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Relatório do desenvolvimento humano Capítulo 5: Inovações na Medição das Desigualdades e da Pobreza

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Relatório do desenvolvimento 
humano 
Capítulo 5: Inovações na Medição das Desigualdades e 
da Pobreza
Ingrid Caroline Pena Bizarria
O Índice de Desenvolvimento Humano foi uma medida 
pioneira para refletir as situações de educação, saúde e 
rendimento. Contudo, essa medida deixa de lado diversas 
considerações para com o bem-estar, como liberdade 
econômica, política e social, violência, discriminação etc. 
Pontos relevantes para se obter um quadro completo da 
evolução do desenvolvimento humano. 
A partir de Relatórios de Desenvolvimento Humano Regionais e Nacionais 
levantou-se uma extensa literatura sobre o assunto que fornecem adaptações 
valiosas para novas perspectivas. 
Mudanças nas medições só reforçam a importância dos estudos sobre o 
desenvolvimento 
“Os avanços do conhecimento e dos dados tornam possíveis as inovações na 
medição da desigualdade e da pobreza multidimensionais, podendo ser 
aplicadas globalmente, de modo a permitir comparações e proporcionar novas 
perspectivas.’’ (pág. 90)
Dentre as inovações multidimensionais mais 
importantes do RDH estão:
● O IDH ajustado à desigualdade (IDHAD)
● O Índice de Desigualdade de Gênero (IDG)
● O Índice de Pobreza Multidimensional (IPM)
Medição da desigualdade multidimensional 
– o IDH Ajustado à Desigualdade 
O IDH oculta as desigualdades de desenvolvimento entre as pessoas de um 
mesmo país, comparando apenas o desenvolvimento médio de países. 
Assim, a partir de uma inovação do Relatório de Desenvolvimento Humano do 
México, o IDHAD reflete a desigualdade em dimensões do IDH de vários países, 
além de demonstrar como essa desigualdade está distribuída. 
“Podemos considerar cada indivíduo de uma sociedade como tendo um “IDH 
pessoal”. Se todos os indivíduos tivessem a mesma esperança de vida, 
escolaridade e rendimento, e que seria assim o nível médio da sociedade em 
cada variável, o IDH para esta sociedade seria igual a cada nível pessoal de IDH 
e esse seria o IDH da “pessoa média”.” (Pág. 91)
● O IDHAD incorpora as desigualdades da esperança de vida, da escolaridade 
e do rendimento, ao “descontar” o valor médio de cada dimensão de acordo 
com o respectivo nível de desigualdade. 
● A diferença entre o IDH e o IDHAD mede a “perda” de desenvolvimento 
humano potencial, imputável à desigualdade.
● Calculando o IDHAD em diferentes pontos no tempo, podem ser estimadas 
e comparadas as modificações nos diferentes aspectos da desigualdade. 
● Estas conclusões mostram o valor de uma medida da desigualdade 
verdadeiramente multidimensional e apontam para potenciais políticas. 
Contudo, ainda não consegue medir desigualdades sobrepostas ( se a mesma 
pessoa sofre uma ou variadas privações)
Medição da desigualdade de género – o 
Índice de Desigualdade de Gênero
Uma das grandes barreiras do desenvolvimento humano é a grande 
desigualdade existente entre os gêneros. Quando essa desigualdade passa a ser 
uma medida, pode-se assim despertar a consciência do problema e culpabilizar 
o governo. 
As mulheres obtiveram grandes conquistas em relação a essa desigualdade ao 
longo do tempo, porém ainda não foi obtida a igualdade de gênero. 
Nenhuma medida chega ao nível de desenvolvimento geral de um país, podendo 
os países em desenvolvimento apresentar um desempenho relativamente bom 
se as desvantagens de género forem limitadas.
O IDG não foi a primeira medida de análise de dados em relação ao gênero. No 
Relatório de Desenvolvimento Humano de 1995, existiam duas medidas: O 
Índice de Desenvolvimento Ajustado ao Gênero e a Medida de Participação 
Segundo o Gênero.
IDG* - Considerava a desigualdade de gênero nas dimensões do IDH
MPG - Assentava na participação política, econômica e de recursos econômicos. 
Infelizmente essas medidas tinham três inconvenientes que as limitavam: 
tinham uma larga falta de dados, misturavam medidas absolutas e relativas e 
sofriam uma forte influência da elite urbana. 
Contudo, foram de grande importância para dar visibilidade pública e relevância 
na análise de dados da desigualdade de gênero. 
Assim, o Índice de Desigualdade de Gênero atual inclui três dimensões críticas 
para as mulheres – saúde reprodutiva, capacitação e participação no mercado 
de trabalho. Capta estas dimensões num índice sintético, visto que a 
consideração conjunta da capacitação e do desenvolvimento reflete 
complementaridades importantes.
A medida compara dois grupos, mulheres e homens, e considerando apenas 
desigualdades entre eles, ao nível do país. O IDG capta a perda de progressos 
nas principais dimensões, devido à desigualdade de gênero.
O IDG aumenta quando são associadas as desvantagens em todas as 
dimensões – ou seja, quanto maior for a correlação das disparidades entre os 
gêneros em todas dimensões, maior será o índice.
Esta ocorrência reconhece que as dimensões são complementares e que a 
desigualdade na escolaridade apresenta a tendência para se correlacionar com, 
por exemplo, o acesso a oportunidades de trabalho e com a mortalidade 
materna.
 O método também garante que um progresso reduzido numa dimensão não 
possa ser inteiramente compensado por um progresso maior noutra dimensão.
Indicadores 
● SAÚDE REPRODUTIVA: a taxa de mortalidade materna e as taxas de 
fertilidade entre as adolescentes.
● CAPACITAÇÃO: concentra-se na educação secundária e superior.
● MERCADO DE TRABALHO: Participação da população feminina ativa.
Medição da pobreza – o Índice de Pobreza 
Multidimensional 
Esta nova medida substituiu o Índice de Pobreza Humana (IPH), publicado 
desde 1997. Pioneiro no seu tempo, o IPH utilizava as médias do país para 
refletir privações agregadas na saúde, na educação e no padrão de vida. Não 
conseguia identificar indivíduos específicos, famílias ou grupos maiores de 
pessoas que sofressem privações em conjunto. O IPM vem colmatar esta falha 
captando quantas pessoas sofrem privações sobrepostas e quantas privações 
enfrentam em média. 
O IPM é a contagem do número de pessoas que são pobres em termos 
multidimensionais e a intensidade dessas pobrezas. 
 Inclui três dimensões semelhantes às do IDH – saúde, educação e padrões de 
vida –, que se refletem em dez indicadores, cada um com igual peso dentro da 
sua dimensão. Uma família é multidimensionalmente pobre se sofrer privações, 
pelo menos, em dois desses indicadores.
Uma atenção sobre a privação é fundamental para o desenvolvimento humano. 
As dimensões da pobreza vão muito para além de rendimentos inadequados, 
abrangendo a saúde e a nutrição deficientes, um baixo nível de educação e 
competências, meios de subsistência inadequados, más condições de 
habitação, exclusão social e falta de participação. Afetando pessoas no mundo 
inteiro.
 A pobreza é multifacetada e, por isso, multidimensional. 
As medidas relativas ao dinheiro são obviamente importantes, mas é necessário 
considerar as privações noutras dimensões e respectivas sobreposições, em 
especial porque as famílias com várias privações se encontram provavelmente 
em piores situações do que as medidas da pobreza de rendimento sugerem.
O IPM, simples e relevante em termos de políticas, complementa os métodos de 
base monetária ao efetuar uma abordagem mais ampla. Identifica as privações 
sobrepostas ao nível da família nas mesmas três dimensões do IDH e indica os 
números médios das pessoas pobres e as privações que as famílias pobres 
sofrem.
Considerações finais 
 Apoiando-se em muitos anos de investigação e críticas, o Relatório de 
Desenvolvimento Humano introduz novas medidas para a desigualdade 
multidimensional, geral e por gênero, e para a pobreza.
Apesar dos melhoramentos na disponibilidade e na qualidade dos dados desde 
1990, ainda existem grandes lacunas e falhas.

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