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Lei de Ohm Aline Werner – Turma 315_10 Laboratório de Física III – Departamento de Física Universidade Federal de Santa Maria e-mail: alinew10@gmail.com Resumo. Este experimento tem como objetivo estudar a lei de Ohm, a qual estabelece uma relação entre a voltagem, a corrente e a resistência. A resistência, capacidade de um corpo em se opor à passagem de uma corrente elétrica, é introduzida em um circuito por meio de um componente chamado de resistor. Através dos métodos empregados, será possível entender melhor a relação entre a resistência e o comprimento e área de um fio condutor, a lei de Ohm em sua forma macroscópica e o funcionamento dos resistores quando associados em série ou em paralelo. Além disso, será possível aprender a diferença entre resistores ôhmicos e não ôhmicos e calcular a resistividade elétrica de alguns materiais. Palavras chave: resistência, resistividade, corrente, tensão, resistor. Introdução Este trabalho tem como objetivo descrever as atividades realizadas em aula experimental de Física III a respeito da Lei de Ohm. A resistência elétrica é a capacidade de se opor à passagem de corrente elétrica. A resistência entre dois pontos é medida aplicando-se uma diferença de potencial V entre eles e medindo-se a corrente I resultante. Sendo assim, a resistência é dada pela seguinte relação, conhecida como Lei de Ohm: 𝑉 = 𝑅𝐼 (1) A unidade da resistência no Sistema Internacional de Unidades é o Ohm (Ω) e o dispositivo utilizado para introduzir uma resistência em um circuito é chamado de resistor.[1] A resistividade elétrica ρ de um material é uma medida da sua oposição ao fluxo de corrente eléctrica. Enquanto a resistência é uma propriedade de um componente, a resistividade é uma propriedade intrínseca de um material. A resistência R de um fio de comprimento l e área da seção transversal A, feito de um material de resistividade ρ, é dada por:[1] 𝑅 = 𝜌 𝑙 𝐴 (2) Os resistores podem ser divididos em dois tipos: ôhmicos e não ôhmicos. Os resistores ôhmicos são aqueles que obedecem à lei de Ohm, ou seja, o valor da resistência independe da tensão e da corrente e a relação entre a tensão e a corrente é linear. Os resistores não ôhmicos, por outro lado, não respeitam a lei de Ohm, e nesse caso a relação entre a tensão e a corrente é não linear. Os resistores comerciais podem ser classificados em fixos ou variáveis. Quanto aos resistores fixos, os principais tipos são os resistores de filme e os resistores de fio. No caso dos resistores de filme, como o mostrado na figura a seguir, os fabricantes fornecem valores nominais de resistência e sua tolerância devido ao processo de fabricação. Esses valores são impressos no resistor por meio de anéis coloridos baseados em um código de cores. Figura 1: Exemplo de resistor de filme Os resistores podem ser associados, em um circuito, em série ou em paralelo. Quando associados em série, a resistência total é dada por: 𝑅𝑇 = 𝑅1 + 𝑅2 + ⋯ + 𝑅𝑛 Quando associados em paralelo, por outro lado, a resistência total é dada por: 1 𝑅𝑇 = 1 𝑅1 + 1 𝑅2 + ⋯ + 1 𝑅𝑛 Procedimento Experimental Na primeira parte do experimento, foi utilizada uma placa de resistores semelhante à mostrada na figura abaixo. A placa conta com quatro resistores fixos, dos quais três são no formato de fios de níquel- cromo, com três diâmetros diferentes: 0,360mm; 0,510mm e 0,720mm; e um no formato de um fio de ferro de 0,510mm de diâmetro. Figura 2: Placa de resistores Além da placa, foram utilizados um multímetro na função de ohmímetro e fios conectores. Para cada diâmetro e material de fio, foi medida a resistência para os comprimentos de 0,20m; 0,40m; 0,60m; 0,80m e 1,00m. Os resultados das medições podem ser vistos na tabela abaixo. Em seguida, os pontos (l, R) encontrados foram plotados no software Geogebra. Para cada caso, foi utilizada a ferramenta de regressão linear para encontrar a reta que melhor se ajustava aos pontos. Os gráficos encontrados para os três fios de níquel- cromo e para o fio de ferro podem ser vistos abaixo. Figura 3: Gráficos 𝑙 × 𝑅, da direita para a esquerda, dos fios de níquel-cromo de 0,360mm; 0,510mm e 0,720mm de diâmetro Figura 4: Gráfico 𝑙 × 𝑅 do fio de ferro As retas encontradas para o fio de níquel-cromo, para os diâmetros de 0,360mm; 0,510mm e 0,720mm foram, respectivamente: 𝑅 = 11l + 0,54, 𝑅 = 5,65l + 0,45 e 𝑅 = 2,7l + 0,48. Já para o fio de ferro, foi encontrada a reta 𝑅 = 0,975l + 0,535. Comparando as retas encontradas com a equação (2), percebe-se que o termo que acompanha o l, ou seja, o coeficiente angular a das retas, corresponde à resistividade ρ dividida pela área A do fio ou, rearranjando os termos: ρ = aA Sendo assim, foram calculadas as áreas da seção transversal de cada fio e substituídas, juntamente com seu respectivo coeficiente angular, na relação acima. As resistividades encontradas para os fios de níquel-cromo foram 0,909 × 10−610−6Ω𝑚2/ 𝑚𝑚, 1,0735 × 10−610−6Ω𝑚2/𝑚𝑚 e 1,026 × 10−610−6Ω𝑚2/𝑚𝑚. Como os fios são do mesmo material, calculou-se a média das resistividades. Assim, a resistividade encontrada para o material níquel-cromo foi de 1,0028 × 10−6Ω𝑚2/𝑚𝑚. Já para o ferro, a resistividade encontrada foi de 1,8525 × 10−7Ω𝑚2/𝑚𝑚. Depois, foram plotados no Geogebra os pontos (R, 1/A), com base nos dados da tabela abaixo, onde R é a resistência medida para todos os fios de níquel- cromo no comprimento de l = 1,00m. O gráfico obtido foi o seguinte: Figura 5: Gráfico 𝑅 × 1/𝐴 dos fios de níquel- cromo A reta encontrada com a utilização da ferramenta de regressão linear foi 𝑅 = 1,0165 × 106 1 𝐴 − 0,74641 × 106. Comparando a reta encontrada com a equação (2), percebe-se que o termo que acompanha 1/A, ou seja, o coeficiente angular a da reta, corresponde à resistividade ρ multiplicada pelo comprimento l do fio ou, rearranjando os termos: ρ = 𝑎 𝑙 Sendo assim, a resistividade do níquel-cromo foi calculada novamente, e o valor obtido foi de 1,0165 × 10−6Ω𝑚2/𝑚𝑚. Na segunda parte do experimento, foram utilizados uma protoboard, uma fonte de tensão, um voltímetro, um amperímetro, um resistor, um LED (Light Emitting Diode), um diodo e um LDR (Light Dependent Resistor). Primeiramente, o resistor foi colocado na protoboard e conectado ao voltímetro, ao amperímetro e à fonte de tensão. Em seguida, foi variando-se a tensão da fonte e medindo-se a tensão com o voltímetro e a corrente com o amperímetro. Os valores obtidos foram anotados em uma tabela. O mesmo procedimento foi realizado para o LED, o diodo e o LDR. A tabela com todos os dados pode ser vista abaixo: Em seguida, foram plotados os pontos (I, V) encontrados para o resistor no software Geogebra e, com o auxílio da ferramenta de regressão linear, encontrada a reta que melhor se adaptava aos pontos. O gráfico obtido foi o seguinte: Figura 6: Gráfico 𝐼 × 𝑉 do resistor A reta encontrada foi V = 0.9829I + 0.0202. Comparando-a com a equação (1), percebe-se que o coeficiente angular da reta, ou seja, o valor que acompanha I, corresponde ao valor da resistência, ou seja, a resistência do resistor é de 0.9829Ω. Também foram plotados os gráficos I × V do LED e do diodo, os quais são mostrados nas figuras a seguir:Figura 7: Gráfico 𝐼 × 𝑉 do LED Figura 8: Gráfico 𝐼 × 𝑉 do diodo A partir dos gráficos acima, foi possível perceber que a tensão no LED e no diodo não apresentam uma relação linear com a corrente, e então não foi feita uma regressão linear. Por fim, foram plotados os pontos (I, V) do LDR. O gráfico obtido é mostrado abaixo: Figura 9: Gráfico 𝐼 × 𝑉 do LDR A reta obtida com a regressão linear para o LDR foi 𝑉 = 9.75𝐼 + 0.535. Sendo assim, a resistência no LDR era de 9.75Ω. Na terceira parte do experimento, foram utilizados uma protoboard, três resistores de 1Ω, uma fonte de tensão, um voltímetro e um amperímetro. Primeiramente, foi montado um circuito com os três resistores em série, conectando as extremidades do primeiro e do último resistor à fonte de tensão. Com o voltímetro e o amperímetro, foram medidas as tensões e correntes nos três resistores. Os valores foram anotados em uma tabela. Em seguida, o mesmo procedimento foi repetido para um circuito com os três resistores em paralelo. Por fim, foi calculada a potência em cada um dos casos, a qual também foi anotada na tabela. A tabela resultante foi a seguinte: Figura 10: Circuito em série Figura 11: Circuito em paralelo Resultados e Discussão Na primeira parte do experimento, foram encontradas as resistividades do níquel-cromo e do ferro. Comparando-as com as resistividades encontradas em algumas tabelas[2], é possível perceber que o resultado encontrado para o níquel- cromo está bastante semelhante, porém o do ferro apresentou certa diferença. As diferenças encontradas podem estar relacionadas a erros de medição e de precisão e às condições do ohmímetro e da placa de resistores, a qual poderia estar levemente desregulada devido a várias utilizações anteriores. Na segunda parte do experimento, foram medidos valores de corrente e sua respectiva tensão para quatro componentes distintos. Para o resistor, verificou-se uma relação linear entre a corrente e a tensão, mostrando que este era um resistor ôhmico. Dessa forma, por meio de uma regressão linear, foi possível encontrar a sua resistência, a qual estava de acordo com a resistência esperada para o resistor comercial utilizado. Já para o LED e o diodo, não se encontrou uma reta, mas sim uma curva característica de material não ôhmico. Por fim, para o LDR, encontrou-se uma reta e, sendo assim, foi possível encontrar a sua resistência, que também estava de acordo com o esperado. Na última parte do experimento, foram montados circuitos em série e em paralelo, utilizando-se três resistores, e medidos os valores da tensão e corrente em cada um deles. Para o circuito em série, como esperado, foi encontrada a mesma corrente em todos os resistores. Como todos possuíam resistência de 1Ω, esperava-se que a tensão em todos também fosse igual, mas ela apresentou uma certa diferença. Essa diferença, porém, é justificável, pois está associada à tolerância estipulada para a resistência. Para o circuito em paralelo, foram encontradas tensões e correntes semelhantes em todos os resistores, com pequenas diferenças também devido à tolerância. Conclusão A partir dos procedimentos realizados em aula, foi possível obter um maior entendimento a respeito da lei de Ohm, tanto em sua forma microscópica quanto macroscópica. Dessa forma, foi possível compreender a relação entre a resistência e o comprimento e a resistência e a área da seção transversal de um resistor, bem como aprender a diferença entre um resistor ôhmico e não ôhmico, com base nas relações entre a sua corrente e sua tensão. Por fim, foi possível visualizar de forma prática os efeitos que uma associação de resistores em série e em paralelo possuem sobre a corrente e a tensão do circuito. Referências [1] D. Halliday, R. Resnick, J. Walker, “Fundamentos de física, volume 3: eletromagnetismo”. LTC (2006). [2] “Resistividade Elétrica”. Disponível em: <http://lilith.fisica.ufmg.br/~labexp/novosite/Resisti vidade_eletrica.pdf >. Acesso em: 23 set. 2018.
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