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Direito Constitucional

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DIREITO CONSTITUCIONAL
ASPECTOS INICIAIS
O DIREITO CONSTITUCIONAL
O direito constitucional, na classificação clássica, é tido como um ramo interno do direito público. Há quem entenda que é mais acertado dizer que o direito constitucional, mais do que um simples ramo, é o tronco do qual derivam todos os ramos do direito.
O Direito Constitucional caracteriza-se pela supremacia sobre todos os poderes públicos, inclusive o Poder Legislativo, titular do direito de legislar, cujo exercício não poderá exceder o permissivo constitucional ou revogá-lo.
Como decorrência dessa superioridade hierárquica, surge o caráter vinculante da Constituição. Na qualidade de Lei Maior, esta impõe que os atos estatais guardem relação com os seus dispositivos, sob pena de serem inválidos.
Por fim, não há instância superior à Constituição. Por isso, ela deve ser capaz de garantir-se por si mesma (garantia imanente).
DEFINIÇÃO
Para José Afonso da Silva, direito constitucional é “o ramo do direito público que expõe, interpreta e sistematiza os princípios e normas fundamentais do Estado”, ou seja, o direito constitucional é direito público fundamental, sendo a constituição a norma de validade de todo o sistema (força normativa da Constituição).
Vale consignar que essa divisão do direito em público e privado, surgida com o Código Napoleônico de 1804, tem finalidade meramente acadêmica, pois o direito é uno e indivisível. Aliás, cresce cada vez mais o número de defensores da constitucionalização do direito privado, gerando o fenômeno da eficácia horizontal dos direitos fundamentais.
OBJETO
O Direito Constitucional tem por objeto o estudo das normas fundamentais de organização do Estado que tratam, precipuamente, dos seguintes temas:
Estrutura de seus órgãos;
Distribuição de competências;
Aquisição, exercício e transmissão da autoridade;
Direitos e garantias fundamentais.
Para Manuel García PELAYO, o estudo se divide em três disciplinas:
Direito constitucional positivo, particular ou especial: tem por objeto a interpretação, sistematização e crítica das normas constitucionais vigentes em determinado Estado;
Direito constitucional comparado: compara as constituições em diversos estados. É feito com o intuito de destacar singularidades e contrastes entre elas.
Direito Constitucional geral: sistematização de conceitos, princípios e instituições de diversos ordenamentos jurídicos visando à identificação dos pontos comuns.
FONTES DE JURIDICIDADE
São tradicionalmente definidas como os fatos ou atos dos quais o ordenamento jurídico faz depender a produção de normas jurídicas. Alimentam a juridicidade:
A legislação;
A tradição;
A jurisdição.
Quase todos os países adotam constituições escritas. Uma exceção é a Inglaterra, que, apesar de não ter uma constituição, pauta-se em diversos documentos, tais como a Magna Charta Libertatum (1215); Petition of Rights (1628); Habeas Corpus Act (1679); Bill of Rights (1689); Act of Settlement (1701). Da mesma forma: Nova Zelândia e Israel.
Não há Constituição surgida da prática judicial.
No direito pré-moderno, prevalecia a justiça dos julgamentos, de formação jurisprudencial e doutrinária. Com o advento do Estado de direito, surge a concepção estatizante e legalista das fontes, sendo consagrada a supremacia da lei. Com o monopólio da produção jurídica ao Poder Legislativo, a jurisdição deixa de ser fonte de produção do direito e passa a se submeter à lei e ao princípio da legalidade.
Após a segunda guerra mundial, surge um movimento antipositivista no sentido de abandono da concepção estritamente legalista e do reconhecimento definitivo da força normativa da constituição, que antes era de observância estritamente formal.
Dentro da concepção pós-positivista, a constituição impõe amplos limites materiais ao parlamento, especialmente no que se refere aos direitos fundamentais. Em relação aos órgãos de produção do direito, observa-se um retorno à pluralidade das fontes e uma ampliação da criação judicial do direito.
FONTES DO DIREITO CONSTITUCIONAL
No sistema da civil Law, a constituição escrita é a fonte originária do direito constitucional. Na qualidade de fonte principal e suprema, a constituição pode delegar competências a outros poderes ou reconhecer normatividade a outras fontes (fontes derivadas).
FONTES DELEGADAS PELA CONSTITUIÇÃO
São fontes delegadas pela Constituição:
As leis complementares e ordinárias;
Os decretos e regulamentos;
A jurisprudência criada a partir da interpretação da constituição. 
FONTES RECONHECIDAS
São fontes reconhecidas pela Constituição as normas jurídicas que, produzidas antes ou durante sua vigência, são acolhidas por ela, como as leis recepcionadas e os costumes constitucionais. 
Os costumes constitucionais se caracterizam pela prática reiterada de certos atos com capacidade de criar a convicção de sua obrigatoriedade. Para ser considerado como direito constitucional não escrito, é necessária a confirmação do costume por um Tribunal Constitucional. Eles se dividem-se em:
Costume secundum constitutionem: é aquele em consonância com a constituição. Como fonte subsidiária, contribui para sua maior efetividade.
Costume praeter constitutionem (além da constituição): como fonte autônoma, serve para a interpretação das normas constitucionais ou para a integração de eventuais lacunas existentes;
Costume contra constitutionem: surge no sentido oposto ao de uma norma da constituição formal. Não pode ser considerado como fonte. Cedem quando em conflito com a norma escrita.
Os costumes constitucionais diferenciam-se dos demais costumes por seu conteúdo referente aos direitos fundamentais, à estrutura do Estado e à organização dos poderes, temas próprios das Constituição e não das leis. 
CRIAÇÃO JUDICIAL DO DIREITO
A jurisdição tem assumido, gradativamente, um lugar de destaque no âmbito das fontes. Na América Latina e na Europa, “as decisões dos tribunais constitucionais passaram a considerar-se como um novo modo de praticar o direito constitucional” (CANOTILHO).
A doutrina mais tradicional sustenta, com base no princípio da separação dos poderes, que os juízes têm legitimidade democrática apenas para a aplicação e não para a produção das normas. Para CANOTILHO, a controvérsia deve girar apenas em torno da extensão da criação judicial do direito, sendo sua legitimidade e imprescindibilidade indiscutíveis. Para ele, “a investigação e obtenção do direito criadoramente feita pelos juízes ao construírem normas de decisão para a solução de casos concretos constitui um dos momentos mais significativos da pluralização das fontes do direito”.
Interpretação
A participação do judiciário na criação e desenvolvimento do direito está não apenas na interpretação dos texto normativos e na concretização dos princípios, mas também nas decisões aditivas do Tribunal Constitucional nos casos de omissões inconstitucionais e de interpretação conforme a constituição (legislador positivo). O precedente desempenha um papel fundamental nas hipóteses de colisão. Esta regra pode ser generalizada e aplicada a futuros casos envolvendo as mesmas questões essenciais. 
O direito judicial com força de lei ou com força de ato normativo revela-se nas decisões do STF no controle abstrato de constitucionalidade (CF, art. 102, § 2°) e na aprovação de enunciados de súmula vinculante (CF, art. 103-A). Em ambos os casos, o poder normativo é inquestionável, ainda que submetido a parâmetros estabelecidos pela CF e ainda que os efeitos não sejam diretamente direcionados às relações intersubjetivas. Na declaração abstrata de inconstitucionalidade, a principal função do Tribunal consiste na aplicação da constituição. No entanto, quando o Tribunal atua como legislador negativo, fica também evidenciada a criação de um direito, isto porque “anular uma lei é estabelecer uma norma geral” (Kelsen).
Portanto, temos o Judiciário como:
Legislador positivo, quando prolata decisões aditivas, nos casos de omissão inconstitucional;
Legislador negativo, quandodeclara a inconstitucionalidade de uma norma, retirando-a do sistema.
Integração (=/= fonte do direito) 
A criação judicial pode ser suscitada na utilização da analogia como meio de integração. Para tanto, a semelhança entre os casos deve ser relevante, ou seja, “onde houver o mesmo motivo, há também a mesma disposição do direito”. Esta é a analogia legis.[2: Em Latim, ubi eadem ratio , ibi eadem jus.]
Na analogia juris, a norma não é retirada de um caso singular, mas abstraída de todo o sistema ou de parte dele. Assim, na decisão de um caso não regulamentado, não ocorre propriamente a criação de uma nova norma, mas a sua descoberta dentro do ordenamento jurídico.
Apesar de haver referências à analogia como fonte do direito, a rigor, ela consiste em um procedimento de autointegração por meio do qual os operadores do direito encontram, dentro do próprio sistema, a solução para o caso não regulamentado.
A doutrina como fonte de produção indireta do direito
A doutrina não pode ser considerada fonte primária de produção do direito. Todavia, é inegável o caráter persuasivo de critérios metodológicos em torno dos quais há certo consenso doutrinário (constrangimento metodológico).
CONSTITUCIONALISMO
CONCEITO
Movimento social, político e jurídico, cujo objetivo principal é limitar o poder do Estado por meio de uma Constituição. O conceito, criado por Gomes Canotilho, é compatível com o constitucionalismo moderno.
O constitucionalismo está ligado a uma ideia bastante antiga: a existência de uma constituição nos Estados. Caracteriza-se pela “limitação do governo pelo direito” (MCILWAIN). Costuma ser designado como “a técnica da liberdade, isto é, como a técnica jurídica por meio da qual os direitos fundamentais são garantidos em face do Estado” (MATTEUCCI).
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO CONSTITUCIONALISMO
Idade antiga
	Segundo Karl Lowenstein, encontram-se antecedentes históricos do constitucionalismo na idade antiga, com destaque para (i) o Estado hebreu, (ii) a Grécia, (iii) Roma e a Inglaterra.
Estado hebreu
É a primeira experiência constitucional de que se tem notícia. Por ser um Estado teocrático, o dogmas religiosos consagrados na bíblia funcionavam como limites ao poder político. As principais características eram:
Leis não escritas ao lado dos costumes;
Forte influência da religião;
Predomínio dos meios de constrangimento;
Julgamento com base em soluções dadas em conflitos anteriores (precedentes judiciários).
Grécia
Foi um Estado político plenamente constitucional (Constituição de Sólon). Suas principais características eram:
Constituição não escrita;
Supremacia do Parlamento;
Modificação das proclamações constitucionais por atos legislativos ordinários;
Irresponsabilidade governamental dos detentores do poder;
Existência de ação que é o antecedente mais antigo do controle de constitucionalidade.
Roma
O termo constitutio era utilizado em sentido bem diferente do moderno, para designar normas editadas pelos imperadores com valor de lei. A democracia romana foi responsável pelos modelos conceituais de principado e res publica.
Constitucionalismo da Idade Média
Inglaterra
O Rule of Law possui papel de destaque na concepção de constitucionalismo. Ao contrário da revolução francesa, que buscava a criação de um novo Estado, a Revolução Inglesa (Glorious Revolution) pretendia manter e reforçar direitos e privilégios.
A subordinação do governo ao direito só foi possível na Inglaterra graças à independência dos juízes em relação ao poder político e, sobretudo, pelo sistema common law, baseado em precedentes judiciais. 
A principal característica é o parlamento, formado por partidos políticos: os Tories, composto por proprietários rurais, tinham ideário conservador e eram ligados aos anglicanos. Os Whigs, por sua vez, eram defensores das doutrinas de contrato social, liberais, puritanos e tolerantes com os demais protestantes.
São as principais características:
Supremacia do parlamento;
Monarquia parlamentar;
Responsabilidade parlamentar do governo;
Independência do poder judiciário;
Carência de um sistema formal de direito administrativo;
Importância das convenções constitucionais.
	Em 1215, foi outorgada na Inglaterra pelo Rei João I (João Sem Terra) a Magna Charta, previa uma série de direitos ao povo inglês, por pressão da burguesia inglesa. Embora tenha assinado a Magna Charta, o Rei João Sem Terra não a cumpriu, assim como os reis que o sucederam.
	A Magna Charta deu origem aos seguintes institutos:
Habeas Corpus – previa o direito de locomoção, mas sem empregar o termo.
Devido processo legal – previa que ninguém será privado de sua liberdade ou de seus bens senão após julgamento segundo a lei da Terra, tornando-se o due process of law.
Constitucionalismo moderno
É compreendido entre o final do séc. XVIII e a promulgação das constituições pós-bélicas, a partir da segunda metade do século XX. Nasceu com a constituição dos Estados Unidos (1787) e a Constituição Francesa (1791), espalhando-se por toda a Europa (Espanha, Portugal) e também ao Brasil.
Constitucionalismo americano
É baseado nas concepções do filósofo inglês John Locke (“individualismo” e “liberalismo”) e do pensador político francês Montesquieu (“limitação do poder”). A ruptura com o poder central inglês ocorreu por meio da Virginia Bill of Rights e da Constitution of Virginia, em 1776, elaborada, dentre outros, por Thomas Jefferson. Após a declaração de independência, foi ratificado o Articles of Confederation and Perpetual Union, em 1777, assinado pelos 13 Estados independentes, intitulados Estados Unidos da América. Em 1787, o ACPU foi substituído pela constituição norte-americana, em vigor até os dias atuais.
A constituição norte-americana contribuiu para a consagração da supremacia da constituição e a garantia jurisdicional. Suas principais inovações e características foram:
Primeira constituição escrita e rígida;
Supremacia da constituição;
Controle judicial de constitucionalidade (1803);
Forma federativa de Estado;
Sistema presidencialista;
Forma republicana de governo;
Regime político democrático;
Rígida separação e equilíbrio entre os poderes estatais;
Fortalecimento do Poder Judiciário;
Declaração de direitos da pessoa humana.
Constitucionalismo francês
É permeado por duas ideias básicas: a garantia dos direitos e a separação dos poderes. O principal precedente foi o art. 16 da Declaração Universal dos direitos do homem e do cidadão, de 1789, o qual estabelece que “toda sociedade na qual não é assegurada a garantia dos direitos, nem determinada a separação dos poderes, não possui Constituição”.
A doutrina francesa sofreu forte influência do constitucionalismo inglês, a ponto de Montesquieu dedicar um capítulo de seu livro “De l’Espirit dês Lois” ao sistema inglês. No entanto, a dificuldade de compreensão da lógica do sistema inglês (normas baseadas nos costumes, fontes diversas e incertas etc.) aproximaram a constituição francesa da norte-americana (escrita, consolidada em um único documento), cuja fonte inspiradora era o sistema inglês. Daí a peculiar influência recíproca no desenvolvimento dos sistemas francês e norte-americano.
A concepção do constitucionalismo francês pós revolução francesa era estabelecer, no texto constitucional, o modelo econômico e ação do Estado em diversas esferas (saúde, educação, trabalho etc.), resultando em 402 artigos, contra apenas 7 da constituição norte-americana.
Principais características:
Manutenção da monarquia constitucional;
Limitação dos poderes do rei;
Consagração do princípio da separação dos poderes, embora sem o rigor adotado nos EUA;
Distinção entre poder constituinte originário e derivado.
Ciclos constitucionais
	Outra forma de estudar a evolução histórica das constituições é a forma cronológica. Vejamos:
Constituições revolucionárias setecentistas (1787-1799)
1789 – Constituição promulgada em 1791: apesar da curtíssima duração, inspirou as constituições espanhola (1812), italiana (1821) e norueguesa (1814);1793 - Constituição jacobina: praticamente sem aplicação, resultou da divisão da burguesia em Girondinos (de direita, pelo fim da Revolução), Jacobinos (de esquerda, pró-revolução) e os burgueses sem definição polícia (de centro). Nasce a nomenclatura “Direita, centro e esquerda”, posição relativa ao presidente da mesa da presidência da Convenção Nacional.
1795 – Constituição do Diretório: resultado do compromisso entre monarquistas e os jacobinos mais moderados.
Constituições napoleônicas (1799-1815)
1799 – 1ª Constituição Napoleônica: implantou o Consulado (conselho composto por 3 cônsules e presidido por Napoleão) e retomou os princípios do Ancien Régime.
1802: nomeou Napoleão Cônsul vitalício (Senatoconsulto);
1804: criou o Império (até 1814).
Constituições legitimadoras da restauração (1815-1830)
O terceiro ciclo consagra a forma monárquica de governo. A monarquia absoluta dá lugar à Monarquia limitada. Surgem, em diversos Estados, as câmaras legislativas. Fazem parte deste ciclo as constituições da Suécia (1809), da França (1814) e dos estados tedescos após a formação da Confederação germânica de 1815.
Constituições liberais (1830-1848)
Foram inspiradas na doutrina liberal, especialmente na Carta de Luís Felipe, 1830 na França, e no Reform Act, em 1832 na Grã-Bretanha, o qual marcou a fase democrática do direito constitucional inglês (ampliação do direito de sufrágio).
A constituição belga de 1831 restringiu os poderes do rei àqueles conferidos pela nação, adotou o sistema parlamentarista e instituiu duas câmaras legislativas com mandato eletivo.
Constituições democráticas (1848-1918)
Entre a segunda metade do século XIX e o início do século XX, surgem na Europa diversas constituições com o objetivo de admitir progressivamente no poder todas as classes sociais (direito de sufrágio + regras parlamentares). Neste período, encontram-se as constituições dos seguintes países: 
França (1848);
Dinamarca (1848, 1866 e 1915);
Holanda (1887);
Luxemburgo (1848, 1868, 1919).
Na Suíça e na Alemanha, surgem as constituições federais.
Constituições sociais
Teve início pouco antes do fim da I Grande Guerra (1918). O constitucionalismo social surgiu em oposição à igualdade formal estabelecida pelas constituições liberais. Patrões e empregados eram tratados em situação de igualdade, sem considerar o desequilíbrio econômico e social das relações. Assalariados e camponeses passaram a exigir a garantia de direitos relacionados às relações de trabalho, à educação e à assistência aos hipossuficientes. Este foi o momento de ampliação do papel do direito, que passa a ser uma ferramenta de promoção do bem comum. Nesta fase, o Estado abandona sua postura abstencionista, passando a intervir nas relações sociais, econômicas e laborais. O Estado se transforma em um prestador de serviços, fazendo surgir a noção de Estado social. 
A constituição mexicana de 1917 foi a primeira a incluir os direitos trabalhistas, tais como jornada de trabalho, salário mínimo, idade mínima para o trabalho, previdência social, proteção à maternidade etc. 
Na Europa, não existiam constituições democráticas até os primeiros anos do século XX. Em 1919, surge na Alemanha a Constituição de Weimar (nome da cidade), a qual consagrou direitos econômicos e sociais relacionados ao trabalho, educação e seguridade social. São os direitos de segunda geração (ou dimensão), ligada à igualdade material. Nesse período, surge na Europa o controle concentrado de constitucionalidade, concebido por Hans Kelsen e incorporado à constituição austríaca de 1920. Kelsen acabou expulso do Tribunal Constitucional. 
Um grave problema das constituições é que os mandamentos constitucionais do período eram desprovidos de normatividade, não sendo admitidos na prática judicial como norma de decisão de litígios e, muito menos, como parâmetro para declaração de inconstitucionalidade de leis. O caráter vinculante de um preceito constitucional só era alcançado mediante sua regulamentação por lei. Não significa, contudo, uma total ineficácia da Constituição, haja vista a possibilidade de realização voluntária de seus comandos sem a necessidade de intervenção judicial. 
Constituições da democracia racionalizada (1919-1937)
Surgiu a partir do fim de grandes impérios (Áustria, Alemanha, Turquia e Rússia), com a formação de diversos Estados menores. Suas constituições eram excessivamente teóricas e de pouco resultado prático, resultando em insatisfação e em soluções mais ou menos autoritárias. Chegaram a ficar conhecidas como as constituições dos professores. Exemplos: Constituição de Preuss (Alemanha) de 1919, da Áustria (1920) e de Posada, na Espanha (1931).
Constituições autoritárias (1919-1937)
Eram constituições que mascaravam regimes autoritários, vigentes nos seguintes países:
Alemanha (nacional-socialista);
Itália (fascista);
Espanha (sete leis orgânicas);
Portugal (criada por Salazar e aprovada por plebiscito em 1933).
Constitucionalismo contemporâneo (neoconstitucionalismo)
Surgiu após a Segunda Guerra Mundial (marco histórico), fruto do pós-positivismo (marco filosófico), tendo como marco teórico a “força normativa da Constituição” e por objetivo a busca por uma maior eficácia da Constituição, principalmente dos direitos fundamentais. O positivismo considerava “lei” e “direito” palavras sinônimas, de forma que um juiz cumpria determinações legais de esterilização de doentes mentais por considerar-se mero executor da lei.
Consequências práticas do neoconstitucionalismo
Maior eficácia dos princípios constitucionais – os princípios constitucionais deixam de ser meros objetivos a serem alcançados pelo Estado e pela sociedade e passam a ter força normativa, atuando como parâmetro para as normas. Exemplificando, o STF decidiu pelo direito de casamento aos casais homoafetivos, com base no princípio da dignidade da pessoa humana.
A efetividade da constituição leva inclusive à consagração de princípios implícitos, isto é, princípios não escritos expressamente na Constituição (ex: direito de não produzir prova contra si mesmo).
Maior eficácia dos direitos fundamentais – a eficácia que se dá hoje, com a relevância do mandado de injunção, por exemplo. 
Maior ativismo do Poder Judiciário – o guardião da Constituição Federal – o STF – passa a atuar com maior força com o objetivo de dar efetividade aos direitos fundamentais (ex: determinar a criação da defensoria pública, sob pena de multa).
CONCEITOS DE CONSTITUIÇÃO
Sentido sociológico de constituição
	De Autoria de Ferdinand Lassale, Constituição não é uma folha de papel, isto é, um mero documento. Constituição é a soma dos fatores reais de poder que emanam da população. Para Lassale, todo agrupamento humano tem relação de poder militar, econômico, religioso etc. Essas relações sociais de poder é que para Lassale formam a Constituição. Assim, se todo povo tem relação de poder, logo, todo Estado tem uma Constituição.
Sentido político de constituição
	Considerada pela doutrina uma decisão posicionista, Karl Schimitt defende que Constituição é uma decisão política fundamental e não mero documento. Carl Schimitt diferenciava Constituição (decisão política fundamental) de lei constitucional (ato normativo que pode refletir ou não a Constituição e pode incluir outros temas). Essa divisão tem uso no Brasil, quando a doutrina divide as normas constitucionais em normas materialmente constitucionais (organização do Estado, direitos fundamentais, aquisição do poder etc.) e normas formalmente constitucionais (federalização da Colégio Pedro II).
Sentido jurídico de constituição
	Desenvolvido por Hans Kelsen, o sentido jurídico se divide em positivo e negativo. No sentido jurídico-positivo, Constituição é a lei mais importante de todo o ordenamento jurídico e o pressuposto de validade de todas as leis, ou seja, para que uma lei seja válida, precisa ser compatível com a Constituição. Para Kelsen, a norma jurídica inferior obtém sua validade na norma superior, até chegar na Constituição. Para tentar explicaro fundamento de validade da constituição, Kelsen atribuiu à Constituição o sentido lógico-jurídico, segundo o qual acima da Constituição há uma norma não escrita (norma fundamental hipotética), cujo único mandamento é “obedeça a Constituição”.
	Constituição Federal
	Tratados internacionais sobre DH aprovados na forma do art. 5°, § 3°, da CF/88[3: Art. 5° (...) § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. Até o momento, só um tratado sobre Direitos Humanos foi aprovado na forma do art. 5° § 3°: a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (Decreto Legislativo nº 186/08 e Decreto nº 6.949/09)]
	Tratados internacionais sobre DH aprovados na forma do artigo 84 da CF/88[4: Exemplo: Pacto de San José da Costa Rica]
	Leis ordinárias, complementares, delegadas, medidas provisórias, tratados internacionais gerais
	Atos infralegais
ELEMENTOS DAS CONSTITUIÇÕES
	Os elementos das constituições são cinco:
Elementos Orgânicos – São os elementos que organizam a estrutura do Estado. Exemplos na CF/88: art. 2° (Poderes); art. 18 (federação).
Elementos limitativos – são aqueles que limitam o poder do Estado, fixando direitos à população. Exemplos na CF/88: os direitos fundamentais previstos no art. 5°, tais como a inviolabilidade do domicílio (XI).
Elementos sócio-ideológicos – são os elementos que fixam a ideologia estatal. Exemplos na CF/88: art. 1° (Fundamentos da República); art. 4° (princípios que regem as relações internacionais); 
Elementos formais de aplicabilidade – auxiliam na aplicação de outros dispositivos constitucionais. Exemplos na CF/88: art. 5°, § 1° (“As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata”). Em razão desse dispositivo é que o mandado de injunção tem aplicabilidade imediata, apesar de não existir lei regulamentadora até hoje (o STF utiliza a Lei n° 12.016/09 por analogia).
Elementos de estabilização constitucional – são os dispositivos que buscam a estabilidade em caso de tumulto institucional. Exemplos na CF/88: intervenção federal (art. 34); estado de defesa (art. 136); estado de sítio (art. 137 e ss.).
ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO
Preâmbulo
	Não é obrigatório na estrutura da Constituição, embora seja uma tradição no Brasil, e não é norma constitucional (STF). Sua natureza é política e não jurídica. Em razão disso, o preâmbulo não é norma de repetição obrigatória nas constituições estaduais, nem pode ser parâmetro em controle de constitucionalidade. 
Parte permanente
	Compreende os artigos 1° a 250 da Constituição Federal, sendo assim chamada em contraponto ao ADCI, por não ter prazo determinado de vigência. “Parte permanente” não se confunde com “parte imutável”.
Adct
	Os dispositivos do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias têm natureza constitucional (STF).
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES
Quanto ao conteúdo	
Constituição material – é aquela que possui apenas matéria constitucional no diploma.
Constituição formal – contém tanto matéria constitucional quanto matérias que poderiam ter sido tratadas em leis (ex: Colégio Pedro II). A CF/88 é formal.
Quanto à forma
Constituição escrita – é documento solene. Todas as constituições brasileiras foram escritas.
Constituição não-escrita – também chamada de constituição costumeira, é fruto dos costumes de uma sociedade. Exemplo: Constituição da Inglaterra.
Quanto ao modo de elaboração
Constituição dogmática – é fruto de um trabalho legislativo específico, ou seja, resultado da reunião de uma assembleia constituinte, refletindo os dogmas de um determinado momento da história em que foi aprovada. Todas as Constituições brasileiras foram dogmáticas.
Constituição histórica – fruto de uma lenta evolução histórica (ex: Inglaterra)
Quanto à origem
Constituição promulgada – é a constituição democrática, feita pelos representantes do povo. No Brasil, foram promulgadas as constituições de 1891, 1934, 1946 e 1988.
Constituição outorgada – é a constituição imposta ao povo pelo governante (Carta Constitucional). No Brasil, foram outorgadas as constituições de 1824, 1937 e 1967, além da EC n° 1/69.
Constituição Cesarista/Bonapartista – é feita pelo governante e submetida à apreciação do povo mediante referendo. 
Constituição pactuada ou dualista – fruto de acordo entre duas forças políticas de um país.
Quanto à extensão
Constituição sintética – é a constituição concisa, resumida, que trata apenas dos temas principais. Exemplo: Constituição dos EUA.
Constituição analítica – é a constituição extensa, prolixa, analítica, tratando de inúmeros temas. 
Quanto à função
	Esta classificação foi formulada por Canotilho
Constituição garantia – é aquela que se limita a fixar os direitos e garantias fundamentais os direitos e garantias fundamentais. 
Constituição Dirigente – além de prever os direitos e garantias fundamentais, fixa metas estatais, isto é, uma direção para o Estado seguir (sobre saúde, educação etc.).
Quanto à ideologia
Constituição ortodoxa – é aquela que fixa uma única ideologia estatal (ex: China, URSS);
Constituição eclética – combina ideologias diversas. Exemplo: o pluralismo político como um dos fundamentos da RFB.
Quanto à sistematização
Constituição unitária ou codificada – é aquela formada por um único documento.	
Constituição variada – é formada por mais de um diploma. 
A Constituição brasileira costumava ser classificada como unitária. Porém, com o advento da EC n° 45/04, o art. 5°, § 3° deu status de norma constitucional aos tratados internacionais sobre direitos humanos. Portanto, o correto é afirmar que desde 2004 o Brasil tem uma constituição variada.
Quanto ao sistema
Constituição principiológica – é aquela que possui mais princípios que regras, isto é, predominam os princípios. 
Constituição preceitual – é aquelas que possui mais regras que princípios, ou seja, predominam as regras.
Para Paulo Bonavides, a Constituição brasileira é principiológica. 
Quanto à essência da constituição
	Também chamado de critério ontológico, segundo a classificação desenvolvida por Karl Loewenstein, a Constituição pode ser:
Constituição semântica – é que esconde a dura realidade de um país, sendo comum em regimes ditatoriais; é “a camisa que esconde as cicatrizes”.
Constituição nominal/nominalista – é aquela que não reflete a realidade do país, preocupando-se com o futuro; é “a camisa que não serve em quem a tem”.
Constituição normativa – é aquela que reflete a realidade atual do país; é “a camisa que veste bem”. 
Quanto à origem de sua decretação
Heteroconstituição – é a constituição feita em um país para vigorar em outro país. Exemplo: Constituição do Chipre (acordo Grécia e Turquia); a primeira Constituição do Canadá.
Homoconstituição/autoconstituição – é uma Constituição feita no país para vigorar no mesmo país.
Quanto à atividade legislativa
	Visa aferir o grau de liberdade dada ao legislador ordinário pela Constituição. Nesse ponto, a Constituição pode ser:
Constituição-lei – a Constituição é tratada como uma lei qualquer, sem superioridade hierárquica.
Constituição-fundamento – também chamada de “constituição total”, é aquela que tenta entrar nos detalhes de várias instituições. Para garantir sua força, a Constituição-fundamento restringe de maneira extrema a liberdade do legislador ordinário.
Constituição-moldura/quadro – fixa os limites de atuação do legislador ordinário.
Segundo Raul Machado Horta
Constituição expansiva – é aquela que trata de novos temas e amplia temas tratados por constituições anteriores (ex: vedação à prova ilícita; sigilo de fonte).
Constituição plástica – permite sua ampliação e regulamentação por meio da legislação infraconstitucional (ex: “lei complementar disporá sobre..”)
A Constituição brasileira classifica-se como expansiva e plástica simultaneamente.
Segundo Marcelo Neves
Constituiçãosimbólica – o simbolismo da Constituição é maior que seus efeitos práticos. A CF/88 é assim classificada pelo autor, pois contém um número exagerado de normas programáticas e dispositivos de elevada abstração e pouca aplicabilidade.
[Não há outro].
Quanto ao conteúdo ideológico 
	Desenvolvida por André Ramos Tavares, classifica as Constituições em:
Constituição liberal – prevê apenas direitos individuais (1ª dimensão). O Estado tem o dever de abstenção. Foi assim a Constituição de 1824.
Constituição social – prevê também os direitos sociais (de 2ª dimensão). O Estado tem o dever principal de atuação. 
Segundo jorge miranda
Constituição provisória – também chamada de pré-constituição, é aquela destinada a durar por pouco tempo. O Brasil teve o Decreto n° 01/1889, vigente durante a transição entre a monarquia e a república.
Constituição definitiva – é aquela que permanece em vigor até que outra a revogue.
Constituição balanço ou registro
	Durante a existência da URSS, uma nova constituição era feita, sendo modificada após a realização de um balanço sobre a sua efetividade.
Constituição em branco
É a Constituição que não prevê regras ou limitações ao poder constituinte reformador. 
Quanto à rigidez
Constituição imutável – é aquela que não pode ser modificada. Foi o caso da Constituição de 1824, que proibiu a modificação de seu texto nos quatro anos seguintes à sua edição.
Constituição rígida – sua alteração só pode ser feita por processo mais rigoroso e dificultoso que as leis ordinárias. Parte da doutrina entende que a Constituição de 1988 é super rígida, pois, além do processo mais rigoroso de modificação, possui um conjunto de matérias que não podem ser suprimidas.
Constituição semirrígida – parte dela é rígida e parte é flexível.
Constituição flexível – sua modificação segue o mesmo rito das leis ordinárias. Países que adotam constituição flexível não têm mecanismo de controle de constitucionalidade. 
CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA
A Constituição Federal de 1988 é:
Formal
Escrita
Dogmática
Promulgada
Analítica
Dirigente
Variada
Principiológica
CLÁUSULAS PÉTREAS
	Nos termos do artigo 60, § 4°, da Constituição Federal, “Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir”:
I - a forma federativa de estado 
	O Brasil é uma federação, isto é, a união de vários Estados, cada qual com uma parcela de autonomia. O § 4° não exige a completa abolição da forma federativa, bastando que a Emenda Constitucional retire excessivamente determina prerrogativa dos Estados (ex: retira diversas competências).
	O presidencialismo, sistema de governo, não é cláusula pétrea. A República, embora não protegida expressamente na Constituição, é cláusula pétrea implícita, conforme entendimento do STF e da grande maioria da doutrina, com fundamento no inciso II (voto direto e periódico).
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
	O voto direto é aquele em que o povo escolhe diretamente seus representantes, sem intermediários. Exceção: se o presidente e o vice-presidente deixarem o cargo nos dois últimos anos de seus mandatos, o Congresso Nacional elegerá novo Presidente e Vice-Presidente para cumprir o restante do mandato.
	O voto secreto substituiu o chamado voto de bico de pena, voto aberto vigente durante a República Velha.
	O voto universal consiste no direito de todos poderem votar, mediante o preenchimento de requisitos mínimos (idade e alistamento eleitoral).
	O voto obrigatório não é cláusula pétrea.
III - a separação dos poderes;
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
	Uma Emenda Constitucional não poderá suprimir ou reduzir (“tendente a abolir”)a independência de um dos poderes para subordiná-lo a outro Poder. 
	A constitucionalidade do Conselho Nacional de Justiça foi questionada perante o STF, que julgou que o CNJ não fere a separação dos Poderes. Para o STF, o CNJ não é órgão de controle externo do Poder Judiciário, pois ele integra o Poder Judiciário (art. 92, inciso I-A), e que a composição heterogênea do CNJ, com advogados e membros do Ministério Público, não é novidade na Constituição Federal, que antes da EC n° 45/04 já previa o “quinto constitucional” e a nomeação de não magistrados para o próprio STF.
IV - os direitos e garantias individuais
	O Supremo Tribunal Federal já decidiu que os direitos e garantias individuais não são somente os contidos no artigo 5° da Constituição Federal. Para a Corte, também são cláusulas pétreas os seguintes direitos individuais, situados fora do artigo 5°:
Anterioridade tributária (art. 150, inciso III) – a anterioridade tributária foi considerada cláusula pétrea pelo STF. [5: ADI 939, Rel. Min Sidnei Sanches. Julgou inconstitucional o IPMF (ancestral da CPMF), por ter violado o princípio da anterioridade.]
Anterioridade eleitoral – segundo o artigo 16 da CF, “a lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência”. 
Direitos sociais – são cláusulas pétreas, segundo decidiu o STF.
Questiona-se atualmente se o artigo 228 da Constituição Federal, que estabelece que “são penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial”. A matéria ainda não foi debatida no STF.
PODER CONSTITUINTE
INTRODUÇÃO
Conceito
	Poder constituinte consiste no poder de criar e a competência para reformar a Constituição.
Teoria do poder constituinte
	A teoria do Poder Constituinte foi desenvolvida pelo Padre Emanuel Joseph Seyès (pronuncia-se “Si-iê-iê”), no livro “O que é o Terceiro Estado?” (1789). O “Terceiro Estado” refere-se ao povo. A partir dessa obra, o titular do poder constituinte passa a ser o povo, que exerce a titularidade indireta.
ESPÉCIES DE PODER CONSTITUINTE
Poder constituinte originário
	Também chamado de poder de 1º grau, é o poder de criar uma Constituição. O poder originário pode ser:
Histórico: cria a primeira Constituição de um país.
Revolucionário: cria uma nova Constituição, rompendo com a anterior.
Características do poder constituinte originário
	São características do poder constituinte originário ser:
Inicial – antecede o ordenamento jurídico. Por isso, a doutrina firma que o poder constituinte originário é um poder de fato, pois não se funda em norma.
Incondicionado – pode ser exercido por qualquer meio. Ex: por assembleia, revolução, plebiscito, referendo etc.
Permanente - também chamado de latente, o exercício do poder originário não impede o povo de exercê-lo novamente no futuro.
Ilimitado? – a doutrina diverge a respeito, dividindo-se em duas correntes:
Corrente positivista (clássica) – o poder originário é ilimitado, pois não possui limite nenhuma outra lei.
Corrente pós-positivista (moderno) – poder originário encontra limites extralegais: (i) o direito natural, como a liberdade; (ii) uma nova Constituição não poderá retroceder na tutela dos direitos fundamentais (um dos aspectos da proibição do retrocesso).
Poder constituinte derivado
	Também chamado de poder constituinte instituído e poder constituinte de 2º grau, divide-se em:
Poder derivado reformador
É o poder de alterar a Constituinte existente. Tem como características ser:
Secundário – tem sua origem e fundamento na própria Constituição. É um poder de direito e não de fato.
Condicionado – deve ser exercido na forma pré-estabelecida na Constituição. A reforma é gênero, da qual são espécies:
Revisão constitucional (art. 3° do ADCT – norma de eficácia exaurida) – deveria ser feita pelo menos cinco após a promulgação da CF/88, com quorum específico de maioria absoluta e em sessão unicameral (não se confunde com a sessão conjunta do Congresso Nacional), submetida aos mesmos limites da Emenda. Não é possível uma nova revisão, são limitações (cláusulas pétreas) implícitas, porque o poder constituinte derivado não pode modificar a forma de alteração da própria Constituição. [6: Na sessãounicameral, os votos dos Deputados e Senadores são contados sem distinção. Já na sessão conjunta, os votos dos Deputados e dos Senadores são contados separadamente.]
Emenda Constitucional (art. 60, caput, da CF) – a Emenda Constitucional pode ser proposta (rol taxativo)
Por 1/3 de Deputados ou Senadores;
Do Presidente da República (única participação no processo legislativo da EC);
Mais da metade das Assembleias Legislativas (14), por maioria simples.
Não é possível PEC de iniciativa popular.
Esse rol é taxativo, não podendo ser ampliado por Emenda Constitucional.
Para ser aprovada, o PEC deve ser aprovado, em dois turnos em cada Casa, por 3/5 dos membros de cada Casa (art. 60, § 2°). Aprovada a PEC, ela será promulgada pelas Mesas da Câmara e do Senado, conforme art. 60, § 3° (não confundir com a derrubada de veto presidencial, que é feita pela Mesa do Congresso Nacional).[7: É formada pelo Presidente, 1º Vice-Presidente, 2º Vice-Presidente, 1º Secretário etc., eleitos pela Casa. ][8: Art. 10 (...) § 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.][9: É formada pela combinação das Mesas da Câmara e do Senado e presidida pelo Presidente do Senado Federal.]
A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa, isto é, no mesmo ano (não confundir com a legislatura, que dura 4 anos, nem com período legislativo, que dura um semestre). Não é preciso aguardar um ano (doze meses) para reapresentar o projeto de EC, bastando que mude a sessão legislativa.
A Constituição Federal não poderá ser emendada durante (art. 60, § 1°):
Intervenção Federal – a intervenção do Estado membro no Município não impede a reforma da constituição.
Estado de defesa (art. 136);
Estado de sítio (art. 137).
Poder derivado decorrente[10: Parte minoritária da doutrina não reconhece esse poder, considerando-o mera competência (ex: Celso Bastos).]
É o poder que cada Estado da Federação possui para elaborar sua própria Constituição. Para o STF, o Distrito Federal também possui o poder constituinte derivado decorrente, exercido pela elaboração de sua lei orgânica. Já os Municípios não têm poder constituinte decorrente, pois a elaboração da lei orgânica do Município é uma mera competência legislativa.
As características do poder decorrente, exercido pelos Estados membros, assemelham-se às características do poder derivado reformador, com algumas peculiaridades. Vejamos:
É secundário – tem origem e fundamento na Constituição (poder de direito e não poder de fato);
É condicionado – possui formas preestabelecidas de manifestação, isto é, já está previsto na Constituição Federal como o poder decorrente será exercido (por uma Constituição Estadual).
É limitado – seus limites estão na Constituição Federal, através dos seguintes princípios:
Princípios sensíveis: criado por Pontes de Miranda, compreendem princípios que, se violados, autorizam a intervenção federal. São os previstos no art. 34, inciso VII:
Forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
Direitos da pessoa humana;
Autonomia municipal;
Prestação de contas da administração pública, direta e indireta;
Aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.
Princípios estabelecidos: são regras previstas na Constituição Federal especificamente para os Estados membros. Ex: regras sobre a criação de novos Municípios (art. 18, § 4°), competências (art. 25, § 1°).
Princípios extensíveis: são regras aplicadas a toda a federação e que, por extensão, também se aplicam aos Estados membros. São as chamadas normas de repetição obrigatória. Distingue-se dos princípios Estabelecidos pela generalidade. Exemplo: processo legislativo estadual deve observar as regras do processo federal.
Poder constituinte supranacional
	É o poder de elaborar uma só constituição para vários países. Houve a tentativa na União Europeia, porém sem sucesso.
Poder constituinte difuso
	É conhecido como mutação constitucional, consiste no poder de alterar o sentido, a interpretação da Constituição sem alterar o seu texto. É um poder de fato e não de direito, porque não é regulamentado. Diz-se difuso porque pode ser feito por qualquer intérprete da Constituição Federal. A mutação constitucional pode se dar por:
Mudança da interpretação da Constituição. Exemplificando, o conceito de “casa”, como “asilo inviolável” (art. 5°, inciso XI, da CF/88), vem sendo revisto pelo STF desde a promulgação da CF/88 para abranger o local de trabalho, o quarto de hotel ocupado, o quarto de motel ocupado, o trailer etc. Note que a revisão dessa interpretação não alterou a redação do texto constitucional.
Construção constitucional. Exemplificando, a “teoria brasileira do habeas corpus” estendeu o instituto previsto na Constituição de 1891 à violação de todo e qualquer direito pelo Estado e não apenas a o direito de ir e vir.
Praxe constitucional – a Constituição se modifica pela adoção reiterada de procedimentos contrários a ela. Ocorreu durante o segundo império, quando Dom Pedro II instituiu informalmente o sistema parlamentarista no Brasil.
LIMITAÇÕES AO PODER DE REFORMAR A CONSTITUIÇÃO
	As limitações se dividem em (i) materiais, (ii) circunstanciais, (iii) formais, (iv) temporais e (v) implícitas.
Limitações materiais	
Art. 60 (...)
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.
Limitações circunstanciais
Art. 60 (...)
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
	São circunstâncias nas quais não se pode alterar a constituição.
Limitações formais
Art. 60 (...)
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.
	Estão consubstanciadas no processo mais rigoroso para modificação (ex: quórum, votação em dois turnos).
Limitações temporais
	É o período de tempo durante o qual não se pode alterar a Constituição Federal. Prevalece que a Constituição Federal de 1988 não contêm limitações temporais, pois podia ser emendada tão logo fora promulgada.
Limitações implícitas na constituição
	Prevalece o entendimento de que não se pode modificar o processo de alteração da Constituição Federal. 
APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS
	As normas constitucionais variam conforme a sua eficácia, isto é, a possibilidade de produção de efeitos concretos. As normas constitucionais receberam diversas classificações.
Classificação norteamericana
	Foi a primeira classificação das normas constitucionais adotada no Brasil, trazida por Rui Barbosa. Divide as normas em:
Normas constitucionais autoexecutáveis – produzem todos os seus efeitos sem precisar de complemento.
Normas constitucionais não-autoexecutáveis – produz poucos efeitos enquanto não for complementada.
Classificação italiana
	É a classificação amplamente adotada no Brasil, trazida pelo Prof. José Afonso da Silva. Divide as normas constitucionais quanto à eficácia em: (i) plena; (ii) contida; e (iii) limitada. Autores modernos acrescentam às três espécies mais duas normas: (iv) absoluta; (v) exaurida.
Norma constitucional de eficácia plena
	É a norma que produz todos os seus efeitos, sem precisar de complemento. Exemplos: art. 18, § 1° - “Brasília é a Capital Federal”; art. 57, caput – “O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal,de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro”.
Norma constitucional de eficácia contida
	Também chamada de norma de eficácia redutível e norma de eficácia restringível, ela também produz todos os seus efeitos desde logo, mas autoriza que lei infraconstitucional limite o seu alcance. Exemplo: artigo 5°, inciso XIII – “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”. O Estatuto da OAB condiciona o bacharelado em Direito e a aprovação em exame de ordem para exercer a advocacia – o STF, ao julgar a constitucionalidade do exame, concluiu que “no que a atuação profissional repercute no campo de interesse de terceiros, mostra-se consentâneo com a Constituição Federal, que remete às qualificações previstas em lei”. 
	A “contenção” da norma constitucional tem limites. Segundo o STF, a lei não pode restringir excessivamente a norma constitucional, a ponto de ferir seu núcleo essencial. No exemplo do exame de ordem, a lei não poderia limitar o número de exames a que o bacharel em direito tem direito, cassando-lhe o direito de exercer a advocacia se não obtida a aprovação. Duas teorias explicam o núcleo essencial:
Teoria absoluta – faz-se uma análise abstrata e prévia da norma constitucional, identificando quais são seus aspectos irredutíveis, ou seja, a análise é feita sobre a lei em tese.
Teoria relativa (prevalece) – o núcleo essencial das normas constitucionais é identificado diante de um caso concreto, verificando-se se a restrição ocorrida é razoável e proporcional.
Aplicando a teoria relativa, o STF decidiu que a exigência de diploma de jornalismo para a prática de atividades jornalísticas é inconstitucional, por ferir o núcleo essencial de direitos fundamentais. [11: STF, RE 511.961/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes.]
A doutrina moderna refuta a norma de eficácia contida, por considerar que todas as normas constitucionais podem sofrer restrições infraconstitucionais, desde que razoáveis e proporcionais. A doutrina cita como exemplo a Lei n° 12.016/09 – Lei do Mandado de Segurança, que restringe a norma constitucional de eficácia plena prevista no artigo 5°, inciso LXIX, da CF/88. Outro exemplo é o aborto sentimental (art. 128, inciso II, do Código Penal).[12: Prof. Virgílio Afonso da Silva.][13: Art. 5° (...) LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;]
Norma constitucional de eficácia limitada
	É a norma constitucional que produz poucos efeitos, enquanto não regulamentada. É equivocado afirmar que ela não tem nenhuma eficácia, porque desde sua vigência: 
Impede a recepção de leis anteriores contrárias; 
Condiciona a legislação futura à sua observância;
Pode ser utilizada como parâmetro no controle de constitucionalidade.
São espécies de norma constitucional de eficácia limitada:
Normas de princípio institutivo – precisa de um complemento para produzir seus efeitos completos. Exemplos: art. 7°, inciso XI – “são direitos sociais (...) participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei” – enquanto não houver lei, a norma é inaplicável, porque faltam elementos essenciais; artigo 37, inciso VII – “o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica”; art. 153, inciso VII – autoriza a União a instituir o Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF).
A omissão do Congresso Nacional na elaboração do complemento da norma constitucional de eficácia limitada, ocorrerá a inconstitucionalidade por omissão, atacáveis por ADI-O ou por mandado de injunção, conforme o caso:
	ADI por omissão
	Mandado de injunção
	Art. 103, § 2°, da CF/88
Lei n° 9.868/99
	
Normas de princípio programático – também chamada de norma programática.
Quadro comparativo
	Norma de eficácia plena
	Produz efeitos desde logo
	E não pode ser restringido.
	Norma de eficácia contida
	Produz efeitos desde logo
	Mas pode ser restringido pela lei.
	Norma de eficácia limitada
	Produz poucos efeitos
	Enquanto a lei não a regulamentar
RESUMO DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Poder Constituinte
RESUMO DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Poder Constituinte
	
CONTROLE DE 
CONSTITUCIONALIDADE
INTRODUÇÃO
O controle de constitucionalidade só pode ser feito sobre leis editadas na vigência da Constituição Federal de 1988. As normas editadas antes da CF/88 se submetem ao fenômeno de revogação por não recepção.
A SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO
A opção pela rigidez de uma Constituição tem por principal consequência o princípio da supremacia da Constituição, do qual decorre o princípio da compatibilidade vertical das normas: uma norma só será válida se produzida de acordo com o seu fundamento de validade (a Constituição). A supremacia constitucional pode ser material, quanto ao conteúdo da norma constitucional, ou formal, próprio das constituições rígidas, referente ao processo de elaboração das normas e sua superioridade no ordenamento jurídico.
BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE
Pode ser definido como um conjunto de normas que formam os fundamentos e a base principiológica de um Estado. Em sentido estrito, são as normas formalmente constitucionais. Em sentido amplo, são todas as normas que, embora formalmente infraconstitucionais, desempenham a função de dar eficácia plena aos postulados e preceitos inscritos na Constituição. A ideia foi desenvolvida na França por Louis Favoreu.
NATUREZA DA LEI INCONSTITUCIONAL
As diferentes correntes doutrinárias definem a lei inconstitucional como ato (i) inexistente, (ii) nulo ou (iii) anulável.
Prevalece na doutrina e no STF que a lei inconstitucional é ato nulo, porque contém vício originário insanável, de forma que não cabe à Tribunal anular a norma e sim declarar a sua invalidade (nulidade). Assim, a decisão do STF tem natureza declaratória. 
Correntes minoritárias: (i) a lei inconstitucional é ato inexistente, porque uma norma que não reúne as condições básicas (reconhecimento pelos órgãos primários do sistema e edição autorizada por norma superior) não pode ser considerada existente; (ii) a lei inconstitucional é ato anulável (sistema austríaco, baseada nas lições de Kelsen), porque a lei deve considerada válida e eficaz até o pronunciamento da Corte Constitucional, que tem natureza constitutiva negativa e não natureza declaratória. Essa corrente é defendida por Marcelo Novelino como a mais correta, considerando o princípio da presunção de constitucionalidade das leis. [14: Em pergunta formulada via facebook, o professor Novelino esclareceu: “a rigor, a modulação é um procedimento característico de atos anuláveis, pois a "declaração" pura e simples, teria que ser sempre "ex tunc". Quando a modulação é feita, a decisão tem natureza constitutiva e não meramente declaratória. A única forma, a meu ver, de compatibilizar o entendimento de que a lei inconstitucional é um ato nulo (STF) e, mesmo assim, admitir a modulação, é considerar que nos casos de modulação os princípios da segurança jurídica/interesse social têm um peso maior que o princípio da nulidade e que, por isso, seria justificável modular a "declaração" da inconstitucionalidade”.]
FORMAS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
O controle de constitucionalidade das leis e atos normativos se realiza de variadas formas, por órgãos diversos e em momentos distintos. Vejamos:
Quanto à natureza do órgão, o controle pode ser:
Sistema político: é realizado por órgãos sem poder jurisdicional. A França adota o sistema político.
Sistema jurisdicional: é feito por órgãos do Poder Judiciário. Foi adotado pelo Brasil, que o tem como meio precípuo de controle, apesar de Legislativo e Executivo exercerem tal função em certos casos. 
Sistema misto:controle político e jurisdicional são exercidos, a depender do caso. Na Suiça, as lei locais se submetem ao controle jurisdicional, enquanto as leis federais ficam a cargo da Assembleia Nacional.
CONTROLE CONCRETO E CONTROLE ABSTRATO DE INCONSTITUCIONALIDADE
Controle concreto – também conhecido como controle incidental ou por via de defesa ou por via de exceção, tem por finalidade principal solucionar controvérsias envolvendo direitos subjetivos – daí porque controle concreto. O controle é feito pelo juiz antes de ingressar na questão de fato. Será necessário aferir, incidenter tantum, a questão de direito envolvendo a compatibilidade entre a lei e o parâmetro constitucional. Nessa hipótese, a verificação da constitucionalidade será um antecedente lógico, temporal e incidental para a formação do juízo de convicção acerca da controvérsia principal – por isso a expressão incidental. Já a expressão controle por via de defesa (ou por via de exceção) é tecnicamente imprecisa, já que não só como meio de defesa pode ser utilizada a alegação de inconstitucionalidade, mas também quando da propositura de certas ações, tais como habeas corpus, habeas data, mandado de segurança, mandado de injunção etc.
Controle abstrato - também chamado de controle por via de ação, controle por via direta ou controle por via principal. Diferente do controle concreto, o controle abstrato é exercido em tese (e não incide sobre um fato determinado), independentemente da existência de um caso concreto levado à apreciação do Poder Judiciário. Por isso, a ação no controle abstrato não tem partes nem questão de fato. Apesar de tais afirmações, é claro que toda divergência entre lei em tese e matéria constitucional tem origem em fatos (comunicação entre fato e norma).
PROCESSO CONSTITUCIONAL OBJETIVO E SUBJETIVO
Processo constitucional objetivo: visa precipuamente à proteção da ordem constitucional objetiva. Não tem partes nem matéria de fato a ser julgada.
Processo constitucional subjetivo: é realizado diante de um caso concreto e tem por objetivo principal a prevenção ou reparação da lesão a um direito concretamente violado. A inconstitucionalidade é simples tese de defesa.
Para CANOTILHO é impossível divorciar os processos constitucionais subjetivo e objetivo, pois que um processo sempre terá consequências próprias do outro.
CONTROLE DIFUSO E CONTROLE ABSTRATO
Controle difuso: é também conhecido como sistema norte-americano. A competência é atribuída a todos os órgãos do Poder Judiciário. Foi adotado pelo Brasil na Constituição em 1891. 
Concentrado: é também conhecido como sistema austríaco ou europeu. Foi concebido por Hans Kelsen, tendo como ideia a concentração das decisões em apenas um órgão judicial. No Brasil, o controle concentrado foi introduzido em 1965 à CF/46 (EC 16). 
A Constituição de 1988 adotou o sistema misto (ou combinado) de constitucionalidade das leis e atos normativos, cujo exercício pode ocorrer pelas duas vias (difusa e concentrada). 
ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADE
	A inconstitucionalidade por dar-se por ação ou por omissão do legislador. Toda norma declarada inconstitucional assim o foi porque continua um ou mais vícios. Tais vícios podem ser formais ou materiais. Os vícios formais podem ser orgânicos, vícios formais por violação de pressupostos objetivos do ato ou vícios formais propriamente ditos. Sintetizando hierarquicamente, fica assim:
Inconstitucionalidade por omissão
Inconstitucionalidade por ação – pode ocorrer três diferentes vícios:
Inconstitucionalidade por vício material (nomoestática).[15: Nomo significa qualidade.]
Inconstitucionalidade por vício no decoro parlamentar
Inconstitucionalidade por vício formal (no nomodinâmica) – o vício formal pode ser de três subespécies:
Vício formal orgânico
Vício formal propriamente dito
Vício formal por violação de pressupostos objetivos do ato
Os vícios podem ser formais ou materiais.
INCONSTITUCIONALIDADE POR VÍCIO FORMAL
É o vício relacionado ao ato legislativo de formação do ato normativo. Pode (i) ser orgânico, (ii) por violação de pressupostos objetivos do ato ou (iii) vício formal propriamente dito.
Vício formal orgânico
É um vício relacionado à competência federativa para legislar. Duas importantes decisões do STF versam sobre inconstitucionalidade por vício formal orgânico: (i) é constitucional lei estadual que autoriza drogarias a vender produtos não farmacêuticos; (ii) é inconstitucional lei do Estado de São Paulo que autoriza audiência judicial por videoconferência, por se tratar de norma processual, competência privativa da União (art. 22, I), e não de norma de procedimento. [16: STF - HC 90.900/SP, 30/10/2008.]
Vício formal propriamente dito
O vício formal propriamente dito divide-se em (i) subjetivo e (ii) objetivo. 
Vício formal propriamente dito subjetivo – trata-se de vício de iniciativa, ou seja, interessa saber quem foi que encaminhou o projeto de lei. Assim, se o encaminhamento do projeto se dá por autoridade incompetente segundo o texto constitucional, haverá vício de iniciativa, ou seja, vício formal propriamente dito subjetivo.
Vício formal propriamente dito objetivo – diz respeito às demais fases do procedimento legislativo. Pode se dar por quorum incompatível com a constituição, por alteração em dispositivo sem retorno à casa iniciadora.
Vício formal por violação a pressuposto objetivo – ocorre quando o procedimento não atende a pressupostos objetivos de validade. Exemplificando, a criação de um município depende de lei complementar federal autorizando-a. Se não for criada tal lei, faltará pressuposto objetivo. O STF reconheceu a violação de pressuposto objetivo em duas decisões importantes: uma relacionada à criação do município de Luiz Eduardo Magalhães/BA.[17: ADI 2240 – o STF decidiu que o Congresso Nacional deveria criar a lei complementar que estava faltando no prazo de 24 meses. A criação do município de Luiz Eduardo Magalhães, assim como outros 60 municípios criados com vício formal, acabou convalidada pela Emenda Constitucional n° 57/08.]
INCONSTITUCIONALIDADE POR VÍCIO MATERIAL
É um vício de conteúdo, de matéria. É também chamado de vício doutrinário. Toda vez que se pensar em vício material, não se analisará o procedimento, mas o conteúdo.
INCONSTITUCIONALIDADE POR VÍCIO DE DECORO PARLAMENTAR
Trata-se de uma criação do Prof. Pedro Lenza. 
Nos termos do artigo 55, § 1º, da Constituição Federal, “É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no regimento interno, o abuso das prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de vantagens indevidas”. Assim, o vício de decoro ocorre quando um projeto de lei é aprovado com violação do decoro parlamentar, seja por abuso das prerrogativas do membro, seja pela percepção de vantagens indevidas. Exemplo de norma defendida como inconstitucional por vício de decoro parlamentar é a emenda constitucional que modificou o regime previdenciário dos servidores públicos, sendo propostas três ADI fundadas no vício de decoro.
A Procuradoria-Geral da República deu a este vício o nome de vício de formação da vontade no procedimento legislativo. Nas ADIs, a PGR se manifestou pela improcedência das ADIs.
CLASSIFICAÇÕES DA INCONSTITUCIONALIDADE
Inconstitucionalidade originária e superveniente
Inconstitucionalidade originária – o ato violador é editado durante a vigência da norma constitucional.
Inconstitucionalidade superveniente – o ato é constitucional quando de sua elaboração, mas a posterior alteração do parâmetro constitucional faz com que ele se torne incompatível. A inconstitucionalidade superveniente é chamada pelo STF de não recepção e vale tanto para as leis e atos editados antes da vigência da Constituição de 1988 quanto para as leis incompatíveis com emendas constitucionais posteriores a elas.
Inconstitucionalidade direta e indireta
Inconstitucionalidade direta – existe incompatibilidade entre a norma questionada e a Constituição, sem intermediários.
Indireta – a inconstitucionalidadeserá indireta, reflexa ou oblíqua quando para saber se um ato normativo atenta contra a Constituição for necessário, primeiramente, compará-lo com outro ato normativo. 
MOMENTOS DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
	São dois os momentos de controle: (i) prévio ou preventivo; e (ii) posterior ou repressivo.
Controle prévio ou preventivo
É realizado antes da promulgação de lei ou emenda e tem por finalidade precípua evitar uma lesão à Constituição. Pode ser exercida pelos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. O controle pelo Poder Legislativo se dá por meio do controle realizado nas casas pelas comissões de constituição e justiça, as quais tem caráter permanente (art. 58 da CF). No Poder Executivo, o controle é realizado através do veto oposto pelo Presidente da República a projeto de lei. Já a emenda à Constituição, por não depender de veto para entrar em vigor, não passa por controle preventivo do Presidente da República.
O controle de constitucionalidade preventivo pelo Poder Judiciário somente poderá ocorrer por provocação de parlamentar. Só o parlamentar tem legitimidade. O controle é realizado em sede de mandado de segurança contra ato da Casa a que pertence o parlamentar, por violação de direito líquido e certo seu (v.g. deliberação de proposta de emenda tendente a abolir cláusula pétrea). Havendo perda do mandato do impetrante, o processo é extinto por ilegitimidade ad causam superveniente.
No âmbito jurisprudencial, o STF decidiu que cabe mandado de segurança contra projeto de emenda constitucional (PEC) quando for manifestamente ofensiva a cláusula pétrea. Por outro lado, no controle preventivo judicial, o STF não mais analisa conteúdo de projeto de lei, ou seja, o julgamento não ingressa no mérito, apenas na observância do procedimento. Qual é a diferença? A diferença é que o STF concorda em ingressar no conteúdo quando se tratar de PEC ofensiva a cláusula pétrea, mas não ingressa na matéria quando se tratar de Projeto de Lei, pois a discussão sobre a razoabilidade do conteúdo na fase de elaboração compete ao Poder Legislativo e não ao Judiciário. Esse comportamento visa a evitar a chamada “supremocracia”.[18: STF - MS 32.033, 20/06/2013]
O STF não pode trancar a tramitação de projeto de lei por vício no conteúdo.
Controle repressivo
O controle repressivo é realizado após a promulgação de lei ou emenda e tem por finalidade precípua fazer cessar uma lesão à Constituição, através da invalidação de leis e atos dos poderes públicos que atentem contra a supremacia constitucional. O controle repressivo pode ser exercido pelos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.
Controle repressivo pelo Poder Legislativo
No âmbito federal, o Poder Legislativo atua nas seguintes hipóteses: 
Para sustar atos do Poder Executivo que exorbitem os limites da delegação legislativa ou do poder regulamentar conferido por lei ou decreto legislativo (art. 49, V, CF); 
Para rejeitar medida provisória que (i) não atenda aos pressupostos de urgência e relevância (art. 62, § 5°); (ii) trate de matéria vedada pela Constituição às MPs (§ 1°); (iii) contenha matéria que já integrou medida provisória rejeitada na mesma sessão legislativa (mesmo ano); ou (iv) tenha perdido sua eficácia pelo decurso do prazo (art. 62, § 10).
Controle repressivo pelo Tribunal de Contas
O Tribunal de Contas, nos termos da Súmula 347 do STF, pode, no exercício de suas atribuições, “apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público”. A referida súmula é objeto de divergência doutrinária e perante o STF. Para o Ministro Gilmar Mendes, o entendimento sumulado acha-se superado. O principal fundamento do Ministro é que, à época da edição da súmula (1963), era bem reduzido o rol de legitimados para o controle abstrato de constitucionalidade, mas a realidade atual é muito diferente, com muitos legitimados, de modo que o teor da súmula não mais se justificaria.[19: “A referida regra sumular foi aprovada na sessão plenária de 13.12.1963, num contexto constitucional totalmente diferente do atual (...). A própria evolução do sistema de controle de constitucionalidade no Brasil, verificada desde então, está a demonstrar a necessidade de se reavaliar a subsistência da Súmula 347 em face da ordem constitucional instaurada com a Constituição de 1988”.]
Controle repressivo pelo Poder Executivo 	
O Chefe do Poder Executivo, tendo em conta que todos os poderes estão igualmente subordinados à Constituição, pode deixar de cumprir uma lei ou norma que considere inconstitucional, seja a norma municipal, estadual ou federal, exceto quando o STF já tiver examinado a questão e decidido que a norma não ofende a Constituição. A decisão do Chefe do Executivo deverá ser motivada e publicada. Imediatamente, o Chefe do Executivo deverá propor Ação Direta de Inconstitucionalidade contra a norma que considera contrária à Constituição Federal. 
Controle repressivo pelo Poder Judiciário
No Poder Judiciário, protagonista do controle repressivo, qualquer juiz ou tribunal, no exercício do controle difuso, poderá reconhecer a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, enquanto não houver declaração de constitucionalidade pelo STF com efeito vinculante. 
Somente a norma jurídica sancionada e publicada pode ser objeto de controle jurisdicional de constitucionalidade, conforme entendimento prevalente. Para Marcelo Novelino, no entanto, as normas cujo processo legislativo tenha sido concluído, que estejam no período de vacatio legis podem ser objeto de controle tanto concentrado-abstrato quanto difuso-concreto de constitucionalidade. Para o professor Novelino, a norma inconstitucional promulgada ou sancionada pode ser objeto de controle concentrado mesmo ainda no período de vacatio, porque a certeza de sua vigência no futuro constitui motivo suficiente para permitir o controle de constitucionalidade, em defesa do princípio do acesso à justiça, segundo o qual “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de lesão a direito” (art. 5°, inciso XXXV, CF/88).
HIERARQUIA DAS NORMAS NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO
As normas de um ordenamento jurídico costumam ser ordenadas em diferentes níveis hierárquicos. Como o direito possui a particularidade de regular sua própria criação, uma norma pode determinar não apenas o processo pelo qual outra norma é produzida, mas também o conteúdo da norma que deverá ser produzida. No sistema de supra-infra-ordenação proposto por Hans KELSEN, a norma superior é o fundamento imediato de validade da norma inferior. Os ditames constitucionais devem delimitar a edição de normas inferiores somente quanto à competência e o procedimento, não quanto ao conteúdo material. Em outras palavras, o legislador só está preso pela Constituição no que concerne ao seu procedimento e à competência, sendo que, em relação ao conteúdo das leis a serem editadas, a vinculação ocorre de forma totalmente excepcional e, mesmo assim, apenas no que tange a princípios ou diretivas gerais. 
Neste resumo, será feita uma breve análise dos diferentes níveis hierárquicos normativos, conforme a fonte de emanação e o âmbito territorial de incidência da norma, de modo que existirá hierarquia toda vez que a forma de elaboração ou o conteúdo de uma norma forem determinados por outra norma, de nível superior. Para ser considerada válida, a norma deverá ser elaborada em conformidade com o seu fundamento de validade – é a subordinação jurídica.
Hierarquia de normas no âmbito federal
Nos ordenamentos jurídicos encabeçados por uma Constituição rígida, a Constituição se encontra no ápice do sistema e é responsável por conferir os poderes governamentais e traçar os seus limites. No nível constitucional, no entanto, não existe hierarquia, seja entre as normas originárias, seja entre estas e as derivadas, pois não existe hierarquia entre normas de um mesmo diploma (hierarquia não se confunde com imutabilidade das chamadas cláusulas pétreas).
Michel TEMER defende (não é o que prevalece) que as emendas constitucionais, enquantoprojetos, são mero ato infraconstitucional, de modo que o projeto de emenda pode ser inconstitucional, ganhando status de norma constitucional somente após a sua promulgação pelo Congresso Nacional. Prevalece que a emenda constitucional pode perfeitamente ser formalmente inconstitucional, quando elaborada ou aprovada com inobservância do devido processo legislativo (ex: não obtiver aprovação de 3/5 dos membros de cada Casa), e materialmente inconstitucional, quando o conteúdo da emenda violar direito ou garantia fundamental (ex: violar cláusula pétrea). Marcelo NOVELINO afirma, ainda, que uma emenda à Constituição será materialmente inconstitucional quando visar modificar dispositivos constitucionais que disciplinam a modificação da própria Constituição. 
Além das normas constitucionais originárias e das normas oriundas de emendas à Constituição, também têm status de norma constitucional, por força do art. 5°, § 3°, da CF/88, inserido pela EC 45/04, os tratados e convenções internacionais de direitos humanos que tenham sido aprovados por três quintos dos membros de cada Casa Legislativa, em dois turnos. É o caso da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, aprovada pelo Congresso Nacional na forma prevista no art. 5°, § 3°, da CF/88, e incorporado ao ordenamento jurídico brasileiro por meio do Decreto n° 6.949/2009. Para o STF, os tratados sobre direitos humanos incorporados ao ordenamento jurídico antes da Emenda n° 45, assim como aqueles que venham a ser incorporados sem o quórum de 3/5 e em dois turnos de votação, terão status de norma supralegal, isto é, encontram-se posicionados, na pirâmide de Kelsen, entre a Constituição e as leis. Por fim, oss tratados e convenções sobre temas diversos, bem como aqueles anteriores à EC 45/04, que não tenham sido aprovados na forma do art. 5°, § 3°, da CF, têm status de lei ordinária. [20: Entendimento do Supremo Tribunal Federal.]
	Tratados sobre direitos humanos aprovados na forma do art. 5°, § 3°, da CF/88
	Tratados sobre direitos humanos aprovados na forma de decreto legislativo ordinário
	Tratados que não versem de direitos humanos.
	Status de norma constitucional
	Status de norma supralegal
	Status de lei ordinária
Atos normativos primários e secundários
Os atos normativos primários são a leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, os decretos legislativos e as resoluções da Câmara, do Senado e do Congresso Nacional (CF, art. 59, II a VII); têm como fundamento imediato de validade a Constituição Federal e podem criar direitos e obrigações oponíveis a todas as pessoas. 
Os atos normativos secundários são os decretos regulamentares do Chefe do Poder Executivo (art. 84, IV, da CF). Os decretos têm como fundamento direto de validade as leis, às quais estão materialmente subordinados, sendo superiores, entretanto, às normas expedidas pelos demais órgãos da Administração Pública (resoluções, portarias, instruções normativas etc.), os quais devem obediência tanto à lei quando aos decretos regulamentares.
Só os atos normativos primários podem ser atacados por ação direta de inconstitucionalidade. Os atos normativos secundários admitem somente controle de legalidade. 
Hierarquia de normas no âmbito estadual
CF 
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição.
ADCT
Art. 11. Cada Assembleia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição do Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação da Constituição Federal, obedecidos os princípios desta.
As Constituições Estaduais estão localizadas abaixo da Constituição da República e materialmente subordinadas aos princípios nela consagrados (art. 25 da CF e art. 11 da ADCT); encontram-se acima das leis estaduais e municipais. A Constituição do Estado membro é hierarquicamente superior às leis orgânicas dos municípios, que devem observar a forma de elaboração e os princípios consagrados tanto na Constituição Federal como na Constituição do respectivo Estado (art. 29 da CF/88).[21: Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado (...)]
Hierarquia de normas no âmbito municipal
A lei orgânica é hierarquicamente superior à leis e atos normativos municipais. Assim, no caso de conflito entre a lei orgânica do município e leis complementares ou ordinárias municipais, prevalecerá a lei orgânica. O controle da hierarquia das normas no âmbito municipal é feito em controle de legalidade (e não de constitucionalidade), pois nesse caso não existe norma constitucional envolvida.
Hierarquia de normas no âmbito do distrito federal
O Distrito Federal possui competência legislativa híbrida, competindo-lhe legislar sobre matérias atribuídas tanto aos Estados quanto aos Municípios (art. 32, § 1°, CF/88). Por simetria, a colisão entre leis distritais e a lei orgânica do DF é resolvida por controle de constitucionalidade, difuso ou concentrado, perante o TJDFT (Lei 9.868/99, art. 30, § 5°).[22: § 5º Aplicam-se, no que couber, ao processo de julgamento da ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Distrito Federal em face da sua Lei Orgânica as normas sobre o processo e o julgamento da ação direta de inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal.]
conflito de normas de diferentes estaturas e diferentes entes
Conflito entre leis complementares e leis ordinárias
Em que pese entendimento no sentido da existência de hierarquia entre as referidas normas, prevalece na jurisprudência atual do STF e STJ o entendimento de que não existe hierarquia entre as leis ordinárias e as leis complementares. A razão é simples: tanto as leis complementares como as leis ordinárias retiram seu fundamento de validade da Constituição Federal e não uma de outra. Se não há subordinação, tão logo não há hierarquia. O que existe é uma reserva constitucional de matérias que somente podem ser tratados por Lei Complementar, restando às leis ordinárias matérias residuais que não forem reservadas a outros tipos de norma. Portanto, se a Constituição Federal reservou determinadas matérias à Lei Complementar, se o legislador não observar quórum qualificado (art. 69 da CF), a lei será formalmente inconstitucional. [23: Este nem sempre foi o entendimento do STJ, o qual veio reformou seu entendimento depois de assentado entendimento diverso pelo STF.]
O que acontece se uma lei materialmente ordinária for aprovada e promulgada como lei complementar? A resposta é NADA. A lei será formalmente complementar, mas materialmente ordinária, podendo perfeitamente ser alterada ou revogada por outra lei ordinária.
Marcelo Novelino afirma que a lei complementar será superior quando a Constituição reservar a edição de normas gerais sobre determinado assunto à lei complementar. Cumpre discordar do professor. Quando a Constituição Federal determina que as normas gerais sobre determinada matéria devem ser editadas em lei complementar, a norma ordinária que venha a instituir normas gerais será inconstitucional, porque ela viola um mandamento constitucional (de reserva à lei complementar), e não ilegal (porque contraria o disposto em lei complementar).
Conflito entre leis federais, estaduais e municipais
Por ser a Constituição o fundamento imediato de validade das leis federais, estaduais, distritais e municipais, em regra, não há hierarquia entre leis de diferentes entes. Segundo a regra de repartição horizontal de competências, a Constituição Federal reservou matérias específicas a cada ente federativo, contemplando a União (arts. 21, 22 e 48), os Estados (art. 25, § 1°), os Municípios (art. 30) e o Distrito Federal (art. 32, § 1°) com competências determinadas. A usurpação da competência legislativa por quaisquer dos

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