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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/255635936 Peroxidação lipídica: mecanismos e avaliação em amostras biológicas Article · January 2001 CITATIONS 54 READS 5,642 4 authors, including: Dulcineia Sp Abdalla University of São Paulo 57 PUBLICATIONS 425 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Dulcineia Sp Abdalla on 21 June 2016. The user has requested enhancement of the downloaded file. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences vol. 37, n. 3, set./dez., 2001 Peroxidação lipídica: mecanismos e avaliação em amostras biológicas Émersom Silva Lima, Dulcineia Saes Parra Abdalla* Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo O processo de peroxidação lipídica é iniciado pela reação de um radical livre com um ácido graxo insaturado e propagada por radicais peroxilas. Resulta na formação de hidroperóxidos lipídicos e aldeídos, tais como o malondialdeído, 4-hidroxinonenal e isoprostanos, que podem ser detectados em amostras biológicas e utilizados para se avaliar o estresse oxidativo. Nesta revisão são discutidos os principais mecanismos que induzem o processo de peroxidação lipídica, assim como as principais metodologias utilizadas para sua mensuração em sistemas biológicos. * Correspondência: D.S.P. Abdalla Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas FCF/USP Av. Prof. Lineu Prestes, 580, Bloco 17 05508-900 – São Paulo – Brasil E-mail: dspa@usp.br Unitermos: • Peroxidação lipídica • Radicais livres • Espécies reativas de • oxigênio e nitrogênio • Hidroperóxidos lipídicos • Malondialdeído • Isoprostanos INTRODUÇÃO Efeitos tóxicos do oxigênio sobre componentes bi- ológicos já eram conhecidos no final de século XIX (Lorrain-Smith, 1899), tornado-se objeto de intensa inves- tigação científica nos últimos anos (Halliwell, 2000). Es- tes efeitos são resultantes da oxidação de componentes celulares como tióis, cofatores enzimáticos, proteínas, nucleotídeos e lípides, principalmente ácidos graxos poliinsaturados (AGPI), mediada por espécies reativas de oxigênio (ERO) e espécies reativas de nitrogênio (ERN), conhecidas genericamente como radicais livres (RL) (Giller, Sigler, 1995; Romero et al., 1998). A reação des- tas espécies com os AGPI, presentes nas membranas ce- lulares e nas lipoproteínas, inicia um processo em cadeia conhecido como peroxidação lipídica ou lipoperoxidação (LPO), que pode ser avaliado e utilizado como um indica- dor do estresse oxidativo celular. Espécies reativas de oxigênio e nitrogênio Um radical livre é qualquer espécie capaz de existên- cia independente que contenha um ou mais elétrons desemparelhados (Haliwell, 1987). As ERO incluem todos os radicais do oxigênio, como o ânion radical superóxido (O2 •-), radical hidroxila (HO•), radical alquila (L•), alcoxila (LO•) e peroxila (LOO•)(Barber, Bernheim, 1967; Change, Sies, Boveris, 1979). Nas ERN estão incluídos além do peroxinitrito (ONOO-), o óxido nítrico (•NO) e o radical dióxido de nitrogênio (•NO2) (Eiserich, Patel, O’donnell, 1998; Hogg, Kalyanaraman, 1999). O ânion peroxinitrito (ONOO-), o ácido hipocloroso (HOCl), o peróxido de hidro- gênio (H2O2), o oxigênio singlete ( 1O2) e o ozônio (O3) não são radicais livres, mas podem induzir reações radicalares no organismo, sendo por isso também considerados como espécies reativas (Porter, 1984; Benzie, 1996; Patel, 1999). Os RL estão relacionados com variedade de doen- ças, incluindo câncer, doenças hepáticas, aterosclerose e envelhecimento (Esterbauer et al., 1992; Chirico et al., 1993; Moriel et al., 1999; Chisolm, Steinberg, 2000). Na maioria das vezes esta relação se dá pela propriedade que os RL têm de reagir com os AGPI, servindo como inicia- dores do processo de peroxidação lipídica ou lipope- roxidação (LPO). Contudo, estes podem participar tam- bém de processos fisiológicos como a geração de eicosanóides, fagocitose e diversas vias de transdução de sinais (Baber, Harris, 1994; Aruoma, 1998). O processo de peroxidação lipídica A LPO pode ser definida como uma cascata de eventos bioquímicos resultante da ação dos RL sobre os E. S. Lima, D. S. P. Abdalla294 lípides insaturados das membranas celulares, gerando principalmente L•, LO• e LOO•, levando à destruição de sua estrutura, falência dos mecanismos de troca de metabólitos e, numa condição extrema, à morte celular (Benzie, 1996). A LPO talvez se constitua no evento citotóxico primário que desencadeia seqüência de lesões na célula. As alterações nas membranas levam a transtor- nos da permeabilidade, alterando o fluxo iônico e o fluxo de outras substâncias, o que resulta na perda da seletivi- dade para entrada e/ou saída de nutrientes e substâncias tóxicas à célula, alterações do DNA, oxidação da LDL e comprometimento dos componentes da matriz extra- celular (proteoglicanos, colágeno e elastina) (Vaca, Wilhem, Harms-Ringdahl, 1988; Baber, Harris, 1994). Basicamente, a LPO consiste na incorporação de oxigênio molecular a um AGPI para produzir um hidroperóxido lipídico (LOOH) como produto primário inicial. Nos sistemas biológicos a LPO pode ocorrer prin- cipalmente por duas vias: (i) uma via enzimática envol- vendo as ciclooxigenases e lipoxigenases na oxigenação dos AGPI e (ii) a peroxidação não enzimática, que envolve a participação de ROS, RNS, metais de transição e outros radicais livres (Al Mehdi et al., 1993; Porter et al., 1995). O início da oxidação dos AGPI requer um oxigênio na forma ativada. O estado fundamental do oxigênio (3O2) é um estado triplete com dois elétrons não pareados de mesmo spin, mas em diferentes orbitais. O oxigênio ele- tronicamente excitado corresponde a um estado singlete (1O2) apresentando um par de elétrons na camada eletrô- nica externa (1Δ) em um primeiro estado de excitação, ou apresentando um elétron em cada orbital com spins opos- tos (1∑), num segundo estado energético. A vida média deste segundo estado (10-11 s) é muito mais curta que a do primeiro (10-6 s), sendo por isso menos estável. Assim, o termo oxigênio singlete se refere principalmente ao esta- do 1Δg O2 (Di Mascio et al., 1995). Simplificando, a rea- ção do oxigênio triplete com um ácido graxo insaturado é limitada devido à restrição de spins. Essa restrição não existe quando o oxigênio molecular está na forma de oxi- gênio singlete, ou parcialmente reduzido ou ativado, como H2O2, O2 •-, HO•, complexos ferro-oxigênio, assim como, na clivagem homolítica dos hidroperóxidos mediada por ferro e outros metais de transição (Hsieh, Kinsella, 1989). O processo da LPO pode ser dividido em três etapas: iniciação, propagação e terminação (Figura 1). A fase de iniciação representa o início da peroxidação, em que o AGPI sofre ataque de uma espécie que é suficientemente reativa para abstrair um átomo de hidrogênio a partir de um grupo metileno (-CH2-), formando um radical de car- bono. Este radical é estabilizado por um rearranjo molecular para formar um dieno conjugado, ou seja, duas duplas ligações intercaladas por uma ligação simples (Halliwell, Gutteridge, 1999). Em meio aeróbio, o radical alquila inicialmente formado se combina com o oxigênio formando o radical peroxila, o qual pode abstrair um hi- drogênio alílico de um outro ácido graxo, gerando outro FIGURA 1 - Esquema das principais reações ocorridas durante o processo de peroxidação lipídica. Peroxidação lipídica: mecanismos e avaliação em amostras biológicas 295 radical de carbono e promovendo a etapa de propagação. A reação do radical peroxila com o átomo de hidrogênio abstraído gera um hidroperóxido lipídico (LOOH). Peróxidos cíclicos também podem ser formados, quando o radicalperoxila reage com uma dupla ligação na mesma cadeia de ácido graxo, o que também pode propagar a LPO (Halliwell, Gutteridge, 1999). Íons de metais de transição, como Fe n+ e Cu n+, podem participar do processo catalisando a formação de radicais lipídicos alcoxila, peroxila e hidroxila a partir dos hidroperóxidos, conforme demonstrado nas reações 1 e 2: (1) LOOH + M n+ → LO• + HO- + M n+1 reação 1 (2) LOOH + M n+1 → LOO• + H+ +Mn+ reação 2 A terceira e última etapa da reação, a fase de termina- ção, dá-se pela aniquilação dos radicais formados originan- do produtos não radicalares (Gardner, 1989; Halliwell, Gutteridge, 1999 ). Os radicais peroxila e alcoxila também podem: sofrer dismutação ou clivagem b formando aldeídos; formar uma ligação covalente com resíduos de aminoácidos ou sofrer um rearranjo formando produtos secundários da LPO (derivados hidroxi-, ceto-, ceto- hidroxi- e epoxi-hidroxi-ácido graxo). A velocidade do processo de LPO é limitada pelas fases de iniciação e pro- pagação (Hsieh, Kinsella, 1989; Spiteller, Spiteller, 1998). Sistemas enzimáticos também podem iniciar a oxi- dação do AGPI. As principais enzimas envolvidas neste processo são as peroxidases e dioxigenases. As peroxi- dases são enzimas inespecíficas que catalisam a oxidação de muitos substratos, incluindo ácidos graxos. Peróxidos e hidroperóxidos reagem com o ferro contido no sítio catalítico das peroxidases, gerando um composto interme- diário, que oxida um doador de hidrogênio, por exemplo o NADPH. Este segundo composto formado, pode oxidar o substrato e regenerar a enzima (Change, Sies, Boveris, 1979). Assim, a LPO pode ocorrer durante o processo de fagocitose pelos neutrófilos e monócitos, que contêm mieloperoxidase, uma hemeproteína. O sistema mielope- roxidade/H2O2/haleto gera espécies reativas como O2 •-, HOCl, •NO e possivelmente ONOO-, que podem abstrair um hidrogênio alílico, iniciando a LPO (Kanner, Kinsella, 1983; Carr, Maccall, Frei, 2000). As lipoxigenases estão presentes no citossol e na fração microssomal das células e catalisam a inserção do oxigênio nos AGPI, produzindo um LOOH. Existem pelo menos três formas interconversíveis da enzima. A lipoxigenase no estado ferroso passa à forma ativa, no estado férrico, na presença de traços de hidroperóxido. Na forma ativa, a enzima abstrai um hidrogênio do ácido graxo, resultando o radical alquil do ácido graxo e a enzima volta ao estado ferroso. O oxigênio é introduzido ao substrato formando um LOO•. As lipoxigenases têm maior capacidade de reagir com ácidos graxos dioxige- nados possuindo uma estrutura 1,4-cis,cis-pentadieno, como por exemplo, os ácidos linoléico, a-linolênico, g- linolênico, araquidônico, eicosapentaenóico e docosaexa- enóico (Change et al., 1979; Hsieh, Kinsella, 1989). Além das lipoxigenases, os tecidos animais contêm ciclooxigenases, enzimas que formam prostaglandinas pela introdução de oxigênio na molécula do ácido araquidônico. Portanto, ciclooxigenases catalisam a con- versão do ácido araquidônico em prostaglandina, que é um endoperóxido cíclico (PGG2), por série de reações nas quais o O2 é inserido ao AGPI, seguindo-se ativação do ácido graxo via abstração do hidrogênio. As ciclooxi- genases, em condições fisiológicas, são as maiores produ- toras de peróxidos lipídicos (Hsieh, Kinsella, 1989). Metodologias para a avaliação da peroxidação lipídica As principais metodologias utilizadas para a avali- ação da LPO em sistemas biológicos medem a formação de produtos gerados durante as diferentes fases deste pro- cesso. Portanto, é importante utilizar as várias técnicas disponíveis, pois a sua escolha dependerá do propósito do investigador, ou seja, da fase do processo de LPO que se pretenda avaliar. Um método considerado ideal na mensuração da LPO deve: (1) identificar e quantificar produtos derivados especificamente do processo de peroxidação; (2) ter um baixo coeficiente de variação, quando analisadas amostras diferentes de um mesmo indivíduo; (3) não estar sujeito a interferências de outras biomoléculas; (4) empregar técni- cas robustas e, portanto, mais confiáveis (CLAE, CG-EM, CLAE-EM); (5) não sofrer interferência direta da dieta e (6) ter sensibilidade para mensurar níveis basais dos pro- dutos (Gutteridge, 1995; Halliwell, 2000; Abuja, Albertini, 2001). Além disto, os produtos medidos nas amostras biológicas devem ser relativamente estáveis in vivo e ex vivo. A Figura 2 e a Tabela I apresentam as fases da LPO, resumidamente, indicando as principais técnicas disponíveis para se avaliar as diversas etapas deste proces- so. A seguir, descrição mais detalhada dos principais métodos utilizados na avaliação da LPO. Detecção dos dienos conjugados A oxidação dos AGPI é acompanhada pela forma- ção de hidroperóxidos dienos conjugados, o que não ocor- E. S. Lima, D. S. P. Abdalla296 FIGURA 2 - Esquema representativo da peroxidação lipídica, enfocando as principais substâncias formadas durante o processo e as metodologias disponíveis para a sua avaliação. re em ácidos graxos insaturados não oxidados. Os dienos conjugados podem ser detectados pela sua absorção no UV, apresentando absorção máxima entre 230 e 235 nm (Haliwell, Guteridge, 1999). Entretanto, medida da absor- ção neste comprimento de onda pode sofrer interferênci- as, principalmente na análise de amostras biológicas, de- vido à presença de outras substâncias que absorvem luz neste mesmo comprimento de onda (Benzie, 1996). O tes- te pode ser bastante útil, quando se trabalha em sistemas homogêneos ou isolados, ou seja, quando se conhecem todos os possíveis interferentes presentes na amostra. Também pode-se medir a absorção no UV após a separa- ção dos componentes por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), o que torna o resultado mais confiável. Contudo os resultados devem ser expressos como dienos conjugados ou pela somatória dos hidroperóxidos e seus produtos de redução, hidroxi-derivados, considerando-se que a maioria das colunas usadas nestas análises (C8, C18) não consegue separá-los (Frei et al., 1988). Determinação de malondialdeído (MDA) Uma das técnicas mais utilizadas para se avaliar a oxidação de lípides é o teste do malondialdeído (MDA). O MDA é um dialdeído formado como um produto secun- dário durante a oxidação de ácidos graxos poliinsaturados por cisão beta dos AGPI peroxidados, principalmente o ácido araquidônico. É volátil, possui baixo peso molecular (C3H4O2, P.M. = 72,07), tem uma cadeia curta 1,3- dicarbonil e é um ácido moderadamente fraco (pKa = 4,46). Em condições apropriadas de incubação (meio áci- do e aquecimento), reage eficientemente com uma varie- dade de agentes nucleofílicos para produzir cromógenos com alta absortividade molar no espectro visível (Janero, 1990; Benzie, 1996). A sua condensação com o ácido tiobarbitúrico (TBA) forma produtos, que podem ser determinados por absorção no visível (532 nm) ou por fluorescência (λexc = 515 nm e λem = 553 nm). Se a formação de produtos deri- Peroxidação lipídica: mecanismos e avaliação em amostras biológicas 297 vados do MDA usualmente requer pH baixo e temperatu- ras elevadas (80-100 °C), algumas substâncias fluorescen- tes derivadas do MDA podem ser geradas em pH neutro e temperatura mais baixa (37 °C). Em pH neutro, a 37 °C, uma reação de condensação tipo Hantzsch entre o MDA e aminas primárias produz compostos fluorescentes. A reação não específica do MDA com grupos amino primá- rios ocorre em várias biomoléculas (proteínas, ácidos nuclêicos, aminas e fosfolípides) produzindo complexos 1:1, que são bases de Schiff conjugadas (Janero, 1990). O teste padrão, introduzido por Kohn e Liversedge, em 1944, é bastante popular porque é simples e rápido, porém inespecífico. Consiste na medida de um cromógeno róseo formado pela reação do MDA com duas moléculas de ácido tiobarbitúrico, em meio ácido e alta temperatura.Essa reação, chamada de “teste das substancias reativas com ácido tiobarbitúrico (SRATB)”, representa múltiplos métodos que utilizam o TBA, formando o complexo MDA:TBA (1:2), C11H8N4S2O4.H2O (P.M.=342,35), que tem absorção máxima em 532 nm e apresenta fluores- cência (lexc = 515 nm e lem = 553 nm). Neste teste utili- za-se como padrão o MDA obtido pela hidrólise do tetrametoxipropano ou tetraetoxipropano (Yu et al., 1986). A avaliação do MDA pelo teste com TBA não é espe- cífica, pois muitas outras substâncias que ocorrem em mate- riais biológicos também reagem com o TBA. Esta inespecificidade é particularmente importante em lípides contendo AGPI autoxidados como produtos de decomposi- ção secundária, incluindo complexa mistura de compostos saturados de cadeia curta (alcanos), insaturados (alcenos e alcadienos) e aldeídos monofuncionais, além de MDA. Al- guns aldeídos monofuncionais também são reativos ao TBA, em meio ácido e à temperatura elevada utilizada no teste das SRATB, formando produtos derivados do TBA com um es- pectro no visível similar ao do complexo MDA:TBA (1:2). Portanto, o teste espectrofotométrico com o TBA pode me- TABELA I - Principais métodos usados para identificar ou quantificar a peroxidação lipídica em amostras biológicas Abordagem O que é medido Métodos(s) Consumo do substrato AGPI Consumo de O2 CLAE, CG Eletrodo de oxigênio Medida de peróxidos Peróxidos Xilenol Orange Iodometria Medida de peróxidos Hidroperóxidos CLAE-UV previamente separados CLAE-QL CLAE-EM CG-EM Medida de produtos finais MDA SRATB CLAE-UV e fluorescência 4-Hidroxinonenal CLAE CG-EM CLAE-EM Gases hidrocarbonados CG (pentano, etano) F-2-isoprostanos CG CG-EM CLAE-EM Imunoensaios Diversas Radicais Livres Spin trapping Emissão de luz Quimioluminescência direta Dienos conjugados Absorção UV (234 nm) CLAE-UV Anticorpo anti-lípides oxidados ELISA Oxidabilidade das lipoproteínas Cinética de oxidação (lag phase) E. S. Lima, D. S. P. Abdalla298 dir variedade de espécies que absorvem em 532 nm. Outra possível interferência neste método deve-se à presença de metais de transição, o que possibilita uma geração de MDA durante a análise. É essencial incluir-se quantidade suficiente de antioxidante para prevenir a autoxidação dos lípides e a subseqüente formação de MDA, durante a fase de aqueci- mento do ensaio. Adicionalmente, é aconselhável também tratar os reagentes com quelantes de metais de transição para impedir a interferência destes. Outra desvantagem do teste das SRATB é a instabilidade do cromógeno, que absorve em 532 nm (Fukunaga, Takama, Suzuki, 1995). Portanto, as con- dições do teste das SRATB influenciam na análise da lipoperoxidação. Quatro fatores importantes devem ser con- siderados neste teste: (a) a influência das condições da reação e dos reagentes na resposta ao TBA; (b) a não especificidade do TBA para a reação com o MDA; (c) a não exclusividade do MDA como produto final da LPO (d) a impossibilidade de se distinguir o complexo MDA:TBA dos outros produtos reativos ao TBA por espectrofotometria (Janero, 1990; Benzie, 1996). Este método é de fácil utilização, fornecendo informações sobre a extensão da LPO em sistemas simples, in vitro, mas não é indicado para a análise em fluidos bioló- gicos (Esterbauer et al., 1984). Detecção do 4-hidroxinonenal O 4-hidroxi-2-nonenal (HNE), um aldeído insatu- rado, é o produto quantitativamente mais importante da degradação peroxidativa de ácidos graxos omega-6. Apre- senta alta citotoxidade, principalmente devido à sua propri- edade de formar bases de Schiff pela reação com aminoácidos, sobretudo com os resíduos lisina e histidina, presentes nas proteínas e de etenoadutos com bases do DNA. O HNE pode ser quantificado por CLAE, CG-EM ou CLAE-EM (Moore, Roberts, 1998; Deigton et al., 1997). Após extração com diclorometano, a amostra é se- parada por CLAE e o HNE é detectado entre 220 e 223 nm. Neste método, algumas substâncias que absorvem no mesmo comprimento de onda podem coeluir com o HNE. Por isto, houve a necessidade de se desenvolver métodos utilizando CG-EM ou CLAE-EM (Selley, 1997; Rauli et al., 1998). Um problema adicional é que o HNE pode ser gerado durante as fases de armazenamento, extração e análise, produzindo resultados erroneamente elevados (Benzie, 1996) . Detecção dos isoprostanos A determinação dos isoprostanos é um dos mais recentes e promissores métodos na mensuração da LPO (Lawson, Rokach, Fitzgerald, 1999). Os isoprostanos são produtos derivados da oxidação de AGPI por via não enzimática. Os isoprostanos mais comumente determina- dos são os da família F2-isoprostanos, derivados da oxida- ção do ácido araquidônico (Moore, Roberts, 1998). Os isoprostanos seriam os melhores marcadores da LPO in vivo, não fosse pelo fato de estarem presentes em concen- trações muito baixas em fluidos biológicos. Portanto, a quantificação destes produtos requer a utilização de técni- cas ainda não disponíveis na maioria dos laboratórios como a cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas. Contudo, técnicas mais simples, como os imunoensaios, têm sido desenvolvidas, o que tornará esta determinação mais disponível (Lawson, Rokach, Fitzgerald, 1999; Pratico, 1999). Teste do alaranjado de xilenol (xilenol-orange) Os hidroperóxidos são produtos primários da pero- xidação dos AGPI (Yamamoto et al., 1987), daí a impor- tância da sua medida, uma vez que a maioria dos métodos avalia seus produtos de degradação. Um dos métodos uti- lizados para se determinar a concentração de hidroperó- xidos em amostras biológicas é aquele que utiliza o xilenol-orange. Este método baseia-se no princípio de que os hidroperóxidos oxidam ferro II a ferro III, o qual reage com o xilenol orange, produzindo um cromóforo que tem absorção máxima em 560 nm (Jiang, Woollard, Wolf, 1991; Gay et al., 1999). Os resultados são relativamente reprodutíveis e o método pode ser usado para a determi- nação de hidroperóxidos em fase aquosa e lipídica (Moore, Roberts, 1998). É um método simples, que não exige equipamentos sofisticados, porém é inespecífico, pois pode sofrer interferências de diversas substâncias presentes no plasma sangüíneo. Estas substâncias podem reagir com o xilenol-orange ou possuir absorção no mes- mo comprimento de onda do complexo formado. Cromatografia líquida de alta eficiência com detecção por quimiluminescência O método de CLAE com detecção por quimilumi- nescência tem sido bastante utilizado na mensuração es- pecífica de hidroperóxidos lipídicos (Miyazawa, 1989; Yamamoto, 1994; Sattler, Mohr, Stocker, 1994; Yasuda, 1997; Mashima, Odonera, Yamamoto, 2000). Utilizando este método é possível a quantificação de hidroperóxidos presentes em amostras biológicas, sem interferências de outras biomoléculas. Os hidroperóxidos presentes na amostra, após separação em colunas cromatográficas (C8, C18), reagem em um sistema contendo peroxidase (microperoxidase, citocromo c), gerando peróxido de hi- Peroxidação lipídica: mecanismos e avaliação em amostras biológicas 299 drogênio; este reage com o luminol presente na solução de derivatização, decompondo-o a aminoftalato, que emite luz (l = 430 nm) captada pelo detector de quimilumines- cência (Frei et al., 1988). Esse método tem demostrado alta sensibilidade, podendo-se detectar níveis abaixo de 10 nmol/L, dependendo da qualidade do detector. Sendo as- sim, torna-se possível avaliar os níveis plasmáticos de hidroperóxidos de ésteres de colesterol, por exemplo, que se encontram em torno de 30 nM em indivíduos saudáveis (Yamamoto et al., 1987). Utilizando este método, padronizamos em nosso la- boratório sistemas para detecção e quantificação dos hidroperóxidos de linoleato de colesterol, trilinoleina e fosfatidilcolina, no plasma e nas lipoproteínas de indivíduos normolipidêmicos e dislipidêmicos (Figura 3). Pelanossa experiência, detalhe crucial para a obtenção de resultados confiáveis é o tratamento da vidraria e dos reagentes utili- zados na extração com agentes quelantes ou seqüestradores de metais de transição, que podem reduzir os hidro- peróxidos presentes na amostra aos seus respectivos hidroxi-derivados, que não são detectados no sistema. Ou- tro cuidado importante é adicionar antioxidantes às amos- tras biológicas como o hidroxi-tolueno butilado (BHT) e inibidores das peroxidases como a n-etilmaleimida. Cromatografia líquida de alta eficiência acoplada à espectrometria de massas O uso da técnica de cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas (CLAE-EM) para a análise de amostras biológicas é recente, tendo havido importante avanço na última década. O desenvolvimento de sistemas integrados de CLAE e espectrometria de massas com di- ferentes formas de ionização permitiu o estabelecimento de vários métodos para análise de diferentes compostos em complexas matrizes biológicas como o plasma sangüíneo (Niessen, 1998; Stewart, 1999). Uma das vantagens mais importantes desta técnica é permitir a separação, quantificação e elucidação estrutural das substâncias presentes na amostra, de maneira contínua, sem a necessidade de purificação ou derivatização prévias, permitindo análise muito mais rápida e eficiente. Outro ponto importante é a possibilidade de se analisar substânci- as não voláteis ou termolábeis, o que seria difícil em outras técnicas como a cromatografia gasosa acoplada à espectro- metria de massas (Kim, Salem Jr, 1993). A técnica de CLAE-EM tem sido utilizada em diver- sos trabalhos na análise de derivados lipídicos e seus pro- dutos de oxidação (Kim, Salem Jr. , 1993; Gallon, Pryor, 1993; Rezanka, 2000; Balazy et al., 2001) e representa o que há de mais avançado em técnicas de detecção e carac- terização qualitativa e quantitativa de biomoléculas em matrizes biológicas. Além disso, os resultados obtidos por esta técnica apresentam tanto especificidade, pelo fato da detecção ocorrer pela análise da massa molar do composto (MS1), ou pela massa dos seus fragmentos específicos (MS3), e sensibilidade, sendo possível, na maioria das vezes, detecção ao nível de picomolar. Em nosso laboratório temos utilizado este método para a detecção e quantificação de produtos oxidados e nitrados derivados do ácido linoléico, no plasma de indi- víduos hiperlipidêmicos (Figura 4). Utilizando a ionização FIGURA 3 - Separação por CLAE-QL de 22 pmol de Tg18:2-OOH e 8 pmol de Ch18:2-OOH, utilizando columa LC18DB 250 x 4,6 mm (Supelco, Bellefonte, PA) e metanol:t-butanol 2:1 (v/v) como fase móvel, a um fluxo de 1 mL/min. E. S. Lima, D. S. P. Abdalla300 por electrospray os produtos são analisados no modo ne- gativo e ionizados na forma [M-H]-. CONSIDERAÇÕES FINAIS O processo de peroxidação lipídica ocorre por diver- sos mecanismos, incluindo aqueles nos quais estão envol- vidos os radicais livres e os controlados enzimaticamente. O processo ocorre também em diversas etapas, com inú- meras possibilidades de reações químicas, o que o torna de difícil compreensão e avaliação. Devido a isto, ainda não há um método considerado ideal para avaliá-lo por com- pleto. Portanto, tratando-se de um processo tão complexo, torna-se necessário avaliá-lo por meio de abordagens metodológicas distintas para cada uma das suas etapas. A importância da mensuração dos produtos derivados da lipoperoxidação em fluidos biológicos está relacionada à citotoxicidade destes produtos, que pode causar alterações celulares associadas ao envelhecimento e diversas doen- ças como o câncer, artrite e aterosclerose. ABSTRACT Lipid Peroxidation: Mechanisms and evaluation in biological samples Lipid peroxidation is a prominent manifestation of free radical activity and oxidative stress in biological systems. It produces an ample repertoire of substances including lipid hydroperoxides, aldehydes, such as malondialdehyde and 4-hidroxynonenal, and isoprostanes. We review here the mechanisms of lipid peroxidation and the several methods available for its evaluation in biological samples. UNITERMS: Lipid peroxidation. Free radicals. Reactive species of oxigen and nitrogen. Lipid hydroperoxides. Malondialdehyde. Isoprostanes. AGRADECIMENTOS À FAPESP, pela bolsa de Mestrado concedida a Emerson Silva Lima, e ao CNPq, pela bolsa de produtivi- dade concedida a Dulcineia S.P. Abdalla. FIGURA 4 - Análise por CLAE-EM de padrão de hidroperóxido do ácido linoléico. (A) Cromatograma da detecção seletiva do íon de m/z 311[M-H]- e (B) espectro de massa do pico eluído a 3,67 min, mostrando como íon principal m/z 311 [M-H]-, correspondente ao hidroperóxido e de menor intensidade, o íon de m/z 293 [M-H]-, correspondendo ao hidróxi- derivado. Peroxidação lipídica: mecanismos e avaliação em amostras biológicas 301 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABUJA, P.M., ALBERTINI, R. Methods for monitoring oxidative stress, lipid peroxidation and oxidation resistance of lipoproteins. Clin. Chim. Acta, v.306, p. 1- 17, 2001. AL MEHDI, A.B., DODIA, C., JAIN, M.K., FISHER, A. B. 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