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J o rg e A n d er so n P a iv a R a m o s - D C E T /U E S B Mecânica Clássica I Nesta aula exploraremos a física e a matemática das oscilações. Começaremos com o oscilador harmônico simples e em seguida passaremos para as oscilações amortecidas e finalmente as oscilações forçadas. J o rg e A n d er so n P a iv a R a m o s - D C E T /U E S B INTRODUÇÃO Mecânica Clássica IOscilações Porque estudar as oscilações/oscilador? A vibração de um cristal de quartzo em um relógio moderno, o movimento do pêndulo de um relógio antigo, as vibrações sonoras produzidas por um clarinete ou pelo tubo de um órgão, o movimento produzido pelos pistões no motor de um automóvel são exemplos de movimentos que se repetem indefinidamente. J o rg e A n d er so n P a iv a R a m o s - D C E T /U E S B Mecânica Clássica IOscilações Trata-se do movimento periódico ou oscilação, que será discutido nessa aula. O seu entendimento é essencial para o estudo de vários tópicos da Física, como por exemplo, as ondas mecânicas e eletromagnéticas. Um corpo que executa um movimento periódico possui sempre uma posição de equilíbrio estável. Quando ele é deslocado des- J o rg e A n d er so n P a iv a R a m o s - D C E T /U E S B Mecânica Clássica IOscilações ta posição e liberado, surge uma força ou um torque (restauradora) que o faz retornar para sua posição de equilíbrio. Porém quando atinge este ponto, como acumulou alguma energia cinética, ele atravessa este ponto e para em algum ponto do outro lado, sendo novamente puxado para sua posição de equilíbrio. Por exemplo, a força responsável pela união entre moléculas diatômicas é representada na figura. O estudo dessas oscilações representa uma importante técnica para a compreensão da estrutura molecular/atômica dos materiais. J o rg e A n d er so n P a iv a R a m o s - D C E T /U E S B LEI DE HOOKE Mecânica Clássica IOscilações Como é do nosso conhecimento, uma massa pressa a uma extremidade de uma mola, que obedece à lei de Hooke, executa um movimento oscilatório do tipo harmônico simples. A lei de Hooke afirma que a força exercida por uma mola tem a forma: ,)( kxxFx −= onde x é o deslocamento da mola a partir do seu comprimento de equilíbrio e k é um número positivo chamado de constante da força (constante elástica da mola). O fato de k ser positivo significa que o equilíbrio em x = 0 é estável. Para: ❑ x = 0 não há força; ❑ x > 0 a força é negativa; ❑ x < 0 a força é positiva. kxxFx −=)( Se k fosse negativo, a força apontaria para fora do ponto de origem e o equilíbrio seria instável, nesse caso, não esperaríamos ter oscilação. Um forma exatamente equivalente para expressar a lei de Hooke é dada pela energia potencial Em qualquer um dos casos, a força é uma força de restauração e o equilíbrio é estável. 2 2 1 )( kxxU = Vamos analisar o comportamento de U(x) na vizinhança da posição de equilíbrio. Como qualquer função pode ser expandida em uma série de Taylor, temos Considere um sistema conservativo unidimensional arbitrário que é especificado pela coordenada x e tem energia potencial U(x). Suponha que o sistema tenha um equilíbrio estável na posição x = xo, a qual podemos considerar como sendo a origem (x = 0). ...)0´´( 2 1 )0´()0()( 2 +++= xUxUUxU O primeiro termo é uma constante, que podemos definir como sendo zero. Como x = 0 é um ponto de equilíbrio, U´(0) = 0, e o segundo termo é igual a zero. Como o equilíbrio é estável, U´´(0) é positivo!! Renomeando U´´(0) como k, concluímos que para pequenos deslocamentos é sempre uma boa aproximação considerarmos ...)0´´( 2 1 )0´()0()( 2 +++= xUxUUxU 2 2 1 )( kxxU = kxxFx −=)( Exemplo 1: Cubo em equilíbrio sobre um cilindro Um cilindro rígido de borracha de raio r é mantido fixo tendo seu eixo na horizontal e um cubo de madeira de massa m e lados 2b está em equilíbrio sobre o cilindro, com seu centro verticalmente acima do eixo do cilindro e quatro dos seus lados paralelos ao eixo. O cubo não pode deslizar sobre a borracha do cilindro, mas ele pode, naturalmente, pender de um lado para outro, conforme ilustrado na figura ao lado. Exemplo 1: Cubo em equilíbrio sobre um cilindro Examinando a energia potencial do cubo, determine se o equilíbrio, para o cubo centrado acima do cilindro é estável ou instável. Exemplo 1: Cubo em equilíbrio sobre um cilindro Mostre que, para pequenos ângulos , a energia potencial assume a forma da lei de Hooke U()=(1/2)k2. Como já discutido em aulas anteriores, as características principais do movimento de qualquer sistema unidimensional podem ser compreendidas a partir de um gráfico de U(x) versus x. Para energia potencial da lei de Hooke, esse gráfico é uma parábola. Se a massa m tem a energia potencial dessa forma e tem energia total E > 0, ela está presa e oscila entre os dois pontos de retorno onde U(x) = E, com energia cinética zero, e a massa está instantaneamente em repouso. Como U(x) é simétrico em torno de x=0, os dois pontos de retorno são equidistantes em lados opostos à origem e são tradicionalmente denotados por x = A. 2 2 1 )( kxxU = UTE += J o rg e A n d er so n P a iv a R a m o s - D C E T /U E S B MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES Mecânica Clássica IOscilações O problema do oscilador harmônico simples (OHS) é importante por duas razões. A primeira é que muitos problemas envolvendo vibrações mecânicas com pequenas amplitudes são reduzidos àquele do OHS, ou a uma combinação desses osciladores. A segunda razão é que as equações que descrevem o comportamento do OHS ocorrem em diversos problemas físicos de áreas como acústica, óptica, mecânica, eletricidade (circuitos elétricos) e mesmo física atômica. O OHS apresenta características comuns a muitos sistemas físicos. Vamos examinar a equação de movimento para uma massa m que é colocada na posição de equilíbrio estável. Considere um carrinho, sobre um trilho sem atrito, que está preso a uma mola. Vimos que podemos aproximar a energia potencial por 𝑈 𝑥 = 1 2 𝑘𝑥2 ou, equivalentemente, a força 𝐹𝑥 𝑥 = −𝑘𝑥. Logo, a equação de movimento é: kxFxm x −== xx m k x 2−=−= m k = Essa equação se aplica a muitos sistemas físicos de coordenadas distintas. Por exemplo, já vimos em aulas anteriores que para um pêndulo (ou uma prancha de skate em um hemisfério) cuja a posição é determinado por um ângulo , a equação de movimento, para pequenos ângulos, é dada por: 2−= A equação é uma equação diferencial linear, homogênea, de segunda ordem e assim tem duas soluções independentes. Soluções exponenciais xx 2−= Essas duas soluções independentes podem ser escolhidas de várias formas distintas, porém, talvez, a mais conveniente seja a seguinte: l g = R g = Pode-se verificar que ambas a funções satisfazem a ED. Além disso, qualquer constante multiplicada por qualquer uma das soluções é também uma solução; a soma de qualquer uma dessas novas soluções é também uma solução. Logo, a função é também uma solução para quaisquer que sejam as constantes C1 e C2. Portanto, qualquer solução pode ser expressa nessa forma com umaescolha apropriada dos coeficiente C1 e C2. tietx =)( tietx −=)( titi eCeCtx −+= 21)( As soluções exponenciais são mais convenientes de serem manipuladas. Entretanto, essa forma tem uma desvantagem. Sabemos que x(t) é real, enquanto as duas soluções exponenciais são complexas. Isso significa que os coeficientes C1 e C2 devem ser escolhidos cuidadosamente de forma a garantir que x(t) seja real. A partir da fórmula de Euler, podemos reescrever as duas exponenciais: As soluções seno e cosseno )()cos( tisente ti = Substituindo na solução geral e reagrupando os termos, encontramos: Essa forma pode ser considerada como a definição do movimento harmônico simples (ou MHS): qualquer movimento que seja uma combinação linear de senos e cossenos dessa maneira é chamado de harmônico simples. titi eCeCtx −+= 21)( )()()cos()()( 2121 tsenCCitCCtx −++= )()cos()( 21 tsenBtBtx += Como as funções cos(t) e sen(t) são reais, o requisito para x(t) ser real significa simplesmente que os coeficiente B1 e B2 devem ser reais. Podemos facilmente determinar os coeficientes B1 e B2 a partir das condições iniciais do problema. Em t=0, x(0)=B1. Ou seja, B1 é justamente a posição inicial x(0)=xo. Similarmente, derivando a solução geral, identificamos B2 como a velocidade inicial vo. )()cos()( 21 tsenBtBtx += Se iniciarmos as oscilações puxando o carrinho além de x=xo e largando-o a partir do repouso (vo=0), então B2=0 e apenas o termo cosseno permanece na solução geral. Logo: )()cos()( tsen v txtx oo += )cos()( txtx o = Se lançarmos o carrinho a partir da origem (xo=0), dando a ele um impulso no instante t=0, apenas o termo seno permanece, e )()( tsen v tx o = Esses dois casos simples estão ilustrados na figura. Como o argumento do seno e do cosseno é t, a função x(t) repete-se após um tempo para o qual =2. Isto é, o período é: k m 2 2 == A solução geral 𝑥 𝑡 = 𝐵1 cos 𝜔𝑡 + 𝐵2 sen 𝜔𝑡 é mais difícil de visualizar do que os dois caso especiais da figura anterior e pode ser útil reescrevê-la como segue: primeiro, definimos uma nova constante A solução cosseno com diferença de fase 2 2 2 1 BBA += Podemos agora reescrever a solução geral: )(sen)cos()( 21 tBtBtx += += )(sen)cos()( 21 t A B t A B Atx )()cos(cos)( tsensentAtx += += )()cos()( 21 tsen A B t A B Atx )cos()( −= tAtx diferença de fase amplitude Há outra maneira conveniente de se escrever a solução geral em termos das exponenciais complexas 𝑥 𝑡 = 𝑒𝑖𝜔𝑡 e 𝑥 𝑡 = 𝑒−𝑖𝜔𝑡. Os coeficientes C1 e C2 estão relacionados aos coeficiente B1 e B2 da forma seno-cosseno pela equações: Solução como parte real de uma exponencial complexa Como B1 e B2 são reais, isso mostra que C1 e C2 são geralmente complexos e que C2 é o complexo conjugado de C1, )( 2 1 211 iBBC −= * 12 CC = )( 2 1 212 iBBC += Então, solução geral 𝑥 𝑡 = C1𝑒 𝑖𝜔𝑡 + C2𝑒 −𝑖𝜔𝑡 pode ser escrita como: 𝑥 𝑡 = C1𝑒 𝑖𝜔𝑡 + C1 ∗ 𝑒−𝑖𝜔𝑡 onde o segundo termo à direita é exatamente o complexo conjugado do primeiro termo. Para qualquer número complexo 𝑧 = 𝑥 + 𝑖𝑦, 𝑧 + 𝑧∗ = 𝑥 + 𝑖𝑦 + 𝑥 − 𝑖𝑦 = 2𝑥 = 2Re 𝑧 onde Re z denota a parte real de z (a saber x) (Prob. 5.35). Logo, a solução geral pode ser escrita como 𝑥 𝑡 = 2ReC1𝑒 𝑖𝜔𝑡 Se definirmos uma constante final C=2C1, temos: iAeiBBC −=−= 21 )(ReRe)( −== titi AeCetx Esse resultado está ilustrado na figura ao lado. )(Re)( −= tiAetx O número complexo 𝐴𝑒𝑖(𝜔𝑡−𝛿) se move no sentido anti-horário com velocidade angular em torno de um círculo de raio A. A sua parte real [a saber x(t)] é a projeção do número complexo sobre o eixo real. Enquanto o número complexo segue em torno do círculo, essa projeção oscila para frente e para trás sobre o eixo x, com frequência angular e amplitude A. Exemplo 2: Uma garrafa em um balde Uma garrafa está boiando, com o gargalo para cima, em um balde grande contendo água, conforme a figura. Na posição de equilíbrio, ela está submersa com uma profundidade do a partir do nível da superfície da água. Mostre que, se ela for empurrada para baixo até uma profundidade d e depois largada, irá executar um movimento harmônico e determine a frequência de sua oscilação. Se do=20 cm, qual é o período das oscilações? Considerações sobre a energia Vamos considerar a energia do oscilador à medida que oscila para frente e para trás. Como x(t)=Acos(t-), a energia potencial é: ).(cos 2 1 2 1 222 −== tkAkxU Derivando x(t) para obter a velocidade, encontramos a energia cinética: ).( 2 1 2 1 2222 −== tsenAmxmT ).( 2 1 22 −= tsenkAT mk /2 = ).(cos 2 1 22 −= tkAU Vemos que ambos U e T oscilam entre 0 e (1/2)kA2, com suas oscilações fora de fase. 2 2 1 kAUTE =+= ).(2 1 22 −= tsenkAT J o rg e A n d er so n P a iv a R a m o s - D C E T /U E S B OSCILADORES BIDIMENSIONAIS Mecânica Clássica IOscilações Em duas ou três dimensões, as possibilidades para oscilações são consideravelmente mais ricas do que em uma. A situação mais simples é o chamado oscilador harmônico isotrópico, para o qual a força de restauração é proporcional ao deslocamento a partir da posição de equilíbrio, com a mesma constante de proporcionalidade em todas as direções: Ou seja, Fx=-kx, Fy=-ky (e Fz=-kz em três dimensões), todas com a mesma constante k. rF k−= Essa força é uma força central na direção da posição de equilíbrio, que podemos considerar como sendo a origem (Prob. 5.19). Outro exemplo de um oscilador isotrópico bidimensional é uma esfera rolando próxima do fundo de uma grande tigela esférica. Dois exemplos importantes tridimensionais são um átomo vibrando na vizinhança de sua posição de equilíbrio em um cristal simétrico (cúbico) e um próton (ou nêutron) quando ele se move no interior do núcleo. Vamos considerar uma partícula que está sujeita a esse tipo de força e suponhamos que ela esteja confinada a duas dimensões. A equação do movimento, , se divide em duas equações independentes: mF/r = onde introduzi a frequência angular (que é a mesma em ambas equações para x e y, porque o mesmo é verdadeiro para as constantes da força). Cada uma dessas duas equações tem exatamente a mesma forma da equação unidimensional discutida nos slides anteriores e as soluções são: , 2 2 −= −= yy xx , )cos()( )cos()( −= −= yy xx tAty tAtx onde as quatro constantes Ax, Ay, x e y são determinadas a partir das condições iniciais do problema. Redefinindo a origem do tempo, a forma mais simples para a solução geral é: , )cos()( )cos()( −= −= yy xx tAty tAtx , )cos()( )cos()( −= = tAty tAtx y x onde =y-x é a fase relativa entre as oscilações de y e x (Prob. 5.15). , )cos()( )cos()( −= = tAty tAtx y x O comportamento dessa solução depende dos valores das três constantes Ax, Ay e . Se Ax ou Ay for zero, a partícula executa um MHS ao longo de um dos eixos. Se Ax e Ay não forem zero, o movimento depende criticamente da fase relativa . Se =0, então x(t) e y(t) crescem e entram em sintonia, e o ponto (x,y) se move para frente e para trás sobrea linha inclinada que liga (Ax,Ay) a (-Ax,-Ay). , )cos()( )cos()( −= = tAty tAtx y x Se =/2, então x(t) e y(t) oscilam fora de sintonia, com x e um extremo quando y for zero e vice-versa; o ponto (x,y) descreve uma elipse com eixo maior Ax e eixo menor Ay. , )cos()( )cos()( −= = tAty tAtx y x Para outros valores de , o ponto (x,y) se move em torno de uma elipse inclinada, conforme ilustra a figura abaixo, para o caso de =/4. , )cos()( )cos()( −= = tAty tAtx y x Em um oscilador anisotrópico, as componentes da força de restauração são proporcionais às componentes do deslocamento, mas com constantes de proporcionalidade distintas: Um exemplo de tal força é a força sentida por um átomo quando deslocado de sua posição de equilíbrio, em um cristal de baixa simetria (tetragonal), onde ele experimenta diferentes constantes da força ao longo de diferentes eixos. xkF xx −= Por simplicidade, vamos considerar uma partícula bidimensional, para qual a 2ª lei de Newton se separa em duas equações: ykF yy −= zkF zz −= , 2 2 −= −= yy xx y x As soluções dessas duas equações são: Devido ao fato de as duas frequências serem diferentes, há uma variedade muito mais rica de possíveis movimentos. Se x/y for um número racional (comensurável), é muito fácil de ver que (Prob. 5.17) o movimento é periódico e a trajetória resultante é chamada de figura de Lissajous. , 2 2 −= −= yy xx y x −= = )cos()( )cos()( tAty tAtx yy xx Para x/y=2, a figura mostra uma órbita da partícula e o movimento x se repete duas vezes tanto quanto o movimento y (nunca preencherá o retângulo!!). Se x/y for um número irracional (incomensurável), o movimento será mais complicado e nunca se repetirá. Esse tipo de movimento é chamado quaseperiódico (preencherá o retângulo!!) O oscilador bidimensional é um exemplo de sistema no qual a mudança infinitesimal pode resultar em um tipo de movimento qualitativamente diferente. O movimento se dará ao longo de um caminho fechado se as duas frequências angulares forem comensuráveis. Porém, se a relação entre as frequências angulares divergir de uma fração racional, mesmo por uma quantia infinitesimal, o caminho não será fechado e “preencherá” o retângulo. Para que o caminho seja fechado, a relação entre as frequências angulares deverá ser conhecida como sendo uma fração racional. Se as frequências angulares dos movimentos nas direções x e y forem diferentes, a forma da curva de Lissajous dependerá da diferença de fase . Diagramas de fase O estado de movimento de um oscilador unidimensional ( ሷ𝑥 + 𝜔2𝑥 = 0) será totalmente especificado como uma função do tempo se duas quantidades forem fornecidas em um instante de tempo, ou seja, as condições iniciais 𝑥 𝑡𝑜 e ሶ𝑥(𝑡𝑜). Podemos considerar as quantidades 𝑥 𝑡 e ሶ𝑥(𝑡) como sendo as coordenadas de um ponto em um espaço bidimensional, denominado espaço de fase. À medida que o tempo varia, o ponto 𝑝(𝑥, ሶ𝑥) que descreve o estado da partícula oscilatória se moverá ao longo de um determinado caminho de fase no plano de fase. Para condições iniciais diferentes do oscilador, o movi- mento será descrito por diferentes caminhos de fase. Qualquer caminho fornecido representa o histórico temporal completo do oscilador para um determinado conjunto de condições iniciais. A totalidade de todos os caminhos de fase possíveis constituem o retrato da fase ou diagrama de fase do oscilador. Sabemos que, para o OHS ( ሷ𝑥 + 𝜔2𝑥 = 0), temos: )cos()( −= tAtx )()( −−= tsenAtx se eliminarmos t dessas equações, encontramos para equação do caminho: 1 22 2 2 2 =+ A x A x Esta equação representa uma família de elipse. Sabemos que a energia total E do oscilador é 1 2 𝑘𝐴2 e 𝜔2 = 𝑘/𝑚 , podemos reescrever a equação como: 1 22 2 2 2 =+ A x A x 1 /2/2 22 =+ mE x kE x Então, cada caminho de fase corresponde à energia total definida do oscilador (E=const.). Por que os caminhos de fase estão no sentido horário?? Dois caminhos de fase podem se cruzar?? Por que?? J o rg e A n d er so n P a iv a R a m o s - D C E T /U E S B OSCILAÇÕES AMORTECIDAS Mecânica Clássica IOscilações Vamos retornar ao oscilador unidimensional e considerarmos a possibilidade de que há forças de atrito atuando, que irão amortecer a oscilação. Como já estudado em aulas anteriores, há várias possibilidades para as forças de atrito. Vimos também que, em certas ocasiões, é uma aproximação razoável assumir que a força resis- tiva é proporcional a v ou a v2. Aqui, assumirei que a força resistiva é proporcional a v (f=-bv). Uma das principais razões é que esse caso leva a uma equação especialmente simples de se resolver e a equação é muito importante pois surge em vários outros contextos e, por isso, merece ser estudada. Considere, então, um objeto unidimensional, como um carrinho preso a uma mola, que está sujeita a uma força que obedece a lei de Hooke, -kx, e uma força de atrito, -bv. A força resultante sobre o objeto é –bv - kx e a segunda lei de Newton nos dá: Uma das belezas da Física é a forma como a mesma equação matemática surge em contextos totalmente diferentes, de modo que nosso conhecimento sobre a equação em uma situação é transportado imediatamente para outra. Por exemplo, essa equação diferencial aparece no estudo de circuitos RLC visto no curso de Física Geral III. Vamos encontrar essa equação aplicando a lei de Kirchoff para o circuito do slide a seguir. xbkxfFxm x −−=+= 0=++ kxxbxm Observe que a indutância L do circuito elétrico exerce o papel da massa do oscilador, o resistor R corresponde a constante resistiva e 1/C à constante da mola. Para resolver a equação diferencial do oscilador amortecido é conveniente dividi-la por m e introduzir outras duas constantes. xCRLx VVVVV =−−− xx V C q iR dt di LV =−−− 0 1 =++ q C qRqL 0=++ kxxbxm Renomearei a constante b/m como 2. Esse parâmetro é chamado de constante de amortecimento. A constante k/m renomearei para o 2, denotada como frequência natural do sistema, a frequência na qual ele oscila se não houvesse forças de atrito presentes. Com essas notações, a equação do oscilador amortecido fica: 0=++ x m k x m b x 0=++ kxxbxm 02 2 =++ xxx o Essa equação é outra equação diferencial linear homogênea de segunda ordem. Portanto, se por algum mecanismo pudermos conseguir duas soluções independentes, digamos x1(t) e x2(t), então qualquer solução deve ter a forma C1x1(t)+C2x2(t). Vamos tentar a solução da forma: 02 2 =++ xxx o rtetx =)( rtretx =)( rtertx 2)( = Substituindo na equação diferencial, temos: 02 22 =++ orr As soluções dessa equação são, naturalmente, Logo, temos: 02 22 =++ orr .22 or −−= 22 1 or −+−= 222 or −−−= A solução geral será: trtr eCeCtx 21 21)( += .)( 2222 21 += −−−− ttt oo eCeCetx Essa solução é um tanto confusa para ser elucidativa, mas, examinando vários intervalos da constante de amortecimento , podemos começar entender o que ela significa. .)( 2222 21 += −−−− tttoo eCeCetx Oscilação não amortecida Se não há amortecimento, então a constante de amortecimento é zero e a solução geral reduz-se a: .)( 2222 21 += −−−− ttt oo eCeCetx titi oo eCeCtx −+= 21)( )cos()( −= tAtx o (OHS) Amortecimento fraco Suponhamos que a constante de amortecimento seja pequena. Especificamente, suponhamos que: .)( 2222 21 += −−−− ttt oo eCeCetx )( imentosubamorteco Nesse caso, a raiz quadrada no expoente da equação geral fica: 1 2222 ii oo =−=− 22 1 −= o O parâmetro 1 é uma frequência que é menor do que a frequência natural o. ( )titit eCeCetx 11 21)( −− += No importante caso de amortecimento muito fraco (<<o), 1 é muito próximo de o. Essa solução é o produto de dois fatores: o primeiro, e-t, é um decaimento exponencial, que decresce uniformemente até zero. O segundo tem exatamente a forma das oscilações não amortecidas, exceto pelo fato de que a frequência natural o é substituída pela frequência menor 1. A solução geral tem a forma: ( )titit eCeCetx 11 21)( −− += )cos()( 1 −= − tAetx t Essa solução descreve claramente um movimento harmônico simples de frequência 1 com uma amplitude decrescendo exponencialmente Ae-t. )cos()( 1 −= − tAetx t Ae-t -Ae-t Esse resultado sugere outra interpretação para constante de amortecimento . Como tem dimensão inversa do tempo, 1/ é tempo, e agora vemos que ela é o tempo para o qual a função amplitude Ae-t cai de 1/e (36%) do seu valor inicial. Logo, para oscilações subamortecidas, pode ser visto como o parâmetro de decaimento, uma medida da taxa na qual o movimento amortece. Quanto maior for , mais rapidamente a oscilação morrerá, pelo menos no caso << o. )cos()( 1 −= − tAetx t ido]subamortec[movimento)( =decaimentodeparâmetro Ao contrário do oscilador harmônico simples, a energia do oscilador amortecido não é constante no tempo. A taxa de perda de energia no oscilador amortecido é proporcional ao quadrado da velocidade vetorial! )cos()( 1 −= − tAetx t Energia total e a taxa de perda de energia do oscilador amortecido. Amortecimento forte Suponhamos agora que a constante de amortecimento seja grande. Especificamente, suponhamos que: .)( 2222 21 += −−−− ttt oo eCeCetx )( ecimentosuperamorto Nesse caso, a raiz quadrada na exponencial da solução geral é real e nossa solução fica: Aqui, temos duas funções reais, ambas decrescem à medida que o tempo passa. Nesse caso, o movimento é tão amortecido que ele não permite uma oscilação de fato. tt oo eCeCtx )( 2 )( 1 2222 )( −+−−−− += A figura ilustra um caso típico no qual foi dado um impulso ao oscilador a partir da origem em t=0. O primeiro termo à direita da solução geral decresce mais lentamente do que o segundo. Logo, o movimento a longo prazo é dominado pelo primeiro termo. Em particular, a taxa na qual o movimento deprecia pode ser caracterizada pelo coeficiente no primeiro expoente. tt oo eCeCtx )( 2 )( 1 2222 )( −+−−−− += O parâmetro de decaimento para esse caso é: Uma inspeção cuidadosa desse parâmetro mostra que - ao contrário do que podemos esperar – a taxa de decaimento do movimento superamortecido se torna menor se a constante de amortecimento é aumentada (Problema 5.20). tt oo eCeCtx )( 2 )( 1 2222 )( −+−−−− += ecido]superamort[movimento)( 22 odecaimentodeparâmetro −−= Amortecimento crítico A fronteira entre o movimento subamortecido e o superamortecido é chamada de amortecimento crítico e ocorre quando a constante de amortecimento é igual à frequência natural, =o. Nesse caso, as duas soluções que encontramos para solução geral são a mesma: .)( 2222 21 += −−−− ttt oo eCeCetx Precisamos encontrar uma segunda solução, que podemos verificar que é dada por (Prob.5.21): .)( tetx −= .)( ttetx −= Portanto, a solução geral para o amortecimento crítico é: Observe que ambos os termos contem o mesmo fator exponencial e-t. Como esse fator é o que domina o decaimento da oscilação quando t→, podemos dizer que ambos os termos decaem com a mesma taxa, com parâmetro de decaimento tt teCeCtx −− += 21)( ]cento[amortecim)( ríticodecaimentodeparâmetro o == 22super 00 oo o o crítico sub nenhum decaimentodeParâmetrontoAmortecime −− = = Abaixo temos a comparação das taxas (parâmetro de decaimento) com as quais os vários tipos de oscilações amortecidas desaparecem. Há situações em que desejamos que qualquer oscilação desapareça tão rapidamente quanto possível. Por exemplo, desejamos que a agulha de um medidor analógico se estabilize rapidamente para a medição em questão. Similarmente, em um carro, desejamos que as oscilações causadas por uma estrada esburacada decaiam rapidamente. Em tais casos, devemos planejar para que as oscilações sejam amortecidas e para os resultados mais rápidos, o amortecimento deve ser razoavelmente próximo do crítico. DIAGRAMA DE FASE Diagrama de fase de um oscilador harmônico simples para uma variedade de energias totais E. Diagrama de fase de um oscilador subamortecido amortecido ( < o). Diagrama de fase de um oscilador superamortecido amortecido ( > o). J o rg e A n d er so n P a iv a R a m o s - D C E T /U E S B OSCILAÇÕES AMORTECIDAS FORÇADAS Mecânica Clássica IOscilações Qualquer oscilador natural, por si próprio, irá eventualmente parar, uma vez que as inevitáveis forças de amortecimentos dissiparão toda sua energia. Por isso, se desejarmos que as oscilações continuem, devemos dispor de alguma força “motriz” externa para mantê-las. Se denotarmos a força motriz externa por F(t) e, assumirmos como antes que a força de amortecimento tem a forma –bv, então a força resultante no oscilador é –bv – kx + F(t) e a equação de movimento pode ser escrita como: )(tFkxxbxm =++ Como anteriormente, podemos reescrever essa equação substituindo b/m por 2, k/m por o 2 e F(t)/m por f(t). Logo: )(2 2 tfxxx o =++ Vamos nos ater ao caso em que a força motriz f(t) é uma função senoidal no tempo, ),cos()( tftf o = É conveniente, entretanto, usar a forma exponencial, onde a solução da equação diferencial resultante terá uma parte real e outra imaginária. Tomaremos como solução apenas a parte real. ti oo efxxx =++ 22 A solução da equação diferencial linear acima é dada pela soma de duas partes, a primeira parte sendo a solução da equação diferencial homogênea e a segunda parte sendo qualquer solução particular. Como vimos, a solução da equação homogênea representa uma oscilação que eventualmente decai no tempo a zero [x(t)=Ae-tcos(1t-)] - é chamado o termo transiente. ),cos()( tftf o = Estamos interessados na solução que dependa da natureza da força aplicada. )()( −= tiAetxUma vez que esta força varia senoidalmente com otempo e tem amplitude constante [f(t)=focos(t)], érazoável esperar uma solução para a qual o deslocamentox(t) também tenha uma dependência temporal senoidal. Portanto, para o regime estacionário, tentaremos uma solução na forma: Se esta função tentativa for correta, teremos: ( ) ( ) ( ) tiotiotiti efAeAe dx d Ae dx d =++ −−− )(2)()( 2 2 2 ti oo efxxx =++ 22 Depois de efetuar as operações indicadas e cancelar os fatorescomuns teremos: 22222 4)( +− = o ofA Logo, nossa solução particular fica: ( ) ( ) ( ) tiotiotiti efAeAe dx d Ae dx d =++ −−− )(2)()( 2 2 2 − = 22 2 arctan o )()( −= tiAetx Diferença de fase entre a força aplicada e a resposta do sistema Amplitude das oscilações causadas pela força motriz f(t). )( 22222 4)( )( − +− = ti o o e f tx )cos( 4)( )( 22222 − +− = t f tx o o A solução anterior é apenas uma solução particular da equação de movimento. A solução geral é determinada somando qualquer solução da equação homogênea correspondente; isto é: Como ambos os termos extras nessa solução geral caem exponencialmente à medida que o tempo passa, eles são chamados de transientes. Eles dependem das condições iniciais do problema, mas são eventualmente irrelevantes: o comportamento de longo prazo da solução é dominado pelo termo cosseno. )cos( 4)( )( 22222 − +− = t f tx o o trtr o o eCeCt f tx 21 21 22222 )cos( 4)( )( ++− +− = A quantidade A é a amplitude das oscilações causadas pela força motriz f(t). Ela mostra como a amplitude das oscilações depende dos vários parâmetros. Particularmente, vemos que a amplitude é máxima quando o, ou seja, o oscilador responde melhor quando forçado com uma frequência que é próxima da sua frequência natural o. 22222 4)( +− = o ofA − = 22 2 arctan o A quantidade representa a diferença de fase entre a força de motriz e o movimento resultante. Um atraso real ocorre entre essa força e a resposta do sistema. Para um o fixo, à medida que aumenta a partir de 0, a fase aumenta de =0 em =0 até =/2 em =o e até à medida que →. Os detalhes do movimento ditado pela equação acima dependem da magnitude do parâmetro de amortecimento . Para ser específico, vamos assumir que o nosso oscilador seja fracamente amortecido, com < o (subamortecido). Nesse caso, sabemos que os dois termos transientes da solução geral podem ser reescritos como: trtr o o eCeCt f tx 21 21 22222 )cos( 4)( )( ++− +− = ).cos()cos()( 1 tr t tr teAtAtx −+−= − ).cos()cos()( 1 tr t tr teAtAtx −+−= − Exemplo 3: Gráfico de um oscilador amortecido forçado linear Faça o gráfico de x(t) dado por )cos()cos()( 1 tr t tr teAtAtx −+−= − para um oscilador amortecido forçado linear que é largado do repouso a partir da origem no instante t=0, com os seguintes parâmetros: frequência motriz =2 rad/s, frequência natural o=5, constante de decaimento =o/20 e amplitude motriz fo=1000. Apresente os primeiros cinco ciclos forçados. J o rg e A n d er so n P a iv a R a m o s - D C E T /U E S B RESSONÂNCIA Mecânica Clássica IOscilações Nas slides anteriores consideramos um oscilador amortecido que está sendo impulsionada por uma força motriz senoidal f(t)=focos(t) com frequência angular . Vimos que, à exceção dos movimentos transientes que desaparecem rapidamente, a resposta do sistema é oscilar senoidalmente com a mesma frequência da força motriz. com amplitude A e fase dadas por: 22222 2 2 4)( +− = o ofA )cos()( −= tAtx − = 22 2 arctan o A propriedade mais obvia é que a amplitude A da resposta é proporcional à amplitude da força motriz fo, dependente das frequências o e e da constante de amortecimento . O caso mais interessante é quando é muito pequeno (subamortecido) e o segundo termo do denominador é pequeno. Se e o são muito diferentes, então o primeiro termo no denominador de A é grande e a amplitude da oscilação forçada é pequena. 22222 2 2 4)( +− = o ofA Por outro lado, se o é muito próxima de , ambos os termos no denominador são pequenos e a amplitude é grande. Isso significa que, se variarmos o ou , pode haver mudanças completamente drásticas na amplitude do movimento oscilatório. A figura a seguir mostra A2 como função de o com fixa, para um sistema fracamente amortecido (=0,1). Se tentarmos forçá-lo a vibrar com uma frequência , então, para valores de próximos de o, o oscilador responderá muito bem, mas se estiver afastada de o, ele dificilmente responderá. Referimo-nos a esse fenômeno – a grande resposta de um oscilador quando forçado à frequência correta – como ressonância. Sob a ação de seus próprios dispositivos, o oscilador vibra com sua frequência natural o. Uma aplicação bastante comum da ressonância é a recepção de ondas de rádio por um circuito RLC em seu rádio. Quando você sintoniza o rádio para receber uma estação a 90,1 MHz, você está ajustando o circuito RLC do rádio de modo que sua frequência natural seja 90,1 MHz. As várias estações de rádio na vizinhança estão enviando sinal, cada uma com sua própria frequência e cada qual induzindo uma FEM no circuito de seu rádio, mas apenas o sinal com a frequência correta consegue de fato forçar uma corrente apreciável, que imite o sinal enviado pela sua rádio favorita e reproduza o som transmitido. Um exemplo da ressonância mecânica do tipo discutido aqui é o comportamento de um carro trafegando em uma estrada com “costeletas” que foram formadas por uma série de ondulações regularmente espaçadas. Cada vez que a roda atravessa uma ondulação, ela gera um impulso para cima e a frequência desses impulsos depende da velocidade do carro. Há uma certa velocidade na qual a frequência desses impulsos se iguala à frequência natural da vibração da roda sobre os amortecedores e as rodas entram em ressonância, causando uma viagem desconfortável. Se o motorista do carro diminui ou aumenta a velocidade, ele “sai da ressonância” e a viagem se torna mais suave. Outro exemplo ocorre quando um pelotão de soldados marcha sobre um ponte. Um ponte, como quase todos os sistema mecânicos, ter certas frequências naturais de vibração e, se coincidir de os soldados marcharem com a mesma frequência de uma dessas frequências naturais, a ponte pode entrar em uma ressonância suficientemente violenta de modo a danificá-la. Por essas razão, os soldados andam em descompasso quando marcham sobre uma ponte. Em 7 de novembro de 1940, caiu a ponte pênsil de 1600 metros (Tacoma Narrows), apenas poucos meses após a sua inauguração. De madrugada, os ventos atingiram os 70km/h, fazendo a estrutura oscilar muito, deslizando a alta velocidade. Às 9h30 a ponte oscila em 8 ou 9 segmentos com amplitude de 0,9m e frequência de 36 ciclos por minuto. Às 10h00 dá-se um afrouxamento da ligação do cabo de suspensão norte ao tabuleiro, o que faz a ponte entrar num modo de vibração torcional a 14 ciclos por minuto. O eixo da via, os dois pilares e o meio da ponte são nodos. A partir daí a situação não se alterou muito durante cerca de uma hora, até que às 11h00 se desprende um primeiro pedaço de pavimento e às 11h10 a ponte entra em colapso, caindo no rio. O local exato da resposta máxima (ressonância) depende de se variarmos o com fixo ou vice-versa. Se variarmos o com fixo esse mínimo ocorre quando o= , tornando o primeiro termo igual a zero. Por outro lado, se variarmos com o fixo, o segundo termo também varia e o máximo ocorre quando: A amplitude é máxima quando o denominador de A é mínimo: 22222 2 2 4)( +− = o ofA 22 2 2 −== o Entretanto, quando << o (como em geral é o caso mais interessante), =o. Encontramos tantas frequências diferentes nesse capítulo que vale a pena revisá-las. .amortecidonãoosciladordonaturalfrequencia== m k o A amplitude máxima das oscilações forçadas é determinada tomando-se o na amplitude, o que resulta: .amortecidoosciladordofrequencia221 =−= o motriz.forçadafrequencia= máxima. é resposta a qual o paradevalor2 222 =−= o.2 o o máx f A 21 o Observamos que: Isso mostra que valores menores da constante de amortecimento levam a valores maiores da amplitude máxima da oscilação. . 2 o o máx f A Observa-se na figura que, se diminuirmos a constante de amortecimento , o pico de ressonância não apenas aumenta, como também se torna mais estreito. Largura da ressonância: o fator Q Podemos tornar essa ideia mais precisa definido uma largura (ou largura completa na metade do máximo – LCMM) como o intervalo entre os dois picos onde A2 é igual à metade da altura máxima. Os dois pontos na metade do máximo são o , (Prob. 5.41) conforme a figura abaixo. Logo, a largura completa na metade do máximo é LCMM 2. A agudeza do pico de ressonância é obtida pela razão de sua largura 2 pela sua posição, o. Para muitos propósitos, desejamos uma ressonância muito aguda, de modo que é uma prática comum definir um fator de qualidade Q como sendo o recíproco dessa razão: . 2 oQ = Um valor de Q grande indica uma ressonância estreita e um valor de Q pequeno uma ressonância larga. Os valores de Q encontrados nas situações físicas reais variam bastante. Para sistemas mecânicos normais (ex: alto-falantes), os valores podem ficar na faixa de algumas unidades a 100. . 2 oQ = Os osciladores de cristal de quartzo ou os diapasões podem ter Qs de 104. Circuitos elétricos altamente sintonizados podem ter valores variando de 104 a 105. Valores de Qs para sistemas atômicos é da ordem de 5 107. Ressonâncias com maiores Qs conhecidos ocorrem na radiação dos lasers a gás, aproximadamente 1014. J o rg e A n d er so n P a iv a R a m o s - D C E T /U E S B SOLUÇÃO POR SÉRIE DE FOURIER PARA O OSCILADOR FORÇADO Mecânica Clássica IOscilações Nas aulas anteriores, discutimos um oscilador que é forçado por uma força motriz senoidal 𝑓 𝑡 = 𝑓𝑜cos(𝜔𝑡) . Há duas razões principais para a importância de forças motrizes senoidais: a primeira é simplesmente que há muitos sistemas importantes nos quais a força motriz é senoidal – circuito elétrico de um rádio A segunda é um tanto sutil. Resulta que qualquer força motriz periódica pode ser construída a partir de uma força senoidal usando a poderosa técnica da série de Fourier. Portanto, em certo sentido, resolvendo o movimento com uma força motriz senoidal já teremos já solucionado o movimento para qualquer força motriz periódica!! Antes, vamos rever alguns aspectos importantes das séries de Fourier. Vamos considerar a função f(t) que é periódica com período : 𝑓 𝑡 + 𝜏 = 𝑓(𝑡) qualquer que seja o valor de t. é um bom exemplo. Podemos descrever uma função com essa propriedade como sendo -periódica. Um simples exemplo de uma função -periódica é a força exercida sobre um prego por um martelo que está martelando a intervalos de . Outro pode ser a pressão exercida sobre o seu tímpano por uma nota tocada por um instrumento musical. Em particular, há muitas funções senoidais que são periódicas com um dado período: as funções são todas -periódicas, como o são as correspondentes funções seno. Se t crescer por um valor , cada uma dessas funções retorna ao seu valor original. Podemos escrever essas funções senoidais um pouco mais compactas se introduzirmos a frequência angular 𝜔 = 2𝜋/𝜏, assim: (Se n=0, a função cosseno é a constante 1 - que é certamente periódica - enquanto o seno é 0 e não é de forma alguma interessante.) É verdadeiramente surpreendente, em certo sentido, que essas funções seno e cosseno definam todas as possíveis funções -periódicas!!!!! Em 1807, o matemático francês Jean Baptiste Fourier (1768-1830) observou que toda função -periódica pode ser escrita como uma combinação linear de senos e cossenos, ou seja, se onde as constantes an e bn dependem da função f(t). f(t) for qualquer função periódica com período , então ela pode ser expressa como a soma: Esse resultado extraordinariamente útil é chamado de teorema de Fourier e a soma acima é chamada de série de Fourier para f(t). Não é difícil de ver por que o teorema de Fourier apresentou uma considerável surpresa, e mesmo um ceticismo, quando foi publicado pela primeira vez. Ele argumenta que uma função descontínua, como um pulso retangular, pode ser construída a partir de funções seno e cosseno que são contínuas e perfeitamente suaves!!! Surpreendente ou não, isso se mostrou verdade, como veremos brevemente através de um exemplo. Talvez ainda mais surpreendente seja o fato de que, com frequência, obtém-se uma excelente aproximação mantendo apenas poucos termos da série de Fourier. Portanto, em vez de manipularmos uma função tediosa e possivelmente descontínua, temos apenas que manipular um pequeno número de funções se- Antes de discutirmos a aplicação do teorema de Fourier para o oscilador forçado, precisamos verificar algumas propriedades da série de Fourier. A demonstração do teorema de Fourier é complicada - na verdade, foram muitos anos depois da descoberta de Fourier que uma demonstração satisfatória foi encontrada - e simplesmente solicito-o a aceitá-la. Entretanto, uma vez que o resultado está aceito, é fácil apreender a usá-lo. no e cosseno. Em particular, para uma função periódica f(t) os coeficientes an e bn são dados por: Infelizmente, os coeficientes para n=0 requerem uma tenção em separado. Exemplo: Série de Fourier para pulso retangular Determine a série de Fourier para o pulso retangular periódico apresentado na figura ao lado, em termos do período , da altura do pulso fmax e da duração do pulso . Usando os valores =1, fmax=1 e =0,25, desenhe o gráfico de f(t), como também a soma dos três primeiros termos da sua série de Fourier e a soma dos onze primeiros termos. Princípio da Superposição A quantidade entre parênteses no lado esquerdo é um operador linear, que podemos representar por L. Se generalizarmos a função de força dependente do tempo no lado direito, podemos escrever a equação de movimento como: As oscilações que temos discutido obedecem a uma equação diferencial da forma: Uma propriedade importante dos operadores lineares é que eles obedecem ao princípio da superposição. Esta propriedade resulta do fato de que os operadores lineares são distributivos, isto é, Portanto, se tivermos duas soluções, x1(t) e x2(t), para duas funções de força diferentes, F1(t) e F2(t), podemos somar essas equações (multiplicadas por constantes arbitrárias 1 e 2 e obter: Podemos estender este argumento para um conjunto de soluções xn(t), cada uma das quais apropriada a uma determinada Fn(t): Esta é justamente se identificarmos as combinações lineares como: Se cada uma das funções individuais Fn(t) tiver uma dependência harmônica do tempo, como cos nt, sabemos que a solução correspondente xn(t) será fornecida pela equação: Desse modo, se F(t) tem a forma )cos( 4)( A )( 22222 − +− = ttx o A solução do estado estacionárioé: onde Portanto, chegamos à importante conclusão de que, se alguma função de força arbitrária F(t) pode ser expressa como uma série (finita ou infinita) de termos harmônicos, a solução completa também poderá ser escrita como uma série similar de termos harmônicos. Isso completa a solução do movimento de longo prazo de um oscilador forçado por uma força motriz f(t). Resumindo, os passos são: 1. Determine os coeficientes n da série de Fourier para a força motriz dada F(t); 2. Calcule as quantidades An e n; 3. Escreva a solução x(t) como a série de Fourier Exemplo: Considere um oscilador fracamente amortecido que está sendo forçado pelos pulsos retangulares periódicos da figura ao lado. Seja o período do oscilador o = 1, de modo que a frequência natural é o = 2, e seja a constante de amortecimento = 0,2. Assuma que o pulso dure um intervalo de tempo = 0,25 e tenha uma altura fmáx = 1. Calcule os seis primeiros coeficientes de Fourier An para o movimento de longo prazo x(t) do oscilador, assumindo que o período motriz é o mesmo que o período natural, =o=1. Desenhe o gráfico do movimento resultante para várias oscilações completas e repita o exercício para =1,5o; 2,0o e 2,5o. Podemos pensar em sistemas reais que podem ser representados por esse problema. Uma possibilidade simples é a de uma massa pendurada na extremidade de um cordão, no qual um professor está aplicando impulsos regularmente espaçados com intervalos . Um exemplo ainda mais familiar é o de uma criança em um balanço, no qual o pai está dando impulsos regularmente espaçados. Devemos iniciar o movimento considerando =o = 1, ou seja, o pai está impulsionando a criança exatamente com a frequência natural. Solução: Os coeficientes de Fourier n da força motriz já foram calculados no exemplo anterior: Substituímos esses coeficientes e os dados numéricos para encontrar An, Os seis primeiros coeficientes de Fourier Ao, ... , A5: Duas coisas se sobressaem nesses números: primeiro, após A1, eles tornam-se pequenos rapidamente e para quase todos os propósitos será uma excelente aproximação ignorar todos os termos além dos três primeiros da série de Fourier para x(t). Segundo, o coeficiente A1 é bem maior do que todos os demais. Isso é fácil de entender se você prestar atenção na expressão para encontrar os coeficiente An. Ressonância!!!! Não podemos desenhar o gráfico da série infinita para x(t); em vez disso, devemos considerar um número finito de termos com os quais aproximamos x(t). No presente caso, parece claro que três termos serão suficientes, mas, para ficarmos garantidos, consideremos seis. A Figura mostra x(t) como uma aproximação da soma dos seis primeiros termos de Exemplo: Uma função de força de impulsão com forma de “dente de serra” é mostrada na figura Exemplos: 1) O sistema de suspensão de um automóvel é criticamente amortecido e seu período das oscilações livres não amortecidas é 1 s. Se o sistema esta inicialmente deslocado por uma quantidade xo do equilíbrio e é abandonado nessa posição, encontre o deslocamento em t=1s. 2) A frequência de um oscilador amortecido é a metade da frequência do mesmo oscilador sem amortecimento. Encontre a razão entre as amplitudes de duas oscilações sucessivas neste oscilador. 3) O parâmetro de decaimento exponencial de um sistema de suspensão de molas é um décimo do valor crítico. Se a frequência natural é o, encontre: (a) a frequência de ressonância, (b) o fator de qualidade, (c) o ângulo de fase quando o sistema está numa frequência =o/2, e (d) a amplitude nessa frequência. 4) Um pistão executa movimento harmônico simples com uma amplitude de 0,1 m. Se ele passa pelo centro do seu movimento com uma velocidade de 0,5 m/s, qual é o período T da oscilação. 5) Uma partícula executando um movimento harmônico simples tem uma velocidade v1 quando o deslocamento é x1 e uma velocidade v2 quando o deslocamento é x2. Encontre a frequência angular e a amplitude do movimento em termos dessas quantidades dadas. 6) A frequência f de um oscilador harmônico amortecido é 100 Hz e a razão entre dois máximos sucessivos é 1/2. (a) Qual é a frequência natural fo desse oscilador? (b) Qual é a frequência de ressonância fr? 7) Considere um oscilador harmônico simples com período . Seja f o valor médio de uma variável qualquer f(t), cuja média sobre um ciclo é: 𝑓 = 1 𝜏 න 0 𝜏 𝑓 𝑡 𝑑𝑡 . Mostre que T= U= 1 2 𝐸, onde E é a energia total do oscilador. GLOSSÁRIO 1- Uma análise do grau de simetria de cada um dos sistemas cristalográficos permite concluir que o mais simples, e o mais simétrico, é o cúbico, já que apresenta a simetria do cubo, beneficiando da isometria das suas faces. Os restantes seis sistemas ordenam-se de acordo com a seguintes sequência decrescente de simetria: hexagonal, tetragonal, romboédrico, ortorrômbico, monoclínico e triclínico. 2- Isocronismo – quando o período de oscilação de um sistema não depende da sua amplitude. Ex: o período do pêndulo simples não depende da amplitude. REFERÊNCIAS Taylor, John R. Mecânica Clássica. 1ª Edição, Ed. Bookman LTDA, Porto Alegre, 2013. Shapiro, Ilya Lvovich; Peixoto, Guilherme. Introdução à mecânica clássica. Editora Livraria da Física. São Paulo, 2010. Fowles, Grant R; Cassiday, George L. Analytical Mechanics. 6ª Ed., Saunders college Publishing, 1998.
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