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ALBERTS, Bruce et al. Biologia Molecular da Célula. cap 18 (Morte Celular). 5 ed. 2010. Robbins. Patologia Básica. cap 01 (Respostas celulares ao estresse e aos estímulos tóxicos: Adaptação, Lesão e Morte). 9 ed. 2013. FERNANDES, Nurimar C. et al. Melanoma cutâneo: estudo prospectivo de 65 casos. An Bras Dermatol, v. 80, n. 1, p. 25-34, 2005 HOFF et al. Tratado de Oncologia. cap 159 (Melanoma Cutâneo). 1 ed. 2012. 1. Estudar apoptose (fisiológica e patológica): Via das caspases, controle do processo e seus marcadores indicados no exame. Apoptose Foi prontamente considerado ser um mecanismo exclusivo de morte celular, diferente da necrose, que é caracterizada pela perda da integridade da membrana, digestão enzimática da célula, extravasamento dos conteúdos celulares e, frequentemente, uma reação do hospedeiro. No entanto, em algumas vezes, apoptose e necrose coexistem e a apoptose induzida por alguns estímulos patológicos pode progredir para a necrose. Apoptose fisiológica Destruição programada de células durante a embriogênese, que inclui implantação, organogênese, involução do desenvolvimento e metamorfose. O termo “morte celular programada” foi criado originalmente para denotar a morte de tipos celulares específicos, em tempos definidos, durante o desenvolvimento de um organismo. Apoptose é um termo genérico para esse padrão de morte celular, a despeito do contexto, mas frequentemente é usado alternadamente com “morte celular programada”. Involução de tecidos hormônios-dependentes sob privação de hormônio, tal como a célula endometrial que se desprende durante o ciclo menstrual, a atresia folicular durante a menopausa, a regressão da mama lactante após o desmame e a atrofia prostática após castração. Perda celular em populações celulares proliferativas, como os linfócitos imaturos na medula óssea e no timo que não expressam os receptores antigênicos utilizáveis, linfócitos B nos centros germinativos, e o epitélio de cripta intestinal, mantendo, assim, um número constante (homeostasia). Eliminação de linfócitos autorreativos potencialmente nocivos, antes ou depois de eles terem completado sua maturação, para impedir reações contra os tecidos da própria pessoa. Morte de células que já tenham cumprido seu papel, tais como os neutrófilos na resposta inflamatória aguda e os linfócitos ao término da resposta imune. Nessas situações, as células sofrem apoptose porque estão privadas dos sinais de sobrevivência necessários, tais como fatores de crescimento. Apoptose em condições patológicas Lesão de DNA. A radiação, as drogas citotóxicas anticâncer e a hipóxia, podem lesar o DNA diretamente ou através da produção de radicais livres. Se os mecanismos de reparo não podem competir com a lesão, a célula dispara mecanismos intrínsecos que induzem a apoptose. Nessas situações, a eliminação da célula pode ser a melhor alternativa do que arriscar em mutações no DNA lesado, as quais podem progredir para uma transformação maligna. Esses estímulos nocivos causam apoptose se o insulto for leve, mas doses maiores do mesmo estímulo resultam em morte celular por necrose. Acúmulo de proteínas anormalmente dobradas. As proteínas impropriamente dobradas podem surgir de mutações nos genes que codificam estas proteínas ou devido a fatores extrínsecos, como a lesão causada por radicais livres. O acúmulo excessivo dessas proteínas no RE leva a uma condição conhecida como estresse do RE, que culmina em morte apoptótica das células. A apoptose causada pelo acúmulo de proteínas anormalmente dobradas foi considerada como base de várias doenças degenerativas do sistema nervoso central e de outros órgãos. Morte celular em certas infecções, particularmente as infecções virais, nas quais a perda de células infectadas é devida em grande parte à apoptose que pode ser induzida pelo vírus (como nas infecções por adenovírus e vírus da imunodeficiência humana) ou pela resposta imune do hospedeiro (como na hepatite viral). Uma resposta importante do hospedeiro aos vírus consiste em linfócitos T citotóxicos específicos para as proteínas virais, que induzem apoptose das células infectadas na tentativa de eliminar os reservatórios de infecção. Durante esse processo pode ocorrer lesão tecidual significativa. O mesmo mecanismo mediado por célula T é responsável pela morte celular em tumores e na rejeição celular aos transplantes. Atrofia patológica no parênquima de órgãos após obstrução de ducto, como ocorre no pâncreas, na parótida e no rim Alterações morfológicas Retração celular. A célula é menor em tamanho; o citoplasma é denso, e as organelas, embora relativamente normais, estão mais compactadas. (Lembre-se de que em outras formas de lesão celular, uma característica inicial é a tumefação celular e não a retração.) Condensação da cromatina. Esta é a característica mais marcante da apoptose. A cromatina se agrega perifericamente, sob a membrana nuclear, em massas densas de várias formas e tamanhos. O núcleo pode romper-se, produzindo dois ou mais fragmentos. Formação de bolhas citoplasmáticas e corpos apoptóticos. A célula apoptótica primeiramente mostra bolhas superficiais extensas, sofrendo então fragmentação em corpos apoptóticos envoltos por membrana compostos de citoplasma e organelas estreitamente acondicionadas, com ou sem fragmentos nucleares. Fagocitose das células apoptóticas ou corpos apoptóticos, geralmente pelos macrófagos. Os corpos apoptóticos são rapidamente ingeridos pelos fagócitos e degradados pelas enzimas lisossômicas dos fagócitos. Acredita-se que as membranas plasmáticas permaneçam intactas durante a apoptose, até os últimos estágios, quando se tornam permeáveis aos solutos normalmente retidos. Essa descrição clássica é precisa no que diz respeito à apoptose em condições fisiológicas, como a embriogênese e a deleção de células imunes. Contudo, formas de morte celular com características de necrose bem como de apoptose não são incomuns após muitos estímulos ofensivos. Sob essas condições, a intensidade, em vez da natureza do estímulo, determina a via de morte celular, sendo a necrose a principal via quando há depleção de ATP e lesão à membrana acentuadas. Como a retração celular e a formação de corpos apoptóticos são rápidas e os fragmentos são rapidamente fagocitados, uma apoptose considerável ocorre nos tecidos antes que se torne evidente em secções histológicas. Além disso, a apoptose – ao contrário da necrose – não induz à inflamação, dificultando sua detecção histológica. Características bioquímicas Ativação das Caspases. Uma característica específica da apoptose é a ativação de vários membros de uma família de cisteína proteases denominados caspases. O termo caspase é baseado em duas propriedades desta família de enzimas: o “c” refere-se à cisteína protease (i.e., uma enzima com cisteína no seu sítio ativo) e “aspase” refere-se à habilidade dessas enzimas em clivar, depois, os resíduos de ácido aspártico. A família caspase, agora incluindo mais de 10 membros, pode ser funcionalmente dividida em dois grupos – desencadeador e executor – dependendo da ordem na qual são ativados durante a apoptose. As caspases desencadeadoras incluem caspase-8 e caspase-9. Várias outras caspases, incluindo caspase-3 e caspase-6, agem como executoras. Como muitas proteases, as caspases existem como pró-enzimas inativas ou zimogênios, e devem sofrer clivagem enzimática para tornarem-se ativas. A presença de caspases ativas, clivadas, constitui um marcador para células que estão sofrendo apoptose Mecanismos da apoptose Como a primeira caspase inciadora é ativada em resposta a um sinal apoptótico? Os dois mecanismos de ativação mais bem entendidos em célulasde mamíferos são chamados de via extrínseca e via intrínseca ou mitocondrial. Cada uma usa a sua própria caspase iniciadora e sistema de ativação. Via intrínseca (mitocondrial). A via mitocondrial é o principal mecanismo da apoptose em todas as células mamíferas e seu papel em uma variedade de processos fisiológicos e patológicos está bem estabelecido. Essa via de apoptose é o resultado do aumento de permeabilidade mitocondrial e liberação de moléculas pró-apoptóticas (indutoras de morte) dentro do citoplasma. As mitocôndrias são organelas notáveis por conterem proteínas como o citocromo c, essenciais para a vida, mas algumas dessas proteínas, quando liberadas dentro do citoplasma (uma indicação de que a célula não está saudável), iniciam o programa de suicídio da apoptose. A liberação dessas proteínas mitocondriais é controlada por equilíbrio finamente orquestrado entre membros pró e antiapoptóticos da família Bcl de proteínas. Essa família foi chamada depois de Bcl-2, a qual foi identificada como um oncogene em linfoma de célula B e é homóloga da proteína Ced-9 do C.elegans. Existem mais de 20 membros da família Bcl e a maioria deles regula a apoptose. Fatores de crescimento e outros sinais de sobrevivência estimulam a produção de proteínas antiapoptóticas, principalmente Bcl-2, Bcl-x e Mcl-1. Essas proteínas residem normalmente no citoplasma e nas membranas mitocondriais, onde controlam a permeabilidade mitocondrial e impedem o extravasamento de proteínas mitocondriais que possuam capacidade de disparar a morte celular. Quando as células são privadas de sinais de sobrevivência ou seu DNA é lesado, ou proteínas anormalmente dobradas induzem ao estresse do retículo endoplasmático, os sensores de lesão ou estresse são ativados. Esses sensores também são membros da família Bcl e incluem as proteínas denominadas Bim, Bid e Bad, que contêm um único “domínio de homologia Bcl-2” (o terceiro dos quatro domínios presentes em Bcl-2) e são chamadas de “proteínas apenas BH3”. Os sensores, por sua vez, ativam dois efetores críticos (pró-apoptóticos), Bax e Bak, que formam oligômeros (diferente de polímeros pois é finito) que se inserem na membrana mitocondrial e criam canais permitindo que as proteínas da membrana mitocondrial interna extravasem para o citoplasma. As proteínas apenas BH3 podem também se ligar a Bcl-2 e Bcl-x e bloquear suas funções, declinando, ao mesmo tempo, a síntese de ambas. O resultado final da ativação Bax-Bak, em conjunto com a perda das funções protetoras dos membros antiapoptóticos da família Bcl, é a liberação para o citoplasma de várias proteínas mitocondriais que podem ativar a cascata de caspases. Uma dessas proteínas é o citocromo c, bem conhecido pelo seu papel na respiração mitocondrial. Uma vez liberado no citosol, o citocromo c liga-se a uma proteína chamada Apaf-1 (fator-1 de ativação de apoptose, homólogo ao Ced-4 do C. elegans), que forma um hexâmero semelhante a uma roda e que tem sido chamado de apoptossoma. Esse complexo é capaz de se ligar à caspase-9, a caspase desencadeante crítica da via mitocondrial, e a enzima cliva moléculas adjacentes de caspase-9, iniciando, assim, um processo de autoamplificação. Outras proteínas mitocondriais, com nomes misteriosos como Smac/DIABLO, entram no citoplasma, onde se ligam e neutralizam as proteínas citoplasmáticas que funcionam como inibidores fisiológicos da apoptose (denominadas IAPs). A função normal das IAPs é bloquear a ativação das caspases, incluindo executoras como a caspase-3, e manter as células vivas. Portanto, a neutralização dessas IAPs permite o início da cascata de caspases. Via extrínseca (iniciada por receptor). A Esta via é iniciada pelo envolvimento dos receptores de morte da membrana plasmática em uma variedade de células. Os receptores de morte são membros da família do receptor TNF que contêm um domínio citoplasmático envolvido nas interações proteína-proteína, chamado de domínio de morte porque ele é essencial para a entrega de sinais apoptóticos. (Alguns membros da família de receptores TNF não contêm domínios de morte citoplasmáticos; sua função é a de ativar cascatas inflamatórias e seu papel em iniciar a apoptose está muito menos estabelecido.) Os receptores de morte mais bem conhecidos são o receptor TNF tipo 1 (TNFR1) e uma proteína relacionada denominada Fas (CD95), mas muitos outros foram descritos. O mecanismo de apoptose induzido por esses receptores de morte é bem ilustrado pelo Fas, um receptor de morte expresso em muitos tipos celulares. O ligante para Fas é chamado de Fas ligante (FasL). O FasL é expressado nas células T que reconhecem antígenos próprios (e agem eliminando os linfócitos autorreativos) e alguns linfócitos T citotóxicos (que eliminam células tumorais e infectadas por vírus). Quando o FasL se liga ao Fas, três ou mais moléculas de Fas se reúnem e seus domínios de morte citoplasmáticos formam um sítio de ligação para uma proteína adaptadora que também contém um domínio de morte e é denominada FADD (do inglês, Fas-associated de a th domain). A FADD, que é aderida aos receptores de morte, por sua vez, liga-se a uma forma inativa da caspase-8 (e em humanos, caspase-10) novamente através de um domínio de morte. Múltiplas moléculas de pró-caspase-8 são então trazidas para a proximidade e se clivam entre si para gerar caspase-8 ativa. A enzima então inicia a cascata de ativação de caspases através de clivagem, ativando, desse modo, outras pró-caspases; as enzimas ativas medeiam a fase de execução da apoptose (discutido adiante). Essa via de apoptose pode ser iniciada por uma proteína chamada FLIP, que se liga à prócaspase 8, mas que não pode clivar e ativar a caspase porque é desprovida de domínio protease. Alguns vírus e células normais produzem FLIP e usam este inibidor para se protegerem da apoptose mediada por Fas. Fase de execução da apoptose As duas vias de iniciação convergem para uma cascata de ativação de caspases que modulam a fase final da apoptose. Como já vimos, a via mitocondrial leva à ativação de caspase-9 desencadeante e a via de receptor de morte, às caspases 8 e 10 desencadeantes. Depois que uma caspase desencadeante é clivada para gerar sua forma ativa, o programa enzimático de morte é posto em movimento por ativação rápida e sequencial das caspases executoras. As caspases executoras, como as caspases-3 e -6, atuam em muitos componentes celulares. Por exemplo, uma vez ativadas, essas caspases clivam um inibidor de uma DNase citoplasmática, tornando-a enzimaticamente ativa; esta enzima induz a clivagem típica do DNA em fragmentos do tamanho de nucleossomas, descrito anteriormente. As caspases também degradam os componentes estruturais da matriz nuclear, promovendo, assim, a fragmentação do núcleo. Algumas das etapas da apoptose não estão bem definidas. Por exemplo, não sabemos como a estrutura da membrana plasmática é alterada nas células apoptóticas ou como as bolhas de membrana e corpos apoptóticos são formados. Remoção de células mortas A formação de corpos apoptóticos quebra as células em fragmentos “minúsculos” que são comestíveis para os fagócitos. As células apoptóticas e seus fragmentos sofrem também várias alterações em suas membranas que promovem ativamente sua fagocitose de tal modo que são removidos antes de sofrer necrose e liberar seus conteúdos (o que resultaria em inflamação lesiva). Em células saudáveis, a fosfatidilserina está presente no folheto interno da membrana plasmática, mas nas células apoptóticas este fosfolipídio move-se para fora e é expresso na camada externa da membrana, onde é reconhecido por vários receptores dos macrófagos. As células que estão morrendo por apoptose secretam fatores solúveisque recrutam os fagócitos. Alguns corpos apoptóticos expressam trombospondina, uma glicoproteína adesiva que é reconhecida pelos fagócito, e os próprios macrófagos podem produzir proteínas que se ligam às células apoptóticas (mas não às células vivas) e direcionam, assim, as células mortas para o engolfamento. Os corpos apoptóticos podem também ser revestidos por anticorpos naturais e proteínas do sistema complemento, notavelmente C1q, os quais são reconhecidos pelos fagócitos. Portanto, numerosos receptores nos fagócitos e ligantes induzidos nas células apoptóticas estão envolvidos na ligação e engolfamento dessas células. Esse processo de fagocitose das células apoptóticas é tão eficiente que as células mortas desaparecem, dentro de minutos, sem deixar traços, e a inflamação é ausente mesmo em face da extensa apoptose. Exemplos de apoptose Privação de Fator de Crescimento. As células sensíveis a hormônios privadas de um hormônio relevante, os linfócitos que não são estimulados por antígenos e citocinas e os neurônios privados de fator de crescimento nervoso, morrem por apoptose. Em todas essas situações, a apoptose é iniciada pela via intrínseca (mitocondrial) e é atribuível à diminuição de síntese de Bcl-2 e Bcl-x, ativação de Bim e outros membros pró-apoptóticos da família Bcl. Lesão de DNA. A exposição das células à radiação ou a agentes quimioterápicos induz apoptose por um mecanismo que é iniciado por lesão de DNA (estresse genotóxico) e que envolve o gene supressor tumoral p53. 55 A proteína p53 acumula-se quando o DNA é lesado e interrompe o ciclo celular (na fase G1) para conceder tempo para o reparo (Cap. 7). Contudo, se a lesão for muito intensa para ser reparada com sucesso, o p53 desencadeia a apoptose. Quando o p53 está mutado ou ausente (como em certos cânceres), ele é incapaz de induzir apoptose, favorecendo a sobrevivência das células com o DNA lesado. Em tais células, a lesão de DNA pode resultar em mutações ou translocações que levam à transformação neoplásica (Cap. 7). Portanto, o p53 atua como chave fundamental da “vida ou morte” no caso do estresse genotóxico. O mecanismo pelo qual o p53 desencadeia a maquinaria efetora da morte distal – as caspases – é complexo, mas parece envolver sua função na ativação da transcrição. Dentre as proteínas cuja produção é estimulada pelo p53 estão vários membros da família Bcl, notavelmente Bax, Bak e algumas proteínas apenas BH3, mencionados anteriormente. Proteínas Anormalmente Dobradas. As chaperonas no retículo endoplasmático controlam o dobramento de proteínas recém-sintetizadas, e os polipeptídeos mal dobrados são ubiquitinados e direcionados para a proteólise, nos proteossomas. Se, contudo, proteínas não dobradas ou anormalmente dobradas se acumulam no retículo endoplasmático, devido a mutações herdadas ou ao estresse, elas desencadeiam um número de respostas celulares, coletivamente chamadas d e “resposta de proteína não dobrada”. 56,57 Essa resposta ativa vias de sinalização que aumentam a produção de chaperonas, aumenta a degradação proteossômica das proteínas anormais e diminui a translação da proteína, reduzindo, assim, a carga de proteínas anormalmente dobradas na célula (Fig. 1-27). Entretanto, se essa resposta citoprotetora for incapaz de lidar com o acúmulo de proteínas anormalmente dobradas, a célula ativa as caspases e induz a apoptose. 5859 and 60 Esse processo é conhecido como estresse de retículo endoplasmático. O acúmulo intracelular de proteínas anormalmente dobradas, causado por mutações genéticas, envelhecimento, ou fatores ambientais desconhecidos, é atualmente reconhecido como uma característica de várias doenças neurodegenerativas, incluindo as de Alzheimer, Huntington e Parkinson (Cap. 28) e, provavelmente, diabetes tipo 2. 61 A privação de glicose e oxigênio, e estresse, como calor, também resultam em proteína mal dobrada, que culmina em lesão e morte celular. Apoptose Induzida pela Família de Receptores TNF. O FasL nas células T se liga ao Fas dos mesmos linfócitos ou linfócitos vizinhos. Essa interação atua na eliminação de linfócitos que reconhecem antígenos próprios, e mutações que afetam o Fas ou FasL resultam em doenças autoimunes em humanos e camundongos (Cap. 6). 62A citocina TNF é um importante mediador da reação inflamatória, mas ela é capaz, também, de induzir apoptose. (O nome “fator de necrose tumoral” surgiu não porque a citocina elimina as células tumorais diretamente, mas porque ela induz a trombose dos vasos sanguíneos do tumor, o que resulta em morte do tumor por isquemia.) A morte mediada pelo TNF é facilmente demonstrada em culturas de células, mas in vivo seu significado fisiológico ou patológico não é conhecido. De fato, as principais funções fisiológicas do TNF são mediadas não por induzir apoptose, mas por ativar o importante fator de transcrição NF-κB (fator nuclear-κB), que promove a sobrevida celular estimulando a síntese de membros antiapoptóticos da família Bcl-2 e, como vimos no Capítulo 2, ativa uma série de respostas inflamatórias. Já que o TNF pode induzir a morte e promover a sobrevida celular, o que determina o yin e o yang de sua ação? A resposta é incerta, mas depende, provavelmente, de quais proteínas sinalizadoras aderem ao receptor TNF após ligação da citocina. Apoptose Mediada por Linfócitos T Citotóxicos. Os linfócitos T citotóxicos (LTCs), reconhecem antígenos estranhos, apresentados na superfície de células hospedeiras infectadas. Sob ativação, os LTCs secretam perfurina, uma molécula formadora de poro transmembrana, a qual promove a entrada de grânulos do LTC contendo serina-proteases chamadas granzimas. As granzimas têm a capacidade de clivar proteínas em resíduos de aspartato, ativando, assim, uma série de caspases celulares. Desse modo, o LTC destrói células-alvo diretamente, induzindo a fase efetora da apoptose. Os LTCs expressam também FasL na sua superfície e podem destruir células-alvo através da ligação de receptores de Fas. Distúrbios associados à apoptose desregulada Distúrbios associados com apoptose defeituosa e aumento da sobrevida celular. Uma taxa impropriamente baixa de apoptose permite a sobrevida de células anormais, com uma série de consequências. Por exemplo, se células que exibem mutações em p53 forem submetidas à lesão de DNA, elas, além de não morrerem, ficarão susceptíveis ao acúmulo de mutações devido ao DNA defeituoso, e essas anormalidades darão origem ao câncer. A importância da apoptose na prevenção do desenvolvimento do câncer é enfatizada pelo fato de que a mutação do p53 é a anomalia genética mais comum encontrada em cânceres humanos. Em outras situações, a apoptose defeituosa resulta em falha para eliminar células potencialmente danosas, como os linfócitos que podem reagir contra os próprios antígenos e falha em eliminar células mortas, uma fonte potencial de antígenos próprios. Portanto, a apoptose defeituosa pode ser a base dos distúrbios autoimunes. Distúrbios associados com o aumento da apoptose e morte celular excessiva. Essas doenças caracterizam-se por uma perda de células e incluem (1) doenças neurodegenerativas, manifestadas por perda de grupos específicos de neurônios, nos quais a apoptose é causada por mutações e proteínas anormalmente dobradas; (2) lesão isquêmica, como no infarto miocárdico e acidente vascular cerebral; e (3) morte de células infectadas por vírus, em muitas infecções virais. 2. Estudar necrose e diferenciar da apoptose. O aspecto morfológico da necrose resulta da desnaturação de proteínas intracelulares e da digestão enzimática das células lesadas letalmente (células colocadas imediatamente em fixadores estão mortas, mas não necróticas).As células necróticas são incapazes de manter a integridade da membrana e seus conteúdos sempre extravasam, um processo que pode iniciar inflamação no tecido circundante. As enzimas que digerem a célula necrótica são derivadas dos lisossomos das próprias células que estão morrendo ou dos lisossomos dos leucócitos que são recrutados como parte da reação inflamatória. A digestão dos conteúdos celulares e a resposta do hospedeiro podem levar horas para se desenvolver e, portanto, não haveria alterações detectáveis nas células se, por exemplo, um infarto miocárdico causasse morte súbita. A única evidência circunstancial poderia ser a oclusão de uma artéria coronária. A primeira evidencia histológica de necrose miocárdica aparece 4 a 12 horas depois. No entanto, devido à perda da integridade da membrana plasmática, as enzimas e proteínas específicas do coração são rapidamente liberadas do músculo necrótico, podendo ser detectadas no sangue a partir de 2 horas após a necrose das células miocárdicas. Se as células necróticas e restos celulares não forem prontamente destruídos e reabsorvidos, tenderão a atrair sais de cálcio e outros minerais e a tornarem-se calcificadas. Esse fenômeno é chamado de calcificação distrófica. Padrões de necrose tecidual A necrose dos tecidos possui vários padrões morfológicos distintos, cujo reconhecimento é importante porque eles fornecem pistas sobre a causa básica. Necrose de coagulação: A arquitetura básica dos tecidos mortos é preservada por alguns dias. Os tecidos afetados exibem textura firme. A lesão desnatura não somente proteínas estruturais mas também enzimas, bloqueando a proteólise (hidrólise de proteína com ruptura de ligações peptídicas) das células mortas, resultando na preservação de células sem núcleo e eosinófílicas por dias. Após isso, leucócitos fagocitam e digerem as células necróticas com suas enzimas lisossômicas. Uma área de necrose de coagulação é chamada de infarto. Necrose liquefativa: Ao contrário da necrose de coagulação, é caracterizada pela digestão das células mortas, resultando na transformação do tecido em uma massa viscosa líquida. É observada em infecções bacterianas focais ou, ocasionalmente, nas infecções fúngicas, porque os micróbios estimulam o acúmulo de leucócitos e a liberação de enzimas dessas células. O material necrótico é frequentemente amarelo cremoso devido à presença de leucócitos mortos e é chamado de pus. Por razões desconhecidas, a morte por hipóxia de células dentro do sistema nervoso central com frequência se manifesta como necrose liquefativa. Necrose Gangrenosa: Não é um padrão específico de morte celular, mas o termo é usado comumente na prática clínica. Em geral é aplicado a um membro, comumente a perna, que tenha perdido seu suprimento sanguíneo e que sofreu necrose (tipicamente necrose de coagulação), envolvendo várias camadas de tecido. Quando uma infecção bacteriana se superpõe, ocorre mais necrose liquefativa por causa da ação das enzimas degradativas nas bactérias e nos leucócitos atraídos (originando a chamada gangrena úmida). Necrose caseosa: É encontrada mais frequentemente em focos de infecção tuberculosa. O termo “caseoso” é derivado da aparência friável esbranquiçada, da área de necrose. Ao exame microscópico, a área necrótica exibe uma coleção de células rompidas ou fragmentadas e restos granulares amorfos encerrados dentro de uma borda inflamatória nítida; essa aparência é característica de um foco de inflamação conhecido como granuloma. Necrose gordurosa: Não denota um padrão específico de necrose. Particularmente, ela se a refere áreas focais de destruição gordurosa, tipicamente resultantes da liberação de lipases pancreáticas ativadas na substância do pâncreas e na cavidade peritoneal. Isto ocorre na emergência abdominal calamitosa, conhecida como pancreatite aguda. Nesse distúrbio, as enzimas pancreáticas escapam das células acinares e liquefazem as membranas dos adipócitos do peritônio. As enzimas liberadas dividem os ésteres de triglicerídeos contidos dentro dessas células. Os ácidos graxos liberados combinam-se com o cálcio, produzindo áreas brancas gredosas macroscopicamente visíveis (saponificação da gordura), que permitem ao cirurgião e ao patologista identificarem as lesões. Ao exame histológico, os focos de necrose exibem contornos sombreados de adipócitos necróticos, com depósitos de cálcio basofílicos, circundados por uma reação inflamatória. Necrose fibrinoide: É uma forma especial de necrose geralmente observada nas reações imunes que envolvem os vasos sanguíneos. Esse padrão de necrose ocorre tipicamente quando complexos de antígenos e anticorpos são depositados nas paredes das artérias. Os depósitos desses “imunocomplexos”, em combinação com a fibrina que tenha extravasado dos vasos, resulta em uma aparência amorfa e róseo-brilhante, pela coloração de H&E, conhecida pelos patologistas como “fibrinoide” (semelhante à fibrina). Vasculites. Calcificação da necrose: Fosfolipídios ácidos presentes nas vesículas da matriz, principalmente a fosfatidilserina, agem como captadores e precipitadores de cálcio. Acredita-se que nas células o cálcio esteja concentrado em vesículas ligadas à membrana por um processo que é iniciado pela lesão da membrana e que possui várias etapas: (1) o íon cálcio liga-se aos fosfolipídios presentes na membrana da vesícula; (2) fosfatases associadas à membrana geram grupos de fosfato, que se ligam ao cálcio; (3) o ciclo de ligação de cálcio e fosfato é repetido, elevando as concentrações locais e produzindo um depósito perto da membrana e (4) ocorre uma alteração estrutural no arranjo dos grupos de cálcio e fosfato, gerando um microcristal, que pode, então, propagar-se e levar a mais deposição de cálcio. 3. Entender como se chega ao diagnóstico a partir do exame clínico e do exame histológico. Marcadores da apoptose: Bcl-2, Bak, Bcl-X, FasL, caspase-3 ativa Exame clínico Geralmente, o paciente se queixa do surgimento de uma nova lesão pigmentada ou de modificações de tamanho, forma ou cor de um nevo melanocítico pré-existente. Assimetria (A), bordas irregulares ou mal definidas (B), coloração mista (C), diâmetro de mais de 5 mm (D) e evolução da lesão com o surgimento de alterações, como aumento de tamanho ou sangramento (E), chamados critérios ABCDE, são achados reconhecidamente suspeitos quando presentes em lesões melanocíticas e já podem ser detectados nas fases iniciais de desenvolvimento do tumor. A dermatoscopia, integrante do exame físico, é um método não invasivo que permite visualiza in vivo a distribuição da melanina na epiderme e na derme superficial e analisar mais detalhadamente lesões pigmentares. As queixas mais comuns relacionadas ao câncer da pele são: • Mancha que coça, dói, sangra ou descama; • Ferida que não cicatriza em 4 semanas; • Sinal que muda de cor textura, tamanho, espessura ou contornos; • Elevação ou nódulo circunscrito e adquirido da pele que aumenta de tamanho e tem aparência perolada, translúcida, avermelhada ou escura. Deve-se estar atento aos sinais de transformação de um "sinal" em melanoma (ABCD): • Assimetria: uma metade diferente da outra; • Bordas irregulares: contorno mal definido; • Cor variável: várias cores (preta, castanha, branca, avermelhada ou azul) numa mesma lesão; • Diâmetro: maior que 6 milímetros. Estadiamento clínico a) Anamnese busca de evidências de doença metastática: febre, cefaléia, astenia, emagrecimento, dores ósseas, sinais e sintomas neurológicos e respiratórios. b) exame físico da pele metástase em trânsito: lesões na área de drenagemlinfática, além de 5cm da origem do tumor primário. satelitose - lesões ao redor do tumor no raio de 5cm. c) exame físico dos linfonodos regionais d) exame físico geral: fígado, baço e sistema nervoso central especialmente. Exame histopatológico Um adequado laudo do exame histopatológico deverá conter: subtipo histológico; espessura de Breslow; nível de Clark; presença ou não de ulceração; presença ou não de regressão; índice mitótico; grau de infiltração linfomononuclear; dimensão das margens de ressecção. O índice de Breslow, que avalia a profundidade do tumor em milímetros (atualmente é o principal fator usado para estadiamento do melanoma cutâneo e base indispensável para o tratamento). Os níveis de Clark são cinco, assim definidos: I = melanoma in situ, em que as células neoplásicas permanecem ao nível da membrana basal; II = células tumorais atingem a camada papilar; III = células malignas atingem a interface entre as dermes papilar e reticular, sem infiltrar esta; IV = células malignas penetram a derme reticular; V = tumor atinge o tecido celular subcutâneo.
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