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Empresarial.
1.Teoria Geral dos Títulos de Crédito
No aspecto econômico, o crédito nada mais é que a troca de um bem presente por outro futuro. Tendo como base fundamental a confiança que o credor deposita no devedor e no amparo dos órgãos e institutos existentes que “garantem o recebimento futuro”. Sua importância para o crescimento econômico se dá em vários setores, como exemplo podemos citar os comerciantes, indústrias e agricultores.
Com a crescente importância do crédito, eis que surgem os títulos de crédito, com o fim de garantir os direitos do credor. Sendo então aderidos no meio empresarial. Os referidos títulos permitem transmitir o credito através do instituto da cessão, no entanto, para tal cessão d3eve-se observar os princípios do direito cambiário.
Os títulos de crédito, por se tratarem de títulos extrajudiciais, não necessitam passar por um processo de conhecimento. Para se cobrar em juízo basta apenas a execução do título (art.585, I, CPC).
Conceitos:
O título de crédito é um documento em meio físico (normalmente papel), deve ser escrito, mencionar qual o direito que faz jus seu portador (emitente), a quantia devida, a data de vencimento, a praça, entre outras informações. Ele é literal, pois somente vale o que nele estiver escrito e autônomo visto que cada que pessoa que assume uma obrigação no título o faz de forma autônoma.
Características:
O mesmo título de crédito pode passar pelas mãos de várias pessoas, sem se vincular a causa de origem do título, incorporando somente o direito nele expresso. Essas características são oriundas dos princípios da Cartularidade, Literalidade e Autonomia.
Cartularidade: Significa que o título é um documento e deve estar em uma cártula (papel), sendo necessário apresentar o original para satisfazer o direito nele contido, em hipótese do título estar preso em outro processo, nossos tribunais entendem ser possível a cópia autenticada. Em contraponto a esse principio não podemos esquecer a duplicata virtual, através do envio de ordem de cobrança ao banco, que por sua vez, emite e envia o boleto para o devedor pagar.
Autonomia: é autônomo, pois não vincula as várias obrigações com o crédito contido no título, o que proporciona sua livre circulação até o momento aprazado, valendo para o credor final, o crédito nele contido e não as relações jurídicas anteriores. Em consequência surgem dois outros subprincípios, quais sejam, o da Inopobilidade das exceções e o da Abstração.
Inopobilidade das exceções, a relação jurídica que originou o título de credito bem como as que vierem a existir posteriormente, não atinge o terceiro de boa-fé. Tal princípio está positivado no art. 17 da lei uniforme e no art. 916 do CC.
Abstração, estando o título nas mãos de alguém que não participou da relação jurídica originária, não haverá vinculo com o negócio que ensejou sua criação, bastando apenas sua apresentação para satisfazer o crédito.
Literalidade: Só valo o que no título estiver escrito. Somente tendo relevância jurídica o teor do que está escrito. Sendo que constam somente na cártula os direitos e obrigações emergentes de sua emissão. Incluindo o aval, parcial quitação, endosso e qualquer outro. No entanto, caso existam documento apartados do título, embora não atingirem terceiros vigora entre as partes da relação original.
Classificação: 
 *Quanto ao modo de circulação, pode ser “ao portador” ou “nominativos”.
Ao portador é quando não consta o nome do beneficiário, cuja transferência se faz por entrega física do título. Normalmente encontramos a expressão “Pague-se ao portador deste...”. Esse tipo de emissão é proibido, sendo somente permitido para emissão de cheque com valor de até R$ 100,00. 
Dúvidas: (CONFIRMAR PROIBIÇÃO) / O endosso em branco seria o “ao portador”?
Nominativos são os que constam o nome do credor, sendo necessário o endosso (em preto?). Neste encontra-se a expressão “pague-se a Fulano de Tal a quantia...”. Neste caso podem ser À ordem ou não à ordem. 
A ordem significa que para que o título possa circular, é necessário o endosso, nesse caso encontra-se a expressão “pague-se a Fulano de Tal ou a sua ordem, a quantia...”.
Não à ordem, é quando o titular não pode endossar, usado somente em casos excepcionais, visto que foge do objetivo dos títulos de crédito que possuem livre circulação. 
*Quanto a hipótese de emissão, pode ser “abstratos” e “causais”.
Abstratos, aqueles que se desvinculam completamente da relação jurídica originária. Ex: cheques, notas promissórias e a letra de cambio.
Causais, necessariamente estão vinculados à obrigação jurídica originária, só podem ser emitidas em determinados negócios jurídicos. Ex: Duplicata. (O contrato assinado por 2 testemunhas tbm é causal?)
 *Quanto a natureza do crédito, pode ser “Próprios” e “impróprios”.
Próprios, quando o título é para pagamento futuro. Ex: Letra de câmbio e a Nota promissória.
Impróprios, o pagamento não está obrigatoriamente condicionado ao futuro. Ex: Cheque, que é uma ordem de pagamento a vista.
 *Quanto ao modelo, pode ser “vinculados” e “livres”.
Vinculados, tem padrão de formato previamente fixados. Ex: Cheques e Duplicatas.
Livres, o formato se dá da maneira que melhor atenda os interesses das partes. Ex: Nota promissória e letra de câmbio. 
Em resumo, o Cheque deverá usar obrigatoriamente o título fornecido pelo banco, enquanto a nota promissória poderá ser confeccionada em qualquer tipo de papel e formato, obedecendo apenas os requisitos obrigatórios. 
Espécies de título de crédito:
Letra de cambio / Nota Promissória / Cheque / Duplicata / Conhecimento de Transporte / Warrant / Título de crédito rural / Título de crédito industrial / Título de garantia imobiliária.
Não inclui aqui as ações, debentures, partes beneficiárias e bônus de subscrição, todos valores mobiliários emitidos pelas S.A, pois representam um título de investimento em uma determinada atividade econômica. Trazendo consigo trazendo diversos direitos e não somente a satisfação do crédito propriamente dito.
Regime Juridico dos Títulos de Crédito
Nas conferencias de Genebra de 1930 e 1931foram assinadas algumas convenções.
1930: Convenção para adotar lei uniforme sobre as letras de cambio e notas promissórias.
 Convenção relativa aos conflitos de leis em matéria das letras de câmbio e notas promissórias.
 Convenção sobre selos em letras de câmbio e notas promissórias. 
Sendo todas aprovadas entrando em vigor em 1966.
1931: Convenção para adotar lei uniforme sobre cheque;
 Convenção destinada a regular certos conflitos de leis em matérias de cheques;
 Convenção relativa ao imposto do selo em matérias de cheques e protocolos.
Estas foram introduzidas também em 1966. Hoje o Cheque é regulado por lei especial.
Para unificar o direito civil e comercial, surge o CC 2002.
Surge uma interrogação sobre a possibilidade ou não de lei interna vir a revogar tratado internacional. Sobrevindo posicionamento do STF que os tratados internacionais não se sobrepõem as leis do País. No entanto, cabe lembrar que as normas trazidas pelo CC 2002 disciplina que, “salvo disposição diversa e lei especial, regem-se os títulos de crédito pelo disposto neste código”. (Tratado de Genebra é lei especial? / todas as leis especiais revogam disposição em contrario previsto em tratado internacional?). 
2.Letra de Cambio
Por ser a mais utilizada, mesmo não sendo a primeira a surgir, a letra de cambio foi eleito pela doutrina como base para os fundamentos dos títulos em geral.
Conceito: É uma ordem de pagamento que o sacador (pessoa que emite “saca” a letra), passa para uma pessoa que lhe deve chamado de sacado (pessoa que vai pagar a ordem), que por sua vez pague a um terceiro tomador (beneficiário, aquele que vai de fato receber o dinheiro). Admite-se a possibilidade de que sacador e tomador seja a mesma pessoa, e ainda que uma única pessoa figure como sacador, sacado e tomador, neste caso, a letra tem como único objetivo, a circulação,representando uma dívida em nome dessa pessoa perante um terceiro. Assim o terceiro “portador da letra” procurará o sacado para receber o pagamento deste título.
Requisitos Essenciais: Intrínsecos – são aqueles exigíveis na Lei civil, capacidade das partes, objeto lícito e ausência de vícios.
 Extrínsecos – (a) Deve obrigatoriamente constar escrito “letra de cambio”, para que as pessoas tenham plena ciência do que se trata.
 (b) Não é possível qualquer tipo de condição para seu pagamento, sendo o valor certo e expresso em moeda para que todos tenham a exata noção do seu valor. 
 (c) Devida identificação do sacado, nome, RG, CPF ou CNPJ, Título de eleitor ou o nº de sua carteira profissional. *o sacado só se obriga com a letra quando realiza o aceite.
 (d) Deve conter o nome do tomador, não podendo ser ao portador, caso não contenha, caberá à complementação antes do protesto ou eventual execução. No entanto o art. 14 da Lei Uniforme traz que havendo endosso em branco (sem a identificação do endossatário), a letra se transmite por tradição.
 (e) Data da emissão e do vencimento da letra e sendo a vista, o prazo inicial para contagem do prazo de sua apresentação (um ano). Não contendo indicação de vencimento, será considerada a vista.
 (f) Lugar da emissão. Não sendo indicado pode se considerar o lugar informado ao lado do nome do sacado (art.2º, L.U), ou o domicilio do emitente (Art. 889, §2º, CC). 
 (g) A assinatura do sacador, que deverá ser de próprio punho.
IMPORTANTE: *É vedado por lei vincular o pagamento a ouro ou moeda estrangeira, bem como a cobrança de mora em periodicidade inferior a um ano. *Nas execuções fundadas em título de crédito deverá ser corrigido a contar do vencimento. * O art. 890 do CC veda que conste na letra de cambio a incidência de juros compensatórios, considerando não escrita se houver a referida menção. *se divergir a quantia por extenso das em algarismos, prevalece a por extenso. E caso a quantia seja indicada mais de uma vez seja em algarismos ou por extenso, prevalecerá a de menor valor.
A cambial incompleta ou em branco: Faltando qualquer dos requisitos, o portador do titulo pode completa-lo, desde que o faça de boa-fé, figurando para todos os efeitos como procurador do sacador. Podendo então ser apresentado para protesto ou cobrança.
Aceite
Conceito: Declaração cambiária realizada quando sacado coloca sua assinatura na letra de cambio, se comprometendo assim, com a dívida nela imposta, tornando-se seu principal devedor. Deverá ser no próprio título, desconsiderando os realizados em documento apartado. O aceite é uma declaração facultativa, pois o sacado não é obrigado a realizar o aceite. É eventual, pois a falta não impede a existência já que não é requisito necessário. E sucessiva porque só lança a assinatura após a do sacador ou até do tomador em caso de endosso para terceiro. 
Apresentação para aceite:

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