Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
HABEAS CORPUS � Estrutura A estrutura do habeas corpus é desprovida de grandes formalidades. O desafio do habeas corpus reside nas hipóteses de cabimento do habeas corpus. É exatamente pelo campo de abrangência do habeas corpus é que ele se torna uma peça processual desafiadora. Não pela estrutura em si, mas pela abrangência. � Cabimento do habeas corpus: I – Quando faltar justa causa II – Quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei: III - Quando quem ordenar a coação for autoridade incompetente: IV – Quando houver cessado o motivo que autorizou a coação: V – Quando não for admitida a fiança nos casos em que a lei autoriza: VI – Quando o processo for manifestamente nulo: VII – Quando extinta a punibilidade � Técnica redacional: � Endereçamento: DICA: A competência para julgamento do habeas corpus leva em consideração, na maior parte das vezes, a figura da autoridade coatora e se ela for dotada de foro por prerrogativa de função, a competência para julgamento do habeas corpus recai ao Tribunal competente para julgar a autoridade. Foro por prerrogativa de função: Algumas autoridades, em razão da importância da função que elas exercem elas não são julgadas por juiz de 1º grau, elas são julgadas diretamente por tribunais. À essas pessoas a gente diz que elas tem foro por prerrogativa de função. a) Particular: Pode ser coator. O caso mais comum é de paciente impedido deixar hospital por não pagar as despesas hospitalares. Nesse caso o coator é o Diretor do hospital. O particular é julgado por juiz de 1º grau, desta forma, o habeas corpus vai ser endereçado perante juiz de 1º grau estadual ou federal, conforme for o caso. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ____. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA VARA CRIMINAL DA JUSTIÇA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE ___. ___REGIÃO. b) Delegado: Não possui foro por prerrogativa de função. Ele é julgado por juiz de 1º grau. O habeas corpus será endereçado ao juiz estadual de 1º grau. EX.: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SALVADOR-BA. Se o delegado federal for a autoridade coatora, o habeas corpus será endereçado ao juiz federal de 1º grau. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA VARA CRIMINAL DA JUSTIÇA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE ___. ___REGIÃO. c) Membro do Ministério Público: quando membro do Ministério Público será autoridade coatora? Quando ele requisita a instauração do inquérito policial. Se membro do Ministério Público requisita instauração de inquérito policial, o delegado está compelido, está obrigado a instaurar o inquérito. Então, a autoridade coatora não é o delegado é o órgão ministerial que requisitou a instauração do inquérito. Outra situação em que o Ministério Público funciona como autoridade coatora ocorre quando o próprio Ministério Público preside as investigações. Obs. O membro do Ministério Público Estadual possui foro por prerrogativa por função, e desta forma, é julgado pelo TJ. Então, se o membro do Ministério Público Estadual for a autoridade coatora, o habeas corpus será ser endereçado ao TJ. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA ___. O membro do Ministério Público Federal é julgado pelo TRF. Então, se o membro do Ministério Público Federal for a autoridade coatora, o habeas corpus será endereçado ao TRF. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA ___REGIÃO. d) Juiz estadual de 1º grau: juiz estadual de 1º grau tem foro por prerrogativa de função, sendo julgado pelo TJ. Então, se o juiz estadual de 1º grau for a autoridade coatora, o habeas corpus será endereçado ao TJ. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA ___. e) Juiz federal de 1º grau: juiz federal de 1º grau tem foro por prerrogativa de função, é julgado pelo TRF. Então, se o juiz federal de 1º grau for a autoridade coatora, o habeas corpus será endereçado ao TRF. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA ___REGIÃO. f) Desembargador do TJ: desembargador do TJ tem foro por prerrogativa de função, é julgado pelo STJ. Então, se desembargador do TJ for autoridade coatora, o habeas corpus será endereçado ao STJ. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL JUSTIÇA. g) Desembargador do TRF: desembargador do TRF tem foro por prerrogativa de função, é julgado pelo STJ. Então, se desembargador do TRF for autoridade coatora, o habeas corpus será endereçado ao STJ. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL JUSTIÇA. h) Ministro do STJ: ministro STJ tem foro por prerrogativa de função, é julgado pelo STF. Então, se ministro do STJ for autoridade coatora, o habeas corpus será endereçado ao STF. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Atenção: Especial atenção deve ser dispensada aos Juizados Especiais Criminais. Cuidado! A competência para julgar habeas corpus contra decisão de juiz singular dos Juizados Especiais Criminais é da Turma Recursal e não do Tribunal de Justiça ou do Tribunal Regional Federal. Então, seu endereçamento fica assim: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ PRESIDENTE DO COLÉGIO RECURSAL DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA DE___ DO ESTADO DA___ EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ PRESIDENTE DO COLÉGIO RECURSAL DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA___. ___ REGIÃO. � Cabeçalho deve conter: � A qualificação do impetrante � A qualificação do paciente � Indicar o coator: é a pessoa responsável pela violência ou coação ilegal a liberdade de locomoção. É o delegado que determinou a prisão em flagrante de pessoa que não estava em situação de flagrância; é o juiz que determinou prisão preventiva ao arrepio dos pressupostos e requisitos da prisão preventiva; é o membro do Ministério Público que requisitou instauração de inquérito para apurar fato atípico; é o diretor do hospital que impediu a alta do paciente por falta de pagamento das despesas hospitalares. Se o coator for um particular (o diretor do hospital que impediu a alta do paciente por falta de pagamento das despesas hospitalares, o gerente de um hotel que impediu a saída do hóspede por falta de pagamento) é indispensável a identificação pelo nome. Se o coator for uma autoridade pública basta que você decline a função ou o cargo que exerce. Por exemplo: Impetrar ordem de habeas corpus contra o MM. Juiz de Direito da 2ª Vara Criminal da Comarca de Salvador. � O nomen iuris da peça que é habeas corpus. � O fundamento legal da peça. O fundamento legal do habeas corpus está esposado no art. 5°, inciso LXVIII, da Constituição Federal e nos arts. 647 e 648 do CPP. Exemplo: ___________, nacionalidade, estado civil, advogado inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, Seção de _______, sob o no ______, com escritório nesta Comarca, na Rua _________, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, impetrar ordem de HABEAS CORPUS com fulcro no art. 5°, inciso LXVIII, da Constituição Federal e art. 647 e 648, inc.___ do Código de Processo Penal, em favor de ________, nacionalidade, estado civil, profissão, RG, CPF, residente e domiciliado na Rua _______________ contra ato ilegal praticado por __________________, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas: DOS FATOS Aqui você deve esclarecer qual foi o fato que gerou a violência ou coação ilegal a liberdade de locomoção. DO DIREITO Aqui é o espaço da fundamentação jurídica da peça. É nesse momento que o advogado traz as sua argumentação. É nesse momento que você,advogado, vai apontar qual foi a espécie de constrangimento ou em caso de simples ameaça as razões que funda o temor. Exemplo: Nos fatos você narra que o paciente foi denunciado como incurso nas penas do art. 121, caput do CP, pois teria ceifado a vida de B, com emprego de uma faca, a bordo de uma aeronave. Ao receber a denúncia, o MM Juiz Federal da Vara do Tribunal do Júri proferiu o seguinte despacho: “recebo a denúncia, determino a citação pessoal do acusado para responder a acusação no prazo de 10 dias e decreto sua prisão preventiva”. No direito você vai esclarecer que a prisão é ilegal, porque a decisão que determinou a prisão preventiva carece de fundamentação. A motivação das decisões é preceito constitucional estampado no art. 93, IX da CF. A prisão é a extrema ratio da ultima ratio, é medida extrema e, portanto, a sua imposição deve ser feita respeitando os ditames legais. DO PEDIDO Genericamente, você vai pedir a ordem de habeas corpus e que informações sejam prestadas pela autoridade coatora. Esses dois pedidos, você vai fazer em qualquer habeas corpus. Os pedidos específicos variam a depender do fundamento jurídico da peça; depende da hipótese de cabimento. ATENÇÃO! LIMINAR: Se houvesse pedido de liminar o requerimento deveria ser feito de outra forma: o que se pretende obter liminarmente deve ser pedido antes e apenas depois deve ser requerida a prestação definitiva. Daremos a seguir um exemplo de como deveria ser formulado o pedido nessa petição, caso a Paciente estivesse presa preventivamente: “Diante do exposto, estando presentes o “fumus boni iuris” e o “periculum in mora”, requer se digne Vossa Excelência de conceder medida liminar para que seja determinada a revogação da prisão preventiva imposta à Paciente, bem como expedido o alvará de soltura em seu favor e, após as informações prestadas pela autoridade coatora, requer seja definitivamente concedida a ordem, determinando-se o trancamento da ação penal e confirmando-se a liminar, como medida de inteira Justiça.” REVISÃO CRIMINAL � Conceito: É a ação autônoma de impugnação apta ao estabelecimento de uma nova relação jurídica processual objetivando a impugnação de decisão judicial condenatória já transitada em julgado. Esta ação pode ser apresentada a qualquer tempo não havendo limitação temporal. � Pressuposto: decisão condenatória transitada em julgado seja ela uma sentença ou um acórdão que normalmente é feita por certidão (chamada de carta de sentença). � Legitimidade: em regra a revisão criminal será apresentada pelo réu ou por quem o represente. Obs.: havendo morte ou ausência a revisão criminal pode ser proposta pelo CADI. � Ministério Público: em que pese a omissão do artigo 623 do CPP, parte da doutrina entende que o MP pode propor a revisão em favor do réu já que não existe revisão criminal pro societate. Em que pese o artigo que afirma que o réu por força própria poderia ingressar com a ação revisional este dispositivo deve ser lido de acordo com o artigo 133 da CR/88 de forma que a peça deve ser subscrita por advogado. Obs. As teses serão construídas para reverter a decisão condenatória ou eventualmente a absolutória imprópria, já que ela impõe a aplicação de medida de segurança. � Hipóteses: • Cabe quando a sentença condenatória for contrária a literalidade da lei • Quando a decisão contraria a evidência dos autos – neste caso existe um equívoco na valoração do manancial probatório e o Tribunal, ao julgar a decisão, poderá absolver o réu, afastar qualificadoras ou causas de aumento, além de agravantes, ou reconhecer causas de diminuição ou atenuantes. Proferindo uma decisão que represente o que os autos evidenciam. • Quando a decisão se fundar em provas falsas – neste caso, em sede de revisão criminal, vamos pleitear a absolvição do réu já que as provas falsas, em ultima análise, são ilícitas e não havendo prova suficiente para condenar, resta como consequência a absolvição do imputado. • Quando, após a sentença transitada em julgado forem descobertas novas provas que revelem a inocência ou autorizem o abrandamento da sanção. Obs.: Nesta hipótese a prova nova pode relevar uma causa de absolvição, o afastamento de qualificadora, causa de aumento ou agravante e o reconhecimento de causa de diminuição ou atenuante. A prova nova será obtida normalmente por meio do procedimento de justificação (art. 863, CPC). � Competência: das decisões do juiz de 1° grau apresentaremos a revisão criminal no TJ ou no TRF. Das decisões de Tribunal caberá ao próprio Tribunal diante do art. 102, I, “j”, e art. 105, I, “e”, ambos da CR/88. TRF, art. 108, I, “b”, CR/88 e dos TJ’s na Constituição do respectivo Estado. Obs.: a peça é endereçada ao Presidente do Tribunal competente para julgar a revisão. � Indenização: o requerente ainda pode pleitear a justa indenização de acordo com o art. 630 do CPP. Por outro lado, o §2° deste artigo deve ser filtrado ao dizer que não cabe indenização nas ações privadas, pois ela é devida. � Exemplo: EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE ... PREAMBULO: João da Silva, nacionalidade..., estado civil, RG n..., CPF..., filiação..., profissão..., residente e domiciliado na Rua..., por meio do seu advogado que esta subscreve (procuração anexa), inconformado com o venerando acórdão de fls...proferido no processo n..., vem respeitosamente a presença de Vossa Excelência, apresentar AÇÃO DE REVISÃO CRIMINAL, com base no artigo 621, I, CPP, pelas razões de fato e de direito a seguir apresentadas. DOS FATOS: Desenvolvimento fático próprio. DO DIREITO: Elaboração do direito pertinente. DOS PEDIDOS: Exemplo de pedido: Diante do exposto e com base no artigo 621 do Código de Processo Penal requer: a) A oitiva da Douta Procuradoria de Justiça na condição de custos legis; b) A procedência da presente ação revisional, para que a decisão impugnada seja cassada, com a consequente absolvição do réu, por ser medida da mais inteira justiça. c) O reconhecimento da justa indenização por força do art. 630 do CPP por força do patente erro judicial. Obs.: se o réu estava preso, deve-se requer o expedição do alvará de soltura. Em razão do exposto Pede deferimento. Local..., dia..., mês..., ano... _____________________ Advogado OAB... n....
Compartilhar