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* * Psicologia do Testemunho Prof. Dr. Júlio Nobre * * A Psicologia do Testemunho Assunto focal na psicologia jurídica O testemunho é determinado por cinco condições: 1 - A percepção do acontecimento 2 - O armazenamento na memória 3 - A evocação/recuperação 4 - O modo como se quer expressar esta recuperação 5 - E a expressão propriamente (baseada em como se pode expressar) * * 1 – A Percepção envolve fatores exteriores e interiores 2 – Armazenamento baseado em fatores fisiológicos e modos de codificação 3 – Recuperação baseado em fatores fisiológicos e psíquicos Ex: inconsciente psicanalítico 4 – Sinceridade puramente psíquico intenção 5 – Expressão depende da capacidade de expressão do indivíduo tentativa de evitar ruídos de comunicação * * Deve-se estudar tais condições e as relacionar com os fatos obtidos Fatores que Influenciam a Percepção de um Acontecimento Formamos esquemas de percepção “Todos” interligados (Gestalt) envolvem elementos diversos (emoções e cognições) são subjetivos Nossas percepções não são neutras catatimia (influência do afeto) realidade é sempre parcial Ex: preconceito Fadiga psíquica acaba por fazer uma diferenciação média nos horários em que os indivíduos apreendem melhor os estímulos ambientais melhor manhã do que noite digestão aumenta fadiga * * Dados empíricos: Homens percepção mais do geral Mulheres percepção mais detalhista Percebe-se melhor início e fim do que dados intermediários Percebe-se melhor o estímulo visual do que o sonoro (demais estímulos são mais vagos) Testemunha-se melhor dados qualitativos do que quantitativos Mecanismo catatímico pode influenciar a percepção diretamente ou inversamente “ver o que queremos ou o que não queremos” em ambos surge uma pseudopercepção * * Afetos poderosos alimentam-se de representação e geram alucinação Afetos menos intensos deformam percepções e geram ilusões Sugestão de espera (Catatimia) consciência antecipa o tempo e dá por acontecido algo que ainda não aconteceu Indivíduos alertados/sugestionados à algo, podem ter testemunhos alterados (por medo, por exemplo) Força do Hábito faz com que indícios levem a configurações completas “Fechamos” as pessoas a partir de detalhes pensamento automático não precisamos de todos os detalhes (fenômeno do fechamento) conseqüentemente, não precisamos/vemos todos os detalhes) * * Fatores que Influenciam a memória de um acontecimento Emoção fator central Amnésia emocional oriunda de abalo moral (psicanálise) esquecimento como defesa = repressão Repressão comum nos testemunhos, pois estes versam sobre situações emocionalmente intensas Quanto mais se força diretamente a lembrança = maior a defesa Pode-se esquecer em bloco ou fragmentado neste caso, as lembranças surgem deformadas, preenchidas via catatimia * * Fatores que Influenciam a Expressão de um Acontecimento É preferível deixar a expressão ser mais livre do que fazer uma intervenção evita-se a influência do olhar do outro no discurso Relato espontâneo menos deformado, porém mais incompleto e irregular (e pouco objetivo) Interrogatório mais deformado resulta de conflito entre conhecimento do indivíduo e direções dadas pelo entrevistador (que mobilizam emoções) * * Analisando algumas classes de perguntas utilizadas nos interrogatórios 1 - Determinantes são perguntas “Como”, “Por que”, etc são as mais imparciais, por isso, mais interessantes 2 - Disjuntivas formula explicitamente as duas possibilidades/hipóteses para um caso, de forma bastante completa apesar de apresentar dois lados, já direciona o indivíduo para ambos os relatos 3 - Diferenciais perguntas no estilo “sim ou não?” Faz-se um relato e pergunta-se “sim ou não?” maior influência pois não apresenta dois relatos distintos 4 - Afirmativas e negativas condicionais Pode-se perguntar “era assim?” ou “não era assim?” levará o indivíduo a responder o que ele pensa que é esperado dele * * 5 - Disjuntivas parciais o interrogado fica entre duas alternativas apenas (se exclui as demais possibilidades) o que de fato aconteceu para o interrogado pode estar entre alternativas descartadas 6 - Afirmativas por presunção pergunta-se baseado em pressupostos que não tem certeza leva conteúdos implícitos ao relato do interrogado O alerta contra punições derivados de falsos testemunhos tende a atemorizar apenas a consciência moral dos declarantes mas estes já têm tendência a testemunhos fidedignos imorais costumam não responder bem a ameaças Interrogatórios baseados no medo costumam ser ineficazes Obtemos bom resultado com uma “declaração centrípeta” * * Declaração centrípeta procura-se declarações sobre dados secundários à ação que se deseja esclarecer procura afastar-se da associação direta entre pergunta e objetivo do interrogador (tira-se o foco da ação a ser esclarecida) testemunha não consegue estabelecer associação entre sua declaração e o perigo para quem quer favorecer Ex: trocar perguntas como: “Fulano fez ou não tal ato?” por perguntas sobre a vida de tal fulano
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