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ESTRUTURA DO PARÁGRAFO Como todo e qualquer texto, o parágrafo há de conter introdução, desenvolvimento e conclusão, como se pode verificar no exemplo abaixo: “Identificou Hegel o pensamento com o ‘ser’. (1) Daí ver o real como racional. Aproximando-se de Heráclito, reconheceu que a ideia e o pensamento estão em devenir. Como a realidade é objetivação da ideia, encontra-se, também, em devenir, em Hegel, se caracteriza pelo processo dialético entre ideias contrárias. À ideia (tese) segue-se sua antítese; da luta entre tese e antítese, surge a síntese, que é sempre mais real e completa, passando, por vez, a ser nova tese contra a qual se erguerá outra antítese, e assim até ser atingida a ideia absoluta. (2) Portanto, em Hegel, negação tem valor construtivo.” (3) O assunto é introduzido em (1); no desenvolvimento (02) justifica-se a afirmação inicial; a conclusão (03 – portanto ...) está intimamente relacionada com as partes anteriores. O planejamento obedece aos requisitos essenciais na composição redacional: o quê? (delimitação do tema) e para quê? (fixação do objetivo). Tópico frasal É o exórdio ou introdução do tema. Cumprem-lhe as funções de delimitar o tema e fixar os objetivos da redação, e não se deve redigi-lo com mais de duas frases. Assim sendo, o tópico frasal é a oração que introduz a ideia central que será desenvolvida no parágrafo, seja em texto dissertativo, descritivo ou narrativo. Observa-se o exemplo a seguir: “ Não há cidadania sem efetivo acesso à Justiça. Não há acesso à Justiça se esta apenas atende à parcela da população que consegue desfrutar os recursos mal distribuídos da sociedade de consumo. Não há acesso à Justiça se grande parte da população não detém os meios concretos para exercê-lo, e socorre-se de mecanismos primitivos de justiça privada, em que a violência converte-se no cenário do cotidiano. Não há acesso à Justiça quando o Estado se revela importante para responder às demandas reais da sociedade, inclusive através de seu poder competente: o Judiciário.” (Jose Roberto Batochio, folha de S. Paulo, 20-05-93) Conforme ministra Othon Garcia, diferentes são as técnicas de iniciar o parágrafo, podendo o tópico frasal conter uma declaração inicial, uma definição, uma divisão. Declaração inicial: “Vivemos numa época de ímpetos.” Definição: “Estilo é a expressão literária de ideias ou sentimentos.” Divisão: “O silogismo divide-se em silogismo simples e silogismo composto.” Desenvolvimento Desenvolver o parágrafo nada mais é do que a explanação da ideia principal, o agregamento de ideias secundárias para melhor enunciar o objetivo redacional. É o corpo do texto que dá a conhecer o assunto e o tema ao receptor. CONSOANTE O OBJETIVO DO EMISSOR REDACIONAL, DIFERENTES SÃO AS FORMAS DE DESENVOLVER A IDEIA-CHAVE, DESTACANDO, ENTRE ELAS, AS SEGUINTES: EXPLANAÇÃO DA DECLARAÇÃO INICIAL: Esta é, por certo, a forma mais usual, mais encontrada no desenvolvimento do parágrafo. Cuida-se do mero desdobramento significativo do tópico frasal. Tais explicações ou desenvolvimento formam uma somatória de ideias secundárias que gravitam em torno da proposição inicial e a corroboram. Amostras: “ O direito é realidade universal. Onde quer que existia o homem, aí existe o direito como expressão de vida e de convivência. É exatamente por ser o direito fenômeno universal que é ele suscetível de indagação filosófica. A filosofia não pode cuidar senão daquilo que tenha sentido de universalidade. Esta a razão pela qual se faz Filosofia da vida, Filosofia do direito, Filosofia da história ou Filosofia da arte. Falar em vida humana é falar também em direito, daí se evidenciando os títulos existenciais de uma Filosofia jurídica. Na filosofia do Direito deve refletir-se, pois, a mesma necessidade de especulação do problema jurídico em suas raízes, independentemente de preocupação imediatas de ordem prática.” (REALE, 1965, p.9) “É um grave erro a liberação da maconha. Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda.” Contraste: A técnica utilizada para desenvolver o parágrafo é mostrar diferenças, firmar oposições e, assim demonstrar o posicionamento do emissor diante de impressões sensórias, desenrolar de um fato. Exemplo: “De um lado, professores mal pagos, desestimulados, esquecidos pelo governo. De outro, gastos excessivos com computadores, antenas parabólicas, aparelhos de videocassete. É este o paradoxo que vive hoje a educação no Brasil.” Enumeração: Outra forma de ordenação do desenvolvimento é a indicação de fatores e funções de algum objeto (ideia-núcleo), podendo, ainda, classifica-lo e dividi-lo, indicar a evolução temporal, as variações de suas características, podem agrupar os elementos por semelhanças ou diferenças. Os dois pontos desempenham papel preponderante nesta forma de desenvolvimento porque sua função principal é indicar a enumeração ou explicação. “Contra a realidade do movimento, Zenão apresenta três argumentos. O primeiro demonstra a impossibilidade de um corpo se mover de um ponto para outro, pois deveria percorrer antes a metade da distância e antes a metade dessa e assim até o infinito, o que é impossível num tempo finito. O segundo é uma variação do mesmo principio: Aquiles, na corrida, nunca alcançará a tartaruga, pois primeiro deveria alcançar o ponto de onde se moveu, mas antes teria que atravessar a metade da distância de onde está, e assim até o infinito. O terceiro demonstra que a flecha em movimento aparente é imóvel, pois nunca sai do ponto inicial.” Exemplificação: Recurso utilizado para esclarecer ou reforçar uma afirmação. Para tanto, serve-se de expressões como: por exemplo (p.ex.), ou melhor, assim, entre outras. Exemplo: “A imaginação utópica e inerente ao homem, sempre existiu e continuará existindo. Sua presença é uma constante em diferentes momentos históricos: nas sociedades primitivas, sob a forma de lendas e crenças que apontam para um lugar melhor; nas formas do pensamento religioso que falam de um paraíso a alcançar; nas teorias de filósofos e cientistas sociais que, apregoando o sonho de uma vida mais justa, pedem-nos que “sejamos realistas, exijamos o impossível”. (Teixeira Coelho, adaptado) Causa-consequência: A relação causa-consequência é, por excelência, o encadeamento lógico do raciocínio. A causa é o motivo, a razão, o porquê dos atos humanos. Em relação à conduta, a consequência é o efeito, o resultado. Exemplo: “Vieram as chuvas. A princípio grossas e fortes, como chuva de verão e depois finas e incessantes. Era o inverno que apertava o trabalho e os sofrimentos. A água do céu é um convite ao trabalho. É uma ordem. Por isso a labuta era grande.” Resposta à interrogação: Uma pergunta inicial é o recurso, para desenvolvimento que tem por objetivo desdobrar o parágrafo. Ex.: “ Ora diante destas premissas, que devemos entender por interpretação? Dissemos que a fala se refere ao uso da língua. Falar é dar a entender alguma coisa a alguém mediante símbolos linguísticos [...].” Exemplo: “Será que é com novos impostos que a saúde melhorará no Brasil? Os contribuintes já estão cansados de tirar dinheiro do bolso para tapar um buraco que parece não ter fim. […]” Tempo e espaço: As ideias não estão no tempo e no espaço, mas são datadas e situadas. Não só no gênero narrativo, mas também na descrição e na dissertação, os indicadores de tempo e espaço oferecem referenciais para a compreensão da mensagem.
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