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Técnicas de Reportagem, Entrevista e Pesquisa Jornalística III

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Técnicas III - P2
Segundo os autores estudados, o jornalismo pode ser considerado uma forma de conhecimento da realidade social de diferentes maneiras.
De acordo com Eduardo Meditsch, o jornalismo pode ser uma forma de produção de conhecimento, no entanto, esta forma de conhecimento tanto pode servir para reproduzir outros saberes, quanto para degradá-los, muitas vezes fazendo os dois simultaneamente.
Na era moderna, os positivistas estabeleceram a ciência como única fonte de conhecimento digna de crédito, e o método científico foi escolhido como parâmetro adequado para se conhecer e dominar o mundo. Assim, o jornalismo passou a ser considerado como um contribuinte da degradação do saber, e não um produtor de conhecimento válido.
Já em outra abordagem enumerada por Meditsch, o jornalismo é tido como uma ciência menor, um processo de gradação do conhecimento, tanto em relação à sua profundidade, quanto em relação à sua velocidade, “o jornalismo é a história escrita à queima-roupa”.
Em uma terceira abordagem, o jornalismo não revela mal e nem menos a realidade do que a ciência, ele apenas revela diferente, como aspectos da realidade que os outros modos não são capazes de revelar. E ele não somente reproduz o conhecimento que ele próprio produz, como reproduz também conhecimento produzido por outras instituições como as artes e as ciências.
Segundo Meditsch, uma das principais justificações sociais do jornalismo é manter a comunicabilidade entre todas as redes, como a de físicos, advogados, operários e filósofos, enquanto a ciência evolui reescrevendo o conhecimento do senso comum em linguagens formais e esotéricas, comum aos sujeitos da rede em que circula.
Alguns trabalhos científicos definem o jornalismo como uma imagem da realidade condicionada por mediações do modo particular como o jornalista vê o mundo, os objetivos, a estrutura e a rotina das organizações onde trabalha, as condições técnicas e econômicas para a realização de suas tarefas, e o jogo de poder e os conflitos de interesses inclusos na circulação social de tal informação.
Isso é considerado um dos principais problemas do jornalismo, a notícia ser apresentada ao público como a realidade, quando na verdade é uma versão da realidade com condicionantes omitidos ao público. Além da espetacularização na notícia promovida por técnicas narrativas e dramáticas buscando audiência e persuasão política.
Como produto social, o jornalismo reproduz a sociedade em que está inserido, suas desigualdades e contradições.
Ao considerar o jornalismo com um meio de conhecimento, não só como um meio de comunicação, caminha-se no sentido de aumentar a exigência sobre o conteúdo jornalístico e a formação profissional dos jornalistas, que deixam de ser comunicadores e se transformam em produtores e reprodutores de conhecimento.
Já Carlos Franciscato, baseando se no sociólogo Robert Park, afirma que o jornalismo é um tipo de conhecimento “intermediário” entre uma forma racional de conhecimento, a científica, e aquele conhecimento obtido em nossa vida cotidiana, o senso comum.
A crítica ao positivismo da proposta de um jornalismo de precisão, de base quantitativa, leva pesquisadores de base qualitativa a propor uma revisão dos modos tradicionais da reportagem jornalística com o emprego de técnicas qualitativas - etnografia, observação participante e entrevista em profundidade.
Portanto, os autores examinados sugerem - reforçando a tese de Robert Park - que o jornalismo pode se beneficiar de uma aproximação com as ciências, adquirindo instrumentos mais rigorosos e precisos de captação e interpretação de informações.

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