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CAMPUS ALEGRETE CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ELEMENTOS DE MÁQUINAS II TURMA 80 Professor Dr.: Tonilson de Souza Rosendo PROJETO DE UMA CAIXA DE REDUÇÃO COAXIAL COM ENGRENAGENS HELICOIDAIS Bernardo Fiorenza Siqueira 121150142 Gustavo Kohl Patan 121151930 Rafael Alves Courtes 121151966 Alegrete 2018 BERNARDO FIORENZA SIQUEIRA GUSTAVO KOHL PATAN RAFAEL ALVES COURTES PROJETO DE UMA CAIXA DE REDUÇÃO COAXIAL COM ENGRENAGENS HELICOIDAIS Projeto apresentado a disciplina de Elementos de Máquinas II, do curso de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Pampa, como requisito parcial de avaliação. Professor Dr.: Tonilson Rosendo Alegrete 2018 i LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Vista explodida dos componentes da árvore 1 ................................................ 2 Figura 2 – Vista explodida dos componentes da árvore 2 ................................................ 2 Figura 3 – Vista explodida dos componentes da árvore 3 ................................................ 3 Figura 4 – Esquema da transmissão ................................................................................. 5 Figura 5 – Motor 15CV Weg W22 ................................................................................... 8 Figura 6 – Dados técnicos motor WEG W22 15cv .......................................................... 8 Figura 7 – Engrenamento entre engrenagens helicoidais ................................................. 9 Figura 8 – Componentes da força que atua sobre o par de engrenagens ........................ 10 Figura 9 – Especificações dos módulos para as engrenagens ........................................ 11 Figura 10 - Fator geométrico (J) para engrenagem helicoidal de 75 dentes................... 13 Figura 11 - Fator de correção para acoplamento diferente de 75 dentes ........................ 14 Figura 12 – Estimativa do fator de sobrecarga ............................................................... 16 Figura 13 – Fator de montagem Km ............................................................................... 17 Figura 14 – Seleção de materiais para as engrenagens ................................................... 18 Figura 15 – Gráfico para tensão de flexão admissível para aços endurecidos ............... 19 Figura 16 – Gráfico do fator de ciclagem para tensão de flexão .................................... 20 Figura 17 – Fator de confiabilidade ................................................................................ 21 Figura 18 – Coeficiente elástico do material da engrenagem ......................................... 23 Figura 19 – Resistência ao desgaste para engrenagens endurecidas .............................. 26 Figura 20 – Fator de ciclagem para tensão de contato ................................................... 27 Figura 21 – Gráfico do fator de razão de dureza ............................................................ 28 Figura 22 – Fator de acabamento superficial.................................................................. 31 Figura 23 – Fator de confiabilidade ................................................................................ 31 Figura 24 – Diagrama de corpo livre da árvore 1 ........................................................... 32 Figura 25 – Diagrama de momento fletor na árvore 1 plano x-y ................................... 32 Figura 26 – Diagrama de momento fletor no plano x-z da árvore 1 .............................. 33 Figura 27 – Diagrama de momento torçor na árvore 1................................................... 33 Figura 28 – Diagrama de corpo livre da árvore 2 ........................................................... 35 Figura 29 – Diagrama de momento fletor na árvore 2 plano x-y ................................... 35 Figura 30 – Diagrama de momento fletor no plano x-z da árvore 2 .............................. 36 Figura 31 – Diagrama de momento torçor na árvore 2................................................... 36 Figura 32 – Diagrama de corpo livre da árvore 3 ........................................................... 38 Figura 33 – Diagrama de momento fletor na árvore 3 plano x-y ................................... 38 Figura 34 – Diagrama de momento fletor no plano x-z da árvore 3 .............................. 39 Figura 35 – Diagrama de momento torçor na árvore 2................................................... 39 Figura 36 – Características dimensionais das chavetas .................................................. 41 Figura 37 – Posicionamento das chavetas 1 e 2 na árvore 1 .......................................... 42 Figura 38 – Propriedades mecânicas do aço SAE 1030 ................................................. 43 Figura 39 – Seleção das chavetas para a árvore 1 .......................................................... 43 Figura 40 – Posicionamento das chavetas 3 e 4 na árvore 2 .......................................... 44 Figura 41 – Seleção das chavetas 3 e 4 para a árvore 2.................................................. 45 Figura 42 – Posicionamento das chavetas 5 e 6 na árvore 3 .......................................... 46 Figura 43 – Propriedades mecânicas aço SAE 1040 ...................................................... 46 Figura 44 – Seleção das chavetas 5 e 6 da árvore 3 ....................................................... 46 Figura 45- Catálogo para seleção dos anéis de retenção ................................................ 48 Figura 46 - Localização do anel de retenção na árvore 1 ............................................... 48 Figura 47 – Localização dos anéis de retenção 2 e 3 na árvore 2................................... 49 Figura 48 – Localização do anel de retenção 4 na árvore 3 ........................................... 49 ii Figura 49 – Posicionamento dos mancais....................................................................... 50 Figura 50 - Vida do mancal para classes de maquinário ................................................ 51 Figura 51 - Fatores de carga radial equivalentes para mancais de esfera ....................... 52 Figura 52 - Especificações técnicas para rolamento modelo 6005 ................................. 53 Figura 53 - Especificações técnicas para rolamento modelo 6007 ................................. 54 Figura 54 - Especificações técnicas para o rolamento modelo 6008 .............................. 55 Figura 55 – Dimensões da caixa em milímetros ............................................................ 56 Figura 56: Modelo concebido para o projeto.................................................................. 56 Figura 57 – Tampa para vedação .................................................................................... 57 Figura 58 – Máxima tensão pelo critério de Von Mises................................................. 57 Figura 59 – Máxima tensão por Von Mises ................................................................... 58 Figura 60: Máxima Deformação..................................................................................... 58 Figura 61 – Máxima deformação da tampa .................................................................... 59 Figura 62 – Propriedade mecânica de algumas liga de alumínio fundido ...................... 59 Figura 63 – Principais partes em um retentor ................................................................. 60 Figura 64 – Modelos de retentores Sabó ........................................................................ 61 Figura 65 – Retentor selecionado paraa árvore 1 .......................................................... 61 Figura 66 – Posicionamento do retentor na árvore 1 ...................................................... 62 Figura 67 – Retentor selecionado para a árvore 3 .......................................................... 62 Figura 68 – Posicionamento do retentor na árvore 3 ...................................................... 62 Figura 69 – Produto para vedação da caixa .................................................................... 63 Figura 70 – Parafuso allen .............................................................................................. 64 Figura 71 – Disposição dos parafusos de fixação da união. ........................................... 64 Figura 72 – Dimensões dos parafusos ............................................................................ 65 Figura 73 – Seleção do parafuso allen no catálogo do fornecedor ................................. 65 Figura 74 – Classe de parafusos métricos ...................................................................... 66 Figura 75 – Características da união parafusada sem porca ........................................... 66 Figura 76 – Dimensões para arruelas de pressão [mm] .................................................. 67 Figura 77 – Comprimentos usuais de parafusos comerciais .......................................... 68 Figura 78 – Posição dos parafusos para fixação da caixa............................................... 71 Figura 79 – Dimensões da arruela de pressão do catálogo fornecedor .......................... 72 Figura 80 – Dimensões da arruela lisa do catálogo fornecedor ...................................... 72 Figura 81 – Dimensões das porcas para parafusos ......................................................... 73 Figura 82 – Cone de pressão da união parafusada.......................................................... 73 Figura 83 - Representação dos principais regimes de lubrificação ................................ 77 Figura 84 – Análises típicas para o lubrificante escolhido ............................................. 78 Figura 85 – Posicionamento dos parafusos de Pressão. ................................................. 78 Figura 86 – Ação do parafuso magnetizado. .................................................................. 79 Figura 87 – Tabela de parafuso Bujão de rosca métrica................................................. 79 Figura 88 - Localização dos acoplamentos no sistema................................................... 80 Figura 89 - Catálogo de acoplamentos flexíveis da linha AT. ....................................... 81 Figura 90 – Dimensões dos acoplamentos. .................................................................... 82 Figura 91 – Concepção final da caixa de redução .......................................................... 86 Figura 92 – Vista superior da montagem interna da caixa de redução ........................... 87 Figura 93 – Vista superior lateral com a concepção da montagem interna .................... 87 Figura 94 – Vista explodida com todos os elementos da caixa de redução.................... 88 Figura 95 – Modelo icônico da caixa de redução ........................................................... 88 Figura 96 – Modelo icônico sem a carcaça superior ...................................................... 89 iii LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Componentes da árvore 1 ............................................................................... 2 Tabela 2 – Componentes da árvore 2 ............................................................................... 3 Tabela 3 – Componentes da árvore 3 ............................................................................... 3 Tabela 4 – Especificações da transmissão ........................................................................ 9 Tabela 5 – Fatores geométricos ...................................................................................... 14 Tabela 6 – Comparação entre os fatores de segurança ................................................... 29 Tabela 7 – Resultados dos momentos e torque da árvore 1............................................ 34 Tabela 8 – Resultados para primeira iteração na árvore 1 .............................................. 34 Tabela 9 – Resultado final para diâmetro da árvore 1 .................................................... 34 Tabela 10 – Resultados dos momentos e torque na árvore 2.......................................... 37 Tabela 11 – Resultados para primeira iteração na árvore 2 ............................................ 37 Tabela 12 – Resultado final para diâmetro da árvore 2 .................................................. 37 Tabela 13 – Resultados dos momentos e torque da árvore 3.......................................... 40 Tabela 14 – Resultados para primeira iteração árvore 3 ................................................ 40 Tabela 15 – Resultado final para diâmetro da árvore 2 .................................................. 40 Tabela 16 – Diâmetros finais para as árvores ................................................................. 40 Tabela 17 - Resultados das chavetas 1 e 2 para a árvore 1 ............................................. 44 Tabela 18 - Resultados para as chavetas 3 e 4 da árvore 2 ............................................. 45 Tabela 19 - Resultados para as chavetas 5 e 6 da árvore 3 ............................................. 47 Tabela 20 – Concepção técnica das engrenagens ........................................................... 83 Tabela 21 - Concepção técnica das árvores .................................................................... 83 Tabela 22 - Concepção técnica das chavetas .................................................................. 83 Tabela 23 - Concepção técnica dos anéis de retenção .................................................... 84 Tabela 24 - Concepção técnica dos mancais .................................................................. 84 Tabela 25 - Concepção técnica da carcaça da caixa de redução .................................... 84 Tabela 26 - Concepção técnica dos retentores................................................................ 84 Tabela 27 - Concepção técnica das uniões parafusadas ................................................. 85 Tabela 28 - Concepção técnica da lubrificação .............................................................. 85 Tabela 29 - Concepção técnica da caixa de redução ...................................................... 86 iv SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 1 2 MÉTODOS .................................................................................................................... 4 3 MEMORIAL DESCRITIVO ......................................................................................... 4 3.1 Características Gerais ............................................................................................. 4 3.2 Concepção da Transmissão .................................................................................... 5 3.2.1. Número de Estágios ........................................................................................ 5 3.2.2 Representação Esquemática da Transmissão .................................................. 5 3.2.3 Número de Dentes ........................................................................................... 5 3.2.4 Rendimento da Transmissão ............................................................................ 6 3.2.5 Especificação do Motor de Acionamento ........................................................ 7 3.2.6 Especificações das Engrenagens .....................................................................8 3.2.7 Especificações da Transmissão ....................................................................... 9 3.3 Dimensionamento do Dentado ............................................................................. 10 3.3.1 Dimensionamento para Flexão no Dentado................................................... 12 3.3.2 Resistência do Dente à Fadiga Flexional ....................................................... 18 3.3.3 Dimensionamento para Desgaste do Dentado ............................................... 22 3.3.4 Resistência do Dente à Fadiga de Contato .................................................... 25 3.4 Dimensionamento das árvores .............................................................................. 29 3.4.1 Dimensionamento Árvore 1........................................................................... 32 3.4.2 Dimensionamento Árvore 2........................................................................... 34 3.4.3 Dimensionamento Árvore 3........................................................................... 37 3.5 Dimensionamento das Chavetas ........................................................................... 41 3.5.1 Dimensionamento das Chavetas na Árvore 1 ................................................ 42 3.5.2 Dimensionamento das Chavetas na Árvore 2 ................................................ 44 3.5.3 Dimensionamento das Chavetas na Árvore 3 ................................................ 45 3.6 Seleção dos Anéis de Retenção ............................................................................ 47 3.7 Dimensionamento dos Mancais ............................................................................ 49 3.7.1 Dimensionamento dos Mancais na Árvore 1 ................................................. 52 3.7.2 Dimensionamento dos Mancais na Árvore 2 ................................................. 53 3.7.3 Dimensionamento dos Mancais na Árvore 3 ................................................. 54 3.8 Dimensionamento da Carcaça da Caixa de Redução ........................................... 55 3.9 Seleção dos Retentores e Vedação da Caixa de Transmissão .............................. 60 3.10 Dimensionamento das Uniões Parafusadas ........................................................ 63 3.10.1 Parafusos de União da Caixa de Transmissão ............................................. 63 3.10.2 Parafusos de Fixação da Caixa de Transmissão .......................................... 71 3.11 Lubrificação ........................................................................................................ 76 3.12 Dimensionamento e Seleção dos Acoplamentos ................................................ 80 4 CONCEPÇÃO FINAL ................................................................................................ 82 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 89 1 1 INTRODUÇÃO As transmissões mecânicas de movimento são projetadas para atender uma determinada demanda, a qual pode ser a transmissão do movimento ou potência de um mecanismo acionador ao mecanismo acionado. Dependendo da aplicação, a transmissão pode ter a função de ampliar ou reduzir a relação de transmissão. Existem diversos tipos e configurações de caixas de redução, sendo os mais comuns os redutores de velocidade por engrenagens. Essas engrenagens podem ser cônicas ou cilíndricas, e os dentes das engrenagens podem ser retos ou helicoidais. O redutor de engrenagens helicoidais é o modelo de redutor de velocidade mais utilizado do mercado. Basicamente, trata-se de um dispositivo que permite reduzir ou adequar a velocidade/rotação de um acionador, e como consequência aumentar o torque do motor em questão. Outro ponto a destacar sobre o redutor de engrenagens helicoidais é o fato de ser muito utilizado para reduzir vibrações e ruídos, graças a seus dentes helicoidais que realizam a transmissão de potência de forma mais homogênea. Este trabalho tem como objetivo desenvolver o projeto de uma caixa de redução coaxial com engrenagens cilíndricas helicoidais, tendo uma redução de 15:1. Esta redução poderá usar como elemento acionador um motor elétrico de 15 cv, com uma rotação de 1760 rpm. Este conjunto de motoredutor apresenta uma gama de aplicações, entre elas, bombas, ventiladores industriais, talhas, ponte rolante, elevadores, máquinas operatrizes, esteiras transportadoras, misturadores, agitadores, entre outras. O objetivo do relatório é descrever as etapas do dimensionamento e cálculos das engrenagens e árvores, bem como a escolha dos materiais, dimensionamento e escolha dos mancais, chavetas, parafusos, e elementos de vedação, utilizando catálogos de fabricantes. Para uma melhor visualização desses elementos que compõe a caixa de redução, é destacada uma vista explodida de cada árvore com seus respectivos elementos. A Figura 1 apresenta a vista explodida dos componentes da árvore 1. 2 Figura 1 – Vista explodida dos componentes da árvore 1 Fonte: Acervo próprio (2018). A Tabela 1 apresenta uma lista com o nome e número de cada componente da árvore 1. Tabela 1 – Componentes da árvore 1 Fonte: Acervo próprio (2018). A Figura 2 apresenta a vista explodida com os componentes presentes na árvore 2. Figura 2 – Vista explodida dos componentes da árvore 2 Fonte: Acervo próprio (2018). Número Descrição 1 Mancal 1 2 Anel de retenção 1 3 Chaveta 2 4 Engrenagem N2 5 Mancal 2 3 A Tabela 2 apresenta uma lista com o nome e número de cada componente da árvore 2. Tabela 2 – Componentes da árvore 2 Fonte: Acervo próprio (2018). A Figura 3 apresenta a vista explodida com os componentes presentes na árvore 3. Figura 3 – Vista explodida dos componentes da árvore 3 Fonte: Acervo próprio (2018). A Tabela 3 apresenta o nome e número dos elementos da árvore 3. Tabela 3 – Componentes da árvore 3 Fonte: Acervo próprio (2018). Número Descrição 6 Mancal 3 7 Anel de retenção 2 8 Engrenagem N3 9 Chaveta 3 10 Chaveta 4 11 Engrenagem N4 12 Anel de retenção 3 13 Mancal 4 Número Descrição 14 Mancal 5 15 Chaveta 5 16 Anel de retenção 4 17 Engrenagem N5 18 Mancal 6 4 2 MÉTODOS O dimensionamento das engrenagens cilíndricas de dentes helicoidais (ECDH) seguiu os critérios da AGMA (American Gear Manufacturers Association) para resistência à fadiga flexional e ao desgaste. As árvores da transmissão são dimensionadas seguindo os critérios de Von Misses/Goodman baseados nas hipóteses de resistência dos materiais. Durante o projeto adotou-se recomendações da bibliografia básica de Elementos de Máquinas, realizou-se também consulta em projetos relacionados a caixa de redução, e em catálogos de fornecedores para buscar dimensões dos elementos. Durante o dimensionamento foi utilizado softwares para auxiliar e facilitar os procedimentos, sendo eles: • Solidworks®: realização dos desenhos, montagem e simulações numéricas; • Microsoft Excel®: planilhas eletrônicas para facilitar as operações de cálculos; • Microsoft Power Point®: construção dos diagramas de corpo livre; • Ftool®: visualização dos diagramas de esforços das árvores. 3 MEMORIAL DESCRITIVO Nesta seção é apresentada todo o memorial de cálculos e a sequência adotada no dimensionamento e seleção dos elementos que compõe a caixa de redução, sendo estes, as engrenagens, as árvores, as chavetas, os anéis de retenção, os mancais, os parafusos de fixação, a carcaça e o sistema de lubrificação. 3.1 Características Gerais O projeto a ser desenvolvidoterá as seguintes especificações: 1. Transmissão por engrenagens helicoidais; 2. Redução de aproximadamente 15 vezes; 3. Movimentos de rotação em ambos os sentidos, horário e anti-horário. 5 3.2 Concepção da Transmissão 3.2.1 Número de Estágios A AGMA recomenda que a relação de redução por estágios não deve passar de 10 vezes. Como o objetivo do projeto é que a caixa de redução seja de 15 vezes, faz-se necessário a utilização de 2 estágios, cada um com 2 engrenagens, para a construção da transmissão. Com isso, sabe-se que em cada estágio tem uma relação de 3,875:1. 3.2.2 Representação Esquemática da Transmissão A transmissão será composta por dois estágios, com duas engrenagens em cada estágio. Na árvore 1, elemento de entrada da transmissão, tem-se a engrenagem N2, na árvore 2 tem-se as engrenagens N3 e N4, e na árvore 3, elemento de saída da transmissão, têm-se a engrenagem N5. A Figura 4 apresenta os estágios da transmissão. Figura 4 – Esquema da transmissão Fonte: Acervo próprio (2018). 3.2.3 Número de Dentes Tendo como requisito uma redução (i) de no mínimo 15 vezes, encontra-se a relação de transmissão a partir da raiz quadrada da redução. 𝑖 = √15 6 A AGMA recomenda que o pinhão deve conter no mínimo 16 dentes. Visando uma caixa de redução compacta, adotamos o pinhão N2 tendo 16 dentes. Logo: Sabendo que os dois estágios são iguais, têm-se os seguintes tamanhos de engrenagens: N2 = 16 dentes; N3 = 62 dentes; N4 = 16 dentes; N5 = 62 dentes. Realizando uma verificação da relação de transmissão através do número de dentes das engrenagens, têm-se: 𝑒 = 𝑁2.𝑁4 𝑁3.𝑁5 = 16 ∗ 16 62 ∗ 62 = 1 15,015 Com este resultado encontrado nota-se que a redução de no mínimo 15 vezes é atendida. 3.2.4 Rendimento da Transmissão O rendimento da transmissão é a razão entre a potência de saída e a potência de entrada, apresentado na equação 3. Onde: 𝑃𝑠𝑎í𝑑𝑎 = potência de saída; 𝑃𝑚= potência de entrada (potência do motor). 𝑖1 = 𝑁3 𝑁2 = √15 (1) 𝑒 = 𝑁𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟 𝑁𝑚𝑜𝑣𝑖𝑑𝑜 (2) 𝜂 = 𝑃𝑠𝑎í𝑑𝑎 𝑃𝑚 (3) 7 A potência útil para cada árvore é apresentada abaixo. • Árvore 1 Onde: 𝜂 𝑚 = rendimento dos mancais. • Árvore 2 Onde: 𝜂 𝑒 = rendimento das engrenagens. • Árvore 3 Logo: 𝜂 = 𝑃𝑚. 𝜂𝑚³. 𝜂𝑒² 𝑃𝑚 = 𝜂𝑚³. 𝜂𝑒² Neste projeto são utilizadas engrenagens fabricadas pelo processo de usinagem e mancais de rolamento para as árvores. Será empregado 0,98 para o rendimento das engrenagens e 0,98 para o rendimento dos mancais de rolamento. Aplicando esses valores de rendimento na Equação 04, tem-se: 𝜂 = 0,983. 0,982 = 0,904 3.2.5 Especificação do Motor de Acionamento O dimensionamento da caixa de redução foi realizado tendo como elemento de acionamento um motor elétrico WEG W22 Plus, com potência de 15cv (11KW) e com uma rotação de 1760 rpm, com torque de acionamento igual a 58,63 Nm. O motor é visualizado na Figura 5. 𝑃ú𝑡𝑖𝑙 1 = 𝑃𝑚. 𝜂𝑚 (4) 𝑃ú𝑡𝑖𝑙 2 = 𝑃ú𝑡𝑖𝑙 1. 𝜂𝑚². 𝜂𝑒 (5) 𝑃ú𝑡𝑖𝑙 3 = 𝑃𝑠á𝑖𝑑𝑎 = 𝑃ú𝑡𝑖𝑙 2. 𝜂𝑚. 𝜂𝑒 = 𝑃𝑚. 𝜂𝑚³. 𝜂𝑒² (6) 8 Figura 5 – Motor 15CV Weg W22 Fonte: WEG (2018). A Figura 6 apresenta alguns dados técnicos do motor de acionamento. Figura 6 – Dados técnicos motor WEG W22 15cv Fonte: WEG (2018). 3.2.6 Especificações das Engrenagens A transmissão da caixa de redução foi projetada usando-se engrenagens cilíndricas de dentes helicoidais. As engrenagens terão ângulo de pressão Ø = 20º e o ângulo de hélice Ψ = 25º. A Figura 7 apresenta o engrenamento entre duas engrenagens helicoidais. 9 Figura 7 – Engrenamento entre engrenagens helicoidais Fonte: Acervo próprio (2018). As engrenagens helicoidais são construídas com dentes que não são alinhados com a direção axial dos elementos de transmissão. Geralmente são utilizadas quando o objetivo é uma caixa de redução que ocupe menos espaço e que produza menos ruídos. A primeira característica vem do fato de que a largura efetiva dos dentes é maior e a segunda é devida ao engrenamento gradual dos dentes. As mãos das hélices deverão ser opostas para que haja engrenamento entre duas engrenagens helicoidais. O sentido da mão de hélice influencia no sentido da força axial resultante do engrenamento. Essa força deverá ser suportada pelos mancais de apoio, para que haja um equilíbrio as engrenagens N3 e N4 da árvore 2 terão mão de hélice opostas. As engrenagens N2 e N4 terão mão de hélice direita e as engrenagens N3 e N5 terão mão de hélice esquerda. 3.2.7 Especificações da Transmissão Com os dados do motor responsável pelo acionamento e os rendimentos, pode-se obter os parâmetros de saída da caixa de redução. A Tabela 4 apresenta um resumo dos dados obtidos. Tabela 4 – Especificações da transmissão Fonte: Acervo próprio (2018). Torque [Nm] Potência [KW] Rotação [rpm] Redimento [%] Árvore 1 58,63 10,811 1760 98 Árvore 2 227,109 10,382 454,19 94,11 Árvore 3 828,723 9,972 117,21 90,4 10 3.3 Dimensionamento do Dentado A Figura 8 representa a decomposição das forças que atuam em um par de engrenagens helicoidais. Figura 8 – Componentes da força que atua sobre o par de engrenagens Fonte: SHIGLEY (2011). Uma vez que a potência de entrada é conhecida, pode se calcular as forças envolvidas a partir da equação abaixo. Onde: 𝑊𝑡 = Carga transmitida [KN]; 𝑛 = Rotação [rpm]; 𝑑 = Diâmetro engrenagem [mm]; 𝑊𝑡 = 60000 ∗ 𝑃 𝜋 ∗ 𝑑 ∗ 𝑛 (7) 𝑊 = 𝑊𝑡 𝑐𝑜𝑠∅𝑛 ∗ 𝑐𝑜𝑠𝜓 (8) 𝑊𝑎 = 𝑊 ∗ cos ∅𝑛 ∗ 𝑠𝑒𝑛𝜓 (9) 𝑊𝑟 = 𝑊 ∗ 𝑠𝑒𝑛∅𝑛 (10) 11 𝑃 = Potência na árvore [KW]; 𝑊 = Força resultante; 𝑊𝑎 = Força axial; 𝑊𝑟 = Força radial. O dimensionamento do dentado foi pensado de modo que a caixa seja mais compacta possível. A partir da Figura 9, foi definido um módulo m = 3,5 para todos os estágios. Optou-se por um módulo pequeno por refletir diretamente no diâmetro das engrenagens, visto que o diâmetro primitivo é o produto do número de dentes e o módulo. Figura 9 – Especificações dos módulos para as engrenagens Fonte: Adaptado de SHIGLEY (2011). A partir do módulo (m) e o número de dentes (Z) obteve-se o diâmetro primitivo das engrenagens. Portanto temos: 𝑑2𝑝 = 56 𝑚𝑚 𝑑3𝑝 = 217 𝑚𝑚 𝑑4𝑝 = 56 𝑚𝑚 𝑑5𝑝 = 217 𝑚𝑚 A AGMA recomenda que a largura da face do dente b deva estar no intervalo, sendo maior que três vezes, e menor que cinco vezes o passo transversal das engrenagens. Sabendo que o passo diametral transversal (𝑃𝑡) é a razão entre o número de dentes e o diâmetro primitivo (𝑑𝑝) do pinhão. Temos: 𝑑𝑝 = 𝑚 ∗ 𝑍 (11) 3𝑝𝑡 < 𝑏 < 5𝑝𝑡 (12) 12 𝑃𝑡 = 7,257 𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠/𝑖𝑛 Com o passo diametral transversal foi possível encontrar o passo transversal (𝑝𝑡) para posteriormente definir a largura do dente. Então: 𝑝𝑡 = 0,4328 Portanto, segundo a Equação 12 temos o intervalo em que deve estar a largura do dente: 1,23 < 𝑏 < 2,164 [𝑖𝑛] 31,24 < 𝑏 < 54,96 [𝑚𝑚] Sabendo que no primeiro estágio de transmissão o torque transmitido é menor, foi definida uma largura (b) de 1,5 in. Já no segundo estágio, para aumentar a segurança do projeto, adota-se uma largura de 2 in. Todo o processo de dimensionamento é realizado de modo que a caixa de transmissão seja o mais compactapossível (considerando o seu volume). Para um correto dimensionamento do dentado das engrenagens, duas condições fundamentais devem ser consideradas nos dentes da engrenagem, seguindo a metodologia recomendada pela AGMA. Sendo elas: 1ª condição: Flexão por fadiga 2ª condição: Desgaste por fadiga 3.3.1 Dimensionamento para Flexão no Dentado Para o dimensionamento do dentado sob fadiga flexional é utilizada a Equação 15 abaixo, recomendada pela AGMA. 𝑃𝑡 = 𝑍 𝑑𝑝[𝑖𝑛] (13) 𝑝𝑡 = 𝜋 𝑃𝑡 (14) 𝜎 = ( 𝑊𝑡 𝑚 ∗ 𝑏 ∗ 𝑗 ) ∗ 𝐾𝑣 ∗ 𝐾𝑜 ∗ 𝐾𝑚 (15) 13 Onde: σ = Tensão no dente [MPa]; Wt = Carga transmitida [KN]; 𝑚 = Módulo [mm]; 𝑏 = Largura [mm]; 𝑗 = Fator geométrico; 𝐾𝑣 = Fator dinâmico; 𝐾𝑜 = Fator sobrecarga; 𝐾𝑚 = Fator de montagem. • Fator Geométrico (J) O fator geométrico (J) para engrenagens helicoidais é utilizado para corrigir a tensão de flexão levando em conta a geometria do par de engrenagens. O fator geométrico é obtido a partir do ábaco ilustrado na Figura 10, porém o ábaco abrange as engrenagens que se acoplam a uma engrenagem com 75 dentes. Quando a engrenagem acoplada tem o número de dentes diferente de 75, é necessário multiplicar o valor de J encontrado por um fator de correção k, obtendo assim um fator geométrico corrigido. Figura 10 - Fator geométrico (J) para engrenagem helicoidal de 75 dentes Fonte: Adaptado de SHIGLEY (2011). 14 Figura 11 - Fator de correção para acoplamento diferente de 75 dentes Fonte: Adaptado de SHIGLEY (2011). Na Figura 10 é encontrado o fator geométrico J, que deve ser multiplicado pelo fator de correção k encontrado na Figura 11, obtém-se assim o fator geométrico corrigido com os seguintes valores aproximados apresentados na Tabela 05: Tabela 5 – Fatores geométricos Fonte: Acervo próprio (2018) • Fator Dinâmico (Kv) Utiliza-se o coeficiente de correção 𝐾𝑣 para levar em conta os efeitos dinâmicos sobre o par de engrenagem. O fator dinâmico leva em consideração os efeitos dinâmicos do funcionamento da transmissão, dependendo também da qualidade de acabamento do dentado. Para um dente retificado como foi especificado para o projeto, 𝐾𝑣 pode ser estimado segundo a equação abaixo. Onde: 𝑣 = velocidade em m/s. J k J Corrigido J2 0,46 0,92 0,4232 J3 0,58 0,99 0,5742 J4 0,46 0,92 0,4232 J5 0,58 0,99 0,5742 𝐾𝑣 = √ 5,56 + √𝑣 5,56 (16) 15 Percebe-se que o coeficiente 𝐾𝑣 é diferente para cada par de engrenagens, já que a velocidade tangencial 𝑣 de cada par de engrenagens é diferente. 𝑣2,3 = 𝜋 ∗ 0,056𝑚 ∗ 1760𝑟𝑝𝑚 60 = 5,16 𝑚/𝑠 𝑣4,5 = 𝜋 ∗ 0,056𝑚 ∗ 454,19𝑟𝑝𝑚 60 = 1,33 𝑚/𝑠 𝐾2𝑣 = 𝐾3𝑣 = √ 5,56 + √5,16 5,56 = 1,187 𝐾4𝑣 = 𝐾5𝑣 = √ 5,56 + √1,33 5,56 = 1,051 A AGMA define o fator dinâmico através de um número de controle de qualidade Qv. A qualidade é definida pelas tolerâncias de vários tamanhos segundo uma classe de qualidade específica. Para o projeto adotou-se uma qualidade intermediária (Qv = 6). A equação abaixo define o fator dinâmico em função de Qv. 𝐾2𝑣 = 𝐾3𝑣 = ( 59,77 + √200 ∗ 5,16 59,77 ) 0,825 = 1,426 𝐾4𝑣 = 𝐾5𝑣 = ( 59,77 + √200 ∗ 1,33 59,77 ) 0,825 = 1,22 Onde: 𝐾𝑣 = Fator dinâmico; 𝐴 = 50 + 56 (1 – B); 𝐵 = 0,25*(12 – Qv)^(2/3); 𝑉𝑒𝑡 = Velocidade tangencial [m/s]. Faz-se a média dos 𝐾𝑣 para definir um fator corrigido. Portanto: 𝑣2,3 = 𝜋 ∗ 𝑑 ∗ 𝑛 60 (17) 𝐾𝑣 = ( 𝐴 + √200 ∗ 𝑉𝑒𝑡 𝐴 ) 𝐵 (18) 16 𝐾2𝑣 = 𝐾3𝑣 = 1,187 + 1,426 2 = 1,306 𝐾4𝑣 = 𝐾5𝑣 = 1,051 + 1,22 2 = 1,1356 • Fator de sobrecarga (𝑲𝟎) O fator de sobrecarga leva em consideração a característica da fonte de acionamento, para o caso desse projeto, a fonte de acionamento é uniforme, pois, provém de um motor elétrico. Analisando a Figura 12 e sabendo que as condições de trabalho da transmissão foram especificadas como suaves, tem-se 𝐾0 = 1. Figura 12 – Estimativa do fator de sobrecarga Fonte: Adaptado de SHIGLEY (2011). • Fator de distribuição de carga (𝑲𝒎) O fator de montagem é utilizado para considerar a distribuição não-uniforme da carga através da face do dente devido às variabilidades de fabricação, folga nos rolamentos e deflexões nos suportes. A tabela da Figura 13 relaciona o fator de montagem com a largura da face da engrenagem, bem como, a precisão requerida na montagem. 17 Figura 13 – Fator de montagem Km Fonte: Adaptado de COLLINS (2006). • Forças transmitidas Para dimensionar os dentes da engrenagem, é preciso conhecer a força de cada par engrenado a partir da potência, diâmetro de cada pinhão e a rotação. 𝑊𝑡2,3 = 60000 ∗ 10,8 𝜋 ∗ 56,05 ∗ 1760 = 2,095 𝐾𝑁 𝑊𝑡4,5 = 60000 ∗ 10,8 𝜋 ∗ 56,05 ∗ 454,19 = 7,6378 𝐾𝑁 • Tensão de flexão Após encontrar todos os fatores de correções, é feito o cálculo da tensão de flexão no dentado de cada engrenagem. A partir da Equação 15, temos: 𝜎2 = ( 2095 3,5 ∗ 38,1 ∗ 0,4232 ) ∗ 1,306 ∗ 1 ∗ 1,3 = 63 𝑀𝑃𝑎 𝜎3 = ( 2095 3,5 ∗ 38,1 ∗ 0,5742 ) ∗ 1,306 ∗ 1 ∗ 1,3 = 46,45 𝑀𝑃𝑎 𝜎4 = ( 2095 3,5 ∗ 50,8 ∗ 0,4232 ) ∗ 1,1356 ∗ 1 ∗ 1,3 = 149,85 𝑀𝑃𝑎 𝜎4 = ( 2095 3,5 ∗ 50,8 ∗ 0,5742 ) ∗ 1,1356 ∗ 1 ∗ 1,3 = 110,447 𝑀𝑃𝑎 18 • Material das engrenagens A partir do catálogo de aços da Gerdau, foi possível selecionar em função das condições de integridade das engrenagens, o melhor material para a fabricação. Na Figura 14 encontram-se os materiais selecionados para cada engrenagem. Figura 14 – Seleção de materiais para as engrenagens Fonte: Adaptado de GERDAU (2018). Sabe-se que o pinhão do par engrenado possui uma maior ciclagem frente à coroa, devido à engrenagem ser menor, necessitando de um material mais resistente. Também, as engrenagens do primeiro estágio possuem torque menor que as do segundo estágio, de forma com que os materiais tenham de ser diferentes. Os materiais para cada engrenagem foram definidos como: • Engrenagem 2: aço AISI 1040 temperado e revenido a uma temperatura de 205 °C com uma dureza de 262 HB. • Engrenagem 3: aço AISI 1040 temperado e revenido a uma temperatura de 315 °C com uma dureza de 255 HB. • Engrenagem 4: aço AISI 5160 temperado e revenido a uma temperatura de 205 °C com uma dureza de 627 HB. • Engrenagem 5: aço AISI 5160 temperado e revenido a uma temperatura de 315 °C com uma dureza de 555 HB. 3.3.2 Resistência do Dente à Fadiga Flexional Após determinar os fatores de correção da resistência do dente à fadiga para flexão, pode-se encontrar o coeficiente de segurança Sf. A equação abaixo é indicada pela AGMA para realização do coeficiente de segurança para flexão do dentado. 19 Onde: 𝑆𝑡 = Tensão de flexão admissível; 𝑌𝑁 = Fator de ciclagem para tensão de flexão; 𝜎 = Tensão no dentado [MPa]; 𝐾𝑇 = Fator de temperatura; 𝐾𝑅 = Fator de confiabilidade. • Tensão de flexão admissível (𝑺𝒕) A tensão de flexão admissível depende do material da engrenagem, sua dureza é utilizada na equação do ábaco da figura abaixo para cada engrenagem da transmissão. Figura 15 – Gráfico para tensão de flexão admissível para aços endurecidos Fonte: Adaptado de SHIGLEY (2011). No ábaco da figura acima seleciona-se a curva de grau 1, devido o projeto ter sido adotado uma classe de qualidade específica (𝑄𝑣=6), e transformando para unidade SI resulta na equação:𝑆𝑓 = 𝑆𝑡 ∗ 𝑌𝑁 𝜎 ∗ 𝐾𝑇 ∗ 𝐾𝑅 (19) 𝑆𝑡 = 0,533𝐻𝐵 + 88,3 𝑀𝑃𝑎 (20) 20 Onde: 𝐻𝐵 = Dureza do material. Aplicando esta equação para cada engrenagem tem-se: 𝑆2𝑡 = 0,533 ∗ 262 + 88,3 𝑀𝑃𝑎 = 227,946 𝑀𝑃𝑎 𝑆3𝑡 = 0,533 ∗ 255 + 88,3 𝑀𝑃𝑎 = 224,215 𝑀𝑃𝑎 𝑆4𝑡 = 0,533 ∗ 627 + 88,3 𝑀𝑃𝑎 = 422,491 𝑀𝑃𝑎 𝑆5𝑡 = 0,533 ∗ 555 + 88,3 𝑀𝑃𝑎 = 384,115 𝑀𝑃𝑎 • Fator de ciclagem para tensão de flexão (𝒀𝑵) O fator de ciclagem para tensão de flexão corrige a resistência à fadiga devida à flexão. Segundo a AGMA, a Figura 16 é recomendada para encontrar o fator de ciclagem para tensão de flexão. Figura 16 – Gráfico do fator de ciclagem para tensão de flexão Fonte: SHIGLEY (2011). A partir do ábaco da figura acima, foi selecionado para o fator de correção a seguinte equação: Onde: 𝑁 = Número de ciclos. 𝑌𝑁 = 1,3558𝑁 −0,0178 (21) 21 Como cada engrenagem possui material e durezas diferentes, é preciso resolver a equação para cada pinhão e coroa. Sabendo que o pinhão de entrada possui uma ciclagem de 108, determinado previamente, pode-se calcular o restante das engrenagens sendo o número de ciclos a divisão da ciclagem anterior pela relação das engrenagens. Portanto, tem-se: 𝑌2𝑁 = 1,3558(10 8)−0,0178 = 0,9768 𝑌3𝑁 = 𝑌4𝑁 = 1,3558(2,58 ∗ 10 7)−0,0178 = 1,0006 𝑌5𝑁 = 1,3558(6,66 ∗ 10 6)−0,0178 = 0,9241 • Fator de temperatura (𝑲𝑻) É recomendado para temperaturas de óleo ou de corpo de engrenagens que trabalhem até 120°C, usar o valor igual a um para o fator de temperatura. Sabendo que a transmissão foi projetada para operar em condições normais, tem-se: 𝐾𝑇 = 1 • Fator de confiabilidade (𝑲𝑹) A confiabilidade atribuída ao projeto é de 90%. A figura 17 relaciona a confiabilidade estabelecida no projeto. Figura 17 – Fator de confiabilidade Fonte: Adaptado de SHIGLEY (2011). A partir da confiabilidade atribuída no projeto, tem-se: 𝐾𝑅 = 0,85 • Coeficiente de segurança para tensão de flexão para cada engrenagem A partir da determinação de todos os parâmetros necessários para calcular o coeficiente de segurança para tensão de flexão, é possível encontrar o coeficiente para cada engrenagem com a Equação 19. 22 𝑆2𝑓 = 227,946 𝑀𝑃𝑎 ∗ 0,9768 63,027 𝑀𝑃𝑎 ∗ 1 ∗ 0,85 = 4,156 𝑆3𝑓 = 224,215 𝑀𝑃𝑎 ∗ 1,0006 46,453 𝑀𝑃𝑎 ∗ 1 ∗ 0,85 = 5,68 𝑆4𝑓 = 422,491 𝑀𝑃𝑎 ∗ 1,0006 149,85 𝑀𝑃𝑎 ∗ 1 ∗ 0,85 = 3,318 𝑆5𝑓 = 384,115 𝑀𝑃𝑎 ∗ 0,9241 110,447 𝑀𝑃𝑎 ∗ 1 ∗ 0,85 = 3,7810 3.3.3 Dimensionamento para Desgaste do Dentado A tensão de contato gera um desgaste na face do dente, ocasionando em uma falha bastante comum no dentado da engrenagem. Segundo a AGMA, a equação abaixo é uma recomendação para a tensão devido ao contato do dentado. Onde: 𝐶𝑝 = Coeficiente elástico [MPa]; 𝑑𝑝 = Diâmetro primitivo do pinhão [mm]; 𝐼 = Fator geométrico do par engrenado. Os demais fatores já foram determinados anteriormente e continuam os mesmos para a tensão devido ao contato. • Coeficiente elástico (𝑪𝒑) O coeficiente elástico relaciona as características do material com a fabricação do pinhão e coroa, sendo as duas engrenagens fabricadas em aço, utiliza-se 𝐶𝑝 = 191 conforme a figura abaixo. 𝜎𝐻 = 𝐶𝑝 √ 𝑊𝑡 ∗ 𝐾𝑣 ∗ 𝐾0 ∗ 𝐾𝑚 𝑏 ∗ 𝑑𝑝 ∗ 𝐼 (22) 23 Figura 18 – Coeficiente elástico do material da engrenagem Fonte: Adaptado de SHIGLEY (2011). • Fator geométrico para resistência ao desgaste (𝑰) Também chamado pela AGMA de fator geométrico de resistência ao crateramento, este fator geométrico leva em consideração a influência das características geométricas do par engrenado no desgaste do dentado. A partir da equação abaixo é determinado o fator geométrico 𝐼. Onde: 𝜙𝑡 = Ângulo de pressão transversal; Desta forma, o ângulo de pressão transversal e 𝑚𝐺 são definidos a partir das equações: Onde: 𝜙𝑛 = ângulo normal; 𝜓 = ângulo de hélice. 𝐼 = cos𝜙𝑡𝑠𝑒𝑛𝜙𝑡 2𝑚𝑁 𝑚𝐺 𝑚𝐺 + 1 (23) 𝜙𝑡 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑎𝑛𝑔 𝑡𝑎𝑛𝜙𝑛 𝑐𝑜𝑠𝜓 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑎𝑛𝑔 𝑡𝑎𝑛20° 𝑐𝑜𝑠25° = 21,88° (24) 24 Onde: 𝑍𝐶 = Número dentes da coroa; 𝑍𝑃 = Número dentes do pinhão. As equações para encontrar 𝑚𝑁 e 𝑍, são respectivamente: Onde: 𝑃𝑛 = Passo normal; 𝑎 = Adendo do dente; 𝑟𝑝, 𝑟𝐶 = Raio primitivo do pinhão e da coroa; 𝑟𝑏𝑃, 𝑟𝑏𝐶 = Raio da base do pinhão e da coroa. 𝑎 = 1 8,0074 = 0,125 O raio de base do pinhão e da coroa é a multiplicação do raio primitivo com o cosseno do ângulo de pressão transversal. 𝑟2,4𝑏 = 2,2047 2 ∗ 𝑐𝑜𝑠21,88° = 1,03 𝑖𝑛 𝑟3,5𝑏 = 8,5433 2 ∗ 𝑐𝑜𝑠21,88° = 3,96 𝑖𝑛 𝑚𝐺 = 𝑍𝐶 𝑍𝑃 = 62 16 = 3,875 (25) 𝑚𝑁 = 𝜋 ∗ cos 𝜙𝑛 0,95 ∗ 𝑍 ∗ 𝑃𝑛 (26) 𝑍 = √(𝑟𝑝 + 𝑎) 2 − 𝑟𝑏𝑃 2 + √(𝑟𝐶 + 𝑎)2 − 𝑟𝑏𝐶 2 − (𝑟𝑝 + 𝑟𝐶) ∗ 𝑠𝑒𝑛𝜙𝑡 (27) 𝑎 = 1 𝑃𝑛 (28) 𝑟𝑏 = 𝑟 ∗ 𝑐𝑜𝑠𝜙𝑡 (29) 25 Sabendo o raio de base encontra-se a quantidade Z, necessário para calcular o fator de razão de compartilhamento de carga 𝑚𝑁. 𝑍 = √(1,1023 + 0,125)2 − 1,03² + √(4,2716 + 0,125)2 − 3,96² − (1,1023 + 4,2716) ∗ 𝑠𝑒𝑛21,88° = 0,575 𝑚𝑁 = 𝜋 ∗ cos 20° 0,95 ∗ 0,575 ∗ 8,0074 = 0,675 Então, a partir dos valores destas equações é possível calcular o fator geométrico para resistência ao desgaste 𝐼. 𝐼 = cos 21,88°𝑠𝑒𝑛21,88° 2 ∗ 0,675 3,875 3,875 + 1 = 0,204 • Tensão de contato Após encontrar todos os fatores de correções, pode-se encontrar a tensão de desgaste do dentado para cada engrenagem. 𝜎2 = 𝜎3 = 191√ 2094 ∗ 1,306 ∗ 1 ∗ 1,3 38,1 ∗ 56 ∗ 0,204 = 545,9 𝑀𝑃𝑎 𝜎4 = 𝜎5 = 191√ 7637,8 ∗ 1,1356 ∗ 1 ∗ 1,3 50,8 ∗ 56 ∗ 0,204 = 841,9 𝑀𝑃𝑎 3.3.4 Resistência do Dente à Fadiga de Contato O coeficiente de segurança para o desgaste do dentado é calculado com alguns fatores de correção da tensão de fadiga. Segundo a AGMA para encontrar o coeficiente de segurança para o desgaste do dentado utiliza-se a equação abaixo. Onde: 𝑆𝐶 = Tensão de contato admissível; 𝑍𝑁 = Fator de ciclagem para tensão de contato; 𝐶𝐻 = Fator de razão de dureza para a resistência à formação de cavidades; 𝑆𝐻 = 𝑆𝐶𝑍𝑁𝐶𝐻/(𝐾𝑇𝐾𝑅) 𝜎 (30) 26 Os fatores 𝐾𝑇, 𝐾𝑅 e 𝜎 já foram determinados anteriormente e continuam os mesmos para o coeficiente de segurança devido o desgaste do dentado. • Tensão de contato admissível (𝑺𝑪) A tensão admissível na engrenagem depende de algumas características do material, como o tratamento térmico empregado e sua dureza. A Figura 19 mostra a relação entre a resistência do material em função da dureza. Figura 19 – Resistência ao desgaste para engrenagens endurecidas Fonte: Adaptado de SHIGLEY (2011). No ábaco da figura acima seleciona-se a curva de grau 1, transformando para unidade SI resulta na equação: Onde: 𝐻𝐵 = Dureza do material. Calcula-se a tensão de contato admissível para cada engrenagem com sua devida dureza. 𝑆2𝐶 = 2,22 ∗ 262 + 200 𝑀𝑃𝑎 = 781,64 𝑀𝑃𝑎 𝑆3𝐶 = 2,22 ∗ 255 + 200 𝑀𝑃𝑎 = 766,1 𝑀𝑃𝑎 𝑆𝐶 = 2,22𝐻𝐵 + 200 𝑀𝑃𝑎 (31) 27 𝑆4𝐶 = 2,22 ∗ 627 + 200 𝑀𝑃𝑎 = 1591,94 𝑀𝑃𝑎 𝑆5𝐶 = 2,22 ∗ 555 + 200 𝑀𝑃𝑎 = 1432,1 𝑀𝑃𝑎 • Fator de ciclagem para a tensão de contato (𝒁𝑵) O fator de ciclagem corrige a tensão admissível, parao número de ciclos que cada engrenagem sofrerá. Segundo a AGMA, a Figura 20 é recomendada para encontrar o fator de ciclagem para tensão de contato. Figura 20 – Fator de ciclagem para tensão de contato Fonte: SHIGLEY (2011). Selecionou-se a seguinte equação para determinar o fator de correção para cada engrenagem: Onde: 𝑁 = Número de ciclos. É sabido o número de ciclos de cada engrenagem, portanto, determina-se o fator de ciclagem. 𝑍2𝑁 = 1,4488 (10 8)−0,023 = 0,9484 𝑍3𝑁 = 𝑍4𝑁 = 1,4488 (2,5806 ∗ 10 7)−0,023 = 0,978 𝑍5𝑁 = 1,4488 (6,66 ∗ 10 6)−0,023 = 1,023 𝑍𝑁 = 1,4488 𝑁 −0,023 (32) 28 • Fator de razão de dureza para a resistência à formação de cavidades (𝑪𝑯) Devido o pinhão possuir uma maior ciclagem, sua dureza exige ser maior que a dureza da coroa, e este fator de razão de dureza corrige a tensão de contato levando em conta esta diferença de dureza do par engrenado. Este fator se aplica apenas para a coroa do engrenamento e pode ser determinado pela Figura 21. Figura 21 – Gráfico do fator de razão de dureza Fonte: SHIGLEY (2008). No gráfico da figura acima é utilizada a relação do número de dentes 𝑚𝐺 e da dureza de cada pinhão e coroa do par engrenado, para encontrar o fator de dureza. Tendo em vista que, se a relação de dureza do par engrenado for menor que 1,2 o fator de dureza será igual a 1. Portanto, tem-se: 𝐶3𝐻, 𝐶5𝐻 = 1 • Coeficiente de segurança para tensão de contato (𝑺𝑯) A partir dos fatores encontrados, calcula-se o coeficiente de segurança para tensão de fadiga por contato de cada engrenagem, podendo ser visto nas equações abaixo. 𝑆2𝐻 = 781,19 ∗ 0,9484 ∗ 1/(1 ∗ 0,85) 545,9 = 1,597 𝑆3𝐻 = 766,18 ∗ 0,9784 ∗ 1/(1 ∗ 0,85) 545,9 = 1,68 𝑆4𝐻 = 1591,94 ∗ 0,9784 ∗ 1/(1 ∗ 0,85) 841,9 = 2,18 29 𝑆5𝐻 = 1432,42 ∗ 1,023 ∗ 1/(1 ∗ 0,85) 841,9 = 2,047 A AGMA recomenda a comparação entre o coeficiente de segurança da tensão flexional com a tensão de desgaste do dentado a fim de certificar a natureza e a severidade da ameaça de perda de função. O coeficiente de segurança de desgaste deve- se ser elevado ao expoente de grau 2 para linearizar com a relação da carga que está sendo transmitida. Desta forma, segue na Tabela 6 a relação dos coeficientes de segurança para 𝑆𝑓 e 𝑆𝐻. Tabela 6 – Comparação entre os fatores de segurança Fonte: Acervo próprio (2018). 3.4 Dimensionamento das árvores Eixos rotativos ou árvores são elementos são elementos mecânicos utilizados para transmissão de rotação e torque de um ponto para outro. As cargas atuantes sobre esses elementos podem ser de dois tipos: torção devido ao torque transmitido, e flexão devido as cargas transversais em engrenagem. Para o dimensionamento das árvores serão analisados os seguintes esforços: deflexão e rigidez, tensão e resistência. Sendo que para deflexão e rigidez serão avaliadas a deflexão torcional, flexional e de cisalhamento, decorrentes dos esforços transversais produzidas pelos mancais e demais componentes suportados pelo eixo. Para um melhor detalhamento do dimensionamento das árvores, foi utilizada uma sequência de interações seguindo alguns passos, onde estes são detalhados na sequência. 1º - Cálculo das reações em cada árvore, determinando os componentes 𝑊𝑎,𝑊𝑟 𝑒 𝑊𝑡 através das seguintes Equações 7, 9 e 10: 2º - Construção dos diagramas de momento fletor e torçor para cada árvore. Engrenagem N2 4,156 2,54 N3 5,68 2,82 N4 3,318 4,75 N5 3,781 4,16 Comparação e 𝑆𝑓 𝑆𝑓 𝑆𝐻² 𝑆𝐻 30 3º - Utilizando o critério de Goodman/Von Misses (Equação 33), é realizado um pré-dimensionamento para o diâmetro mínimo da seção onde atuam os momentos fletor e torçor de maior magnitude em cada árvore. Onde: Onde: 𝑑′ – Menor diâmetro da árvore [mm]; 𝑛 – Coeficiente de segurança = 2; 𝑆𝑒 – Limite de fadiga = 0,5 * 𝑆𝑢𝑡 (para esta primeira iteração); 𝐾𝑓 – Fator de concentração de tensão de fadiga para flexão; 𝐾𝑓𝑠 – Fator de concentração de tensão de fadiga para torção; 𝑀𝑚 – Momento fletor médio [Nm]; 𝑀𝑎 – Momento fletor de amplitude [Nm]; 𝑇𝑚 – Momento torçor médio [Nm]; 𝑇𝑎 – Momento torçor de amplitude [Nm]. 4º - Através do diâmetro mínimo encontrado no passo 3, é encontrado a resistência do material corrigida para fadiga (𝑆𝑒), através da Equação 36. Onde: 𝐾𝑎 – Fator de superfície, encontrado através da Equação 37 e a tabela ilustrada na Figura 37. 𝑑′ = [ 16. 𝑛 𝜋 . ( 𝐴 𝑆𝑒 + 𝐵 𝑆𝑢𝑡 ) ] 1 3 (33) 𝐴 = √4(𝐾𝑓 . 𝑀𝑎) 2 + 3(𝐾𝑓𝑠. 𝑇𝑎) 2 (34) 𝐵 = √4(𝐾𝑓 . 𝑀𝑚) 2 + 3(𝐾𝑓𝑠. 𝑇𝑚) 2 (35) 𝑆𝑒 = 𝐾𝑎. 𝐾𝑏 . 𝐾𝑐 . 𝐾𝑑. 𝐾𝑒 . 𝑆𝑒′ (36) 31 Figura 22 – Fator de acabamento superficial Fonte: Adaptado de SHIGLEY (2011). 𝐾𝑏 – Fator de tamanho, encontrado através da Equação 38, que é válida para 2,79 ≤ d ≤ 51 mm. d – Diâmetro da árvore [mm]. 𝐾𝑐 – Fator de carga, onde 𝐾𝑐 = 1 para esforços combinados. 𝐾𝑑 – Fator de temperatura, onde 𝐾𝑑 = 1 para temperatura ambiente. 𝐾𝑒 – Fator de confiabilidade, onde 𝐾𝑒 = 0,814 para 99% de confiabilidade, ilustrado na Figura 23. Figura 23 – Fator de confiabilidade Fonte: Adaptado de SHIGLEY (2011). 𝑆𝑒′ - Limite de fadiga para flexão rotativa [MPa], encontrado através da Equação 39. 𝐾𝑎 = 𝑎. 𝑆𝑢𝑡 𝑏 (37) 𝐾𝑏 = 1,24. 𝑑 −0,107 (38) 𝑆𝑒 = 0,5. 𝑆𝑢𝑡 (39) 32 5º - Determinação dos demais diâmetros da árvore através do dimensionamento dos mancais, chavetas e anéis de retenção. 3.4.1 Dimensionamento Árvore 1 O diagrama de corpo livre é ilustrado na Figura 24, contendo todas as reações na árvore 1. Figura 24 – Diagrama de corpo livre da árvore 1 Fonte: Acervo próprio (2018). A Figura 25 apresenta os esforços e o diagrama de momento fletor na árvore 1. Figura 25 – Diagrama de momento fletor na árvore 1 plano x-y Fonte: Acervo próprio (2018). A Figura 26 apresenta os esforços e o diagrama de momento fletor da árvore 1 no plano x-z. 33 Figura 26 – Diagrama de momento fletor no plano x-z da árvore 1 Fonte: Acervo próprio (2018). A Figura 27 apresenta o diagrama de momento torçor da árvore 1. Figura 27 – Diagrama de momento torçor na árvore 1 Fonte: Acervo próprio (2018). O eixo foi dividido em 6 seções para verificar em qual delas possui o maior esforço de momento resultante. O momento de amplitude resultante é encontrado através da Equação 40. Os resultados de momento resultante e torque médio de cada seção são apresentados na Tabela 7. 𝑀𝑎 = √(𝑀𝑥𝑦)2 + (𝑀𝑥𝑧)2 (40) 34 Tabela 7 – Resultados dos momentos e torque da árvore 1 Fonte: Acervo próprio (2018). É possível visualizar que a seção 3 da árvore 1 apresenta os maiores esforços, esses valores serão utilizados para a primeira interação a fim de encontrar o diâmetro mínimo da árvore 1. O material utilizado para a árvore 1 é um aço SAE 1060 laminado, com Sut = 815 MPa e Sy = 485 MPa. Utilizando a Equação 33 encontra-se os seguintes resultados: Tabela 8 – Resultados para primeira iteração na árvore 1 Fonte: Acervo próprio (2018). Com esse diâmetro mínimo encontrado é calculado a resistência do material corrigida para fadiga (𝑆𝑒), bem como o diâmetro corrigido para a árvore 1. Os resultados são apresentados na Tabela 9. Tabela 9 – Resultado final para diâmetro da árvore 1 Fonte: Acervo próprio(2018). 3.4.2 Dimensionamento Árvore 2 O diagrama de corpo livre da árvore 2 é ilustrado na Figura 28, contendo todas as reações. Seção Ma [Nm] Tm [Nm] 1 6,2827 58,63 2 14,6517 58,63 3 45,985 58,63 4 18,663 0 5 13,33 0 6 7,957 0 Ma [Nm] Tm [Nm] d1' [mm] 2,14 3 45,985 58,63 20,58 𝑲 𝑲 Ka Kb Kc Kd Ke Se' [MPa] Se [MPa] d1 [mm] 0,7633 0,8971 1 1 0,814 407,5 227,137 23,3 35 Figura 28 – Diagrama de corpo livre da árvore 2 Fonte: Acervo próprio (2018). A Figura 29 apresenta os esforços e o diagrama de momento fletor na árvore 2 no plano x-y. Figura 29 – Diagrama de momento fletor na árvore 2 plano x-y Fonte: Acervo próprio (2018). A Figura 30 apresenta os esforços e o diagrama de momento fletor da árvore 2 no plano x-z. 36 Figura 30 – Diagrama de momento fletor no plano x-z da árvore 2 Fonte: Acervo próprio (2018). A Figura 31 apresenta o diagrama de momento torçor da árvore 2. Figura 31 – Diagrama de momento torçor na árvore 2 Fonte: Acervo próprio (2018). O eixo foi dividido em 8 seções para verificar em qual delas possui o maior esforço de momento resultante. O momento de amplitude resultante é encontrado através da Equação 40. Os resultados de momento resultante e torque médio de cada seção são apresentados na Tabela 10. 37 Tabela 10 – Resultados dos momentos e torque na árvore 2 Fonte: Acervo próprio (2018). É possível visualizar que a seção 6 da árvore 2 apresenta os maiores esforços, esses valores serão utilizados para a primeira interação a fim de encontrar o diâmetro mínimo da árvore 2. O material utilizado para a árvore 2 é um aço SAE 4140 revenido a 315ºC, com Sut = 1551 MPa e Sy = 1434 MPa. Utilizando a Equação 33 encontra-se os seguintes resultados: Tabela 11 – Resultados para primeira iteração na árvore 2 Fonte: Acervo próprio (2018). Com esse diâmetro mínimo encontrado é calculado a resistência do material corrigida para fadiga (𝑆𝑒), bem como o diâmetro corrigido para a árvore 2. Os resultados são apresentados na Tabela 12. Tabela 12 – Resultado final para diâmetro da árvore 2 Fonte: Acervo próprio (2018). 3.4.3 Dimensionamento Árvore 3 O diagrama de corpo livre da árvore 3 é ilustrado na Figura 32, contendo todas as reações. Seção Ma [Nm] Tm [Nm] 1 8,893 0 2 20,734 0 3 57,631 227,109 4 68,247 - 5 169,524 - 6 260,051 213,864 7 82,7 0 8 35,44 0 Ma [Nm] Tm [Nm] d2' [mm] 2,14 3 260,051 213,864 28,17 𝑲 𝑲 Ka Kb Kc Kd Ke Se' [MPa] Se [MPa] d2 [mm] 0,6436 0,8677 1 1 0,814 775,5 352,56 34,17 38 Figura 32 – Diagrama de corpo livre da árvore 3 Fonte: Acervo próprio (2018). A Figura 33 apresenta os esforços e o diagrama de momento fletor na árvore 3 no plano x-y. Figura 33 – Diagrama de momento fletor na árvore 3 plano x-y Fonte: Acervo próprio (2018). A Figura 34 apresenta os esforços e o diagrama de momento fletor da árvore 3 no plano x-z. 39 Figura 34 – Diagrama de momento fletor no plano x-z da árvore 3 Fonte: Acervo próprio (2018). A Figura 35 apresenta o diagrama de momento torçor da árvore 3. Figura 35 – Diagrama de momento torçor na árvore 2 Fonte: Acervo próprio (2018). O eixo foi dividido em 6 seções para verificar em qual delas possui o maior esforço de momento resultante. O momento de amplitude resultante é encontrado através da Equação 40. Os resultados de momento resultante e torque médio de cada seção são apresentados na Tabela 13. 40 Tabela 13 – Resultados dos momentos e torque da árvore 3 Fonte: Acervo próprio (2018). É possível visualizar que a seção 4 da árvore 3 apresenta os maiores esforços, esses valores serão utilizados para a primeira interação a fim de encontrar o diâmetro mínimo da árvore 3. O material utilizado para a árvore 3 é um aço SAE 4140 revenido a 315ºC, com Sut = 1551 MPa e Sy = 1434 MPa. Utilizando a Equação 33 encontra-se os seguintes resultados: Tabela 14 – Resultados para primeira iteração árvore 3 Fonte: Acervo próprio (2018). Com esse diâmetro mínimo encontrado é calculado a resistência do material corrigida para fadiga (𝑆𝑒), bem como o diâmetro corrigido para a árvore 3. Os resultados são apresentados na Tabela 15. Tabela 15 – Resultado final para diâmetro da árvore 2 Fonte: Acervo próprio (2018). Para que as árvores fiquem com um diâmetro mínimo mais fácil de trabalhar, e se encaixe em diâmetros mais adequados para fabricação, foram adotados os seguintes valores para cada árvore. Tabela 16 – Diâmetros finais para as árvores Fonte: Acervo próprio (2018). Seção Ma [Nm] Tm [Nm] 1 42,2949 0 2 70,4914 0 3 98,696 0 4 209,886 828,723 5 66,7848 828,723 6 28,6212 828,723 Ma [Nm] Tm [Nm] d3' [mm] 2,14 3 209,886 828,723 34,22 𝑲 𝑲 Ka Kb Kc Kd Ke Se' [MPa] Se [MPa] d3 [mm] 0,6436 0,8496 1 1 0,814 775,5 345,204 37,98 d min [mm] Árvore 1 25 Árvore 2 35 Árvore 3 40 41 3.5 Dimensionamento das Chavetas O acoplamento das engrenagens nos eixos é realizado através de chavetas, estas são construídas de acordo com o diâmetro do eixo. A seção transversal da chaveta e seu respectivo rasgo são definidos através da norma DIN 6885/1. A Figura 36 apresenta as características dimensionais das chavetas. Figura 36 – Características dimensionais das chavetas Fonte: Adaptado de DIN 6885/1 (2018). Para o dimensionamento das chavetas, utiliza-se os momentos torçores encontrados em cada árvore, para assim determinar a força na superfície do eixo, através da Equação 41. Onde: 𝐹 – Força na superfície da árvore [N]; 𝑇 – Momento torçor atuante na região da chaveta na árvore [Nm]; 𝑟 – Raio do eixo [m]. O comprimento da chaveta deve ser obtido considerando a resistência ao cisalhamento e para a resistência ao esmagamento, seguindo as Equações 42 e 43, respectivamente. 𝐹 = 𝑇 𝑟 (41) 𝑙𝑐𝑖𝑠𝑎𝑙ℎ𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = 𝐹. 𝑛 𝑆𝑠𝑦. 𝑡 (42) 42 Onde: 𝑙𝑐𝑖𝑠𝑎𝑙ℎ𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 – Comprimento da chaveta para esforço cisalhante [mm]; 𝑆𝑠𝑦 – Tensão de escoamento do material para cisalhamento [MPa]; 𝑡 – Largura da chaveta [mm]. Onde: 𝑙𝑒𝑠𝑚𝑎𝑔𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 – Comprimento da chaveta para esforço de esmagamento [mm]; 𝑆𝑦 – Tensão de escoamento do material [MPa]. Para determinar a tensão de escoamento cisalhante do material é utilizada a Equação 44, seguindo a teoria da distorção máxima. 3.5.1 Dimensionamento das Chavetas na Árvore 1 Na Figura 37 é possível visualizar a localização das duas chavetas existentes na árvore 1. Figura 37 – Posicionamento das chavetas 1 e 2 na árvore 1 Fonte: Acervo próprio (2018). As chavetas serão fabricadas com aço SAE 1030 laminado, com tensão de escoamento 𝑆𝑆𝑦 = 345 MPa. As propriedades mecânicas do aço SAE 1030 estão expostas na Figura 38. 𝑙𝑒𝑠𝑚𝑎𝑔𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = 2. 𝐹. 𝑛 𝑆𝑦. 𝑡 (43) 𝑆𝑠𝑦 = 0,577. 𝑆𝑦 (44) 43 Figura 38 – Propriedades mecânicas do aço SAE 1030 Fonte: Adaptado de GERDAU (2018). A partir dos diâmetros do eixo nas seções onde contém chavetas, é feita a seleção da mesma na tabela da DIN 6885/1. A seção do eixo para a chaveta 1 possui diâmetro igual a 25 mm, já a seção para a chaveta 2 possui diâmetro igual a 35 mm. A Figura 39 apresenta as dimensões para a chaveta 1 (linha vermelha) e para a chaveta 2 (linha azul). Figura 39 – Seleção das chavetas para a árvore 1 Fonte: Adaptado de DIN 6885/1(2018). Através dos esforços de momento torçor em cada seção da árvore 1, calcula-se a força que atua sobre cada chaveta usando a Equação 41. 𝐹1 = 58,632 0,025 2 = 4690,56 𝑁 𝐹2 = 58,632 0,035 2 = 3350,4 𝑁 Os dados coletados e os resultados encontrados para os comprimentos das chavetas para a árvore 1 estão apresentados na Tabela 17. 44 Tabela 17 - Resultados das chavetas 1 e 2 para a árvore 1 Fonte: Acervo próprio (2018). Sabendo que a largura da engrenagem 2 é 38,1 mm, adotou-se os comprimentos das chavetas como L1 = L2 = 20 mm. Nota-se que estas dimensões atendem às solicitações impostas. 3.5.2 Dimensionamento das Chavetas na Árvore 2 Na Figura 40 é possível visualizar a localização das chavetas na árvore 2. Figura 40 – Posicionamento das chavetas 3 e 4 na árvore 2 Fonte: Acervo próprio (2018). As chavetas serão fabricadas com aço SAE 1030 laminado, com tensão de escoamento 𝑆𝑦 = 345 Mpa. As propriedades mecânicas do aço SAE 1030 estão expostas na Figura 38. Através do diâmetro do eixo nas seções onde as chavetas serão alocadas, são selecionadas as dimensões de largura para as chavetas na tabela da DIN 6885/1, para assim determinar os comprimentos das chavetas. A seção do eixo para a chaveta 3 possui diâmetro igual a 44 mm, já a seção do eixo para a chaveta 4 possui diâmetro igual a 40 mm. A Figura 41 apresenta as dimensões para a chaveta 3 (linha vermelha) e para a chaveta 4 (linha azul). 45 Figura 41 – Seleção das chavetas 3 e 4 para a árvore 2 Fonte: Adaptado de DIN 6885/1 (2018). Através dos esforços de momento torçor em cada seção da árvore 2, calcula-se a força que atua sobre cada chaveta usando a Equação 41. 𝐹3 = 227,109 0,044 2 = 10323,136 𝑁 𝐹4 = 213,864 0,040 2 = 10693,2 𝑁 Os dados e resultados para os comprimentos das chavetas para a árvore 2 estão apresentados na Tabela 18. Tabela 18 - Resultados para as chavetas 3 e 4 da árvore 2 Fonte: Acervo próprio (2018). Por questões de fabricação, adotou-se comprimento para as chavetas 3 e 4 igual a 20 mm. 3.5.3 Dimensionamento das Chavetas na Árvore 3 Na Figura 42 é possível visualizar a localização das chavetas na árvore 3. 46 Figura 42 – Posicionamento das chavetas 5 e 6 na árvore 3 Fonte: Acervo próprio (2018). As chavetas serão fabricadas com aço SAE 1040 laminado, com tensão de escoamento 𝑆𝑦 = 415 Mpa. As propriedades mecânicas do aço SAE 1040 estão expostas na Figura 43. Figura 43 – Propriedades mecânicas aço SAE 1040 Fonte: Adaptado de GERDAU (2018). Através do diâmetro do eixo nas seções onde as chavetas serão alocadas, são selecionadas as dimensões de largura para as chavetas na tabela da DIN 6885/1, para assim determinar os comprimentos das chavetas. A seção do eixo para a chaveta 5 possui diâmetro igual a 45 mm, já a seção do eixo para a chaveta 6 possui diâmetro igual a 40 mm. A Figura 44 apresenta as dimensões para a chaveta 5 (linha vermelha) e para a chaveta 6 (linha azul). Figura 44 – Seleção das chavetas 5 e 6 da árvore 3 Fonte: Adaptado de DIN 6885/1 (2018). Através dos esforços de momento torçor em cada seção da árvore 3, calcula-se a força que atua sobre cada chaveta usando a Equação 41. 47 𝐹5 = 828,723 0,045 2 = 36832,13 𝑁 𝐹6 = 828,723 0,040 2 = 41436,15 𝑁 Os dados e resultados para os comprimentos de chavetas para a árvore 3 estão apresentados na Tabela 19. Tabela 19 - Resultados para as chavetas 5 e 6 da árvore 3 Fonte: Acervo próprio (2018). Adotou-se como comprimento final l = 35 mm para as chavetas 5 e 6. Visto que estas dimensões atendem às solicitações. 3.6 Seleção dos Anéis de Retenção Os anéis de retenção têm a função de evitar os deslocamentos axiais das engrenagens. A seleção é feita através de catálogos, onde através do diâmetro do eixo é escolhido o anel de retenção ideal. A Figura 45 apresenta o catálogo utilizado para a seleção, bem como as demais dimensões dos anéis de retenção, onde d1 é o diâmetro do eixo, d2 é o rebaixo do anel, a espessura do anel é visualizada como “e” no catálogo. 48 Figura 45- Catálogo para seleção dos anéis de retenção Fonte: Adaptado de catálogo AÇO FORMA, Grupo 501 (2018). Para a árvore 1, com diâmetro igual a 35 mm na seção da engrenagem 2, foi selecionado o anel de retenção 1, com o seguinte código no catálogo acima: 501 035. Onde d2 = 33 mm, e = 1,5 mm. Na Figura 46, é visualizado a posição do anel de retenção na árvore 1. Figura 46 - Localização do anel de retenção na árvore 1 Fonte: Acervo próprio (2018). Para a árvore 2, na seção onde está a engrenagem 3 o diâmetro é igual a 44 mm, o anel de retenção 2 foi selecionado, possui o seguinte código no catálogo da Figura 45: 501 044. Com d2 = 41,5 mm, e = 1,75 mm. Ainda na árvore 2, na seção da engrenagem 4, o diâmetro do eixo é igual a 40 mm. O anel de retenção 3 foi selecionado, possui o seguinte código no catálogo da Figura 45: 501 040. Com d2 = 37,5 mm, e = 1,75 mm. 49 As posições dos anéis de retenção na árvore 2 são visualizadas na Figura 47. Figura 47 – Localização dos anéis de retenção 2 e 3 na árvore 2 Fonte: Acervo próprio (2018). Na árvore 3, a seção onde a engrenagem está inserida possui diâmetro igual a 45 mm. O anel de retenção 4 foi selecionado, possui o seguinte código no catálogo da Figura 45: 501 045. Com d2 = 42,5 mm, e = 1,75 mm. A posição do anel de retenção na árvore 3 é visualizada na Figura 48. Figura 48 – Localização do anel de retenção 4 na árvore 3 Fonte: Acervo próprio (2018). 3.7 Dimensionamento dos Mancais Foram optados por mancais de rolamento, pois os mesmos apresentam menores perdas de torque, de partida e atrito operacional, quando comparados a mancais de deslizamento. Visto a necessidade de garantir o carregamento de esforços radiais e axiais, foi determinado a utilização de mancais de esfera. Observa-se que a caixa está sendo projetada para acionar mecanismos em ambos sentidos de giro, deste modo os mancais serão calculados aos pares, considerando sempre o mancal com maior esforço, deste modo o sistema aguentará rotações nos sentidos horário e anti-horário. A disposição dos mancais está representada na Figura 49. 50 Figura 49 – Posicionamento dos mancais Fonte: Acervo próprio (2018). O dimensionamento dos mancais será feito aos pares, utilizando assim o mesmo mancal para extremidades da árvore em questão, esse método será adotado devido ao fato do projeto considerar sentido de giro horário e anti-horário, uma vez que invertida a direção invertesse também o sentido atuante da força. Os rolamentos escolhidos serão mostrados logo após as considerações das variáveis e apresentação dos cálculos para cada eixo. Considerando que 𝐹𝑟 e 𝐹𝑎 representem os carregamentos radiais e axiais, respectivamente, e que Fe representa o mesmo dano causado pelas cargas radiais e axiais combinadas. O primeiro passo é determinar a carga radial 𝐹𝑟 que atua no eixo Cálculo da carga durante a vida em uso Onde: 𝐿 = É a vida correspondente carga radial ou requerida pela aplicação; 𝐹𝑟 = (𝐹𝑦2 + 𝐹𝑧²)1 2⁄ (45) 𝑋𝑑 = 60 ∗ 𝐿 ∗ 𝑛 𝐿𝑜 (46) 51 𝐿𝑜 = É correspondente a capacidade (no caso 106 ciclos); 𝑛 = Rotação em rpm (rotações por minuto). A caixa de redução está sendo projetada para a indústria, e visa aguentar uma jornada intermitente de trabalho diário, mediante a esta realidade, determinamosuma vida de 30 Kh como mostrado na tabela ilustrada na Figura 50. Que corresponde a maquinário de serviço continuo de 8 horas. Figura 50 - Vida do mancal para classes de maquinário Fonte: Adaptado de SHIGLEY (2011). A seguir utiliza-se a seguinte fórmula para encontrar Fe: Onde: 𝑉 = Fator de rotação onde 𝑉 = 1 quando o anel interno gira e 𝑉 = 1,2 quando o anel externo gira; 𝐹𝑎 = Carga axial; 𝑋𝑖 𝑒 𝑌𝑖 = Fazendo uso da Tabela ilustrada na Figura 51, escolhe-se para a primeira iteração valores intermediários para 𝑋2 e 𝑌2, como ilustrado na mesma Tabela. 𝐹𝑒 = 𝑋𝑖 ∗ 𝑉 ∗ 𝐹𝑟 + 𝑌𝑖 ∗ 𝐹𝑎 (47) 52 Figura 51 - Fatores de carga radial equivalentes para mancais de esfera Fonte: Adaptado de SHIGLEY (2011). Logo os valores encontrados para 𝑋2 e 𝑌2, são 0.59 e 1.63 respectivamente. 3.7.1 Dimensionamento dos Mancais na Árvore 1 Onde: 𝐷 = 25 mm 𝑛 = 1760 rpm Força radial, (Equação 45): 𝐹𝑟 = (663.242 + 10472)1 2⁄ = 1239.39𝑁 Força axial: 𝐹𝑎 = 997 𝑁 Carga durante a vida em uso, (Equação 46): 𝑋𝑑 = 60 ∗ 30000 ∗ 1760 106 = 3168𝑁 Combinando esforço Radial + Axial, (Equação 47): 𝐹𝑒 = (0.56 ∗ 1 ∗ 1239.39) + (1.63 ∗ 997) = 2319.17𝑁 Por intermédio do valor encontrado para 𝐹𝑒 e do diâmetro 𝐷 do eixo, optou-se pelo uso do rolamento da marca SKF modelo 6005-2RSLTN9/HC5C3WT por possuir uma carga dinâmica maior que a encontrada para 𝐹𝑒, e também por possuir diâmetro 53 idêntico ao encontrado ao encontrado para árvore 1, o rolamento também suporta a rotação máxima exigida no eixo. As propriedades e especificações para instalação do rolamento selecionado podem ser observadas na Figura 52. Figura 52 - Especificações técnicas para rolamento modelo 6005 Fonte: Adaptado catálogo online da SKF (2018). 3.7.2 Dimensionamento dos Mancais na Árvore 2 Onde: 𝐷 = 35mm 𝑛 = 454.18 rpm Força radial, (Equação 45): 𝐹𝑟 = (6158.522 + 1515.22)1 2⁄ = 6342.17𝑁 Força axial: 𝐹𝑎 = 2565 𝑁 Carga durante a vida em uso, (Equação 46): 𝑋𝑑 = 60 ∗ 30000 ∗ 454.18 106 = 817.542𝑁 Combinando esforço Radial + Axial, (Equação 47): 𝐹𝑒 = (0.56 ∗ 1 ∗ 6342.17) + (1.63 ∗ 2565) = 7732.56𝑁 54 Por intermédio do valor encontrado para 𝐹𝑒 e do diâmetro 𝐷 do eixo, optou-se pelo uso do rolamento da marca SKF modelo 6007-2RZTN9/HC5C3WT por possuir uma carga dinâmica maior que a encontrada para 𝐹𝑒, e também por possuir diâmetro idêntico ao encontrado ao encontrado para árvore 2, o rolamento também suporta a rotação exigida no eixo. As propriedades e especificações para instalação do rolamento selecionado podem ser observadas na Figura 53. Figura 53 - Especificações técnicas para rolamento modelo 6007 Fonte: Adaptado catálogo online da SKF (2018). 3.7.3 Dimensionamento dos Mancais na Árvore 3 Onde: 𝐷 = 45mm 𝑛 = 117.21 rpm Força radial, (Equação 45): 𝐹𝑟 = (38192 + 41102)1 2⁄ = 5610.42 𝑁 Força axial: 𝐹𝑎 = 3562 𝑁 Carga durante a vida em uso, (Equação 46): 𝑋𝑑 = 60 ∗ 30000 ∗ 117.21 106 = 210.98 𝑁 Combinando esforço Radial + Axial, (Equação 47): 55 𝐹𝑒 = (0.56 ∗ 1 ∗ 5610.42) + (1.63 ∗ 3562) = 8947.9 𝑁 Por intermédio do valor encontrado para 𝐹𝑒 e do diâmetro 𝐷 do eixo, optou-se pelo uso do rolamento da marca SKF modelo 6008-2RZTN9/HC5C3WT por possuir uma carga dinâmica maior que a encontrada para 𝐹𝑒, e também por possuir diâmetro idêntico ao encontrado para árvore 3, o rolamento também suporta a rotação exigida no eixo. As propriedades e especificações para instalação do rolamento selecionado podem ser observadas na Figura 54. Figura 54 - Especificações técnicas para o rolamento modelo 6008 Fonte: Adaptado catálogo online da SKF (2018). Os rolamentos rígidos de esferas híbridas foram os selecionados conforme o catálogo do fabricante, como mostrado acima. Estes rolamentos são adequados para suportar cargas radiais e axiais devido os canais das esferas serem bem próximas, dispensam de manutenção e são apropriados para altas velocidades. 3.8 Dimensionamento da Carcaça da Caixa de Redução As dimensões da caixa foram determinadas partir dos componentes já existentes, sempre visando um projeto compacto e funcional, o modelo de carcaça adotado é composto por duas partes independentes, o que facilita a montagem e a manutenção do equipamento. As dimensões adotadas podem ser visualizadas na Figura 55. 56 Figura 55 – Dimensões da caixa em milímetros Fonte: Acervo do Autor (2018). A geometria da caixa pode ser observada na Figura 56. Figura 56: Modelo concebido para o projeto Fonte: Acervo próprio (2018). O conjunto ainda conta com duas tampas identicas para vedação de fluido nos acoplamentos da árvore 2, Figura 57. A mesma é fixada na caixa por 10 parafusos dispostos igualmente no perímetro do tampa, o número de parafusos foi estipulado com a intenção de proporcionar a maior vedação possível. Os parafusos utilizados são M3x8, e foram escolhidos pela normativa DIN 7991, que são para parafusos allen com cabeça 57 chata e chanfrados em 45º, esse modelo foi escolhido baseado no design da caixa, de modo que não fiquem salientes quando posicionados na superfície lateral. Figura 57 – Tampa para vedação Fonte: Acervo próprio (2018). Através do software SOLIDWORKS, foi possível realizar simulações numéricas para determinar as tensões atuantes na carcaça, o deslocamento provocado, e também as propriedades de massa do conjunto. • Análise de Tensões e Deformações A Figura 58 mostra os resultados obtidos para a metade inferior da caixa, a qual suporta os maiores esforções devido aos fixadores. Figura 58 – Máxima tensão pelo critério de Von Mises Fonte: Acervo próprio (2018). A Figura 59 mostra as máximas tensões para a tampa da caixa. 58 Figura 59 – Máxima tensão por Von Mises Fonte: Acervo próprio (2018). Analisando as tensões verifica-se que a máxima tensão enfrentada pela caixa é de aproximadamente 36 MPa e de 61 MPa para a tampa, viabilizando assim a escolha do material. Uma estrutura que mantem inúmeros componentes moveis para um funcionamento com precisão, necessita ser rígida para assegurar uma boa desenvoltura do sistema. Portanto, também foram analisadas por simulação numérica, as deformações máximas decorrentes do processo, como observado na Figura 60 para o corpo da caixa e na Figura 61 para a tampa. Figura 60: Máxima Deformação Fonte: Acervo próprio (2018). 59 Figura 61 – Máxima deformação da tampa Fonte: Acervo próprio (2018). Analisando as simulações constata-se que o material utilizado para a estrutura, não apresenta risco de deformações significantes para o projeto, apresentando uma possível deformação máxima inferior a 0,01 mm para o corpo da caixa que é mais solicitado, e inferior a 0,1 mm para a tampa. • Material utilizado e Coeficientes de Segurança. Visando um baixo custo e facilidade de fabricação, seguindo um padrão de ligas de alumínio são analisados os seguintes materiais (Figura 62). Figura 62 – Propriedade mecânica de algumas liga de alumínio fundido Fonte: Adaptado de SHIGLEY (2011). Optou-se pela seleção do da liga de alumínio fundido 319, que é bastante utilizado para este tipo de processo. O material apresenta módulo de elasticidade de 165 MPa, adequando-se bem aos esforços impostos no projeto. 60 A partir dos dados obtidos pela simulação numérica e propriedades do material
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