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12 1. INTRODUÇÃO A Lei de Ohm estabelece que, não havendo variação de temperatura, a razão da tensão entre dois pontos e a corrente elétrica de um condutor é constante. Essa constante é chamada de resistência elétrica. Um dispositivo que obedece à essa lei é o resistor, cuja função é controlar a intensidade de corrente elétrica que passa pelos aparelhos usados. Em um circuito é possível organizar conjuntos de resistores interligados, chamada associação de resistores. O comportamento desta associação varia conforme a ligação entre os resistores, sendo seus possíveis tipos: em série, em paralelo e mista. É importante destacar que essa lei nem sempre é válida, ou seja, não se aplica a todos os resistores, pois irá variar de acordo com o material que constituir o resistor. Quando ela é obedecida, o resistor é dito resistor ôhmico ou linear. Quando não, é dito não-ôhmico. A expressão matemática descrita por Simon vale para todos os tipos de condutores, seja para aqueles que atenderem à lei quanto para os que não. Fica claro que o condutor que se submete a esta lei terá sempre o mesmo valor de resistência, não importando o valor da voltagem. E o condutor que não obedece, terá valores de resistência diferentes para cada valor de voltagem aplicada sobre ele. 2. OBJETIVO O objetivo do experimento consiste em verificar a validade da Lei de Ohm para resistências ôhmicas bem como estudar a relação Tensão-Corrente para um elemento de circuito cujo comportamento é não-ôhmico (pequena lâmpada), a partir de gráficos traçados com base em dados experimentais e sua posterior comparação com valores obtidos a partir da equação da Lei de Ohm. 3. INTRODUÇÃO TEÓRICA 3.1. Lei de Ohm A Lei de Ohm, assim designada em homenagem ao seu formulador Georg Simon Ohm, indica que a diferença de potencial (V) entre dois pontos de um condutor é proporcional à corrente elétrica (I): equação (1) Onde R é a resistência do material, uma vez que isso caracteriza a resistência que o elemento oferece à passagem da corrente. No Sistema Internacional de Unidades (SI) a diferença de potencial é dada em volts(V), a resistência em ohms(Ω). e a corrente elétrica em ampères(A). Se obtivermos diversos pares de valores (V, I) medidos no laboratório, a relação linear expressa na equação (1) resultará numa linha reta se representada graficamente na forma V versus I. Para um elemento de circuito não-ôhmico, como o próprio nome sugere, a relação entre V e I não é linear, ou seja, não há um único valor de R e, dessa forma, o gráfico V versus I não será uma linha reta. Para um circuito não-ôhmico, ou seja, que não segue a lei de Ohm, a resistência é variável para cada valor da voltagem e a curva característica não é uma reta. 3.2. Associação de Resistores A associação de resistores é muito comum em vários sistemas, quando queremos alcançar um nível de resistência em que somente um resistor não é suficiente. Qualquer associação de resistores será representado pelo resistor equivalente, que representa a resistência total dos resistores associados. Em uma associação em série de resistores, o resistor equivalente é igual à soma de todos os resistores que compõem a associação, logo a resistência equivalente de uma associação em série sempre será maior que o resistor de maior resistência da associação. Logo, em associação em série temos: · A corrente elétrica que passa em cada resistor da associação é sempre a mesma: ieq = i1 = i2 = i3 = i4 ... · A tensão equivalente é igual à soma de todas as tensões dos resistores: Veq = V1 + V2 + V3 + V4 ... · Como em um circuito com resistências em série a corrente que passa por um resistor é a mesma que passa pelo outro que é igual à corrente total, tem-se: Req = R1 + R2 + R3 + R4 ... (equação 2) Em uma associação em paralelo de resistores, a tensão em todos os resistores é igual, e a soma das correntes que atravessam os resistores é igual à resistência do resistor equivalente. A resistência equivalente de uma associação em paralelo sempre será menor que o resistor de menor resistência da associação. Logo, em associação em paralelo temos: · Tensões iguais: V = V1 = V2 = V3 = V4 ... · Corrente no resistor equivalente é igual à soma das correntes dos resistores: i = i1 + i2 + i3 + i4 ... · A equação que calcula a corrente em um ponto do circuito é: i = V / R , logo V / Req = (V1 / R1) + (V2 / R2) + (V3 / R3) + (V4 / R4) ... · Como toda as tensões são iguais, podemos eliminá-las de todos os termos da equação: 1 / Req = (1 / R1) + (1 / R2) + (1 / R3) + (1 / R4) ... · Quando se trabalha com apenas dois resistores em paralelo, podemos utilizar a equação abaixo: Req = (R1 . R2) / (R1 + R2) (equação 3) Em um mesmo circuito podem ser encontrados resistores em série e resistores em paralelo (associação mista). Para calcular a resistência total do circuito, deve-se primeiro calcular a resistência equivalente dos resistores em paralelo, e em posse desse valor, considerá-lo como se fosse mais um resistor em série. 4. METODOLOGIA 4.2.1. Material utilizado 1. Fonte 12V; 2. Dois multímetros; 3. Placa de suporte contendo uma chave; 4. Dois resistores de resistência nominal 1,0kΩ e 4,7kΩ; 5. Fios conectores; 6. Chave liga-desliga; 7. Pequena lâmpada. 4.2.2. Procedimento experimental O procedimento experimental adotado consiste no seguinte: conectamos os fios à fonte, a um ou dois resistores, ou à lâmpada, bem como aos dois multímetros. Um destes forneceu os valores em V e o outro, em A. Essas conexões se deram por quatro etapas diferentes. Em cada etapa, um multímetro foi utilizado como voltímetro, com escala de 20V colocando-o em paralelo com os resistores ou com a lâmpada (circuito não-ôhmico), e o outro multímetro foi utilizado como amperímetro com escala de 20mA, colocando-o em série com os resistores ou a lâmpada. Após, em cada etapa, as conexões terem sido feitas, a fonte foi ligada a uma tomada de 220 V, e assim, foram anotados dez valores (fornecidos pelos multímetros) de V e de I para diferentes voltagens aplicadas pela fonte, mantendo a corrente da fonte constante e igual a 0,2 A. As quatro etapas diferentes: · Etapa 1: os cabos foram conectados a um resistor de valor nominal 1,0 kΩ, aos dois multímetros e à fonte, formando-se um circuito simples. Usando um multímetro ajustado para medir resistência (como ohmímetro), numa escala de 20,0 kΩ, confirmamos que esse resistor possui resistência de 1,000 kΩ ± 0,008 kΩ. · Etapa 2: os cabos foram conectados em série a um resistor de valor nominal 1,0 kΩ e a um resistor de 4,7 kΩ aos dois multímetros e à fonte. Usando um multímetro ajustado para medir resistência (como ohmímetro), numa escala de 20 kΩ, confirmamos que o resistor de valor nominal 4,7kΩ possui resistência de 4,69 kΩ ± 0,05 kΩ. · Etapa 3: os cabos foram conectados em paralelo a um resistor de 1,0 kΩ e a um resistor de 4,7 kΩ, aos dois multímetros e à fonte. · Etapa 4: os cabos foram conectados a uma lâmpada, aos dois multímetros e à fonte. Em todas as etapas, foram feitas 10 medidas de valores de Tensão e Corrente, usando o Voltímetro e o Amperímetro. 5. RESULTADOS As tabelas que seguem apresentam os valores de V e I obtidos a partir do experimento. Tabela 1: Valores de V, I da Etapa 1 (circuito simples) Escala V(volts) I(mA) 20 20 Medida V(volts) I(mA) 1 1,20 1,21 2 2,39 2,40 3 3,57 3,60 4 4,77 4,80 5 5,96 6,01 6 7,15 7,21 7 8,35 8,41 8 9,52 9,60 9 10,71 10,79 10 11,89 11,99 Tabela 2: Valores de V, I da Etapa 2 (associação em série) Escala V(volts) I(mA) 20 20 Medida V(volts) I(mA) 1 1,20 0,21 2 2,40 0,42 3 3,60 0,63 4 4,80 0,85 5 6,00 1,06 6 7,20 1,27 7 8,40 1,48 8 9,60 1,70 9 10,80 1,91 10 12,00 2,12 Tabela 3: Valores de V, I da Etapa 3 (associação em paralelo). Escala V(volts) I(mA) 20 20 Medida V(volts) I(mA) 1 1,20 1,47 2 2,40 2,93 3 3,61 4,41 4 4,815,88 5 6,00 7,35 6 7,20 8,81 7 8,41 10,29 8 9,61 11,76 9 10,79 13,19 10 11,89 14,54 Tabela 4: Valores de V, I da Etapa 4 Escala V(volts) I(mA) 20 200 Medida V(volts) I(mA) 1 1,21 29,10 2 2,40 41,30 3 3,61 51,60 4 4,79 60,50 5 6,01 68,80 6 7,20 76,20 7 8,40 82,90 8 9,59 88,30 9 10,80 95,20 10 11,90 100,80 Os gráficos obtidos a partir das tabelas acima apresentadas, estão anexados a este relatório. 6. DISCUSSÃO Os gráficos obtidos a partir das etapas 1, 2 e 3 apresentam os dados em forma de uma reta. Já o gráfico obtido a partir da etapa 4 apresenta os dados de forma não-retilínea, visto que a lâmpada se trata de um resistor não-ôhmico. Para as três primeiras etapas foram calculadas as médias das suas respectivas tensões e correntes, a fim de encontrarmos uma resistência equivalente com base apenas nas medidas feitas experimentalmente, utilizando também as incertezas fornecidas pelo fabricante, sem levar em consideração, nesse ponto, declividade da reta. A partir dos gráficos gerados em cada etapa, calculamos a resistência equivalente como sendo o valor obtido pela declividade da reta nas etapas 1, 2 e 3, ou seja, para um resistor que segue a lei de Ohm, a resistência pode ser obtida através do coeficiente angular da reta correspondente ao gráfico Tensão x Corrente. Como a resistência da lâmpada (etapa 4) varia de acordo com a tensão aplicada, calculamos o valor da resistência em três pontos diferentes. · Cálculos da etapa 1: Feitas as média da tensão e da corrente, bem como o cálculo da incerteza, nesta etapa tivemos: = 6,55 ± 0,04 V = 6,60 ± 0,06 mA Calculando a resistência equivalente ao circuito através da equação (1), temos que: No gráfico traçado com os valores da tabela 1, escolheram-se dois pontos arbitrários, a fim de calcular-se a declividade da reta: = = Logo, podemos concluir que: do fabricante calculada pela lei de Ohm calculada pela inclinação da reta do gráfico Vxi 1,0 kΩ 0,992 ± 0,008 kΩ 0,944kΩ Tabela 5: Valores da Resistência equivalente calculadas · Cálculos da etapa 2: Calculando a resistência equivalente ao circuito através da equação (2), com os dados do fabricante, temos: Agora, calculamos as médias da tensão e da corrente e a incerteza, que são, respectivamente: = 6,60 ± 0,04 V = 1,16 ± 0,02 mA Calculando a resistência equivalente ao circuito através da equação (1), temos: No gráfico traçado com os valores da tabela 2, escolheram-se dois pontos arbitrários, a fim de calcular-se a declividade da reta. = = Logo, podemos concluir que: Calculada pela equação (2), com os dados do fabricante Calculada pela equação (1) , com as médias da tenção e corrente Calculada pela inclinação da reta do gráfico VxI 5,70 kΩ 5,69 ± 0,04 kΩ 5,54 kΩ Tabela 6: Valores da Resistência equivalente calculadas · Cálculos da etapa 3: Calculando a resistência equivalente ao circuito através da equação (3), com os dados do fabricante, temos: Agora, calculamos as médias da tensão e da corrente e a incerteza, que são, respectivamente: = 6,59 ± 0,04 V = 8,06 ± 0,07 mA Calculando a resistência equivalente ao circuito através da equação (1), temos: Analisando graficamente, teremos: = = Logo, podemos concluir que: Calculada pela equação (3), com os dados dos fabricantes Calculada pela equação (1), com as médias da tenção e corrente Calculada pela inclinação da reta do gráfico VxI 0,820 kΩ kΩ 0,810 kΩ Tabela 7: Valores da Resistência equivalente calculadas · Cálculos da etapa 4: Neste caso não há um único valor para a resistência, que varia conforme a tensão aplicada (o gráfico VxI é uma curva). Escolheremos então três pontos arbitrários e calcularemos as resistências locais nesses pontos através da equação (1). Da equação (1) temos: Para o primeiro ponto: R1 = = = 0,04 kΩ Para o segundo ponto: R2 = = = = 0,08 kΩ Para o terceiro ponto: R3 = = = = 0,12 kΩ A média dessas três resistências é igual a 0,08 kΩ 1º Ponto 2º Ponto 3º Ponto Tabela 8: Valores da Resistência equivalente em 3 pontos do gráfico VxI 7. CONCLUSÕES Podemos concluir que a lei de Ohm foi válida para o circuito simples, o de resistores em série e o de resistores em paralelo, pois se obteve uma reta com o coeficiente angular bem definido representando a resistência. Mas, para a lâmpada obteve-se uma curva característica e não uma reta, invalidando a lei de Ohm. Com isso podemos confirmar que a lâmpada é um elemento não-ôhmico. A partir do exposto a respeito deste experimento, pudemos calcular a resistência para as diferentes etapas descritas anteriormente, através do cálculo da declividade da reta, para os resistores ôhmicos das etapas 1, 2 e 3, e calculando a resistência em pontos diferentes para o resistor não-ôhmico da etapa 4. Pudemos observar uma diferença entre as resistências calculadas e as resistências fornecidas pelo fabricante dos resistores utilizados. Essa diferença pode ter sido provocada devido a uma possível calibração mal feita de algum material utilizado. Ou também devido a um possível fornecimento de energia não adequado. 8. ANEXOS Segue em anexo os quatro gráficos V versus I para as quatro etapas descritas neste relatório, desenhados em papel milimetrado, bem a folha contendo os dados medidos e anotados durante a realização do experimento. 9. BIBLIOGRAFIA HALLIDAY, David. 1916 – Fundamentos da Física, v. 3. David Halliday, Robert Resnick, Jearl Walker. – Rio de Janeiro: 8ª Edição – LTC, 2009. Física Experimental II (1ª Experiência – LEI DE OHM) – DF – CCEN – UFPB. Material fornecido pelo professor Umbelino F. Neto. Wikipédia <http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_de_Ohm> Acesso em: 17/04/2015 Só Física <http://www.sofisica.com.br/conteudos/Eletromagnetismo/Eletrodinamica/associacaoderesistores.php> Acesso em: 17/04/2015 Mundo da Elétrica <http://www.mundodaeletrica.com.br/lei-de-ohm/> Acesso em: 17/04/2015
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