode prescindir da diversidade cultural para 
seu próprio desenvolvimento.
 Na era da globalização, da 
cibernetização dos conhecimentos, das 
informações e dos saberes, não faz mais 
sentido opor o tradicional ao moderno, como 
se este último fosse melhor e mais avançado 
que o primeiro. Com efeito, proliferam na 
cultura contemporânea, de modo cada vez 
mais intenso, os exemplos de processos, 
procedimentos e produtos que recombinam 
o moderno e o tradicional em novas 
configurações.
 Se a China e a Índia hoje surgem no 
cenário internacional de modo surpreendente, 
é porque sabem articular inovadoramente 
a cultura ocidental moderna com seus 
antiqüíssimos modos de pensar e agir, 
demonstrando que o desenvolvimento não 
se dá mais em termos lineares e que o futuro 
não se desenha desprezando e recalcando o 
passado.
 Por isso, o Brasil - cuja singularidade 
se caracteriza tanto por sua megadiversidade 
biológica quanto por sua grande 
sociodiversidade e rica diversidade cultural 
-, precisa urgentemente reavaliar esse 
patrimônio. Temos trabalhado com os 
povos indígenas no Ministério da Cultura e 
promovido a diversidade cultural como valor 
e expressão de uma democracia mais plena, 
em que cenas como a defesa da advogada 
indígena Joênia Batista de Carvalho Wapichna 
se tornem mais que exceções históricas.
 A soberania não se constrói com 
fantasmas nem paranóias, mas com a 
atualização de nossas forças e nossos 
potenciais. O ministro Ayres Britto tem razão 
ao sublinhar que não precisamos de outro 
instrumento jurídico além da Constituição de 
1988.
(Juca Ferreira e Sérgio Mamberti. Folha de 
São Paulo, 9 de setembro de 2008)
61
LÍNGUA PORTUGUESA
21. (FGV - Adaptada) ## No texto, à União 
exerce a função sintática de:
a) adjunto adverbial.
b) objeto indireto.
c) adjunto adnominal.
d) complemento nominal.
e) agente da passiva.
Resposta: B
Comentário: O verbo ao qual se relaciona 
esse termo é o verbo “atribuir”, que é 
britransitivo, ou seja, possui duas naturezas 
de complemento. Nesse caso, fica evidente 
que se trata de um objeto indireto por duas 
razões: a presença da preposição proveniente 
do verbo e o fato de o objeto direto estar 
evidente (o pertencimento delas).
-------------------------- ------------------------
Desafios do crescimento econômico
 A crise do sistema financeiro 
internacional, que ameaça lançar o mundo 
numa profunda recessão, revela a importância 
do papel do governo no funcionamento 
da economia em diferentes dimensões, 
sobretudo na promoção de uma melhor 
operação dos mercados, da estabilidade e do 
crescimento econômico.
 Entretanto, após algumas décadas 
de excessivo crescimento dos gastos 
governamentais e da crise financeira 
que se abateu sobre inúmeros governos, 
particularmente em países da América 
Latina, a eficiência da ação pública começou 
a ser questionada.
 Novamente vigoravam ideias de que 
as economias deveriam ser liberalizadas da 
ação governamental, de que, quanto menos 
governo, melhor e de que o setor privado por 
si só resolveria todos os problemas.
 Na realidade, o que se notou foi uma 
grande confusão. Em vez de defendermos 
um governo eficiente, comprometido com o 
crescimento econômico, acabamos por tentar 
excluir o governo das funções econômicas, 
esquecendo seu importante papel. Era muito 
comum a ideia de que a privatização e a 
liberalização dos mercados seriam condições 
eficientes para que os países entrassem numa 
rota de crescimento econômico.
 Entretanto, a realidade mostrou que 
essa bandeira não tem sustentação. A crise 
fi-nanceira que estamos atravessando - e 
não sabemos ainda suas reais conseqüências 
sobre a economia mundial - realça um fato 
inconteste: faltou a presença do governo, 
mediante uma regulação mais ativa do 
mercado financeiro.
 Recente estudo promovido pela 
Comissão para o Crescimento Econômico, 
cujo objetivo primordial é entender o 
fenômeno do desenvolvimento com base na 
experiência mais exitosa dos países durante 
as décadas de 1950 a 1980, transmite 
informações relevantes para o entendimento 
do momento que vivemos, ainda que seu 
objetivo seja totalmente dis-tinto.
 Em primeiro lugar, não estão em xeque 
as inegáveis e insubstituíveis virtudes que 
os mercados possuem quando funcionam 
de maneira mais livre, sem interferências 
externas, na alocação dos recursos.
 Entretanto, não podemos esquecer 
que as ações tomadas pelos diversos agentes 
econômicos se baseiam em perspectivas 
de retornos privados e, portanto, na ânsia 
de obter tais retornos, mercados como o 
financeiro podem gerar instabilidades. O 
papel da regulação, tarefa que deve ser 
executada por autoridades governamentais, 
não pode ser esquecido.
 Por outro lado, apesar da virtude 
dos mercados, não se pode esquecer que 
eles não são garantia para a promoção de 
desenvolvimento econômico ou a melhor 
distribuição de renda.
 O relatório da comissão enfatiza o papel 
do governo no processo de desenvolvimen-
62
LÍNGUA PORTUGUESA
to econômico, mostrando inicialmente 
que o processo de desenvolvimento é um 
fenômeno complexo e difícil de ser entendido. 
"Não damos aos formuladores de políticas 
públicas uma receita ou uma estratégia de 
crescimento. Isso porque não existe uma 
única receita a seguir."
 Mais adiante, afirma: "Não conhecemos 
as condições suficientes para o crescimen-to. 
Podemos caracterizar as economias bem-
sucedidas do pós-guerra, mas não podemos 
apontar com segurança os fatores que 
selaram seu êxito nem os fatores sem os 
quais elas poderiam ter sido exitosas."
 Certamente essas frases devem nos 
deixar algo perplexos, especialmente quando 
ouvimos as certezas que dominam a maioria 
dos analistas econômicos espalhados pelo 
mundo, em especial quando tratam de 
fornecer fórmulas prontas para o crescimento 
dos países.
 A comissão reconhece que a 
dificuldade do entendimento sobre o 
fenômeno do crescimento dificulta a ação 
governamental na definição das estratégias 
a serem seguidas. A recomendação dada é 
a de que o governo "não deve ficar inerte, 
por temor de malograr; os governos devem 
testar diversos programas e devem ser 
rápidos em aprender quando dão errado. 
Se dão um passo errado, devem tentar um 
plano diferente, e não submergir na ina-ção 
ou recuar."
 Outra recomendação dada pela 
comissão se relaciona com a tentativa de 
adoção de receitas prontas de outros países: 
"Os planos de ação ruins de hoje em geral 
são os bons planos de ontem, mas aplicados 
por tempo demasiado."
 Em suma, a comissão defende um 
governo crível, comprometido como 
crescimento e eficiente. Um governo forte, 
capaz de realizar investimentos na área de 
educação, saúde e infra-estrutura a fim de 
elevar a rentabilidade dos investimentos 
privados.
 É com uma ação eficiente do governo e 
do setor privado que certamente poderemos 
promover o desenvolvimento dos países.
(Carlos Luque. Folha de São Paulo, 30 de 
setembro de 2008.)
22. (FGV – Adaptada) ## Assinale a alternativa 
em que o termo indicado, no texto, não 
exerça função sintática de sujeito.
a) a presença do governo
b) os fatores
c) ideias
d) O papel da regulação
e) a ideia
Resposta: B
Comentário: O termo da letra “a” é sujeito 
do verbo “faltar”; o termo da letra “b” é 
objeto do verbo “apontar”; o termo da letra 
“c” é sujeito do verbo “vigorar”; o ter-mo da 
letra “d” é sujeito do verbo “esquecer”; e o 
termo da letra “e” é sujeito do verbo “ser”. 
-------------------------- ------------------------
Maldades contra Machado
 Entre os terríveis efeitos da crise 
econômica global está o de prejudicar as 
festividades relativas ao centenário da morte 
de Machado de Assis, ocorrido na segunda-
feira 29 de setembro, quando os mercados 
desabaram no mundo inteiro.
 Não é a primeira vez, nem a segunda, 
que Machado de Assis se vê atropelado pelos 
eventos da economia.
 A primeira humilhação mais 
fundamental teve a ver com o patrimônio 
que deixou para seus herdeiros. Em julho de 
1898, temendo por sua saúde, escreveu um 
testamento, deixando para Carolina, sua 
esposa, entre outros bens, 7.000 contos 
em títulos da dívida pública do empréstimo 
nacional de 1895. Esses títulos entraram 
63
LÍNGUA PORTUGUESA
em moratória pouco antes da data desse 
testamento.
 Em 1906, com a morte de Carolina, 
Machado escreveu um novo testamento, 
declarando possuir não mais 7, mas 12 
apólices do empréstimo de 1895, ou seja, as 
sete originais mais títulos novos que recebeu 
pelos juros e principal não pagos.
 A moratória perdurou até 1910, quando 
a nova herdeira, a menina Laura, filha de 
sua sobrinha, começou a receber juros. Em 
1914, uma nova moratória interrompe os pa-
gamentos até 1927, e novamente em 1931. 
Depois de alguns pagamentos em 1934, 
veio um "calote" completo em 1937. Nos 40 
anos entre 1895 e 1935, menos de 18% do 
empréstimo foi amortizado, e os juros foram 
pagos apenas em 12 anos.
 O Estado a que Machado serviu e 
honrou ao longo de sua vida devastou-lhe 
a herança, a pecuniária ao menos, com essa 
sucessão de "calotes". E, a partir de 1943, 
quando os pagamentos foram retomados, 
a inflação funcionou como uma crueldade 
superveniente, pois os títulos não tinham 
correção monetária.
 Como se não bastasse a desfeita, ou 
para tentar uma compensação, em 1987, 
resolvemos homenagear Machado de Assis 
em uma cédula de mil cruzados. A cédula foi 
colocada em circulação em 29 de setembro 
de 1987, exatos 79 anos da morte do escritor, 
e nesse dia valia pouco menos de US$ 20.
 Em 16 de janeiro de 1989, em 
conseqüência do Plano Verão e da mudança 
do padrão monetário, Machado recebe um 
vergonhoso carimbo triangular cortando-
lhe três zeros: a cédula agora correspondia a 
um cruzado novo, que nascia valendo cerca 
de US$ 1, conforme a cotação oficial. No 
"paralelo" valia bem menos.
 Em 31 de outubro de 1990, depois 
de três anos de militância, a cédula com 
Machado deixa de circular por valer menos 
de um centavo de dólar.
 Só se pode imaginar o que Machado 
diria disso tudo.
(Gustavo Franco. Folha de São Paulo, 4 de 
outubro de 2008.)
23. (FGV – Adaptada) ## "Em julho de 
1898, temendo por sua saúde, escreveu um 
testamento, deixando para Carolina, sua 
esposa, entre outros bens, 7.000 contos 
em títulos da dívida pública do empréstimo 
nacional de 1895."
No período acima, a oração destacada tem 
valor:
a) condicional.
b) concessivo.
c) causal.
d) consecutivo.
e) conformativo.
Resposta: C
Comentário: A sentença possui sentido de 
causa em relação à sua oração principal. 
Trata-se de uma oração subordinada 
adverbial causal reduzida de gerúndio, a 
qual po-deria ser desenvolvida da seguinte 
maneira: já que temia por sua saúde. 
-------------------------- ------------------------
Cidadania e Responsabilidade Social do 
Contador como agente da conscientização 
tributária das empresas e da sociedade
 Entende-se que a arrecadação 
incidente sobre os diversos setores produtivos 
é necessária para a manutenção da máquina 
governamental, para a sustentação do 
Estado em suas atribuições sociais e para 
aplicação na melhoria da qualidade de vida da 
população. É imprescindível que a tributação 
seja suportável e mais bem distribuída e 
que contribuam com justiça e se beneficiem 
dessa contribuição.
64
LÍNGUA PORTUGUESA
 A conjuntura atual exige maior 
qualificação em todas as áreas do 
conhecimento; assim, a profissão contábil 
deve despertar para a conscientização 
tributária. Conceitos como parceria e 
corresponsabilidade no sistema tributário 
somente podem ser efetivados se a sociedade 
como um todo estiver mais esclarecida e 
comprometida. Apresentar alguns fatores 
como a falta de conscientização tributária 
e participação cidadã pode representar um 
alerta, mas não é o suficiente.
 Ao analisar o progresso da humanidade, 
percebe-se que o desenvolvimento social 
e econômico foi possível porque o homem 
sistematizou formas de organização entre 
os po-vos. A necessidade de organização fez 
com que o Estado se tornasse o elemento 
direcionador desse processo. E, como forma 
de se autofinanciar, criou o tributo a fim 
de possibilitar as condições mínimas de 
sobrevivência para a sociedade civil. E, como 
partícipe e ponto referencial de controle, 
exatidão e confiança, surgiu o profissional 
contábil.
 O contador - aqui citado na forma 
masculina sem querer suscitar questões de 
gênero - não pode mais ser visto como o 
profissional dos números, e sim um profissional 
que agrega valor, espírito investigativo, 
consciência crítica e sensibilidade ética. Se 
a atual conjuntura exige maior qualificação 
profissional, o conhecimento contábil deve 
transcender o processo específico e visualizar 
questões globais pertinentes ao novo mundo 
do trabalho, que exige criatividade, perfil 
de empreender e habilidade de aprender, 
principalmente nas relações sociais.
 Sendo assim, alguns conceitos tornam-
se essenciais para estabelecer a relação entre 
Estado, sociedade, empresa e o contador. O 
Estado tem por missão suprir as necessidades 
básicas da população; assim, sua eficiência e 
transparência tornam-se mister do processo.
 Entre a sociedade, a empresa e o 
Estado, está o profissional contábil, que, por 
sua vez, é o elo entre Fisco e contribuinte. 
É de fundamental importância que esse 
profissional aprimore seu entendimento 
tributário, percebendo sua necessidade. 
Ratifica-se, assim, o conceito de que a 
conscientização tributária pode representar 
um ponto de partida para a formação cidadã 
como uma das formas eficazes de atender às 
demandas sociais, com maior controle sobre 
a coisa pública.
 É dever do Estado manter as 
necessidades básicas da população; e, 
para isso, são impostas obrigações. Os 
contribuintes, porém, não possuem apenas 
deveres, mas também plenos direitos.
 Se o Fisco aqui referenciando-se o 
estadual - é por demais significativo para o 
funcionamento da máquina administrativa, 
sua eficiência e transparência tornam-se 
mister do processo. Nesse sentido, se a evasão 
tributária é uma doença social, seu combate 
ou tra-tamento não pode ficar restrito aos 
seus agentes; é necessário o envolvimento 
de toda a sociedade. Entretanto, interesses 
diversos sempre deixaram a sociedade à 
margem do proces-so, como se ela não 
precisasse participar de forma efetiva das 
decisões econômicas e, em contrapartida, 
contribuir de forma direta e irrestrita para a 
própria sustentação.
 (...)
(Merlo, Roberto Aurélio; Pertuzatti, 
Elizandra. Disponível em <www.rep.
educacaofiscal.com.br/material/fisco_
contador.pdf>. Com adaptações)
24. (FGV – Adaptada)## Ao analisar o 
progresso da humanidade, percebe-se que 
o desenvolvimento social e econômico foi 
possível porque o homem sis-tematizou 
formas de organização entre os povos.
A oração sublinhada no período acima tem 
valor
a) causal.
b) concessivo.
65
LÍNGUA PORTUGUESA
c) comparativo.
s) temporal.
d) consecutivo.
Resposta: D
Comentário: Quando a banca inquire sobre 
“valor” de uma oração, quer saber qual 
seria sua classificação sintático-semântica. 
Nesse caso, há uma oração subordinada 
adverbial temporal reduzida de infinitivo, a 
qual poderia ser desenvolvida da seguinte 
maneira: Quando se analisa o progresso da 
humanidade. 
-------------------------- ------------------------
Cidadania e Responsabilidade Social do 
Contador como agente da conscientização 
tributária das empresas e da sociedade
 Entende-se que a arrecadação 
incidente sobre os diversos setores 
produtivos é necessária para a manutenção 
da máquina governamental, para a 
sustentação do Estado em suas atribuições 
sociais e para aplicação na melhoria 
da qualidade de vida da população.(ª) 
É imprescindível que a tributação seja 
suportável (b) e mais bem distribuída e que 
contribuam com justiça e se beneficiem 
dessa contribuição.
 A conjuntura atual exige maior 
qualificação em todas as áreas do 
conhecimento; assim, a profissão contábil 
deve despertar para a conscientização 
tributária. Conceitos como parceria e 
corresponsabilidade no sistema tributário 
somente podem ser efetivados se a sociedade 
como um todo estiver mais esclarecida e 
comprometida. Apresentar alguns fatores 
como a falta de conscientização tributária 
e participação cidadã pode representar um 
alerta, mas não é o suficiente.
 Ao analisar o progresso da humanidade, 
percebe-se que o desenvolvimento social e 
econômico foi possível porque o homem 
sistematizou formas de organização entre 
os povos. A necessidade de organização fez 
com que o Estado se tornasse o elemento 
direcionador desse processo. E, como forma 
de se autofinanciar, criou o tributo a fim 
de possibilitar as condições mínimas de 
sobrevivência para a sociedade civil. E, como 
partícipe e ponto referencial de controle, 
exatidão e confiança, surgiu o profissional 
contábil.
 O contador - aqui citado na forma 
masculina sem querer suscitar questões de 
gênero - não pode mais ser visto como o 
profissional dos números, e sim um profissional 
que agrega valor, espírito investigativo, 
consciência crítica e sensibilidade ética. Se 
a atual conjuntura exige maior qualificação 
profissional, o conhecimento contábil deve 
transcender o processo específico e visualizar 
questões globais pertinentes ao novo mundo 
do trabalho, que exige criatividade, perfil 
de empreender e habilidade de aprender, 
principalmente nas relações sociais.
 Sendo assim, alguns conceitos tornam-
se essenciais para estabelecer a relação entre 
Estado, sociedade, empresa e o contador. O 
Estado tem por missão suprir as necessidades 
básicas da população; assim, sua eficiência e 
transparência tornam-se mister do processo.
 Entre a sociedade, a empresa e o 
Estado, está o profissional contábil, que, por 
sua vez, é o elo entre Fisco e contribuinte. 
É de fundamental importância que esse 
profissional aprimore seu entendimento 
tributário(d), percebendo sua necessidade. 
Ratifica-se, assim, o conceito de que a 
conscientização tributária pode representar 
um ponto de partida para a formação cidadã 
como uma das formas eficazes de atender às 
demandas sociais, com maior controle sobre 
a coisa pública.
 É dever do Estado manter as 
necessidades básicas da população(c); 
e, para isso, são impostas obrigações. Os 
contribuintes, porém, não possuem apenas 
deveres, mas também plenos direitos.
 
66
LÍNGUA PORTUGUESA
 Se o Fisco - aqui referenciando-se o 
estadual - é por demais significativo para o 
funcionamento da máquina administrativa, 
sua eficiência e transparência tornam-se 
mister do processo. Nesse sentido, se a evasão 
tributária é uma doença social, seu combate 
ou tra-tamento não pode ficar restrito aos 
seus agentes; é necessário o envolvimento 
de toda a sociedade. Entretanto, interesses 
diversos sempre deixaram a sociedade à 
margem do proces-so, como se ela não 
precisasse participar de forma efetiva das 
decisões econômicas(e) e, em contrapartida, 
contribuir de forma direta e irrestrita para a 
própria sustentação.
 (...)
(Merlo, Roberto Aurélio; Pertuzatti, 
Elizandra. Disponível em <www.rep.
educacaofiscal.com.br/material/fisco_
contador.pdf>. Com adaptações)
25. (FGV – Adaptada) ## Assinale a 
alternativa em que a oração desempenhe 
função sintática DISTINTA da de que o 
desenvolvimento social e econômico foi 
possível .
a) que a arrecadação incidente sobre os 
diversos setores produtivos é necessária para 
a manutenção da máquina governamental, 
para a sustentação do Estado em suas atri-
buições sociais e para aplicação na melhoria 
da qualidade de vida da população
b) que a tributação seja suportável
c) manter as necessidades básicas da 
população
d) que esse profissional aprimore seu 
entendimento tributário
e) participar de forma efetiva das decisões 
econômicas 
Resposta: E
Comentário: À exceção da letra “e” todas as 
orações do exercício são subordinadas subs-
tantivas subjetivas (com função de sujeito de 
suas orações principais). A senten-ça da letra 
“e” é uma oração subordinada substantiva 
que funciona como complemento do verbo 
“precisar”. 
-------------------------- ------------------------
 Os incentivos existem em três tipos de 
sabores básicos: econômico, social e moral. 
É muito comum que um único esquema de 
incentivos inclua as três variedades. Tomemos 
a campa-nha antitabagista dos últimos anos. 
O acréscimo da "taxa do pecado" de $ 3 em 
cada maço é um forte incentivo econômico 
contra a compra de cigarros. A proibição 
do fumo em res-taurantes e bares é um 
poderoso incentivo social. E a afirmação do 
governo americano de que os terroristas 
angariam fundos com a venda de cigarros 
no mercado negro atua como um incentivo 
moral bastante estridente.
LEVITT, Steven D., DUBNER, Stephen J. 
Freakonomics. O lado oculto e inesperado 
de tudo que nos afeta. Tradução Regina 
Lyra. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005, p. 23.
26. (FEPESE - Adaptada) ## No período
"É muito comum que um único esquema 
de incentivos inclua as três variedades.", a 
segunda oração, que está sublinhada, exerce 
a função de:
a) sujeito da oração principal.
b) adjunto adnominal de "comum".
c) objeto direto da oração principal.
d) complemento nominal de "comum".
e) predicativo do sujeito da oração principal.
Resposta: A
Comentário: Analisando sintaticamente, 
temos: “É” (verbo ser, de ligação), “muito” 
(adjunto adverbial de intensidade), “comum” 
(núcleo do predicativo do sujeito). A oração 
subsequente desepenha função de sujeito 
67
LÍNGUA PORTUGUESA
do verbo “ser”, pois – ao in-quirir sobre 
aquilo que é muito comum – a resposta será: 
que um único esque-ma de incentivos inclua 
as três variedades. 
A questão baseia-se na história em quadrinhos 
de Hagar.
01. (VUNESP - Adaptada) ##A frase de Hagar, 
no segundo quadrinho, deve-se iniciar com
a) Por quê sinto-me.
b) Por quê o sinto.
c) Porque me sinto.
d) Porquê sinto.
e) Por que me sinto.
Resposta: E
Comentário: como se trata de uma 
sentença interrogativa, deve-se empregar 
a locução adverbial interrogativa "Por que" 
para iniciar o questionamento. Além disso, 
convém lembrar que, de acordo com as 
regras de próclise, o pronome "me" deve 
ser empregado antes do verbo, em razão da 
atração do termo adverbial. 
-------------------------- ------------------------
Da solidão
 Há muitas pessoas que sofrem do mal 
da solidão. Basta que em redor delas se arme 
o silêncio, que não se manifeste aos seus 
olhos nenhuma presença humana, para que 
delas se apodere imensa angústia: como se 
o peso do céu desabasse sobre a sua cabeça, 
como se dos horizontes se levantasse o 
anúncio do fim do mundo.
 No entanto, haverána terra verdadeira 
solidão? Tudo é vivo e tudo fala, em redor 
de nós, embora com vida e voz que não são 
humanas, mas que podemos aprender a 
escutar, porque muitas vezes essa lingua-
gem secreta ajuda a esclarecer o nosso 
próprio mistério.
 Pintores e fotógrafos andam em volta 
dos objetos à procura de ângulos, jogos de 
luz, eloquência de formas, para revelarem 
aquilo que lhes parece não o mais estático 
dos seus aspectos, mas o mais comunicá-
vel, o mais rico de sugestões, o mais capaz 
de transmitir aquilo que excede os limites 
físicos desses objetos, constituindo, de certo 
modo, seu espírito e sua alma.
 Façamo-nos também desse modo 
videntes: olhemos devagar para a cor 
das paredes, o desenho das cadeiras, a 
transparência das vidraças, os dóceis panos 
tecidos sem maiores pretensões. Não 
procuremos neles a beleza que arrebata 
logo o olhar: muitas vezes seu aspecto – 
como o das criaturas humanas – é inábil e 
desajeitado. Amemos nessas humildes coisas 
a carga de experiências que representam, 
a repercussão, nelas sensível, de tanto 
trabalho e história humana. Concentradas 
em sua essência, só se revelam quando 
nossos sentidos estão aptos para as desco-
brirem. Em silêncio, nos oferecerão sua 
múltipla companhia, generosa e quase 
invisível.
(Adaptado de Cecília Meireles, Escolha o 
seu sonho)
Solidão? Muitos de nós tememos a solidão, 
julgamos invencível a solidão, atribuímos 
à solidão os mais terríveis contornos, mas 
nunca estamos absolutamente sós no 
mundo.
COLOCAÇÃO PRONOMINAL E 
EMPREGO DOS PRONOMES
68
LÍNGUA PORTUGUESA
02. (FCC - Adaptada) ##Evitam-se as viciosas 
repetições da frase acima substituindo- se os 
elementos sublinhados, na ordem dada, por:
a) lhe tememos - a julgamos invencível - a 
atribuímos
b) tememo-la - julgamo-la invencível - 
atribuímo-la
c) tememos a ela - lhe julgamos invencível 
- lhe atribuímos
d) a tememos - julgamo-la invencível - 
atribuímos-lhe
e) a tememos - julgamos invencível a ela - 
lhe atribuímos
Resposta: D
Comentário: Como a questão envolve o 
emprego dos pronomes oblíquos, no primeiro 
caso, a colocação é facultativa (próclise ou 
ênclise) em razão de haver sujeito expresso 
- nós - próximo ao verbo; no segundo caso, 
opta-se pela ênclise, pois não se pode 
iniciar sentença em Língua Portuguesa 
com pronome oblíquo átono; no terceiro 
caso, a situação é semelhante à anterior: 
início de sentença. Além disso, é necessário 
observar as formas pronominais que foram 
empregadas no texto - as duas primeiras 
("a" e "la") são formas diretas, ou seja, são 
empregadas em lugar de termos que não 
estão preposicionados; a última forma "lhe" 
é uma forma pronominal que é empregada 
para substituir termos preposicionados. 
-------------------------- ------------------------
 Se nunca foi fácil traçar a linha divisória 
entre arte erudita e arte popular, agora é 
mais difícil levar a cabo essa tarefa ociosa. 
Indiferente à palha seca da controvérsia, a 
arte segue o seu caminho. A vertente é uma 
só e é nela que se dá o encontro das águas. 
Pouco importam as fontes de onde procedem. 
Purificadoras e purificadas, seu caráter 
lustral as universaliza. Caetano Veloso, por 
exemplo. Quem ousaria classificá-lo?
 Em princípio, a arte deveria permanecer 
ao relento. Maldito, o poeta não era aceito. 
Na escala de valores, popular, mais que um 
adjetivo, era um estigma. Daí o escândalo do 
sarau de d. Nair de Tefé. Primei-ra-dama, ela 
própria artista, afrontou a conspícua Velha 
República.
 Em pleno palácio do Catete, ouviu-
se por sua iniciativa o "Cor-ta-jaca", de 
Chiquinha Gonzaga. Delirante sucesso na 
rua, a música era aplaudida em cena aberta 
e assobiada em botequins. Viajou a Portugal 
e lá arrebatou a plateia. Mas no Catete só 
podia ser insânia.
 A maturidade de Caetano Veloso 
coincide com o amadurecimento cultural 
que lhe proporciona o reconhecimento 
nacional. Caducas as classificações, sua 
arte aniquila toda e qualquer discriminação. 
Exaltada aqui dentro, repercute lá fora. A 
música lhe dá dimensão internacional. O 
que ele é, porém, é universal. A poesia de 
fato nunca esteve divorciada da expressão 
popular. Manuel Bandeira tirava o chapéu, 
respeitoso, para Si-nhô, Pixinguinha, Noel.
 Dos poetas, foi dos mais musicais, 
Manuel. E musicado. Arranhava o seu violão. 
Saiu extasiado da casa em que ouviu João 
Gilberto e sua recente batida bossa-novista. 
Fui testemunha ocular e auditiva. Tudo 
isso vem a propósito da fusão que Caetano 
Veloso hoje encarna. Metabolizada, a grande 
arte canta nesse legítimo poeta do Brasil.
(Adaptado de Otto Lara Resende. "Poeta do 
encontro". Bom dia para nascer. São Paulo, 
Cia. das Letras, 2011, p. 281-282)
03. (FCC - Adaptada) ##A substituição do 
termo destacado por um pronome, com 
as ne-cessárias alterações, foi efetuada de 
modo correto em:
a) traçar a linha divisória = traçar-lhe
b) arrebatou a plateia = lhe arrebatou
c) levar a cabo essa tarefa ociosa = levá-la 
a cabo
69
LÍNGUA PORTUGUESA
d) segue o seu caminho = segue-no
e) Arranhava o seu violão = lhe arranhava
Resposta: C
Comentário: na alternativa "a", o erro está 
em empregar o termo "lhe", pois é uma 
forma "indireta" ou seja, pressupõe que seu 
referente (o termo que ele substitui) seja 
preposicionado; na alternativa "b", o erro 
é o mesmo; na alternativa "c", há correção 
gramatical, visto que se trata da forma direta 
(sem preposição) correta para a situação. 
Além disso, a forma "la" foi empregada, 
em vista de o verbo terminar em "r". Na 
alternativa "d", o erro está na forma como se 
empregou o pronome "o": não há razão para 
colocar a letra "n", pois não há som nasal 
na terminação do verbo; na alternativa "e", 
o erro está no emprego da forma indireta 
"lhe", quando o correto seria a forma direta 
"o". 
-------------------------- ------------------------
Lei de Responsabilidade Fiscal, correlação 
entre metas e riscos fiscais e o impacto dos 
déficits públicos para as gerações futuras
 É certo que o advento da Lei 
Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, 
representou um avanço significativo nas 
relações entre o Estado fiscal e o cidadão. 
Mais que isso, ao enfatizar a necessidade 
da accountability, atribuiu caráter de 
essencialidade à gestão das finanças públicas 
na conduta racional do Estado moderno, 
reforçando a idéia de uma ética do interesse 
público, voltada para o regramento fiscal 
como meio para o melhor desempenho das 
funções constitucionais do Estado.
 (...)
 Percebe-se que os dois temas [a 
correlação entre metas e riscos fiscais e 
o impacto dos déficits públicos sobre as 
futuras gerações] se vinculam à função 
prospectiva da noção de responsabilidade 
fiscal. Enquanto o primeiro, normalmente, 
se adstringe a situações futuras próximas, 
o segundo vincula-se a situações futuras a 
longo prazo.
 Portanto, além de a responsabilidade 
fiscal cumprir o papel de proporcionar 
recursos de imediato a fim de que o Estado 
realize as funções a que constitucionalmente 
está vinculado, busca controlar a situação 
orçamentária a fim de não comprometer 
nem o futuro imediato, muito menos o futuro 
mais distante.
 (...)
 O estudo das relações entre déficits 
fiscais e seus efeitos nas gerações futuras, 
ao menos na economia, não é novo. 
Economistas clássicos e contemporâneos - 
dentre eles David Ricardo, Martin Feldstein, 
James Buchanan e Keynes - trataram do 
assunto sob perspectivas diferentes.
 A reflexão jurídica sobre o assunto, 
contudo, não se tem mos-trado tão farta 
quanto aquela encontrada na economia. 
Isso se deve, talvez, à associação feita ao 
tema dos efeitos na utilização de recursos 
entre gerações especificamente no campo 
ambiental - fortalecida, principalmente, 
após a década de 70, quando o movimento 
ambientalista passou a formular um discurso 
jurídico mais sólido, angariando adeptos das 
mais variadas formações, em diversas partes 
do planeta.
 Não pode, no entanto, a noção jurídica 
de efeitos entre gerações se restringir à 
temática ambientalista.Obviamente, ela 
possui contornos bem definidos naquela área, 
uma vez que a própria ética ambientalista 
se funda na distribuição de recursos entre 
gerações, alicerce para a sobrevivência da 
própria humanidade.
 Mas a alocação de recursos públicos 
através do equilíbrio orçamentário 
também se mostra indispensável para que 
as gerações futuras não sejam privadas 
de políticas públicas propostas para 
serem minimamente efetivas, por falta de 
disponibilização orçamentária suficiente. 
70
LÍNGUA PORTUGUESA
Isso leva a crer que um dos objetivos da 
idéia de responsabilidade fiscal é preservar 
a capacidade de financiamento de políticas 
públicas para as futuras gerações.
 Do mesmo modo que a ética 
ambientalista tem enfatizado que os 
recursos ambientais não são inesgotáveis, 
colocando-se a possibilidade de as gerações 
presentes virem a exauri-los, privando as 
futuras gerações da própria existência, não 
é menos razoável pensar que os recursos 
públicos, também exauríveis, podem vir a 
comprometer o desenvolvimento humano 
e a existência de grupos menos favorecidos, 
carentes da ação estatal que vise a minorar 
as desigualdades.
 Percebe-se que os gastos públicos 
normalmente beneficiam muito mais as 
gerações atuais que as gerações futuras. 
Entre outros fatores, isso se deve ao fato de 
que as decisões políticas tendem a visualizar 
um período estreito de tempo a fim de se 
concretizarem. Natural - mas não ideal - que 
assim seja. Tomadores de decisões políticas 
frequentemente ficam adstritos ao período 
de seus mandatos, uma vez que percebem 
que os efeitos de suas decisões são sentidos 
mais a curto que a longo prazo. Acrescente-
se a isso o fato de que muitos eleitores 
ignoram completamente a complexidade 
das decisões, não percebendo ou relevando 
o limitado escopo de tais decisões, não se 
prolongando no tempo e beneficiando, 
primordialmente, as gerações atuais.
 Pode-se argumentar, a contrário, com 
três situações. A primeira delas é de que 
não se pode estabelecer uma relação tão 
rígida no sentido de que déficits públicos 
terão o efeito prolongado a ser sentido pelas 
gerações futuras. Um exemplo disso seria o 
famoso "erro de Malthus". Ao afirmar que a 
produção de alimentos cresce em progressão 
aritmética, enquanto o aumento da 
população se dá em progressão geométrica, 
Malthus não levou em consideração a 
evolução tecnológica como transformadora 
da capacidade de produção de alimentos, 
pressupondo mesmo uma sociedade 
estanque.
 Nesse sentido, seria possível afirmar 
que poderiam surgir novas formas de 
alocação de recursos que eliminariam os 
déficits, não necessariamente impondo ônus 
adicionais às gerações futuras.
 Esse raciocínio baseia-se, contudo, 
numa falsa comparação. Primeiramente, 
porque a alocação de novos recursos nada 
tem a ver, em princípio, com o impacto 
tecnológico. O avanço deste não acarreta 
necessariamente impacto positivo daquela.
 Um segundo fator diz respeito ao 
argumento de que a existência de déficits 
públicos pode promover o desenvolvimento 
nacional, o que a experiência brasileira não 
parece confirmar.
 O terceiro argumento contra a ideia 
de que déficits imporiam ônus às gerações 
futuras é o de que não se sabe qual será 
a postura das futuras gerações quanto 
aos bens materiais. Uma vez que uma 
postura antimaterialista, já existente na 
contemporaneidade, pode se disseminar 
para uma grande parte da população dentro 
de um Estado, pode-se facilmente defender 
que futuras gerações se preocuparão pouco 
com a alocação de recursos públicos e sua 
utilização através de políticas públicas, 
importando-se mais com, v.g., valores 
espirituais, em detrimento dos valores 
materiais.
 A fraqueza dessa tese está no fato 
de ser ela, meramente, uma suposição. 
Destarte, não há nenhum dado seguro 
para afirmar que determinadas gerações 
futuras serão antimaterialistas ou que 
se importarão pouco com alocação de 
recursos destinados à promoção de políticas 
públicas. Esquecer-se das gerações futuras, 
tendo em vista a possibilidade de estas se 
tornarem antimaterialistas, é um exercício 
de mera futurologia, exercício irresponsável, 
71
LÍNGUA PORTUGUESA
instituidor de compromissos que poderão ou 
não ser honrados pelas gerações futuras.
 Portanto, a necessidade de as gerações 
atuais preservarem recursos para as gerações 
futuras também se dá no que tange aos 
recursos públicos. A Lei de Responsabilidade 
Fiscal, ao impor o regramento das contas 
públicas, racionalizando-as, compromete-
se com esse objetivo, ao propugnar que o 
controle orçamentário repercutirá a curto 
prazo - incidindo sobre as gerações atuais - 
e a longo prazo - resguardando a viabilidade 
fiscal do Estado para as gerações futuras.
 (...)
 A função da responsabilidade fiscal, 
como já dito, é de mero meio. É o conceito 
instrumento essencial para a atuação do 
Estado moderno. Não mais se concebe 
uma atuação estatal efetiva sem uma apu-
rada reflexão sobre os gastos públicos, seus 
limites e sua aplicação.
 As alternativas atuais para a construção 
de uma economia sólida e menos suscetível 
passam necessariamente pelo controle de 
gastos públicos. Alguns países desenvolvidos, 
tendo em vista essa perspectiva, buscaram 
limitar gastos e muitas vezes editaram leis 
para esse fim. É impossível, na atualidade, 
visualizar qualquer Estado que se proponha 
ao desenvolvimento sem um minucioso 
projeto de controle de gastos públicos.
 Imprescindível é, pois, que toda a 
reflexão sobre a necessidade de um conceito 
de responsabilidade fiscal não seja perdida 
da vista dos administradores públicos, assim 
como dos cidadãos. Somente assim, com a 
atuação de todos os atores sociais, poder-
se-á buscar o controle de gastos públicos, 
visando a fomentar um crescimento 
econômico sustentado e garantidor, 
principalmente, dos direitos e garantias 
fundamentais dispostos na Constituição 
Federal de 1988.
(Gilmar Ferreira Mendes, com adaptações. 
Disponível em: <http://www.mt.tr f1.gov.br/
judice/jud7/impacto.htm>)
04. (FGV - Adaptada) ## Em "exauri-los" e 
"poder-se-á", construiu-se corretamente a 
junção do pronome à forma verbal. Assinale 
a alternativa em que isso não ocorreu.
a) cancelaríamos + as = cancelá-las-íamos
b) permitireis + os = permiti-los-eis
c) fizestes + lhes = fizeste-lhes
d) encontraram + os = encontraram-nos
e) aprenderás.+ as = aprendê-las-ás
Resposta: C
Comentário: a retirada do "s" na alternativa 
"c" modifica a pessoa em que foi conjugado 
o verbo da segunda do plural (vós) para a 
segunda do singular (tu).
-------------------------- ------------------------
Para que a intervenção governamental se 
justifique é preciso, primeiro, que se prove 
a existência de uma distorção que faça com 
que o mercado não aloque eficientemente 
os recursos. Segundo, que se pondere as 
alternativas para corrigir aquela distorção 
à luz de seus custos e benefícios. Pode-se 
concluir pela adoção de medidas corretivas, 
e de que tipo devem ser, somente após 
esta análise. Dada a realidade brasileira, é 
provável que essas tendam a ser muito mais 
relativas à natureza da política econômica 
do que da política industrial. Esta última 
ainda precisa ser muito melhor embasada.
(Adaptado de Cláudio Haddad)
05. (ESAF - Adaptada) ## Quanto à norma 
culta, em relação aos termos grifados, 
assinale a opção correta.
a) Todas as ocorrências de "se" admitem 
mudança de colocação.
b) Em "se justifique", a próclise do "se" está 
em desacordo com a norma culta.
c) Em "se prove", a norma culta admite a 
ênclise do "se".
72
LÍNGUA PORTUGUESA
d) Em "se pondere", a próclise do "se" é 
facultativa.
e) Em "Pode-se", a ênclise do "se" justifica-
se por ser início de oração.
Resposta: E
Comentário: a alternativa "a" está incorreta, 
porque apenas o primeiro item possui 
colocação facultativa, em vista de haver 
sujeito expresso próximo ao verbo. Nas 
demais ocorrências, identifica-se próclise 
obrigatória (por atração da conjunção 
subordinativa integrante "que") e êncliseobrigatória (para o caso de início de sentença 
- no último elemento). O motivo da ênclise 
pelo início de sentença é o que garante a 
alternativa "e" como resposta correta. 
-------------------------- ------------------------
 Na verdade, o que hoje definimos como 
democracia só foi possível em sociedades de 
tipo capitalista, mas não necessariamente de 
mercado. De modo geral, a democratização 
das sociedades impõe limites ao mercado, 
assim como desigualdades sociais em geral 
não contribuem para a fixação de uma 
tradição democrática. Penso que temos de 
refletir um pouco a respeito do que significa 
democracia. Para mim, não se trata de um 
regime com características fixas, mas de um 
processo que, apesar de constituir formas 
institucionais, não se esgota nelas. É tempo 
de voltar ao filósofo Espinosa e imaginar a 
democracia como uma potencialidade do 
social, que, se de um lado exige a criação 
de formas e de configurações legais e 
institucionais, por outro não permite parar. 
A democratização no século XX não se 
limitou à extensão de direitos políticos e 
civis. O tema da igualdade atravessou, com 
maior ou menor força, as chamadas socieda-
des ocidentais.
Renato Lessa. Democracia em debate. In: 
Revista Cult, n.º 137, ano 12, jul./2009, p. 57 
(com adaptações).
06. (CESPE - Adaptada) ## Pela acepção 
usada no texto, o emprego da forma verbal 
pronominal "se limitou" exige a presença 
da preposição a no complemento verbal; 
a substituição pela forma não-pronominal 
- não limitou a extensão -, sem uso 
da preposição, preservaria a correção 
gramatical, mas mudaria o efeito da ideia de 
"demo-cratização".
Resposta: Certo
Comentário: O fato de deixar de empregar 
o pronome gera uma mudança de sentido. 
Em não se limitou a, há uma ideia reflexiva, 
o que não ocorre com a forma "não limitou 
a", que apresenta uma ação sobre o termo "a 
extensão", que passaria à função de objeto 
direto do verbo limitar. 
-------------------------- ------------------------
 A visão do sujeito indivíduo - indivisível 
- pressupõe um caráter singular, único, 
racional e pensante em cada um de nós. 
Mas não há como pensar que existimos 
previamente a nossas relações sociais: nós 
nos fazemos em teias e tensões relacionais 
que conformarão nossas capacidades, de 
acordo com a sociedade em que vivemos. 
A sociologia trabalha com a concepção 
dessa relação entre o que é "meu" e o que 
é "nosso". A pergunta que propõe é: como 
nos fazemos e nos refazemos em nossas 
relações com as instituições e nas relações 
que estabelecemos com os outros? Não 
há, assim, uma visão de homem como 
uma unidade fechada em si mesma, como 
Homo clausus. Estaríamos envolvidos, 
constante-mente, em tramas complexas de 
internalização do "exterior" e, também, de 
rejeição ou negociação próprias e singulares 
do "exterior". As experiências que o homem 
vai adquirindo na relação com os outros são 
as que determinarão as suas aptidões, os 
seus gostos, as suas formas de agir.
Flávia Schilling. Perspectivas sociológicas. 
Educação & psicologia. In: Revista Educação, 
vol. 1, p. 47 (com adaptações).
73
LÍNGUA PORTUGUESA
07. (CESPE – Adaptada) ## Na linha 2, para 
se evitar a sequência "nós nos", o pronome 
átono poderia ser colocado depois da forma 
verbal "fazemos", sem que a correção 
gramatical do trecho fosse prejudicada, 
prescindindo-se de outras alterações 
gráficas.
Resposta: Errado
Comentário: Caso se procedesse tal 
modificação, haveria uma problema de 
correção gramatical. Como a forma verbal 
terminou com a letra "s", e haverá ênclise do 
pronome átono, é preciso retirar a letra em 
questão, o que resultaria a forma "fazemo-
nos". 
08. (FCC – Adaptada) ##O único segmento 
grifado que NÃO está empregado em confor-
midade com o padrão culto escrito é:
a) Não é muito agradável estar com aqueles 
meus primos, porque eles falam ininter-
ruptamente de si.
b) Esse é o tipo de questão que você terá de 
resolver com nós mesmos.
c) A fim de não encontrá-lo no consultório, 
deixei para ir no dia seguinte.
d) Ele preencheu o formulário de modo 
inadequado, é onde o coordenador chamou 
sua atenção.
e) Cabelos cacheados e sedosos moldam-
lhe o rosto afilado e claro.
Resposta: D
Comentário: Na alternativa "a", o pronome 
foi corretamente empregado, pois sucede 
uma preposição essencial. Na alternativa 
"b", a forma oblíqua está correta, pois 
está sucedida da palavra "mesmos". Na 
alternativa "c", o verbo está no infinitivo e 
está antecedido da palavra "não", o que 
justifica a colocação pronominal facultativa. 
Na alternativa "d", houve incorreção do 
emprego do pronome, em vista de o termo 
"onde" só poder ser empregado para fazer 
menção a lugar e, na sentença em questão, 
faz referência ao modo como foi preenchido 
o formulário. Na alternativa "e", o pronome 
"átono" serve de adjunto adnominal do 
substantivo "rosto", a forma "lhe" foi 
corretamente empregada, por se tratar de 
uma forma indireta, o correspondente a 
"dele" ou "dela".
-------------------------- ------------------------
Rousseau defendia que o que, de fato, 
distingue os animais do ser humano é algo 
que ele denominou perfectibilidade. O 
nome é um neologismo um tanto inusitado, 
mas seu significado é por ele esclarecido: 
a perfectibilidade é a capacidade que o 
homem tem de aperfeiçoar-se. Atualizando 
um pouco a distinção, poder-se-ia dizer 
que é como se os animais viessem com 
um software instalado, de fábrica, o qual 
os condiciona e limita durante toda a 
existência. Já os humanos seriam, nesse 
sentido, ilimitados, porque são seres que se 
aperfeiçoam, desenvolvem cultura, fazem 
história. Enquanto um pombo morreria de 
fome diante de um pedaço de carne, ou um 
felino, frente a um punhado de grãos, pois 
são programados por natureza a alimentar-
se diversamente, o homem é um ser que 
supera determinações naturais. Não sendo 
condicionado por natureza, o homem é capaz 
de vivenciar novas experiências, de inventar 
ar-tefatos que lhe possibilitem, por exemplo, 
voar ou explorar o mundo subaquático, 
quando não foi dotado por natureza para 
voar e permanecer sob a água. Diante disso, 
Rousseau defende que o homem é o único 
animal a possuir liberdade, porque ele pode 
fazer escolhas que vão contra seus instintos 
ou determinações naturais.
Lília Pinheiro. Homem, o ser tecnológico. 
In: Filosofia, Ciência&Vida. Ano III, n.º 27, p. 
27-8 (com adaptações).
74
LÍNGUA PORTUGUESA
09. (CESPE – Adaptada) ## A substituição 
de "poder-se-ia dizer" pela forma menos for-
mal poderia se dizer preservaria a correção 
gramatical do texto, desde que fosse 
respeitada a obrigatoriedade de não se usar 
hífen, para se reconhecer que o pronome se 
está antes do verbo dizer, e não depois do 
verbo poderia. 
Resposta: Certo
Comentário: A regra em questão está 
relacionada ao fenômeno de próclise para 
com o verbo "dizer", ou seja, há duas regras 
envolvidas nesse processo: como se trata de 
uma locução verbal em que o verbo princi-
pal (poderia) está conjugado no futuro do 
pretérito do indicativo, a indicação inicial é 
a de que haja uma mesóclise. Como o verbo 
dizer está empregado no infinitivo e compõe 
a locução como verbo principal, é aceitável 
uma próclise também. Cabe ressaltar ainda 
que a questão faz referência a um hífen 
que não poderia ser empregado. De fato, 
não se pode empregar tal recurso, pois 
formaria uma ênclise em relação ao verbo 
auxiliar, o que não seria possível em razão 
da conjugação do verbo. 
-------------------------- ------------------------
 No Brasil, a tradição política no 
tocante à representação gira em torno de 
três ideias fundamentais. A primeira é a do 
mandato livre e independente, isto é, os 
representantes, ao serem eleitos, não têm 
nenhuma obrigação, necessariamente, para 
com as reivindicações e os interesses de seus 
eleitores. O representante deve exercer seu 
papel com base no exercício autônomo de 
sua atividade, na medida em que é ele quem 
tem a capacidade de discernimento para 
deliberarsobre os verdadeiros interesses 
dos seus constituintes. A segunda ideia é a 
de que os representantes devem exprimir 
interesses gerais, e não interesses locais ou 
regionais. Os interesses nacionais seriam os 
únicos e legítimos a serem representados. 
A terceira ideia refere-se ao princípio de 
que o sistema democrático representati-
vo deve basear-se no governo da maioria. 
Praticamente todas as leis eleitorais que 
vigoraram no Brasil buscaram a formação de 
maiorias compactas que pudessem governar. 
Gilberto Bercovici. A origem do sistema 
eleitoral proporcional no Brasil. In: 
Estudos Eleitorais, TSE, vol. 5, n.º 2, 2010, 
p. 53. Internet: <www.tse.gov.br> (com 
adaptações) .
10. (CESPE- Adaptada) ## Em "deve basear-
se", a colocação do pronome "se" antes da 
forma verbal "deve" atenderia à prescrição 
gramatical.
Resposta: Certo
Comentário: Na sentença, há uma locução 
verbal cujo sujeito está expresso. Isso 
permite uma série de posições para o 
pronome oblíquo átono, inclusive a próclise 
em relação ao verbo auxiliar, o que resultaria 
em "se deve basear". 
-------------------------- ------------------------
 Um cenário polêmico é embasado 
no desencadeamento de um estrondo-
so processo de exclusão, diretamente 
proporcional ao avanço tecnológico, cuja 
projeção futura indica que a automação 
do trabalho exigirá cada vez menos 
trabalhadores implicados tanto na produção 
propriamente dita quanto no controle da 
produção. Baseando-se unicamente nessa 
perspectiva, pode-se supor que a sociedade 
tecnológica seria caracterizada por um 
contexto no qual o trabalho passaria a 
ser uma necessidade exclusiva da classe 
trabalhadora. O capital, podendo optar por 
um investimento de porte em automação, em 
informática e em tecnologia de ponta, cada 
vez mais barata e acessível, não mais teria seu 
funcionamento embasado exclusivamente 
na exploração dos trabalhadores, cada vez 
mais exigentes quanto ao valor de sua força 
de trabalho. Embora não se possa falar de 
75
LÍNGUA PORTUGUESA
supressão do trabalho assalariado, a verdade 
é que a posição do trabalhador se enfraquece, 
tendo em vista que o trabalho humano tende 
a tornar-se cada vez menos necessário para o 
funciona-mento do sistema produtivo.
Gilberto Lacerda Santos. Formação para 
o trabalho e alfabetização informática. In: 
Linhas Crí-ticas, v. 6, n.º 11, jul/dez, 2000 
(com adaptações).
11. (CESPE – Adaptada) ## Mantém-
se a noção de voz passiva, assim como a 
correção gramatical, ao se substituir "seria 
caracterizada" por caracterizaria-se.
Resposta: Errado
Comentário: A noção de voz passiva seria 
mantida, porém haveria um problema para a 
correção gramatical: o verbo conjugado no 
futuro do pretérito do indicativo exige que 
o pronome átono seja empregado no caso 
de mesóclise. Isso quer dizer que a forma 
correta deveria ser "caracterizar-se-ia". 
-------------------------- ------------------------
 A recuperação econômica dos países 
desenvolvidos começou perigosamente 
a perder fôlego. A reação dos indicadores 
de atividade na zona do euro, que já não 
eram robustos ou mesmo convincentes, 
é agora algo semelhante à paralisia. Os 
Estados Unidos da América cresceram a 
uma taxa superior a 3% em 12 meses, 
mas a maioria dos analistas aposta que 
a economia americana perderá força no 
segundo semestre. O corte de 125 mil 
empregos em junho indica que a esperança 
de gradual retomada do crescimento do 
mercado de trabalho no curto prazo era 
prematura e não deverá se concretizar. As 
razões para esse estancamento encontram-
se no comportamento do polo dinâmico da 
economia mundial, os países emergentes, 
cujo desenvolvimento econômico começou 
a desacelerar − ainda que a partir de taxas 
exuberantes de expansão.
Valor Econômico, Editorial, 6/7/2010 (com 
adaptações).
12. (CESPE – Adaptada) ## O deslocamento 
do pronome "se" para imediatamente após 
a forma verbal "concretizar" − não deverá 
concretizar-se − não prejudicaria a correção 
gramatical do texto.
Resposta: Certo
Comentário: Não há prejuízo para a correção 
gramatical, pois, no caso em questão, seria 
formada a ênclise do pronome oblíquo 
átono em relação a uma forma de infinitivo 
impessoal, fato que respeita a regra de 
colocação pronominal. 
-------------------------- ------------------------
WikiLeaks contra o Império
 A diplomacia americana levará 
tempo para se recuperar da pancada que 
levou da WikiLeaks. Tudo indica que 250 
mil documentos secretos foram copiados 
por um jovem soldado em um CD enquanto 
fingia ouvir Lady Gaga. Um vexame para um 
país que gasta US$ 75 bilhões anuais com 
sistema de segurança que agrupa repartições 
e emprega mais de 1 milhão de pessoas, das 
quais 854 mil têm acesso a informações 
sigilosas.
 A WikiLeaks não obteve documentos 
que circulam nas camadas mais secretas 
da máquina, mas produziu aquilo que o 
historiador e jornalista Timothy Garton 
Ash considerou "sonho dos pesquisadores, 
pesadelo para os diplomatas". As mensagens 
mostram que mesmo coisas conhecidas têm 
aspectos escandalosos.
 A conexão corrupta e narcotraficante 
do governo do Afeganistão já é antiga, mas 
ninguém imaginaria que o presidente Karzai 
chegasse a Washington com um assessor 
carregando US$ 52 milhões na bagagem. 
A falta de modos dos homens da Casa 
de Windsor é proverbial, mas o príncipe 
76
LÍNGUA PORTUGUESA
Edward dizendo bobagens para estranhos 
no Quirguistão incomodou a embaixadora 
americana.
 O trabalho da WikiLeaks teve virtudes. 
Expôs a dimensão do perigo representado 
pelos estoques de urânio enriquecido nas 
mãos de governos e governantes instáveis. 
Se aos 68 anos o líbio Muammar Gaddafi faz-
se escoltar por uma "voluptuosa" ucraniana, 
parabéns. O perigo está na quantidade de 
material nuclear que ele guarda consigo. 
Os telegramas relacionados com o Brasil 
revelaram a boa qualidade dos relatórios 
dos diplomatas americanos. O embaixador 
Clifford Sobel narrou a inconfidência do 
ministro Nelson Jobim a respeito de um 
tumor na cabeça do presidente boliviano 
Evo Morales. Seu papel era comunicar. O de 
Jobim era não contar.
 A vergonha americana pede que se 
relembre o trabalho de 10 mil ingleses, 
entre eles alguns dos maiores matemáticos 
do século, que trabalharam em Bletchley 
Park durante a Segunda Guerra, quebrando 
os códigos alemães. O serviço dessa turma 
influenciou a ocasião do desembarque na 
Normandia e permitiu o êxito dos soviéticos 
na batalha de Kursk.
 Terminada a guerra, Winston 
Churchill mandou apagar todos os vestígios 
da operação, mantendo o episódio sob um 
manto de segredo. Ele só foi quebrado, 
oficialmente, nos anos 70. Com a palavra 
Catherine Caughey, que tinha 20 anos 
quando trabalhou em Bletchley Park: "Minha 
grande tristeza foi ver que meu amado 
marido morreu em 1975 sem saber o que eu 
fiz durante a guerra". Alan Turing, um dos 
matemáticos do parque, matou-se em 1954. 
Mesmo condenado pela Justiça por conta de 
sua ho-mossexualidade, nunca falou do caso. 
(Ele comeu uma maçã envenena-da. Conta 
a lenda que, em sua homenagem, esse é o 
símbolo da Apple.)
(Elio Gaspari, WikiLeaks contra o Império. 
Folha de S.Paulo. Adaptado)
13. (VUNESP – Adaptada) ## Assinale a 
alternativa cujo emprego do pronome está 
em conformidade com a norma padrão da 
língua.
a) Não autorizam-nos a ler os comentários 
sigilosos.
b) Nos falaram que a diplomacia americana 
está abalada.
c) Ninguém o informou sobre o caso 
WikiLeaks.
d) Conformado, se rendeu às punições.
e) Todos querem que combata-se a 
corrupção.
Resposta: C
Comentário: Na alternativa "a", o erro está 
em formar a ênclise pronominal em uma 
sentença na qual há uma palavra negativa 
(que é atrativa para o pronome oblíquo), 
o correto seria "Não nos autorizam". Na 
al-ternativa "b", o erro está em iniciar a 
sentença com pronome oblíquo átono, o 
que não se deve fazer, segundo as regras de 
colocação pronominal. Na letra "c", não há 
erro, pois o pronome oblíquo está próximo 
à ao pronome indefinido, que é uma palavraatrativa. Na letra "d", há forma oblíqua (se) 
está iniciando a sentença (note a vírgula que 
a antecede). Na alternativa "e", o pronome 
oblíquo deveria estar próximo à conjunção 
subordinativa integrante "que".
-------------------------- ------------------------
O sêmen em busca de uma ética
 O moço israelense está morto. 
Todavia, ele ainda pode gerar uma vida. Seus 
pais estão de posse de seu sêmen e querem 
a autorização da justiça de Israel para terem 
um neto. A Ciência permite, mas a lei não 
endossa. A notícia está na Folha de S.Paulo 
de 10.02.11.
 ( ... )
 As leis de Israel, segundo uma boa 
77
LÍNGUA PORTUGUESA
parte dos seus juízes, dizem que a in-
seminação não poderá ser efetuada.
 Não há qualquer documento que o 
morto tenha deixado escrito dizendo que 
gostaria de ter um filho após sua morte e 
com uma mulher escolhida pelos pais. Mas 
os pais argumentam que, se o filho era um 
doador de órgãos, por qual razão o que é 
expelido por um órgão do seu corpo também 
não poderia ser utilizado em favor da vida?
 Com efeito, nem todos os juízes 
pendem para o mesmo lado. Assim, eis que 
os magistrados não poderão ficar somente 
com o código nas mãos. ( ... )
 O que os magistrados enfrentarão 
será um problema típico de filosofia prática, 
ou seja, de ética. Eles estarão enredados 
na decisão sobre se o ethos* do povo, os 
costumes e hábitos, pedem ou não para que 
a lei mude.
*ethos: conjunto dos costumes e 
hábitos fundamentais, no âmbito do 
comportamento (instituições, afazeres etc.) 
e da cultura (valores, ideias ou crenças), 
característicos de uma determi-nada 
coletividade, época ou região.
(Filosofia: Conhecimento Prático, n.o 29, 
2011. Adaptado)
14. (VUNESP – Adaptada) ## Considere as 
informações textuais e as versões da frase: A 
Ciência permite, mas a lei não endossa.
I. A Ciência permite a inseminação, mas a 
lei não a endossa.
II. A Ciência permite que seja feita a 
inseminação, mas a lei não endossa-a.
III. A Ciência permite que se realize a 
inseminação, mas a lei não lhe endossa.
De acordo com a norma padrão, está correto 
apenas o contido em:
a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) I e III.
Resposta: A
Comentário: A opção I está correta, porque 
o advérbio "não" é uma palavra que atrai 
o pronome oblíquo átono para perto de 
si, ou seja, gera próclise. A opção II está 
incorreta, pois o pronome foi empregado 
encliticamente em um caso de próclise 
obrigatória. A opção III está incorreta, porque 
a forma pronominal foi mal empregada: o 
complemento do verbo endossar deve ser 
direto, e a forma empregada é uma forma 
indireta (lhe). 
-------------------------- ------------------------
Lição de bom senso
 O Ministério da Educação (MEC) 
contornou com habilidade e bom senso a 
polêmica gerada em torno do veto, pelo 
Conselho Nacional de Educação (CNE), de 
um livro do escritor Monteiro Lobato, sob o 
pretexto de que contém expressões racistas. 
A alternativa encontrada pelo ministro foi 
a de acrescentar um esclarecimento de 
que, em 1933, quando a obra foi publicada 
pela primeira vez, o país tinha hábitos 
diferentes e algumas expressões não eram 
consideradas ofensivas, como ocorre hoje. É 
importante que esse tipo de decisão sirva de 
parâmetro para situações semelhantes, em 
contraposição a tentações apressadas de 
recorrer à censura.
 O caso mais recente de tentativas de 
restringir a livre circulação de ideias envolve 
a obra Caçadas de Pedrinho, na qual a turma 
do Sítio do Pica-Pau Amarelo sai em busca 
de uma onça-pintada. Ocorre que, ao longo 
de quase oito décadas de carreira do livro, o 
Brasil não conseguiu se livrar de excessos na 
vigilância do politicamente correto, nem de 
intolerâncias como o racismo. Ainda assim, 
já não convive hoje com hábitos como o 
78
LÍNGUA PORTUGUESA
de caça a animais em extinção e avançou 
nas políticas para a educação das relações 
étnico-raciais.
 Assim como em qualquer outra 
manifestação artística, portanto, o livro 
que esteve sob ameaça de censura precisa 
ter seu conteúdo contextualizado. Se a 
personagem Tia Nastácia chegou a ser 
associada a estereótipos hoje vistos como 
racistas, é importante que os educadores se 
preocupem em deixar claro para os alunos 
alguns aspectos que hoje chamam a atenção 
apenas pelo fato de o país ter evoluído sob 
o ponto de vista de costumes e de direitos 
humanos.
 No Brasil de hoje, não há mais espaço 
para a impunidade em relação a atos como 
o racismo. Isso não significa, porém, que seja 
preciso revolver o passado, muito menos sem 
levar em conta as circunstâncias da época.
(Editorial Zero Hora, 18/10/2010)
15. (FCC - Adaptada) ## O pronome se pode 
se deslocar sintaticamente, sem provocar 
erro gramatical, na afirmativa:
a) não conseguiu livrar-se, porque é próclise 
ao verbo no infinitivo.
b) não se conseguiu livrar, porque é próclise 
ao advérbio.
c) não se conseguiu livrar, porque é ênclise 
ao auxiliar.
d) não conseguiu livrar se, porque é próclise 
ao verbo principal.
e)não conseguiu livrar-se, porque é ênclise 
ao verbo no infinitivo.
Resposta: E
-------------------------- ------------------------
Ensino que ensine
 Jogar com as ambiguidades, cultivar 
o improviso, juntar o que se pretende 
irreconciliável e dividir o que se supõe 
unitário, usar falta de método como método, 
tratar enigmas como soluções e o inesperado 
como caminho − são traços da cultura do 
povo brasileiro. Estratégias de sobrevivên-
cia? Por que não também manancial de 
grandes feitos, tanto na prática como no 
pensamento? A orientação de nosso ensino 
costuma ser o oposto dessa fecundidade 
indisciplinada: dogmas confundidos 
com idéias, informações sobrepostas a 
capacitações, insistência em métodos 
“corretos” e em respostas “certas”, ditadura 
da falta de imaginação. Nega-se voz aos 
talentos, difusos e frustrados, da nação. Essa 
contradição nunca foi tema do nosso debate 
nacional.
 Entre nós, educação é assunto para 
economistas e engenheiros, não para 
educadores, como se o alvo fosse construir 
escolas, não construir pessoas. Preconizo 
revolução na orientação do ensino brasileiro. 
Nada tem a ver com falta de rigor ou com 
modismo pedagógico. E exige professorado 
formado, equipado e remunerado para 
cumprir essa tarefa libertadora.
 Em matemática, por exemplo, em vez 
de enfoque nas soluções únicas, atenção 
para as formulações alternativas, as soluções 
múltiplas ou inexistentes e a descoberta 
de problemas, tão importante quanto o 
encontro de soluções. Em leitura e escrita, 
análise de textos com a preocupação de 
aprofundar, não de suprimir possibilidades 
de interpretação; defesa, crítica e revisão 
de ideias; obrigação de escrever todos os 
dias, formulando e reformulando sem fim. 
Em ciência, o despertar para a dialética 
entre explicações e experimentos e para os 
mistérios da relação entre os nexos de causa 
e efeito e sua representação matemática. 
Em história, e em todas as disciplinas, as 
transformações analisadas de pontos de 
vista contrastantes.
 Isso é educação. O resto é perda de 
tempo. (...) Quem lutará para que a educação 
no Brasil se eduque?
 (Roberto Mangabeira Unger, Folha de S. 
Paulo, 09/01/2007)
79
LÍNGUA PORTUGUESA
16. (FCC – Adaptada) ## Nosso sistema 
de ensino tem falhas estruturais; para 
revolucionar nosso sistema de ensino, seria 
preciso despir nosso sistema de ensino dos 
dogmas que norteiam nosso sistema de 
ensino.
Evitam-se as viciosas repetições do trecho 
acima substituindo-se os segmentos sub-
linhados, respectivamente, por
a) revolucioná-lo − despi-lo − o norteiam
b) o revolucionar − despi-lo − lhe norteiam
c) revolucionar-lhe − despir-lhe − o norteiam
d) revolucioná-lo − despir-lhe − norteiam-
no
e) o revolucionar − despir-lhe − o norteiam
Resposta: A
Comentário: Ao mencionar a ideia de 
substituição, a questão aborda emprego dos 
pronomes átonos e suas regras de colocação. 
A forma verbal "revolucionar" está no 
infinitivo impessoal e exige a colocação do 
pro-nome na forma enclítica (após o verbo),considerando que termina em "r", é preciso 
utilizar a forma "lo" - porque o referente está 
no masculino. O mesmo ocorre com o verbo 
despir, cuja forma correta será "despi-lo". 
O verbo "despir" segue a mesma premissa, 
a forma correta é "o norteiam", pois seu 
antecedente é um pronome relativo, que 
exerce atração do pronome oblíquo átono. 
Vale também mencionar a razão de utilizar 
apenas as formas diretas ("lo", "lo" e "o"): 
os três verbos empregados são transitivos 
diretos. 
-------------------------- ------------------------
 Compreende-se que a festa, 
representando tal paroxismo de vida e 
rom-pendo de um modo tão violento com 
as pequenas preocupações da exis-tência 
cotidiana, surja ao indivíduo como outro 
mundo, em que ele se sente amparado e 
transformado por forças que o ultrapassam. 
A sua atividade diária, colheita, caça, pesca, 
ou criação de gado, limita-se a preencher o 
seu tempo e a prover as suas necessidades 
imediatas. É certo que ele lhe dedica 
atenção, paciência, habilidade, mas, mais 
profunda-mente, vive na recordação de uma 
festa e na expectativa de outra, pois a festa 
figura para ele, para a sua memória e para o 
seu desejo o tempo das emoções intensas e 
da metamorfose do seu ser.
Roger Caillois. O homem e o sagrado. Lisboa: 
Edições 70, 1988, p. 96-7 (com adaptações).
17. (CESPE – Adaptada) ## A correção 
gramatical do texto seria mantida caso 
o elemento “se” nas linhas 1 e 2 fosse 
anteposto e posposto às respectivas formas 
verbais — Se compreende e sente-se.
Resposta: Errado
Comentário: Haveria erro na primeira 
forma, pois a anteposição do pronome 
átono causaria erro gramatical. Isso se 
justifica pelo fato de não ser possível iniciar 
uma sentença em Língua Portuguesa com 
pronome oblíquo átono. A segunda forma 
não prejudicaria a correção gramatical, 
pois se trata de sujeito expresso próximo ao 
verbo, o que gera colocação facultativa. 
-------------------------- ------------------------
 Fundada por Ptolomeu Filadelfo, 
no início do século III a.C., a biblioteca de 
Alexandria representa uma epígrafe perfeita 
para a discussão sobre a materialidade 
da comunicação. As escavações para a 
localização da biblioteca, sem dúvida um 
dos maiores tesouros da Antiguidade, 
atraíram inúmeras gerações de arqueólogos. 
Inutilmente. Tratava-se então de uma 
biblioteca imaginária, cujos livros talvez 
nunca tivessem existido? Persistiam, 
contudo, numerosas fontes clássicas que 
descreviam o lugar em que se encontravam 
centenas de milhares de rolos. E eis a 
solução do enigma. O acervo da biblioteca de 
80
LÍNGUA PORTUGUESA
Alexandria era composto por rolos e não por 
livros — pressuposição por certo ingênua, 
ou seja, atribuição anacrônica de nossa 
materialidade para épocas diversas. Em 
vez de um conjunto de salas com estantes 
dispostas paralelamente e enfeixadas 
em um edifício próprio, a biblioteca de 
Alexandria consistia em uma série infinita de 
estantes escavadas nas paredes da tumba 
de Ramsés. Ora, mas não era essa a melhor 
forma de colecionar rolos, preservando-os 
contra as intempéries? Os arqueólogos que 
passaram anos sem encontrar a biblioteca 
de Alexandria sempre a tiveram diante dos 
olhos, mesmo ao alcance das mãos. No 
entanto, jamais poderiam localizá-la, já que 
não levaram em consideração a materialidade 
dos meios de comunicação dominante na 
época: eles, na verdade, procuravam uma 
biblioteca estruturada para colecionar 
livros e não rolos. Quantas bibliotecas de 
Alexandria permanecem ignoradas devido à 
negligência com a materialidade dos meios 
de comunicação?
 O conceito de materialidade da 
comunicação supõe a reconstrução da 
materialidade específica mediante a qual 
os valores de uma cultura são, de um 
lado, produzidos e, de outro, transmitidos. 
Tal materialidade envolve tanto o meio 
de comunicação quanto as instituições 
responsáveis pela reprodução da cultura 
e, em um sentido amplo, inclui as relações 
entre meio de comunicação, instituições e 
hábitos mentais de uma época determinada. 
Vejamos: para o entendimento de uma forma 
particular de comunicação — por exemplo, 
o teatro na Grécia clássica ou na Inglaterra 
elizabetana; o romance nos séculos XVIII e 
XIX; o cinema e a televisão no século XX; o 
computador em nossos dias —, o estudioso 
deve reconstruir tanto as condições 
históricas quanto a materialidade do meio 
de comunicação. Assim, no teatro, a voz e o 
corpo do ator constituem uma materialidade 
muito diferente da que será criada pelo 
advento e difusão da imprensa, pois os tipos 
impressos tendem, ao contrário, a excluir o 
corpo do circuito comunicativo. Já os meios 
audiovisuais e informáticos promovem um 
certo retorno do corpo, mas sob o signo da 
virtualidade. Compreender, portanto, como 
tais materialidades influem na elaboração 
do ato comunicativo é fundamental para 
se entender como chegam a interferir na 
própria ordenação da sociedade.
João C. de C. Rocha. A matéria da 
materialidade: como localizar a biblioteca 
de Alexandria? In: João C. de C. Rocha 
(Org.). Interseções: a materialidade da 
comunicação. Rio de Janeiro: Imago; 
EDUERJ, 1998, p. 12, 14-15 (com adaptações).
18. (CESPE – Adaptada) ## O trecho 
“jamais poderiam localizá-la” poderia ser 
corretamente reescrito da seguinte forma: 
jamais a poderiam localizar.
Resposta: Certo
Comentário: A forma sugerida é justificada 
pelo fato de a palavra "jamais" ser um 
advérbio. Como há uma locução verbal na 
sentença, o deslocamento é possível para 
realizar uma próclise em relação ao verbo 
auxiliar da locução. 
-------------------------- ------------------------
 Os livros de história sempre tiveram 
dificuldade em falar de mulheres que não 
respeitam os padrões de gênero, e em 
nenhuma área essa limitação é tão evidente 
como na guerra e no que se refere ao manejo 
de armas.
 No entanto, da Antiguidade aos 
tempos modernos a história é fértil em 
relatos protagonizados por guerreiras. Com 
efeito, a sucessão política regularmente 
coloca uma mulher no trono, por mais 
desagradável que essa verdade soe. Sendo 
as guerras insensíveis ao gênero e ocorrendo 
até mesmo quando uma mulher dirige o 
país, os livros de história são obrigados a 
81
LÍNGUA PORTUGUESA
registrar certo número de guerreiras levadas, 
consequentemente, a se comportar como 
qualquer Churchill, Stálin ou Roosevelt. 
Semíramis de Nínive, fundadora do Império 
Assírio, e Boadiceia, que liderou uma das 
mais sangrentas revoltas contra os romanos, 
são dois exemplos. Esta última, aliás, tem 
uma estátua à margem do Tâmisa, em frente 
ao Big Ben, em Londres. Não deixemos de 
cumprimentá-la caso estejamos passando 
por ali.
 Em compensação, os livros de história 
são, em geral, bastante discretos sobre 
as guerreiras que atuam como simples 
soldados, integrando os regimentos e 
participando das batalhas contra exércitos 
inimigos em condições idênticas às dos 
homens. Essas mulheres, contudo, sempre 
existiram. Praticamente nenhuma guerra foi 
travada sem alguma participação feminina.
(Adaptado de Stieg Larsson. A rainha do 
castelo de ar. São Paulo: Cia. das Letras, 
2009. p. 7-8)
19. (FCC – Adaptada) ## Levando-se em 
conta as alterações necessárias, o termo 
destacado foi corretamente substituído por 
um pronome em:
a) coloca uma mulher no trono = coloca-na 
no trono
b) dirige o país = lhe dirige
c) integrando os regimentos = integrando-
lhes
d) liderou uma das mais sangrentas 
revoltas = liderou-na
e) registrar certo número de guerreiras = 
registrá-lo
Resposta: E
Comentário: Na alternativa "a", a forma 
correta não leva "n", pois o verbo não termina 
em som nasal. Na alternativa "b", a forma 
pronominal esta errada, pois o verbo dirigir 
é transitivo direto. Na alternativa "c" o verbo 
"integrar" tem um complemento direto, a 
forma "lhe" não pode ser empregada. Na 
alternativa "d", não se devem empregar a 
letra "n", pois o verbo não termina em som 
nasal. A letra "e" está correta, pois o verbo 
é transitivo direto e termina em "r",logo, a 
forma correta do pronome é "lo". 
-------------------------- ------------------------
 O Ministério Público Federal impetrou 
mandado de segurança contra a decisão 
do juízo singular que, em sessão plenária 
do tribunal do júri, indeferiu pedido do 
impetrante para que às testemunhas 
indígenas fosse feita a pergunta sobre em 
qual idioma elas se expressariam melhor, 
restando incólume a decisão do mesmo 
juízo de perguntar a cada testemunha se ela 
se expressaria em português e, caso positiva 
a resposta, colher-se-ia o depoimento nesse 
idioma, sem prejuízo do auxílio do intérprete.
 No caso relatado, estava em jogo, na 
sessão plenária do tribunal do júri, o direito 
linguístico das testemunhas indígenas de se 
expressarem em sua própria língua, ainda 
que essas mesmas pessoas possuíssem o 
domínio da língua da sociedade envolvente, 
que, no caso, é a portuguesa. É que, conforme 
escreveu Pavese, só fala sem sotaque aquele 
que é nativo. Se, para o aspecto exterior da 
linguagem, que é a sua expressão, já é difícil, 
para aquele que fala, falar com a propriedade 
devida, com razão mais forte a dificuldade se 
impõe para o raciocínio adequado que deve 
balizar um depoimento testemunhal, pouco 
importando se se trata de testemunha ou de 
acusado.
 No que interessa a este estudo, entre 
os modelos normativos que reconhecem 
direitos linguísticos, o modelo de direitos 
humanos significa a existência de norma na 
Declaração Universal dos Direitos Humanos, 
de 1948, da Organização das Nações 
Unidas, que provê um regime de tolerância 
linguística, garantia essa que não suporta 
direitos linguísticos de forma específica, isto é, 
82
LÍNGUA PORTUGUESA
protegem-se, imediatamente, outros direitos 
fundamentais, tais como direito de liberdade 
de expressão, de reunião, de associação, de 
privacidade e do devido processo legal, e 
apenas mediatamente o direito linguístico; 
já o modelo dos povos indígenas tem 
por base legal a Convenção n.o 169 da 
Organização Internacional do Trabalho, 
que prevê a proteção imediata de direitos 
de desenvolvimento da personalidade, tais 
como oportunidade econômica, educação 
e saúde, e, mediatamente, de direitos 
linguísticos.
 A questão jurídica aqui tratada pode 
enquadrar-se tanto em um modelo quanto 
em outro, já que pode ser ela referida ao 
direito de liberdade de expressão na própria 
língua e também ao direito do indígena de 
falar sua própria língua por força do seu direito 
ao desenvolvimento de sua personalidade. 
Mas há mais. A Constituição Federal de 
1988 (CF) positivou, expressamente, norma 
específica que protege as línguas indígenas, 
reconhecendo-as e indo, portanto, mais 
além do que as normas internacionais de 
direitos humanos. Essa proteção tem a ver 
com a ideia maior da própria cultura, que se 
compõe das relações entre as pessoas com 
base na linguagem.
Paulo Thadeu Gomes da Silva. Direito 
linguístico: a propósito de uma decisão 
judicial. In: Revista Internacional de Direito 
e Cidadania, n.º 9, p. 183-7, fev./2011. 
Internet: <http://6ccr.pgr.mpf.gov.br> (com 
adaptações).
20. (CESPE – Adaptada) ## A posposição do 
pronome “se” ao verbo em “colher-se-ia” 
— colheria-se — comprometeria a correção 
gramatical do trecho.
Resposta: Certo
Comentário: Haveria erro gramatical na 
posposição em questão, pois o verbo está 
empregado no futuro do pretérito do 
indicativo. De acordo com as regras de 
colocação pronominal, é preciso colocar o 
pronome no meio da forma verbal, ou seja, 
uma mesóclise. 
-------------------------- ------------------------
 A economia solidária vem-se 
apresentando como uma alternativa 
inovadora de geração de trabalho e renda 
e uma resposta favorável às demandas de 
inclusão social no país. Ela compreende uma 
diversidade de práticas econômicas e sociais 
organizadas sob a forma de cooperativas, 
associações, clubes de troca, empresas de 
autogestão e redes de cooperação — que 
realizam atividades de produção de bens, 
prestação de serviços, finanças, trocas, 
comércio justo e consumo solidário.
 A Secretaria Nacional de Economia 
Solidária, do Ministério do Trabalho e 
Emprego, desde sua criação, em 2003, 
vem elaborando mecanismos de formação, 
fomento e educação para o fortalecimento 
da economia solidária no Brasil. Além 
da divulgação e da promoção de ações 
nessa direção, desde 2007 a Secretaria 
tem realizado chamadas públicas a fim de 
apoiar os empreendimentos econômicos 
alternativos.
Internet:<http://por tal .mte.gov.br/
imprensa> (com adaptações).
21. (CESPE – Adaptada) ## No trecho “A 
economia solidária vem-se apresentando”, o 
deslocamento do pronome pessoal oblíquo 
para depois do verbo principal da locução 
não prejudicaria a correção gramatical do 
texto: vem apresentando-se.
Resposta: Certo
Comentário: Não há erro, porque a forma 
verbal no gerúndio, a menos que precedida 
da preposição "em", exige colocação 
pronominal enclítica. 
83
LÍNGUA PORTUGUESA
22. (VUNESP – Adaptada) A colocação do 
pronome em destaque está de acordo com 
o português padrão na frase:
a) Muitos dos efeitos colaterais listados nas 
bulas dos remédios não manifestam-se na 
maioria dos pacientes.
b) O efeito ocorre sobretudo quando teme-
se uma doença ou o tratamento a ser 
enfrentado.
c) Ao orientar o paciente, deve-se ter o 
cuidado de ouvi-lo com atenção, mantendo 
o contato visual.
d) O neurologista Magnus Heier tem 
dedicado-se ao estudo do efeito nocebo.
e) É possível que experimente-se o efeito 
colateral da quimioterapia antes que a 
sessão aconteça.
Resposta: C
Comentário: A alternativa "a" está errada, 
porque a palavra "não" atrai o pronome 
oblíquo átono. A alternativa "b" está errada, 
pois a palavra "quando" é uma conjunção 
subordinativa, o que atrai o pronome átono. 
A alternativa "c" está correta, pois se trata de 
um início de sentença (ênclise obrigatória). 
A alternativa "d" está errada, pois a forma 
verbal no particípio não admite a ênclise. 
A alternativa "e" está errada, pois a palavra 
"que" é uma conjunção integrante, o que 
atrai o pronome átono. 
-------------------------- ------------------------
 Todos nós, homens e mulheres, 
adultos e jovens, passamos boa parte da vida 
tendo de optar entre o certo e o errado, entre 
o bem e o mal. Na realidade, entre o que 
consideramos bem e o que consideramos 
mal. Apesar da longa permanência da 
questão, o que se considera certo e o que se 
considera errado muda ao longo da história 
e ao redor do globo terrestre.
 Ainda hoje, em certos lugares, a 
previsão da pena de morte autoriza o Estado 
a matar em nome da justiça. Em outras 
sociedades, o direito à vida é inviolável e 
nem o Estado nem ninguém tem o direito 
de tirar a vida alheia. Tempos atrás era tido 
como legítimo espancarem-se mulheres 
e crianças, escravizarem-se povos. Hoje 
em dia, embora ainda se saiba de casos de 
espancamento de mulheres e crianças, de 
trabalho escravo, esses comportamentos 
são publicamente condenados na maior 
parte do mundo.
 Mas a opção entre o certo e o errado 
não se coloca apenas na esfera de temas 
polêmicos que atraem os holofotes da 
mídia. Muitas e muitas vezes é na solidão da 
consciência de cada um de nós, homens e 
mulheres, pequenos e grandes, que certo e 
errado se enfrentam.
 E a ética é o domínio desse 
enfrentamento.
Marisa Lajolo. Entre o bem e o mal. In: 
Histórias sobre a ética. 5.ª ed. São Paulo: 
Ática, 2008 (com adaptações).
23. (CESPE – Adaptada) ## Devido 
à presença do advérbio “apenas”, o 
pronome “se” poderia ser deslocado 
para imediatamente após a forma verbal 
“coloca”, da seguinte forma: coloca-se.
Resposta: Errado
Comentário: A mudança em questão não é 
possível, porque o advérbio negativo "não" 
está presente na sentença, o que atrai o 
pronome oblíquo átono. Essa é uma regra 
de próclise obrigatória.
-------------------------- ------------------------
 O processo penal moderno, tal como 
praticado atualmente nos países ocidentais, 
deixa de centrar-se na finalidade meramentepunitiva para centrar-se, antes, na finalidade 
investigativa. O que se quer dizer é que, 
abandonado o sistema inquisitório, em que 
o órgão julgador cuidava também de obter 
84
LÍNGUA PORTUGUESA
a prova da responsabilidade do acusado 
(que consistia, a maior parte das vezes, na 
sua confissão), o que se pretende no sistema 
acusatório é submeter ao órgão julgador 
provas suficientes ao esclarecimento da 
verdade.
 Evidentemente, no primeiro sistema, 
a complexidade do ato decisório haveria de 
ser bem menor, uma vez que a condenação 
está atrelada à confissão do acusado. 
Problemas de consciência não os haveria de 
ter o julgador pela decisão em si, porque o 
seu veredito era baseado na contundência 
probatória do meio de prova “mais 
importante” — a confissão. Um dos motivos 
pelos quais se pôs em causa esse sistema 
foi justamente a questão do controle da 
obtenção da prova: a confissão, exigida 
como prova plena para a condenação, era o 
mais das vezes obtida por meio de coações 
morais e físicas.
 Esse fato revelou a necessidade, 
para que haja condenação, de se proceder 
à reconstituição histórica dos fatos, de 
modo que se investigue o que se passou na 
verdade e se a prática do ato ilícito pode ser 
atribuída ao arguido, ou seja, a necessidade 
de se restabelecer, tanto quanto possível, a 
verdade dos fatos, para a solução justa do 
litígio. Sendo esse o fim a que se destina 
o processo, é mediante a instrução que se 
busca a mais perfeita representação possível 
dessa verdade.
Getúlio Marcos Pereira Neves. Valoração 
da prova e livre convicção do juiz. In: 
Jus Navigandi, Teresina, ano 9, n.º 401, 
ago./2004 (com adaptações).
24. (CESPE – Adaptada) ## Seriam 
mantidas a correção gramatical e a coesão 
do texto, caso o pronome “os”, em “não 
os haveria de ter”, fosse deslocado para 
imediatamente depois da forma verbal 
“ter”, escrevendo-se tê-los.
Resposta: Certo
Comentário: O que justifica a possibilidade 
de deslocar o pronome para após a forma 
verbal "ter" é o fato de haver um infinitivo 
impessoal. Trata-se de uma locução verbal 
com o verbo principal no infinitivo. 
-------------------------- ------------------------
 Marilena Chaui, filósofa brasileira, 
afirma que, para a classe dominante 
brasileira (os “liberais”), democracia é o 
regime da lei e da ordem. Para a filósofa, 
no entanto, a democracia é “o único 
regime político no qual os conflitos são 
considerados o princípio mesmo de seu 
funcionamento”: impedir a expressão dos 
conflitos sociais seria destruir a democracia. 
O filósofo francês Jacques Rancière critica 
a ideia de democracia que tem estruturado 
nossa vida social — regida por uma ordem 
policial, segundo ele —, devido ao fato de ela 
se distanciar do que seria sua razão de ser: a 
instituição da política. Estamos acomodados 
por acreditar que a política é isso que está aí: 
variadas formas de acordo social a partir das 
disputas entre interesses, resolvidas por um 
conjunto de ações e normas institucionais. 
Essa ideia empobrecida do que seja a política 
está, para o autor, mais próxima da ideia de 
polícia, já que diz respeito ao controle e à 
vigilância dos comportamentos humanos e 
à sua distribuição nas diferentes porções do 
território, cumprindo funções consideradas 
mais ou menos adequadas à ordem vigente. 
Estamos geralmente tão hipnotizados pela 
“necessidade de um compromisso para 
se alcançar o bem comum” e pela opinião 
de que “as instituições sociais já estão 
fazendo todo o possível para isso”, que não 
conseguimos perceber nossa contribuição 
na legitimação dessa política policial que 
administra alguns corpos e torna invisí-veis 
outros.
 O conceito de política trabalhado 
pelo autor traz como princípio a igualdade. 
Uma igualdade que não está lá como sonho 
a ser alcançado um dia, mas que é uma 
potencialidade que “só ganha realidade 
85
LÍNGUA PORTUGUESA
se é atualizada no aqui e agora”. E essa 
atualização se dá por ações que irão construir 
a possibilidade de os “não contados” serem 
levados em conta, serem considerados nesse 
princípio básico e radical de igualdade. Para 
além dos movimentos sociais, existem os 
ainda-sem-nome e ain-da-sem-movimento. 
Diz o autor que a política é a reivindicação da 
parte daqueles que não têm parte; política se 
faz reivindicando “o que não é nosso” pelo 
sistema de direitos dominantes, criando, 
assim, um campo de contestação. Em uma 
sociedade em que os que não têm parte são 
a mai-or parte, é preciso fazer política.
Marco Antonio Sampaio Malagodi. 
Geografias do dissenso: sobre conflitos, 
justiça ambiental e cartografia social no 
Brasil. In: Espaço e economia: Revista 
Brasileira de Geografia Econômica. jan./2012. 
Internet: <http://espacoeconomia.revues.
org/136> (com adaptações).
 
25. (CESPE – Adaptada) ## A correção do 
texto seria mantida caso o pronome “se”, 
em vez de anteceder, passasse a ocupar a 
posição imediatamente posterior ao verbo: 
devido ao fato de ela distanciar-se.
Resposta: Certo
Comentário: Como o verbo "distanciar" 
possui seu sujeito expresso (a forma "ela"), 
a colocação do pronome oblíquo se torna 
facultativa: tanto a próclise quanto a ênclise 
estariam corretas.
-------------------------- ------------------------
Sonhei ter sonhado
Que havia sonhado.
Em sonho lembrei-me
De um sonho passado:
O de ter sonhado
Que estava sonhando.
Sonhei ter sonhado...
Ter sonhado o quê?
Que havia sonhado
Estar com você. Estar?
Ter estado,
Que é tempo passado.
Um sonho presente
Um dia sonhei.
Chorei de repente,
Pois vi, despertado,
Que tinha sonhado.
(Poesia Completa, Rio de Janeiro: Aguilar, 
1968.)
 
26. (FUNRIO – Adaptada) ## No terceiro 
verso, o poeta empregou corretamente 
um pronome oblíquo em posição enclítica. 
Identifique nas frases abaixo a única 
alternativa que caracteriza um desvio na 
colocação do pronome oblíquo segundo as 
normas da língua padrão.
a) De modo algum me deixarei enganar por 
suas palavras.
b) Você sabe que sempre me dediquei ao 
estudo das figuras de linguagem.
c) Pensei que eles convidariam-me para a 
festa de formatura.
d) A funcionária saiu do posto de 
atendimento deixando-me sem saber a 
resposta.
e) Só depois de muito tempo entendi o que 
as pessoas me queriam dizer.
Resposta: C
Comentário: Na alternativa "a" a correção 
é garantida pelo fato de a expressão "de 
86
LÍNGUA PORTUGUESA
modo algum" ser uma expressão negativa, 
isso atrai o pronome átono. Na alternativa 
"b", a palavra "sempre" é um advérbio, o que 
atrai o pronome átono. Na alternativa "c", 
há um erro, pois o verbo está no futuro do 
pretérito do indicativo, o que exigiria uma 
mesóclise (convidar-me-iam). Na alternativa 
"d", o verbo no gerúndio exige a ênclise. Na 
alternativa "e", o sujeito da locução verbal 
está expresso, o que caracteriza colocação 
pronominal facultativa. 
27. (CETRO – Adaptada) ## Assinale a 
alternativa que apresenta erro em relação à 
colocação pronominal.
a) Entregaram-me os papéis atrasados.
b) Não me deixaram ver os documentos.
c) Farão-me uma proposta ao meio-dia.
d) Alguém me entregou os papéis atrasados.
e) Avistou-o, ao longe, e não conseguiu 
alcançá-lo.
Resposta: C
Comentário: Na alternativa "a", o pronome 
está enclítico por se tratar de início de 
sentença. Na alternativa "b", o pronome está 
proclítico em razão do advérbio negativo. Na 
alternativa "c", há um erro de colocação, pois 
o verbo está no futuro do presente (a forma 
correta seria "Far-me-ão"). Na alternativa 
"d", o pronome está proclítico em razão do 
pronome indefinido "alguém". Na alternativa 
"e" o pronome está enclítico em razão de ser 
início de sentença. 
28. (CETRO – Adaptada) ## Em relação à 
colocação pronominal e de acordo com 
a norma-padrão da Língua Portuguesa, 
assinale a alternativa correta.
a) Dispusemo-nos a ajudar a família 
enlutada no que fosse preciso.
b) Não coloco-me à disposição porque não 
estarei na empresa amanhã.
C) Me tratou mal desde o primeiro momento, 
mas não tenho mágoas.
d) Há muitas diferenças entreeu e você.
e) É importante ressaltar que deve-
se elaborar uma ata com todos os 
apontamentos discutidos em reunião.
Resposta: A
Comentário: A alternativa "a" está correta, 
porque a ênclise é justificada pelo fato de 
ser início de sentença. Na alternativa "b", o 
erro está na ênclise do pronome (o advérbio 
"não" é atrativo). Na alternativa "c", a próclise 
está incorreta, por se tratar de início de 
sentença. Na alternativa "d", o erro não é de 
colocação, mas de emprego do pronome: 
após preposição essencial, deve-se usar 
uma forma oblíqua (o correto seria entre 
"mim" e você). Na alternativa "e", o erro está 
na ênclise do pronome, considerando que 
há uma conjunção integrante na sentença, 
o que atrai a forma oblíqua. 
29. (CETRO – Adaptada) ## De acordo com 
a norma-padrão da Língua Portuguesa, 
assinale a alternativa correta em relação à 
colocação pronominal.
a) Agradeceu-me sorrindo pela gentileza.
b) Me entregou os papéis fora do envelope.
c) Encontraria-me mais disposto se não 
estivesse doente.
d) Não trata-me com desrespeito.
Resposta: A
Comentário: A alternativa "a" está correta, 
pois se trata de início de sentença. A 
alternativa "b" está incorreta, porque, em 
início de sentença, deve ser empregada a 
ênclise pronominal. A alternativa "c" está 
incorreta, porque, com futuro do pretérito do 
87
LÍNGUA PORTUGUESA
indicativo, deve ser empregada a mesóclise 
pronominal. A alternativa "d" está incorreta, 
porque o advérbio de negação atrai a forma 
pronominal. 
-------------------------- ------------------------
Texto I
O jivaro
 Um sr. Matter, que fez uma viagem de 
exploração à América do Sul, conta a um 
jornal sua conversa com um índio jivaro, 
desses que sabem reduzir a cabeça de um 
morto até ela ficar bem pequenina. Queria 
assistir a uma dessas operações, e o índio 
lhe disse que exatamente ele tinha contas a 
acertar com um inimigo.
O Sr. Matter:
− Não, não! Um homem, não. Faça isso com 
a cabeça de um macaco.
E o índio:
− Por que um macaco? Ele não me fez 
nenhum mal!
 (Rubem Braga, Recado de primavera)
-------------------------- ------------------------
Texto II
Anedota búlgara
Era uma vez um czar naturalista
que caçava homens.
Quando lhe disseram que também se caçam 
borboletas
[e andorinhas ficou muito espantado
e achou uma barbaridade.
(Carlos Drummond de Andrade, Alguma 
poesia)
30. (FCC – Adaptada) ## O czar caçava 
homens, não ocorrendo ao czar que, em 
vez de homens, se caçassem andorinhas 
e borboletas, parecendo-lhe uma barba-
ridade levar andorinhas e borboletas à 
morte.
Evitam-se as repetições viciosas da frase 
acima substituindo-se, de forma correta, 
os elementos sublinhados por, respecti-
vamente,
a) não o ocorrendo - de tais - levá-las.
b) não ocorrendo-lhe - dos mesmos - levar-
lhes.
c) lhe não ocorrendo - destes - as levar-lhes.
d) não ocorrendo-o - dos cujos - as levarem.
e) não lhe ocorrendo - destes - levá-las.
Resposta: E
Comentário: A primeira forma deve ser "não 
lhe ocorrendo", pois o pronome é atraído 
pelo advérbio. Além disso, a forma "lhe" 
substitui corretamente o termo "ao czar". 
A segunda forma deve ser o termo "destes", 
porque o pronome demonstrativo retoma 
o último referente "homens". A terceira 
forma deve ser "levá-las", pois o referente é 
o termo "andorinhas e borboletas". Como o 
verbo possui complemento direto e termina 
em "r", o correto é empregar a forma "las". 
31. (CESGRANRIO – Adaptada) ## 
Substituindo-se o complemento verbal 
destacado pelo pronome oblíquo 
correspondente, observa-se um caso de 
próclise obrigatória em:
a) “aquelas que acolheram os princípios do 
Estado Democrático de Direito” 
b) Em 2008, escrevi um artigo para celebrar 
os 60 anos da declaração” 
c) “fabricam os espaços da literatura, do 
econômico, do político” 
d) “A vigilância deve adquirir aquela solidez 
própria da turba enfurecida” 
e) “Mas as transformações econômicas 
das sociedades modernas suscitaram o 
bloqueio” 
88
LÍNGUA PORTUGUESA
Resposta: A
Comentário: A próclise será obrigatória na 
alternativa "a", porque o complemento do 
verbo "acolher" será repre-sentado pela 
forma "os", a qual será atraída pelo pronome 
relativo "que", presente na sentença. 
01. (CESPE - Adaptada)## O emprego de 
acento gráfico em “autóctones” (L.4) e 
“alóc-tones” (L.5) justifica-se por serem 
ambas palavras proparoxítonas.
Resposta: Certo.
Comentário: A separação silábica deve ser 
feita da seguinte maneira: au-tóc-to-nes e 
a-lóc-to-nes. Desse modo, percebe-se que 
há o padrão de proparoxítona. O que exige 
a acentuação.
-------------------------- ------------------------
 O Teach for America consegue atrair 
os mais talentosos alunos para a docência 
oferecendo-lhes algo bem concreto. Depois 
de dois anos no papel de professor de 
escola pública — tempo mínimo de estada 
no programa —, esses jovens ingressam 
quase que automaticamente em algumas 
das maiores empresas americanas, com 
as quais o Teach for America estabeleceu 
uma produtiva parceria. Para as empresas, 
recrutar gente que passou por lá significa 
encurtar o complicado processo de busca por 
bons profissionais. Pela estreita peneira do 
programa só passam os realmente capazes. 
Para se ter uma ideia, apenas os alunos 
de ótimo boletim têm direito à inscrição 
e, ainda assim, 85% deles ficam de fora. É 
essa rigorosa seleção que atrai os próprios 
estudantes. Sobreviver a ela é um sinal claro 
de excelência, algo que faz todo mundo 
querer ostentar um carimbo do Teach for 
America no currículo.
02. (CESPE - Adaptada)## Em razão do 
contexto, o acento gráfico empregado na 
forma verbal “têm” (L.8) é obrigatório.
Resposta: Certo.
Comentário: Antes do verbo há um pronome 
relativo. A regra de concordância exige que, 
quando o pronome relativo desempenhar a 
função de sujeito da sentença – o que o corre, 
evidentemente na questão – é necessário 
fazer a concordância do verbo com o 
antecedente do pronome relativo (ou com 
seu referente, melhor dizendo)##. Portanto, 
o acento na forma verbal é obrigatório, a fim 
de indicar que se trata de uma forma plural 
do verbo “ter”. 
03. (CESPE - Adaptada)## As palavras 
“municípios”, “famílias”, “frequência” e 
“convivência” recebem acento gráfico com 
base na mesma regra gramatical.
Resposta: Certo.
Comentário: Todas as palavras são 
paroxítonas terminadas em ditongo. Segue 
a separação: mu-ni-cí-pios, fa-mí-lias, fre-
quên-cia, con-vi-vên-cia. 
04. (CESPE - Adaptada)## Os vocábulos 
“público”, “químicos” e “métodos” são 
acentuados de acordo com a mesma regra 
de acentuação gráfica.
Resposta: Certo.
Comentários: As três palavras são 
proparoxítonas e, por regra, devem ser 
acentuadas. Eis a separação: pú-bli-co, quí-
mi-cos, mé-to-dos.
05. (CESPE - Adaptada)## As palavras 
“Penitenciário”, “carcerária” e “Judiciário” 
recebem acento gráfico com base na mesma 
regra gramatical.
Resposta: Certo.
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
89
LÍNGUA PORTUGUESA
Comentário: As três palavras são paroxítonas 
terminadas em ditongo. Veja a separação: 
pe-ni-ten-ci-á-rio, car-ce-rá-ria, ju-di-ci-á-
rio. Portanto, o acento é obrigatório nos três 
casos.
06. (CESPE - Adaptada)## O emprego do 
acento nas palavras “ciência” e “transitório” 
justifica-se com base na mesma regra de 
acentuação.
Resposta: Certo.
Comentário: As duas palavras são 
paroxítonas terminadas em ditongo. Veja 
a separação: ci-ên-cia, tran-si-tó-rio. Isso 
obriga a colocação do acento agudo.
07. (CESPE - Adaptada)## A ocorrência de 
hiato justifica o emprego do acento agudo 
nas vogais i e u nas palavras “construída” e 
“conteúdos”.
Resposta: Certo.
Comentário: Quando as letras “i” e “u”, 
sozinhas ou seguidas das letras “s”, 
formarem hiato com a vogal anterior, serão 
acentuadas, salvo os casos de exceção. No 
contexto, percebe-se que as duas palavras 
possuem as letras mencionadas como alvo 
da tonicidade e formam hiato com a vogal 
antecedente: cons-tru-í-das, con-te-ú-dos.
08. (CESPE - Adaptada)## Pela mesma regra 
de acentuação gráfica, justifica-seo acento 
gráfico nos vocábulos “países”, “possível” e 
“difícil”.
Resposta: Errado.
Comentário: A palavra “países” é 
acentuada, porque o “i” forma hiato com 
a vogal antecedente. A palavra “possível” 
é acentuada, porque se trata de uma 
paroxítona terminada em “l”. A palavra 
“difícil” é acentuada, porque se trata de 
uma pa-roxítona terminada em “l”. Como há 
uma palavra com regra dissonante, é preciso 
assinalar que a questão está errada. 
09. (CESPE - Adaptada)## Os acentos 
gráficos empregados em “Agência” e em 
“Saúde” têm a mesma justificativa.
Resposta: Errado.
Comentário: “Agência” é uma paroxítona 
terminada em ditongo, essa é a razão de seu 
acento. “Saúde” possui um hiato com a letra 
“u”, essa é a razão de ser acentuada. Como 
visto, não recebem acento pelo mesmo 
motivo.
10. (CESPE - Adaptada)## As palavras 
“municípios” e “bancários” recebem 
acento gráfico com base na mesma regra de 
acentuação.
Resposta: Certo.
Comentário: As duas palavras são 
paroxítonas terminadas em ditongo. Veja a 
separação: mu-ni-cí-pios, ban-cá-rios. 
11. (CESPE - Adaptada)## Os termos “Três” 
e “Vã” são acentuados em decorrência de 
igual justificativa gramatical.
Resposta: Questão anulada.
Comentário: Apesar de a questão ter sido 
anulada pela banca examinadora, vale a 
pena observar o que ela trouxe: em tese, é 
possível dizer que as duas palavras seriam 
acentuadas pelo mesmo motivo – o fato de 
serem dois monossílabos tônicos. Ocorre 
que o diacrítico “~” (til)## é empregado para 
indicar nasalidade, não sendo necessária a 
regra de tonicidade preconizada para outras 
palavras. Isso faria com que a resposta fosse 
considerada incorreta. Por isso, a banca 
anulou a questão. 
90
LÍNGUA PORTUGUESA
12. (CESPE - Adaptada)## As palavras 
“transmissível” e “tecnológico” são 
acentuadas em decorrência de mesma regra 
gramatical. 
Resposta: Errado.
Comentário: A palavra “transmissível” 
é acentuada, porque é uma paroxítona 
terminada em “l”. A palavra “tecnológico” 
é acentuada, porque se trata de um 
proparoxítona. Regras diferentes, questão 
errada. 
13. (CESPE - Adaptada)## As palavras 
“indivíduos”, “vulneráveis”, “incidência” e 
“neurônios”, contidas no texto, apresentam 
acento gráfico com base na mesma regra.
Resposta: Certo.
Comentário: Mesmo sem o texto é possível 
responder a esta questão. Veja que todas as 
palavras colocadas no texto são paroxítonas 
terminadas em ditongo, o que obriga o acento 
agudo em razão das regras de acentuação 
gráfica. Atente para a separação: in-di-ví-
duos, vul-ne-rá-veis, in-ci-dên-cia, neu-rô-
nios. 
14. (CESPE - Adaptada)## As palavras 
“conteúdo”, “calúnia” e “injúria” são 
acentuadas de acordo com a mesma regra 
de acentuação gráfica. 
Resposta: Errado.
Comentário: A palavra “conteúdo” tem 
acento por possuir a vogal “u” formando 
hiato com a vogal antecedente. A palavra 
“calúnia” tem acento por ser uma paroxítona 
terminada em ditongo. A palavra “injúria” 
recebe acento por ser uma paroxítona 
terminada em ditongo. Como uma delas 
possui a regra dissonante, não é possível 
considerar a questão correta.
15. (CESPE - Adaptada)## A mesma regra 
de acentuação justifica o emprego do 
acento agudo nas palavras “dicionário” e 
“possíveis”.
Resposta: Certo.
Comentário: As duas palavras são 
paroxítonas terminadas em ditongo. Veja a 
separação: di-cio-ná-rio, pos-sí-veis. 
16. (CESPE - Adaptada)## As formas 
“patrimônio” e “polícia” são acentuadas em 
decorrência da mesma regra de acentuação.
Resposta: Certo.
Comentário: As duas palavras são 
paroxítonas terminadas em ditongo. Veja a 
separação: pa-tri-mô-nio, po-lí-cia. 
17. (CESPE - Adaptada)## As palavras 
“conteúdo”, “calúnia” e “injúria” são 
acentuadas de acordo com a mesma regra 
de acentuação gráfica. 
Resposta: Errado. 
Comentário: A palavra “conteúdo” é 
acentuada, porque a letra “u” forma hiato 
com a vogal antecedente. A palavra “calúnia” 
é acentuada por ser uma paroxítona 
terminada em ditongo. A palavra “injúria” 
também é uma paroxítona terminada em 
ditongo. Desse modo, como há uma regra 
diferente, é preciso considerar a questão 
errada. 
18. (CEPERJ - Adaptada)## A palavra 
“conteúdo” recebe acentuação pela mesma 
razão de:
a) juízo
b) espírito
c) jornalístico
d) mínimo
e) disponíveis
91
LÍNGUA PORTUGUESA
Resposta: A
Comentário: Como se trata da regra 
relacionada ao hiato tônico com “i” ou “u”, 
é possível dizer que apenas a letra “a” está 
correta, pois a palavra “juízo” possui acento 
por possuir um hiato tônico com a letra “i”. 
19.(CEFET)## Empregou-se um vocábulo 
fora do novo acordo ortográfico em:
a) saída – vírus – pincéis
b) rainha – juiz – raízes
c) abdômen – vêem – sótão
d) consistência – exceção – Piauí
e) marcá-los – redimi-los – preenchê-los
Resposta: C
Comentário: De acordo com os princípios 
do Novo Acordo Ortográfico, não são mais 
acentuadas palavras paroxítonas com “e” 
ou “o” duplicados. Na sentença em questão, 
o termo “veem” deveria ser escrito sem 
acento. 
20. (FCC)## Segundo os preceitos da 
gramática normativa do português do Brasil, 
a única palavra dentre as citadas abaixo que 
NÃO deve ser pronunciada com o acento 
tônico recaindo em posição idêntica àquela 
em que recai na palavra avaro é:
a) mister.
b) filantropo.
c) gratuito.
d) maquinaria.
e) ibero.
Resposta: A
Comentário: A palavra “avaro” é uma 
paroxítona, ou seja, a sílaba tônica é a 
penúltima. A única palavra que não deve ser 
pronunciada desse modo é “mister”, porque 
se trata de uma oxítona. 
 
 A ANS vai mudar a metodologia de 
análise de processos de consumidores contra 
as operadoras de planos de saúde com o 
objetivo de acelerar os trâmites das ações. 
Uma das novas medidas adotadas será a 
apreciação coletiva de processos abertos a 
partir de queixas dos usuários. Os processos 
serão julgados de forma conjunta, reunindo 
várias queixas, organizadas e agrupadas por 
temas e por operadora. Segundo a ANS, 
atualmente, 8.791 processos de reclamações 
de consumidores sobre o atendimento dos 
planos de saúde estão em tramitação na 
agência. Entre os principais motivos que 
levaram às queixas estão a negativa de 
cobertura, os reajustes de mensalidades e 
a mudança de operadora. No Brasil, cerca 
de 48,6 milhões de pessoas têm planos de 
saúde com cobertura de assistência médica 
e 18,4 milhões têm planos exclusivamente 
odontológicos. 
Valor Econômico, 22/3/2013.
01. (CESPE - Adaptada) ## Prejudica-se 
a correção gramatical do período ao se 
substituir “acelerar” (l.2) por acelerarem.
Resposta: Certo
Comentário: O verbo “acelerar” foi 
empregado no infinitivo impessoal, ou 
seja, não há um sujeito expresso na oração 
para esse elemento, portanto, não pode 
ser passada para o plural. Se houvesse a 
alteração para o plural, a referência seria 
o termo que serve de complemento para o 
verbo (trâmites), o que acarretaria prejuízo 
para a semântica da sentença.
CONCORDÂNCIA
92
LÍNGUA PORTUGUESA
02. (CESPE - Adaptada) ## Os vocábulos 
“organizadas” e “agrupadas”, (linhas 6 e 7), 
estão no feminino plural porque concordam 
com “queixas” (l.6).
Resposta: Certo.
Comentário: Na sentença se lê: “Os processos 
serão julgados de forma conjunta, reunindo 
várias queixas, organizadas e agrupadas por 
temas e por operadora”. Os dois adjetivos 
(organizadas e agrupadas) devem concordar 
com o substantivo a que se referem, que, no 
caso, é a palavra “queixas”. 
-------------------------- ------------------------
Trecho de entrevista concedida por Lígia 
Giovanella (LG) à revista Veja (VJ).
1 VJ – Por que o Brasil investe pouco?
LG – Temos limites nas nossas políticas 
econômicas, além de disputas sociais e 
políticas que atrapalham a discussão sobre 
a quantidade de recursos. Sabemos que um 
Sistema Único de Saúde (SUS) de qualidade e 
com oferta universal de serviços aumentaria 
a disposição da classe média em contribuir 
com o pagamento de impostos que financiam 
o sistema. Atualmente, há baixa disposição 
porque a classe média não utiliza o serviço e 
porqueos serviços não são completamente 
universalizados.
10 VJ – O SUS corre o risco de se tornar 
inviável? O que precisa ser feito para que não 
ocorra um colapso no sistema público?
13 LG – Não acredito que haja risco iminente 
de colapso do SUS, mas as escolhas que 
fizermos a partir de agora podem levar à 
construção de diferentes tipos de sistema, 
a exemplo de uma política mais direcionada 
a parcelas mais pobres da população ou um 
sistema sem acesso universal. O SUS terá 
de responder às mudanças sociais. Com a 
melhoria da situação econômica de uma 
parcela da sociedade, precisará atender a 
expectativas da nova classe média baixa.
VJ – Além de aumentar o investimento, o 
que mais é importante?
LG – Outro desafio é estabelecer prioridades 
para o modelo assistencial. Atualmente, a 
cobertura de atenção básica, por meio do 
programa Saúde da Família, alcança apenas 
50% da população. É preciso que haja uma 
ampliação sustentada, de modo a atingir 80% 
da população. Já estamos em um momento 
avançado no SUS, em que é necessário dar 
à população garantias explícitas de que os 
serviços irão funcionar. Além disso, o Brasil 
precisa intensificar a formação de médicos 
especializados em medicina de família e 
comunidade.
Natalia Cuminale. Desafios brasileiros. 
Brasil precisa dobrar gasto em saúde, diz 
es-pecialista. Internet: <http://veja.abril.
com.br> (com adaptações).
03. (CESPE) A flexão no plural da forma verbal 
“atrapalham” (l.3) deve-se ao emprego de 
“limites” (l.2).
Resposta: Errado.
Comentário: A flexão do verbo no plural 
se dá em razão de a palavra de referência 
para o pronome que desempenha a função 
de sujeito do verbo ser o termo “disputas”. 
A regra de concordância com o pronome 
relativo orienta que a concordância do verbo 
– quando o pronome relativo desempenha a 
função de sujeito – deve ser com o referente 
do pronome que, no texto em questão, era 
uma palavra no plural.
04. (CESPE - Adaptada) ## Sem provocar erro 
gramatical, a forma verbal “aumentaria” (l.3) 
poderia ser flexionada no plural, passando 
a concordar com o antecedente “serviços” 
(l.3).
Resposta: Errado.
Comentário: O núcleo do sujeito está no 
singular, isso impede a flexão para o plural. 
Na ex-pressão “um Sistema Único de Saúde 
(SUS) de qualidade e com oferta universal de 
serviços” o termo a que pertence o termo 
93
LÍNGUA PORTUGUESA
“serviços” desempenha a fun-ção sintática 
de complemento nominal da palavra 
“oferta”, ou seja, não indica relação de 
concordância para o verbo posterior.
-------------------------- ------------------------
 Durante o período de janeiro a 
março de 2013, foram recebidas 13.348 
reclamações de beneficiários de planos de 
saúde referentes à garantia de atendimento. 
Entre as operadoras médico-hospitalares, 
480 tiveram pelo menos uma reclamação 
e, entre as operadoras odontológicas, 29 
tiveram pelo menos uma reclamação de 
não cumprimento dos prazos máximos 
estabelecidos ou de negativa de cobertura.
 A fiscalização do cumprimento das 
garantias de atendimento é uma forma 
eficaz de se certificar o beneficiário da 
assistência por ele contratada, pois leva as 
operadoras a ampliarem o credenciamento 
de prestadores e a melhorarem o seu 
relacionamento com o cliente. Para isso, 
a participação dos consumidores é de 
fundamental importância.
Internet:<www.ans.gov.br> (com 
adaptações)
05. (CESPE - Adaptada) ## Mantém-se 
a correção gramatical do período ao se 
substituir “é” (l.9) por são, desde que 
também se substitua “leva” (l.10) por levam.
Resposta: Errado.
Comentário: O sujeito do verbo “ser”possui 
como núcleo a palavra “fiscalização” – 
palavra no singular – que também serve 
como referente para o sujeito oculto do verbo 
“levar”. Isso faz com que as duas formas 
verbais devam permanecer no singular. 
De acordo com as regras de concordância, 
o verbo deve se adequar ao núcleo de seu 
sujeito.
 Entre os fatores que contribuem para a 
perda de qualidade de vida estão as péssimas 
condições de habitação e transporte no 
espaço urbano, que atingem sobremaneira 
a população empobrecida. A urbanização 
irresponsável causada pelo processo de 
industrialização e pela ausência de reforma 
agrária faz com que o direito de moradia e o 
de locomoção, ainda que direitos originários 
de necessidades humanas básicas, expressos 
na Constituição, sejam sistematicamente 
ignorados, o que compromete o descanso, 
o bem-estar e a paz dos trabalhadores 
nas grandes cidades. Em vista disso, os 
trabalhadores não podem sequer recompor 
diariamente suas forças.
 Temos observado que os empregados 
dos postos de trabalho de pior remuneração 
são os que moram mais distantes dos locais 
de trabalho e cotidianamente saem de casa 
duas ou três horas antes da jornada, gastando 
o mesmo tempo para retornarem às suas 
casas. Causa-nos indignação constatar que 
esses empregados consomem o equivalente 
à metade do tempo remunerado (e mal 
remunerado) para o deslocamento de suas 
casas até o trabalho e em péssimas condições 
de transporte, sempre em pé nos ônibus 
superlotados, ou esperando em longas filas. 
Às vezes, ainda somos hipócritas, receitando 
para esses trabalhadores fórmulas para 
melhorarem de vida.
 Sugerimos que voltem a estudar 
para ocuparem postos mais qualificados e 
com melhor remuneração, mas, no fundo, 
sabemos que é impossível, para eles, 
dispor de tempo para cuidar da formação 
profissional perdida. Por outro lado, a classe 
média pode até se dar ao luxo de ter mais 
de um emprego, porque tem o seu próprio 
transporte, mesmo vivendo na ilusão de 
que, se trabalhar muito, poderá ganhar mais 
e acumular dinheiro, para, um dia, enfim, 
poder curtir a vida. Só que, para muitos, esse 
dia não chega; as doenças modernas chegam 
primeiro.
94
LÍNGUA PORTUGUESA
 Cabe aqui acrescentar outras 
necessidades humanas que têm sido 
sistematicamente relegadas a segundo 
plano. São elas os valores culturais, que 
incluem os saberes, as paisagens naturais, 
os costumes e as tradições populares. A 
urbanização acelerada em todo o mundo 
foi a responsável pela perda da qualidade 
de vida de muitos trabalhadores, apesar 
de aparentemente ter criado melhores 
condições de vida para parte da população.
Delze dos Santos Laureano. O meio 
ambiente e o trabalho: a dignidade humana 
neste espaço. Internet: <www.ecodebate.
com.br> (com adaptações).
06. (CESPE - Adaptada) ## O verbo “sejam” 
(l.5) tem como referente a expressão 
“direitos originários de necessidades 
humanas básicas” (l.5), o que justifica sua 
flexão no plural.
Resposta: Errado
Comentário: O referente em questão não 
pode ser o termo destacado na questão, pois 
ele está isolado por vírgulas. Na verdade, o 
referente para o sujeito é o termo composto 
“o direito de moradia e o de locomoção”. Isso 
é o que faz o verbo ser flexionado no plural. 
Como o sujeito é composto e anteposto ao 
verbo, o plural é obrigatório. 
07. (CESPE) ##A alteração do vocábulo 
“distantes” (l.10) para “distante” manteria 
a correção e o sentido do texto.
Resposta: Certo.
Comentário: Essa é uma questão que 
focaliza a concordância nominal. A flexão 
do vocábulo para o singular indicaria um 
transição de classe gramatical. Da maneira 
como foi empregada, a palavra se apresenta 
como um adjetivo, por isso, está flexionada 
no plural. Se estivesse no singular, poder-se-
ia classificá-la como um advérbio de lugar. 
Por isso, permanece no singular. 
 Os efeitos da seca espalham-se 
no campo e são visíveis nos incontáveis 
animais mortos por onde passam as rodovias 
sertanejas. Uma cena trágica e recorrente. 
Foi assim por todo o século XX, com 
momentos de extrema gravidade: no começo 
da década de 30 e em dois períodos da 
década de 50. Situação semelhante àquela 
que vemos hoje no Semiárido, com apenas 
uma diferença: nas secas passadas, além dos 
animais mortos, havia as levas de flagelados 
fugindo para São Paulo ou sobrevivendo de 
saques nas feiras livres ou no comércio das 
cidades do interior. No mais, a reprodução 
é fiel na morteem massa dos animais, com 
tremenda repercussão na economia. Balanço 
da Secretaria de Agricultura de Pernambuco 
mostra que, em 600 propriedades do Agreste 
e do Sertão, a estiagem já havia provocado a 
morte de 168.356 animais. Neste momento, 
seguramente, o número cresceu, o que é 
um escândalo. Principalmente quando se 
sabe que a mortandade reduziu a produção 
de leite em 72% e causou prejuízos reais da 
ordem de R$ 1,5 bilhão. 
Editorial. Jornal do Commercio (PE), 
11/4/2013 (com adaptações).
08. (CESPE) ## Na expressão “R$ 1,5 bilhão” 
(l.18), devido ao fato de “1,5” corresponder 
a mais de um inteiro, seria gramaticalmente 
correto substituir “bilhão” por bilhões. 
Resposta: Errado.
Comentário: A concordância deve ser 
realizada com o numeral que representa o 
valor inteiro, ou seja, com a ideia do numeral 
“1”. O fato de haver a fração representada 
no numeral não exige concordância com o 
valor segmentado.
-------------------------- ------------------------
 Dependerá da adesão dos demais 
ministros o êxito de um apelo feito pelo 
presidente do Supremo Tribunal Federal 
(STF), para que seja extinta a prática de 
95
LÍNGUA PORTUGUESA
esconder os nomes de investigados em 
inquéritos criminais na mais alta corte do 
país. Ele defende que o STF deve livrar-se do 
costume de manter identidades em segredo, 
ou estará contrariando todos os esforços 
em busca de maior transparência. Enfatiza 
o ministro que o bom senso recomenda a 
mudança, mesmo que alguns dos integrantes 
do Supremo defendam a manutenção 
do procedimento adotado em 2010. É 
ultrapassado o entendimento de que, ao 
não identificar os investigados, o STF estaria 
protegendo pessoas que, no desfecho dos 
processos, poderiam vir a ser absolvidas ou 
ter seus casos arquivados. Por essa norma, 
os investigados são identificados apenas 
pelas iniciais, como se o STF estivesse, de 
alguma forma, resguardando acusados de 
algum delito. Assegura o presidente que a 
presunção de inocência não justifica o que 
define como “opacidade que prevalece no 
âmbito dos processos criminais no Supremo”. 
Reverter essa restrição significa, segundo a 
argumentação do ministro, ser transparente 
não só para a justiça, mas também para toda 
a sociedade.
Zero Hora, 8/4/2013.
09. (CESPE - Adaptada) ## A substituição 
de “vir a ser” (l.8-9) por virem a serem 
prejudicaria a correção gramatical do 
período.
Resposta: Certo.
Comentário: Na locução verbal em questão, 
apenas o verbo auxiliar deve ser empregado 
no plural, ou seja, a forma correta é “virem 
a ser”. Isso ocorre, porque o verbo principal 
“ser” está antecedido de uma preposição, o 
que impossibilita sua flexão. Além disso, a 
regra geral de concordância com locuções 
verbais ensina que o verbo auxiliar serve 
para receber as flexões de tempo, modo, 
número e pessoa, a fim de indicar como se 
dá a concordância do verbo. 
 O respeito às diferentes manifestações 
culturais é fundamental, ainda mais em um 
país como o Brasil, que apresenta tradições 
e costumes muito variados em todo o seu 
4 território. Essa diversidade é valorizada 
e preservada por ações da Secretaria da 
Identidade e da Diversidade Cultural (SID), 
criada em 2003 e ligada ao Ministério da 
Cultura.
 Cidadãos de áreas rurais que estejam 
ligados a atividades culturais e estudantes 
universitários de todas as regiões do Brasil, 
por exemplo, são beneficiados por um dos 
10 projetos da SID: as Redes Culturais. 
Essas redes abrangem associações e grupos 
culturais para divulgar e preservar suas 
manifestações de cunho artístico. O projeto 
é guiado por 13 parcerias entre órgãos 
representativos do Estado brasileiro e as 
entidades culturais.
 A Rede Cultural da Terra realiza oficinas 
de capacitação, cultura digital e atividades 
ligadas às artes plásticas, cênicas e visuais, 
à literatura, à música e ao artesanato. 
Além disso, mapeia a memória cultural dos 
trabalhadores do campo. A Rede Cultural 
dos Estudantes promove eventos e mostras 
culturais e artísticas e apoia a criação de 
Centros Universitários de Cultura e Arte.
 Culturas populares e indígenas são outro 
foco de atenção das políticas de diversidade, 
havendo editais públicos de premiação de 
atividades realizadas ou em andamento, 
o que 25 democratiza o acesso a recursos 
públicos. 
 O papel da cultura na humanização 
do tratamento psiquiátrico no Brasil é 
discutido em seminários da SID. Além 28 
disso, iniciativas artísticas inovadoras nesse 
segmento são premiadas com recursos do 
Edital Loucos pela Diversidade.
 Tais ações contribuem para a inclusão 
e socializam o direito à 31 criação e à 
produção cultural.
 
96
LÍNGUA PORTUGUESA
 A participação de toda a sociedade 
civil na discussão de qualquer política 
cultural se dá em reuniões da SID com 34 
grupos de trabalho e em seminários, oficinas 
e fóruns, nos quais são apresentadas as 
demandas da população. Com base nesses 
encontros é que podem ser planejadas e 
desenvolvidas 37 ações que permitam o 
acesso dos cidadãos à cultura e a promoção 
de suas manifestações, independentemente 
de cor, sexo, idade, etnia e orientação sexual.
Identidade e diversidade. Internet: 
<www.brasil.gov.br/sobre/cultura/>(com 
adaptações).
10. (CESPE - Adaptada) ## A correção 
gramatical do texto seria mantida caso 
as formas verbais “promove” e “apoia” 
(l.13) fossem flexionadas no plural, para 
concordar com o termo mais próximo, “dos 
Estudantes” (l.12).
Resposta: Errado.
Comentário: As formas verbais estão no 
plural, porque concordam com o referente 
para o núcleo do sujeito, que se trata da 
palavra “Rede”. A possibilidade suscitada 
pela questão diz respeito à regra de 
concordância com sujeito formado por “ex-
pressão partitiva seguida de nome no plural”. 
Ocorre que, na sentença, não há expressão 
partitiva, logo, haveria erro gramatical se a 
concordância mencionada fosse realizada. 
11. (CESGRANRIO – Adaptada) ## Na 
abordagem da concordância verbal, as 
gramáticas apresentam casos em que o 
verbo fica invariável, por ser considerado 
“impessoal”. 
O exemplo do texto em que o verbo grifado 
encontra-se no singular por ser impessoal é:
a) “Será árduo garimpar os números da 
família, amigos, contatos profissionais.” 
b) “Eu os buscarei, é óbvio.” 
c) “Há alguns anos...” 
d) “Vejo motoristas de táxi...” 
e) “A maioria dos chefes sente-se no 
direito...” 
Resposta: C
Comentário: Em “a”, o sujeito do verbo “ser” 
é oracional (garimpar...); em “b”, o sujeito é o 
pronome “eu”; em “c” o verbo é impessoal, 
pois se trata do verbo “haver” na acepção 
de “tempo transcorrido”; em “d” o sujeito 
é oculto; em “e”, o sujeito é a expressão “A 
maioria dos chefes”. 
12. (UFMT – Adaptada) ## Uma das 
características de um texto de ordem prática, 
como ordens de serviço e ofício, é o respeito 
à concordância nominal preconizada pela 
norma culta da língua. Assinale a alternativa 
que NÃO apresenta concordância adequada. 
a) A empresa está determinada a oferecer 
alojamento e alimentação apropriados.
b) O sinal para que os funcionários se dirijam 
ao refeitório soa exatamente ao meio-dia e 
meia. 
c) A coordenadora do RH está meia 
sobrecarregada de tantos contratos novos. 
c) É proibida a entrada de estranhos ao 
compartimento de máquinas.
Resposta: C
Comentário: A palavra “meio” é um 
advérbio, logo, trata-se de uma palavra 
invariável. Isso quer dizer não é possível 
fazer a flexão desse elemento. A forma 
correta seria “A coordenadora do RH está 
MEIO sobrecarregada de tantos contratos 
novos”. 
97
LÍNGUA PORTUGUESA
13. (VUNESP – Adaptada) ## Considerando 
as regras de concordância nominal e verbal, 
de acordo com a norma-padrão da língua 
portuguesa, assinale a alternativa correta.
a) A comunicação e a confiança dos filhos 
serão aumentadas se os pais responderem 
às perguntas feitas por eles com clareza e 
simplicidade.
b) A comunicação e a confiança dos filhos 
será aumentadas se os pais responderem 
às perguntas feitas por eles com clareza e 
simplicidade.
c) A comunicação e a confiançados filhos 
será aumentada se os pais responderem 
às perguntas feitas por eles com clareza e 
simplicidade.
d) A comunicação e a confiança dos filhos 
serão aumentada se os pais responderem 
às perguntas feitas por eles com clareza e 
simplicidade.
e) A comunicação e a confiança dos filhos 
serão aumentadas se os pais responderem 
às perguntas feita por eles com clareza e 
simplicidade.
Resposta: A
Comentário: Como o sujeito da sentença 
é composto e está anteposto ao verbo (A 
comunicação e a confiança dos filhos), a 
forma verbal deve ser empregada no plural, o 
que resultará em “serão aumentadas”. Além 
disso, a palavra “feitas” deve concordar com 
o substantivo “perguntas”, a fim de manter 
a correção gramatical. 
14. (VUNESP – Adaptada) ## Assinale a 
alternativa correta quanto à concordân-cia 
verbal e nominal.
a) Muito frequente, o desrespeito às leis e 
o consumo de álcool antes de dirigir tem 
provocado cada vez mais acidentes de 
trânsito.
b) Com a nova lei seca e o aumento da 
fiscalização, espera-se que diminua os 
acidentes provocados por motoristas 
embriagados.
c) Com a nova lei seca, tem sido intensificado 
a apreensão de carteiras de motorista e a 
condenação de condutores embriagados 
que se envolvem em acidentes.
d) Insatisfeitos, alguns juristas têm 
reclamado do fato de, segundo eles, a nova 
lei possuir alguns conceitos pouco precisos.
d) A fiscalização passa a ser considerado de 
fundamental importância para que a nova 
lei seca possa cumprir o seu papel.
Resposta: D
Comentário: Em “A”, o verbo “ter” deve 
receber o acento circunflexo para concordar 
com o sujeito composto (o desrespeito às 
leis e o consumo de álcool); em “B”, o verbo 
“diminuir” deve ser empregado no plural 
para concordar com o núcleo do sujeito 
(acidentes); em “C”, a forma correta seria 
“têm sido intensificadas”, a fim de concordar 
com o sujeito composto, que possui dois 
núcleos femininos; em “D”, a concordância 
está correta; em “E”, o termo “considerado” 
deveria ser empregado no feminino para 
concordar com a expressão “A fiscalização”. 
15. (FCC – Adaptada) ## A concordância 
verbal está correta em: 
a) Haviam pessoas que não se importavam 
com seus vizinhos de viagem, falavam alto 
ao celular. 
b) Os usuários pareciam gostarem daquela 
bagunça: o som alto, mesmo de qualidade 
duvidosa. 
c) Já fazem meses que entro no ônibus, no 
mesmo horário, com as mesmas pessoas 
que sempre falam ao celular. 
d) Sempre havia pessoas que não se 
importavam em expor sua vida particular, 
pareciam até se divertir. 
e) Sempre vai existir passageiros que se 
incomodem com o som alto e com músicas 
de gosto duvidoso. 
98
LÍNGUA PORTUGUESA
Resposta: D
Comentário: Em “A”, o verbo deve ser 
empregado no singular, pois se trata de um 
verbo impessoal; em “B”, uma das formas de 
“pareciam gostarem” deveria ser empregada 
no singular. Isso ocorre em razão de, no 
emprego do verbo “parecer” com outro 
verbo no infinitivo, a regra exigir que uma 
das formas apenas ceda à concordância, ou 
seja, se houver um sujeito no plural, apenas 
um dos verbos pode ser flexionado. Em “C”, 
o verbo “fazer” é impessoal (pois se trata de 
tempo transcorrido) e deve ser empregado 
no singular. Em “D”, a concordância está 
correta, pois o verbo “haver” foi empregado 
de forma impessoal (no sentido de “existir”). 
Em “E”, o verbo deveria ser empregado no 
plural, pois o sujeito possui como núcleo um 
substantivo no plural (passageiros).
16. (FCC – Adaptada) ## Considere: 
Já ...... muitas pessoas no ônibus. Dali ...... 
pouco o falatório ao telefone aborreceria 
muitos dos passageiros. Eles já estavam ...... 
incomodados pelo provável barulho. ...... 
dias que enfrentavam esse problema, sendo-
lhes ...... as reclamações pela possibilidade 
de desentendimento. 
Portanto, ...... de suportar o desconforto. 
Preenchem, corretamente, as lacunas do 
texto: 
a) havia - a - meio - Fazia - proibidas - haviam 
b) haviam - a - meia - Fazia - proibido - havia 
c) haviam - há - meio - Faziam - proibidas - 
haviam 
d) havia - há - meia - Fazia - proibido - 
haviam 
e) havia - a - meio - Fazia - proibidas - havia 
Resposta: A
17. (FCC – Adaptada) ## As normas de 
concordância estão plenamente respeitadas 
na frase:
a) Lentes que refratam as ondas 
eletromagnéticas emitidas pelo calor 
permite divisar com clareza o movimento 
de corpos em meio ao breu da noite.
b) Cada um dos órgãos sensoriais que nos 
ligam ao mundo têm uma função específica.
c) A maior parte das ondas sonoras que 
perpassa o nosso caminho (celulares, 
rádios, TVs etc. ) é inaudível para os ouvidos 
humanos.
d) Apenas alguns poucos animais, como o 
cão, consegue escutar sons como as ondas 
hertzianas.
e) As vibrações sonoras que o morcego é 
capaz de perceber se situa fora do alcance 
do ouvido humano.
Resposta: 
Comentário: Em “A”, o verbo deveria ser 
flexionado para o plural, em vista de o 
núcleo do sujeito ser a palavra “Lentes”. 
Em “B”, o sujeito é formado pela expressão 
“Cada um”, nesse caso o verbo deve ficar 
no singular. Em “C”, o sujeito é formado 
por uma expressão partitiva (a maior parte 
de) seguida de um substantivo no plural 
(os órgãos sensoriais), nesse caso há dupla 
possibilidade de concordância. Em “D”, o 
núcleo do sujeito do verbo “conseguir” está 
no plural (animais), logo, o verbo deve ir ao 
plural. Em “E”, o sujeito do verbo “situar” 
está no plural (As vibrações sonoras), logo, 
o verbo deve ir para o plural. 
-------------------------- ------------------------
 Há evidências de que a oferta de 
medicação domiciliar pelas operadoras 
de planos de sa-úde traz efeito positivo 
aos beneficiários: todas as normas da ANS 
primam pela pesquisa baseada em evidências 
científicas nacionais e internacionais e 
99
LÍNGUA PORTUGUESA
buscam a qualidade da sa-úde oferecida 
aos beneficiários dos planos de saúde, bem 
como o equilíbrio do setor.
18. (CESPE - Adaptada) ## A forma verbal 
“traz” está no singular porque con-corda 
com o núcleo de seu sujeito: “a oferta”.
Resposta: Certo. 
Comentário: Na sentença, o verbo “trazer” 
possui como sujeito a expressão “a oferta de 
medicação domiciliar pelas operadoras de 
plano de saúde”, cujo sujeito é o substantivo 
“oferta”, que está no singular. Diante 
disso, faz-se a concordância no singular. 
Os fragmentos que constituem os itens 
seguintes foram adaptados de trechos de 
notícias do sítio da OIT na Internet. Julgue-
os no que se refere à correção gramatical.
19. (CESPE – Adaptada) ## Antes da crise 
mundial, as diferenças entre homens e 
mulheres, no que diz respeito ao desemprego 
e à relação emprego-população, havia se 
atenuado. Nas economias avançadas, a 
crise parece haver afetado aos homens nos 
setores que dependem do comércio mais do 
que as mulheres, que trabalham em saúde e 
educação. Nos países em desenvolvimen-to, 
as mulheres foram particularmente afetadas 
nos setores relacionados ao comércio.
Resposta: Errado. 
Comentário: Nesse parágrafo, o verbo 
“haver” deveria ser empregado no plural, 
uma vez que funciona como o auxiliar 
do verbo “atenuar”, que está apassivado 
na sentença. Como o sujeito paciente da 
sentença está no plural, a correção prescreve 
a concordância no plural. 
-------------------------- ------------------------
Julgue se os trechos abaixo, adaptados de 
O Globo de 17/7/2012, estão corretos e 
adequa-dos à língua escrita formal.
20. (CESPE – Adaptada) ## Viemos 
informar que o Ministério Público Eleitoral, 
até a semana passada, haviam pedido a 
impugnação de 349 candidaturas — não 
apenas com base na Ficha Limpa —, das quais 
316 para vereador, 23 para vice-prefeito e 
dez para prefeito.
Resposta: Errado. 
Comentário: Nesse parágrafo, o verbo 
“haver” deveria ser empregado no singular, 
porque seu sujeito está no singular (a 
expressão Ministério Público Eleitoral). 
 
 A experiência cultural das sociedades, 
em nossa época, é cada vez mais moldada e 
"globalizada" pela transmissão e difusão das 
formas significativas, visuais ediscursivas, 
via meios de comunicação de massa. 
Conquanto o desenvolvimento dos meios de 
comunicação tenha tornado absolutamente 
frágeis os limites que separavam o público do 
privado, assiste-se hoje a uma nova tendência 
de politização e visibilidade do privado, com 
a estruturação de novas relações familiares, 
bem como à privatização do público. Faz-
se necessário frisar que o imaginário social 
acompanha lentamente essa evolução, 
nem sempre aceitando o rompimento dos 
costumes fortemente arraigados.
Vera Lúcia Pires. A identidade do sujeito 
feminino: uma leitura das desigualdades. In: 
M. I. Ghilardi-Lucena (Org.). Representações 
do feminino. PUC: Átomo, 2003, p. 209 (com 
adaptações).
01. (CESPE – Adaptada) ## Na linha 4, 
o uso do sinal indicativo da crase em "à 
privatização" mostra que o conectivo "bem 
como" introduz um segundo complemento 
ao verbo assistir.
EMPREGO DO SINAL 
INDICATIVO DE CRASE
100
LÍNGUA PORTUGUESA
Resposta: Certo
Comentário: Como a expressão “bem 
como” se trata de uma locução conjuntiva 
aditiva, entende-se que ela estabelece uma 
relação de soma na sentença. Além disso, 
basta verificar a presença da preposição 
introduzindo o primeiro complemento do 
verbo assistir, para compreender que se 
trata de um verbo transitivo indireto. Para 
manter o paralelismo, deve-se empregar 
outra preposição “a”, o que gera o acento 
grave. 
02. (ESAF – Adaptada) ## O texto abaixo foi 
transcrito com adaptações. Assinale a opção 
que manteve o emprego correto do sinal 
indicativo de crase.
 Interessa à (1) todo o País, por sua 
importância para à (2) produção, à (3) 
criação de empregos e o desenvolvimento, a 
agenda levada ao Congresso pelo presidente 
da Confederação Nacional da Indústria − 
CNI. Ao apresentar uma lista de 131 projetos 
considerados favoráveis ou prejudiciais 
ao setor, ele cobrou dos parlamentares, 
como de costume, atenção urgente às (4) 
questões de grande relevância para à (5) 
economia, especialmente numa fase de crise 
internacional.
(Editorial, O Estado de S. Paulo, 29/3/2012)
a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5
Resposta: D
Comentário: Em “A”, não deve haver o 
acento grave, pois o “a” antecede um 
pronome indefinido. Em “B”, não deve haver 
acento grave, pois a preposição “para” já 
foi aplicada, o que dispensa a preposição 
“a”. Em “C”, o acento grave não deve ser 
empregado, pois o “a” é apenas um artigo 
antecedendo um substanti-vo nuclear de 
um sujeito. Em “D”, o acento grave foi 
corretamente empregado, pois se trata de 
um complemento do termo “atenção”, o 
qual foi introduzido pela preposição. Em 
“E”, não se emprega o acento grave, pois a 
preposição para já foi empregada. 
-------------------------- ------------------------
 Ismael odiava beijos em público. Era 
uma coisa que o deixava perturbado desde 
a infância na casa dos seus pais. Mas vibrava 
de alegria ao ficar sabendo de eventual 
repressão a algum beijoqueiro. A notícia 
que ouviu pelo rádio, na casa de um vizinho, 
sobre o jogador de vôlei que havia sido 
repreendido por um membro da organização 
do Mundial de Clubes de Vôlei por beijar em 
público sua mulher, após a conquista de um 
título, deixou-o simplesmente eufórico.
 Os amigos ficavam espantados diante 
dessa insólita situação, mesmo porque, aos 
17 anos, poderia facilmente arrumar uma 
namorada - e beijá-la à vontade, se fosse o 
caso.
 Não era o caso, ele achava o beijo 
em público uma conduta afrontosa. Jurava 
para si próprio que jamais casal algum se 
beijaria perto dele. Mas como evitar que isso 
acontecesse? Não poderia, claro, recorrer 
à violência, conforme conselho recebido 
de alguns professores que elogiavam essa 
sua ideia sobre o beijo. Eles evitavam atos 
de violência. Teria de recorrer a algum 
meio eficiente, mas não agressivo para 
expressar a sua repulsa. E aí lhe ocorreu: a 
tosse! Uma forma fácil de advertir pessoas 
inconvenientes. Naquele mesmo dia fez a 
primeira experiência. Avistou, na escola, um 
jovem casal se beijando. Colocou-se atrás dos 
jovens e começou a tossir escandalosamente 
- até que eles pararam.
 O rapaz, depois de uma breve 
reclamação, levantou-se e saiu resmungando. 
101
LÍNGUA PORTUGUESA
Mas a moça, que, aliás, já conhecia, Sofia, 
moradora da sua rua, olhou-o até com 
simpatia. Ele estranhou. Deu as costas e foi 
embora.
 À noite, estava sozinho em casa, 
quando alguém bateu à porta. Abriu, era 
Sofia. Sorrindo, ela lhe estendeu um frasco: 
era xarope contra a tosse. Num impulso, 
ele puxou-a para si e deu-lhe um doce e 
apaixonado beijo. O primeiro e decisivo beijo 
de sua vida.
 Estão namorando (e beijando muito). 
Quanto ao xarope, deu-o a um amigo. 
Descobriu o que é bom para a tosse, ao 
menos para a tosse que nasce da neurose: é 
o beijo. Grande, grande remédio!
(Moacyr Scliar, Folha de S.Paulo, 16.11.09. 
Adaptado)
03. (VUNESP – Adaptada) ## Na questão, 
assinale a alternativa que preenche, correta 
e respectivamente, os espaços das frases.
Com as amigas, Sofia começou_________ 
falar sobre algumas atitudes__________não 
gostava.
a) à ... que
b) a ... de que
c) à ... com que
d) à ... de que
e) a ... com que
Resposta: B
Comentário: Não se deve empregar o acento 
grave no “a” em razão de estar diante de 
um verbo. Além disso, a forma correta deve 
ser com uma preposição “de” proveniente 
do verbo “gostar”. A forma resultante é 
“atitudes de que não gostava”. 
-------------------------- ------------------------
 O ABCerrado e a Matomática 
(“matemática do mato”), metodologias 
criadas por um professor da UnB, apoiam-
se em dois princípios: o da elevação da 
autoestima de alunos e professores e o 
do envolvimento com o meio ambiente 
para a construção, de forma lúdica e 
interdisciplinar, da cidadania e do respeito 
mútuo. “Fazemos a aproximação por meio 
de elementos do contexto onde as crianças 
estão inseridas. As atividades de leitura, 
interpretação e escrita associam-se ao tema 
do cerrado na forma de poesias, música, 
desenho, pintura e jogos”, explica uma 
professora da Faculdade de Educação da 
UnB. Atualmente, a universidade trabalha 
para expandir a aplicação do ABCerrado na 
rede de ensino do DF. “Ainda prevalece uma 
visão conservadora sobre o que é educação”, 
conta a professora. “A natureza possui uma 
dimensão formadora. Isso subverte a forma 
de se tratar a relação entre o ser humano e 
o meio ambiente no cerne de um processo 
educativo. Não se trata de educar o ser 
humano para o domínio e a apropriação da 
natureza, mas de educar a humanidade para 
ser capaz de trocar e de aprender com ela”, 
completa.
João Campos. O ABC do cerrado. In: Revista 
Darcy, jun./2012 (com adaptações)
 
04. (CESPE – Adaptada) ## Sem prejuízo 
da correção gramatical do texto, o período 
‘As atividades (...) jogos’ (l.4-5) poderia ser 
reescrito da seguinte maneira: Às atividades 
de leitura, interpretação e escrita associa-
se o tema do cerrado na forma de poesias, 
música, desenho, pintura e jogos.
Resposta: Certo
Comentário: Para essa questão, basta 
perceber que o termo em questão, ao 
receber o acento indicativo de crase, passa 
a desempenhar a função de objeto indireto 
do verbo associar. Como o termo possuía um 
artigo no início, o acréscimo da preposição 
gera um caso de crase. 
102
LÍNGUA PORTUGUESA
 Ao apresentar a perspectiva local 
como inferior à perspectiva global, como 
incapaz de entender, de explicar e, em última 
análise, de tirar proveito da complexidade do 
mundo contemporâneo, a concepção global 
atualmente dominante tem como objetivo 
fortalecer a instauração de um único código 
unificador de comportamento humano, 
e abre o caminho para a realização do 
sonho definitivo de economias globais de 
escala. Como resultado deste processo, o 
"modelo econômico" alcança sua perfeição, 
que não é somente descrever o mundo, 
mas efetivamente governá-lo. E esta é a 
essência mesma do paradigma moderno 
de desenvolvimento e de progresso, cujo 
estágio supremo de perfeição a globalização 
representa.
 Fica claro quea escala não poderia 
ser melhor ou maior do que sendo global e 
é somente neste nível que a sua primazia e 
universalidade são finalmente afirmadas, 
junto com a certeza de que jamais poderia 
surgir alguma alternativa viável ao sistema 
ideologicamente dominante fundado 
no livre mercado, dada a ausência de 
qualquer cultura ou sistema de pensamento 
alternativo.
 Se virmos o fenômeno da globalização 
sob esta luz, creio que não poderemos 
escapar da conclusão de que o processo é 
totalmente coerente com as premissas da 
ideologia econômica que têm se afirmado 
como a forma dominante de representação 
do mundo ao longo dos últimos 100 anos, 
aproximadamente.
 A globalização não é, portanto, um 
acontecimento acidental ou um excesso 
extravagante, mas uma extensão simples e 
lógica de um "argumento". Parece realmente 
muito difícil conceber um resultado final que 
fizesse mais sentido e fosse mais coerente 
com as bases ideológicas sobre as quais está 
fundado. Em suma, a globalização representa 
a realização acabada e a perfeição do projeto 
de modernidade e de seu paradigma de 
progresso.
G. Muzio. A globalização como o estágio 
de perfeição do paradigma moderno: 
uma estratégia possível para sobreviver à 
coerência do processo.
Trad. Luís Cláudio Amarante. In: Francisco 
de Oliveira e Maria Célia Paoli (Org.).
Os sentidos da democracia. Políticas do 
dissenso e hegemonia global.
2.ª ed. Petrópolis - RJ: Vozes; Brasília: NEDIC, 
1999, p. 138-9 (com adaptações).
05. (CESPE – Adaptada) ## Mantém a 
correção gramatical do texto a seguinte 
reescrita do trecho "e abre o caminho para 
a realização": e deixa aberto o caminho à 
realização.
Resposta: Certo
Comentário: A correção gramatical será 
mantida pois ainda haverá uma preposição 
indicando finalidade (a preposição “a”), 
ocorre que, nesse caso, haverá a necessidade 
de inserir o acento grave. 
-------------------------- ------------------------
 A moralidade pública consiste em uma 
esfera de que todos os seres humanos 
participam, na medida em que cada sistema 
moral, a fim de revelar sua unilateralidade, 
precisa ser confrontado com outros. Segue-
se a necessidade de que todos os seres 
humanos sejam incluídos no seu âmbito. 
Sob esse aspecto, a moral pública é uma 
moral cosmopolita, pois estabelece regras 
de convivência e direitos que asseguram 
que os homens possam ser morais. É nesse 
sentido que os direitos do homem, tais como 
em geral têm sido enunciados a partir do 
século XVIII, estipulam condições mínimas 
do exercício da moralidade. Por certo, cada 
um não deixará de aferrar-se à sua moral; 
deve, entretanto, aprender a conviver com 
outras, reconhecer a unilateralidade de seu 
ponto de vista. E com isso obedece à sua pró-
pria moral de uma maneira especialíssima, 
103
LÍNGUA PORTUGUESA
tomando os impeditivos categóricos dela 
como um momento particular do exercício 
humano de julgar moralmente.
José Arthur Gianotti. Moralidade pública 
e moralidade privada. In: Ética, Adauto 
Novaes (org.). São Paulo: Compa-nhia das 
Letras, Secretaria Municipal de Cultura, 5.ª 
impressão, 1997, p. 244 (com adaptações).
06. (CESPE – Adaptada) ## Caso o sinal 
indicativo de crase nas ocorrências 
"aferrar-se à sua moral" e "obedece à sua 
própria moral" seja retirado, os períodos 
permanecem gramaticalmente corretos, 
uma vez que os verbos "aferrar" e "obedecer" 
apresentam transitividade indireta e o 
elemento que se mantém é a preposição 
necessária à regência.
Resposta: Certo
Comentário: O que justifica essa questão 
é uma regra de crase facultativa. Como 
os pronomes possessivos femininos não 
exigem que se anteponha um artigo, ainda 
permanece correta a sentença sem os 
acentos graves que estavam no período 
original. 
-------------------------- ------------------------
 Em uma iniciativa inédita, dez grandes 
corporações assinaram um compromisso 
com o Fórum Econômico Mundial para 
divulgar regularmente o volume de suas 
emissões de gases poluentes. Com isso, elas 
se antecipam aos governos que ainda estão 
aguardando a entrada em vigor do protocolo 
de Kyoto. Pelo acordo, denominado Registro 
Mundial de Gases que Causam o Efeito 
Estufa, as multinacionais passam a informar 
o seu grau de poluição do meio ambiente, 
atendendo a expectativas de acionistas, que 
cobram mais transparência sobre o tema. 
Juntas, essas empresas são responsáveis 
pela emissão de 800 milhões de toneladas de 
dióxido de carbono por ano, o que representa 
cerca de 5% das emissões mundiais.
O Globo, 23/1/2004, p. 30 (com adaptações).
07. (CESPE – Adaptada) ## Caso se 
optasse por às expectativas em lugar de "a 
expectativas", o período em que se encontra 
essa expressão continuaria atendendo às 
exigências da norma culta escrita.
Resposta: Certo
Comentário: A correção gramatical seria 
mantida, pois o verbo “atender” passaria a 
ter transitividade indireta e, nesse caso, o 
acento grave deveria ser empregado, como 
resultado da soma entre preposição e artigo. 
-------------------------- ------------------------
 Em uma iniciativa inédita, dez grandes 
corporações assinaram um compromisso 
com o Fórum Econômico Mundial para 
divulgar regularmente o volume de suas 
emissões de gases poluentes. Com isso, elas 
se antecipam aos governos que ainda estão 
aguardando a entrada em vigor do protocolo 
de Kyoto. Pelo acordo, denominado Registro 
Mundial de Gases que Causam o Efeito 
Estufa, as multinacionais passam a informar 
o seu grau de poluição do meio ambiente, 
atendendo a expectativas de acionistas, que 
cobram mais transparência sobre o tema. 
Juntas, essas empresas são responsáveis 
pela emissão de 800 milhões de toneladas de 
dióxido de carbono por ano, o que representa 
cerca de 5% das emissões mundiais.
O Globo, 23/1/2004, p. 30 (com adaptações).
08. (CESPE – Adaptada) ## Serão respeitadas 
as regras gramaticais se for utilizado o sinal 
indicativo de crase no "a" que precede 
"informar".
Resposta: Errado.
Comentário: De acordo com a prescrição 
gramatical, não é possível utilizar acento 
grave indicativo de crase antes de formas 
verbais. 
104
LÍNGUA PORTUGUESA
As categorias da ética
 A vida humana se caracteriza por 
ser fundamentalmente ética. Os conceitos 
éticos "bom" e "mau" podem ser predicados 
a todos os atos humanos, e somente a estes. 
Isso não ocorre com os animais brutos. Um 
animal que ataca e come o outro não é 
considerado maldoso, não há violência entre 
eles.
 Mesmo os atos de caráter técnico 
podem ser qualificados eticamente. Esses 
atos sempre servem para a expansão ou 
limitação do ser humano. Sob a perspectiva 
ética, o que importa nas ações técnicas não 
é a sua trama lógica, adequada ou eficiente 
para obter resultados, mas sim a qualificação 
ética desses resultados.
 A eficiência técnica segue regras 
técnicas, relativas aos meios, e não normas 
éticas, relativas aos fins. A energia nuclear 
pode ser empregada para o bem ou para o 
mal. Na verdade, ela é investigada, apurada e 
criada para algum resultado, que lhe confere 
validade. Não vale por si mesma, do ponto 
de vista ético. Pode valer pela sua eventual 
utilidade, como meio; mas o uso de energia 
nuclear, para ser considerado bom ou mau, 
deve referir-se aos fins humanos a que se 
destina.
 Vê-se, pois, que o plano ético permeia 
todas as ações humanas. Isso ocorre porque 
o homem é um ser livre, vocacionado para o 
exercício da liberdade, de modo consciente. 
Sem liberdade não há ética. A liberdade 
supõe a operação sobre alternativas; 
ela se concretiza mediante a escolha, a 
decisão, a consciência do que se faz. Isso 
implica refugir à determinação unilinear 
necessária, à determinação meramente 
causal. É a afirmação da contingência, da 
multiplicidade. Diante da multiplicidade de 
caminhos a nossa disposição, ava-liamos e 
escolhemos.
 Na verdade, somos obrigados a 
escolher. Somos obrigados a exercer 
a liberdade. Assim, a decisão supõe 
a possibilidade e, paradoxalmente, a 
necessidade de estimar as coisas e as ações 
humanas para atenderas nossas demandas; 
supõe a avaliação de múltiplos fatores que 
perfazem uma situação humana complexa. 
Aí, portanto, temos também compreendida 
a esfera do valor. Não há liberdade sem 
valoração. Essa esfera, entretanto, é muito 
ampla, pois envolve não só o mundo da ética, 
mas também o da utilidade, da estética, da 
religião etc.
 Sob o ângulo especificamente ético, 
não haverá escolha, exercício da liberdade, 
definição ética quando não houver avaliação, 
preferência a respeito das ações humanas. 
Eis por que na base da ética, como dissemos, 
encontram-se necessariamente a liberdade 
e a valoração; a ética só se põe no mundo da 
liberdade, da escolha entre ações humanas 
avaliadas.
 A escolha, a decisão, que é 
manifestação de nossa liberdade, só é 
possível tendo por fundamento o mundo 
axiológico, tanto quanto este tem por 
condição de possibilidade a liberdade. Não 
se pode estimar sem alternativas possíveis.
 Na medida em que se escolhe, se 
avalia para obter a consciência do que é 
preferido. Ao escolher um caminho, pondera-
se que, de algum modo ou sob algum prisma, 
é o melhor em relação a outro; o caminho 
escolhido mata outras possibilidades. Na 
escolha não pode haver indiferença. Ela está 
dirigida à ação, à exteriorização, à tomada 
de posição. Isto significa que a escolha, a 
decisão, nos leva à determinação normativa 
ou imperativa de uma via em detrimento de 
outra.
 O mundo oferece resistências e 
determinações necessárias e, por meio 
destas, as ações éticas se realizam 
precisamente enquanto as contrariam. As 
ações éticas brilham justamente quando se 
opõem às tendências "naturais" do homem. 
Assim, a liberdade não só se contrapõe 
105
LÍNGUA PORTUGUESA
à necessidade, como sua negação, mas 
também existe em função desta. Não há 
liberdade sem necessidade. Não há ética 
sem impulsão, sem desejo. A melhor prova 
da liberdade é o esforço de superação da 
necessidade, afirmando-a e negando-a 
dialeticamente, a um só tempo. Então, o 
mundo ético só é possível no meio social, no 
bojo das determinações sociais.
 O fenômeno ético não é um 
acontecimento individual, existente apenas 
no plano da consciência pessoal. Isso porque 
o ente singular do homem só se manifesta, 
como ser autêntico, em suas relações 
universais com a sociedade e com a natureza. 
Esse fenômeno é resultante de relações 
sociais e históricas, compreendendo também 
o mundo das necessidades, da natureza. 
A ética só existe no seio da comunidade 
humana.
 Os homens ou grupos de homens 
que controlam a produção e os meios de 
circulação econômica dos bens possuem 
maior liberdade do que aqueles que não têm 
o poder desse controle. Por aí se vê também 
que a liberdade e a ética não se reduzem 
a fenômenos meramente subjetivos; elas 
têm sempre dimensões sociais, históricas e 
objetivas.
 Há, assim, um grande esforço, um 
esforço ético-político para se obter uma 
distribuição igualitária dos direitos entre os 
homens, quer dentro das comunidades, quer 
entre as comunidades. Na verdade existe 
uma ética sobre a ética, uma metaética. A 
metaética é utópica, crítica, subversiva e 
transcende as condições mais imediatas 
da vida social. No entanto, ela precisa ser 
possível no mundo dos fatos sociais, sob 
pena de se perder como uma utopia de 
meros sonhos.
(Adaptado de ALVES, Alaôr Caffé. In: www.
centrodebate.org)
09. (FGV – Adaptada) ## Dos trechos 
transcritos do texto, assinale aquele em 
que se poderia empregar opcionalmente o 
acento indicativo de crase.
a) Preferência a respeito das ações humanas.
b) Diante da multiplicidade de caminhos a 
nossa disposição.
c) Na verdade, somos obrigados a escolher.
d) Podem ser predicados a todos os atos 
humanos.
e) Não se reduzem a fenômenos meramente 
subjetivos.
Resposta: B
Comentário: Em “A”, não se emprega 
acento grave, pois o termo subsequente 
à preposição é um substantivo masculino. 
Em “B”, o emprego do acento é facultativo, 
pois há um pronome possessivo feminino na 
locução “a nossa disposição”. Em “C”, não 
se emprega o acento grave em razão de o 
termo subsequente à preposição ser um 
verbo. Em “D”, não se emprega o acento 
grave em razão de o termo subsequente à 
preposição ser um pronome indefinido. Em 
“E”, não se emprega o acento grave, pois – 
além de o substantivo ser masculino – está 
no plural e não há anteposição de artigo em 
relação ao substantivo. 
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Desenvolvimento, ambiente e saúde
 No documento Nosso Futuro Comum, 
preparado, em 1987, pela Comissão Mundial 
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento 
das Nações Unidas, ficou estabelecido, 
pela primeira vez, novo enfoque global 
da problemática ecológica, isto é, o das 
inter-relações entre as dimensões físicas, 
econômicas, políticas e socioculturais. 
Desde então, vêm se impondo, entre 
especialistas ou não, a compreensão 
sistêmica do ecossistema hipercomplexo 
em que vivemos e a necessidade de uma 
mudança nos comportamentos predatórios 
106
LÍNGUA PORTUGUESA
e irresponsáveis, individuais e coletivos, a fim 
de permitir um desenvolvimento sustentável, 
capaz de atender às necessidades do 
presente, sem comprometer a vida futura 
sobre a Terra.
 O desenvolvimento, como processo de 
incorporação sistemática de conhecimentos, 
técnicas e recursos na construção do 
crescimento qualitativo e quantitativo 
das sociedades organizadas, tem sido 
reconhecido como ferramenta eficaz para 
a obtenção de uma vida melhor e mais 
duradoura. No entanto, esse desenvolvimento 
pode conspirar contra o objetivo comum, 
quando se baseia em valores, premissas e 
processos que interferem negativamente 
nos ecossistemas e, em consequência, na 
saúde individual e coletiva.
Paulo Marchiori Buss. Ética e ambiente.
In: Desafios éticos, p. 70-1 (com adaptações).
10. (CESPE – Adaptada) ## O emprego do 
sinal indicativo de crase em "às necessidades" 
é obrigatório; a omissão desse sinal 
provocaria erro gramatical por desrespeitar 
as regras de regência estabelecidas pelo 
padrão culto da linguagem.
Resposta: Errado
Comentário: O acento grave não é 
obrigatório, pois o verbo “atender” não 
pode possuir mais de uma regência, o que 
não prejudica a correção gramatical da 
sentença. 
11. (ESAF – Adaptada) ## Assinale a opção 
que preenche corretamente as lacunas.
 Os defensores de sistemas de 
iniciativa privada apontam _1_ ineficiência 
e__2___rigidez geralmente associadas _3_ 
burocracias governamentais (economias 
estatais) e sugerem que _4_ competição, 
longe de ser perdulária, age como um 
incentivo _5_ eficiência e ao espírito 
empreendedor, conduzindo _6_ queda de 
preços e _7_ produtos e serviços de melhor 
qualidade.
(Adaptado de Enciclopédia Compacta de 
Conhecimentos Gerais - Isto É- p.204 e 205)
a) à / a / as / a / à / à / a
b) à / à / às / a / a / a / a
c) a / à / as / à / a / a / à
d) a / a / às / a / à / à / a
d) a / a / as / à / à / à / à
Resposta: D
Comentário: Em “1” e “2”, não há acento 
grave, pois são dois artigos que antecedem 
substantivos e não há emprego de preposição. 
Em “3”, o acento grave se faz necessário 
em razão da combinação da preposição 
proveniente do termo “associadas” com o 
artigo plural que antecede o substantivo 
“burocracias”. Em “4”, não há acento grave, 
porque há apenas o artigo determinando o 
substantivo “competição”. Em “5”, o acento 
deve ser empregado pois há a preposição 
proveniente do substantivo “incentivo” 
associada ao artigo determinando o 
substantivo “eficiência”. Em “6”, o acento 
deve ser empregado em razão de haver uma 
preposição proveniente do verbo “conduzir” 
somada ao artigo definido antecedendo o 
substantivo “queda”. Em “7”, não se emprega 
a preposição, pois há apenas a preposição 
diante de um substantivo masculino. 
12. (ESAF – Adaptada) ## Assinale a opção 
incorreta quanto à presença ou ausência do 
acento grave indicador de crase.
a) Modelo de publicidade da TV aberta terá 
que ser adaptado à era digital.
b) Compras ficarão à mão, bastando um 
clique no controle remoto.c) As emissoras guardam a sete chaves seus 
testes de comerciais interativos, pois à que 
107
LÍNGUA PORTUGUESA
chegar mais perto do que o consumidor 
deseja vai obter mais ganhos com a 
interatividade plena da TV digital.
c) Os primeiros conversores aptos à 
interatividade plena (envio de dados às 
emissoras) devem chegar às lojas neste 
semestre.
d) Como as emissoras vão adaptar a forma 
de fazer propaganda, hoje baseada em 
audiência, a uma nova realidade, que vai 
permitir a interação?
(Com base em "Interatividade com sistema 
digital muda propaganda na TV", FSP, 
6/1/2007, B4.)
Resposta: C
Comentário: O erro está na letra “C”, pois 
– na construção da sentença – o termo 
que ante-cede o pronome “que” é apenas 
um pronome demonstrativo, ou seja, não 
há preposição na sentença. Para confirmar 
esse fato, basta trocar a palavra “a” pelo 
pronome “aquela”. 
13. (ESAF – Adaptada) ## Assinale a opção 
em que o uso do sinal indicativo de crase 
está correto.
a) As propostas de reforma que vêm 
sendo discutidas desde 1997 têm também 
previsto à introdução de um outro imposto, 
de caráter seletivo, sobre certos bens e 
serviços.
b) Várias delas têm incluído, ainda, imposto 
sobre vendas à varejo.
c) À sua função não é tanto complementar 
a capacidade de arrecadação do imposto 
sobre valor adicionado, mas redistribuir 
à competência para tributar o valor 
adicionado dentro da federação.
d) Função semelhante à desempenhada, 
em algumas propostas, pelo IVA dual, que 
envolve a coexistência de dois impostos 
sobre valor adicionado, um federal e outro 
estadual.
e) Muitos passaram a lutar pela possibilidade 
de levar a frente à reforma tributária, nas li-
nhas propostas no final de 1997. É hora de 
vencer o desalento e voltar as negociações.
Resposta: D
Comentário: Precisamos entender, nessa 
questão, o motivo de não haver acento grave 
nas demais alternativas: 
a) Não se emprega o acento grave, pois 
não há necessidade de preposição, tendo 
em vista que o verbo “prever” é transitivo 
direto.
b) No adjunto adverbial “a varejo”, não 
há acento grave em razão de o núcleo do 
adjunto ser um substantivo masculino. 
c) Não há acento grave na construção “A 
sua função”, pois ela desempenha a função 
de sujeito do verbo “ser”. Como não pode 
haver sujeito introduzido por preposição, de 
acordo com os princípios gramaticais, não 
ocorre crase. 
d) Acento empregado corretamente. 
e) Não se emprega acento grave na expressão 
“a reforma tributária”, pois ela de-sempenha 
o papel de objeto direto do verbo “levar”, 
nesse caso, não há exigência de preposição 
e somente o artigo figura no trecho. 
-------------------------- ------------------------
 Os sistemas de inteligência são 
uma realidade concreta na máquina 
governamental contemporânea, necessários 
para a manutenção do poder e da capacidade 
estatal. Entretanto, representam também 
uma fonte permanente de risco. Se, por um 
lado, são úteis para que o Estado compreenda 
seu ambiente e seja capaz de avaliar atuais 
ou potenciais adversários, podem, por outro, 
tornar-se ameaçadores e perigosos para os 
próprios cidadãos se forem pouco regulados 
e controlados.
108
LÍNGUA PORTUGUESA
 Assim, os dilemas inerentes à 
convivência entre democracias e serviços de 
inteligência exigem a criação de mecanismos 
eficientes de vigilância e de avaliação desse 
tipo de atividade pelos cidadãos e(ou) seus 
representantes. Tais dilemas decorrem, por 
exemplo, da tensão entre a necessidade 
de segredo governamental e o princípio do 
acesso público à informação ou, ainda, do fato 
de não se poder reduzir a segurança estatal 
à segurança individual, e vice-versa. Vale 
lembrar que esses dilemas se manifestam, 
com intensidades variadas, também nos 
países mais ricos e democráticos do mundo.
Marco Cepik e Christiano Ambros. Os 
serviços de inteligência no Brasil. In: 
Ciência Hoje, vol. 45, n.º 265, nov./2009. 
Internet: <cienciahoje.uol.com.br> (com 
adaptações).
14. (CESPE – Adaptada) ## O uso do sinal 
indicativo de crase no trecho "os di-lemas 
inerentes à convivência" não é obrigatório.
Resposta: Errado
Comentário: O adjetivo “inerente” exige o 
emprego da preposição “a” para introduzir 
um complemento nominal. Como o 
substantivo “convivência” está determinado 
pelo artigo, o acento grave é obrigatório. 
-------------------------- ------------------------
 A visão do sujeito indivíduo - 
indivisível - pressupõe um caráter singular, 
único, racional e pensante em cada um de 
nós. Mas não há como pensar que existimos 
previamente a nossas relações sociais: nós 
nos fazemos em teias e tensões relacionais 
que conformarão nossas capacidades, de 
acordo com a sociedade em que vivemos. 
A sociologia trabalha com a concepção 
dessa relação entre o que é "meu" e o que 
é "nosso". A pergunta que propõe é: como 
nos fazemos e nos refazemos em nossas 
relações com as instituições e nas relações 
que estabelecemos com os outros? Não 
há, assim, uma visão de homem como 
uma unidade fechada em si mesma, como 
Homo clausus. Estaríamos envolvidos, 
constantemente, em tramas complexas de 
internalização do "exterior" e, também, de 
rejeição ou negociação próprias e singulares 
do "exterior". As experiências que o homem 
vai adquirindo na relação com os outros são 
as que determinarão as suas aptidões, os 
seus gostos, as suas formas de agir.
Flávia Schilling. Perspectivas sociológicas. 
Educação & psicologia. In: Revista Educação, 
vol. 1, p. 47 (com adaptações).
15. (CESPE – Adaptada) ## A inserção do 
sinal indicativo de crase em "existi-mos 
previamente a nossas relações sociais" 
preservaria a correção gramatical e a 
coerência do texto, tornando determinado o 
termo "relações".
Resposta: Errado
Comentário: A sentença ficaria incorreta, 
pois o artigo a ser empregado deve estar 
no plural, a fim de estabelecer uma relação 
de concordância nominal com o núcleo 
da expressão, que é a palavra “relações”. 
Na construção em questão, não houve 
o emprego do artigo, o que inviabiliza a 
presença do acento grave. 
-------------------------- ------------------------
Da impunidade
 O homem ainda não encontrou uma 
forma de organização social que dispense 
regras de conduta, princípios de valor, 
discriminação objetiva de direitos e deveres 
comuns. Todos nós reconhecemos que, em 
qualquer atividade humana, a inexistência 
de parâmetros normativos implica o estado 
de barbárie, no qual prevalece a mais dura 
e irracional das justificativas: a lei do mais 
forte, também conhecida, não por acaso, 
como "a lei da selva". É nessa condição que 
vivem os animais, relacionando-se sob o 
exclusivo impulso dos instintos. Mas o homo 
109
LÍNGUA PORTUGUESA
sapiens afirmou-se como tal exatamente 
quando estabeleceu critérios de controle 
dos impulsos primitivos.
 Variando de cultura para cultura, as 
regras de convívio existem para dar base e 
estabilidade às relações entre os homens. 
Não decorrem, aliás, apenas de iniciativas 
reconhecidas simplesmente como humanas: 
podem apresentar-se como manifestações 
da vontade divina, como valores supremos, 
por vezes apresentados como eternos. Os 
dez mandamentos ditados por Deus a Moisés 
são um exemplo claro de que a religião toma 
para si a tarefa de orientar a conduta humana 
por meio de princípios fundamentais. No 
caso da lei mosaica, um desses princípios 
é o da interdição: "Não matarás", "Não 
cobiçarás a mulher do próximo" etc. Ou 
seja: está suposto nesses mandamentos que 
o ponto de partida para a boa conduta é o 
reconhecimento daquilo que não pode ser 
permitido, daquilo que representa o limite 
de nossa vontade e de nossas ações.
 Nas sociedades modernas, os textos 
constitucionais e os regulamentos de todo 
tipo multiplicam-se e sofisticam-se, mas 
permanece como sustentação delas a 
ideia de que os direitos e os deveres dizem 
respeito a todos e têm por finalidade o bem 
comum. Para garantia do cumprimento dos 
princípios, instituem-se as sanções para 
quem os ignore. A penalidade aplicada 
ao indivíduotransgressor é a garantia da 
validade social da norma transgredida. Por 
isso, a impunidade, uma vez manifesta, 
quebra inteiramente a relação de equilíbrio 
entre direitos e deveres comuns, e passa a 
constituir um exemplo de delito vantajoso: 
aquele em que o sujeito pode tirar proveito 
pessoal de uma regra exatamente por tê-la 
infringido. Abuso de poder, corrupção, tráfico 
de influências, quando não seguidos de 
punição exemplar, tornam-se estímulos para 
uma prática delituosa generalizada. Um dos 
maiores desafios da nossa sociedade é o de 
não permitir a proliferação desses casos. Se 
o ideal da civilização é permitir que todos os 
indivíduos vivam e convivam sob os mesmos 
princípios éticos acordados, a quebra desse 
acordo é a negação mesma desse ideal da 
humanidade.
(Inácio Leal Pontes)
16. (FCC – Adaptada) ## NÃO se justificam 
as ocorrências do sinal de crase em:
a) Não me reporto à impunidade de um caso 
particular, mas àquela que se generaliza 
e dissemina a descrença na justiça dos 
homens.
b) É difícil admitir que vivem à solta tantos 
delinquentes, sobretudo quando se sabe 
que pessoas inocentes são levadas à barra 
dos tribunais.
c) O autor do texto faz menção à uma série 
de princípios de interdição, à qual teria 
proveniência na vontade divina.
d) Assiste-se hoje à multiplicação de casos 
de impunidade, à descabida proliferação de 
maus exemplos de conduta social.
e) Quem dá crédito à ação da justiça não 
pode deixar de trabalhar para que não se 
fur-tem às sanções os mais poderosos.
Resposta: C
Comentário: Não se emprega acento 
grave diante de palavra indefinida, como 
o artigo “uma” é indefinido, o acento foi 
erroneamente empregado. Além disso, não 
há exigência de preposição para anteceder 
o pronome relativo na sentença, portanto, 
não ocorre crase na sentença. 
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Terra, território e diversidade cultural
 O voto do ministro Carlos Ayres 
Britto sobre a reserva Raposa/Serra do Sol 
evidencia a oportunidade de deixarmos 
para trás os resquícios de uma mentalidade 
colonial e termos um avanço histórico, 
110
LÍNGUA PORTUGUESA
rumo a uma política contemporânea que 
contemple o diálogo produtivo entre as 
diversas etnias e culturas que compõem 
um país de dimensões continentais como 
o Brasil. O voto deixa claro, ainda, que o 
respeito ao espírito e à letra da Constituição 
de 1988 é o caminho.
 O relator trouxe à luz o direito 
inalienável e imprescritível dos índios de viver 
nas terras que tradicionalmente ocupam 
e de acordo com suas próprias culturas. 
Trouxe, também, o valor de sua contribuição 
na formação da nacionalidade brasileira.
 O ministro mostrou que a afirmação 
das culturas dos primeiros enriquece a vida de 
todos nós. Basta lembrar o quanto sua relação 
positiva com a natureza tem ajudado na 
existência da floresta e da megadiversidade 
brasileira como um todo. Quem convive com 
eles sabe que os indígenas cooperam com as 
Forças Armadas para proteger a floresta de 
usos ilegais e ajudam no monitoramento das 
fronteiras.
 Dois pontos, entre vários outros 
relevantes abordados pelo voto do ministro, 
merecem destaque por suas implicações 
para a cultura brasileira. Em primeiro lugar, 
a distinção entre terra e território, que 
expressa a maneira sofisticada e inovadora 
por meio da qual a Constituição de 1988 
solucionou juridicamente a relação entre as 
sociedades indígenas e o ambiente em que 
vivem.
 É sabido que a terra não pertence 
aos índios; antes, são eles que pertencem 
à terra. Por isso mesmo, a Carta Magna, 
reconhecendo a anterioridade dessa relação 
ao regime de propriedade, concedeu-lhes o 
usufruto das terras que ocupam, atribuiu o 
pertencimento delas à União e conferiu ao 
Estado o dever de zelar pela sua integridade. 
A Constituição de 1988 selou a convivência 
harmoniosa entre duas culturas, uma que 
reconhece e outra que não reconhece a 
apropriação da terra pelos homens.
 O segundo ponto refere-se à relação 
entre terra e cultura, que concerne 
à continuidade do território ou sua 
fragmentação em ilhas. Quem conhece 
a questão indígena no Brasil sabe que 
o rompimento da integridade territorial 
implica a morte do modo de vida e, portanto, 
da cultura e do modo de ser do índio.
 Se, em séculos passados, acreditou-se 
que os índios eram um arcaísmo, não é mais 
possível nem tolerável sustentar tal ponto de 
vista no século 21. Não só porque no mundo 
todo cresce a convicção da importância 
dos povos tradicionais para o futuro da 
humanidade, precisamente em virtude 
de sua relação específica com a terra e a 
natureza, mas também porque a sociedade 
do conhecimento, acelerada construção, 
não pode prescindir da diversidade cultural 
para seu próprio desenvolvimento.
 Na era da globalização, da 
cibernetização dos conhecimentos, das 
informações e dos saberes, não faz mais 
sentido opor o tradicional ao moderno, 
como se este último fosse melhor e mais 
avançado que o primeiro. Com efeito, 
proliferam na cultura contemporânea, de 
modo cada vez mais intenso, os exemplos 
de processos, procedimentos e produtos que 
recombinam o moderno e o tradicional em 
novas configurações.
 Se a China e a Índia hoje surgem 
no cenário internacional de modo 
surpreendente, é porque sabem articular 
inovadoramente a cultura ocidental moderna 
com seus antiquíssimos modos de pensar e 
agir, demonstrando que o desenvolvimento 
não se dá mais em termos lineares e que 
o futuro não se desenha desprezando e 
recalcando o passado.
 Por isso, o Brasil - cuja singularidade se 
caracteriza tanto por sua megadiversidade 
biológica quanto por sua grande 
sociodiversidade e rica diversidade cultural 
-, precisa urgentemente reavaliar esse 
patrimônio. Temos trabalhado com os 
111
LÍNGUA PORTUGUESA
povos indígenas no Ministério da Cultura e 
promovido a diversidade cultural como valor 
e expressão de uma democracia mais plena, 
em que cenas como a defesa da advogada 
indígena Joênia Batista de Carvalho 
Wapichna se tornem mais que exceções 
históricas.
 A soberania não se constrói com 
fantasmas nem paranoias, mas com a 
atualização de nossas forças e nossos 
potenciais. O ministro Ayres Britto tem razão 
ao sublinhar que não precisamos de outro 
instrumento jurídico além da Constituição 
de 1988.
(Juca Ferreira e Sérgio Mamberti. Folha de 
São Paulo, 9 de setembro de 2008)
17. (FGV – Adaptada) ## "É sabido que a 
terra não pertence aos índios; antes, são 
eles que pertencem à terra."
No período acima, utilizou-se corretamente 
o acento indicativo de crase antes da palavra 
terra. Assinale a alternativa em que isso não 
tenha ocorrido.
a) Voltarei à terra natal.
b) A sonda espacial retornará em breve à 
Terra.
c) Quando chegamos à terra, ainda 
sentíamos em nosso corpo o balanço do 
mar.
d) Eu me referia à terra dos meus 
antepassados.
e) Havendo descuido, a areia será misturada 
à terra.
Resposta: C
Comentário: Quando a palavra “terra” for 
empregada no sentido de “solo”, não será 
empregado o acento grave indicativo de 
crase. É o que ocorre na alternativa “C”. 
18. (FGV – Adaptada) ## Assinale a alternativa 
em que se tenha optado corretamente por 
utilizar ou não o acento grave indicativo de 
crase.
a) Vou à Brasília dos meus sonhos.
b) Nosso expediente é de segunda à sexta.
c) Pretendo viajar a Paraíba.
d) Ele gosta de bife à cavalo.
e) Ele tem dinheiro à valer.
Resposta: A
Comentário: Em “A”, o acento foi 
corretamente empregado, porque o 
topônimo “Brasília” está determinado por 
um artigo definido e porque há a necessidade 
da preposição “a” pela regência do verbo 
“ir”. 
Em “B”, para manter o paralelismo, é preciso 
retirar o acento grave, uma vez que não há 
artigo antes do termo “segunda”. 
Em “C”, deveria haver o acento, pois o 
topônimo “Paraíba” exige a presença do 
artigo definido feminino. 
Em “D”, não há acento grave, pois – na 
locução adverbial em questão – o núcleo é 
masculino. Como não se trata da expressão 
“à moda de”, o acento grave não deve ser 
empregado.Em “E”, não deve haver o acento grave, pois 
não se emprega tal acento diante de verbos. 
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Corrupção, ética e transformação social
 Em toda História do Brasil, talvez 
nunca tenhamos visto um momento em que 
notícias de corrupção tenham sido tão banais 
nos meios de comunicação, e tão discutidas 
por grande parte da população. Em qualquer 
lugar (mesmo que seja um ônibus, por 
exemplo), sempre há alguém falando sobre 
a crise na saúde, a crise na educação e, 
inclusive, a crise ética na política brasileira.
112
LÍNGUA PORTUGUESA
 Contudo, é preciso notar também 
que, muitas vezes, enquanto cidadãos, nós 
mesmos raramente decidimos fazer alguma 
coisa pela transformação da realidade - isso, 
quando fazemos algo. Certo comodismo nos 
toma de assalto e reveste toda a nossa fala 
de uma moral vazia, estéril, que se reduz à 
crítica que não busca alterar a realidade. 
Afinal de contas, em época de eleições, 
como a que estamos prestes a vivenciar, 
nós notamos nas propagandas políticas dos 
partidos a presença dos mesmos políticos e 
das mesmas propostas políticas, as mesmas 
já prometidas nas eleições anteriores, e que 
jamais foram executadas. Logicamente há as 
exceções de certos governantes que fazem 
por onde efetivar suas promessas, mas esses, 
infelizmente, continuam sendo uma minoria 
em todo o Brasil.
 Numa outra perspectiva, é 
interessante perceber também quão 
contraditória consiste ser a distância 
entre o que nós criticamos em nossos 
políticos e as ações que nós reproduzimos 
em nosso cotidiano. De uma forma ou de 
outra, reproduzimos a corrupção que nós 
percebemos na administração pública 
nacional quando empregamos o chamado 
jeitinho brasileiro, em que o peso de um 
sobrenome ou o peso da influência do 
status social passa a ser um dos elementos 
determinantes para a obtenção de certos 
fins. É nesse sentido que podemos apontar 
aqui um grave problema social brasileiro, 
uma das principais bases para se buscar 
o fim da corrupção política no Brasil: a 
existência de uma ética baseada em uma 
falta de ética. Como poderemos superar essa 
incongruência?
 Com certeza, a Educação pode ser a 
saída ideal. Mas tem de ser uma Educação 
voltada para desenvolver nas crianças, 
nos jovens e até mesmo nos universitários 
- independentemente de frequentarem 
instituições públicas ou privadas - uma 
preocupação para com o bem público, isto 
é, para com a sociedade. Uma Educação que 
os leve a superar uma concepção de mundo 
utilitarista, segundo a qual toda sociedade 
humana não passa de um somatório de 
indivíduos e seus interesses pessoais, que 
tão bem se acomoda ao jeitinho brasileiro, 
será o primeiro passo para se desenvolver 
uma sociedade mais justa, uma sociedade 
em que a preocupação com o público, com 
o coletivo, será a forma ideal para buscar 
a felicidade individual, que tanto preocupa 
certos conservadores.
 Para tanto, sabemos que é preciso 
não uma "educação política", mas sim uma 
educação politizada. Uma educação que 
reconheça que a solução para a corrupção 
centra-se em conceber a política não apenas 
como um instrumento para se alcançar 
um determinado fim, consolidando-se, 
portanto, numa mera razão instrumental. 
Uma educação na qual a própria política, a 
partir do momento em que buscar ser de fato 
um meio para se alcançar o bem de todos 
- como ao que se propõe o nosso modelo 
democrático -, vai estruturar uma ética 
que localizará no comodismo e no jeitinho 
brasileiro as raízes de nosso analfabetismo 
político, substituindo-os por outras formas 
de ação social ao longo da construção de 
uma cultura cívica diferente.
(adaptado de MOREIRA, Moisés S. In www.
mundojovem.com.br:)
19. (FGV – Adaptada) ## Ao substituir a 
expressão sublinhada no fragmento "se reduz 
à crítica que não busca alterar a realidade", 
assinale a alternativa em que o acento 
indicativo de crase deve ser empregado.
a) se reduz a mesma crítica.
b) se reduz a certa crítica.
c) se reduz a qualquer crítica.
d) se reduz a alguma crítica.
e) se reduz a toda crítica.
113
LÍNGUA PORTUGUESA
Resposta: A
Comentário: O acento deve ser empregado 
em “A”, porque antes do substantivo “crítica” 
há um pronome demonstrativo “mesma” – o 
que permite o emprego do acento. Em todos 
os outros casos, há pronomes indefinidos, o 
que inviabiliza a inserção do acento grave. 
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O jeitinho brasileiro e o homem cordial
 O jeitinho caracteriza-se como 
ferramenta típica de indivíduos de pouca 
influência social. Em nada se relaciona com 
um sentimento revolucionário, pois aqui não 
há o ânimo de se mudar o status quo. O que 
se busca é obter um rápido favor para si, às 
escondidas e sem chamar a atenção; por isso, 
o jeitinho pode ser também definido como 
"molejo", "jogo de cintura", habilidade de se 
"dar bem" em uma situação "apertada".
 Sérgio Buarque de Holanda, em O 
Homem Cordial, fala sobre o brasileiro e 
uma característica presente no seu modo 
de ser: a cordialidade. Porém, cordial, ao 
contrário do que muitas pessoas pensam, 
vem da palavra latina cor, cordis, que 
significa coração. Portanto, o homem cordial 
não é uma pessoa gentil, mas aquele que 
age movido pela emoção no lugar da razão, 
não vê distinção entre o privado e o público, 
detesta formalidades, põe de lado a ética e 
a civilidade.
 Em termos antropológicos, o jeitinho 
pode ser atribuído a um suposto caráter 
emocional do brasileiro, descrito como "o 
homem cordial" pelo antropólogo. No livro 
Raízes do Brasil, esse autor afirma que o 
indivíduo brasileiro teria desenvolvido uma 
histórica propensão à informalidade. Deve-
se isso ao fato de as instituições brasileiras 
terem sido concebidas de forma coercitiva 
e unilateral, não havendo diálogo entre 
governantes e governados, mas apenas 
a imposição de uma lei e de uma ordem 
consideradas artificiais, quando não 
inconvenientes aos interesses das elites 
políticas e econômicas de então. Daí a 
grande tendência fratricida observada na 
época do Brasil Império, que é bem ilustrada 
pelos episódios conhecidos como Guerra dos 
Farrapos e Confederação do Equador.
 Na vida cotidiana, tornava-se comum 
ignorar as leis em favor das amizades. 
Desmoralizadas, incapazes de se impor, 
as leis não tinham tanto valor quanto, por 
exemplo, a palavra de um "bom" amigo. Além 
disso, o fato de afastar as leis e seus castigos 
típicos era uma prova de boa-vontade e um 
gesto de confiança, o que favorecia boas 
relações de comércio e tráfico de influência. 
 De acordo com testemunhos de 
comerciantes holandeses, era impossível 
fazer negócio com um brasileiro antes de 
fazer amizade com ele. Um adágio da época 
dizia que "aos inimigos, as leis; aos amigos, 
tudo". A informalidade era - e ainda é - uma 
forma de se preservar o indivíduo.
 Sérgio Buarque avisa, no entanto, que 
esta "cordialidade" não deve ser entendida 
como caráter pacífico. O brasileiro é capaz de 
guerrear e até mesmo destruir; no entanto, 
suas razões animosas serão sempre cordiais, 
ou seja, emocionais.
(In: www.wikipedia.org - com adaptações.)
20. (FGV – Adaptada) Assinale a alternativa 
que completa corretamente as lacunas do 
fragmento a seguir:
O texto refere-se ______ teses antropológicas, 
cujos temas interessam ______ todos que se 
dispuserem ______ investigar a história do 
jeitinho brasileiro.
a) as - à - à.
b) às - a - à.
c) às - a - a.
d) as - à - a.
e) às - à - a.
114
LÍNGUA PORTUGUESA
Resposta: C
Comentário: Na primeira lacuna, deve haver 
a expressão “às” em razão da regência do 
verbo e da presença do artigo definido 
feminino. Não há acento grave para o item da 
segunda lacuna, pois o termo subsequente 
é um pronome indefinido. Não há acento 
grave no item da terceira lacuna, pois o 
termo subsequente é um verbo. 
-------------------------- ------------------------
 A preocupação com a herança que 
deixaremos as (1) gerações futuras está cada 
vez mais em voga. Ao longo da nossahistória, 
crescemos em número e modificamos 
quase todo o planeta. Graças aos avanços 
científicos, tomamos consciência de que 
nossa sobrevivência na Terra está fortemente 
ligada a(2) sobrevivência das outras 
espécies e que nossos atos, relacionados 
a(3) alterações no planeta, podem colocar 
em risco nossa própria sobrevivência. 
Contudo, aliado ao desenvolvimento 
científico, temos o crescimento econômico 
que nem sempre esteve preocupado com 
questões ambientais. O que se almeja é o 
desenvolvimento sustentável, que é aquele 
viável economicamente, justo socialmente 
e correto ambientalmente, levando 
em consideração não só as(4) nossas 
necessidades atuais, mas também as(5) das 
gerações futuras, tanto nas comunidades 
em que vivemos quanto no planeta como 
um todo.
(Adaptado de A. P. FOLTZ, A Crise Ambiental 
e o Desenvolvimento Sustentável: o 
crescimento econômico e o meio ambiente. 
Disponível em http://www.iuspedia.com.
br.22 jan. 2008)
21. (ESAF – Adaptada)## Para que o texto 
acima respeite as regras gramaticais do 
padrão culto da Língua Portuguesa, é 
obrigatória a inserção do sinal indicativo de 
crase em
a) 1, 2 e 3
b) 1 e 2
c) 1, 3 e 5
d) 2 e 4
e) 3, 4 e 5
Resposta: B
Comentário: Em “1”, o verbo “deixar” (na 
acepção de legar) é bitransitivo e, na frase em 
que aparece, o objeto indireto é a expressão 
“às gerações futuras”, por isso necessita de 
acento grave. Em “2”, a regência nominal 
exige que se coloque a preposição “a” 
para introduzir o complemento do termo 
“ligada”. Como o termo subsequente é um 
substantivo feminino, deve-se empregar o 
acento grave indicativo de crase. 
-------------------------- ------------------------
A propósito de uma aranha
 Fiquei observando a aranha que 
construía sua teia, com os fios que saem 
dela como um fruto que brota e se alonga 
de sua casca. A aranha quer viver, e trabalha 
nessa armadilha caprichosa e artística que 
surpreenderá os insetos e os enredará para 
morrer. Tua morte, minha vida - diz uma frase 
antiga, resumindo a lei primeira da natureza. 
A frase pode soar amarga em nossos ouvidos 
delicados, enquanto comemos nosso 
franguinho. Sua morte, vida nossa.
 Os vegetarianos não fiquem aliviados, 
achando que, além de terem hábitos mais 
saudáveis, não dependem da morte alheia 
para viver. É verdade que a alface, a cenoura, 
a batata, o arroz, o espinafre, a banana, 
a laranja não costumam gritar quando 
arrancados da terra, decepados do caule, 
cortados e processados na cozinha. Mas por 
que não imaginar que estavam muito bem 
em suas raízes, e se deleitavam com o calor 
do sol, com a água refrescante da chuva, 
com os sopros do vento? Sua morte, vida 
nossa.
115
LÍNGUA PORTUGUESA
 Mas voltemos à aranha. Ela não 
aprendeu arquitetura ou geometria, nada 
sabe sobre paralelas e losangos; vive da 
ciência aplicada e laboriosa dos fios quase 
invisíveis que não perdoam o incauto. Uma 
vez preso na teia, o inseto que há pouco 
voava debate-se inutilmente, enquanto a 
aranha caminha com leveza em sua direção, 
percorrendo resoluta o labirinto de malhas 
familiares. Se alguém salvar esse inseto, 
num gesto de misericórdia, e se dispuser 
a salvar todos os outros que caírem na 
armadilha, a aranha morrerá de fome. Em 
outras palavras: a boa alma tomará partido 
entre duas mortes.
 A cada pequena cena, a natureza nos 
fala de sua primeira lei: a lei da necessidade. 
O engenho da aranha, a eficácia da teia, o 
voo do inseto desprevenido compõem uma 
trama de vida e morte, da qual igualmente 
participamos todos nós, os bichos pensantes. 
Que necessidade tem alguém de ser cronista? 
- podem vocês me perguntar. O que leva 
alguém a escrever sobre teias e aranhas? 
Minha resposta é crua como a natureza: 
os cronistas também comem. E como não 
sabem fazer teias, tecem palavras, e acabam 
atendendo a necessidade de quem gosta de 
ler. A pequena aranha, com sua pequena teia, 
leva a gente a pensar na vida, no trabalho, 
na morte. A natureza está a todo momento 
explicando suas verdades para nós. Se eu 
soubesse a origem e o fim dessas verdades 
todas, acredite, leitor, esta crônica teria um 
melhor arremate.
(Virgílio Covarim)
22. (FCC – Adaptada) ## Justifica-se o uso 
do sinal de crase apenas em:
a) As aranhas tecem à toda hora, seja para 
construir, seja para reforçar a teia.
b) Os vegetais também ficam à desfrutar o 
sol, a chuva, o vento.
c) A aranha assiste pacientemente à luta do 
inseto para livrar-se da teia.
d) A conclusão à que aspira o cronista seria 
a explicação da vida e da morte.
e) Os vegetarianos levam à sério a ideia de 
que não matam nada para comer.
Resposta: C
Comentário: Como o verbo “assistir” (na 
acepção de “ver”) é transitivo indireto, seu 
complemento deve ser preposicionado. 
Além disso, o núcleo do complemento é 
um substantivo determinado por um artigo 
definido feminino.
As razões para não haver acento grave nos 
demais itens são:
a) Não se emprega acento grave diante de 
pronome indefinido. 
b) Não se emprega acento grave diante de 
verbos.
c) Item correto.
d) Não há artigo feminino diante do pronome 
relativo.
e) Não se emprega acento grave diante de 
substantivo masculino.
23. (ESAF – Adaptada) ## Assinale a 
opção que preenche as lacunas de forma 
gramaticalmente correta.
 No que diz respeito ____ taxa de 
inflação, ainda que os resultados estejam 
longe da meta (mais de 7% ante ____ meta 
de 4%), é preciso reconhecer que diante dos 
acontecimentos de 2001 não se trata de 
um mau resultado. Todos sabemos que os 
"choques de oferta" não se prestam ____ ser 
controlados facilmente pela manipulação da 
taxa de juros e que frequentemente, quando 
ocorre um choque é melhor encontrar um 
caminho mais longo para retornar ____ meta 
do que forçar uma volta rápida com maiores 
custos em matéria de crescimento.
(Antonio Delfim Netto)
a) à - a - a - à
b) a - à - à - a
116
LÍNGUA PORTUGUESA
c) à - a - à - a
d) a - a - a - a
e) a - a - à – a
Resposta: A
Comentário: A justificativa para o acento 
grave (ou não) dos itens é a seguinte:
1 – Exigência da preposição “a” somada ao 
artigo que determina o substantivo “taxa”.
2 – Não se emprega o acento porque já há 
uma preposição na expressão (ante).
3 – Não se emprega acento grave diante de 
verbos.
4 - Exigência da preposição “a” somada ao 
artigo que determina o substantivo “meta”.
-------------------------- ------------------------
 Os anos noventa presenciaram uma 
radical transformação do pensamento 
diplomático brasileiro aplicado às relações 
econômicas internacionais do Brasil. 
Essa mudança não produziu, todavia, um 
consenso linear ao longo da década. Alguns 
traços caracterizam o novo período em seu 
conjunto, mas a evolução não se fez sem 
repercussões sobre a sociedade e sem que 
suas forças acabassem por reagir. Três tempos 
curtos marcam o período. Durante o governo 
de Fernando Collor de Mello, entre 1990 e 
1992, procedeu-se à demolição instantânea 
dos conceitos que haviam alimentado 
durante décadas os impulsos da diplomacia: 
o nacional-desenvolvimentismo e sua carga 
política e ideológica cederam à vontade de 
abrir a economia e o mercado, de forma 
irracional e reativa, à onda de globalização 
e de neoliberalismo que penetrava o país 
vinda de fora. Ao substituí-lo na presidência, 
Itamar Franco recuou momentaneamente 
aos parâmetros anteriores do Estado 
desenvolvimentista, sem, contudo, bloquear 
a consciência da necessidade de se prosseguir 
com as adaptações aos novos tempos. A 
ascensão à Presidência da República de 
Fernando Henrique Cardoso, em 1995, levou 
à reposição das disposições ideológicas e 
políticas do governo de Fernando Collor, vale 
dizer, ao desprezo pelo projeto nacional de 
desenvolvimento e à resignação diante da 
nova divisão do trabalho inerente à forma 
globalizante do capitalismo, mas seu estilo 
de diplomacia democrática deu alento a 
pressões que vinham de segmentos sociais e 
que acabaram por condicionar o pensamento 
e o processo decisório.
Amado LuizCervo. Internet: <www.martin-
keil.net> (com adaptações).
24. (CESPE – Adaptada) ## O emprego do 
sinal indicativo de crase em "à onda" justifica-
se pela regência de "abrir" e pela presença 
de artigo definido feminino singular.
Resposta: Certo
Comentário: Na acepção empregada, há 
dois complementos de naturezas distintas 
para o verbo “abrir”. Nesse caso, o objeto 
direto é “a economia e o mercado” e o 
objeto indireto (introduzido pela preposição) 
é a expressão “à” onda. Logo, a redação do 
item traz correta justificativa. 
 
 
 ONU pede ampliação de programas 
sociais do Brasil
 SÃO PAULO – Os programas 
adotados no governo federal ainda não 
são suficientes para lidar com problemas 
de desigualdade, reforma agrária, moradia, 
educação e trabalho escravo, informou 
ontem a Organização das Nações Unidas 
(ONU). Comitê da entidade pelos direitos 
econômicos e sociais pede uma revisão 
do Bolsa-Família, uma maior eficiência 
do programa e sua “universalização”. Por 
fim, constata: a cultura da violência e da 
impunidade reina no País.
PONTUAÇÃO
117
LÍNGUA PORTUGUESA
 A ONU sugere que o Brasil amplie o 
Bolsa-Família para camadas da população 
que não recebem os benefícios, incluindo 
os indígenas. E cobra a “revisão” dos 
mecanismos de acompanhamento do 
programa para garantir acesso de todas as 
famílias pobres, aumentando ainda a renda 
distribuída.
 Há duas semanas, o comitê sabatinou 
membros do governo em Genebra, na Suíça. O 
documento com as sugestões é resultado da 
avaliação dos peritos do comitê que inclui o 
exame de dados passados pelo governo e por 
cinco relatórios alternativos apresentados 
por organizações não-governamentais 
(ONGs).
 Os peritos reconhecem os avanços 
no combate à pobreza, mas insistem que a 
injustiça social prevalece.
 Um dos pontos considerados como 
críticos é a diferença de expectativa de 
vida e de pobreza entre brancos e negros. 
A sugestão da ONU é que o governo tome 
medidas “mais focadas”. Na visão do órgão, 
a exclusão é decorrente da alta proporção de 
pessoas sem qualquer forma de segurança 
social, muitos por estarem no setor informal 
da economia.
(w w w.estadao.com.br/nacional /not_
nac377078,0.htm. 26.05.2009. Adaptado)
01. (VUNESP – Adaptada) Eliminando-
se o sinal de dois-pontos do trecho – Por 
fim, constata: a cultura da violência e da 
impunidade reina no País. – obtém-se:
a) Por fim, constata de que a cultura da 
violência e da impunidade reina no País.
b) Por fim, constata que a cultura da 
violência e da impunidade reina no País.
c) Por fim, constata em que a cultura da 
violência e da impunidade reina no País.
d) Por fim, constata a que a cultura da 
violência e da impunidade reina no País.
e) Por fim, constata para que a cultura da 
violência e da impunidade reina no País.
Resposta: B
Comentário: Ao eliminar o sinal de dois-
pontos da sentença, é preciso reconhecer 
que a função exercida pelo termo introduzido 
pela palavra “que” é de objeto direto. Essa 
é a razão pela qual todas as ocorrências das 
preposições, sucedendo a palavra “que”, 
estão incorretas.
02. (IESES – Adaptada) Sobre pontuação, 
assinale a única alternativa INCORRETA de 
acordo com a norma padrão:
a) Materiais escritos, vídeos, mapas mentais 
tudo pode ser utilizado para aprender.
b) Eu não trouxe o livro; nem ela, o caderno.
c) Os novos produtos foram cotados, e o 
catálogo já está disponível.
d) As alterações, hoje, já não são mais tão 
visíveis.
Resposta: A
Comentário: Na alternativa “a” falta uma 
vírgula para isolar o terceiro núcleo do sujeito 
composto – a expressão “mapas mentais”. 
A vírgula da alternativa “b” foi empregada 
para omitir o verbo da segunda oração. A 
vírgula da alternativa “c” foi empregada 
porque o sujeito das duas orações é distinto. 
A vírgula da alternativa “d” foi empregada 
para isolar um adjunto adverbia intercalado 
na sentença.
03. (ESAF –Adaptada) Em relação ao texto, 
assinale a opção incorreta a respeito dos 
sinais de pontuação.
 O governo, de janeiro a maio deste 
ano, arrecadou R$ 937 milhões adicionais 
por meio do Programa de Integração Social - 
PIS. Em dezembro do ano passado, a alíquota 
da contribuição subiu de 0,65% para 1,65%. 
O aumento foi concedido para compensar 
118
LÍNGUA PORTUGUESA
possíveis perdas de arrecadação com o fim da 
cumulatividade - incidência da contribuição 
em todas as etapas da fabricação do mesmo 
produto -, que foi aprovado no final do ano 
passado.
(Sílvia Mugnatto, Folha de S.Paulo, 
01/09/2003)
a) As vírgulas da linha 1 se justificam por 
isolar um complemento circunstancial 
intercalado entre o sujeito e o predicado do 
período.
b) Eliminando-se o travessão, “PIS” poderia 
estar entre parênteses, sem prejuízo 
gramatical para o período.
c) Se a expressão “Em dezembro do ano 
passado” estivesse no final do período 
(com minúscula) não haveria exigência de 
isolá-la antecedendo-a com uma vírgula.
d) Os travessões da linha 3 poderiam ser 
substituídos por parênteses e o período se 
manteria gramaticalmente correto.
e) A vírgula após o travessão da linha 
3 justifica-se para isolar a subsequente 
oração de caráter restritivo.
Resposta: E
Comentário: A vírgula não possui função 
restritiva e, na oração em que aparece, 
introduz sentença de caráter explicativo, haja 
vista tratar-se de uma oração subordinada 
adjetiva restritiva.
-------------------------- ------------------------
Estava no Brasil
 A cooperação foi similar à da Operação 
Condor, só que estritamente dentro da lei e 
a favor da democracia.
No último fim de semana, a Polícia Federal 
deteve em Foz do Iguaçu, no Paraná, o 
general paraguaio Lino Oviedo, havia meses 
foragido, e cuja prisão preventiva com fins de 
extradição tinha sido pedida pelo Paraguai. 
No apartamento no qual se escondia, foram 
encontrados um revólver calibre 38, dez 
telefones celulares e uma peruca. Oviedo, 
que já comandou uma tentativa de golpe 
em 1996, é acusado de tramar o assassinato 
do vice presidente de seu país, Luis María 
Argaña, no ano passado.
 Preso, ele poderá ser extraditado para 
o Paraguai, onde goza de grande simpatia 
popular e nenhuma do governo. Com sua 
fama de golpista, Oviedo é o principal 
suspeito de ter planejado a última quartelada 
para derrubar o governo do presidente Luis 
González Macchi, há um mês. É um abacaxi 
para os paraguaios. Se livre e clandestino, 
é um incômodo para o governo; dentro de 
uma prisão no Paraguai,
 Oviedo é um perigo ainda maior, 
pois estará mais próximo e à vista de seus 
seguidores. O governo brasileiro não podia 
deixar de prender o general paraguaio. Um 
dos compromissos dos países-membros 
do MERCOSUL é a adesão ao regime 
democrático. Dar cobertura a golpistas, 
como Oviedo, não é um alento à democracia. 
O destino do general no Brasil está nas mãos 
do Supremo Tribunal Federal, responsável 
por julgar o pedido de extradição.
Veja, 21/6/2000 (com adaptações).
04. (CESPE –Adaptada) Se uma vírgula 
fosse inserida imediatamente após 
“apartamento”, as relações semânticas 
e sintáticas do período do texto seriam 
mantidas inalteradas.
Gabarito: Errado.
Comentário: Haveria sensível alteração 
na semântica e na sintaxe da passagem 
do texto, pois o pronome relativo após 
a palavra “apartamento” introduz uma 
oração subordinada adjetiva restritiva que, 
com uma vírgula, passaria a ser explicativa.
119
LÍNGUA PORTUGUESA
 O respeito às diferentes manifestações 
culturais é fundamental, ainda mais em um 
país como o Brasil, que apresenta tradições 
e costumes muito variados em todo o seu 
território. Essa diversidade é valorizada 
e preservada por ações da Secretaria da 
Identidade e da Diversidade Cultural (SID), 
criada em 2003 e ligada ao Ministério da 
Cultura.
Cidadãos de áreas rurais que estejam 
ligados a atividades culturais e estudantes 
universitários de todas as regiões do Brasil, 
por exemplo, são beneficiados por um 
dos projetos da SID: as Redes Culturais. 
Essas redes abrangem associações e 
grupos culturais para divulgar e preservar 
suasmanifestações de cunho artístico. O 
projeto é guiado por parcerias entre órgãos 
representativos do Estado brasileiro e as 
entidades culturais.
 A Rede Cultural da Terra realiza 
oficinas de capacitação, cultura digital 
e atividades ligadas às artes plásticas, 
cênicas e visuais, à literatura, à música e ao 
artesanato. Além disso, mapeia a memória 
cultural dos trabalhadores do campo. A Rede 
Cultural dos Estudantes promove eventos 
e mostras culturais e artísticas e apoia a 
criação de Centros Universitários de Cultura 
e Arte.
 Culturas populares e indígenas são 
outro foco de atenção das políticas de 
diversidade, havendo editais públicos de 
premiação de atividades realizadas ou em 
andamento, o que democratiza o acesso a 
recursos públicos.
 O papel da cultura na humanização do 
tratamento psiquiátrico no Brasil é discutido 
em seminários da SID. Além disso, iniciativas 
artísticas inovadoras nesse segmento são 
premiadas com recursos do Edital Loucos 
pela Diversidade. Tais ações contribuem para 
a inclusão e socializam o direito à criação e à 
produção cultural.
 
A participação de toda a sociedade civil 
na discussão de qualquer política cultural 
se dá em reuniões da SID com grupos de 
trabalho e em seminários, oficinas e fóruns, 
nos quais são apresentadas as demandas da 
população. Com base nesses encontros é 
que podem ser planejadas e desenvolvidas 
ações que permitam o acesso dos cidadãos à 
cultura e a promoção de suas manifestações, 
independentemente de cor, sexo, idade, 
etnia e orientação sexual.
Identidade e diversidade. Internet: <www.
brasil.gov.br/sobre/cultura/> (com 
adaptações).
05. (CESPE –Adaptada) A retirada da vírgula 
após “Brasil” manteria a correção gramatical 
e os sentidos do texto, visto que, nesse 
caso, o emprego desse sinal de pontuação é 
facultativo.
Gabarito: Errado.
Comentário: O emprego da vírgula não 
é facultativo, pois encerra uma oração 
subordinada adjetiva explicativa. Sua 
retirada alteraria os sentidos do texto, 
apesar de manter a correção gramatical. A 
sentença passaria a ser de caráter restritivo.
06. (ESAF –Adaptada) Assinale a opção que 
justifica corretamente o emprego de vírgulas 
no trecho abaixo.
 É neste admirável e desconcertante 
mundo novo que se encontram os desafios 
da modernidade, a mudança de paradigmas 
culturais, a substituição de atividades 
profissionais, as transformações em diversas 
áreas do conhecimento e os contrastes cada 
vez mais acentuados entre as gerações de 
seres humanos.
(Adaptado de Zero Hora (RS), 31/12/2013)
120
LÍNGUA PORTUGUESA
As vírgulas
a) isolam elementos de mesma função 
sintática componentes de uma enumeração.
b) separam termos que funcionam como 
apostos.
c) isolam adjuntos adverbiais deslocados de 
sua posição tradicional.
d) separam orações coordenadas 
assindéticas.
e) isolam orações intercaladas na oração 
principal.
Resposta: A
Comentário: As vírgulas separam os diversos 
núcleos do sujeito paciente composto do 
verbo “encontrar”. Como são elementos 
coordenados em uma enumeração, as 
vírgulas são obrigatórias.
-------------------------- ------------------------
 No Brasil, duas grandes concepções 
de segurança pública opõem-se desde a 
reabertura democrática até o presente: uma 
centrada na ideia de combate, outra, na de 
prestação de serviço público.
 A primeira concebe a missão 
institucional das polícias em termos bélicos, 
atribuindo-lhes o papel de combater os 
criminosos, que são convertidos em inimigos 
internos. A política de segurança é, então, 
formulada como estratégia de guerra, e, na 
guerra, medidas excepcionais se justificam. 
Instaura-se, adotando-se essa concepção, 
uma política de segurança de emergência e 
um direito penal do inimigo.
 Esse modelo é reminiscente do regime 
militar e, há décadas, tem sido naturalizado, 
não obstante sua incompatibilidade com a 
ordem constitucional brasileira. Nesses anos, 
o inimigo interno anterior — o comunista 
— foi substituído pelo traficante, como 
elemento de justificação do recrudescimento 
das estratégias bélicas de controle social.
 A segunda concepção está centrada 
na ideia de que a segurança é um serviço 
público a ser prestado pelo Estado e cujo 
destinatário é o cidadão. Não há, nesse caso, 
mais inimigo a combater, mas cidadão para 
servir. A polícia democrática não discrimina, 
não faz distinções arbitrárias: trata os 
barracos nas favelas como domicílios 
invioláveis, respeita os direitos individuais, 
independentemente de classe, etnia e 
orientação sexual, não só se atendo aos 
limites inerentes ao estado democrático de 
direito, mas entendendo que seu principal 
papel é promovê-lo. A concepção democrática 
estimula a participação popular na gestão 
da segurança pública, valoriza arranjos 
participativos e incrementa a transparência 
das instituições policiais. O combate militar 
é, então, substituído pela prevenção, pela 
integração com políticas sociais, por medidas 
administrativas de redução dos riscos e pela 
ênfase na investigação criminal. A decisão de 
usar a força passa por considerar não apenas 
os objetivos específicos a serem alcançados 
pelas ações policiais, mas também, e 
fundamentalmente, a segurança e o bem-
estar da população envolvida.
Cláudio Pereira de Souza Neto. A segurança 
pública na Constituição Federal de 
1988: conceituação constitucionalmente 
adequada, competências federativas e 
órgãos de execução das políticas. Internet: 
<www.oab.org.br> (com adaptações).
07. (CESPE –Adaptada) O emprego da vírgula 
logo após “criminosos” justifica-se por isolar 
oração de caráter explicativo.
Gabarito: Certo.
Comentário: Para concluir o que se afirma 
na questão, basta reconhecer a presença 
do pronome relativo (antecedido de vírgula) 
e do verbo, o que compõe uma oração 
subordinada adjetiva explicativa. A oração 
em questão apresenta uma consideração a 
respeito da palavra “criminosos”.
121
LÍNGUA PORTUGUESA
08. (CONSULPAM – Adaptada) Assinale o 
item com pontuação CORRETA.
a) Para cozinhar batatas, lave-as muito 
bem, faça alguns furinhos, leve, ao micro-
ondas por dois minutos, vire-as para outro 
lado e deixe por mais dois minutos.
b) Para caramelizar o açúcar, numa jarra 
refratária, coloque, 200 g de açúcar e 
adicione 3 colheres de sopa de água. Deixe, 
de cinco a sete minutos em potência alta 
(100%) sem mexer, até que doure.
c) Aqueça sua bolsa de água quente ou 
seu pacote de gel para dor de cabeça no 
micro- ondas, contanto que não haja metal 
na embalagem.
d) Ficarão, crocantes e deliciosos, os seus 
amendoins, no forno micro-ondas, em dois 
ou três minutos, em potência máxima. 
Retire, dê uma mexidinha, coloque mais 1 
minuto e meio, mexa, e faça de novo até 
torrar.
Resposta: C
Comentário: Em “a” a vírgula após o verbo 
“levar” é dispensável. Em “b” a vírgula 
após o verbo “colocar” deve ser retirada – 
pois separa o verbo de seu complemento 
-, além disso, uma vírgula deve ser inserida 
após o termo “minutos”, a fim de isolar 
adjunto adverbial de corpo extenso. Em “c” 
não há erros de pontuação, pois a vírgula 
enfatiza uma oração subordinada adverbial 
condicional. Em “d” as vírgulas que isolam 
o predicativo do sujeito não devem ser 
empregadas, pois a posição desse termo 
está na ordem direta da sentença.
-------------------------- ------------------------
Entenda para que serve mandar um jipe-
robô para Marte 
 Quem diria? A velha e dilapidada 
NASA, que nem possui mais meios próprios 
de mandar pessoas para o espaço, acaba de 
mostrar que ainda tem espírito épico.
 A prova é o pouso perfeito do jipe-
robô Curiosity em uma cratera de Marte 
recentemente. A saga de verdade começa 
agora, contudo. O Curiosity é, disparado, o 
artefato mais complexo que terráqueos já 
conseguiram botar no chão de outro planeta. 
Com dezessete câmeras, é a primeira sonda 
interplanetária capaz de fazer imagens 
em alta definição. Pode percorrer até dois 
quilômetros por dia.
 Trata-se de um laboratório sobre 
rodas, equipado, entre outras coisas, com 
canhãolaser para pulverizar pedaços de 
rocha e sistemas que medem parâmetros do 
clima marciano, como velocidade do vento, 
temperatura e umidade... A lista é grande. 
Tudo para tentar determinar se, afinal de 
contas, Marte já foi hospitaleiro para formas 
de vida – ou quem sabe até ainda o seja.
 Hoje se sabe que o subsolo marciano, 
em especial nas calotas polares, abriga 
enorme quantidade de água congelada. E 
há pistas de que água salgada pode escorrer 
pela superfície do planeta durante o verão 
marciano, quando, em certos lugares, a 
temperatura fica entre –25 ºC e 25ºC.
 Mesmo na melhor das hipóteses, são 
condições não muito amigáveis para a vida 
como a conhecemos. Mas os cientistas têm 
dois motivos para não serem tão pessimistas, 
ambos baseados no que se conhece a 
respeito dos seres vivos na própria Terra.
 O primeiro é que a vida parece ser 
um fenômeno tão teimoso, ao menos na 
sua forma microscópica, que aguenta todo 
tipo de ambiente inóspito, das pressões 
esmagadoras do leito marinho ao calor e às 
substâncias tóxicas dos gêiseres.
 Além disso, se o nosso planeta for 
um exemplo representativo da evolução da 
vida Cosmos afora, isso significa que a vida 
aparece relativamente rápido quando um 
planeta se forma — no caso da Terra, mais 
ou menos meio bilhão de anos depois que 
ela surgiu (hoje o planeta tem 4,5 bilhões de 
anos).
122
LÍNGUA PORTUGUESA
 Ou seja, teria havido tempo, na fase 
“molhada” do passado de Marte, para que 
ao menos alguns micróbios aparecessem 
antes de serem destruídos pela deterioração 
do ambiente marciano. Será que algum deles 
não deu um jeito de se esconder no subsolo 
e ainda está lá, segurando as pontas?
Reinaldo José Lopes. In: Revista Serafina, 
26/8/2012. Internet: <folha.com> (com 
adaptações).
09. (CESPE –Adaptada) Nos trechos “Além 
disso, se o nosso planeta for um exemplo 
representativo da evolução da vida Cosmos 
afora, isso significa que (...)” e “teria havido 
tempo, na fase ‘molhada’ do passado de 
Marte, para que ao menos alguns micróbios 
aparecessem”, as vírgulas são empregadas 
pelo mesmo motivo: isolar termos com a 
mesma função gramatical.
Gabarito: Errado.
Comentário: A primeira sentença (se o 
nosso planeta...) é uma oração subordinada 
adverbial condicional, que se encontra 
intercalada no período em que aparece. A 
segunda (na fase ‘molhada’...) é um adjunto 
adverbial de tempo. Logo, entende-se 
que não desempenham a mesma função 
sintática.
10. (VUNESP – Adaptada) Assinale a 
alternativa em que a frase do texto 
permanece correta, de acordo com a 
norma-padrão da língua portuguesa, após o 
acréscimo das vírgulas.
a) As empresas de telecomunicações 
que fornecem acesso, poderão continuar 
vendendo, velocidades diferentes.
b) Mas terão de oferecer, a conexão 
contratada independentemente do 
conteúdo acessado pelo internauta e não 
poderão vender pacotes restritos.
c) O Marco Civil garante, a inviolabilidade e 
o sigilo, das comunicações.
d) O conteúdo poderá ser acessado apenas, 
mediante, ordem judicial.
e) Ressalte-se, ainda, que a exclusão de 
conteúdo só poderá ser ordenada pela 
Justiça.
Resposta: E
Comentário: Em “a”, a vírgula separou 
sujeito e verbo. Em “b”, a vírgula separa 
o verbo “oferecer” de seu complemento. 
Em “c” a vírgula separa o verbo “garantir” 
do seu objeto. Em “d” a vírgula está 
intercalando uma preposição acidental 
(procedimento incorreto). Em “e” as vírgulas 
isolam um adjunto adverbial na sentença 
(procedimento possível).
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Ele não descobriu a América
 Oficialmente, o título de “descobridor 
da América” pertence ao navegante genovês 
Cristóvão Colombo, mas ele não foi o primeiro 
estrangeiro a chegar ao chamado Novo 
Mundo. Além disso, o próprio Colombo nunca 
se deu conta de que a terra que encontrou 
era um continente até então desconhecido.
 A arqueologia já revelou vestígios da 
passagem dos vikings pelo continente por 
volta do ano 1000.
 LeifEricson, explorador que viveu na 
região da Islândia, chegou às margens do 
atual estado de Maine, no norte dos Estados 
Unidos da América (EUA), no ano 1003. Em 
1010, foi a vez de outro aventureiro nórdico, 
BjarnKarlsefni, aportar nos arredores de 
LongIsland, na região de Nova York. Além 
disso, alguns pesquisadores defendem que 
um almirante chinês chamado Zeng He teria 
cruzado o Pacífico e desembarcado, em 
1421, no que hoje é a costa oeste dos EUA.
 Polêmicas à parte, Cristóvão Colombo 
jamais se deu conta de que havia descoberto 
um novo continente.
 A leitura de suas anotações de 
bordo ou de suas cartas deixa claro que ele 
123
LÍNGUA PORTUGUESA
acreditou até a morte que tinha chegado à 
China ou ao Japão, ou seja, às “Índias”. É o 
que o navegador escreveu, por exemplo, em 
uma carta de março de 1493.
 Mesmo nos momentos em que se 
apresenta como um “descobridor”, Colombo 
se refere aos arredores de um continente 
que o célebre Marco Polo – do qual foi leitor 
assíduo – já havia descrito. Em outubro 
de 1492, depois de seu primeiro encontro 
com nativos americanos, o explorador fez a 
seguinte anotação em seu diário de bordo: 
“Resolvi descer à terra firme e ir à cidade de 
Guisay entregar as cartas de Vossas
 Altezas ao Grande Khan”. Guisay é 
uma cidade real chinesa que Marco Polo 
visitara. Nesse mesmo documento, Colombo 
escreveu que, segundo o que os índios 
haviam informado, ele estava a caminho 
do Japão. Os nativos tinham apontado, na 
verdade, para Cuba.
 Suas certezas foram parcialmente 
abaladas nas viagens seguintes, mas o 
navegador nunca chegou a pensar que 
aportara em um novo continente. Sua quarta 
viagem o teria levado, segundo escreveu, 
à província de “Mago”, “ fronteiriça à de 
Catayo”, ambas na China.
 Somente nos últimos anos de sua vida 
o genovês considerou a possibilidade de ter 
descoberto terras realmente virgens. Mas foi 
necessário certo tempo para que a existência 
de um novo continente começasse a ser 
aceita pelos europeus. Américo Vespúcio foi 
um dos primeiros a apresentar um mapa com 
quatro continentes. Mais tarde, em 1507, a 
nova terra seria batizada em homenagem ao 
explorador italiano.
 Um ano depois da morte de Colombo, 
que passou a vida sem entender bem o que 
havia encontrado.
Antouaine Roullet. In: Revista História Viva. 
Internet: <www2.uol.com.br/historiaviva> 
(com adaptações).
11) (CESPE –Adaptada) No período “Nesse 
mesmo documento, Colombo escreveu que, 
segundo o que os índios haviam informado, 
ele estava a caminho do Japão”, a primeira 
vírgula foi empregada para isolar termo com 
valor adverbial e as demais, para isolar uma 
oração de valor temporal intercalada.
Gabarito: Errado.
Comentário: O emprego da primeira vírgula 
está corretamente descrito, porém, as 
vírgulas que isolam o segmento “segundo 
o que os índios haviam informado” foram 
empregadas para isolar oração subordinada 
adverbial conformativa.
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 “Passe lá no RH!”. Não são poucas 
as vezes em que os colaboradores de uma 
empresa recebem essa orientação. Não são 
poucos os chefes que não sabem como tratar 
um tema que envolve seus subordinados, ou 
não têm coragem de fazê-lo, e empurram 
a responsabilidade para seus colegas da 
área de recursos humanos. Promover ou 
comunicar um aumento de salário é com o 
chefe mesmo; resolver conflitos, comunicar 
uma demissão, selecionar pessoas, identificar 
necessidades de treinamento é “lá com o 
RH”. Em pleno século XXI, ainda existem 
empresas cujos executivos não sabem quem 
são os reais responsáveis pela gestão de 
seu capital humano. Os responsáveis pela 
gestão de pessoas em uma organização são 
os gestores, e não a área de RH. Gente é o 
ativo mais importante nas organizações: é o 
propulsor que as move e lhes dá vida. 
 Portanto, os aspectos que envolvem 
a gestão de pessoas têm de ser tratados 
como parte de uma política de valorização 
desse ativo, na qual gestores e RH são vasos 
comunicantes, trabalhando em conjunto, 
cada um desempenhando seu

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