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Representantes Diplomáticos 1 Universidade Paulista UNIP Curso de Relações Internacionais Pedro Penteado de Faria e Silva Junior. RA D123HJ4 Orlando Eduardo Ferminio RA D086HC4 Turma 2402 Período 1 Semestre Ano 2016 Projeto Integrado de Relações Internacionais (PIRI) 2016 2semenstre Representantes Diplomáticos “Barão do Rio Branco” “Período Carismático, 1902 – 1912” São Paulo 2016 Representantes Diplomáticos 2 SUMARIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 3 ENTENDENDO A POLITICA EXTERNA ................................................................. 4 O BARÃO ........................................................................................................................ 5 RIO BRANCO À SEGUNDA GUERRA MUNDIAL ................................................. 6 DE OUTRA PERSPECTIVA COMPLEMENTAR .................................................... 9 A QUESTÃO DO ACRE .............................................................................................. 10 ITAMARATY: INSTITUTO RIO BRANCO ............................................................ 12 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 13 BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 14 Representantes Diplomáticos 3 INTRODUÇÃO O barão do Rio Branco foi um dos mais importantes a frente do Ministério das Relações Exteriores período compreendido entre 1902 - 1912. Dentre suas grandes contribuições pode-se apontar o fortalecimento inédito da burocracia da diplomacia brasileira e que ficou marcado foi pelo momento de redefinição da política externa brasileira. A partir da percepção da crescente importância dos Estados Unidos, o que levou a uma aproximação, na tentativa de utilizar desta aproximação em favor dos interesses dos brasileiros. Para o Barão do Rio Branco, o Brasil necessitava do apoio dos Estados Unidos para resolver seus problemas com as fronteiras, dentre estes o mais complicado foi a do Acre, envolvia interesses privados norte-americanos. Com isso, defrontou-se com a questão Acre, território fronteiriço que a Bolívia pretendia ocupar, solucionando-a pelo Tratado de Petrópolis. Rio Branco lançou as bases de uma nova política internacional, adaptada às necessidades do Brasil moderno. Foi, nesse sentido, um devotado pan-americanista, preparando o terreno para uma aproximação mais estreita com as repúblicas hispano-americanas e acentuando a tradição de amizade e cooperação com os Estados Unidos. Essa aliança estratégica, segundo o livro “Política Externa Brasileira” (Henrique Altemani de Oliveira), era fundamentada nos objetivos do momento, seja de consolidação das fronteiras nacionais, seja de diminuição da pressão hegemônica da potência líder do sistema internacional, a Inglaterra. A herança do barão do Rio Branco, preservada pelo Itamaraty, é a continuidade no tempo dos mesmos princípios realistas que informaram a política externa na época de Rio Branco, adaptados à realidade internacional contemporânea. Por fim, de um lado, os Estados Unidos tinham já superado a Inglaterra como a principal economia internacional, e de outro, o multipolarísmo estava em crescimento com as pretensões alemãs e com o surgimento de outras potências, como os Estados Unidos e Japão. Sua maior contribuição ao país foi a conquista de três importantes territórios através da diplomacia: Amapá, Palmas e Acre. Representantes Diplomáticos 4 Este tentava “arrendar” parte do seu território a um consórcio empresarial anglo-americano. O território não era do Brasil, mas era ocupada quase que integralmente por “colonos” seringueiros brasileiros, que resistiam às tentativas bolivianas de expulsá-los. Em 1903, o Barão de Rio Branco, assinou com a Bolívia o tratado de Petrópolis, pondo fim ao conflito dos dois países em relação ao território do Acre, que passou a pertencer ao Brasil mediante compensação econômica (dinheiro e vantagens) e pequenas concessões de terras. Esta é a mais conhecida obra diplomática de Rio Branco, e seu nome foi dado à capital daquele território. ENTENDENDO A POLITICA EXTERNA A princípio a política externa pode ser definida por um Estado que vai a busca de se relacionar com outros Estados a fim de estabelecer uma relação conforme o seu interesse, normalmente, os Estado promovem alianças, acordos, entre outros tipos de negociações, com o objetivo de alguma espécie de escambo, ou seja, no século XX por exemplo, o Brasil começou a estabelecer suas relações com o EUA, com o objetivo de receber tecnologia, e ao mesmo tempo, os EUA estabeleceram essa relação com o Brasil, afim de receber matéria prima e aliado de guerra. Basicamente, a política externa nada mais é do que a ação da relação entre Estados, onde cada qual busca os seus ideais. A política externa – sendo ela hoje a base da evolução da globalização (que vem se mostrando essencial para a evolução dos Estados, e se expandindo, alcançando, se não o mundo todo, quase todos os Estados existentes) - nasceu junto com o Estado, e desde então ela vem se aprimorando e se tornando cada vez mais presente no estudo das ciências políticas. Afinal, é de extrema importância que um Estado se relacione com o outro da melhor forma possível. Com esse estudo, notasse que, sem alguns fatores não é possível se fazer política externa, como por exemplo, saber o que o Estado com o qual você quer se relacionar precisa. E existem outros fatores que aprimoram essa relação interestatal, além de conhecer os interesses dos outros estados, deve-se também, conhecer a cultura; o que eles podem oferecer; quais relações já estão estabelecidas; com quem possuem relações amigáveis; com quem não possuem relações amigáveis, ou seja, conhecer bem o outro lado é fundamental para poder estabelecer qualquer tipo de relação. Representantes Diplomáticos 5 Todo Estado possui uma história que conta sobre suas origens, conquistas, derrotas, e inclusive sobre suas relações com o exterior. No caso do Brasil, um grande e importante ator dessa área ficou conhecido como Barão do Rio Branco. O BARÃO Barão do Rio Branco (1845-1912) foi diplomata, advogado, geógrafo e historiador brasileiro. Iniciou seus estudos na Faculdade de Direito de São Paulo e no último ano se transferiu para Recife. Formou-se em Direito pela Faculdade de Direito do Recife. Foi Ministro das Relações Exteriores durante os mandatos dos presidentes Rodrigues Alves, Afonso Pena, Nilo Peçanha e Hermes da Fonseca. Foi promotor público em Nova Friburgo e deputado por Mato Grosso, ainda no Brasil Império. Em 1876, foi Consul Geral do Brasil em Liverpool. Foi nomeado superintendente na Europa, dos serviços de imigração do país, logo após a proclamação da república. Em 1900 resolveu questões de fronteiras entre o Amapá e a Guiana Francesa. Em 1894, defendeu os interesses brasileiros entre Santa Catarina e Paraná contra a Argentina. Em 1902 entre o Acre e a Bolívia. Representantes Diplomáticos 6 E em 1898 foi o segundo ocupante da Cadeira nº34 da Academia Brasileira de Letras. Nascido no Rio de Janeiro no dia 20 de abril de 1845, filho de José Maria da Silva Paranhos o Visconde do Rio Branco, acompanhou seu pai em trabalhos no Uruguai, servindo-o como secretário. Quando Barão foi Ministro do Brasil em Berlim ele foi convidado pelo então Presidente Rodrigues Alves para assumir a pasta das RelaçõesExteriores. José Maria da Silva Paranhos Júnior, com problemas renais, morreu no dia 10 de fevereiro de 1912, na cidade do Rio de Janeiro. Com isso, podemos traçar o perfil do diplomata, que possuía uma visão de mundo arrojada, que tinha “ideias” revolucionários para a evolução do Brasil. RIO BRANCO À SEGUNDA GUERRA MUNDIAL Rio Branco tinha em sua percepção, que o Brasil precisava do apoio e da benevolência dos Estados Unidos para resolver problemas de fronteira, nas quais, a mais problemática era a do Acre, onde envolvia interesses privados americanos. Na verdade, o que se buscava com essa aliança (rotulado como UNWRITTEN ALLIANCE por Bradford Burns), era aumentar o poder de barganha do Brasil. De uma outra perspectiva, buscando o apoio dos Estados Unidos, o Brasil legitima o interesse norte-americano em aumentar o “subsistema” Americano, principalmente se considerarmos a aliança firmada entre a Argentina e a Inglaterra. Apesar dessa legitimação, o Barão tenta diminuir o caráter unilateral das intervenções americanas fundamentadas na Doutrina Monroe, ao propor a multi-lateralização desta doutrina, que deveria ser incorporada ao Direito Internacional Público para ser aplicada em ação conjunta das principais repúblicas do continente. (Conforme Lafer) De qualquer forma, esse processo, interpretado como uma “americanização” da política externa brasileira teve, como efeito imediato, o deslocamento do eixo Londres para Washington, diminuindo as influências inglesas e possibilitando maior autonomia ao Brasil dentro do sistema internacional. Representantes Diplomáticos 7 A importância da gestão do Barão foi a de ter definido os elementos básicos do que regerirá por mais 50 anos a política externa brasileira. Desta maneira, o pensamento político de Rio Branco é composto de três eixos: 1) Convergência ideológica; 2) Aspecto pragmático; 3) Esforço constante de harmonização entre os interesses dos Estados Unidos e os da América Latina. A "convergência ideológica" fundamental, isto é, a convicção dos dirigentes brasileiros de que partilhavam com os interesses Americanos. Essa expressão é utilizada de forma recorrente quando se pretende apontar as relações Brasil- Estados Unidos. Ricupero, "antes de tornar-se ministro, o Barão deu, com a vitória nas arbitragens, contribuição decisiva para resolver as questões pendentes com a Argentina (1895) e com a França-Guiana Francesa (1900). Viriam, em seguida, as soluções de fronteira com a Bolívia (Tratado de Petrópolis, de 1903), o Equador, com a ressalva dos eventuais direitos peruanos (1904), com o Peru, de forma provisória (1904) e mais tarde definitiva (1909), com a Inglaterra-Guiana Inglesa (laudo de 1904), com a Venezuela (1905), com a Holanda-Guiana Holandesa ou Suriname (1906), com a Colômbia (1907) e o tratado retificatório com o Uruguai (1909)". Concisamente, aos vínculos comerciais já dos mesmos valores e aspirações, de percepções semelhantes sobre os critérios de legitimidade internacional, como se viu nas opiniões do Barão sobre o pagamento de dívidas ou o Corolário Roosevelt. Essa convergência, admitia eventuais discrepâncias, como na questão da igualdade jurídica dos Estados durante a Segunda Conferência de Haia. A aliança Brasil - Estados Unidos. A partir do reconhecimento da existência de um diferencial de poder significativo entre os parceiros, a vontade de colocar o poder dos Estados Unidos, a serviço dos objetivos brasileiros ou, ao menos, de neutralizá-lo. Para isso, aceitava-se um vínculo pragmático entre o apoio a posições Americanas no cenário global, em troca da ajuda dos Estados Unidos em relação a objetivos brasileiros. Conseqüentemente os dois outros pontos, eram a prioridade atribuída à relação com os Estados Unidos a inevitável subordinação da América do Sul. Representantes Diplomáticos 8 Para a continuidade desse paradigma estava presente, a predisposição brasileira de reconhecimento e aceitação, correspondendo, a uma convergência ideológica. Nesse sentido, o apoio ao corolário Roosevelt expressa bem esse posicionamento. O corolário Roosevelt atribuía aos Estados Unidos o direito de intervenção do bloqueio naval sofrido pela Venezuela. Rio Branco recusa-se a apoiar o ministro argentino Drago com o objetivo de formação de uma liga de países sul-americanos contra demonstrações de força de países europeus. Da mesma forma, não ratifica a proposta de Drago contra a cobrança de dívidas, já que o bloqueio não implicava conquista territorial. De outra forma, expressa igualmente apoio ao processo de crescimento do sistema de “poder” Americano na América do Sul. Essa doutrina passou a ser invocada, para impedir que governos adquirissem portos ou outros lugares que pudessem ameaçar as comunicações ou a segurança dos Estados Unidos. Ao afirmar o afastamento da gestão Europeia na América Latina e ao invocar a Doutrina Monroe, o presidente Theodore Roosevelt (1901-1909) considerou, unilateralmente, a América Latina como parte do sistema internacional norte-americano. Sua visão realista Rio Branco, possibilitava perceber com claramente o poder Americano na configuração internacional, bem como constatar que a América do Sul estava em sua área de influência; assim como, também, a impossibilidade de qualquer bloco, no continente, se opor aos Estados Unidos. Conseqüentemente, possibilidade de se aproveitar do peso Americano em favor das pretensões brasileiras, dentro de um contexto hostil em relação ao posicionamento brasileiro. É evidente que a aliança especial com os Estados Unidos e, principalmente, o peso dos Estados para soluções de controvérsias fronteiriças, assim como o reequipamento naval financiada e implementado pelos Estados Unidos, estimulariam as desconfianças quanto às pretensões brasileiras e, sobre seu interesse em deter uma liderança regional. Nesse sentido, "parece ter havido um acordo tácito, pelo qual o Brasil reconhecia a hegemonia americana na América do Norte e os Estados Unidos respeitavam as pretensões brasileiras a uma posição hegemônica na América do Sul” (BURNS, 2003, p.259.). A frase "O Brasil só tem dois amigos no continente: o Chile no Sul e os Estados Unidos no Norte"(JAGUARIBE, H. Introdução geral. In: ALBUQUERQUE, J. A.G. Sessenta anos de política externa brasileira (1930-1990). Crescimento, modernização e política externa. São Paulo: Nupri- USP/Cultura Editores Associados, 1996, p. 24), atribuída ao barão, retrata bem o peso da aliança com os Representantes Diplomáticos 9 Estados Unidos para respaldo dos interesses brasileiros e o papel do Chile na neutralização de uma reação negativa por parte da Argentina. Ressaltando que a americanização da política externa implementada pelo Barão não era dizer que era uma “norte-americanização”. Na visão do barão, a aproximação com os Estados Unidos teria a função de eliminar possibilidades de intervenção externa no Brasil, e ao mesmo tempo aumentar a capacidade de barganha na solução das questões fronteiriças. Dessa maneira servindo aos interesses da nação, sem reduzir a soberania brasileira. Estrategicamente era uma aliança fundada nos objetivos do momento, seja pela consolidação das fronteiras, seja de diminuição do poder da Inglaterra. A "herança do Barão do Rio Branco", mantida pelo Itamaraty, é a continuidade no tempo dos mesmos princípios realistas que informaram a política externa na época do Barão, adaptando- as à realidade internacional. O centro da contribuição do Barão está na idéia de que as alianças são sempre instrumentos para alcançar os objetivos fixados pelo estado. A decorrência dessa premissa é que as alianças não são permanentes na medida em que mudam os objetivos do estado e a realidadeinternacional. De forma superficial e complementando, é necessário ressaltar alguns comentários sobre o mito Rio Branco no desenvolvimento da diplomacia brasileira. Não foi unanime a aceitação das posições definidas pelo Barão, não é essa a imagem que pretendesse passar. As críticas de Oliveira Lima em especial dão a opção preferencial pelos Estados Unidos, no seu entendimento, constituindo um “empecilho” a uma aproximação com a América Latina. Vale lembrar, a oposição de Rui Barbosa ao pagamento de compensações financeiras no caso da incorporação do Acre ao território brasileiro. DE OUTRA PERSPECTIVA COMPLEMENTAR Após um período de instabilidade, o barão do Rio Branco vai ocupar a pasta por quase dez anos. Essa longa permanência retrata a consolidação do processo de profissionalização e de ascendência da chancelaria na definição e implementação da política externa brasileira, especialmente quando a agenda da política externa se apresenta mais complexa e técnica. Representantes Diplomáticos 10 É dada essa permanência prolongada do Barão na pasta de relações exteriores, porque sua política ia ao encontro dos interesses das elites. Além disso, tentou colocar em prática uma política, alimentado na vastidão do território nacional, no potencial “instalado “de suas riquezas, no crescimento demográfico, na estabilidade das instituições políticas, consolidada sob Campos Sales (Anos de 1898-1902). Ao acelerar o processo de mudança do eixo das relações exteriores, saindo de Londres indo para Washington, a definição de um novo modelo para a política externa, tornou-se mito na história brasileira e das perspectivas de que as políticas eram do barão e de que constituíam a diplomacia do barão. Por fim, vale enfatizar que todo esse processo tem uma relação próxima com as questões que estavam induzindo a uma revisão do sistema político internacional. De um lado, os Estados Unidos já superavam a Inglaterra como a principal economia, de outro, o multi-polarismo estava em xeque com as pretensões alemãs e com o surgimento de outras potências mundiais, como os Estados Unidos e o Japão. A essa iniciativa Americana em direção à América do Sul não houve reação da Inglaterra como seria de esperar. A diplomacia Inglesa abandonou as tentativas de impedir a expansão dos Estados Unidos na América Latina, pois além de estar ocupada com o agravamento da rivalidade entre as nações européias, que se traduzia na de profissionalização e ascendência da chancelaria na sua concepção e execução, bem como sobre o fortalecimento da burocracia diplomática com Rio Branco em contraponto à evolução da diplomacia presidencial. O período pós-Rio Branco até a adesão brasileira ao esforço de guerra pró-aliados é verificado em duas fases distintas: A primeira até 1930, caracterizando-se por uma acentuação da “americanização”. A segunda, o processo pragmático de barganha, entre as perspectivas de alinhamento com a Alemanha ou com os Estados Unidos. A QUESTÃO DO ACRE A atual região do Acre, é uma grande produtora da matéria-prima para a fabricação da borracha, ocupada principalmente por brasileiros que se dedicavam à extração desse produto. Representantes Diplomáticos 11 Em junho de 1902, Rio Branco defrontou-se com um tema que teria grande incidência sobre atuação como ministro das Relações Exteriores do Brasil: a questão do Acre. Um telegrama recebido, dava-lhe a informação de notícias de uma companhia que havia arrendado o Acre do Governo boliviano e cogitava transformar-se em companhia internacional. Circulavam rumores de que o Chanceler da Alemanha, parecera disposto a considerar o assunto favoravelmente. A instrução era clara: Rio Branco deveria informar-se e conversar com o Chanceler pois “Convém que as Potências, sobretudo a Alemanha, não se envolvam neste negócio que lhes não interessa e que nos pode criar dificuldades e perigos pois a fronteira não está demarcada”. (Em ofício do dia 12 de junho, Rio Branco admite ter conhecimento do assunto apenas pela imprensa européia e brasileira.) Esclarece, não ser prática em Berlim que o Chanceler receba os Ministros Plenipotenciários: mesmo em recepções ao Corpo Diplomático apenas os cumprimenta rapidamente, detendo-se a conversar apenas com os Embaixadores e representantes dos estados da Alemanha. “Se lhe pedisse audiência, seria O BARÃO DO RIO BRANCO MISSÃO EM BERLIM - 1901/1902 92 preciso esperar muitos dias e desgostaria o Barão de Richthofen, que na sua qualidade de Secretário de Estado e membro do Gabinete, é quem recebe os Embaixadores e Ministros”. Rio Branco solicitou, audiência a Richthofen, que o recebeu no dia seguinte em sua casa: outra demonstração do acesso de que desfrutava o Ministro do Brasil em Berlim. Rio Branco comentou que o Governo brasileiro não acreditava que “tais boatos” tivessem fundamento, mas que ainda assim o encarregara de informar o Governo imperial, primeiro, de que a fronteira entre o Brasil e a Bolívia ainda não estava demarcada “nessas partes”; e segundo, de que “de sua boa amizade esperamos que se não envolva em questões como essa, o que seria sumamente desagradável para nós ...que estamos em negociações com a Bolívia”. Palavras certeiras e duras. Somente um representante diplomático de muito peso e prestígio como Rio Branco poderia sentir-se em condições de usá-las! Em resumo com dificuldades para impor sua autoridade sobre a região, o governo boliviano arrendou essas terras para um consórcio norte-americano denominado Bolivian Syndicate. Com receios das conseqüências que poderiam advir com as fronteiras brasileiras, o Barão do Rio Branco propõe uma indenização para que esse “syndicate” desistisse de operar na região e na Representantes Diplomáticos 12 sequencia negocia com a Bolívia uma permuta de territórios com uma indenização para que a região do Acre passasse a ser brasileira. ITAMARATY: INSTITUTO RIO BRANCO O MRE (Ministério de Relações Exteriores) do Brasil passou por três fazes. 1) Período Patrimonial 2) Período Carismático 3) Período Burocrático O período carismático é o período mais importante para esse artigo. Pois tratasse justamente do tempo em que o Barão esteve à frente do MRE e realizou todo o trabalho já citado anteriormente. A princípio pode se dizer que a administração do Rio Branco foi distinta ao período imperial, porém há autores que digam que não, como Santiago Henchen que dividiu a diplomacia brasileira em apenas dois períodos: “diplomacia imperial” (1822 – 1918) e “diplomacia republicana” (1918 até os dias de hoje). Henchen considera a gestão do Rio Branco uma continuação do período imperial, e marca o republicano de 1918 em diante, por conta dos concursos que se iniciam para ingressar na Secretaria do Estado. No entanto segundo o autor Zairo Borges Cheibub, “duas razoes principais justificam a consideração desse período como um momento distinto.”. Razoes essas que são de estrema importância, como o fato da “gestão do Barão do Rio Branco representa um marco simbólico fundamental na vida institucional do Itamaraty.”. E também o “processo de formação do estado brasileiro no que diz respeito às elites administrativas entrou em um novo estágio, alterando a posição relativa do MRE em termos das elites nacionais. ” Ou seja, houve uma reforma no MRE, e a gestão do barão representa a fundação do Itamaraty. Esse período ficou conhecido como ‘carismático’, justamente por causa da figura carismática do Barão, que foi definitivamente importante nas negociações das questões fronteiriças. O Barão tinha de um carisma que encantava a todos, e com isso houve grande prestígio político Representantes Diplomáticos 13 para o Itamaraty, durante sua gestãoe ao decorrer da história do ministério das relações exteriores. Atualmente existe dentro do Itamaraty, o instituto Rio Branco, feito em homenagem ao Barão – assim como a capital do Acre – e que é responsável por administrar inicialmente a formação e aperfeiçoamento dos funcionários do MRE e constituir um núcleo de estudos sobre diplomacia e relações internacionais. O Instituto se tornou, com o passar dos anos, referência internacional como academia diplomática. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho representa um primeiro esforço de aproximação com fontes primarias e que são importantes para o desenvolvimento de pesquisas sobre o pensamento político do Barão do Rio Branco. Além disso, os artigos publicados sob pseudônimos (KENT/NEMO/FERDINAND HEX/J.PENN) são uma amostra de sua produção intelectual que ainda não foram totalmente mapeados. Após a leitura de uma parte desta documentação que vem chegando ao alcance da publicação pelo Centro de História e Documentação Diplomática(www.funag.gov.br) foi possível encontrar diversos elementos do pensamento político de Rio Branco. A grande contribuição destes escritos, no entanto, é que neles estes elementos são encontrados saídos da pena do próprio autor e não a partir de interpretações. Protegido por pseudônimos, Rio Branco assume posturas, argumenta e justifica suas ações e de seu gabinete a partir de suas concepções de Brasil, do projeto político que estava pondo em prática. As idéias de uma inserção internacional em pé de igualdade com as outras nações, o respeito ao Direito Internacional Público, e a manutenção do prestígio internacional. A capacidade de defesa dos interesses nacionais mediante a existência de Forças Armadas, e o desejo, de que o Brasil ocupasse seu lugar no mundo através dos procedimentos seguidos pelos “países civilizados”, são idéias expressadas por “Kent” nos artigos. Mais do que conclusões destes textos, buscou-se apresentá-los como fontes para a reconstituição das idéias políticas do Barão. Representantes Diplomáticos 14 Os artigos mostraram que têm que preencher a lacuna de fontes que ajudem a desvendar o pensador político atrás do diplomata, jurista, historiador, do estadista que foi Rio Branco. BIBLIOGRAFIA ALMEIDA, Paulo Roberto de. O legado do Barão: Rio Branco e a moderna diplomacia brasileira. RBPI, no. 2, mês 7-12, 1996. ALONSO, Angela. O memorialista interessado - a construção da imagem do Império na República. Trabalho apresentado no XXXII Encontro anual da ANPOCS, 2008, Caxambu. APRESENTAÇÃO. Artigos Anônimos e Pseudônimos do Barão do Rio Branco. Cadernos do CHDD, ano I. nº 1. Brasília: Centro de História e Documentação Diplomática. Fundação Alexandre de Gusmão. 2002. BARRETO, Lima. Os bruzundangas. 3a Ed. São Paulo: Ática, 2002. HENRICH, Nathália. A construção da imagem do barão do Rio Branco por meio de suas biografias. Trabalho apresentado no XII Encontro Estadual de História, Ensino e Pesquisa, 2008, Criciúma. LAFER, Celso. A identidade internacional do Brasil e a política externa brasileira: passado, presente e futuro. São Paulo: Perspectiva, 2001. LINS, Álvaro. Rio Branco (O Barão do Rio Branco): Biografia pessoal e História política. São Paulo: Alfa-Ômega, 1996. PEREIRA, Paulo José dos Reis. A política externa da Primeira República e os Estados Unidos: a atuação de Joaquim Nabuco em Washington (1905-1910). São Paulo: Hucitec/FAPESP, 2006. RICUPERO, Rubens. Rio Branco: o Brasil no mundo. Rio de Janeiro: Contraponto/Petrobrás, 2000. RIO BRANCO, Barão do. Artigos Anônimos e Pseudônimos do Barão do Rio Branco (II). Cadernos do CHDD, ano II. nº3. Brasília: Centro de História e Documentação Diplomática. Fundação Alexandre de Gusmão. 2003. Cadernos do CHDD, ano I. nº1. Brasília: Centro de História e Documentação Diplomática. Fundação Alexandre de Gusmão. 2002. Cadernos do CHDD, Ano III no 4. Brasília: Centro de História e Documentação Diplomática. Fundação Representantes Diplomáticos 15 Alexandre de Gusmão. 2004. Cadernos do CHDD, Ano IV no 6. Brasília: Centro de História e Documentação Diplomática. Fundação Alexandre de Gusmão. 2005. VIANA FILHO, Luiz. A Vida do Barão do Rio Branco. 6ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio; Brasília: INL, 1988. VILALVA, Mario. O Barão do Rio Branco: seu tempo, sua obra e seu legado. RBPI, Ano 38, n.º 1, 1995. Política externa da Primeira República: os anos de apogeu de 1902 a 1918. Paz e Terra, 2003, p. 482. RICUPERO, R. Rio Branco: O Brasil no mundo. ALBUQUERQUE, J. A. G. Sessenta anos de política externa brasileira (1930-1990). p. 40-41. DANESE, 1999, p. 145-146. p. 277-279. p. 285·286. CERVO; BUENO, 1992, p. 31. p. 32. p. 168. BUENO, 1995, p. 43. p. 54. p. 127. SEITENFUS, R. A. S. Crescimento, modernização e política externa. 1996, p. 116. FIGUEIRA, A. R. Introdução à análise de política externa. CHEBUB, Z. B. Artigo publicado na revista PENSAMENTO IBEROAMERICANO 1984, p.113 – 131.
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