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Alfabetizacao_e_Letramento_02

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 Material elaborado exclusivamente para treinamento dos cursos a distância do 
Instituto da Educação. Comercialização proibida. 
 
 
 
 
 
 Alfabetização e Letramento 
Na Educação Infantil 
Módulo II 
 
 
 
 
 
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Conteúdo Programático 
 
 
 
4. Decodificação e codificação gráfica 
5. Analfabetismo e alfabetismo funcional 
6. Métodos de alfabetização 
7. O construtivismo e a desmetodização 
8. Concepções de alfabetização e letramento 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4. Decodificação e codificação gráfica 
Após as pesquisas de Emilia Ferreiro e Ana Teberosk sobre a 
psicogênese da língua escrita, ficou claro que a capacidade de ler e escrever 
não depende exclusivamente da habilidade que o alfabetizando apresente de 
“somar pedaços de escrita”, e sim, antes disso, de compreender como funciona 
a estrutura da língua e a forma como é utilizada na sociedade. 
 
 Fonte: blog.educacional.com.br 
 
Magda Soares diz que, num sentido amplo, o que poderíamos chamar 
de acesso ao mundo da escrita é o processo de um sujeito entrar nesse 
mundo, o que ocorre basicamente por duas vias: uma, por meio do 
aprendizado de uma técnica, ou seja, quando o educando aprende a ler e a 
escrever relacionando sons com letras, fonemas com grafemas, para codificar 
e decodificar. 
Esta via prioriza o domínio do código convencional da leitura e da 
escrita, com base na teoria empirista, que historicamente é a que mais tem 
influenciado as representações sobre o ato de ensinar e o de aprender, 
expressando-se em um modelo de aprendizagem conhecido como de 
“estímulo-resposta”. 
Decorrentes da proposta didática de alfabetização por meio da aquisição 
de uma técnica (tradicional), estão concepções como a de que ler é aprender a 
identificar letras, sílabas, palavras e frases para depois conseguir decifrar 
curtos e simples textos escolares específicos; ler, no período da alfabetização, 
consiste em codificar e decodificar letras e sons; o aluno só consegue ler 
depois de dominar a técnica da leitura e da escrita, quando, então, passa a ter 
contato com textos reais e com a linguagem utilizada cotidianamente; o 
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alfabetizando precisa memorizar e fixar informações, das mais simples para as 
mais complexas, que se vão sobrepondo e acumulando na composição das 
palavras, que têm um fim em si mesmas; o planejamento não precisa ser 
flexível, podendo o professor utilizar o mesmo em todos os anos e em 
qualquer classe, que deve ser homogênea para facilitar o trabalho do docente, 
detentor do conhecimento, que corrige rigorosamente todas as atividades, a fim 
de evitar que o erro seja fixado. 
 Isso pode ser constatado através das tradicionais cartilhas, que na 
grande maioria utilizam a silabação, embora proclamem lançar mão do método 
misto. Partem da memorização das vogais, que se combinam com cada 
consoante, no estudo das famílias silábicas. Tais instrumentos enfatizam uma 
concepção de língua escrita como transcrição da fala, apresentando textos 
construídos com a finalidade de tornar clara essa relação. 
 
 Fonte: silvanapsicopedagoga.blogspot.com 
 
Ao alfabetizar o aluno com embasamento no método tradicional, 
valoriza-se o produto final do ato de ler e escrever, entendendo-o como 
decorrente da aquisição de habilidades como, aprender a técnica, desenvolver 
a coordenação motora, discriminação visual, o uso de lápis, do papel, etc. , o 
que gera ênfase primordial na automação da escrita para, numa segunda 
etapa, voltar-se para a compreensão ou interpretação do texto, em detrimento 
ao processo de construção da língua escrita pelos alunos. É centrado no 
professor e valoriza a cópia, podendo conduzir muitos alunos ao analfabetismo 
funcional. 
Neste processo, é prioridade a mecanização e memorização da escrita, 
caracterizando crianças que realizam somente a codificação e/ou a 
decodificação das sílabas mais trabalhadas em sala de aula e não são capazes 
de construir novas palavras a partir destas mesmas sílabas, nem de utilizá-las 
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em textos diversos. Tal abordagem vê a língua como pura fonologia, 
apresentando à criança textos não estruturados, que não passam de um 
agregado de palavras desconectadas, sem coerência e coesão. Dessa forma, 
podem até reconhecer essas sílabas e palavras-chave exaustivamente 
repetidas em sala de aula, mas não conseguem formar novas palavras 
juntando tais sílabas, nem escrever frases contextualizadas com essas 
palavras. 
Com frequência, muitas crianças decoram todo o alfabeto, mas não 
conseguem ler sílaba nem palavra; sílabas que, por ventura, conseguiram 
decorar para leitura não conseguem escrever no ditado, nem reconhecer em 
outros contextos; podem, até, conseguir fazer cópias, mas não conseguem 
escrever as mesmas palavras quando são ditadas. São as crianças copistas, 
que sofrem muito com sua própria situação. Há as que escrevem 
precariamente algumas palavras-chave e famílias silábicas, usadas 
exaustivamente, mas não leem. 
 
 
 Fonte: abreucadena.zip.net 
 
E como são muito cobradas, tendem a desenvolver baixa autoestima e 
alguns bloqueios, pois adentram à escola com muitas expectativas, que não 
são correspondidas, o que pode levá-las a se sentirem desmotivadas, 
principalmente em função dos exercícios descontextualizados e da cobrança 
da memorização, com o que fica-lhes muito mais difícil alfabetizar-se. 
Com o método sintético, a criança é um aprendiz que vai juntando 
informações; que aprende uma família silábica após a outra se supondo que, 
em dado momento no decorrer desse caminho, tenha um insight e compreenda 
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a relação entre todas essas sílabas, fazendo uma síntese a partir de uma 
determinada quantidade de informações. 
Pode aprender a escrever, porém não a expressar-se com desinibição e 
espontaneidade, pois, inclusive pela falta de contextualização, sua visão de 
mundo tende a limitar-se ao discurso escolar; é como se a leitura e a escrita 
fossem atividades restritas ao ambiente escolar: leem e escrevem as palavras 
que o professor ensina. A criança é levada a construir seu conhecimento da 
língua escrita em um sistema gráfico de representação da linguagem oral, e faz 
do ato de ler e escrever apenas uma codificação e decodificação. É uma 
alfabetização artificial e mecânica dificultando a sua compreensão, pois não 
tem a ver com tudo que vivencia em seu cotidiano: o educando faz cópias de 
conteúdos não contextualizados e sem significado para a sua vida. 
A outra via, construtivista, consiste em desenvolver as práticas de uso 
da língua escrita, considerando que não adianta aprender uma técnica e não 
saber usá-la. Os dois processos devem ser simultâneos e interdependentes, 
pois aprender a técnica da leitura e da escrita não é pré-requisito para utilizar 
tais capacidades nas atividades cotidianas.
Fonte: moodle.plataformaeduc.com.br 
 
O professor que atua com postura construtivista valoriza um ambiente 
alfabetizador, que facilite a interação do educando com os mais diversos tipos 
de textos, dentro de um clima de liberdade para participar das propostas e 
construir o ato de ler e de escrever. Considera que ler é atribuir significado, o 
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que ocorre pelo uso de estratégias de leitura (de decodificação, seleção, 
antecipação, inferência e verificação) a partir do conhecimento prévio e dos 
índices fornecidos pelo texto. 
 
 Fonte: tania-educainfantil.blogspot.com 
 
Procura trazer para a sala de aula tudo que possa motivar a criança, 
despertar sua curiosidade e o desejo de ler, utilizando a decodificação possível 
naquele momento, como identificar a letra inicial, final ou as intermediárias para 
antecipar o significado da escrita de, por exemplo, painéis contextualizados, 
receitas, rótulos de produtos bem conhecidos, que auxiliarão na produção de 
textos individuais e coletivos, pois considera que é possível ler quando ainda 
não se sabe ler convencionalmente, e que é dessa forma que se pode 
aprender, tratando os alunos como leitores, desde sua entrada na escola. 
Nas oportunidades de interação com textos reais, mesmo sem saber ler 
convencionalmente, os alunos poderão questionar, explorar e confrontar suas 
hipóteses, registrando suas próprias escritas. A correspondência letra-som é 
um conteúdo fundamental, mas apenas um dos inúmeros conteúdos que a 
criança precisa, necessariamente, dominar na aquisição progressiva da 
linguagem escrita. 
Considera-se a alfabetização uma parte constituinte da prática da leitura 
e da escrita, onde, na interação com os textos, a criança constrói o seu 
conhecimento, as hipóteses a respeito da escrita e, dessa forma, 
progressivamente aprende a ler e a escrever, compreendendo as relações que 
existem entre fonemas e grafemas, codificando e decodificando, pois a 
alfabetização acontece como resultado da reflexão sobre as características e 
regularidades da escrita, sendo a palavra um meio para isso. 
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O construtivismo coloca em evidência as hipóteses que as crianças 
formulam, testam, reorganizam, assimilam, acomodam e formam novas 
hipóteses até adquirirem a forma convencional da língua escrita. Há uma leitura 
sequencial com conteúdo significativo, de modo que a criança vê a escrita 
como um objeto social. A proposta construtivista busca uma alfabetização com 
compreensão, construída pouco a pouco, respeitando a compreensão dos 
meios que a criança utiliza para representar a construção do seu conhecimento 
sobre a língua escrita. Deixa o aluno livre para criar suas próprias hipóteses, 
valorizando-o como construtor do seu conhecimento e sujeito de sua 
aprendizagem. Para tanto, o planejamento deve ser elaborado em função de 
uma classe real, necessitando de retomadas e reorganizações, não podendo 
ser reutilizado na íntegra, de um ano para outro e de uma classe para outra, 
pois estas devem ser heterogêneas, sendo benéfico para os alunos interagirem 
com colegas de diferentes níveis de conhecimento, o que favorece o trabalho 
do professor, uma vez que, quando os alunos aprendem uns com os outros, o 
educador tem maior liberação para atender os educandos mais necessitados 
de sua intervenção pedagógica. 
 
 Fonte: blogger.com 
 
Repetindo, tais diferenças ficam evidentes, sobretudo porque, para o 
método tradicional, todos aprendem da mesma forma, em classes 
homogêneas, descartando os conhecimentos prévios que a criança trouxe de 
seu ambiente social. Ela é ensinada mecanicamente, utilizando-se de sua 
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memória sem lhe dar oportunidade de pensar sobre a escrita e construí-la. Já 
numa abordagem construtivista, todo processo de elaboração é respeitado e é 
a partir dele que o professor vai estimular e intervir para que o aluno se 
desenvolva e se aproprie da leitura e da escrita. Nesse processo, são 
apresentados à criança diversos textos que irão auxiliá-la, e ela será capaz de 
produzir narrativas e demais textos que não são apenas frases soltas, 
justapostas, mas que terão um sentido e uma ligação entre si. 
Percebe-se que o aluno consegue realmente escrever uma história com 
princípio, meio e fim, rica de vocabulário e imaginação. Neste caso, a criança 
foi estimulada diariamente em sala de aula, com textos elaborados. 
O professor construtivista acredita que cada aluno aprende no seu 
tempo e de acordo com suas diferenças. Isso o estimula a ser mais dinâmico, 
procurando sempre diversificar sua ação pedagógica para atender todas as 
diferenças. Embasado pela teoria construtivista, o professor criará situações 
que possibilitem aos alunos a vivência dos usos sociais que se faz da escrita, 
possibilitando-lhes ouvir a leitura e atentar às características dos diferentes 
gêneros textuais, bem como a linguagem compatível com diferentes contextos 
comunicativos, participando de situações sociais nas quais os textos reais são 
utilizados, pensando sobre seus usos, características e funcionamento, além 
do sistema alfabético, pelo qual a língua é grafada. 
 
 Fonte: atividadesalfabetizacao.blogspot.com 
 
Assim, acreditar que o que mobiliza a aprendizagem é o esforço do 
sujeito com vistas a dar sentido às informações que estão disponíveis, como 
fazem os construtivistas, é bem diferente de acreditar que o educando 
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permanece passivo introjetando as informações que lhe são oferecidas e da 
maneira como são oferecidas, de acordo com concepções empiristas. 
O professor que questiona a eficácia do uso de cartilhas, do método 
tradicional, dos materiais excessivamente estruturantes utilizados, 
frequentemente, percebe que é preciso fazer mudanças. Nesse momento é 
fundamental estar atento para compreender que o construtivismo constitui uma 
teoria muito complexa, que possibilita saber quais passos a criança, em sua 
interação com a escrita, dá numa direção que lhe permite descobrir que 
escrever é registrar sons e não coisas. Depois que passa pela fase silábica, vai 
perceber o som do fonema, até o momento em que se tornará alfabética. 
Nesse momento, a criança deverá apropriar-se do sistema alfabético e do 
sistema ortográfico da escrita, que são sistemas constituídos de regras 
convencionais, as quais ela tem de aprender. E isso não ocorre de maneira 
espontaneísta; melhor ainda, a intervenção do professor é determinante neste 
processo: ele tem que definir e propor atividades; acompanhar o desempenho 
de cada aluno, encorajando-o, explicando, interpretando a sua escrita, 
auxiliando-o a perceber onde está o erro, auxiliando-o a avançar. Cabe-lhe 
observar a ação dos alunos, acolher ou problematizar suas produções, intervir 
a cada momento que julgar que pode colaborar para o avanço da sua reflexão 
sobre a escrita, pois realmente o alfabetizando tem que passar por um 
processo sistemático e progressivo de aprendizagem desse sistema, evoluindo 
com a ação compromissada e coerente do professor. 
Com finalidade didática, procuramos registrar lado
a lado aspectos 
significativos de cada uma destas concepções de alfabetização: 
 
Tradicional, com silabário Construtivista, com textos 
- Valoriza o produto final do ato de ler e 
escrever. 
- Entende alfabetização como 
compreensão do modo de construir 
conhecimento. 
- A concepção de ensino e aprendizagem 
pressupõe que a alfabetização é um 
processo cumulativo: agregam-se 
conhecimentos, passando pouco a pouco 
do simples (letras e sílabas) ao complexo 
(palavras e texto). 
- A concepção de ensino e aprendizagem 
pressupõe que a alfabetização é um 
processo de construção conceitual, 
apoiando na reflexão sobre as 
características e funcionamento da 
escrita: pouco a pouco o educando 
compreende as regularidades que 
caracterizam a escrita. 
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- Exercícios repetitivos de coordenação 
motora, discriminação visual e auditiva, 
localização espaço-temporal, etc. 
- Entende alfabetização como 
compreensão dos meios que a criança 
utiliza para representar a construção do 
seu conhecimento sobre a língua escrita. 
- O modelo de ensino apoia-se na 
capacidade do sujeito de associar 
estímulos e respostas, repetindo, 
memorizando e fixando na memória; a 
escrita é algo a ser decifrado. 
- O modelo de ensino apoia-se na 
capacidade do sujeito refletir, inferir, 
estabelecer relações, processar e 
compreender informações 
transformando-as em conhecimento 
próprio. 
 A criança compreende a função social da 
escrita. 
- Parte-se da crença de que seja fácil 
para o educando aprender primeiro, 
havendo falsa suposição sobre o que é 
fácil e difícil de aprender. 
- Parte-se do que os alunos pensam e 
sabem sobre a escrita, e isto possibilita 
que a aprendizagem seja significativa. 
- A criança é copista, não conseguindo 
construir um texto elaborado, e sim com 
frases soltas, repetitivas. 
- O aluno elabora o texto de acordo com 
sua visão de mundo, de forma criativa, 
expondo suas ideias. 
- Tudo vem pronto para ser copiado. São 
utilizados textos artificiais para ensinar a 
ler e a escrever. 
- Os textos são desenvolvidos pelos 
alunos, conforme sua linha de raciocínio. 
São textos reais, considerados como o 
local onde se aprende a ler e escrever, 
bem como se reflete sobre as 
regularidades da escrita. 
- A informação deve ser oferecida da 
forma mais simples possível, uma de 
cada vez, para não confundir aquele que 
aprende. 
- O aprendiz é um sujeito, protagonista do 
seu próprio processo de aprendizagem. 
 
 É fundamental que o alfabetizador conheça cada uma dessas vias para 
identificar as respectivas consequências, pois cada concepção orienta práticas 
pedagógicas diferentes, sendo diferentes, também, os resultados alcançados. 
Ao adotar a metodologia de alfabetização, definirá também suas atitudes e 
posturas em sala de aula, bem como os materiais que utilizará, priorizando as 
competências e habilidades a serem construídas pelos alunos. 
Embasado pelo conhecimento da teoria, o professor atuará de forma 
coerente quanto à compreensão dos processos de ensino-aprendizagem, à 
concepção de língua escrita por parte de cada um de seus alunos, bem como a 
escolha crítica do material a ser utilizado em sala de aula, correlacionando-o à 
realidade dos alunos, num esforço para orientar sistemática e 
progressivamente sua apropriação do sistema de escrita. 
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Para tanto, é essencial o planejamento e a organização do trabalho em 
torno da alfabetização, a fim de promover situações motivadoras e a partir 
delas realizar uma intervenção adequada. Sua decisão depende de sua visão 
de homem, de mundo, de educação. 
 
 Fonte: pedagogiaaopedaletra.com 
 
Assim, decidir se vai ou não utilizar a escrita socialmente, permitindo ao 
aluno construir seu próprio conhecimento; que tipo de criança quer formar: 
mais criativa, questionadora, com melhor entendimento de expressão escrita e 
leitura, ou que simplesmente reproduza os fonemas e grafemas ensinados? 
Que a aprendizagem da escrita ocorra de modo dinâmico, interessante, 
com crianças engajadas na construção do próprio conhecimento, orientadas 
por um professor que lhes facilita a ação de conhecer o mundo, ou ocorra de 
modo mecânico, sistemático e previamente determinado pela cartilha? 
 A afirmação de que o comportamento linguístico revela a inteligência 
superior do homem pode ser considerada de três maneiras. Pode ser as coisas 
que dizemos: nossas palavras dão indícios de nossos pensamentos, e a 
correção e criatividade de nossos pensamentos mostram o quão inteligente 
somos. 
Pode-se sustentar também que, sem comunicação linguística não 
haveria literatura, ciência, lei, em suma, nenhum acúmulo de conhecimento, 
seja ele teórico ou prático. Ora, a transmissão cultura do conhecimento sem 
dúvida contribuem bastante para o desenvolvimento da inteligência individual. 
De acordo com algumas argumentações, nada melhor para estabelecer 
nossa inteligência do que a própria existência da comunicação verbal, não 
importa o que seja dito. Como argumentou Descartes, mesmo pessoas 
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desprovidas de razão dizendo coisas insensatas exibem uma forma de 
inteligência que nenhum outro animal possui. A própria ambiguidade da palavra 
"entendimento" significando ao mesmo tempo inteligência e compreensão é, 
nesse aspecto, bastante expressiva. Essa visão de relação entre linguagem e 
inteligência, contudo, não se ajusta muito bem a uma outra visão mais comum, 
segundo a qual a comunicação verbal é uma questão de codificação e 
decodificação. Pois, são a codificação e a decodificação verdadeiras atividades 
inteligentes? 
 
► Codificação e seus limites 
 O que fazemos quando nos comunicamos? Que habilidade cognitiva 
exibimos nessa ocasião? A visão comum é que a comunicação é possível 
apenas se os interlocutores compartilham um código. Uma língua como o 
inglês é vista como um código complexo. Seja simples ou complexo, um código 
é um mecanismo que gera pares constituídos de uma mensagem e um sinal: o 
código Morse, por exemplo, emparelha cada letra do alfabeto com uma série 
de sinais sonoros curtos ou longos; uma língua emparelha sentidos e sons 
linguísticos. O emparelhamento de mensagens e sinais gerados pelo código 
pode ser posto em funcionamento em dois tipos de mecanismos: codificadores 
e decodificadores. 
Humanos podem realizar as duas tarefas, como codificadores de 
sentidos linguísticos e como decodificadores de som linguístico, e é assim que 
prosseguem a argumentação e se comunicam entre si. Falhas de comunicação 
ocorrem quando a codificação ou decodificação não é feita de maneira 
apropriada, ou quando um ruído prejudica o sinal sonoro, ou, o que pe mais 
significativo, quando os códigos dos interlocutores não estão adequadamente 
reproduzidos. Em caso contrário, uma tal comunicação baseada em códigos 
deve fluir sem maiores problemas. Esta é uma explicação simples e poderosa 
dos sucessos e fracassos da comunicação. Contudo, se essa explicação 
estiver coreta, então a habilidade de comunicar-se linguisticamente não deve 
em absoluto ser descrita como inteligente. 
O modo de funcionamento do mecanismo de codificação ou 
decodificação não é nem inferencial nem criativo. Não é inferencial em virtude 
de a relação simétrica entre uma mensagem e um sinal ser bastante diferente
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da relação assimétrica entre a premissa e a conclusão: assim como a letra "m" 
não se segue logicamente de dois sinais sonoros longos, o significado de uma 
sentença não se segue logicamente de seu som. O mecanismo de codificação 
ou decodificação tampouco é criativo: é uma reação automática à mensagem 
ou sinal introduzido. Na verdade, é melhor que não seja criativo: um impulso 
criativo na codificação ou decodificação iria comprometer a simetria entre os 
dois processos e, portanto, o sucesso da comunicação baseada em código. 
Todavia, a visão comum da comunicação verbal é falsa e, a codificação 
e a decodificação são apenas componentes subsidiários do que é 
essencialmente um processo inferencial criativo. 
 
 
5. Analfabetismo e alfabetismo funcional 
 A definição sobre o que é analfabetismo vem sofrendo revisões nas 
últimas décadas. Em 1958, a Unesco definia como alfabetizada uma pessoa 
capaz de ler ou escrever um enunciado simples, relacionado a sua vida diária. 
Vinte anos depois, a Unesco sugeriu a adoção do conceito de alfabetismo 
funcional. É considerada alfabetizada funcional a pessoa capaz de utilizar a 
leitura e escrita para fazer frente às demandas de seu contexto social e de usar 
essas habilidades para continuar aprendendo e se desenvolvendo ao longo da 
vida. 
 
 Fonte: colmeiaviva.com.br 
 
Em todo o mundo, a modernização das sociedades, o desenvolvimento 
tecnológico, a ampliação da participação social e política colocam demandas 
cada vez maiores com relação às habilidades de leitura e escrita. A questão 
não é mais apenas saber se as pessoas conseguem ou não ler e escrever, 
mas também o que elas são capazes de fazer com essas habilidades. Isso 
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quer dizer que, além da preocupação com o analfabetismo, problema que 
ainda persiste nos países mais pobres e também no Brasil, emerge a 
preocupação com o alfabetismo, ou seja, com as capacidades e usos efetivos 
da leitura e escrita nas diferentes esferas da vida social. 
A capacidade de utilizar a linguagem escrita para informar-se, expressar-
se, documentar, planejar e aprender cada vez mais é um dos principais 
legados da educação básica. A toda a sociedade e, em especial, aos 
educadores e responsáveis pelas políticas educacionais, interessa saber em 
que medida os sistemas escolares vêm respondendo às exigências do mundo 
moderno em relação ao alfabetismo e, além da escolarização, que condições 
são necessárias para que todos adultos tenham oportunidades de continuar a 
se desenvolver pessoal e profissionalmente. 
No meio educacional brasileiro, letramento é o termo que vem sendo 
usado para designar esse conceito de alfabetismo, que corresponde ao 
literacy, do inglês, ou ao littératie, do francês, ou ainda ao literacia, em 
Portugal. 
 
 Fonte: alunosonline.com.br 
 
► Índices e critérios de medida 
No século 20, as taxas de analfabetismo entre os brasileiros com 15 
anos ou mais decresceram de 65% em 1920 para 13% em 2000. Esse 
decréscimo resulta da expansão paulatina dos sistemas de ensino público, 
ampliando o acesso à educação primária. O Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE), tal como se faz em outros países, sempre apurou os índices 
de analfabetismo com base na auto-avaliação da população recenseada sobre 
sua capacidade de ler e escrever. Pergunta-se se a pessoa sabe ler e escrever 
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uma mensagem simples. Seguindo recomendações da Unesco, na década de 
90, o IBGE passou a divulgar também índices de analfabetismo funcional, 
tomando como base não a auto-avaliação dos respondentes, mas o número de 
séries escolares concluídas. Pelo critério adotado, são analfabetas funcionais 
as pessoas com menos de quatro anos de escolaridade. Com isso, o índice de 
analfabetismo funcional no Brasil chega perto dos 27%, segundo o Censo 
2000. 
Mas ter sido aprovado na 4ª série garante o alfabetismo funcional? A 
pergunta não tem resposta categórica, pois o conceito é relativo, dependente 
das demandas de leitura e escrita existentes nos contextos e das expectativas 
que a sociedade coloca quanto às competências mínimas que todos deveriam 
ter. É por isso que, enquanto nos países menos desenvolvidos se toma o 
critério de quatro séries escolares, na América do Norte e na Europa toma-se 
oito ou nove séries como patamar mínimo para se atingir o alfabetismo 
funcional. 
E, mesmo já tendo estendido a escolaridade de oito ou até 12 séries 
para praticamente toda a população, muitos países norte americanos e 
europeus continuam preocupados com o nível de alfabetismo da população, 
tendo em vista, principalmente, as exigências de competitividade no mercado 
globalizado. O grau de escolaridade atingido já não satisfaz como critério de 
alfabetismo. 
 
 Fonte: itd.org.br 
 
Por um lado, é cada vez mais patente que os resultados de 
aprendizagem dos sistemas de ensino são muito desiguais e, além disso, os 
governos estão interessados em saber quanto a população adulta encontra 
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oportunidades de desenvolver as habilidades adquiridas na escola, mantendo a 
capacidade de aprender. 
Com esse tipo de preocupação, na década de 90, muitos países 
desenvolvidos começaram a realizar pesquisas amostrais para verificar de 
forma direta, por meio da aplicação de testes, os níveis de habilidades de 
leitura e escrita da população adulta. O principal programa internacional é 
articulado pelo OCDE, o International Adult Literacy Survey, do qual participam 
mais de 40 países. Nesses estudos, o foco não é o analfabetismo, mas a 
insuficiência das habilidades de leitura e escrita da população alfabetizada. A 
dicotomia analfabeto x alfabetizado cede lugar para o interesse em determinar 
e comparar níveis de habilidade de leitura e escrita. Na América Latina e no 
Brasil, em particular, a questão tem características específicas e mais 
complexas. 
 
 Fonte: redebrasilatual.com.br 
 
Aqui, enfrentamos ao mesmo tempo os problemas novos e os antigos. O 
analfabetismo absoluto ainda atinge milhões de brasileiros e precisa ser 
solucionado com políticas voltadas à superação da pobreza e da exclusão. Ao 
mesmo tempo, é preciso melhorar o desempenho dos sistemas de ensino e 
elevar a qualificação da força de trabalho em todos os níveis, tendo em vista a 
participação nos setores de ponta da economia mundializada e o fortalecimento 
das instituições democráticas. 
 
► Os compromissos necessários para um Brasil alfabetizado 
Os dados sobre o alfabetismo funcional confirmam que a educação 
básica é o pilar fundamental para promover a leitura, o acesso à informação, a 
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cultura e a aprendizagem ao longo de toda a vida. Assim, para que tenhamos 
um Brasil com níveis satisfatórios de participação social e competitividade no 
mundo globalizado, um primeiro compromisso a ser reafirmado é com a
extensão do ensino fundamental de pelo menos oito anos a todos os 
brasileiros, independentemente da faixa etária, com oferta flexível e 
diversificada aos jovens e adultos que não puderam realizá-lo na idade 
adequada. 
 
 Fonte: bibliomozartmonteiro.blogspot.com 
 
É preciso também reconhecer que os resultados da escolarização em 
termos de aprendizagem ainda são muito insuficientes e que um eixo norteador 
para a melhoria pedagógica na educação básica deve ser o aprimoramento do 
trabalho sobre a leitura e a escrita. É preciso superar a visão de que esse é um 
problema apenas dos professores alfabetizadores e dos professores de 
Português. Grande parte das aprendizagens escolares depende da capacidade 
de processar informações escritas, verbais e numéricas, relacionando-as com 
imagens, gráficos etc. Todos os educadores precisam atuar de forma 
coordenada na promoção dessas habilidades, contando com referências claras 
quanto a estratégias e estágios de progressão desejáveis ao longo do 
processo, para que os avanços possam ser monitorados. Com apoio dos 
gestores, todos os professores devem agir sistemática e intensivamente no 
sentido de desenvolver nos alunos hábitos e procedimentos de leitura para 
estudo, lazer e informação, assim como proporcionar o acesso e a 
manipulação das fontes: bibliotecas com bons acervos de livros, revistas e 
jornais, computador e internet. 
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Finalmente, é preciso reconhecer que a promoção do alfabetismo não é 
tarefa só da escola. Os países que já conseguiram garantir o acesso universal 
à educação básica estão conscientes de que é necessário também que os 
jovens e adultos encontrem, depois da escolarização, oportunidades e 
estímulos para continuar aprendendo e desenvolvendo as suas habilidades. Os 
programas de dinamização de bibliotecas e inclusão digital são fundamentais e 
devem ser levados a sério pelas políticas públicas. Para a população 
empregada, o próprio local de trabalho pode ser potencializado como espaço 
de aprendizagem e, nesse caso, os empresários tem uma participação 
importante nos compromissos a ser assumidos. 
As empresas podem oferecer e incentivar o uso de acervos de jornais, 
revistas e livros, assim como de terminais de acesso à internet para fins de 
pesquisa, além de ampliar as oportunidades de participação em programas 
educativos relacionados ao desenvolvimento pessoal e profissional dos 
trabalhadores, dando especial atenção aos que têm menor qualificação e 
necessitam de mais apoio para superar a exclusão cultural. 
 
 Fonte: glima.eci.ufmg.br 
 
 
6. Métodos de alfabetização 
 O melhor método para a alfabetização é um discussão antiga entre os 
especialistas no assunto e também entre os pais quando vão escolher uma 
escola para seus filhos começaram a ler as primeiras palavras e frases. No 
caso brasileiro, com os elevados índices de analfabetismo e os graves 
problemas estruturais na rede pública de ensino, especialistas debatem qual 
seria o melhor método para revolucionar, ou pelo menos, melhorar a educação 
20 
 
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brasileira. Ao longo das décadas, houve uma mudança da forma de pensar a 
educação, que passou de ser vista da perspectiva de como o aluno aprende e 
não como o professor ensina. 
 São muitas as formas de alfabetizar e cada uma delas destaca um 
aspecto no aprendizado. Desde o método fônico, adotado na maioria dos 
países do mundo, que faz associação entre as letras e sons, passando pelo 
método da linguagem total, que não utiliza cartilhas, e o alfabético, que trabalha 
com o soletramento, todos contribuem, de uma forma ou de outra, para o 
processo de alfabetização. 
 
♦ Qual é o melhor método? 
 Vamos conhecer os métodos de alfabetização mais utilizados, como 
funcionam, quais são as vantagens e desvantagens de cada um deles, além da 
orientação dos Parâmetros Curriculares Nacionais da Língua Portuguesa, 
adotados pelo governo federal. 
A proposta não é apontar o melhor método de alfabetização, até porque 
os educadores e especialistas não têm um consenso sobre o tema. 
Pretendemos apenas mostrar as características de cada método para que os 
pais conheçam mais profundamente o método que está sendo aplicado na 
educação de seus filhos. 
 
• Método Sintético 
 O método sintético estabelece uma correspondência entre o som e a 
grafia, entre o oral e o escrito, através do aprendizado por letra por letra, ou 
sílaba por sílaba e palavra por palavra. 
 
 
 Fonte: pessoas.hsw.uol.com.br 
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 Os métodos sintéticos podem ser divididos em três tipos: o alfabético, o 
fônico e o silábico. No alfabético, o estudante aprende inicialmente as letras, 
depois forma as sílabas juntando as consoantes com as vogais, para, depois, 
formar as palavras que constroem o texto. 
 No fônico, também conhecido como fonético, o aluno parte do som das 
letras, unindo o som da consoante com o som da vogal, pronunciando a sílaba 
formada. Já no silábico, ou silabação, o estudante aprende primeiro as sílabas 
para formar as palavras. 
 Por este método, a aprendizagem é feita primeiro através de uma leitura 
mecânica do texto, através da decifração das palavras, vindo posteriormente a 
sua leitura com compreensão. 
 Neste método, as cartilhas são utilizadas para orientar os alunos e 
professores no aprendizado, apresentando um fonema e seu grafema 
correspondente por vez, evitando confusões auditivas e visuais. 
 Como este aprendizado é feito de forma mecânica, através da repetição, 
o método sintético é tido pelos críticos como mais cansativo e enfadonho para 
as crianças, pois é baseado apenas na repetição e é fora da realidade da 
criança, que não cria nada, apenas age sem autonomia. 
 
• Método Analítico 
 O método analítico, também conhecido como “método olhar-e-dizer”, 
defende que a leitura é um ato global e audiovisual. Partindo deste princípio, os 
seguidores do método começam a trabalhar a partir de unidades completas de 
linguagem para depois dividi-las em partes menores. Por exemplo, a criança 
parte da frase para extrair as palavras e, depois, dividi-las em unidades mais 
simples, as sílabas. 
 
 Fonte: misturadealegria.blogspot.com 
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 Este método pode ser divido em palavração, sentenciação ou global. Na 
palavração, como o próprio nome diz, parte-se da palavra. Primeiro, existe o 
contato com os vocábulos em uma sequência que engloba todos os sons da 
língua e, depois da aquisição de um certo número de palavras, inicia-se a 
formação das frases. 
 Na sentenciação, a unidade inicial do aprendizado é a frase, que é 
depois dividida em palavras, de onde são extraídos os elementos mais simples: 
as sílabas. Já no global, também conhecido como conto e estória, o método é 
composto por várias unidades de leitura que têm começo, meio e fim, sendo 
ligadas por frases com sentido para formar um enredo de interesse da criança. 
Os críticos deste método dizem que a criança não aprende a ler, apenas 
decora. 
 
• Método
Alfabético 
 Um dos mais antigos sistemas de alfabetização, o método alfabético, 
também conhecido como soletração, tem como princípio de que a leitura parte 
da decoração oral das letras do alfabeto, depois, todas as suas combinações 
silábicas e, em seguida, as palavras. A partir daí, a criança começa a ler 
sentenças curtas e vai evoluindo até conhecer histórias. 
 
 Fonte: espacoeducar-liza.blogspot.com 
 
Por este processo, a criança vai soletrando as sílabas até decodificar a palavra. 
Por exemplo, a palavra casa soletra-se assim c, a, ca, s, a, sa, casa. O método 
Alfabético permite a utilização de cartilhas. 
 As principais críticas a este método estão relacionadas à repetição dos 
exercícios, o que o tornaria tedioso para as crianças, além de não respeitar os 
conhecimentos adquiridos pelos alunos antes de eles ingressarem na escola. 
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O método alfabético, apesar de não ser o indicado pelos Parâmetros 
Curriculares Nacionais, ainda é muito utilizado em diversas cidades do interior 
do Nordeste e Norte do país, já que é mais simples de ser aplicado por 
professores leigos, através da repetição das Cartas de ABC, e na alfabetização 
doméstica. 
 
• Método Fônico 
 O método fônico consiste no aprendizado através da associação entre 
fonemas e grafemas, ou seja, sons e letras. Esse método de ensino permite 
primeiro descobrir o princípio alfabético e, progressivamente, dominar o 
conhecimento ortográfico próprio de sua língua, através de textos produzidos 
especificamente para este fim. 
 
 Fonte: espacoeducar-liza.blogspot.com 
 
O método é baseado no ensino do código alfabético de forma dinâmica, 
ou seja, as relações entre sons e letras devem ser feitas através do 
planejamento de atividades lúdicas para levar as crianças a aprender a 
codificar a fala em escrita e a decodificar a escrita no fluxo da fala e do 
pensamento. 
 O método fônico nasceu como uma crítica ao método da soletração ou 
alfabético. Primeiro são ensinadas as formas e os sons das vogais. Depois são 
ensinadas as consoantes, sendo, aos poucos, estabelecidas relações mais 
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complexas. Cada letra é aprendida como um fonema que, juntamente com 
outro, forma sílabas e palavras. São ensinadas primeiro as sílabas mais 
simples e depois as mais complexas. 
 Visando aproximar os alunos de algum significado é que foram criadas 
variações do método fônico. O que difere uma modalidade da outra é a 
maneira de apresentar os sons: seja a partir de uma palavra significativa, de 
uma palavra vinculada à imagem e som, de um personagem associado a um 
fonema, de uma onomatopéia ou de uma história para dar sentido à 
apresentação dos fonemas. Um exemplo deste método é o professor que 
escreve uma letra no quadro e apresenta imagens de objetos que comecem 
com esta letra. Em seguida, escreve várias palavras no quadro e pede para os 
alunos apontarem a letra inicialmente apresentada. A partir do conhecimento já 
adquirido, o aluno pode apresentar outras palavras com esta letra. 
 Os especialistas dizem que este método alfabetiza crianças, em média, 
no período de quatro a seis meses. Este é o método mais recomendado nas 
diretrizes curriculares dos países desenvolvidos que utilizam a linguagem 
alfabética. 
 
♦ A velha cartilha Caminho Suave 
A grande maioria dos brasileiros alfabetizados até os anos de 1970 e 
início dos 80 teve na cartilha Caminho Suave o seu primeiro passo para o 
aprendizado das letras. Com mais de 40 milhões de exemplares vendidos 
desde a sua criação, a cartilha idealizada pela educadora Branca Alves de 
Lima, que morreu em 2001, aos 90 anos, teve um grande sucesso devido à 
simplicidade de sua técnica. 
 
 Fonte: blig.ig.com.br 
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 Na tentativa de facilitar a memorização das letras, vogais e consoantes, 
e depois das sílabas para aprender a formar as palavras, a então professora 
Branca, no final da década de 40, criou uma série de desenhos que continham 
a inicial das palavras: o “A” no corpo da abelha, o “F” no cabo da faca, o “G”, no 
corpo do gato. 
 Por causa da facilidade no aprendizado por meio desta técnica, 
rapidamente a cartilha tornou-se o principal aliado na alfabetização brasileira 
até o início dos anos 80, quando o construtivismo começou a tomar forma. Em 
1995, o Ministério da Educação retirou a cartilha do seu catálogo de livros. 
Apesar disto, estima-se que ainda são vendidas 10 mil cartilhas por ano no 
Brasil. 
 
 
7. O construtivismo e a desmetodização 
 Os Parâmetros Curriculares Nacionais, também conhecido como PCN, 
são uma espécie de manual para as escolas sobre como deveria ser a 
orientação para o ensino, de acordo com o Ministério da Educação. Criado em 
1998, este documento tem como função orientar e garantir a coerência dos 
investimentos no sistema educacional, socializando discussões, pesquisas e 
recomendações, subsidiando a participação de técnicos e professores 
brasileiros, principalmente daqueles que se encontram mais isolados, com 
menor contato com a produção pedagógica atual. 
 
 Fonte: educacaojuventudes.blogspot.com 
 
Os PCNs propõem um currículo baseado no domínio das competências 
básicas e que esteja em consonância com os diversos contextos de vida dos 
alunos. "Mais do que reproduzir dados, denominar classificações ou identificar 
símbolos, estar formado para a vida, num mundo como o atual, de tão rápidas 
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transformações e de tão difíceis contradições, significa saber se informar, se 
comunicar, argumentar, compreender e agir, enfrentar problemas de qualquer 
natureza, participar socialmente, de forma prática e solidária, ser capaz de 
elaborar críticas ou propostas e, especialmente, adquirir uma atitude de 
permanente aprendizado", diz o documento. 
 Os PCN´s foram estabelecidos a partir de uma série de encontros, 
reuniões e de discussão realizados por especialistas e educadores de todo o 
país, de acordo com as diretrizes gerais estabelecidas pela Lei de Diretrizes e 
Bases. Segundo o MEC, estes documentos foram feitos para ajudar o 
professor na execução de seu trabalho, servindo de estímulo e apoio à reflexão 
sobre a sua prática diária, ao planejamento das aulas e, sobretudo, ao 
desenvolvimento do currículo da escola, formando jovens brasileiros para 
enfrentar a vida adulta com mais segurança. 
 Os Parâmetros Curriculares Nacionais defendem a linha construtivista 
como método de alfabetização. Surgida na década de 80, a partir de 
estudiosas da área como Ana Teberowsky e Emília Ferreiro, esta linha defende 
que a escola deve valorizar o conhecimento que a criança tem antes de 
ingressar no estabelecimento. A sua ênfase é na leitura e na língua escrita. 
 Os construtivistas são contra a elaboração de um material único para ser 
aplicado a todas as crianças, como as cartilhas, e rejeitam a prioridade do 
processo fônico. Por este método, as escolas, durante o processo de 
alfabetização, devem utilizar textos
que estejam próximos do universo da 
criança. 
 
 Fonte: redepitagoras.com.br 
 
Os defensores do método fônico culpam o construtivismo, base dos 
Parâmetros Curriculares Nacionais, pelos problemas de alfabetização no Brasil. 
27 
 
 Material elaborado exclusivamente para treinamento dos cursos a distância do 
Instituto da Educação. Comercialização proibida. 
Segundo os críticos, a concepção construtivista, em muitos casos, ignora que 
os estudantes de classe baixa, vindos de famílias menos letradas, trazem de 
casa uma bagagem cultural muito pequena, dificultando a sua adaptação a 
este método. 
 
 
8. Concepções de alfabetização e letramento 
A língua escrita é um objeto cultural que envolve as pessoas e, muitas 
vezes, constitui verdadeira “armadilha”, lembrando o COLE – Congresso de 
Leitura do Brasil, versão 2007. Já não basta desenhar letras, decifrar códigos 
ou simplesmente ler o que está posto, mas é necessário compreender as 
transformações culturais, sociais, políticas e tecnológicas ocorridas na 
sociedade contemporânea e que chegam aos sujeitos sociais por gêneros 
textuais diversificados, dos quais não se pode eximir da convivência e dos 
usos, se tivermos em vista a formação de cidadãos atuantes e participativos. 
No final do século XX, começamos a descobrir que não basta somente 
alfabetizar, mas, acima de tudo, é preciso que todos os povos entrem em 
contato com as mais variadas práticas de uso da língua escrita. Tão fortes são 
os apelos do mundo letrado que o domínio da língua e seu uso, em situações 
significativas, tornaram-se uma verdadeira condição para a sobrevivência e a 
conquista da cidadania. 
 
 Fonte: hottopos.com 
 
Os estudos acerca da psicogênese da língua escrita trouxeram aos 
educadores o entendimento de que a alfabetização envolve um complexo 
processo de elaboração de hipóteses sobre a representação linguística, 
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 Material elaborado exclusivamente para treinamento dos cursos a distância do 
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processo que se dá pelo uso efetivo, respeitando-se níveis conceituais 
diversificados, pelos quais passam o sujeito que aprende. 
Alfabetizar, nessa perspectiva, deixa de ser um ato mecânico, mas um 
processo ativo, em que, aquele que aprende, reflete e age sobre a leitura e a 
escrita. 
Ferreiro (2001) deixa claro que o educando deve reconstruir uma relação 
entre linguagem oral e escrita para se alfabetizar. 
Cabe lembrar, também, Azevedo (1995): "como se vai construindo 
progressivamente a correspondência silábica, até que esta chegue a ser uma 
correspondência estrita termo a termo". Alfabetizar-se, entre outros domínios 
envolvidos, é progredir no domínio fonético-fonológico, é caminhar para uma 
"correspondência termo a termo" entre as unidades/elementos da palavra 
falada e escrita. Mas é também fazer associações, estabelecer sentidos e 
correlacioná-los às especificidades da vida. 
 
 Fonte: marco-severo.blogspot.com 
 
Pensando a alfabetização para além da decifração, é preciso lembrar 
que a sociedade oferece e faz circular várias fontes e gêneros textuais. 
Portanto, cabe ao professor, ao fazer uso dos instrumentos e objetivos da 
educação, propiciar no processo alfabetizador, o convívio com gêneros textuais 
os mais diversificados, de forma a romper com a alfabetização 
descontextualizada, pois como propõe Soares (2000) a alfabetização “é um 
processo de compreensão/expressão de significados por meio do código 
escrito”. 
A funcionalidade da linguagem está, eminentemente, vinculada à 
percepção dos usos sociais da língua - uso heterogêneo, que se dá por de 
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“sequências relativamente estáveis de enunciados”, marcadas sócio-
historicamente, estritamente vinculadas às mais diversas situações da vida, e 
tem em Bakhtin (2003) a definição de gêneros primários e secundários. Os 
gêneros primários estão ligados à esfera das situações cotidianas que 
determinam as características temáticas, composicional e estilísticas típicas 
desse gênero; os gêneros secundários estão ligados a esferas públicas mais 
complexas e apresentam uma forma composicional mais monologizada, 
absorvendo e transmutando os gêneros primários. 
 
 Fonte: escolapraque.blogspot.com 
 
Marcuschi (2005) reforça o aspecto ‘coletivo, maleável, dinâmico e 
plástico’ dos gêneros, eventos linguísticos que nascem ‘emparelhados a 
necessidades e atividades socioculturais’. Os gêneros textuais são instâncias 
de sentidos que se diferenciam em conteúdo, forma e estilo e estão vinculados 
a situações sócio-comunicativas e culturais, em constante transformação. 
Crianças e adultos convivem, diariamente, com outdoors, convites, receitas, 
histórias, piadas, provérbios, história em quadrinhos, novelas, fábulas, charges, 
etc., o que justifica trabalhar essa realidade em sala de aula, buscando, cada 
vez mais, tornar o ensino proficiente, proporcionando, assim, o letramento dos 
envolvidos no processo. 
Soares diferencia alfabetização e letramento. Ao fazê-lo, amplia o 
conceito de alfabetização e valoriza o conjunto de práticas sociais de 
linguagem, resgatando sua importância para o sujeito. Para essa autora 
alfabetização é o processo pelo qual se adquire o domínio de um código e das 
habilidades de utilizá-lo para ler e escrever, ou seja: o domínio da tecnologia – 
do conjunto de técnicas – para exercer a arte e ciência da escrita. Ao exercício 
30 
 
 Material elaborado exclusivamente para treinamento dos cursos a distância do 
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efetivo e competente da tecnologia da escrita denomina-se Letramento que 
implica habilidades várias, tais como: capacidade de ler ou escrever para 
atingir diferentes objetivos (2000). 
É no processo de alfabetizar letrando que o professor capacita ao 
homem para o domínio dos símbolos da comunicação, habilidade 
imprescindível no mundo contemporâneo. 
Alfabetizar e letrar são dois processos simultâneos, o que talvez até 
permitisse optar por um ou outro termo, como sugere Emilia Ferreiro (In: NOVA 
ESCOLA, 2003, p. 30), com o argumento de que em alfabetização já estaria 
compreendido o conceito de letramento, ou vice-versa, seria verdade, que por 
alfabetização se estaria entendendo muito mais que a aprendizagem grafo-
fônica. 
No processo alfabetizador, há que se ir além do entendimento do 
funcionamento da escrita, para a compreensão da sua funcionalidade nas 
práticas sociais e culturais. Neste sentido, Tfouni (1995) afirma que “enquanto 
a alfabetização se ocupa da aquisição da escrita por um indivíduo ou grupo de 
indivíduos, o letramento focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição de 
uma sociedade”. Assim, alfabetizar e letrar necessariamente devem ser 
simultâneos. 
 
 Fonte: pedagogiaaopedaletra.com 
 
Dados do Instituto Nacional de Estatística e Pesquisa em Educação 
(INEP) revelam que os índices obtidos pela maioria dos alunos de 4ª série do 
Ensino Fundamental não ultrapassam os níveis “crítico” e “muito crítico”. 
Colello (2003) diz que “mesmo para as crianças que têm acesso à escola e que 
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nela permanecem por mais de 3 anos, não tem garantia de acesso autônomo
às práticas sociais de leitura e escrita”. 
As sociedades estão, cada vez mais, centradas na escrita com suas 
múltiplas funcionalidades. Para os sujeitos, saber ler e escrever tem se 
revelado, muitas vezes, condição insuficiente para responder adequadamente 
às demandas contemporâneas. É preciso ir além da simples aquisição do 
código escrito; é preciso fazer uso da leitura e da escrita no cotidiano; 
apropriar-se da função social dessas duas práticas; é preciso letrar-se.

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