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Unidade II ARTES VISUAIS BRASILEIRAS Profa. Selma Rofino Arte imperial no Brasil vista pela fotografia O fotógrafo Militão Augusto de Azevedo. Nasceu no Rio de Janeiro, em 1837, veio para São Paulo com 25 anos como ator de uma companhia de teatro. São Paulo tinha uma população bem acanhada com apenas 30 mil habitantes e apenas cinquenta ruas. Não se tem notícia, se nessa época, Militão já tinha algum domínio da fotografia. O Rio de Janeiro era uma cidade muito mais promissora do que São Paulo, por ser sede da Corte e uma das referências culturais do país. Em 1850, São Paulo tinha apenas dois estúdios fotográficos daguerreotipistas. “Até 1860, data que nos aparece a providencial série de fotografias, aliás, ótimas, de Militão Augusto de Azevedo, os arrolamentos de peças de iconografia paulistana mantêm-se insignificantes.” Affonso d’E. Taunay As fotografias de Militão contrastam com as de outras cidades mais agitadas e dinâmicas do País. Enquanto estas enfatizam a exótica paisagem e a população, Militão circunscreve em suas imagens, valorizando a cidade construída com um grande número de vistas das vias públicas. A partir desta experiência, ele dá início à sua produção de retratos. Não se sabe se ele teve realmente uma aprendizagem anterior ou não na área. Realizou uma série de vistas urbanas com o intuito de aprendizado e domínio da técnica. Nesse período (1862), começou a trabalhar no estúdio Carneiro & Gaspar, cuja matriz era no Rio de Janeiro. Veja o cartão do estúdio na imagem: Fonte: Cartão do Estúdio fotográfico Carneiro & Gaspar. Livro-texto. Provavelmente, Militão que já se encontrava com mulher e filho nessa época, tenha escolhido a carreira de fotógrafo por ser mais promissora do que a de ator. Vamos conhecer fotos dessa série comentada das primeiras imagens da cidade de São Paulo. Fonte: Igreja e Convento do Collegio, 1862. Livro-texto. Fonte: Antiga Academia de Direito 1862. Livro-texto. Fonte: Academia de Direito (restaurada em 1884), 1887. Livro-texto. A cidade de São Paulo nesse transcorrer sofre grandes mudanças, se tornando muito mais próspera. Foi fundado o Jornal Comércio Paulistano, a construção da Estrada de Ferro Santos – Jundiaí, inaugurada São Paulo Railway, surgiram grandes hotéis, teatros, o mercadão. Militão produziu também o Álbum Comparativo da Cidade de São Paulo 1862-1887. Veja miniatura das páginas. Fonte: Reprodução fotográfica do Álbum Comparativo. Livro-texto. Na sequência torna-se proprietário do antigo estúdio Carneiro & Gaspar e lhe dá o nome de Photographia Americana. Confira um Carte de Visite frente e verso, realizado no estúdio Photographia Americana de Militão Fonte: Carte de Visite frente e verso, com logotipo próprio. Livro-texto Com a experiência que tinha em teatro, oferecia possibilidades criativas, sendo esse seu maior diferencial. Realizou muitos retratos e conseguiu baratear os preços, pois importava os produtos e os equipamentos de Paris. Na sequência, vários retratos que ele montou: inventário ilustrado dos tipos da população paulista de sua época. Fonte: Reproducao fotográfica do Álbum Comparativo 02. Fonte: Livro-texto. Após seu falecimento, em 1905, Militão tem sua obra veiculada sem registro de autoria e cai no esquecimento. Apenas em 1946 começa a ser reconhecido, quando o fotógrafo Gilberto Ferrez destaca seu nome em ensaio pioneiro de balanço dos fotógrafos mais representativos do século XIX. Marc Ferrez (carte de visite: escravos – nobres) Foi o mais importante fotógrafo brasileiro do século XIX. Era filho de Zepherin Ferrez e sobrinho de Marc Ferrez, escultores franceses conhecidos por integrarem a Missão Artística Francesa. Trabalhou na Casa Leuzinger, oficina fotográfica criada por George Leuzinger, que também oferecia serviços de tipografia, ateliê de fotografia e ponto de revenda de gravuras e material fotográfico, papelaria, oficina de encadernação e douração. Em meados dos anos de 1870, percorreu diversas regiões do Brasil em trabalhos comissionados ou como principal fotógrafo das construções ferroviárias no Brasil. Em 1880, encomendou a confecção de uma máquina fotográfica ao francês M. Brandon. Projetada pelo próprio Ferrez, tinha a capacidade de executar imagens panorâmicas. Passou a ser conhecido por ser fotógrafo de paisagens, obras públicas, retratos. Fonte: Veleiro no porto do Rio de Janeiro, 1880. Fonte: Livro-texto. No final do século XIX, focou seu trabalho na paisagem humana, em seus ofícios, registrando imagens de profissões. Essa foi uma época marcada por grandes mudanças, como o fim da escravidão. Antes, o trabalho nas ruas era considerado indigno, por ser realizado apenas por escravos; o trabalho fotografado por Ferrez registra tal mudança. Fotografar pessoas fora do estúdio não era uma tarefa simples. Encontrar as condições técnicas era um trabalho árduo, pois a iluminação era muito diferente e inferior. Os retratos fora do estúdio eram realizados em jardins, ao ar livre. O interior das residências sempre era abarrotado de muitos objetos decorativos e repleto de texturas o que dificultava conseguir uma imagem fotográfica harmônica. Fonte: Cartao de Visita – Pose 3, 1886. Livro-texto. Ele foi um dos pioneiros da fotografia no Brasil. Conseguiu registrar um novo Brasil, independente. Era mais que um fotógrafo, era um contador de histórias a partir de negros, escravos ex-escravos, brancos, índios, homens e mulheres. Suas obras são um dos principais documentos visuais do século XIX do Brasil, especialmente da cidade do Rio de Janeiro. Fonte: Postcard in Brazil – Rio de Janeiro’s Avenida Central, 1900. Fonte: Livro-texto. Interatividade Assinale a alternativa que não indica uma característica da obra do fotógrafo Marc Ferrez: a) ficou conhecido por ser fotógrafo de paisagens, obras públicas, retratos. b) Percorreu diversas regiões do Brasil em trabalhos comissionados. c) No final do século XIX, focou seu trabalho na paisagem humana. d) Mais que um fotógrafo, era um contador de histórias, retratou a cidade do Rio de Janeiro. e) Possuia experiência em teatro e elaborou vários retratos em cenários impressionantes. A Arte Moderna A rápida ascensão da modernidade decorrente da Revolução Industrial rompeu com o realismo, que ainda permeava as camadas da sociedade. O ritmo acelerado da crescente urbanização e o surgimento de novas camadas sociais refletiram no âmbito artístico, promovendo maior sensibilidade. Diante do Impressionismo, porta de entrada da Arte Moderna, e da ascensão da abstração, ocorreu um grande impacto estético ao longo do século XX. Os movimentos de vanguarda tiveram papel fundamental nas influências artísticas, subvertendo os impulsos realistas e acarretando liberdade estética na capacidade imaginativa do artista e do público. A abertura da abstração trouxe uma estratégia importante na compreensão da estrutura da mensagem, pois quanto mais representacional for a informação visual, mais específica será sua referência. Em termos visuais, a abstração é uma simplificação que busca um significado mais intenso e condensado (DONDIS, 1997, p. 95). Como consequências dessa inquietação, várias tendências se juntaram à racionalidade da abstração sobre a emotividade do Impressionismo: o Cubismo, o Surrealismo, o Fauvismo, o Construtivismo, o Dadaísmo, o Expressionismo e o Futurismo. O surgimento da Arte Modernavem romper com a tradição acadêmica pelas abstrações artísticas, tornando a discussão sobre o inconsciente mais frequente. A Arte Moderna vem resgatar a solidez que o Impressionismo dissolvera em luz, tornando-a expressiva e impactante, propensa a experimentações. Características de vanguarda podem ser observadas na obra, bem como pinceladas diagonais encurtadas que, assemelharem-se a cubos, alusão ao nome do movimento. Fonte: Les Grandes Baigneuses, Cezanne, 1900-1906. Livro-texto. O jogo de associações, criado pelo artista através de simbologias e elementos do mundo reconhecido, aproxima o observador da linguagem do artista, facilitando, de alguma forma, a compreensão da obra. A arte moderna propiciou novas experiências estéticas e a ruptura do pensamento linear ao quais as artes se aprisionaram. Fonte: Woman with a Guitar, Braque, 1912. Livro-texto. O estímulo causado pela revolução social e cultural que surgiu no fim do século XIX e começo do XX foi o estopim para a busca de novas linguagens estéticas. A velocidade das transformações obriga sempre a sociedade não apenas a produzir mais rápido, mas também a compreender mais rápido. O Modernismo se estabeleceu e transformou a cultura. A semana de Arte Moderna no Brasil No início do século XX, os efeitos da Revolução Industrial caminhavam a passos lentos em um Brasil ainda agrário e aristocrático. O País testemunhava as primeiras levas migratórias para as grandes cidades e explosivas discussões sobre a identidade nacional e os problemas sociais germinados pela industrialização. Jovens de famílias paulistas abastadas estavam eufóricos pelo nacionalismo emergido da Primeira Guerra Mundial e contagiados pelo centenário da Independência do Brasil. Oswald de Andrade e a pintora Anita Malfatti já tinham percorrido a Europa e mantido contato com os movimentos de vanguarda. Perceberam que a diversidade cultural e racial do Brasil poderia reconstruir uma identidade e renovar as artes e as letras pela pesquisa estética. Mário de Andrade e Oswald formaram as principais personalidades de liderança do plano teórico e a divulgação dos novos movimentos estéticos das artes. A Semana de 22 é quase unânime entre os estudiosos como um marco divisor no panorama literário e artístico brasileiro. Um evento isolado serviu de pré-estreia ao advento à exposição de Anita Malfatti, realizada em 1917. Fonte: Uma Estudante, Anita Malfatti, 1915/17. Livro-texto. Fonte: O Homem Amarelo, Anita Malfatti, 1915/16. Livro-texto. Influenciada pelo Expressionismo e pelo Cubismo, Anita Malfatti realizou uma mostra de suas obras ao retornar de seus estudos na Europa. O jornal O Diário de São Paulo publica a crítica do escritor Monteiro Lobato atribuindo um pesado julgamento às obras da artista e à Arte Moderna em geral. A crítica agita e choca a vida cultural provinciana paulistana. Esse histórico episódio é a passagem traumática que resulta no ponto de partida da Arte Moderna no Brasil, e Anita passa a ser conhecida pelos intelectuais paulistanos. O evento consistia em três noites de conferências, leitura de poemas e audições musicais, além da exposição de obras aberta ao público no Teatro Municipal de São Paulo. Com exceção da abertura, em que a plateia de gala desfilava no saguão entre obras e palestras, os dias 15 e 17 foram marcados por várias manifestações hostis de vaias e de inquietação. Vista como uma manifestação elitista, deixou sua mensagem de pré-consciência do espírito nacional como um momento histórico decisivo na formação de sua identidade. Foi o ponto de partida para o vanguardismo brasileiro questionar a estética vigente e para um projeto no qual a língua e a cultura foram objetos da nova estética que surgia. Esse foi e sempre será o papel da vanguarda artística: elucidar a liberdade estética à capacidade imaginativa do artista e do público em um certo momento de ruptura de valores. O grupo dos cinco e os movimentos modernistas O movimento modernista brasileiro, comumente ligado aos temas políticos, começara a ganhar força. O foco desses artistas era denunciar as diferenças sociais, caracterizadas pelos grupos de imigrantes proletários e pelas oligarquias desenvolvidas nas zonas rurais. Dessa relação de pressupostos metodológicos de um modernismo em gestação formou a união dos chamados Grupo dos Cinco, grupo composto por: Oswald de Andrade. Mário de Andrade. Menotti del Picchia. Anita Malfatti. Tarsila do Amaral. O Grupo dos cinco reunia-se no ateliê de Tarsila, na casa de Mário ou no apartamento de Oswald, apesar de um período curto, foi riquíssimo quanto à produção intelectual. Fonte: Carnaval em Madureira, Tarsila do Amaral, 1924. Livro-texto. Fonte: Autorretrato, Tarsila do Amaral, 1924 Figura 98. Livro-texto. A partir daí, ideias se fundiram a diversos manifestos nacionalistas, como o Movimento Antropofágico. Segundo o manifesto antropofágico, publicado em 1928, o movimento tinha como propósito a ruptura da estética importada e a representação de um novo modo de ser e estar no mundo pela expressividade intelectual nas artes Fonte: Abaporu, Tarsila do Amaral, 1928. Livro-texto. O Movimento Tropicalista emerge em 1968, como uma atualização do Movimento Antropofágico no âmbito musical, configurado como uma nova estética cultural e ideológica. “(...) que se origina do aproveitamento de elementos estrangeiros fusionados à cultura brasileira, fazendo surgir um estilo original” (ESPERANDIO, 2007, p. 20). Nas artes plásticas, destacam-se os trabalhos inovadores de dois grandes artistas brasileiros de formação concretista, Hélio Oiticica e Lygia Clark. Fonte: Caranguejo (Bicho), Lygia Clark, 1960. Livro-texto. Fonte: Cosmococa 5 – Hendrix War, Helio Oiticica, 1974. Livro-texto. No cinema, o cineasta Glauber Rocha inova com uma feroz crítica social nos longas-metragens “Deus e o Diabo na Terra do Sol” e “Terra em Transe”. Na música, Caetano Veloso se apropria do título de um trabalho de Oiticica Tropicália, de 1967, e lança a primeira faixa de seu primeiro álbum solo. O tropicalismo representou, na cultura brasileira, um período profundamente criativo e relativamente fugaz. (...) ainda que breve, o tropicalismo aponta-nos algo de extrema relevância: “a incorporação com intenções de crítica cultural” (NAPOLITANO; VILLAÇA, 1998 apud ESPERANDIO, 2007, p. 23). Interatividade A Semana de Arte Moderna de 1922 foi realizada no mesmo ano em que se comemorava o centenário da independência. Preocupados em criar uma arte genuinamente brasileira, os artistas da época desenvolveram uma arte de temática universal, mas de conotação social. Assinale a alternativa que não indica um artista representante do Modernismo brasileiro: a) Tarsila do Amaral. b) Anita Malfati. c) Helio Oiticica. d) Marc Ferrez. e) Lygia Clark. Figuração X abstração Apresentaremos três artistas renomados que fizeram sucesso nas décadas pós Semana de Arte Moderna. Os trabalhos deles são considerados figurativos na sua maioria, Gustavo Rosa um aficionado pelo desenho, Claudio Tozzi com obras dentro do abstracionismo. Alfredo Volpi Nasceu em Lucca, Itália, em 14 de abril de 1896. Um ano depois, seu pai veio para o Brasil e abriu uma loja de queijos e vinhos. Ainda criança, trabalhou como marceneiro-entalhador e encadernador. Aos 15 anos torna-se pintor-decorador. Fonte: Minha irmã costurando. Livro-texto. O artista teve algumas obras recusadas no 3º Salão Paulista de Belas Artes. Ganha medalha de ouro em 1928 no Salão de Belas Artes Muse Italiche. Casou-se com Judith (Benedita da Conceição) em 1942. A esposa foi sua musa inspiradora e aparece em diversas obras. Fonte: O artista com a esposa Judith em Itanhaem, 1940. Livro-texto. Fonte: Judith, Volpi e o amigo Aldorigo Marchetti. Livro-texto. Em 1944, realiza sua primeira exposição individual na Galeria Itá, no centro de São Paulo. Em 1952, é indicado na representação brasileira para a XXVI – Bienal de Veneza. Fonte: Reunião a mesa. Livro-texto. Fonte: Menina do laço de fita. Livro-texto. Em 1956, o MAM/SP realiza exposição intitulada “Volpi”, com 30 obras. Seu trabalho foi considerado como arte concreta. Acreditava-se que impressionistas e pontilhistas eram aliados contra a pintura acadêmica. Utilizavam cores e pinceladas para a estruturação do quadro, usando essas linguagens mais modernas. “Volpi provinha de uma classe de pequenos comerciantes e operários especializados, na maioria recém-imigrados. Artistas oriundos dessa classe ficavam à margem dos círculos intelectuais de vanguarda. (...) O Liceu de Artes e Ofício oferecia tanto cursos elementares e técnicos como aulas de pintura acadêmica” (MAMMI, 2001, p. 8). O esquema estrutural dessa figura é complexo. A cabeça sugere um movimento para a direita, mediante a deformação do rosto: o lado esquerdo é visto de viés, o direito é quase frontal. A inclinação dos ombros – o direito mais alto e próximo, o esquerdo mais baixo e recuado – confirma e acentua a rotação do corpo. Um contraste se gera, porém, da relação entre o tronco e a bacia, que é virada para o outro lado, e cuja inclinação é confirmada pelo encosto da cadeira (MAMMI, 2001, p. 12). Fonte: Mulata, 1927. Livro-texto. Volpi utilizava uma paleta de cores mais restrita, muitas vezes pintava com tons frios e em meados dos anos 1930, começa a mudar, tornando-a mais variadas. Podemos notar a mudança das cores tanto no céu, que é de um azul hiante, em contraponto com o ocre da estrada, que é de terra e está atrelado ao verde da vegetação. Fonte: Sem titulo, meados da década de 1930. Livro-texto. O estilo abstrato geométrico começa a predominar em sua pintura, bandeirinhas com muitas cores vão surgindo em sua obra. A arte de Volpi evolui de forma gradual, sem grandes saltos, criando um modelo persuasivo de arte moderna brasileira. Fonte: Cata-vento. Livro-texto. Fonte: Festa de São João, década de 1950. Livro-texto. Claudio Tozzi Começou sua carreira de uma maneira desigual. A maioria dos artistas passam por uma grande trajetória, no entanto, até sua obra ser reconhecida no meio artístico, Tozzi fez um caminho inverso, logo começou a ter destaque com os trabalhos em serigrafias. Apresentava um novo estilo, uma nova figuração e destacou-se já na década de 1960, como artista de vanguarda. Nessa época, o desejo de transformações culturais e sonhos de liberdade ruminavam a mente de muitos artistas. A arte, naqueles anos, parecia que só sobreviveria se estivesse engajada à transformação social e política do momento. Tozzi coloca que uma das características da arte brasileira de vanguarda é a relação e preocupação com o coletivo. As obras com temáticas políticas tinham a intenção de passar a estética contemplativa e de estimular o pensamento crítico do espectador. Fonte: Guevara, vivo ou morto, de Claudio Tozzi, 1967. Livro-texto. Tozzi foi um pioneiro em vários sentidos, seja acoplando um painel no topo de um prédio no centro de São Paulo, ou fazendo o público interagir com sua obra, carimbando os desenhos escolhidos pelo espectador. Fonte: Zebra – poliuretano sobre zinco, 1972. Livro-texto. Fonte: Third world, de Claudio Tozzi, 1973. Livro-texto. Interatividade Forma de arte não relacionada à figuração ou à imitação do mundo e que não representa objetos presentes na realidade concreta. A produção da obra ocorre a partir da relação formal entre cores, linhas e superfícies. Assinale a alternativa que indica corretamente o nome do estilo e do artista brasileiro representante deste na vertente geométrica: a) Abstracionismo – Alfredo Volpi. b) Dadaísmo – Tarsila do Amaral. c) Cubismo – Pablo Picasso. d) Impressionismo – Mar Ferrez. e) Geometrismo – Anita Malfatti. Gustavo Rosa Gustavo Machado Rosa nasceu em 1946, em São Paulo. Aos três anos de idade já era apaixonado pelo desenho. Aluno indisciplinado e inquieto, desenhava durante as aulas. Fascinado pelas ilustrações das revistas, montou um atelier improvisado na sala de jantar da família. Seus personagens mais conhecidos, inseridos em suas obras foram: a mulher com lata d’água na cabeça; os meninos empinando pipas; o sorveteiro; os palhaços; o padre e a freira; o vendedor de hot dog; gordinhos correndo na praia. Fonte: Detalhe da obra Laranja madura, 2002. Livro-texto. Fonte: Hot dog, 1980. Livro-texto. Inspirava-se pelo que via nas ruas, no cotidiano. O eixo principal do trabalho dele é o humor. Diz ainda com relação à democratização da arte, que a obra não tem que ficar só presa a museus, mas que tem de ir às ruas, fazer parte de objetos, se misturar, levando cultura ao grande público. Fonte: O sorvete, 1976. Livro-texto. A década de 1980 consagrou sua carreira, indicado pelos melhores e mais importantes críticos de arte do Brasil, foi selecionado e participou de grandes mostras. Fez grande sucesso nacional e internacionalmente, mas adoeceu no final dos anos 1990. Fonte: O palhaço, 1975. Livro-texto. Fonte: Detalhe da obra A Carta, 2005. Livro-texto. A fotografia contemporânea Novos meios. Escolhemos a artista e fotógrafa Rosângela Rennó para apresentarmos e discutirmos a fotografia contemporânea. Rennó desenvolve um trabalho riquíssimo e personalizado no segmento, há quase três décadas. A artista ocupa um papel importante no cenário da arte contemporânea internacional, pelo trabalho que faz da fusão entre fotografias jornalísticas e refugos fotográficos. A fotógrafa é conhecida pelas diversas maneiras de resgates das imagens que vêm a compor o seu trabalho. Cria seus primeiros trabalhos nos anos de 1980, que têm como base o universo familiar baseado nos álbuns de família de que se apropria. São de diferentes épocas e fontes, ela se apropria de fotografias que são descartadas, as manipula e as insere em um novo contexto perceptivo e simbólico, criando, assim, novas fotografias. Fonte: As afinidades eletivas, 1990. Livro-texto. Suas primeiras obras são: Conto de Bruxas, em que subverte as ilustrações de histórias infantis, dando-lhes um estilo surrealista, e Pequena Ecologia da Imagem, que, pela primeira vez, se apropria de fotografias de autores anônimos. Fonte: Falsas promessas da série Conto de Bruxas, 1988. Livro-texto. Anos mais tarde, em 1991 e 1993, começa a fazer parte do grupo de estudos de arte contemporânea Visorama. Principia uma nova fase em seu trabalho, utilizando-se de objetos e vídeos, criando instalações. Essa etapa marca a possibilidade de se delinear um engenho de ruptura da fotografia tradicional na arte contemporânea. Realizou algumas obras fazendo uso de fotografias 3 x 4, que foram produzidas há anos em estúdios populares. Fonte: Obituário transparente, 1991, 84 negativos 4 x 5, resina de poliéster e parafusos – 112.00 x 86.00 cm. Livro-texto. Emsua exposição individual, em 1989, expõe Anti-cinema: as imagens são compostas de objetos, no caso dos exemplos, o vinil e as imagens são feitas com manipulação de fotogramas de cinema recolhidos de arquivos. Fonte: Photographic gun – Série anti-cinema, 1989. Livro-texto. Rosângela Rennó pertence a um grupo de artistas que toma a fotografia como processo a ser reaberto, eles rearticulam um estilo de fotografia experimental que iniciou nos anos de 1970 e ficou soterrada sob o fotojornalismo. Fonte: A mulher que perdeu a memória, da série Pequena Ecologia da Imagem, 1988. Livro-texto. Ela compõe fotografia e objeto de uma maneira lúdica e mágica. “(...) se passássemos ou se voltássemos a viver de novo em um mundo sem fotografia, talvez nos parecesse estar vivendo uma cegueira do mundo. Rennó primeiro interrompe o fluxo de fotografias ao se recusar a fotografar.” (RENNÓ, adaptado 1998, p. 125). Fonte: Instalação – Humorais – 1993. Livro-texto. “Esse é seu ponto de partida econômica frente a um mundo marcado pelo excesso de imagens. A artista trabalha com negativos encontrados aos milhares... Depois substitui a imagem fotográfica pelo fato e por sua notícia. Substitui a própria escritura do texto noticioso impresso por uma projeção de luz, que se imprime na memória e se esvaece” (RENNÓ, adaptado 1998, p. 125). Fonte: Instalação – Duas lições de realismo fantástico – Lanternas magicas, 1991-2012. Livro-texto. Posteriormente, Rennó se dedica à fotografia e sua relação com processos sociais, como a correspondência entre fotografia e memória e problemas de identidade. Reconhece-se como uma fotógrafa que não mais fotografa, e, sim, cria um novo contexto com fotografias descartadas. Fonte: Olho de peixes – Série anti-cinema, 1989. Livro-texto. Interatividade Rosângela Rennó desenvolve um trabalho riquíssimo e personalizado. A artista ocupa um papel importante no cenário da arte contemporânea internacional, pelo trabalho que faz. Em um mundo repleto de imagens, a artista recorre a formas opcionais de apropriação, criando uma nova iconicidade. Dentre as características dos trabalhos da fotógrafa, podemos citar: a) A captura de explosões de raiva nas crianças. b) A fusão entre fotografias jornalísticas e refugos fotográficos. c) O uso de técnicas especiais, como os raios do sol. d) O uso de closes limpos e fortes. e) Um trabalho centralizado nos relacionamentos. ATÉ A PRÓXIMA!
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