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Monitoramento, 
Análise e Avaliação 
de Políticas Públicas 
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Marcelo Bernardino Araújo
Revisão Textual:
Profa. Esp. Márcia Ota
Regularidade das Políticas Públicas
• Introdução
• Aspectos teóricos
• Controle do Ato Administrativo
 · Esta unidade tem como objetivo adquirir conhecimentos sobre a 
relação entre os Poderes com vistas ao desenvolvimento do país.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Nesta Unidade, vamos aprender um pouco mais sobre um importante tema: 
a Regularidade das Políticas Públicas.
Então, procure ler, com atenção, o conteúdo disponibilizado e o material 
complementar. Não esqueça! A leitura é um momento oportuno para 
registrar suas dúvidas; por isso, não deixe de registrá-las e transmiti-las ao 
professor-tutor.
Além disso, para que a sua aprendizagem ocorra num ambiente mais 
interativo possível, na pasta de atividades, você também encontrará as 
atividades de Avaliação, uma Atividade Reflexiva e a Videoaula. Cada material 
disponibilizado é mais um elemento para seu aprendizado, por favor, estude 
todos com atenção!
É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.
Bons estudos!
ORIENTAÇÕES
Regularidade das Políticas Públicas
UNIDADE Regularidade das Políticas Públicas
Contextualização
Nossa Constituição Federal de 1988 define em seu art. 37 os princípios 
da Administração Pública, que são: legalidade, impessoalidade, moralidade, 
publicidade e eficiência. Não existe uma hierarquia entre os princípios, ou seja, 
não há um princípio que seja mais importante do que outro. Mas daremos ênfase 
aqui no princípio da publicidade.
Mas como funciona a publicidade voltada para as ações governamentais?
Conforme Meirelles (2006), o princípio de publicidade, descrito no art. 37 da 
Constituição, pode ser conceituado como:
Publicidade é a divulgação oficial do ato para conhecimento público e início 
de seus efeitos externos. Daí porque as leis, atos e contratos administrativos 
que produzem consequências jurídicas fora dos órgãos que os emitem 
exigem publicidade para adquirirem validade universal, isto é, perante 
as partes e terceiros. A publicidade não é elemento formativo do ato; é 
requisito de eficácia e moralidade. Por isso mesmo, os atos irregulares não 
se convalidam com a publicação, nem os regulares a dispensam.
Publicidade e transparência caminham juntas. Transparência é um dos 
pilares (planejamento, transparência, controle e responsabilidade) da Lei de 
Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101/2000). Ela visa ao equilíbrio 
das contas públicas.
Para Silva (2004), gestão fiscal transparente é aquela em que os atos praticados pelo 
gestor público são divulgados amplamente de forma clara e objetiva à sociedade toda.
A publicidade dos atos de gestão ocorre de diversas formas, seja através da 
publicação em Diário Oficial, em Boletim de Serviços, nos sites dos Órgãos 
governamentais, em portais da Transparência, Portal de Convênios, Siga Brasil ou 
ainda demandas solicitadas com base na Lei de Acesso à Informação.
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Introdução
Vimos que as políticas públicas podem ter diversos usuários ou beneficiários. 
Elas podem ser universais ou específicas/focalizadas.
Nas políticas sociais universais, o Estado beneficia a todos os cidadãos, ou seja, 
não depende do nível socioeconômico ou de outras formas de discriminação. Por 
exemplo, as políticas sociais universais são os benefícios de bem-estar, ou seja, 
que são comuns e disponíveis a toda população. No Brasil, nossa lei maior, a 
Constituição prevê segurança, saúde e educação. 
Nas políticas sociais específicas, apenas em determinadas condições, alguns 
terão acesso, ou seja, são benefícios limitados a um subconjunto do universo. Esse 
subgrupo apresenta uma característica relacionada com uma situação particular. 
Em outras palavras, para acessar a assistência, o assunto deve demonstrar que 
existe a necessidade ou que cumpriu um requisito. Por exemplo, quem contribui 
ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o segurado (quem contribui para a 
Previdência Social) em certos casos, terá direito à aposentadoria, auxílio-doença, 
auxílio acidente, licença maternidade. Em alguns casos, há carência, isto é, uma 
quantidade mínima de contribuições e outros não. Perceba que nas políticas 
específicas se uma pessoa não cumprir um determinado requisito, não poderá ser 
beneficiada, por não ser do público-alvo. Outro exemplo de política específica é o 
direito aos desamparados, ou seja, pessoas em situação de extrema pobreza, a elas 
se concede o Bolsa-Família.
A Emenda Constitucional nº 90/2015 elenca os direitos sociais: a educação, a 
saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a 
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desam-
parados, na forma da Constituição Federal. Entretanto, como vimos, alguns são uni-
versais (independe de condição) e outros específicos (depende de alguma condição).
Vimos também que os recursos são limitados, mas as necessidades são 
muitas. Dessa forma, deve-se formar uma Agenda Política com as prioridades 
governamentais. As implantações de novas políticas já devem ser acompanhadas 
ou monitoradas constantemente, a fim de se evitar desperdícios, bem como no 
combate à corrupção. Por exemplo, o art. 77 da Lei nº 4.320/1964, que estatui 
normas gerais de direito financeiro, diz que a verificação da legalidade dos atos de 
execução orçamentária será prévia, concomitante e subsequente, mas, na prática, 
só vemos o controle subsequente. Nesse controle, a posteriori muitos recursos já 
foram desviados.
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UNIDADE Regularidade das Políticas Públicas
Importante!
Nenhuma emissora de televisão pode usar mais de 25% do seu tempo com publicidade 
comercial. Mas sempre há tanto apelo comercial, inclusive em novelas e reality shows? 
Sim, como não há controle efetivo nessa área, existem rádios comerciais com outorgas 
vencidas há duas décadas. Outra curiosidade é que, pela Constituição Federal de 1988, 
os políticos não podem ser sócio-proprietários ou diretores de emissoras de rádio ou TV. 
Embora haja previsão legal, não existe controle nem fiscalização. Dessa forma, é comum 
ocorrer irregularidades no uso e posse das concessões desses veículos de comunicação. 
O Decreto original (texto base) que regulamenta os serviços de radiodifusão é o Decreto 
nº 52.795/1963. A sua última alteração se deu pelo Decreto nº 7.670/2012.
Você Sabia?
Nesta unidade, você verá que existem políticas públicas em diversas áreas. Não 
dá para conhecer ou trabalhar com todas ao mesmo tempo, porém você saberá 
onde encontrar as normas que regem a área, em que você irá atuar.
Aspectos Teóricos
Você já ouviu falar em instrumentalização do controle social? O Conselho Federal 
de Contabilidade (2008), assim o define:
Instrumentalização do Controle Social: compromisso fundado na ética 
profissional, que pressupõe o exercício cotidiano de fornecer informações 
que sejam compreensíveis e úteis aos cidadãos no desempenho de sua 
soberana atividade de controle do uso de recursos e patrimônio público 
pelos agentes públicos. 
Portanto, em atendimento aos preceitos de publicidade, transparência e 
instrumentalização do controle social, cabe ao servidor público encontrar meios 
de divulgar informações que sejam simplificadas e capazes de se entender por 
qualquer cidadão.
Você sabe o que é reformismo? Segundo o Dicionário Brasileiro da Língua 
Portuguesa Michaelis, reformismo é uma doutrina política e social, segundo a 
qual, o aperfeiçoamento da sociedade não se dá por mudanças bruscas, senão por 
sucessivas reformas gradativas.
Uma sociedade acostumada com a regularidade das políticas públicas já 
implantadas pode se adaptar melhor a uma agenda reformista, pois como na 
definição,as mudanças são gradativas, pontuais. Em outras palavras, não muda 
tudo da noite para o dia.
A regularidade das políticas públicas depende do envolvimento de todos os atores, 
sejam os governamentais e os não governamentais. Um dos mecanismos para 
unir as partes foi a criação da Política Nacional de Participação Social (PNPS), um 
instrumento que visa fortalecer e articular os mecanismos e as instâncias democráticas 
de diálogo e a atuação conjunta entre o governo federal e sociedade civil.
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A PNPS tem como objetivos e diretrizes o gerenciamento de um conjunto 
de mecanismos criados para possibilitar o compartilhamento de decisões sobre 
programas e políticas públicas, tais como: conselhos, conferências, ouvidorias, 
mesas de diálogo, consultas públicas, audiências públicas e ambientes virtuais.
Da mesma forma, foi firmado o Compromisso Nacional pela Participação Social 
(CNPS), que é um acordo entre os governos federal, estadual, distrital e municipal, 
o qual define as diretrizes para a promoção da participação social como forma de 
governo, com o objetivo de fortalecer os mecanismos e instâncias de diálogo entre 
os diversos atores, com vistas à consolidação da democracia participativa.
Outra forma de conscientização e criação e manutenção de políticas públicas é 
a edição de leis ou normativos de política nacional. Em uma política nacional, são 
estabelecidos objetivos (comuns a todo território brasileiro), mediante a interpretação 
dos interesses e aspirações da população. Nessas leis, definem-se orientações para 
a manutenção ou preservação desses objetivos.
São exemplos de normativos que instituíram Políticas Nacionais em diversas áreas:
 · Política Nacional de Meio Ambiente, Lei nº 6.938/1981;
 · Política Nacional de Informática, Lei nº 7.232/1984;
 · Política Nacional do Idoso, Lei nº 8.842/1994;
 · Política Nacional de Recursos Hídricos, Lei nº 9.433/1997;
 · Política Nacional de Biodiversidade, Decreto nº 4.339/2002;
 · Política Nacional de Assistência Social, Resolução CNAS nº 145/2004;
 · Política Nacional de Juventude, Lei nº 11.129/2005;
 · Política Nacional de Desenvolvimento Regional, Decreto nº 6.047/2007;
 · Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei nº 12.305/2010;
 · Política Nacional de Segurança de Barragens, Lei nº 12.334/2010;
 · Política Nacional de Atenção Básica, Portaria MS nº 2.488/2011;
 · Política Nacional de Participação Social, Decreto nº 8.243/2014; e
 · Política Nacional de Inteligência (PNI), Decreto nº 8.793/2016.
Por meio do site do Planalto, o cidadão tem acesso às decisões políticas da Presidência da 
República e fi ca por dentro de novos projetos do governo federal, projetos em votação no 
Congresso Nacional etc. Além disso, o link Legislação possibilita o acesso aos Códigos, à 
Constituição Federal e dos Estados e Distrito Federal, Decretos e leis históricas brasileiras.
http://www.planalto.gov.br/
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UNIDADE Regularidade das Políticas Públicas
Para cada nova política pública e também para as existentes, a verificação da sua 
regularidade deve ser avaliada, medida, quantificada. Segundo Lambert (2010), no 
processo de avaliação de uma política pública, deve ser tomado como referência 
um conjunto de indicadores capazes de informar:
1. A pertinência dos problemas observados na realidade e os objetivos 
almejados pelo projeto, respondendo, então, à pergunta se ele seria capaz de 
tanger aqueles problemas que motivaram a sua criação;
2. A coerência entre os meios propostos e seus objetivos;
3. Se ele foi capaz de atingir os resultados esperados e se ele os atingiu completa 
ou parcialmente;
4. Pode-se medir se o meio utilizado foi eficiente, verificando a relação de 
custo e tempo despendido para a obtenção dos resultados; e
5. Se os impactos do projeto tenham, ou não, efetivamente corroborado para a 
solução dos problemas observados e que motivaram a elaboração do mesmo.
Para Baslé (2001), a avaliação da regularidade serve para melhorar a 
administração pública, não correspondendo com as ações de simples auditoria 
de performance, nem com o controle de regularidade jurídica. Essa ferramenta 
contribui à modernização da gestão da administração e dos serviços públicos, à 
eficiência da despesa pública e ao desenvolvimento da responsabilidade como 
prestação de contas. 
É por meio da avaliação que as ações podem ser conhecidas, fruto da política 
pública, demonstrando seus limites e impactos. Ela permite padronizar as 
apresentações, multiplicar e melhor controlar as fontes e as bases de dados, preparar 
sínteses, responder às falsas argumentações e aos rumores. Ela é um meio para a 
boa governança, eis que está inserida em um conjunto de processos da produção 
de conhecimento, securitizando todas as partes interessadas: os eleitos, aqueles 
com cargo de decisão dentro da administração pública e também os cidadãos, 
garantindo a transparência das ações do governo (BASLÉ, 2001).
O termo avaliação se refere à mensuração do impacto de intervenções, tais 
como a participação em um programa de capacitação ou treinamento ou ainda o 
recebimento de uma transferência de renda de um programa social, sobre os efeitos 
de interesse. A avaliação se refere a mudanças no status das variáveis relevantes. 
O problema central na avaliação é a inferência de uma conexão causal entre o 
tratamento (a participação em um determinado programa) e o efeito. A relevância 
das avaliações é direta, pois seus efeitos podem ser associados a programas sociais 
ou melhorias em programas existentes para atingir os objetivos da política social 
(OLIVEIRA, 2007).
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As avaliações não correspondem apenas às missões tradicionais de controle 
orçamentário e financeiro ou de inspeção, de controle ou mesmo de simples 
auditoria de performance. Elas não buscam mais controlar a regularidade jurídica 
de uma ação pública. É possível, no entanto, avaliar os efeitos econômicos, grau 
de atingimento da política, número de pessoas beneficiadas ou outros de uma 
regulamentação.
A avaliação não é um simples estudo, mas uma verdadeira ferramenta ao serviço 
da estratégia pública, é uma contribuição à tomada de decisões, bem como, à 
modernização da gestão de administração e de serviços públicos, à eficácia do gasto 
público, bem como ao desenvolvimento da responsabilização, do debate público e 
das práticas de prestação de contas no seio das organizações e das práticas de 
confrontação com o olhar externo (BASLÉ, 2001).
Assim, os resultados alcançados, quando divulgados, podem ser usados tanto 
para tomadas de decisões por parte dos gestores contratantes da avaliação, quanto 
por outros atores envolvidos na disputa por determinada agenda política. Uma 
vez que atores e interesses existem dentro e fora das estruturas governamentais, 
a divulgação de resultados de avaliação, ainda que internamente, também pode 
assumir uma conotação política. A divulgação externa de resultados, positivos ou 
negativos, sempre repercute sobre gestores, dirigentes e a comunidade de políticas 
envolvidos nos programas avaliados (RBMA, 2011).
É certo que nenhuma avaliação pode ser neutra, já que o próprio ato de avaliar é 
de aportar valor a algo, ser capaz de criticá-lo, considerando-o positivo ou negativo. 
Para se ter resultados confiáveis é imperativo que o expert, ao exercer essa atividade, 
seja o mais técnico o possível, buscando se distanciar do objeto de sua pesquisa 
para, assim, trazer à tona o que se passa de fato com o programa avaliado. Esse 
distanciamento, no entanto, não se dá de modo absoluto, pois esta atividade deve 
ser realizada para o gestor com o objetivo de melhorar o desempenho de seus 
programas/projetos e entender os impactos sobre eles. Assim, dialogar com o 
gestor antes da análise para tentar entender o que para ele é mais importante na 
avaliação e quais são suas dúvidas, é essencialpara que o resultado da análise possa 
ser útil à gestão.
No Brasil, em poucos anos, esta profissionalização tem se desenvolvido de modo 
vertiginoso junto a uma nova cultura de avaliação que, apesar dos obstáculos, vem 
se inserindo na gestão pública. Antigamente, não existia, na maioria das entidades 
públicas, uma cultura de avaliação, ou seja, um conjunto de práticas e crenças, 
legitimando a avaliação como parte da gestão de programas e políticas. Pelo 
contrário, havia grande desconhecimento não apenas do significado, mas também 
da própria função ou cargo específico para avaliação e monitoramento. Ficando, 
muitas vezes, restrito às assessorias de Secretários municipais e estaduais ou alguns 
poucos servidores de Secretaria de Planejamento, por estarem envolvidos na 
elaboração da proposta orçamentária.
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UNIDADE Regularidade das Políticas Públicas
É fundamental, para o país, uma integração dessa função ao planejamento e 
à gestão governamental, envolvendo uma concepção de administração pública 
transparente e voltada para resultados, que ainda não se institucionalizou como 
prática “normal”, ou seja, incorporada à visão de mundo de certa comunidade; 
no caso, tanto os gestores e dirigentes governamentais como os demais atores 
envolvidos em políticas e programas específicos (VAITSMAN et al., 2006).
Em 2008, foi criada a Rede Brasileira de Monitoramento e Avaliação (RBMA), 
uma parceria com o apoio da Fundação João Pinheiro (FJP), do Banco Interame-
ricano de Desenvolvimento, e do Banco Mundial.
Os principais objetivos da RBMA são:
 · promover o uso de práticas de Monitoramento e Avaliação;
 · promover trocas de experiência e de instrumentos de trabalho;
 · facilitar a identificação das instituições trabalhando neste tema no Brasil; e
 · formar uma “comunidade de prática”. 
A entidade desenvolve periodicamente Conferências nacionais, edita a Revista 
Brasileira de Monitoramento e Avaliação e, ainda, disponibiliza uma plataforma 
para troca de experiências entre os países da América Latina, o REDLACME.
Para conhecer melhor a entidade, acesse: http://redebrasileirademea.ning.com/.
Essa troca de experiências práticas é fundamental para que haja uma regularidade das 
políticas públicas, que passam por vários desafios.
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Atualmente, nas sociedades democráticas, em que atores governamentais e não 
governamentais participam e disputam políticas, os resultados dos estudos acabam 
tendo efeitos políticos, principalmente quando revelam aspectos não esperados ou 
contrários aos objetivos que haviam sido previstos para o programa avaliado.
Mas, mesmo que alguém com treinamento e capacitações na área terá dificuldade 
ao iniciar a atividade na prática. Importante destacar que essa pessoa terá 
dificuldades, pois os dados, o tempo e os recursos financeiros, que ela iria estimar 
como necessários para realizar um projeto de pesquisa ideal, simplesmente não 
estão disponíveis. No mundo real, as avaliações têm que ser realizadas sob vários 
tipos de restrições. Concomitantemente, os clientes esperam que as avaliações 
sejam “rigorosas” o suficiente para convencer seus acionistas ou público-alvo de 
que elas são suficientemente confiáveis e válidas (RBMA, 2011).
Se os controles são falhos, o controlado poderá forjar números e/ou documentos 
para passar uma falsa impressão de efetividade.
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Controle do Ato Administrativo
Você sabe quais são as características do controle do ato administrativo ou 
da Administração Pública? Segundo Meirelles (2006), “Controle, em tema de 
administração pública, é a faculdade de vigilância, orientação e correção que um 
Poder, órgão ou autoridade exerce sobre a conduta funcional de outro”.
Certamente, deve haver harmonia entre os Poderes, mas os limites constitucionais 
de cada um devem ser cumpridos e, nesse sentido, também é que um Poder deve 
fiscalizar o outro.
Você sabe qual é a diferença entre fatos e atos administrativos? Vamos começar 
apresentando os fatos administrativos, que, para Carvalho Filho (2014), podem 
ser voluntários e naturais. Os fatos administrativos voluntários se materializam de 
duas maneiras:
1. Por atos administrativos, que formalizam a providência desejada pelo 
administrador através da manifestação da vontade. Por exemplo, na 
interdição de um shopping ou de um estabelecimento comercial, seja por 
falta de algum alvará, licenças ou alguma prática ilegal no local.
2. Por condutas administrativas, que refletem os comportamentos e as ações 
administrativas, sejam ou não precedidas de ato administrativo formal. Já 
os fatos administrativos naturais são aqueles que se originam de fenômenos 
da natureza, cujos efeitos se refletem na órbita administrativa. Por exemplo, 
a alteração do endereço de uma entidade pública, ou ainda o serviço de 
limpeza urbana.
Os fatos administrativos naturais são baseados em fenômenos da natureza 
com reflexos na órbita administrativa. Por exemplo, catástrofes naturais, como 
enchentes, raios, que acabam destruindo o patrimônio público. 
Conforme Di Pietro (2000), existem quatro espécies de atos que envolvem 
a administração: atos de direito privado, atos materiais, atos políticos e atos 
administrativos.
Os atos de direito privado são aqueles baseados na igualdade da relação jurídica 
entre Administração e a parte contrata. Em outras palavras, não há o uso da 
supremacia de poder público inerente à Administração na relação comercial, ou 
seja, ambas as partes estão na mesma posição, observadas nas relações contratuais 
regidas pelo código civil ou código comercial. Por exemplo: contrato de locação; 
se for interessante para a administração alugar um determinado imóvel em uma 
determinada região, por facilidade de acesso, ela fará um contrato de locação 
como qualquer outro com o proprietário do imóvel e, se atrasar, pagará multa, 
juros reajustes anuais, caso seja previsto no contrato.
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UNIDADE Regularidade das Políticas Públicas
Os atos materiais, por sua vez, são aqueles, em que não havendo qualquer 
manifestação de vontade são limitados a atividades operacionais. Por exemplo, 
a poda de árvores em ruas. Trata-se de uma atividade não jurídica, exercida pela 
Administração.
Já os atos políticos são aqueles praticados no exercício de função política ou 
da função de governo. Por exemplo, a gestão de planos de governo ou relações 
diplomáticas internacionais.
Por fim, o ato administrativo. Segundo Carvalho Filho (2014), ato administrativo 
é “a exteriorização da vontade de agentes da Administração Pública ou de seus 
delegatários, nessa condição, que, sob regime de direito público, vise à produção 
de efeitos jurídicos, com o fim de atender ao interesse público”. Por exemplo, 
quando realiza uma licitação, um concurso público.
Como vimos, para que não haja desperdícios ou desvios de recursos públicos, deve 
existir controle de toda atividade administrativa, por todos os Poderes (Executivo, 
Legislativo e Judiciário), inclusive as atividades de seus agentes. Vimos também que 
as formas de controle são as mais diversas, podendo ser interno ou externo.
Por exemplo, o controle judicial de políticas públicas e atos do governo tem se 
manifestado por meio de instrumentos de ações coletivas e parcerias entre os poderes.
Assim, os limites da intervenção são definidos pelo Conselho Nacional de Justiça 
(CNJ) em consonância com o princípio do direito, denominado razoabilidade, para 
a adequação do núcleo do mínimo existencial (direito constitucional) e da reserva do 
possível (condições mínimas de subsistência). O CNJ coordena vários programas 
que priorizam algumas áreas: gestão institucional, meio ambiente, direitos humanos 
e tecnologia. Entre seus programas mais conhecidos estão: Conciliar é Legal, Metas 
do Judiciário, Lei Maria da Penha, Pai Presente, Começar de Novo, Justiça Aberta, 
Justiça em Números, dentre outros.O controle e a intervenção judicial são realizados por meio de sanções (penali-
dades) ao Poder Executivo, bem como atua no controle da constitucionalidade das 
normas elaboradas pelo Poder Legislativo, reforçando o ideal de freios e contrape-
sos no Estado democrático de direito (HESS, 2011).
Por exemplo, a Constituição define que todo brasileiro deve ter acesso ao 
Sistema Único de Saúde e o Senhor José da Silva não consegue vaga para ser 
internado em um hospital público. A família dele, então, recorre ao Judiciário para 
conseguir uma vaga, por meio de uma liminar. Algumas liminares já são expedidas 
com uma multa por não cumprimento (sanção).
Assim, o Poder Judiciário, por exemplo, pode atuar através da verificação da 
regularidade das políticas públicas, por meio do controle do ato administrativo? 
Sim, entretanto, a dinâmica dos fatos e o volume de processos nas diversas 
instâncias fazem com que o Poder Judiciário realize esse controle através de 
decisões liminares e outras tutelas de urgência (antecipada ou cautelar) previstas no 
Código Civil (DINIZ, 2003). 
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Cabe, portanto, ao Poder Executivo, como ente competente para tal, a realização 
de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento do país. Mas infelizmente, 
como dissemos várias vezes ao longo do curso, as necessidades são muitas e os 
recursos são poucos para determinadas áreas.
No atendimento à sociedade, deve prevalecer a interesse público e nacional sobre o 
particular e privado? Existe política pública contrária a essa ideia?
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Por exemplo, todos querem um hospital público com excelentes estruturas, 
profissionais, materiais, atendimentos rápidos e principalmente vagas em 
internações quando precisarem. Mas não há vaga para todos. Às vezes, faltam 
remédios; às vezes, materiais cirúrgicos etc. Isso pode ocorrer por uma série de 
fatores, alguns controláveis ou gerenciáveis, outros não. Exemplificando, temos a 
falta de papel higiênico, há várias possibilidades para explicar esse fato:
 · ele pode não ter sido licitado;
 · o fornecedor ainda não entregou;
 · ninguém requisitou para o Almoxarifado;
 · ele até estava no banheiro, mas a janela estava aberta, choveu e molhou 
o papel; e 
 · alguém o surrupiou.
Como controlar esses diversos tipos de situações? Lembre-se da relação custo 
e benefício. Quando o custo do controle for superior ao benefício gerado pelo 
controle, ele não vale a pena. Não é por isso que você não irá controlar nada. 
Você deve desenvolver meios econômicos e eficientes para combater os desvios e 
desperdícios. Por exemplo, a simples colocação de um aviso já pode conscientizar 
alguns usuários. 
Na Operação Lava Jato, o Ministério Público, no combate à corrupção, atua 
basicamente de três formas: 
 · como titular privativo da ação penal pública;
 · como legitimado à ação civil pública para proteção do patrimônio público, 
nos termos do art. 129, incisos I e III da Constituição Federal de 1988; e
 · com ação de improbidade administrativa, nos termos do art. 17 da Lei 
nº 8.429/1992.
A ação de improbidade administrativa é instrumento normativo desenvolvido 
para punir os agentes públicos ímprobos, ou seja, os desonestos. Existem atos de 
improbidade de três espécies:
a) os que causam enriquecimento ilícito;
b) os que causam prejuízo ao Erário; e
c) os que atentam contra os princípios da Administração Pública.
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UNIDADE Regularidade das Políticas Públicas
O filme “Milk – A Voz da Igualdade”, dirigido por Gus Van Sant, mostra a busca direitos iguais 
e oportunidades para todos, sem discriminação sexual. Baseado em fatos reais conta a 
história política do o primeiro gay assumido a alcançar um cargo público de importância na 
cidade de São Francisco nos Estados Unidos.
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A necessidade de monitoramento e avaliação de políticas públicas é fundamental 
para o processo decisório e cai, cada vez mais, no gosto da população no seu papel 
de controle social e reivindicações nas manifestações de rua.
Apesar de a avaliação ter sido usada apenas com a finalidade de controle e, 
portanto, limitada em seus objetivos e meios, atualmente, ela se distancia das 
funções de controle, pois adquire amadurecimento tendo em vista a complexidade 
na composição de dados, informações e indicadores.
Descrição Comparação Explicação Julgamentode Mérito Recomendações
Figura 1: Processo avaliativo
A avaliação deve ser utilizada como uma ferramenta de apoio à gestão. Como se 
trata de uma matéria motivada pelo interesse público, ela deve estar conformidade 
com os ideais de boa governança, ou seja, atuar com transparência, controle e 
accountability na gestão pública. Assim, com esse instrumento, o gestor tem a 
possibilidade de avaliar o desempenho de seus programas e projetos e melhorá-los.
Contudo, a avaliação das políticas públicas apresenta uma característica político-
gerencial, isto é, trata-se de uma área técnica e política ao mesmo tempo. Por 
tratar com informações que podem produzir alta carga política sobre programas ou 
valores em jogo, institucionalizar esta atividade (a criação como setor de Avaliação) 
favorece a comunicação entre gestor (comissionado ou de carreira) e avaliador, 
permitindo uma profissionalização da própria gestão e garantindo aos cidadãos a 
prestação de contas das atividades da gestão.
Apesar da confusão ou desconhecimento que se faz entre a avaliação da política 
pública e a avaliação do gestor, é preciso que haja uma quebra de paradigma 
com a mudança da cultura de avaliação para permitir que a avaliação pudesse ser 
efetivamente utilizada pelo administrador público no processo decisório.
Quando institucionalizada no Órgão, a avaliação irá se deparar com três 
formas de abordagem: orientada para metas e objetivos, baseada em teoria ou 
ainda participativa.
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Tabela 1: Abordagens par avaliação no setor público
Abordagem orientada para as metas e objetivos
• Governo como um contexto de relações entre “principal” e “agente”.
• Recurso que materializa o fluxo de comando na democracia representativa.
Abordagem baseada em teorias
• Conecta de maneira sistemática os fins e os meios nas políticas e nos programas.
• Recurso para promover a reflexão sobre as políticas e os programas.
Abordagem participativa
• Recurso para compensar déficits na democracia.
• Recurso para compensar falhas de gestão.
Fonte: Adaptado de Dahler-Larsen (2005)
Infelizmente, os atos administrativos são controlados somente a posteriori, ou 
seja, depois de sua ocorrência. De alguma forma, os órgãos de controle (interno 
e externo) precisam criar estratégias eficazes e eficientes de combate à corrupção, 
pois eles conhecem os caminhos dos desvios. Portanto, o acompanhamento dos 
atos administrativos, na medida do possível, deve ser concomitante.
Chegamos ao fim da unidade. Aproveite, ao máximo, os ensinamentos da 
disciplina para transformar a Gestão Pública, visando ao atendimento do princípio 
constitucional da eficiência para a administração Pública.
Deixo aqui uma citação do Visconde Louis Bonald (filósofo francês) que disse: 
“A pior das corrupções não é aquela que desafia as leis; mas a que se corrompe a 
ela própria”. 
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UNIDADE Regularidade das Políticas Públicas
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Políticas públicas no Brasil
HOCHMAN, Gilberto; ARRETCHE, Marta; MARQUES, Eduardo. Políticas públicas 
no Brasil. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2007. 398 p. ISBN: 9788575411247 
 Leitura
Arranjos produtivos locais, políticas públicas e desenvolvimento regional
COSTA, Eduardo José Monteiro da. Arranjos produtivos locais, políticas públicas 
e desenvolvimento regional. Brasília: Mais Gráfica Editora 2010.
http://goo.gl/H13Q7A
Popularização da ciência e as políticas públicas no Brasil (2003-2012)
FERREIRA,José Ribamar. Popularização da ciência e as políticas públicas no Brasil 
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