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1 UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS – LÍNGUA PORTUGUESA RELATÓRIO: ESTÁGIO SUPERVISIONADO ESTAGIÁRIO: Juliana Corrêa Gil RA: 140043-1 UNIDADE ESCOLAR: Instituto Piracicabano da Igreja Metodista SUPERVISORAS: Profa. Ms. Ligiane Cristina Segredo Castro Profa. Dra. Maria Inês Bacellar Monteiro Profa. Dra. Márcia Aparecida Vieira Lima Profa. Dra. Sônia Cristina Pavanelli Daros PIRACICABA 2 JUNHO DE 2017 SUMÁRIO 1. APRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO.........................................................................01 2. APRESENTAÇÃO DA UNIDADE ESCOLAR ONDE O ESTÁGIO FOI DESENVOLVIDO........................................................................................................01 2.1.Caracterização da unidade escolar e da comunidade....................................................01 2.2.Histórico da instituição e biografia do patrono.............................................................02 2.3.Funcionários e Corpo Docente......................................................................................03 2.4.Estrutura física do prédio e aspectos da inclusão dos alunos com necessidades educativas......................................................................................................................04 2.5.Caracterização dos alunos e do professor de Língua Portuguesa.................................06 3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NAS DISCIPLINAS DE ESTÁGIO.................07 3.1.Elaboração do Plano de Aula: apresentação da metodologia de elaboração................07 3.2.Plano de Aula: Produção de Textos e Oralidade com anexos.......................................08 3.2.1. Plano de Ensino: (escrita).......................................................................................08 3.2.2. Plano de Ensino: (oral)............................................................................................31 3.2.3. Plano de Ensino: (inclusão).....................................................................................51 3.3.Exposição Oral dos Planos de Aula..............................................................................62 3.4.Regência: relato.............................................................................................................63 3.5.Avaliação da regência...................................................................................................66 3.6.Relato das Rodas de Conversa, Visitas e Oficinas........................................................66 3.6.1. Roda de Conversa...................................................................................................66 3.6.2. Roda de Conversa...................................................................................................67 3.6.3. Roda de Conversa com o dirigente de ensino de Piracicaba...................................67 3.6.4. Visita ao CEEJA Professor Antônio José Falcone..................................................67 3.6.5. Visitas......................................................................................................................67 4. UM ASPECTO DA REALIDADE DA UNIDADE ESCOLAR PARA APROFUNDAMENTO DA ANÁLISE SUBSIDIADA TEORICAMENTE..............67 4.1.A Indisciplina na Escola Particular...............................................................................67 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................71 ANEXOS – Diários de campo 3 1. APRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO Durante a vigência do estágio supervisionado os aluno foram orientados pelos professores supervisores para o desenvolvimento de dois planos de ensino: um plano de Oralidade e um plano de Escrita, que depois de pronto foram entregues ao professor regente da escola em que o estagiário realizaria a regência. O estágio na escola possibilitou aos alunos o conhecimento de uma unidade escolar e a sua estrutura pedagógica, visto que alguns alunos nunca haviam tido nenhuma experiência em sala de aula. Dessa forma, o contato com a sala e com o professor regente proporcionou ao estagiário uma nova visão da parte real do cotidiano do professor e do funcionamento da uma sala de aula. 2. APRESENTAÇÃO DA UNIDADE ESCOLAR ONDE O ESTÁGIO FOI DESENVOLVIDO Nome da escola: Instituto Piracicabano da Igreja Metodista Endereço: Rua Rangel Pestana, nº 762 – Centro – Piracicaba/ SP – CEP: 13400-901 Fone: 3124-1881 A escola está vincula à Rede: Particular Metodista de Educação Data da inauguração: 13 de setembro de 1881 2.1. CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE ESCOLAR E DA COMUNIDADE O Colégio é uma associação civil, confessional, com objetivos educacionais, culturais, de assistência social e filantrópicos, sem fins lucrativos. O Colégio Piracicabano mantém a Educação Básica nos níveis: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. Os objetivos gerais e específicos, dos diferentes cursos oferecidos pelo Colégio Piracicabano, são trabalhados a partir de uma metodologia que considere a história pessoal e contextual do aluno, bem como as suas possibilidades, limitações e necessidades. O Colégio Piracicabano funciona em turnos parciais e integrais, nos períodos da manhã, tarde e noite, de acordo com as exigências e características específicas de cada curso ou atividades, que são previstas e detalhadas anualmente no Plano Escolar. O Colégio pode instalar 4 e fazer funcionar, em período oposto ao das aulas normais, cursos, oficinas, laboratórios ou grupos de vivência, de caráter optativo para enriquecimento do currículo. 2.2. HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO E BIOGRAFIA DO PATRONO O Colégio Piracicabano possui uma antiga e bela história em Piracicaba, ele cresceu com a cidade. Quando o Colégio se instalou em Piracicaba, no ano de 1881, a cidade ainda era uma pequena vila, o Brasil era governado pelo Imperador D. Pedro II e a escravidão ainda não havia sido abolida. Contudo, um grupo de pessoas progressistas já trabalhavam na cidade, pela libertação dos escravos, pela implantação da Republica e pela criação de uma escola moderna para a juventude. Esse grupo era liderado pelos irmãos Manoel de Moraes Barros e Prudente de Moraes. Os irmãos Moraes estabeleceram contato com os imigrantes norte-americanos de Santa Barbara D’Oeste. Dentre eles estava o pastor metodista Ver. Newmann. Desta amizade surgiu a ideia de criar em Piracicaba uma escola moderna, aos moldes das escolas norte-americanas. Com o apoio dos irmãos Moraes, em 13 de setembro de 1881 a missionaria americana Martha Watts abriu as portas da nova escola, inicialmente chamado de o “Piracicabano”, foi a primeira instituição de ensino metodista fundada no Brasil. Ao receber tal nome, ficou evidente a intenção de fundar uma escola voltada não para a Igreja, mas para a comunidade piracicabana. A construção do prédio próprio – “Edifício Principal”- na esquina das ruas Boa Morte e D. Pedro II ficou pronta em 1884. Os projetos desenvolvidos no Brasil pelas missionárias norte-americanas, como em outros países, eram sustentados pelas sociedades femininas (Womam’s Missionary Society” da Igreja Metodista do Sul dos Estados Unidos, pois acreditavam que só as mulheres poderiam ajudar outras mulheres. Desse modo, nasceu o Colégio Piracicabano, destinado a ser uma escola para mulheres, com proposta pedagógica nos moldes da “escola nova”, comprometida com uma educação inovadora,humanizante, profundamente alicerçada nos princípios cristões, buscando o cultivo da solidariedade e da cidadania. Até a década de 1930 só havia internato para moças, a educação para meninos era em regime de externato, semente em 1934 criou-se o internato masculino. 5 2.3. FUNCIONÁRIOS E CORPO DOCENTE O colégio é composto por: Pastoral: Revda. Marcia Célia Pereira Direção: Profª Joselene Rodrigues Henriques Coordenação: Profª Fernanda Mariano Rodrigues (Ed. Infantil) Profª Fátima Suzegan Rosa (Fund. I - 1º ao 5º ano) Profª Maisi M. Garcia Sathler Rosa (Fund. II - 6º ao 9º ano) Profª Bianca Furlan Danelon (Ens. Médio) Orientação educacional: Profª Caroline Raimundo Araújo (Ed. Infantil) Profª Maria Carolina Nemec Barreto dos Santos (Fund. I - 1º ao 5º ano) Profª Lúcia Cristina P. G. da Silva (Fund. II - 6º ao 9º ano e Ens. Médio) Assessoras de áreas: Linguagens e códigos – Profª Elcy Pereira Cason Pecorari Ciências da natureza e Matemática – Profª Estela Marisa S. Santos Vieira Ciências Humanas – Profª Thais Gonsales Soares Tecnologia – Prof. Luis Antonio Gimenes Albino Alunos internacionais – Profª Marcia Eliandra Godoi Bottene Ensino Infantil: 09 professoras de sala Ensino Fundamental I: 20 professoras de sala Professores especialistas por área: Língua Portuguesa: 04 professores História: 05 professores Geografia: 03 professores Ciências: 03 professores Matemática: 04 professores Ed. Física: 03 professores Artes: 02 professores Inglês: 10 professores Ens. Religioso: 04 professores Música: 02 professores Teatro: 01 professor 6 Desenho Geométrico: 01 professor Espanhol: 01 professor Experiências e vivencias: 02 professores Física: 01 professor Química: 01 professor Biologia: 03 professores Filosofia: 01 professor Sociologia: 01 professor Geopolítica: 01 professor Mídias sociais: 01 professor O Colégio conta ainda com uma equipe de limpeza e de guardas, os quais são contratados pela Rede Metodista, atendendo não apenas ao Colégio, mas também a Universidade. Não tive informações sobre os outros funcionários do Colégio. 2.4. ESTRUTURA FÍSICA DO PRÉDIO E ASPECTOS DA INCLUSÃO DOS ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCATIVAS O Colégio é constituído por três prédios, sendo que em cada um encontra-se: Salas de aulas; Laboratórios: O Colégio dispõe de Laboratório Multidisciplinar e de Informática, equipados com os mais modernos instrumentos; Biblioteca: Totalmente informatizada, inclusive em rede com a biblioteca da Unimep, possui um acervo riquíssimo e constantemente atualizado. O espaço é contemplado com salas ambiente para estudo e pesquisa; Ambulatório médico: auxilia no pronto-atendimento, fazendo o encaminhamento médico necessário; Sala de Espelho. Capela: Espaço para meditação e celebração. Em sua parte externa o Colégio conta com: Cantina: Oferece almoço, lanches rápidos, além de vitaminas e frutas, e é constantemente supervisionada por Nutricionista. Setor Poliesportivo: Composto por Ginásio Poliesportivo; 7 Salão Nobre: Com capacidade para 528 pessoas, o espaço é utilizado para as atividades acadêmicas e culturais; Centro Cultural Martha Watts: Espaço cultural que oferece salas para vernissages, exposições culturais (pinturas, fotografias, jornais etc.). Nele também funciona o museu da história do Colégio Piracicabano. Disposição das salas e quantidade de alunos por turma: Período Matutino: Ensino Integral G1: 8 alunos G2: 18 alunos G3: 16 alunos G4: 24 alunos G5: 23 alunos G6: 28 alunos Ensino Fundamental II 6º A: 28 alunos 6º B: 27 alunos 6º C: 28 alunos 7º A: 35 alunos 7º B: 36 alunos 8º A: 31 alunos 8º B: 34 alunos 9º A: 31 alunos 9º B: 30 alunos Ensino Médio 1ª A: 25 alunos 1ª B: 26 alunos 2ª A: 26 alunos 2ª B: 25 alunos 3ª A: 44 alunos Período Vespertino: Ensino Infantil (não tive acesso a disponibilidade as salas) 8 Ensino Fundamental I 1º A: 24 alunos 1º B: 24 alunos 1º C: 23 alunos 1º D: 22 alunos 2º A: 21 alunos 2º B: 21 alunos 2º C: 23 alunos 2º D: 23 alunos 2º E: 22 alunos 3º A: 28 alunos 3º B: 30 alunos 3º C: 27 alunos 3º D: 28 alunos 4º A: 24 alunos 4º B: 24 alunos 4º C: 25 alunos 4º D: 23 alunos 5º A: 26 alunos 5º B: 27 alunos 5º C: 28 aluno O Colégio não disponibilizou a relação dos alunos com deficiência. 2.5. CARACTERIZAÇÃO DOS ALUNOS E DO PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA Os alunos tem o livre acesso às informações necessárias à sua educação, ao seu desenvolvimento como pessoa, ao seu preparo para o exercício da cidadania e a sua qualificação para o mundo do trabalho. Dessa forma, o aluno deve ter um papel ativo e dinâmico no processo de aprendizagem. Isso só ocorre, se houver uma disposição para que ele expresse suas experiências, pensamentos e questões, já que o conhecimento do aluno é um elemento fundamental para o processo do ensino-aprendizagem. Deve-se proporcionar ao aluno uma 9 formação que desenvolva um olhar crítico, mas que ao elaborar uma crítica, o aluno disponha de argumentos. Para isso, o professor deve assumir uma postura dialógica e de intervenção nos processos formativos do aluno. Considerando o processo educativo como dinâmico e versátil, há que se compreender a ação docente na perspectiva de promover situações inusitadas e desafiadoras que provoquem a criatividade, em benefício de novas descobertas, e conhecimento individual e coletivo. 3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NAS DISCIPLINAS DE ESTÁGIO Durante as aulas do estágio na universidade, realizamos atividades voltadas para as áreas especificas. Nas terças-feiras, tivemos orientações para a escrita e reescrita dos planos de Oralidade e de Escrita, os quais seriam entregues na escola que realizaríamos o estágio. Nas quintas-feiras, tivemos orientações voltadas para a parte de Educação Inclusiva e Gestão Escolar. No que diz respeito a Educação Inclusiva, realizamos estudos voltados aos alunos com deficiência, preparamos atividade e as adaptamos. Enquanto que nas aulas de Gestão Escolar tivemos atividade mais teóricas, estudando os documentos que norteiam o funcionamento da unidade escolar. 3.1. ELABORAÇÃO DO PLANO DE AULA: APRESENTAÇÃO DA METODOLOGIA DE ELABORAÇÃO Os planos de ensino foram desenvolvidos a partir do resgate de planos das disciplinas anteriores de Prática de Ensino, sendo adaptados conforme as orientações em sala de aula. Os planos foram reescritos e atualizados atendendo melhor os alunos e as necessidades da sala em que o estágio estava sendo realizado. 3.2. PLANO DE AULA: PRODUÇÃO DE TEXTOS E ORALIDADE COM ANEXOS 10 3.2.1. PLANO DE ENSINO: (ESCRITA) RESENHA: APRENDENDO A ARGUMENTAR NO AMBIENTE ESCOLAR UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA FACULDADE DE CIÊNCIAS HUAMANAS CURSO DE LETRAS – LÍNGUA PORTUGUESA JULIANA CORRÊA GIL RESENHA: APRENDENDO A ARGUMENTAR NO AMBIENTE ESCOLAR Piracicaba 2017 JULIANA CORRÊA GIL 11 RESENHA: APRENDENDO A ARGUMENTAR NO AMBIENTEESCOLAR Trabalho apresentado ao curso de Letras Português da Universidade Metodista de Piracicaba como requisito parcial para a aprovação da disciplina de Estágio Supervisionado I. Responsável pela disciplina: Profa. Ligiane Cristina Segredo Castro Piracicaba 2017 Sumário 12 1. Identificação........................................................................................................01 2. Proposta e assunto da sequência didática............................................................01 3. Justificativa..........................................................................................................01 4. Objetivos .............................................................................................................02 4.1.Objetivos gerais...................................................................................................02 4.2.Objetivos específicos...........................................................................................02 5. Pressupostos teóricos..........................................................................................02 5.1.Língua e linguagem.............................................................................................02 5.2.Escrita..................................................................................................................03 5.3.Gênero resenha....................................................................................................03 5.4.Correção e reescrita do texto...............................................................................04 6. Parâmetros Curriculares Nacionais....................................................................05 7. Metodologia........................................................................................................06 8. Recursos didáticos..............................................................................................07 9. Avaliação............................................................................................................07 10. Bibliografia.........................................................................................................07 Anexos 1. Identificação 13 Escola: Instituto Educacional Piracicabano Professor Regente: Thiago José Bot Bonfim Estagiária: Juliana Corrêa Gil Ano/Série: 8º ano do Ensino Fundamental II Quantidade de aulas: 6 aulas Quantidade de alunos: 31 alunos 2. Proposta e assunto da sequência didática Este plano de aula apresenta uma proposta de ensino da escrita por meio do gênero resenha, visando ensinar ao aluno a importância desse gênero, o qual possui como função social a formação de opinião. 3. Justificativa Escolheu-se trabalhar com o 8º ano do Ensino Fundamental II, pois são adolescentes que já possuem conhecimento de mundo e, decorrente disso, um repertório de argumentos sustentáveis para a realização de uma resenha, pois esse gênero possui função social para a vida do aluno, sendo de grande importância na sua formação de opinião. O gênero resenha foi escolhido com o intuito de mostrar ao aluno que é possível expressar sua opinião quanto a diferentes objetos culturais. Desta forma, será trabalhado o gênero resenha proporcionando ao aluno o trabalho com a argumentação. É importante mostrar aos alunos que a produção textual é muito mais do que apenas um instrumento escolar, é uma produção textual com função social. E a resenha tem a função de ajudar os alunos a construir e expor sua opinião, fazendo com que a produção não fique restrita apenas a sala de aula, mas que eles possam fazer com que ela tenha circulação e com isso possam ser ouvidos. A resenha é uma forma de produção textual que dá voz a quem escreve e por isso é de grande relevância o seu estudo, pois ensina ao aluno a se expressar e a sustentar sua argumentação. 14 4. Objetivos 4.1. Objetivos gerais Contribuir para a formação do aluno como leitor e produtor de textos; Estimular a leitura de resenhas em diferentes meios de circulação no qual a resenha aparece; 4.2. Objetivos específicos Ao término das aulas, os alunos deverão ser capazes de: Refletir sobre as características do gênero resenha, bem como conteúdo temático, estilo e forma de composição; Conhecer a função social do gênero resenha. Reconhecer em quais veículos a resenha pode circular; Compreender os recursos básicos de argumentação para a escrita de uma resenha; Escrever, revisar e reescrever uma resenha. 5. Pressupostos Teóricos 5.1. Língua e linguagem Uma questão importante para o ensino da Língua Portuguesa é a concepção de linguagem e língua, uma vez que o modo como se concebe a natureza fundamental da língua altera em muito o como se estrutura o trabalho com a língua em termos de ensino. Com isso, a concepção de língua e linguagem é tão importante quanto a postura que se tem relativa à educação. O interesse pela linguagem é muito antigo, os primeiros estudos são do século IV a.C., por razões religiosas. No século XIX, com o conhecimento de um número maior de línguas, ocorre o interesse pelas línguas vivas e pelo estudo comparativo dos falares, evidenciando o fato de que as línguas se transformam com o tempo. É a partir do século XX, com Ferdinand 15 de Saussure, que a investigação sobre linguagem passa a ser reconhecida como estudo científico (PETTER, 2004). Desta forma, a língua pode ser concebida como uma corrente evolutiva contínua, isto é, não pode considera-la apenas um conjunto de normas inalteráveis, pelo contrário, o interlocutor faz uso dessas normas para execução da linguagem. Inclusive, a língua é voltada ao social, consequentemente, só ele pode modifica-la (BAKHTIN, 2009). Para Bakhtin (2009), a linguagem é um fenômeno profundamente social e histórico e, por isso, mesmo ideológico. Sendo a unidade básica de análise linguística, o enunciado, ou seja, os elementos linguísticos produzidos em contextos sociais reais e concretos como participantes de uma dinâmica comunicativa. A linguagem vista dessa forma, cada signo é mais do que um mero reflexo, ou substituto da realidade, é materialmente constituído no sentido de ser produzido dialogicamente no contexto de todos os outros signos sociais. Cada língua assim como cada indivíduo é formada por variantes conflitantes, todas sujeitas à questão do poder. 5.2. Escrita Atualmente na sociedade, a escrita apresente grande valor, pois as pessoas interagem por meio dela, seja na produção de textos ou na leitura deles. Dessa forma, a escrita constitui uma atividade interativa complexa, sendo importante o conhecimento da língua, dos gêneros textuais e de mundo (GERALDI, 2006). Para tanto, a escrita é um trabalho, pois envolve etapas: planejamento, escrita propriamente dita, revisão e reescrita. Ao pensar o ensino da escrita na sala de aula, Geraldi (2006) acredita ser fundamental fazer a distinção entre texto e redação, correção e avalição, evidenciando tratar-se de produções e processos distintos. 5.3. Gênero resenha A resenha exerce uma importante função social, pois forma opiniões e, até mesmo, delineia valores estéticos sobre diferentes manifestações artísticas e campos do conhecimento. Segundo Goldstein, Louzada e Ivamoto (2009) a resenha é um gênero textual que faz parte da vida de todas as pessoas, afinal é um gênero de texto presente em jornais, revistas e publicações com temática voltada para objetos culturais comofilmes, shows, peças teatrais, etc. Esse tipo de resenha encontrada nos jornais e revestas, conhecida como resenha crítica, apresenta 16 informações selecionadas e sintetizadas sobre o objeto resenhado, ampliando-se, no entanto, com comentários e avaliações a respeito do mesmo tema, levando em consideração o contexto e o público a que se dirige. Medeiros (2009) acrescenta que a resenha é um relato minucioso das propriedades de um objeto, ou de suas partes constitutivas; é um tipo de redação técnica que inclui variadas modalidades de textos: descrição, narração e dissertação. Estruturalmente, descreve as propriedades da obra, relata as credenciais do autor, resume a obra, apresenta suas conclusões e metodologia empregada, assim como expõe um quadro de referências em que o autor se apoiou e, por fim, apresenta uma avaliação da obra e diz a quem a obra se destina. Na resenha, geralmente, utiliza-se a linguagem em terceira pessoa, implicando com isso certa neutralidade, que é, no entanto, limitada, uma vez que na seleção e organização do texto já ocorre intenção de quem escreve. Seu objetivo é oferecer informações para que o leitor possa decidir quanto à consulta ou não do original. Dessa forma, a resenha deve resumir as ideias da obra, avaliar as informações nela contidas, a forma como foram expostas e justificar a avaliação realizada (MEDEIROS, 2009). 5.4. Correção e reescrita do texto Depois da produção de textos, algo de grande importância é a sua correção. Ao corrigir um texto, o professor pode utilizar três tipos de correções, segundo Serafini (1987). A primeira é a correção indicativa, a qual consiste em marcar junto a margem ou no próprio corpo do texto as palavras, frases e períodos inteiros que apresentam certos problemas. A segunda é a correção resolutiva, que consiste em resolver os problemas textuais, como o próprio nome já diz, reescrevendo palavras, frases e períodos inteiros. A terceira é a correção classificatória, a qual consiste na identificação não ambígua dos problemas encontrados no texto através de uma classificação. Para complementar, Ruiz (2001) propõe um outro tipo, a correção interativa, a qual consiste em interferir não somente sobre o texto, mas também sobre o sujeito que produz o texto, com o propósito de expor seus problemas textuais seja por meio de comentários mais longos, deixados no pós-texto, ou seja por meio de interação face a face. Esse tipo de correção visa a proporcionar ao aluno que se posicione como corretor de seu próprio texto e que compreenda a correção feita pelo professor. 17 Após a escrita e a correção do primeiro texto, o aluno será direcionado para o processo de reescrita, igualmente importante, pois permite que o aluno, tendo novo contato com seu texto, possa corrigi-lo, retirando suas repetições, incoerências, entre outros, além de acrescentar algo que julgue necessário e conveniente, diante de suas novas vivências, novas considerações feitas pelo professor, nossas percepções e novo olhar (GERALDI, 1993). Assim, o ponto de partida mais eficaz e eficiente para a aprendizagem da língua é a produção textual, já que é justamente no texto que ela se revela na sua totalidade. A escrita clara e a possibilidade de reescrita valorizam a posição do sujeito no âmbito social, fazendo com que ele aja sobre o mundo, e não o contrário. Todo esse processo de escrita e reescrita auxiliam o professor a ensinar o aluno a aprender a pensar, a aprender a organizar suas ideias, criando um futuro mais crítico e mais interessante de se viver. 6. Parâmetros Curriculares Nacionais Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) são diretrizes elaboradas pelo Governo Federal, tendo como intenção principal a de orientar os educadores por meio da normatização de alguns fatores relativos a cada disciplina, criando condições nas escolas que permitam aos jovens ter acesso ao conjunto de conhecimentos socialmente elaborados e reconhecidos como necessários para o exercício da cidadania. O objetivo dos Parâmetros Curriculares Nacionais da Língua Portuguesa é estabelecer referências para as discussões curriculares da área e contribuir com técnicos e professores no processo de revisão e elaboração de propostas didáticas. Mais especificamente sobre a área de Língua Portuguesa, com foco para a escrita, os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) afirmam que, ao produzir um texto, o autor precisa coordenar uma série de aspectos: o que dizer, a quem dizer, como dizer. Quanto ao aluno, espera-se que coordene, sob a orientação do professor todos esses aspectos. Ao pensar em desenvolver atividades para ensinar a escrever é importante, identificar os múltiplos aspectos envolvidos na produção de textos, para propor atividades sequenciadas, que reduzam parte da complexidade da tarefa no que se refere tanto ao processo de redação quanto ao de refacção. Em atividades de produção que envolvem autoria ou criação, a tarefa do sujeito torna- se mais complexa, pois é necessário articular ambos os planos: o do conteúdo e o da expressão. As categorias propostas para ensinar a produzir textos permitem que os alunos possam construir 18 os padrões da escrita, apropriando-se das estruturas composicionais, do universo temático e estilístico do autores. É por meio da escrita do outro que, durante as práticas de produção, que cada aluno vai desenvolver seu estilo (PCNS, 1998). Com base nessas premissas é que essa proposta de ensino do gênero resenha foi elaborada. 7. Metodologia Nas aulas 01 e 02, a professora entregará aos alunos jornais e revistas e dará um tempo para que eles possam ver o material, através desse material eles terão um primeiro contato com a resenha. Após, será realizada pela professora uma sondagem, na qual ela irá perguntar aos alunos se eles costumam consultar jornais ou revistas para verem a programação cultural da cidade onde moram ou se pesquisam na internet sobre o filme que está em cartaz no cinema. A professora comentará que no jornal há uma seção reservada a programação cultural e nela vem publicada um comentário sobre uma peça que está em cartaz ou sobre o filme que irá estrear. Ela pegará o material que mostrou aos alunos e mostrará para eles onde fica a parte destinada para as resenhas. A professora então reproduzirá para os alunos, por meio do projetor, o primeiro episódio da série “The Flash”. Ao fim da reprodução, a professora mostrará para os alunos uma resenha sobre a série publicada no site do Ligado em série. A partir deste ponto eles começarão a ver melhor como é uma resenha. A professora então entregará uma folha com as principais características de uma resenha e começará a discuti-las com os alunos. Nas aulas 03 e 04, a professora levará uma coletânea de resenhas, com diferentes temas: uma resenha sobre o filme “Power Ranger,” publicado no site do jornal Folha de São Paulo, uma resenha sobre o filme “A Bela e a Fera”, publicado no site da revista Veja, uma resenha sobre o filme “Animais fantásticos e onde habitam”, publicado no site do jornal Estadão e uma resenha sobre o filme “Alice através do espelho”, publicado no site da revista Veja. Todas serão lidas e discutidas, com o intuito que os alunos percebam as características de cada uma delas. Ao final da discussão, ela passará mais um episódio da série “The Flash” para que os alunos desenvolvam a resenha. Ao final da aula, a professora pedirá que os alunos entreguem as resenhas. Nas aulas 05 e 06, a professora projetará algumas das resenhas dos alunos no telão e mostrará aos alunos as principais dificuldades encontradas por eles, para que através disso ela possa esclarecer dúvidas que ainda existamsobre o gênero resenha e, após isso, ela entregará 19 as resenhas corrigidas, por meio da correção interativa com pequenos bilhetes, ela pedirá que eles reescrevam a resenhas. Enquanto os alunos realizam a reescrita da resenha, a professora caminhará pela sala para atendê-los, quanto a suas dúvidas. Ela pedirá que, ao final, os alunos entreguem as duas versões das resenhas. 8. Recursos didáticos A professora utilizará como recursos didáticos os seguintes materiais: multimídia (para a projeção das resenhas utilizadas como exemplo), folha impressa (explicando sobre o gênero resenha, folha para escrita), lousa e giz. 9. Avaliação Os alunos serão avaliados continuamente, conforme sua participação nas aulas, mas, principalmente, a partir das produções das resenhas, escrita e reescrita, comparando as duas versões. 10. Bibliografia BAKHTIN, M. Marxismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo: Editora Hucitec, 2009. BRASIL/CNE. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: 3º e 4º ciclos: língua portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1998. GERALDI, J.W. Escrita, uso da escrita e avaliação. In: ______. (Org). O texto na sala de aula. São Paulo: Ática, 2006. GERALDI, J.W. Da redação à produção de textos. In: GERALDI, J.W.; CITELLI, B. (Org.) Aprender e ensinar com textos de alunos. São Paulo: Cortez, 1993. GOLDSTEIN, N.; IVAMOTO, R.; LOUZADA, M.S. Resenha. In: ______. O texto sem mistério: leitura e escrita na universidade. São Paulo: Ática, 2009. MEDEIROS, J.B. Resenha. In: Redação cientifica: a pratica de fichamentos, resumos e resenhas. 11ª ed. São Paulo: Editora Atlas, 2009. 20 PETTER, M. Linguagem, língua, linguística. In: FIORIN, J. L. (Org). Introdução à linguística. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2004. SERAFINI, M.T. A correção. In: ______. Como escrever textos. Rio de Janeiro: Globo, 1987. RUIZ, E. Como se corrige redação na escola. Campinas: Mercado de Letras, 2001. Série “The Flash”, disponível em: <https://www.netflix.com/search?q=fla&jbv=80027042&jbp=0&jbr=0>. Acesso em 04 de maio de 2017. Resenha da série “The Flash”, disponível em: <http://www.ligadoemserie.com.br/2015/05/critica-a-excelente-primeira-temporada-de-the- flash/#.WQ-qElXyvIV>. Acesso em 04 de maio de 2017. Resenha do filme “Power Ranger”, disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/03/1869879-maduros-power-rangers-perdem- a-cafonice.shtml>. Acesso em: 9 abr. 2017. Resenha do filme “A Bela e Fera”, disponível em: <http://veja.abril.com.br/blog/isabela- boscov/a-bela-e-a-fera-2/>. Acesso em: 9 abr. 2017. Resenha do filme “Animais fantásticos e onde habitam”, disponível em: <http://cultura.estadao.com.br/blogs/luiz-zanin/animais-fantasticos-e-onde-habitam/>. Acesso em: 9 abr. 2017. Resenha do filme “Alice através do espelho”, disponível em: <http://veja.abril.com.br/entretenimento/alice-atraves-do-espelho-e-psicodelica-viagem-no- tempo/ >. Acesso em: 9 abr. 2017. Anexo A 21 A excelente primeira temporada de The Flash Desde que a Marvel tomou as rédeas de boa parte de seus personagens no cinema, o “universo expandido” virou moda em todas as áreas do entretenimento, não importando se a obra foi baseada em quadrinhos ou não. A DC Comics, que nos últimos anos comeu poeira da Casa das Ideias no quesito adaptações bem-sucedidas, percebeu (finalmente) que não tinha que ficar parada. Nas telonas ainda engatinha, mas na tevê está conseguindo ótimos resultados. Primeiro com Arrow e agora com The Flash, que terminou muito bem sua primeira temporada e tornou-se a melhor série de super-heroi da atualidade (junto à Demolidor, da Marvel). Quando foi anunciado que Flash ia virar série em 2014, inicialmente apresentando o personagem em um episódio duplo da segunda temporada de Arrow, pouco podia se esperar, levando em consideração que a primeira tentativa de adaptar o herói para a telinha no início dos anos 1990 só durou uma temporada. Porém, após a estreia oficial, o receio diminuiu e com o passar das semanas, graças aos efeitos especiais e o roteiro bem amarrado, a produção provou que tinha qualidade para segurar a peteca. A primeira temporada mostrou o jovem Barry Allen (Grant Gustin) ganhar superpoderes após a explosão do acelerador de partículas em sua cidade, a fictícia Central City, o que o deixou em coma por nove meses. Após se recuperar, e com a ajuda de Dr. Harrison Wells (Tom Cavanagh), Caitlin Snow (Danielle Panabaker), Cisco Ramon (Carlos Valdes) e Joe West (Jesse L. Martin), Barry ajuda sua cidade contra os “vilões da semana” que também ganharam poderes sobrenaturais com o acidente (ideia semelhante usada em Smallvile, outra adaptação de quadrinhos). Mas seu foco principal é descobrir o culpado da morte de sua mãe, ocorrida há 25 anos, e que fez seu pai (John Wesley Shipp, o Flash da série noventista) ser preso injustamente. Sua única pista é o assassino ter os mesmo poderes que ele. A série se destacou pela paciência em mostrar a evolução do personagem, que não se tornou o super-herói infalível da noite para o dia. Barry comete erros, questiona-se, tenta se superar, e a produção não apresenta informações importantes da trama de uma vez. Os roteiristas sabiam que tinham duas dezenas de horas para contar tudo, e souberam usar bem todo esse tempo. Tudo bem que houve “barrigas” no meio da temporada, mal de todas as séries que se prestam a ter esse número de capítulos, mas tiveram tempo de corrigir o que deu errado e exaltar o que foi bem feito. Destaque para o Dr. Harrison Wells, um homem que fazia você, assim como Barry, sentir afeição e aversão. Um vilão muito bem arquitetado, sem afetações, o que trazia muitas dúvidas nos primeiros episódios (tinha boas ou más intenções em ajudar o Flash? Por que fingia 22 precisar da cadeira de rodas? Que sala era aquela que mostrava um jornal do futuro e só ele tinha acesso?). Aos poucos foi mostrando sua porção maligna, mas gerando uma ambiguidade em não deixar de ser afetuoso em alguns momentos. Outra boa inclusão foi a da dupla Capitão Frio e Onda de Calor, e a ótima reunião dos atores Wentworth Miller e Dominic Purcell, de Prison Break. Os produtores da série também mostraram que efeitos que qualidade podem sair baratos, prova disso foi o episódio em que foi apresentado o vilão clássico Gorila Grodd, um macaco gigante feito em CGI, que mesmo com a limitada verba da tevê, souberam usar sombras e outros efeitos para disfarçar possíveis imperfeições. Óbvio que não vamos ver esse personagem sempre, devido a restrições orçamentárias, mas só de saber que ele pode aparecer pouco que seja, já é uma alegria. Com diversas pistas (incluindo o surgimento de um capacete bem familiar para quem acompanha os quadrinhos) e um final de temporada emocionante, The Flash parece estar em boas mãos para garantir uma segunda temporada ainda melhor e ajudar o “universo expandido”, que começou com Arrow e em 2016 vai aumentar com Legends of Tomorrow. Prova que a DC Comics aprendeu a usar seu poder de fogo na tevê. Só falta acordar para o cinema. Publicado no site do Ligado em série. Dia 25/05/2015, 13h20. Anexo B Mais maduros, 'Power Rangers' perdem a cafonice 23 Chico Felitti É hora de morfar: como transformar uma série televisiva de super-heróis dos anos 1990 numa aposta de blockbuster após duas décadas? Esse é o desafio de “Power Rangers”. Spoiler: o filme consegue, mas perde no processo de adaptação sua cafonice. A começar pelo visual dos guerreiros. Saia laicra colorida em que eles se espremiam e entram armaduras tecnológicas, como se o Homem de Ferro tivesse passado na manicure antes de defender o mundo. O salto estético, entretanto, é fichinha perto da mudança narrativa. Os heróis, antes uns mocorongos que pareciam mãos ter 12 anos do que 17, agora se digladiam com questões como doença mental, morte, desajuste sexual e consciência da própria podridão. O drama não é um monstrengo feito de espuma prestes a destruir uma maquete de papelão de Alameda dos Anjos. O maior dilema é ser jovem e aprender a estar confortável consigo mesmo. A diversidade étnica que já estava presenta 20 anos atrás é explicitada e vira motivos de (boas) piadas entre os moleques, que alinhados parecem um anuncio de Benetton – um é branco, outro é asiático, há uma latina, um negro e uma meio curinga, que poderia ser qualquer um desses grupos. Outro aspecto em que as duas décadas saltam aos olhos é o apuro técnico. Com uma fotografia caprichada, o filme dá uma surra nas cenas da série, que pareciam filmadas com uma câmera caseira. As sequências de ação falam a linguagem atual do gênero, com deslocamentos nervosos do ponto de vista e cenas em câmera lenta que parecem saídas de um clipe. A passagem do tempo também foi gênero com a vilã Rira repulsa. Se na versão original a malfeitora parecia uma Sabrina Sato vestindo roupas da bruxa Morgana, de “Castelo Rá-Tim- Bum”, em 2017 ela virou um misto de menina Samara (a que sai do poço em “O Chamado”) com Gracyanne Barbosa. Mais maldade, mais pele à mostra, mais glúteos. Sinal dos tempos. Mas toda essa evolução é soterrada pela meia hora final da película. Nos minutos derradeiros, há um resgate delicioso da cafonice que faz da franquia uma marca mundial, com direito ao robozão Megazord trocando tapas com um criatura titânica feito de ouro e um final moralizante. Porque as roupas dessa trupe podem ter mudado com o tempo, mas seu recheio ainda é o mesmo: bom-mocinho americano para as massas. 24 Publicado no site do jornal Folha de São Paulo. Dia 26/03/2017, 03h13 Anexo C A Bela e a Fera 25 Na Disney nada se perde, tudo se transforma – e, neste caso, continua um encanto e um deleite Isabela Boscov A estatística, claro, é na base do chutômetro, mas é possível que não esteja muito fora da realidade: na década de 90, o que nove entre dez meninas pequenas mais queriam da vida era ser Bela. E talvez não só elas: lançado em 1991, A Bela e a Fera arrancou a Disney de um longo marasmo criativo e devolveu a ela o posto de campeã da animação exatamente pela energia da sua encenação, o encanto quase sublime que criou na tela e a força com que arrebatou a plateia, qualquer que fosse a sua idade. Foi um desses momentos em que tudo parece dar certo como que por mágica – embora essa leveza resulte, na verdade, de um trabalho e um afinco monumentais. Como A Bela e a Fera era a rigor um musical mesmo, não demorou para que o adaptassem para a Broadway – e ele já vai em 23 anos de carreira nos palcos pelo mundo, com uma renda assombrosa de quase 1,5 bilhão de dólares. Como na Disney nada se perde e tudo se transforma, A Bela e a Fera agora retorna mais uma vez, servindo a dois propósitos: é ao mesmo tempo uma versão live-action do desenho, e uma versão em filme do musical. A questão é: ele faz jus às suas fontes? Para mim, a resposta é um categórico “sim”: é um encanto e um deleite este A Bela e a Fera estrelado por Emma Watson e Dan Stevens e dirigido por Bill Condon, de Deuses e Monstros e DreamGirls – meio conto-de-fadas gótico, como aqueles que eu imaginava quando era criança, e meio musical apoteótico da MGM, com todo o vigor e o entusiasmo que isso exige. Emma Watson é uma graça no papel principal: uma Bela estudiosa e aprumada, com uma delicadeza não só física, mas de espírito, que cai muito bem à personagem. Dan Stevens, de Downton Abbey, é uma fera mais melancólica do que o habitual – o que justifica a escolha de Stevens, que é quase suave demais para o papel (e é lindo o seu visual de Fera, inspirado no filme clássico de 1946 de Jean Cocteau). Luke Evans dá um baile como o vaidoso e estúpido Gaston, o bonitão da aldeia, que não se conforma por Bela não querer se casar com ele – e nunca gostei tanto de Josh Gad quanto agora, no papel de LeFou, o amigo rechonchudo que idolatra Gaston (e que ainda não se deu conta de que está sofrendo, na verdade, de paixonite). Outros pontos altos: a deliciosa dublagem de Ewan McGregor para Lumière, o candelabro que lidera os esforços para que Bela se apaixone por Fera, além da voz cristalina de Emma Thompson para Madame Samovar, o bule de chá (e Zip, seu filho-xícara, é uma fofura). E Ian 26 McKellen, já livre do feitiço que o transformou em relógio, tem dois breves mas grandes momentos perto do final. Mais: não sei dizer se é milagre do AutoTune ou se todo o elenco canta assim tão bem mesmo (bom, Audra McDonald, a estrela da Broadway que faz a Sra. Guarda-Roupa, essa eu sei que canta horrores), mas as canções são um primor de afinação e orquestração. À exceção da caleidoscópica Be My Guest, em que toda a louça e a decoração do castelo de Fera são convocadas a participar, as coreografias seguem muito acertadamente o estilo de musicais da Metro como A Roda da Fortuna, Sete Noivas para Sete Irmãos e Agora Seremos Felizes: grandes conjuntos coordenados de atores, que se orientam em cena pelo eixos de um palco imaginário. Funciona que é uma beleza. A direção de arte é impecável e o figurino, excelente – apesar de o amarelo do vestido de baile definitivamente não ser a cor que mais favorece Emma Watson. E, no entanto, percebi que a reação da plateia não foi unânime. Quem ama de paixão o desenho achou que falta ao A Bela e a Fera live-action uma coisinha qualquer – talvez aquela ligeireza, a um passinho do pastelão, que marcava a atuação dos coadjuvantes na animação. Quem é devotado ao A Bela e a Fera musical, por sua vez, achou que o que falta a esta versão é efervescência. Ou seja, a intensidade do seu contentamento com este A Bela e a Fera possivelmente vai depender do seu grau de fervor ao desenho e/ou ao musical originais. Mas eu, que entrei no cinema sem time para o qual torcer, saí dele feliz da vida, achando que todo mundo ganhou. Publicado no site da revista Veja. Dia 16/03/2017, 09h00 Anexo D 27 Animais Fantásticos e Onde Habitam Luiz Fernando Zanin Oricchio Sempre que vou ver um desses produtos digo para mim mesmo: “relaxe e divirta-se; se puder”. Não são a minha praia. Mas quem disse que a gente só pode aproveitar as praias que conhece e gosta? Há muitas por aí. Há que se tentar. E, francamente, não vou ao cinema para me aborrecer. Sempre espero pelo melhor, mesmo contra todas evidências. Dessa forma, e nesse estado de espírito, entrei na nova franquia JK Rowling. Animais Fantásticos e Onde Habitam tem coisas divertidas com esse bestiário tirado da imaginação. Diverti-me, em especial, com o bichinho voraz, uma espécie de marsupial que não pode ver dinheiro e nem nada que brilhe e vai logo enfiando no seu saco que, como órgão de bicho imaginário, pode conter muito mais que seu tamanho físico. Aliás, em algumas outras partes do filme explora-se essa dimensão das relações imaginárias entre o grande e o pequeno. Tudo se relativiza. O espaço pequeno que pode conter coisas muito maiores e seres imensos que podem ser contidos num bule de chá. Como não lembrar do gênio na garrafa das Mil e Uma Noites? Ou do bestiário genial do Livro dosSeres Imaginários, de Borges? No entanto, esses exercícios de imaginação, tão facilitados pela computação digital, logo cedem à simplificação do conflito simplório entre o bem e o mal, colocado de maneira indigente na narrativa. Se algumas ideias pontuais são boas, a trama revela-se rala demais. E, por vezes, nota-se que a narrativa é desenvolvida em função dos efeitos especiais e não o contrário. A paisagem humana é rarefeita, apesar do carisma de Eddie Redmayne, como Newt Scamander. E a Nova York digital e retrô tem seu encanto. Mas… O que há de bom logo se esvai e o que havia de sólido desmancha-se no ar. Não deixa de ter bons momentos, isolados; no todo, é muito fraco. Publicado no site do jornal Estadão. Dia 17/02/2016, 16h53 Anexo E 28 ‘Alice através do Espelho’ é psicodélica viagem no tempo Filme revisita passado de personagens de ‘Alice no País das Maravilhas’ e se distancia ainda mais da obra original de Lewis Carroll Raquel Carneiro O elenco é o mesmo, os traços de Tim Burton também, mas Alice através do Espelho, sequência de Alice no País das Maravilhas (2010), se distancia ainda mais que o antecessor da obra original de Lewis Carroll – até porque o longa inicial bebeu sem pena da trama do segundo livro. Mas tudo bem. Como inspiração, Alice é uma personagem interessantíssima. Que para o espectador do século XXI é dona não só de belos figurinos e de um cabelo invejável, mas também encarna a atual onda de empoderamento feminino, em que mulheres não são obrigadas a se casar para pertencer ao mundo, nem precisam se contentar com trabalhos considerados apropriados para o gênero. No longa, com direção de James Bobin e Burton como produtor, Alice (Mia Wasikowska) é uma respeitada comandante do navio deixado por seu pai – fato impossível, como diz a própria, em 1870, quando a trama é ambientada. Ela retorna à terra firme para descobrir que sua família está em uma difícil situação financeira, que coloca em perigo os sonhos da moça e a posse da embarcação. No auge do estresse, ela vislumbra uma borboleta azul, Absolem (Alan Rickman, em seu último trabalho), seu amigo sábio, antes uma lagarta, do País das Maravilhas. Ele a conduz ao espelho do local, o qual ela atravessa e se vê pequena, em um mundo surrealista. A partir daí, a moça reencontra seus amigos do passado, liderados pela Rainha Branca (Anne Hathaway). Tudo está aparentemente bem, exceto pelo Chapeleiro (Johnny Depp), que sofre uma profunda depressão por acreditar sozinho que sua família pode voltar da morte. Para ajudar o amigo, Alice é instruída pela Rainha a procurar o Tempo (Sacha Baron Cohen) e pegar a cronosfera – aparato que mantém vivo não só a personificação do Tempo, como também a cronologia do mundo em si. A ideia é usar o objeto para viajar ao passado e salvar a família do Chapeleiro. O longa então se transforma em uma aventura dramática e psicodélica, com direito a revelações sobre o inicio da briga entre a Rainha Branca e sua irmã, a Rainha Vermelha (Helena Bonham Carter), enquanto Alice foge do Tempo, que tenta recuperar sua “bateria”. Assim como seu antecessor, o filme tem uma estética impecável, com ótimos efeitos especiais e uma fotografia pop deliciosa. Mas o legado da produção de 2010 também trouxe a 29 fórmula do didatismo exagerado, típico da Disney e seus roteiros para a família, além da mensagem quase de autoajuda que conduz ao final açucarado, que em nada reflete o âmago de Carroll. Se tiver sorte, com tantas similaridades, o estúdio agora deve torcer para também alcançar o mesmo resultado em bilheteria do anterior, que somou pomposos 1,025 bilhão de dólares no mundo. Publicado no site da revista Veja. Dia 26/05/2016, 08h51 Anexo F 30 Disciplina: Português Sala: _____ Professor:_____________________________________ Nome: ______________________________________________ Data: ______/_____/ 2017 PRODUÇÃO DE TEXTO Após as aulas sobre resenha agora é a sua vez de desenvolver uma! Lembre-se do que foi estudado durante as aulas. Bom trabalho! ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Anexo G FICHA DE ESCRITA Grade para correção Escrever a resenha, preocupando-se com: - Características do gênero estudado: ( ) adequado ( ) em processo ( ) não atingido - ________ - Utilização de pontuação: ( ) adequado ( ) em processo ( ) não atingido - ________ - Ortografia: ( ) adequado ( ) em processo ( ) não atingido - ________ - Coesão: ( ) adequado ( ) em processo ( ) não at ingido - ________ - Coerência: ( ) adequado ( ) em processo ( ) não atingido - ________ - Organização e apresentação do texto: ( ) adequado ( ) em processo ( ) não atingido - ________ NOTA Assinatura do Aluno: 31 Disciplina: Português Sala: _____ Professor:_____________________________________ Nome: ______________________________________________ Data: ______/_____/ 2017 REESCRITA DO TEXTO Considerando as observações feitas pela professora em seu texto, reescreva sua resenha com atenção. Bom trabalho! ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Anexo H FICHA DE REESCRITAGrade para correção Escrever a resenha, preocupando-se com: - Características do gênero estudado: ( ) adequado ( ) em processo ( ) não atingido - ________ - Utilização de pontuação: ( ) adequado ( ) em processo ( ) não atingido - ________ - Ortografia: ( ) adequado ( ) em processo ( ) não atingido - ________ - Coesão: ( ) adequado ( ) em processo ( ) não at ingido - ________ - Coerência: ( ) adequado ( ) em processo ( ) não atingido - ________ - Organização e apresentação do texto: ( ) adequado ( ) em processo ( ) não atingido - ________ NOTA Assinatura do Aluno: 32 A resenha A resenha é um gênero textual que faz parte da vida de todas as pessoas, em que o autor faz uma breve descrição e uma avaliação a respeito de objetos culturais, podendo ser eles livros, filmes, séries, peças teatrais, etc. A resenha deve oferecer uma noção global do texto original, passando por sua capa e título, indo até suas considerações finais. O conteúdo apresentado deve ser detalhado, pois os critérios de julgamento são de valor, de beleza da forma, estilo do objeto. A exploração dos detalhes ocorre devido à necessidade de que o autor da resenha fundamente suas críticas, sejam elas positivas ou negativas, utilizando, se possível outros autores que trabalharam o mesmo tema. Antes da produção da resenha duma série - por exemplo - devem ser seguidos os seguintes passos: Leitura e reflexão sobre o texto a partir do qual será feito a resenha, sendo que muitas vezes são necessárias leituras complementares para um melhor entendimento do tema. Resumo da obra, no qual deverão ficar clara as ideias principais do autor. Este resumo será a base para a resenha. Selecionar, dentre as ideias principais, uma que será destacada, e até aprofundada. Emitir um julgamento de verdade ou de valor, sendo necessária a fundamentação e sustentação da opinião. Elaborar a resenha a partir dos passos anteriores, sendo que a organização do texto fica a critério do autor. A resenha deve conter, ainda, uma brevíssima identificação do autor da obra (vida e outras obras). 33 3.2.2. PLANO DE ENSINO: (ORAL) O ENSINO DA ORALIDADE ATRAVÉS DA CONTAÇÃO DE CONTOS DE HORROR UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA FACULDADE DE CIÊNCIAS HUAMANAS CURSO DE LETRAS – LÍNGUA PORTUGUESA JULIANA CORRÊA GIL O ENSINO DA ORALIDADE ATRAVÉS DA CONTAÇÃO DE CONTOS DE HORROR Piracicaba 2017 34 JULIANA CORRÊA GIL O ENSINO DA ORALIDADE ATRAVÉS DA CONTAÇÃO DE CONTOS DE HORROR Trabalho apresentado ao Curso de Letras – Língua Portuguesa da Universidade Metodista de Piracicaba como requisito parcial para a aprovação da disciplina de Regência I. Responsável pela disciplina: Profa. Sonia Cristina Pavanelli Daros Piracicaba 2017 35 Sumário 1. Identificação..................................................................................................................01 2. Proposta e assunto da sequência didática......................................................................01 3. Justificativa...................................................................................................................01 4. Objetivos ......................................................................................................................02 4.1.Objetivos gerais.............................................................................................................02 4.2.Objetivos específicos....................................................................................................02 5. Pressupostos teóricos....................................................................................................02 6. Parâmetros Curriculares Nacionais...............................................................................05 7. Metodologia..................................................................................................................07 8. Recursos didáticos.........................................................................................................08 9. Avaliação......................................................................................................................08 10. Bibliografia...................................................................................................................08 Anexos 36 1. Identificação Escola: Instituto Educacional Piracicabano Professor Regente: Thiago José Bot Bonfim Estagiária: Juliana Corrêa Gil Ano/Série: 7º ano do Ensino Fundamental II Quantidade de aulas: 4 aulas Quantidade de alunos: 36 alunos 2. Proposta e assunto da sequência didática Este plano de aula apresenta uma proposta de ensino da Língua Portuguesa em duas modalidades: oral e escrita. Para tanto, será trabalhado o gênero conto de horror. 3. Justificativa Escolheu-se trabalhar com o sétimo ano do Ensino Fundamental II, pois são adolescentes com faixa etária que varia dos 11 aos 14 anos e já possuem um maior conhecimento de mundo e, decorrente disso, um repertorio maior de conhecimento da língua materna. O gênero conto de horror foi escolhido a fim de desenvolver a oralidade através da contação de histórias. Para isso, será trabalhado a estimulação da leitura, aproveitando as emoções características que o gênero conto de horror produz ao leitor, incentivando a leitura de contos que não sejam tão conhecidos e a utilização dos recursos da narrativa para realização da contação de histórias. 37 4. Objetivos gerais e específicos 4.1. Objetivos gerais Contribuir para a formação do aluno como falante da língua portuguesa; Estimular a oralização dentro da sala de aula; Estimular o interesse da leitura de contos de horror. 4.2. Objetivos específicos Ao término das aulas, os alunos deverão ser capazes de: Refletir sobre as características do gênero conto de horror, tal como o conteúdo temático, o estilo e a forma de composição; Compreender os recursos de dramatização para a contação de uma história; Contar um conto de horror, sendo capaz de dramatizá-lo. 5. Pressupostos teóricos Uma questão importante para o ensino da Língua Portuguesa é a concepção de linguagem e língua, uma vez que o modo como se concebe a natureza fundamental da língua altera o como se estrutura o trabalho com a língua em termos de ensino. Com isso, a concepção de língua e linguagem é tão importante quanto a postura que se tem frente à educação. Desta forma, a língua pode ser concebida como uma corrente evolutiva continua, isto é, não podendo considera-la apenas um conjunto de normas inalteráveis, pelo contrário, o interlocutor faz uso dessas normas para execução da linguagem. Inclusive a língua é voltada ao social, consequentemente, só ele pode modifica-la (BAKHTIN, 2009). Para Bakhtin (2009), a linguagem é um fenômeno profundamente social e histórico e por isso mesmo ideológico, sendo sua unidade básica de análise linguística, o enunciado,ou seja, os elementos linguísticos produzidos em contextos sociais reais e concretos como participantes de uma dinâmica comunicativa. 38 Atualmente, muitas pesquisas vêm sendo executadas sobre a língua falada, quer seja nas ciências sociais ou nas humanas, ainda que com esse número próspero de trabalhos que a comparam com a modalidade escrita, pouco se sabe sobre ela. A escrita veio sendo vista como uma estrutura complexa, formal e abstrata, enquanto que a fala, é vista como uma estrutura simples ou desestruturada, informal, concreta e dependente de contexto. Este fato ocorreu, pois historicamente a escrita, sobretudo a literária, sempre foi considerada a verdadeira forma de linguagem, e a fala, instável, não podendo constituir objeto de estudo (ANDRADE; AQUINO; FÁVERO, 2003). Deve ser unanime, segundo Andrade, Aquino e Fávero (2003), o fato de que a língua falada ocupe um lugar de destaque no ensino de língua. A motivação para que essa modalidade seja trabalhada com tal ênfase se dá, de um lado, pois o aluno já sabe falar quando chega à escola. Contudo, a fala influencia, demasiadamente, a escrita nos primeiros anos escolares, especialmente, no que se refere à representação gráfica dos sons. Entretanto, ao se tratar da fala e da escrita, é preciso lembrar que se está trabalhando com duas modalidades pertencentes ao mesmo sistema linguístico: o da Língua Portuguesa, com destaque diferenciado em determinados componentes desse sistema. Porém, aquilo que poderia ser considerado distinção corresponde, meramente, às diferenças estruturais (ANDRADE; AQUINO; FÁVERO, 2003). A língua escrita é uma transposição da oral conforme salientam Andrade, Aquino e Fávero (2003), e é indiscutível que a língua escrita tenha relações genéticas com a fala. Para se analisar, adequadamente, um texto, quer seja ele oral ou escrito, é preciso identificar os componentes que fazem parte da situação comunicativa, suas características pessoais de seu grupo social, pois eles favorecem a interpretação dos papéis dos interlocutores num evento particular, dados os componentes linguísticos do texto. Contudo, a respeito das distinções entre fala e escrita, verifica-se que ela revela aspectos específicos de um tipo de texto em comparação a outro e não propriamente diferenças entre as duas modalidades (fala e escrita). Desta forma, significa dizer que essas diferenças se acentuam dentro de um continuum topológico. De fato, tanto a fala como a escrita abarcam um continuum que vai do nível mais informal ao mais formal, passando por graus intermediários (ANDRADE; AQUINO; FÁVERO, 2003). Por fim, observa-se que fala e escrita não excluem, nem formam uma dicotomia. Escrita e oralidade são, portanto, práticas e usos da língua com características próprias. Desta forma, o ensino da oralidade não pode ser visto isoladamente, isto é, sem relação com a escrita, pois elas mantêm entre si relações mutuas. 39 O contar uma história, em princípio, oralmente, evoluiu para registrar as histórias, por escrito. Contudo o contar não é apenas um relatar de acontecimentos ou ações, uma vez que relatar implica que o acontecido seja trazido outra vez (GOTLIB, 1985). O conto, no entanto, não se refere só ao acontecido. Segundo Gotlib (1985, p. 12) “Não tem compromisso com o real. Nele, realidade e ficção não tem limites precisos”. Desta forma, copia-se um relato, inventa-se um conto, pois a esta altura não importa investigar se há verdade ou falsidade; o que existe já é a ficção, a arte de inventar um modo de se representar algo. Existindo graus de proximidade e afastamento do real. Consequentemente, a obra literária é um evento linguístico que projeta um mundo ficcional que inclui falante, atores, acontecimentos e um publico implícito. As obras literárias se referem a indivíduos imaginários e não históricos, mas a ficcionalidade não se limita a personagens e acontecimentos. Na ficção, a relação entre o que os falantes dizem e o que pensa o autor é sempre uma questão de interpretação. O mesmo ocorre com a relação entre os acontecimentos narrados e as situações no mundo (CULLER, 1999). O contexto da ficção, contudo, explicitamente deixa aberta a questão do que trata realmente a ficção, segundo Culler (1999, p. 38) “A referência do mundo não é tanto uma propriedade das obras literárias quanto uma função que lhes é conferida pela interpretação”. Deste modo, a ficcionalidade da literatura separa a linguagem de outros contextos que ela poderia ser usada e deixa a relação da obra com o mundo aberta à interpretação. Desta forma, ao estudar o conto, é de suma importância entender a sua narrativa, visto que há um impulso humano básico de ouvir e narrar histórias. Muito cedo, as crianças desenvolvem o que se pode chamar de competência narrativa básica. Se a teoria narrativa é uma explicação sobre a competência narrativa, ela deve enfocar também a capacidade dos leitores de identificar enredos. O enredo ou história é o material que é apresentado, ordenado a partir de um certo ponto de vista pelo discurso. Mas o próprio enredo já é uma configuração de acontecimentos. A distinção básica da teoria da narrativa, por conseguinte, é entre enredo e apresentação, história e discurso (CULLER, 1999). Ao narrar uma história, a marca constante do contador é sua intenção de prender a atenção dos ouvintes, a ponto de contagiá-los a uma participação apreciativa, durante a própria enunciação. O narrador utiliza inflexões de voz, modulações melódicas, expressões fisionômicas e gestuais, buscando manter desperto o interesse dos ouvintes, realçando os pontos altos das narrativas (GUIMARÃES, 2011). 40 Para Cascudo (1984 apud GUIMARÃES, 2011), há três itens necessários para caracterizar a técnica narrativa. A primeira é o ambiente propicio, capaz de oferecer atmosfera tranquila para a evocação do ouvinte. Em segundo, o uso das fórmulas, sobretudo as iniciais, como por exemplo “era uma vez”, que ajuda a criar uma expectativa. Em terceiro lugar, é citado a narrativa em si, ela deve ser viva e apaixonada, com a voz materializando as sucessivas fases da história. Muda-se o timbre conforme a personagem do elenco, de energético a doce, passando por rouco ou choroso e conforme a situação é evocada. Dentre as narrativas do conto, há o conto de horror. O horror tem suas raízes literárias no romance gótico. O efeito do romance gótico ou da narrativa gótica deve irromper de um determinado espaço em direção a uma degeneração dos envolvidos. O terror gótico emana da casa, que, como símbolo da psique humana, sugere a ideia do cotidiano assolado pela decadência e pela corrupção. Nesse espaço, a mente perde o controle e se aproxima da loucura (CAUSO, 2003). O horror como gênero se nutriu dos contos de fadas e de fantasmas, dos folclores e crenças como as do vampiro e do lobisomem. Esses fatores são análogos as fontes míticas da ficção cientifica e da fantasia. Assim como esses gêneros são irmãos, o horror se fortaleceu com as convenções do gótico. O horror se voltou para o cotidiano, disposto a assumir a função de um espaço metafórico para os horrores mais reais que caminhavam pelas ruas (CAUSO, 2003). Uma das formas mais modernas do horror é a dark fantasy. Segundo Causo (2003) são narrativas que partem de um cotidiano contemporâneo, onde a primeira vista nada ocorre fora do normal. Aos poucos, um elemento fantástico se interrompe e vai construindo uma atmosfera de horror. 6. Parâmetros Curriculares Nacionais Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) são diretrizes elaboradas pelo Governo Federal, tendo como a intenção principal de orientar os educadores por meio da normatização de algunsfatores relativos a cada disciplina, criando condições nas escolas, que permitam aos jovens ter acesso ao conjunto de conhecimentos socialmente elaborados e reconhecidos como necessários para o exercício da cidadania. 41 O objetivo dos Parâmetros Curriculares Nacionais da Língua Portuguesa é estabelecer referências para as discussões curriculares da área e contribuir com técnicos e professores no processo de revisão e elaboração de propostas didáticas. Mais especificamente na área da oralidade, os Parâmetros Curriculares Nacionais trazem uma reflexão sobre o ensino e a natureza da linguagem, uma vez que o domínio da linguagem, é trazido pelos PCNs como atividade discursiva e cognitiva e o domínio da língua, como sistema simbólico utilizado por uma comunidade linguística, ambas são condições de possibilidade de plena participação social. Contudo, os PCNs apontam que existem problemas em ensinar a oralidade na escola, pois ao ingressarem na escola, os alunos já dispõem de competência discursiva e linguística para comunicar-se em interações que envolvem relações sociais de seu dia-a-dia, inclusive as que se estabelecem em sua vida escolar. Acreditando que a aprendizagem da língua oral, por se dar no espaço doméstico, não é tarefa da escola, as situações de ensino vêm utilizando a modalidade oral da linguagem unicamente como instrumento para permitir o tratamento dos diversos conteúdos. Entretanto, apesar dessas desses problemas, é essencial o ensino da oralidade nas escolas, pois o aluno deve apender a argumentar nas diferentes situações de fala que vivencia. Dessa forma, os PCNs pontuam que, cabe à escola ensinar o aluno a utilizar a linguagem oral no planejamento e na realização de apresentações publicas: realização de entrevistas, debates, seminários, apresentações teatrais, entre outras. Trata-se de propor situações didáticas nas quais essas atividades façam sentido de fato, pois é descabido treinar um nível formal de fala, tomando como mais apropriado para todas as situações. A aprendizagem de procedimentos apropriados de fala e de escuta, em contextos públicos, dificilmente ocorrerá se a escola não tomar para si a tarefa de promovê-la. É de extrema relevância atividades que criem situações em que os alunos possam operar sobre a própria linguagem, construindo pouco a pouco, no curso de vários anos de escolaridade, paradigmas próprios da fala de sua comunidade, colocando atenção sobre similaridades, regularidades e diferenças de formas e de usos linguísticos, levantando hipóteses sobre as condições contextuais e estruturais em que se dão. Por fim, ensinar a língua oral não significa trabalhar a capacidade de falar em geral, mas significa desenvolver o domínio dos gêneros que apoiam a aprendizagem escolar da Língua Portuguesa e das outras áreas (exposição, relatório de experiência, entrevista, debate, etc.) e, 42 também, os gêneros da vida pública no sentido mais amplo do termo (debate, teatro, palestra, entrevista, etc.). 7. Metodologia A seguir, será descrito como as aulas referentes ao gênero conto de horror serão conduzidas, com o propósito de que os alunos reconheçam a importância da contação de histórias. Nas aula 01 e 02, a professora pedirá aos alunos que formem um círculo. Após a formação do círculo, a professora fará as seguintes perguntas: Quem já leu uma história de horror? Quem não leu, tem vontade de ler? O que eles acham das histórias de horror? Feito essas perguntas, a professora ouvirá o relato dos alunos. Espera-se que os alunos comentem sobre as principais características do conto de horror e após isso, a professora comentará sobre as experiências que foram contadas. Após a discussão, a professora lerá uma coletânea com três contos (Anexo A), utilizando-se da dramatização necessária para que os alunos se familiarizem com o gênero e entendam como é realizado uma contação de contos, sobretudo na utilização de recursos narrativos explicando ao aluno como isso é importante ao contar um conto, pois isso é o que irá prender ou não a atenção do ouvinte, fazendo com que ele reconheça o que que está sendo contado, as principais partes da história e saiba quem são os personagens e em que momento estão na história. Será explicado sobre o gênero conto de horror a partir dos conhecimentos que os alunos já possuem (Anexo B), a professora explicará que na literatura de horror há a presença de tópicos sobrenaturais, normalmente ligados a elementos próprios da ficção científica. É o que ocorre com clássicos como Frankenstein. Mas este gênero pode igualmente incorporar temas folclóricos e outros típicos da cultura popular, sendo o maior exemplo a obra Drácula. Criaturas muito presentes no gênero horror, integrantes de uma galeria ancestral presente na cultura oral, lobisomens, vampiros, bruxas e espíritos povoam o imaginário popular. Os ingredientes desta literatura podem ser encontrados também nas histórias dos Irmãos Grimm, equivocadamente consideradas contos infantis. O conto de horror é um misto de incerteza, de intensa expectativa perante a iminência de acontecimentos, notícias, decisões, desenlaces ou revelações consideradas de extrema importância. O suspense pode ser construído de várias formas: pela caracterização de personagem, pela ação e pelo ritmo com que se desenrola a narrativa. Para 43 produzir o suspense, é necessário retardar algumas revelações. Para isso, a narrativa detalha a descrição da cena, as reações das personagens, e omite algumas informações. Após a leitura, os alunos tirarão suas dúvidas sobre os conceitos apresentados. Em seguida, a professora orientará os alunos para que eles se separem em duplas e ela pedirá que cada dupla vá até sua mesa para escolherem qual conto de horror será trabalhado por eles para apresentarem para a sala na próxima aula. Ao fim da escolha dos contos, a professora lerá novamente um conto que já foi apresentado para a sala, para que eles prestem atenção na forma como ela lê, dramatizando novamente ao ler os contos e neste momento focará mais nessa perspectiva, explicando ao aluno como isso é importante ao contar um conto, pois isso é o que irá prender ou não a atenção do ouvinte, fazendo com que ele reconheça o que que está sendo contado, as principais partes da história e saiba quem são os personagens e em que momento estão na história. A professora explicará, com o auxílio do telão, essas técnicas de narrativa (Anexo C), como o narrador utiliza inflexões de voz, modulações melódicas, expressões fisionômicas e gestuais, buscando manter desperto o interesse dos ouvintes, realçando os pontos altos das narrativas. Ela explicará como muda-se o timbre conforme a personagem do elenco, de energético a doce, passando por rouco ou choroso e conforme a situação é evocada. As descrições de palácios, festas e danças variam as entonações e timbre de voz, além das gesticulações, movimentos de corpo, mudanças de ritmos. O narrador duplica o vocábulo, prolongando-o; há, por fim, uma voz típica de alguns personagens, identificável e não confundida com outra figura. Nas aulas 03 e 04 os alunos farão a contação de contos de horror, colocando em prática as técnicas de narrativa. Ao final da contação, a professora perguntará aos alunos o que eles acharam dessa experiência, como foi para eles escutarem os amigos contando histórias desse do gênero de horror. 8. Recursos didáticos A professora utilizará como recursos didáticos os seguintes materiais: folha impressa (sobre o gênero conto de horror), multimídia, lousa e giz. 44 9. Avaliação O aluno será avaliado durante todas as aulas, mas, principalmente, durante
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