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TRABALHO SOBRE CHEQUE EMPRESARIAL II

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SOCIEDADE DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ
JORGIANO DA SILVA BARBOSA
ERICA VERISSÍMO MOREIRA
DANGER PEREIRA DE ARAUJO
FRANCISCA IVANIR FERREIRA
AMILTON JOSE LOPES
ROBERTO LUTIANE
DAVID VIEIRA
CHEQUE, TEORIA E PRATICA
DIREITO DO EMPRESARIAL II
Fortaleza, 11 de maio de 2010
INTRODUÇÃO
		Este trabalho tem por finalidade realizar uma analise quanto a doutrina e a jurisprudência sobre o título de crédito cheque; não tendo a pretensão de esgotar o assunto e sim esclarecer o corpo discente sobre o tema deste trabalho, com o objetivo maior de trazer um norte àqueles que estão interessados nos temas que abordam essa cártula tão comum no cotidiano negocial. 
 		O trabalho foi pesquisado em livros disponíveis na biblioteca acadêmica, discutido entre os componentes da equipe, e finalizado com anuência de todos os membros que entendem ser este o melhor que se tem na doutrina, na jurisprudência que pode colaborar para o conhecimento acadêmico, preparando empiricamente para o exercício profissional.
DEFINIÇÃO
		A Lei nº 7.357/85 (lei do cheque) não conceitua o cheque, apenas determina os pressupostos e requisitos necessários para que o “título” passe a valer como cheque, e é a partir desses dispositivos que os doutrinadores retiram o seu conceito, a saber:
 O cheque é uma ordem de pagamento a vista, em favor próprio ou de terceiros, contra fundos disponíveis em poder de instituição financeira (conhecido como SACADO).
Ou seja, é um título de crédito de modo vinculativo, cuja forma é fixada pelo Banco Central do Brasil, através de um catálogo de documentos – CADOC.
Também é definido como um título causal, sendo que sua causa é a existência de um contrato de depósito de fundos existente entre o sacador e a instituição financeira. 
Estes conceitos são semelhantes ao de vários doutrinadores, e tem fulcro nos artigos da Lei do Cheque, principalmente no Art. 32 que dispõe: "O cheque é pagável à vista"; no Art. 1º, inciso II, que determina: "O cheque contém: (...) II – a ordem incondicional de pagar quantia determinada;"; no Art. 3º, que prevê que o cheque deve ser sacado contra um banco ou uma instituição assemelhada; e no Art. 4º, que exige a existência de fundos disponíveis, e nos outros tantos artigos da Lei do Cheque; dessa forma são formulados de forma universal e unitária o conceito de cheque.
Outro aspecto também bastante interessante e que ele tem forma de uma cártula padronizada pelo próprio sacado, para atender a requisitos de segurança, evitando assim a falsificação da cártula.
ORIGEM DO CHEQUE
	Para entendermos bem o que é o cheque vamos primeiro falar sobre sua origem, a qual é muito discutida, pois alguns estudiosos procuram as suas raízes na Antiguidade, onde, segundo historiadores, teriam existido ordens de pagamento em favor de terceiros, no Egito, na Grécia e na Roma antiga. Esse pensamento não goza de unanimidade já que existem outros autores que negam que a possibilidade da origem do cheque estar ligada a tais documentos, e reconhecem que, na Idade Média, em razão do aparecimento dos bancos de depósito, teriam surgido ordens de pagamento com algumas características dos cheques atuais, mas não que fosse o cheque como tal conhecemos. Já pensadores mais modernos entendem que, não se pode atribuir a origem do cheque a um único povo e a um determinado instante, pois as características atuais do título derivam de anos e anos de aprimoramento e influências de vários lugares.
De outra forma, a maioria dos autores concorda ao citar a Inglaterra como sendo o provável lugar onde o uso do cheque difundiu-se e tomou impulso, já no Século XVIII, através da prática bancária adotada naquele país. Cabe salientar, que o cheque, naquela época em questão, era confundido com a Letra de Câmbio, e ainda hoje é considerado pelo sistema inglês, como uma “Letra de Câmbio à Vista”, sacada contra um banqueiro; O cheque então foi para a França, onde se destacou da Letra de Câmbio, tomando características próprias com a criação da primeira lei que passou a disciplinar especialmente o cheque, em 14 de junho de 1865.
No Brasil a primeira referência aos cheques é de 1845, com a promulgação do Decreto nº 438/45, que determinava que as instituições financeiras poderiam receber dinheiro de qualquer pessoa e verificariam os pagamentos e as transferências por meio de cautelas destacadas dos talões. Porém a atualmente, no Brasil, vigora a Lei nº 7.357, de 2 de setembro de 1985, a qual surgiu para acabar com os conflitos introduzidos no país pela adesão do Brasil à Convenção de Genebra, que trouxe a dúvida para a comunidade jurídica quanto à aplicação da Legislação Interna (Lei nº 2.591 de 7/8/1912) ou as normas da Lei Uniforme (inserida em nosso direito interno pelo Decreto nº 57.595, de 7 de janeiro de 1966). Essa nova lei é, na verdade, uma consolidação dos princípios da Lei Uniforme sobre o cheque e das leis que anteriormente regularam esse título, principalmente a Lei nº 2.591 de 1912.
REQUISITOS ESSENCIAIS
	O cheque deve apresentar os seguintes requisitos, legalmente estabelecidos, a saber:
		a) denominação “cheque” deve estar inscrita no título:
	Conforme a Lei do Cheque, que em seu Art. 1º, Inciso I, dispõe: “Art. 1º - O cheque contém: (...) I – a denominação “cheque”, inscrita no contexto do título e expressa na língua em que é redigido”.
		b) ordem incondicional de pagar quantia determinada:
	A Lei 7.357/85 determina que o cheque deve conter "ordem incondicional de pagar quantia determinada". A mesma coisa fala a Lei Uniforme, só que usando outra expressão, a saber: "O mandato puro e simples de pagar quantia determinada."
		c) indicação do valor a ser sacado​​ 
 deverá estar escrito por extenso e em algarismos.
		d) o nome do banco ou da instituição financeira
 A qual deve fazer o pagamento mediante a apresentação do titulo
	A Lei nº 7.357/85, em seu Art. 1º, Inciso III, determina que o cheque deve conter o nome do sacado, que é o banco ou instituição financeira equiparada onde o sacador possui fundos disponíveis.
		e) indicação do lugar do pagamento:
	A Lei 7.357/85, em seu Art. 1º, Inciso IV, determina que o cheque deve conter a indicação do lugar de pagamento. Essa indicação tem por finalidade fixar o local onde o portador deve apresentar o cheque para receber a importância do mesmo. Esse lugar deve, em princípio, constar do texto do título, mas se no cheque não contiver designação especial, entende-se que é o lugar constante junto ao nome do sacado. Se forem indicados vários lugares, o cheque é pagável no primeiro deles. Não existindo qualquer indicação, o cheque deve ser pago no lugar de sua emissão, conforme o Art. 2º, I.
		f) indicação da data e do local da emissão:
	A data de emissão do cheque é um requisito exigido pelo Inciso V do Art. 1º da Lei 7.357/85. O Art. 2º da lei não supre a sua falta, no título, por isso entende-se ser esse um requisito essencial para o documento produzir efeito como cheque. A indicação da data da emissão é importante porque permite determinar se na ocasião o sacador tinha capacidade de se obrigar e, além disso, é essencial para se calcular o prazo de apresentação {Lei do Cheque, Art. 33}, o prazo de prescrição {Lei do Cheque, Art. 59} e a preferência no caso de concurso de dois ou mais cheques em soma superior aos fundos disponíveis {Lei 7.357/85, art. 40}, a data deve indicar o dia, mês e ano, devendo o nome do mês ser escrito por extenso conforme determinação do Decreto nº 22.393, de 25 de janeiro de 1933.
		g) assinatura do sacador:
	O cheque deve conter a assinatura do emitente, sacador, ou de seu mandatário com poderes especiais {conforme o Art. 1º VI Lei 7.357/85}. Para alguns doutrinadores este é o requisito mais importante do cheque e que nele não pode faltar. O cheque pode ser emitido por mandatário desde que o mandato contenha poderes especiais e expressos, conforme o Art. 1.298 do CC "o mandante deve ser capaz de dispor de seus bens, mas o mandatário podeser relativamente incapaz, isto é deve ser apenas maior de 16 anos."
	O instrumento do mandato deve ficar em poder do sacado, para que ele possa comprovar a ordem emanada do mandante, e além disso, o sacado deve manter em seu estabelecimento a assinatura do mandatário para que possa conferir a assinatura constante do cheque. O mandatário ou representante que assinar o cheque sem ter poderes para tal, ou excedendo os poderes que lhe foram conferidos, ficará obrigado pessoalmente conforme regra do Art. 14, Lei do Cheque, correspondente ao Art. 11 da Lei Uniforme, e pagando o cheque, terá os mesmos direitos daquele em cujo nome assinou (Art. 14, parágrafo único, Lei 7.357/85).
	Atualmente a lei do cheque permite ainda a assinatura por chancela mecânica (Art. 1º, parágrafo único, Lei 7.357/85), tendo a Circular 103, de 1967 do Banco Central, regulado a utilização em cheque, que deve constituir a reprodução exata da assinatura do próprio punho, dependendo porém de prévia convenção entre o emitente e o sacado, exigindo-se prévio registro da chancela no Ofício de notas do domicílio do usuário.
	Já ao analfabeto não se admite a assinatura a rogo, nem a aposição de sua impressão digital. Para o analfabeto e o incapacitado fisicamente de assinar é necessária a constituição de mandatário com poderes especiais, por instrumento público, quando valerá a assinatura a rogo, se atestada por duas testemunhas.
	Quanto à assinatura falsa e assinatura de incapaz, a lei do cheque dispõe:
"(...) a assinatura de pessoa capaz cria obrigações para o signatário, mesmo que o cheque contenha assinatura de pessoas incapazes de se obrigar por cheque, ou assinaturas falsas, ou assinaturas de pessoas fictícias, ou assinaturas que, por qualquer outra razão, não poderiam obrigar as pessoas que assinaram o cheque, ou em nome das quais ele foi assinado." (Art. 13, parágrafo único, correspondente ao Art. 10 da Lei Uniforme). Desta forma, se o cheque entrar em circulação, aqueles que assinarem posteriormente respondem ao portador pelo pagamento do mesmo. Havendo vários endossantes, o que pagar terá o direito de agir contra os obrigados anteriores.
		É importante esclarecer que, indicada a quantia mais de uma vez, quer por extenso, quer por algarismos, prevalecerá, no casa de divergência, a indicação de menor quantia.
ENDOSSO EM CHEQUE
	No cheque é presumida a existência da cláusula à ordem, o que significa que o cheque é transferível por endosso. Porém, se inserida a cláusula “não à ordem”, a transferência do cheque será regida pelas regras do direito civil referentes à cessão civil de crédito.
	Se, contudo, o emitente do cheque não deseja que o mesmo seja transmitido por meio de endosso, poderá por no título a cláusula não à ordem. O cheque com cláusula não à ordem só se transfere por cessão ordinária de crédito, ou seja o cessionário não terá direito regressivo contra os obrigados anteriores do título, como acontece num cheque à ordem; o cedente apenas garante ao cessionário a existência do crédito, por ocasião da cessão. O endosso deve conter a assinatura do endossante, seja pessoa física ou jurídica, de maneira que tal assinatura o identifique. Pode assim, ser uma assinatura com o nome completo ou abreviado do endossante, sendo pessoa jurídica deverá constar a firma ou denominação social seguida do nome de quem lança essa designação, para saber se esta pessoa tinha ou não poderes para usá-la validamente.
	O endosso deve ser puro e simples, qualquer condição em contrário considera-se como não escrita (Art. 18, Lei 7.357/85).
É importante notar que a Lei do Cheque não determina que o endosso deva ser datado. O endosso sem data presume-se feito antes da expiração do prazo de apresentação ou antes do protesto (Art. 27, Lei 7.357/85). Entretanto, esta presunção é dita juris tantum, podendo o interessado comprovar que, apesar de não ter data, o endosso foi lançado após o protesto ou o prazo de apresentação.
	O endosso feito após decorrido o prazo de apresentação ou de protesto é chamado endosso póstumo, tal endosso não produz mais os efeitos normais do instituto, e sim, apenas os efeitos de uma cessão ordinária de crédito. Desta forma, o endossatário só terá ação contra o endossante (cedente), não podendo agir regressivamente contra os outros obrigados. Entretanto, se o endossante pagar ao endossatário, terá direito de ação contra o emitente do cheque, se esta for interposta no prazo previsto na Lei.
	Segue também que o endosso parcial é nulo (Art. 18, §1º, Lei do Cheque), porém de acordo com o Art. 38, parágrafo único, da Lei do Cheque, "o portador não pode recusar pagamento parcial, e nesse caso, o sacado pode exigir que esse pagamento conste do cheque e que o portador lhe dê a respectiva quitação."
	No caso do pagamento parcial feito pelo sacado, parte da dívida é satisfeita, mas contendo o cheque uma importância determinada, ao portador cabe o direito de receber o valor total do cheque, podendo cobrar a parte não paga pelo sacado dos obrigados regressivos ou do emitente, a quem transferirá o cheque com quitação, sem que isso seja considerado endosso parcial.
	O cheque pode ser endossado a duas ou mais pessoas, conjunta ou alternadamente. No caso do endosso alternativo, qualquer delas pode receber o cheque. Se, porém, o endosso é feito a duas ou mais pessoas, conjuntamente, não se considera como um endosso parcial, apenas essas pessoas devem receber o cheque conjuntamente, como se fossem um só endossatário, a não ser que, ao endosso, seja adicionada a cláusula de solidariedade, caso, em que qualquer um deles pode receber a totalidade do cheque.
	È importante atentar para a forma adequada para se realizar o endosso, pois o mesmo deve ser lançado no cheque ou na folha de alongamento, e assinado pelo endossante, ou seu mandatário com poderes especiais (Art. 19, Lei do Cheque). A doutrina majoritária entende que, o endosso pode ser lançado no verso ou no anverso do cheque, sendo que no anverso do cheque só vale o endosso em preto, pois o endosso em branco, que consiste na simples assinatura do endossante, poderia ser confundido com o um aval. Ademais, a lei é clara ao determinar que o endosso em branco só é válido quando lançado no verso do cheque, ou na folha de alongamento (Art. 19, § 1º, Lei 7.357/85).
	O cheque só pode ser endossado uma vez, de acordo com o Art 17 da Lei nº 9.311/96, que instituiu a Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira (CPMF) no Brasil, também não é admitido o endosso caução. Contudo o endosso pode ser feito ao emitente ou qualquer outro obrigado, que podem validamente reendossá-lo, dentro do prazo de apresentação (art. 17, §2º, Lei do Cheque).
	Entretanto, o endosso ao sacado vale apenas como quitação, salvo se o endosso tenha sido feito a um estabelecimento do sacado que seja diverso daquele contra o qual o cheque foi emitido (art. 18, §2º, Lei do Cheque). O endosso feito pelo sacado é nulo (art. 18, §1º, da Lei do Cheque).
	Na opinião de Fran Martins, o fato de o endosso ao sacado valer como quitação explica a regra do §1º do art. 18 da Lei do Cheque, que determina a nulidade do endosso do sacado, pois ao reendossar, o sacado "estaria colocando em circulação uma ordem já cumprida". No mesmo sentido entende João Eunápio Borges, ao afirmar que: "Quanto ao sacado, porém, cuja função no cheque, é simplesmente a de cumprir – pagando – a ordem do emitente, é claro que ele não pode endossá-lo."
	"Se o cheque indica a nota, fatura, conta cambial, imposto lançado ou declarado a cujo pagamento se destina, ou outra causa da sua emissão, o endosso pela pessoa a favor da qual foi emitido e a sua liquidação pelo banco sacado provam a extinção da obrigação indicada". (art. 28, parágrafo único, Lei do Cheque).
	Conclui-se que o cheque pode circular pelo endosso durante o prazo de apresentação, formando-se uma cadeia de endossantes contra a qual, se o cheque não for pago e o portador protestar,tem este o direito de agir regressivamente para haver a importância do cheque.
	Quanto à capacidade, entende-se com base na regra do Art. 13 da lei do Cheque que, "se o cheque for endossado a um incapaz, ou se um endossante, depois do endosso, perder a sua capacidade, nem por isso as obrigações das outras pessoas que assinaram no cheque deixam de ser válidas." Trata-se aqui do princípio da autonomia das obrigações assumidas nos títulos de crédito.
	Outro princípio consagrado pela Lei do Cheque é o da Inoponibilidade das Exceções, previsto no seu art. 25, que dispõe:
"Quem for demandado por obrigação resultante de cheque não pode opor ao portador exceções fundadas em relações pessoais com o emitente, ou com os portadores anteriores, salvo se o portador o adquiriu conscientemente em detrimento do devedor"
	Quanto à natureza jurídica, o endosso é um contrato, mais precisamente uma cessão cambial, de características tão próprias que jamais se confundiria com a cessão civil.
	Três são as espécies de endosso: em preto, que traz o nome do endossatário; em branco, o que não designa o beneficiário e consta apenas a assinatura do transmitente; e por procuração, ou endosso-mandato, quando o endossatário representa o mandante para receber todos os direitos do cheque.
		a) o endosso em preto, que é também chamado de regular, nominativo ou completo, contém, além da assinatura do endossante, o nome do beneficiário que passa a ser titular de todos os direitos decorrentes do cheque. Conforme o Art. 28 da Lei 7.357/85, o endosso no cheque nominativo, pago pelo banco sacado, prova o recebimento da respectiva importância pela pessoa a favor da qual foi emitido e pelos endossantes subseqüentes.
		b) o endosso em branco é aquele em que o endossante não designa o beneficiário, e consta simplesmente de sua assinatura. Ele também transmite todos os direitos do cheque. É regra do Art. 20 da Lei 7.357/85 que o portador que recebe um cheque por endosso em branco, pode: completá-lo com seu nome ou com o de outra pessoa; endossar novamente o cheque, em branco ou a outra pessoa; ou transferir o cheque a terceiro, sem completar o endosso e sem endossar.
		c) o endosso-mandato, o endossatário pode receber todos os direitos resultantes do cheque, em nome de seu mandante, mas só pode lançar no cheque endosso–mandato (Art. 26, Lei do Cheque). Entende-se que, este mandato deve seguir as regras do mandato mercantil, previsto no código comercial, por ser o endosso um instituto mercantil. Porém o doutrinador Fran Martins entende de modo diverso, pois procura no Código Civil as regras para explicar a cláusula por procuração do endosso e tratando-se de endosso-mandato, a regra é do Art. 26, da Lei 7.357/85, onde os obrigados só podem invocar contra o portador as exceções oponíveis ao endossante.
	"O mandato num endosso por procuração não se extingue pela morte ou superveniente incapacidade legal do mandatário" (art. 26, parágrafo único, Lei do Cheque).
VENCIMENTO DO CHEQUE
	O cheque como já fora dito é uma ordem de pagamento a vista e, portanto, seu pagamento pode ser exigido a partir do momento em que o cheque é emitido até o prazo de apresentação. O beneficiário de um cheque tem um prazo para apresentá-lo ao sacado para o respectivo pagamento. Assim, o prazo será de 30 dias para os cheques emitidos no local no qual devem ser pagos, ou da mesma praça; e de 60 dias para aqueles cujo local de pagamento for diferente do local da emissão, ou de praças diferentes. Se o portador não apresentar o cheque dentro do prazo, perderá o direito de execução contra os seus endossantes e seus avalistas, de acordo com o Art. 47 da Lei do cheque. A perda do direito contra o emitente apenas se justifica quando este dispunha de fundos durante o prazo de apresentação e deixou de dispor, nos termos do § 3º do Art. 47 do mesmo diploma legal.
	Apresentado o cheque ao sacado no prazo, este verificará se o emitente dispõe de fundos e promoverá a compensação do cheque, extinguindo-se, assim, a obrigação.
	Concordando as partes em conferir efeito PRO SOLUTO ao cheque, a simples entrega do título já extinguirá a obrigação antes mesmo de sua compensação.
	Porém a emissão de cheque sem fundos gera efeitos no s âmbitos civil e penal:
	a) no âmbito civil, o cheque deverá ser levado a protesto no prazo de apresentação.
	b) no âmbito penal, a emissão de cheque sem fundo caracteriza crime de estelionato, nos termos do Art. 171, § 2° Inciso VI, do CPB. O portador do cheque poderá promover ação de execução do cheque contra seu emitente e avalista e, ainda, contra os endossantes e seus avalistas. Neste último caso, é necessário que seja comprovada a recusa do pagamento, por meio do protesto do título.
PRESCRIÇÃO
	A atual lei do cheque determina que o prazo de prescrição da ação de execução do cheque pelo beneficiário prescreve em 6 (seis) meses contados a partir da expiração do prazo de apresentação. (Lei 7.357/85, art. 59). O prazo de prescrição deve ser contado a partir do dia seguinte ao que marca o início do prazo, segundo a regra do direito especial, aplicável ao cheque por força do Art. 64, parágrafo único, da Lei do Cheque.
	Normalmente a prescrição é conceituada como sendo a "perda da ação pela inércia do titular do direito."
	O prazo de prescrição refere-se a ação executiva que o portador pode mover contra o sacador, endossantes ou avalistas. O portador do cheque que não foi satisfeito pelo sacado tem o prazo de seis meses, contados do termo do prazo de apresentação, para mover ação executiva contra o sacador e seu avalista, independente de protesto do título; ou contra endossantes e seus avalistas, se o cheque tiver sido apresentado em tempo hábil e a recusa do pagamento for comprovada pelo protesto ou por declaração escrita do sacado ou da câmara de compensação, conforme previsão do Art. 47, II da Lei do Cheque.
	Tratando-se de ação de um obrigado que pagou contra outro obrigado anterior, o prazo prescricional é, igualmente, de seis meses. Entretanto, o professor Fran Martins afirmava que:
	"(...) o início desse prazo será o dia em que o obrigado que pagou anteriormente foi acionado para pagar, ou, tendo sido o pagamento feito amigavelmente, sem necessidade de ação judicial, do dia em que tal pagamento foi efetuado."
	Prescrita a ação executiva, ainda caberá a cobrança pela via ordinária, cujo prazo de prescrição é de vinte anos, em conformidade com o art. 177 do Código Civil.
	Quanto ao pagamento do cheque pelo sacado, existem doutrinadores que defendem que pode ser efetuado até a prescrição, com base no Art. 35, parágrafo único, da Lei 7.357/85. De outra forma entende Rubens Requião, que defende o pagamento do cheque prescrito, a menos que o emitente apresente contra-ordem alegando a prescrição do título.
	O professor Fran Martins lecionava que "a prescrição pode ser interrompida por qualquer dos meios do direito comum, tais como a citação pessoal feita ao devedor e o protesto judicial (Código Civil, art. 172, I e II; Código de Processo Civil, arts. 219 e 867)."
	A interrupção da prescrição só produz efeito em relação à pessoa para a qual a interrupção foi feita. Esta regra decorre do Art. 60, da Lei do Cheque, e do princípio da autonomia das obrigações previsto no Art. 13, da mesma lei.
AVAL
	Nos termos do Art. 29 o pagamento do cheque pode ser garantido, no todo ou parte, por aval prestado por terceiro. O Val é lançado no cheque ou na folha de alongamento. Exprime-se pelas palavras POR AVAL, ou fórmula equivalente, com a assinatura do avalista. O aval no cheque deve indicar o avalista. Na falta de indicação, considera-se avalista o emitente. O pagamento do cheque pode ser garantido por aval prestado por qualquer pessoa capaz, seja terceiro ou signatário do cheque, exceto pelo sacado (art. 29, Lei do Cheque).
	Entretanto, nos lembra Fran Martins que, quando o aval for dado por um signatário do cheque (emitente ou endossantes), não haverá reforço de garantia de pagamento do título,pois os signatários já estavam obrigados anteriormente, caso o sacado não efetuasse o pagamento.
	Existe o entendimento de que o aval não é obrigação acessória ou subsidiária, ele é obrigação principal, pois o aval é uma declaração unilateral de vontade, e como tal não pode ser sujeito à condição. Entretanto, o aval pode ser parcial, neste caso, é necessário que o avalista declare o valor que está garantido, sob pena de entender-se ser responsável pela totalidade da importância do cheque.
	Conforme a regra do Art. 31 da Lei do Cheque, o avalista se obriga da mesma maneira que o avalizado, e sua obrigação subsiste, ainda que nula a por ele garantida, salvo se a nulidade resultar de vício de forma.
	O aval pode ser dado por uma ou mais pessoas. Quando há pluralidade de avalistas garantindo a mesma pessoa, haverá solidariedade entre eles, podendo o portador requerer de um só o cumprimento da obrigação total, tendo o pagante o direito de exigir dos demais avalistas a parte que lhes cabe na divisão da dívida.
	Além da pluralidade de avalistas, pode ocorrer o aval de aval, ou avais sucessivos, que é quando um avalista recebe um aval de um terceiro. Neste caso, o portador poderá agir diretamente contra o avalista do avalista, com base na regra do Art. 31 da Lei do Cheque. Contudo, o pagante não poderá ratear a dívida com os outros avalistas, como ocorre na pluralidade de avalistas, mas poderá agir contra o avalizado e contra os outros obrigados pois ao pagar o cheque adquire todos os direitos dele resultantes.
	Outra característica importante que devemos lembrar é que, prestado o aval, o garantidor não poderá mais eximir-se, nem tem ação exoneratória contra o avalizado, como tem o fiador civil contra o afiançado.
O ENDOSSO E O AVAL NO CHEQUE PÓS-DATADO
 A pós-datação do cheque não causa óbice ao portador que deseja endossar o título, nem impede que o mesmo seja avalizado. Devendo ser observadas as regras previstas na Lei 7.357/85, da mesma forma em que no cheque comum.
	Quanto ao endosso, Othon Sidou ensina que nada, nem mesmo a cláusula contratual, impede que o portador, ponha o cheque em circulação, pois trata-se de documento cartulário.
	A lei argentina (Ley 24.452/95), inclusive, admite expressamente o endosso no "cheque de pago diferido", conforme redação do Art. 56, texto incluído pela Ley 24.760/97, que assim determina: "Art. 56 – El cheque de pago diferido es libremente trasferible por endosso com la sola firma del endossante."
	O acordo de pós-datação não terá qualquer valor em relação ao sacado ou a terceiros, pois, em tese, o único que deve respeitar a data acordada é o beneficiário. O portador do cheque pós-datado, que o recebeu através de endosso, poderá apresentar o cheque para pagamento quando desejar, conforme determinação legal, e o sacado não poderá negar o pagamento, se houver provisão suficiente. Entretanto, o beneficiário que convencionou a pós-datação com o emitente, poderá ser responsabilizado por eventuais danos que vier a causar ao mesmo, pelo descumprimento do pactuado.
PROTESTO
	O protesto é, essencialmente, meio probatório de apresentação e de falta de pagamento. Ele não cria direitos e nem gera obrigações, apenas documenta de forma pública direitos já constituídos, prova a mora do devedor principal e assegura a responsabilidade dos coobrigados.
	O protesto é extrajudicial, formal e não interrompe a prescrição. Faz-se perante oficial público, na forma prevista no art. 48, §§ e alíneas da Lei 7.357/85.
	O protesto deverá ser feito antes de expirado o prazo para a apresentação do cheque. Vale lembrar que o protesto só é necessário nos casas de propositura de ação de execução contra o emitente ou seus avalistas, não existe necessidade de protesto, sendo ele facultativo.
	O sujeito ativo para pleitear o protesto é aquele que está na posse legítima do título no momento da apresentação para pagamento.
	O protesto é facultativo. Na sua falta, a dívida subsiste para o devedor principal e seus avalistas, porque sua função quanto a estes, se restringe a provar a mora. Entretanto, para assegurar o direito de ação contra os endossantes e seus avalistas o portador deverá comprovar a recusa do pagamento através do protesto do título, se não houver declaração do sacado ou da câmara de compensação, escrita e datada sobre o cheque, com a indicação do dia de apresentação (Art. 47, I, II, Lei 7.357/85).
	O emitente, o endossante e o avalista, podem dispensar o portador do protesto para a ação de execução mediante cláusula sem despesa, sem protesto, ou outra equivalente, lançada e assinada no título. Entretanto, esta cláusula não dispensará a apresentação do cheque pelo portador nos prazos referidos pela Lei 7.357, Art. 33, nem dos avisos de falta de pagamento ao endossante e emitente (Art. 50, caput e §1º, Lei 7.357/85).
	Quando posta pelo emitente, a cláusula acima referida produz efeito em relação a todos os coobrigados do título, pois, os endossantes e os avalistas, ao lançar a assinatura no título já estarão sabendo da dispensa do protesto. Quando, porém, a cláusula for posta por um endossante ou um avalista (inclusive avalista do emitente) a cláusula só produz efeito em relação a esse (Art. 50, §2º, Lei do Cheque). Neste caso, Fran Martins lembra que, "se o título não for protestado, o portador só terá direito de ação contra aquele que lançou a cláusula, perdendo-o em relação aos demais."
	Conforme a regra do Art. 48 da Lei 7.357/85, o protesto ou as declarações do sacado ou da câmara de compensação devem fazer-se no lugar do pagamento ou do domicílio do emitente, antes da expiração do prazo de apresentação. Caso a apresentação ocorra no último dia do prazo, o protesto ou as declarações poderão ser feitas no primeiro dia útil seguinte. Na inobservância desta regra, o protesto poderá ser impedido por Ação Cautelar de Sustação de Protesto.
	Devemos observar que, se o cheque for pago após o protesto, este pode ser cancelado a pedido de qualquer interessado que comprove a quitação conforme a previsão do § 4º do art. 48 da Lei do Cheque.
	Portanto protestado o título, ou feitas as declarações previstas no art. 47, II da Lei do Cheque, o portador deve dar ciência da falta de pagamento ao seu endossante e ao emitente, dentro dos quatro dias úteis seguintes. Havendo a cláusula sem despesa ou equivalente, o prazo conta-se a partir da apresentação. (art. 49, caput, Lei 7.357/85)
	Quanto ao aviso que deve ser dado ao sacador ou emitente, os doutrinadores tem o entendimento que tal é desnecessário, pois, o emitente já teria tomado ciência do não pagamento, quando notificado pelo oficial do protesto. Então conclui-se que: "o portador que não avisar ao emitente do protesto, não ficará sujeito à nenhuma penalidade."
	O aviso pode ser dado por qualquer forma (Art. 49, §4º, Lei do Cheque), inclusive por carta, quando o prazo contará da postagem no correio (Art. 49, §5º, Lei 7.357/85). Cada endossante que receber o aviso, deve, nos dois dias úteis seguintes comunicar o seu teor ao endossante precedente, indicando os nomes e endereços dos que deram os avisos anteriores, e assim por diante, até o emitente, contando-se os prazos do recebimento do aviso precedente. (Art. 49, §1º, da Lei do Cheque).
	O aviso dado a um obrigado deve estender-se, no mesmo prazo a seu avalista (Art. 49, §2º, Lei 7.357/85).
	Aquele que estiver obrigado a dar aviso deverá provar que o fez no prazo estipulado (Art. 49, §5º, Lei 7.357/85). Entretanto, se deixar de dar o aviso no prazo estabelecido, não decairá do direito de regresso, apenas responderá pelo dano causado por sua negligência, sem que a indenização exceda o valor do cheque (Art. 49, §6º, Lei do Cheque).
AÇÃO POR FALTA DE PAGAMENTO
	Na hipótese do não pagamento do cheque pelo sacado, tem o portador direito a propor ação de execução para haver a importância declarada no título. A ação do cheque é executiva por força do disposto no Art. 585, I, do Código de Processo Civil.
	"Todosos obrigados respondem solidariamente para com o portador do cheque" (Art. 51, caput, Lei 7.357/85). O portador tem o direito de demandá-los, individual ou coletivamente, independente da ordem em que se obrigaram. Direito igualmente concedido ao obrigado que pagar o cheque (art. 51, §1º, Lei 7.357/85).
	O portador pode promover a execução do cheque contra o emitente e seus avalistas, independente de ter apresentado ou protestado o título; ou contra os endossantes e seus avalistas, quando dependerá da apresentação tempestiva e de comprovação do protesto ou declarações feitas pelo sacado ou por câmara de compensação (Art. 47, I e II, Lei 7.357/85).
	Embora sejam facultativos para acionar o emitente, o protesto e a apresentação tempestiva tornam-se muito importantes pela ressalva feita pelo Art. 47, §3º, da atual lei, pois, se o portador deixou de tomar qualquer destas precauções, e a provisão deixou de existir, sem ser por fato imputável ao sacador, perderá aquele o direito de execução contra o emitente. Neste caso, quanto ao ônus da prova, a existência da provisão ao tempo em que devia ser apresentado o cheque, deve ser provada pelo sacador, e a prova da culpa do emitente, quanto ao desaparecimento, ou a insuficiência, incumbe ao portador.
	É importante lembrar que, prescreve em 6 (seis) meses, contados da expiração do prazo de apresentação, a ação de execução do portador contra o sacador ou contra os demais coobrigados (Art. 59, Lei 7.357/85).
	Conforme a regra do Art. 52 da Lei do Cheque, o portador poderá exigir do demandado a importância do cheque, mais juros legais desde o dia da apresentação, despesas que tenha despendido e correção monetária.
	A ação de regresso de um obrigado ao pagamento do cheque contra outro prescreve em 6 (seis) meses, contados do dia em que o obrigado pagou o cheque, caso o pagamento tenha sido feito extrajudicialmente, ou, se judicialmente, do dia em que o pagante foi demandado (Art. 59, parágrafo único, Lei do Cheque).
	Quem paga o cheque pode exigir de seus garantes a importância integral que pagou, corrigida monetariamente e acrescida das despesas que gastou, mais juros legais a contar do dia do pagamento (Art. 53, I, II, III e IV, Lei 7.357/85)
	O obrigado contra o qual se promova a execução, pode exigir, quando efetuar o pagamento, a entrega do cheque, com o instrumento de protesto ou declaração equivalente e a conta de juros e despesas quitada (Art. 54, Lei 7.357/85).
	É importante observar que, não cabe a ação executiva contra o sacado, porque, como ensina ele "não integra a relação cambiária", e assim "não contrai qualquer obrigação com o detentor do cheque."
	Lugar da execução: O Art. 576 do CPC, que estatui a regra da execução no lugar onde a obrigação deve ser satisfeita, ou seja, o local do pagamento. Desta forma, reportando-se às regras quanto ao lugar do pagamento, antes referidas (Art. 1º, IV, e Art. 2º, I e II), tem-se a seguinte ordem: 
	1º) o lugar designado junto ao nome do sacado; 
	2) se designados vários lugares, o primeiro deles; 
	3º) não existindo qualquer indicação, o lugar de sua emissão; e
	4º) não existindo este último, o lugar indicado junto ao nome do emitente.
	Porém já prescrita a ação executiva, o portador do cheque sem fundos, poderá, nos 2 (dois) anos seguintes, promover a ação de enriquecimento indevido contra o emitente, endossantes e avalistas (LC, 61). Poderá, também, agir contra o sacador ou endossantes mediante ação ordinária de cobrança, cujo prazo prescricional é de 20 anos, contados do momento em que tal ação pode ser proposta, ou seja, do término do prazo prescricional da ação executiva. Ou ainda, se preferir, poderá ajuizar Ação Monitória, utilizando-se do cheque prescrito como "prova escrita", o que tem sido largamente admitido pela jurisprudência:
"AÇÃO MONITÓRIA. CHEQUE PRESCRITO. POSSIBILIDADE. O cheque prescrito, mesmo para ação de enriquecimento indevido prevista no art. 61, da Lei 7.357/85, é prova escrita hábil para servir de substrato a ação monitória. Apelo Provido." (TARGS, APC, 196192645, 7ª Câm. Cível, Rel. Des. Ricardo Raupp Ruschel, j. 30/10/96, in PROCERGS - VIA/RS)
"Ação Monitória. Cheque Prescrito. Cabimento. O procedimento monitório é adequado ao portador de título executivo extrajudicial que prescreveu. O alegado parcial pagamento não foi provado pela embargante, a quem incum- bia o ônus da prova. O embargado não provou serem os valores do cheque referentes a cobrança de juros. Apelação provida. (TJRGS, APC nº 599405271, 11ª Câm. Cív. Rel Des. Bayard Ney de Freitas Barcellos, j. 06/10/99, PROCERGS - VIA/RS)
"Ação Monitória. Cheque. Legitimidade de Parte. Processual. Cheque sem executabilidade. Documento capaz para reconhecimento de dívida. Legitimidade do portador. Defesa inconsistente. O cheque emitido por devedor e que perdeu a sua executabilidade porque não apresentado ou executado nos prazos legais é documento bastante para legitimar a ação monitória. Quando a defesa do emitente se mostra inconvincente pode e deve o Juiz repeli-la, transformando a prova do credor em título executivo judicial. (TJRJ, AC nº 5.455/98, Reg. 250898, cód. 98.001.05455, RJ, 14ª C. Cív. Rel. Juiz Rudi Loewenkron, j. 06.07.1998, in Juris Síntese 18)
	Ensina o professor Fábio Ulhoa Coelho que na execução e na ação de enriquecimento ilícito, operam-se os princípios do direito cambiário, e, assim, o demandado não pode argüir, na defesa, matéria estranha à sua relação com o demandante.
SUSTAÇÃO DO CHEQUE	
	Existem duas hipóteses descritas na do cheque em que é possível a sustação da ordem de pagamento.
	a) a primeira é a revogação, conforme o Art. 35, da lei do cheque, que só poderá ser solicitada pelo emitente após expirado o prazo de apresentação do cheque. A revogação é ato exclusivo do emitente. 
	b) a segunda é a oposição, conforme o Art.36, que pode ser feita mesmo durante o prazo de apresentação, pode ser efetivada pelo portador legitimo.
	Em ambos os casos, o emitente deverá fundamentar o pedido. Cabe ressaltar que não cabe à instituição financeira, no entanto apreciar as razões do ato. Ela deverá apenas acatar o pedido. A revelia da sustação só deve ser questionada judicialmente, sendo que a conseqüência do pedido de sustação indevido é equivalente à emissão do cheque sem fundo, ou seja, configura o crime de estelionato.
TIPOS DE CHEQUE
	No Brasil existem diferentes tipos de cheque a saber:
	a) cheque ao portador – é aquele no qual o nome do beneficiário não é indicado. Sua circulação foi restringida pela Lei nº 8.021/90. Antes do pagamento, torna-se necessária a identificação do beneficiário, exceção feita a cheques cujo valor seja inferior a R$ 100,00 (cem reais);
	b) cheque nominal – caracteriza-se pela identificação do beneficiário;
	c) cheque pós-datado - O cheque pós-datado, instrumento de crédito largamente utilizado no comércio, não é reconhecido legalmente no Brasil, enquanto conceito, portanto, não existe um suporte legislativo para ele em nosso país, porém é um importante instrumento de concessão de crédito ao consumidor. Embora a pós-datação não produza efeitos perante o banco, na hipótese de apresentação para liquidação, ela representa um acordo entre tomador e emitente. A apresentação precipitada do cheque significa o descumprimento do acordo. Porém deve-se observar o Art. 32 da lei do cheque: “o cheque apresentado para pagamento antes do dia indicado como data de emissão é pagável no dia da apresentação”. O Brasil ainda não alcançou o legislado por outros países, como exemplo temos a Argentina, onde o uso do cheque pós-datado é regulamentado pela Ley 24.452 de 1995 (Ley de Cheques), em seus artigos 54 e seguintes, o "cheque de pago diferido", como é denominado nesse país, é conceituado:
"Art. 54 – O ‘cheque de pago diferido’ é uma ordem de pagamento, emitida à data determinada, posterior à de sua emissão, contra uma entidade autorizada na qual o sacador, à data do vencimento, deve ter fundos suficientes depositados asua ordem na conta corrente, ou autorização para circular em descoberto. Os ‘cheques de pago diferido’ são sacados contra as contas de cheques comuns." (livre tradução)
	Outro bom exemplo vem do Uruguai onde o cheque pós-datado é regulamentado. Também chamado de "cheque de pago diferido", nesse país ele segue as regras do Decreto-Ley 14.412, de 8 de agosto de 1975, que assim o conceitua:
"Art. 3º - O ‘cheque de pago diferido’ é uma ordem de pagamento que se emite contra um banco no qual o sacador, à data de apresentação estipulada no próprio documento, deve ter fundos suficientes depositados a sua ordem em conta corrente bancária ou autorização expressa ou tácita para circular em descoberto." (livre tradução)
	
	No Brasil, a maioria dos doutrinadores define o cheque pós-datado simplesmente como sendo "cheque com data posterior à data em que foi efetivamente emitido".
	O doutrinador Sérgio Carlos Covello, de uma forma mais completa, conceitua:
	"O cheque pré-datado, ou pós-datado, como prefere parte da doutrina, é o cheque emitido com cláusula de cobrança em determinada data, em geral a indicada como data da emissão, ou a consignada no canto direito do talão"
	d) cheque cruzado - Para identificar o título destinado ao serviço de compensação, utiliza-se o cheque cruzado, caracterizado por duas linhas paralelas cortando o cheque, indicando que o mesmo só pode ser pago de banco para banco ou a um cliente do banco sacado. Tanto o emitente quanto o sacador poderão fazer o cruzamento. O cruzamento pode ser em branco ou em preto, sendo que neste caso deve ser indicado entre as linhas o nome de uma instituição financeira;
	e) Cheque para creditar – O cheque para creditar é aquele que não pode ser pago em dinheiro, mas tão-somente creditado na conta bancária do beneficiário.
f) Cheque Visado – O cheque visado é aquele no qual é atestada, pelo sacado, a suficiente provisão de fundos do emitente. Os fundos são separados para permanecerem “a disposição do portador legitimado. Esta modalidade não era prevista legalmente até 1985, mas era largamente utilizada. Caiu em desuso em face do grande número de falsificações. Há poucos anos tem experimentado certo renascimento.
g) Cheque marcado – Não é admitido pela Lei n° 7357/85, o cheque marcado é aquele em que o sacador e o beneficiário marcam uma data para pagamento, normalmente mediante a expressão “bom para”. Tal qual o cheque pré-datado, não existe para efeitos legais.
h) Cheque turismo – O cheque turismo, ou traveller's check, é aquele sacado por instituições financeiras para pagamento em agências ou sucursais, tanto em território nacional quanto no estrangeiro. Normalmente, já traz impressa a quantia a ser paga. Só as instituições financeiras previamente autorizadas pelo Banco Central do Brasil poderão emitir cheques turismo.
i) Cheque postal – O cheque postal, ou cheque sacado contra agência postal, é estabelecido no artigo 66 da Lei n° 7357/85. No entanto, caiu em desuso, principalmente em face do franqueamento dos correios.
j) Cheque fiscal – O cheque fiscal é aquele emitido pelo Poder Público para a restituição de tributos recolhidos em excesso. Não é mais utilizado.
l) Cheque Administrativo – O cheque administrativo é muito utilizado por fornecer maior segurança quanto ao recebimento do valor. Caracterizado pela sua nominatividade, é um auto-saque, sendo que a instituição financeira emite contra si um cheque. Ao mesmo tempo o banco ocupará a situação jurídica de quem dá a ordem de pagamento e a de seu destinatário.
DIFERENÇA ENTRE CHEQUE E CHEQUE POS-DATADO FRENTE AO ESTELIONATO
 		O Código Penal Brasileiro, no Título dos "Crimes contra o Patrimônio", no capítulo VI – Do Estelionato e Outras Fraudes – define no art. 171, VI – "Fraude no pagamento por meio de cheque", verbis: "emite o cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento". E como sanção para esse crime prevê a pena de reclusão de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
	Entretanto, tal regra não tem sido muito utilizada, tendo em vista que o portador do cheque tem como objetivo principal o recebimento do valor constante do cheque, e não a punição do emitente. Quanto ao cheque pós-datado, a doutrina e a jurisprudência entendem não ser aplicável a referida regra. Pois, segundo eles, ao se pós-datar o título, este se desconfigura como cheque, transformando-se em promessa de pagamento, não podendo, dessa forma, ser enquadrado no tipo do crime previsto pelo art. 171, inciso VI do Código Penal.
	Outro raciocínio, nos é lembrado pelo professor Luiz Vicente Cernicchiaro, que o tipo penal exige como elemento constitutivo a fraude. Entretanto, o beneficiário têm ciência da inexistência de provisão de fundos em poder do sacado, na data da emissão do cheque pós-datado, ele não é iludido, restando ausente o elemento subjetivo, ou seja, o dolo do emitente, pois as partes acordam livremente a pós-datação.
	O professor Jorge Alcibíades Perrone de Oliveira concorda com essa posição ao afirmar que inexiste o delito no caso do cheque pós-datado, pois, segundo ele, se o cheque foi dado como garantia de pagamento ou posto apenas em circulação como título de crédito que é, desaparece o dolo exigido pela lei penal, embora o documento não deixe de ser cheque, podendo ser executado.
	A jurisprudência dominantem, coaduna com o entendimento doutrinário passando seus julgados a discorrer de forma pacífica, tendo os seguintes pareceres:
"Estelionato – Cheque pós-datado sem provisão de fundos. Denúncia fundamentada no art. 171, §§2º e 3º do CP. A emissão de cheque com data para apresentação posterior descaracteriza o crime de estelionato. (TRF, 5ª R., Acr. 945/CE, 3ª T., Rel. Juiz Nereu Santos, DJU 22.03.1996, in Juris Síntese)
"Estelionato – Cheque pós-datado – sem fundos na data de apresentação – Para se configurar o dolo, é necessário que o agente tenha consciência e vontade de empregar meio fraudulento para iludir alguém, obtendo vantagem ilícita, em prejuízo alheio. A vítima, ao aceitar cheque pós-datado para descontá-lo no banco alguns dias depois de sua emissão concorreu para que a cártula fosse desfigurada de ordem de pagamento à vista para promessa de pagamento a prazo, perdendo a tipicidade do crime previsto no art. 171 par. 2º, VI do CP.Apelo Improvido. (TJRS, Acr 699089892, RS, 7ª C. Crim., Rel. Des. Aldo Faustino Bertocchi, j. 06.05.1999, in Jurís Síntese)
"O cheque pós-datado, dado como promessa de pagamento desvirtua-se de sua função de ordem de pagamento à vista, não configurando o delito previsto no art. 171, §2º, inc. VI do CP. Também não realiza o delito de fraude no pagamento por meio de cheque quem emite e entrega cheque sem a devida provisão de fundos, quando não se obteve vantagem indevida e nem houve prejuízo para a vítima, posto que este já existia antes da emissão do título.Recurso Provido para absolver o apelante". (Ap. Crim. 77.250-9, Rel. Juiz Bonejos Demchuck, j. 29/06/1995, in Bussada, Wilson. Cheque. Interpretado pelos Tribunais. Campinas: Julex Livros, 1997. v. I – Verbetes 1 a 142)
"Não caracteriza o delito emissão de cheque pré-datado cuja conta corrente encontrava-se encerrada, por isso que o documento equivale à mera promessa de pagamento e não foi dele, mas de relação negocial de compra de materiais de construção, que adveio prejuízo à vítima e vantagem aos réus." (TARGS, Apelação-Crime nº 2920937, 1ª Câm. Crim. Rel. Aristides Pedroso de Albuquerque Neto, in Bussada, Wilson. Cheque. Interpretado pelos Tribunais. Campinas: Julex Livros, 1997. v. I. p. 517.
"Estelionato – Cheque pré-datado. Garantia de dívida – Delito não caracterizado – Absolvição mantida. Se constitui em simples garantia de dívida e não ordem de pagamento à vista, cheque que é emitido antecipadamente para apresentação futura." (TJSC, Apelação Criminal nº 26.255, 1ª Câm. Crim., Itajaí, Rel Des. Marcio Batista, j. 01.10.90, Publ. no DJESC nº 8.130, p. 20, 14.11.90, in Juris Plenun)
CONSIDERAÇÕES FINAISDo esquadrinhamento geral do assunto cheque, feita até aqui existe uma certa dificuldade em analisar de modo exaustivo a matéria, pois, apesar de ser um instrumento de crédito muito utilizado em nosso país, e que vem servindo para aumentar cada vez mais o número de negócios, no comércio, em razão da facilidade com que pode ser utilizado, tem uma vasta forma de multiplicidade com várias regras, portanto o assunto não está acabado, muito pelo contrário ele é longo, por isso necessita de uma abordagem mais pormenorizada, para aqueles que estão interessados em avançar no assunto em epígrafe.
	Seria interessante que as instituições financeiras procurassem dar mais atenção à Lei do Cheque. Nós ainda temos muitas dúvidas, por isso continuaremos a estudar o título de crédito.

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