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MEC - MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA 
UFF - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE 
PURO - PÓLO UNIVERSITÁRIO DE RIO DAS OSTRAS 
RIR - DEPARTAMENTO INTERDISCIPLINAR DE RIO DAS OSTRAS 
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
O SIGILO PROFISSIONAL DOS 
 
 ASSISTENTES SOCIAIS: 
 
Um estudo dos Códigos de Ética e da concepção de 
 profissionais 
 
Rio das Ostras 
2011 
2011 
 
2011 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE 
PÓLO UNIVERSITÁRIO DE RIO DAS OSTRAS 
DEPARTAMENTO INTERDISCIPLINAR DE RIO DAS OSTRAS 
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RAYANNE DANIELLE COSTA CARDOSO DE OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
O SIGILO PROFISSIONAL DOS ASSISTENTES SOCIAIS: 
Um estudo dos Códigos de Ética e da concepção de profissionais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio das Ostras, dezembro de 2011. 
2 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE 
PÓLO UNIVERSITÁRIO DE RIO DAS OSTRAS 
DEPARTAMENTO INTERDISCIPLINAR DE RIO DAS OSTRAS 
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RAYANNE DANIELLE COSTA CARDOSO DE OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
O SIGILO PROFISSIONAL DOS ASSISTENTES SOCIAIS: 
Um estudo dos Códigos de Ética e da concepção de profissionais 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como 
requisito parcial para a obtenção do título de 
bacharel em Serviço Social pela Universidade 
Federal Fluminense – Polo Universitário de Rio das 
Ostras. 
 
Orientadora: Profª. Mariana Pfeifer 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio das Ostras, dezembro de 2011. 
 
3 
 
 
RAYANNE DANIELLE COSTA CARDOSO DE OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
O SIGILO PROFISSIONAL DOS ASSISTENTES SOCIAIS: 
Um estudo dos Códigos de Ética e da concepção de profissionais 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado e aprovado como requisito parcial para a 
obtenção do título de Bacharel em Serviço Social pela Universidade Federal Fluminense, Polo 
Universitário de Rio das Ostras. 
 
 
 
Monografia aprovada em ____/____/____ 
 
 
 
 
 
Banca Examinadora 
 
 
 
 
____________________________________ 
Profª. Msc. Mariana Pfeifer 
Orientadora 
Universidade Federal Fluminense 
 
 
 
____________________________________ 
Profª Dra. Cristina Maria Brites 
Examinadora 
Universidade Federal Fluminense 
 
 
 
_____________________________________ 
Profª. Msc. Lúcia Maria da Silva Soares 
Examinadora 
Universidade Federal Fluminense 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho ao meu Deus e Senhor, que me 
deu forças pra eu que chegasse até aqui, e que 
bondosamente conduziu meus passos não me 
deixando desistir. 
 
 
 
5 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
 
A Deus pelo dom da minha vida, por toda a presença que tem no meu viver, sobretudo por te 
me concedido a graça de cursar uma Universidade Federal. 
 
Aos meus pais, Sr. Marcelo e Sra. Elizangela, pela educação que me deram, pela dignidade da 
formação do meu caráter e pelo amor que sempre me concederam. A minha mãe que sempre 
acreditou no meu potencial, e ao meu pai, pelo auxilio na escolha da profissão, pela ajuda 
material com a impressão dos trabalhos e pelo apoio de sempre. Aos dois todo meu 
amor!Obrigada por tudo. 
 
Ao meu amor e companheiro Jodemilson, pelo seu amor, carinho, compreensão, por todo 
incentivo e força para que eu concluísse a faculdade. Eu te amo muito! Obrigada! 
 
Ao meu irmão que gentilmente abaixou o som todas as vezes que eu precisava estudar, e pelas 
suas críticas que contribuíram de forma construtiva no meu pensamento e postura enquanto 
profissional. 
 
Aos professores que contribuíram transmitindo o conhecimento necessário para minha 
formação acadêmica. 
 
A minha orientadora Mariana Pfeifer, que surpreendeu todas as minhas expectativas, e que 
contribuiu de forma muito positiva, não me deixando desistir e me dando ânimo para que eu 
concluísse mais essa etapa na minha vida. Obrigada Mariana! 
 
A todos os meus amigos e amigas, as que fiz ao longo da vida acadêmica pela partilha de 
todos os momentos da minha formação, e a todos os amigos que sempre estiveram ao meu 
lado. Raiana, Caroline, Bianca, Fernanda, amigas que estão sempre comigo, obrigada por 
tudo, minhas irmãs! Obrigada Raiana pela paciência de ouvir, que a culpa é do sistema e que 
esse sistema tem que acabar. 
 
A todos que fazem parte da minha vida, e que de alguma forma contribuíram para a conclusão 
dessa jornada. 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Só há duas opções nesta vida: se resignar ou 
se indignar. E eu não vou me resignar nunca”. 
 
Darcy Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
7 
 
RESUMO 
 
 
 
 
 
O objetivo deste trabalho é discutir e analisar o sigilo profissional do Assistente Social 
brasileiro nos diferentes contextos históricos, teórico-metodológicos, ético-políticos e 
normativo. Para tal se faz necessário, conhecer o contexto histórico, teórico-metodológico e 
ético-político no qual se inserem os Códigos de Ética do Serviço Social brasileiro; analisar as 
concepções de Sigilo Profissional nos Códigos de Ética do Serviço Social brasileiro dos anos 
de 1947, 1965, 1975, 1986 e 1993 e compreender o entendimento que os Assistentes Sociais 
têm acerca do Sigilo Profissional. Neste processo, será mostrado o contexto que se deu o 
surgimento do Serviço Social no Brasil, e a primeira formulação ética de normatização no ano 
de 1947, logo após a atuação do Serviço Social entre os anos de 1950 e 1970 e os Códigos de 
Ética de 1965 e 1975, a ditadura militar, o movimento de reconceituação e os Códigos de 
Ética de 1986 e 1993. A fim de analisar a concepção do sigilo do Serviço Social brasileiro, há 
a criação de alguns indicadores e critérios para esta análise. E por fim, com o objetivo de dar 
um enfoque mais específico, que se aproxime mais da realidade, foi realizada uma entrevista 
com três profissionais de Serviço Social, sendo duas professoras do Curso de Serviço Social e 
uma Agente Fiscal do Conselho Regional de Serviço Social do Rio de Janeiro, para levantar 
as concepções que estas têm acerca do que é o sigilo profissional, o que se entende por quebra 
do sigilo profissional, e outras questões que determinam a abordagem do sigilo profissional 
no âmbito do exercício da profissão. 
 
 
Palavras-Chave: Sigilo profissional, Códigos de Ética do Serviço Social brasileiro, exercício 
profissional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
 
 
 
 
ABAS - Associação Brasileira de Assistentes Sociais 
ABESS- Associação Brasileira de Ensino em Serviço Social 
ABEPSS- Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social 
CFAS- Conselho Federal de Assistentes Sociais 
CFESS- Conselho Federal de Serviço Social 
CRAS- Conselho Regional de Assistentes Sociais 
CRESS- Conselho Regional de Serviço Social 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
 
 
 
 
Tabela 1 – Terminologia utilizadanos Códigos de Ética relativos ao Sigilo ..................... 27 
Tabela 2 – Sigilo enquanto direito ou dever do Assistente Social ...................................... 32 
Tabela 3 – Forma como aparece a noção de dever e de direito ao Sigilo ........................... 33 
Tabela 4 – Terminologia utilizada nos Códigos relativas Usuário ..................................... 35 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 11 
1 OS CÓDIGOS DE ÉTICA DO SERVIÇO SOCIAL BRASILEIRO: UM RESGATE 
HISTÓRICO E TEÓRICO-METODOLÓGICO ............................................................................ 13 
1.1 Surgimento do Serviço Social no Brasil e a primeira formulação ética de 1947 ........................ 13 
1.2 Atuação do Serviço Social entre 1950 e 1970 e os Códigos de Ética de 1965 e 1975 ............... 17 
1.3 Ditadura Militar, Movimento de Reconceituação e os Códigos de Ética de 1986 e de 1993 ..... 22 
2 O SIGILO PROFISSIONAL NOS CÓDIGOS DE ÉTICA DO SERVIÇO SOCIAL 
BRASILEIRO: UMA ANÁLISE COMPARATIVA ....................................................................... 26 
2.1 Terminologia utilizada: Sigilo e segredo .................................................................................... 27 
2.2 Informações consideradas Sigilosas ........................................................................................... 28 
2.3 Possibilidades de quebra do Sigilo Profissional ......................................................................... 29 
2.4 Sigilo Profissional diante de depoimento judicial ou policial ..................................................... 31 
2.5 Sigilo Profissional enquanto direito e/ou dever do Assistente Social ......................................... 32 
2.6 Terminologia utilizada com relação ao usuário .......................................................................... 35 
2.7 A questão da interdisciplinaridade .............................................................................................. 36 
2.8 Resoluções que abordam temas relativos ao Sigilo Profissional ................................................ 37 
3 A CONCEPÇÃO DE ASSISTENTES SOCIAIS ACERCA DO SIGILO .................................. 40 
3.1 Metodologia utilizada para realização das entrevistas ................................................................ 40 
3.2 Resultados das Entrevistas ......................................................................................................... 41 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................. 51 
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 53 
 
 
 
 
11 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
 
 O presente Trabalho de Conclusão de Curso está inserido como exigência parcial de 
obtenção do título de Bacharel em Serviço Social pela Universidade Federal Fluminense. 
 A atuação como estagiária de Serviço Social do Programa DST/AIDS do município de 
Macaé/RJ, me fez debruçar em uma realidade de usuários soropositivos marcados pelo 
estigma de preconceito que sofrem pela sociedade. Sendo assim, todos os funcionários do 
Programa têm o dever ético do Sigilo com relação aos pacientes da Instituição. Ao me deparar 
com esta realidade, no decorrer de todo o Estágio a questão do Sigilo Profissional no âmbito 
da atuação do Serviço Social sempre foi algo que me questionou e foi objeto de reflexão antes 
mesmo de entrar no campo de Estágio, sobretudo, nas aulas da Disciplina de Ética e Serviço 
Social e Estágio Supervisionado em Serviço Social. Desta forma, o tema deste trabalho é o 
Sigilo Profissional, a forma como esse aspecto ético foi abordado ao longo da trajetória do 
Serviço Social, e os desafios atuais de resguardá-lo em face das condições cada vez mais 
precárias de trabalho das quais se deparam os Assistentes Sociais. 
 A relevância acadêmica do tema deve-se ao fato da escassez de material sobre o 
assunto, apesar de existir produção acadêmica acerca de reflexões e questionamentos postos 
ao profissional de Serviço Social nos dias atuais, principalmente no que diz respeito às 
precárias condições de trabalho que consequentemente rebate na qualidade do atendimento 
prestado ao usuário. O Sigilo sempre foi abordado nos códigos de ética profissional com certa 
relevância. No cotidiano de trabalho os Assistentes Sociais sempre se deparam com situações 
em que devem guardar Sigilo ou situações de precariedade das condições de trabalho onde o 
Sigilo é ameaçado, como salas inadequadas, inexistência de arquivo com chave para guardar o 
material, entre outros, mesmo com a regulamentação das resoluções expedidas pelo CFESS e 
as diretrizes contidas no Código de Ética profissional de 1993, conforme a discussão proposta 
por Forti (2009): “Contudo, embora identifiquemos a importância dos Princípios e /ou 
referências contidos nesse documento, sabemos que esses só ganham significado, só podem 
ser objetivados, no âmbito das situações concretas, ou seja, cotidiano do exercício 
profissional” (FORTI, 2009, p.122). 
 O tema do Sigilo possui pouca bibliografia a respeito, pois foi realizada pesquisa 
bibliográfica em revistas e livros de produção teórica sobre o Serviço Social e não foi 
encontrado nenhum material que discutisse diretamente e em profundidade o Sigilo 
12 
 
profissional no âmbito do Serviço Social, sendo assim, o estudo dos Códigos de Ética 
profissional do Serviço Social brasileiro serviram como instrumento de análise para a 
realização desse trabalho. 
Neste sentido, o objetivo geral desse trabalho é discutir e analisar o Sigilo profissional 
do Assistente Social brasileiro nos diferentes contextos históricos, teórico-metodológicos, 
ético-políticos e normativo. Este se desdobra nos seguintes objetivos específicos: conhecer o 
contexto histórico, teórico-metodológico e ético-político no qual se inserem os Códigos de 
Ética do Serviço Social brasileiro; analisar as concepções de Sigilo Profissional nos Códigos 
de Ética do Serviço Social brasileiro dos anos de 1947, 1965, 1975, 1986 e 1993; e 
compreender o entendimento que os Assistentes Sociais têm acerca do Sigilo Profissional. 
A metodologia utilizada para esta pesquisa foi a análise documental, com o objetivo de 
identificar as concepções do Sigilo nos Códigos de Ética do Assistente Social, tais como a 
terminologia utilizada com relação ao Sigilo, informações consideradas Sigilosas, 
possibilidades de quebra do Sigilo profissional, Sigilo profissional diante de depoimento 
judicial ou policial, Sigilo profissional enquanto direito e/ou dever do Assistente Social, 
terminologia utilizada com relação ao usuário e a questão da interdisciplinaridade. A análise 
foi realizada estritamente sobre os artigos que tratam ou trazem elementos acerca do Sigilo 
profissional. E ainda, foram realizadas entrevistas com dois professores do Curso de Serviço 
Social e uma Agente Fiscal do CRESS-RJ para identificar sua compreensão acerca do Sigilo 
Profissional. 
 No primeiro capítulo, é feito um resgate histórico e teórico-metodológico do 
surgimento do Serviço Social no Brasil e a primeira formulação ética de 1947, a atuação do 
Serviço Social entre os anos de 1950 e 1970 e os Códigos de Ética de 1965 e 1975, e a 
ditadura militar, o movimento de reconceituação e os Códigos de Ética de 1986 e de 1993. No 
segundo capítulo é feita uma análise comparativa dos Códigos de Ética do ServiçoSocial 
brasileiro, segundo os indicadores de análise supramencionados. E no terceiro e último 
capítulo, a concepção de Sigilo dos Assistentes Sociais conforme entrevistas realizadas, 
apresentando a metodologia utilizada para a realização das entrevistas e a análise das mesmas. 
 
 
 
 
 
 
13 
 
1 OS CÓDIGOS DE ÉTICA DO SERVIÇO SOCIAL BRASILEIRO: UM RESGATE 
HISTÓRICO E TEÓRICO-METODOLÓGICO 
 
 
 
 
Neste primeiro capítulo, me proponho a discorrer sobre o contexto histórico e teórico-
metodológicos vivenciados pela profissão e relacionados aos Códigos de Ética do Serviço 
Social em qual contexto estes se inserem, uma vez que também refletem a conjuntura 
histórica do país na época. Para isso, se faz necessário contextualizar o surgimento do Serviço 
Social no Brasil de acordo com a conjuntura social e política naquele momento histórico. 
 
 
 
1.1 Surgimento do Serviço Social no Brasil e a primeira formulação ética de 1947 
 
 
 
Segundo Iamamoto (1981), o Serviço Social brasileiro surge em um contexto no qual a 
expansão do capitalismo e a constituição do mercado estão em grande desenvolvimento nos 
centros urbanos. Ou seja, passa a necessitar cada vez mais de uma mercadoria vital para o seu 
funcionamento: a força de trabalho. Sendo assim, o operário tem na venda de sua força de 
trabalho o meio que garantirá a sua sobrevivência. A exploração da força de trabalho do 
operário torna-se abusiva, consubstanciando grande precariedade nas condições de vida e 
trabalho da população trabalhadora do país, desta forma o operariado trava uma luta contra a 
classe burguesa, para a garantia e ampliação de suas condições de existência. Ao passo que a 
luta do operariado se desenvolve, esta passa a ser para a burguesia “uma ameaça a seus mais 
sagrados valores, a moral, a religião e a ordem pública” (IAMAMOTO, CARVALHO, 1981, 
p.126). Então, a partir deste momento a compra e venda da força de trabalho passa a ser, 
progressivamente, alvo de uma regulamentação jurídico-política feita pelo Estado. 
Essa regulamentação tem nas leis trabalhistas e sociais sua parte fundamental, sendo 
colocadas a partir do momento em que as condições insalubres de vida e de trabalho do 
operariado são desveladas para sociedade brasileira através das lutas sociais articuladas em 
torno dos sindicatos e partidos operários. Assim sendo, diversas classes e frações de classes 
dominantes, o Estado e a Igreja começam a se posicionar em face da “questão social”, e com 
14 
 
o desdobramento desta e a entrada do operariado no cenário político, há a necessidade de seu 
reconhecimento pelo Estado e de implementação de políticas sociais que considerem seus 
interesses. Além disso, a “questão social” passa a constituir-se fundamentalmente na 
contradição entre burguesia e proletariado, ou seja, como parte intrínseca da sociedade 
capitalista. Netto (2001), à luz do pensamento de Marx pontua que: 
 
O desenvolvimento capitalista produz, compulsoriamente, a “questão social”- 
diferentes estágios capitalistas produzem diferentes manifestações da “questão 
social”; esta não é uma sequela adjetiva ou transitória do regime do capital: sua 
existência e suas manifestações são indissociáveis da dinâmica específica do capital 
tornado potência social dominante. A “questão social” é constitutiva do 
desenvolvimento do capitalismo (NETTO, 2001, p.45). 
 
 
O surgimento do Serviço Social se dá nesse contexto histórico, através da iniciativa de 
grupos que se posicionam, sobretudo, vinculados à Igreja Católica. Sua legitimação enquanto 
profissão está sustentada em grupos restritos da classe dominante, e sua especificidade está na 
ausência de uma demanda que emane dos grupos aos quais se destina essencialmente. 
Além disto, sustentam Iamamoto e Carvalho (1981) que o surgimento do Serviço 
Social se dá em um momento de transformações vivenciadas no país. A crise internacional de 
1929 e o movimento de outubro de 1930 geram um processo de reorganização no âmbito 
estatal e econômico, acelerando a alocação da atividade central de agroexportação da 
acumulação capitalista para outras de caráter interno. Em contrapartida, no decorrer das 
décadas de 1920 e 1930, a pressão feita pelo movimento operário permanecerá como pedra de 
toque através da qual as frações de classes sociais irão desenvolver políticas distintas, para o 
enfretamento das questões levantadas pelo proletariado. Tais políticas delimitarão os limites 
em que atuará o Serviço Social: a repressão e a caridade. Repressão, pois o Estado incapaz de 
implementar políticas sociais que atendessem as demandas emanadas do proletariado, tratará 
violentamente com a repressão policial suas reivindicações, como forma de manter a “ordem 
social” necessária para o desenvolvimento do capitalismo. E caridade, pois contará com 
práticas assistencialistas, como caixas de auxílio e assistência mútua, incentivadas pelo 
empresariado e, sobretudo, pela Igreja, como forma de atenuar as tensões sociais. 
Assim, segundo Iamamoto e Carvalho (1981) é no âmbito da Igreja com o movimento 
católico leigo, que surge o Serviço Social como departamento especializado da Ação Social, 
tendo como base a doutrina social da Igreja. Através do movimento laico católico as 
iniciativas sociais se multiplicarão, no que diz respeito ao trato da “questão social”, no qual a 
Igreja tentará atenuar as sequelas deixadas pelo desenvolvimento do capitalismo. Na década 
de 1930, a Igreja se articula com o Estado para resguardar a “ordem social” fundamentando 
15 
 
esta articulação com ações universitárias católicas, Instituições de Estudos superiores, 
Sindicalismo católico, entre outros. 
Neste contexto surge o Centro de Estudo e Ação Social de São Paulo (CEAS), que 
pode ser considerado a primeira manifestação do Serviço Social no Brasil. A criação dos 
CEAS foi uma espécie de condensação das necessidades da ação católica em responder a 
filantropia das classes dominantes e seu objetivo central era o de “promover a formação de 
seus membros pelo estudo da doutrina social da Igreja e fundamentar sua ação nessa formação 
doutrinária e no conhecimento aprofundado dos problemas sociais” (CEAS Apud 
IAMAMOTO, 1981, p.169) 
Havia também um sentido nessa ação social, o de intervir diretamente no proletariado, 
visando afastá-lo de influências subversivas. O CEAS era formado por moças católicas, pois 
viam na mulher a vocação para a caridade e que a mulher seria capaz de preservar a ordem 
moral e social em sua intervenção. Segundo Iamamoto e Carvalho: 
 
As atividades do CEAS se orientarão para a formação técnica especializada de 
quadros para a ação social e a difusão da doutrina social da Igreja. Ao assumir essa 
orientação, passa a atuar como dinamizador do apostolado laico através da 
organização de associações para as moças católicas e para a intervenção direta junto 
ao proletariado (IAMAMOTO, CARVALHO, 1981, p.173). 
 
 
 Assim, no ano de 1936 a partir das ações desenvolvidas pelo CEAS e o apoio da 
hierarquia católica que será fundada a primeira Escola de Serviço Social de São Paulo. O 
Serviço Social em seu surgimento relaciona-se profundamente com a ação social e política da 
Igreja, que naquele momento lutava para assumir novamente sua influência e prestígio na 
sociedade brasileira. Em sua ideologia, está envolto de uma doutrina social totalitária, em um 
movimento de recristianização da sociedade através de um capitalismo modificado que 
enquadrasse as classes subalternas afastando-as do pensamento socialista, introduzindo o 
comunitarismo ético cristão, tendo como base o neotomismo, segundo Brites e Sales (2000), 
pode assim ser definido como a base filosófica da doutrinada Igreja Católica que surge no 
final do século XIX. Consiste em retomar as idéias mais fundamentais de São Tomás de 
Aquino, somado a uma visão conservadora de mundo. Tem forte influência européia no que 
diz respeito a algumas características assumidas pelos pioneiros do Serviço Social brasileiro 
como o autoritarismo, paternalismo, doutrinarismo e ausência de base técnica que irá marcar 
as primeiras ações desenvolvidas pelos núcleos formados em São Paulo e no Rio de Janeiro, 
onde nesta última, a escola é criada em 1937. 
A profissão vai se constituir por mulheres das frações das classes dominantes, que se 
16 
 
reúnem a partir de seu engajamento no âmbito católico. Seu modo de ver o mundo está 
diretamente relacionado com a ideologia da classe dominante, o que reflete não só sua 
inserção aos princípios católicos, mas também de sua origem de classe, no viés conservador, 
de estabelecimento e manutenção da “ordem” para o desenvolvimento do sistema capitalista. 
A atuação do Serviço Social é bem delimitada, tem por objetivo ajustar os indivíduos ao 
considerado como normal, remediando tanto suas deficiências como as da coletividade, 
"quando se dirige ao ajustamento de um determinado quadro, ele o faz para sanar deficiências 
acidentais, decorrentes de certas circunstâncias, e não de um defeito estrutural" 
(IAMAMOTO, CARVALHO, 1981, p. 202-203). Ao mesmo tempo em que sua atuação 
concorre para garantir ao trabalhador e sua família um nível moral, físico e econômico 
considerados “normal” de vida, deveria combater o relaxamento no trabalho, zelar pela 
moralidade e adaptar o trabalhador a sua função no trabalho, como pontua muito bem 
Iamamoto: 
 
A profissão não se caracteriza apenas como nova forma de exercer a caridade, mas 
como forma de intervenção ideológica na vida da classe trabalhadora, com base na 
atividade assistencial; seus efeitos são essencialmente políticos: o enquadramento 
dos trabalhadores nas relações sociais vigentes, reforçando a mútua colaboração 
entre capital e trabalho (IAMAMOTO, 1992, p.20). 
 
 
 No que diz respeito à produção teórica do Serviço Social e a ética profissional, esta é 
reflexo do humanismo cristão, qualidade necessária aos que pretendiam se inserir na profissão 
de Serviço Social. O Assistente Social deveria ser uma pessoa íntegra moralmente, com 
capacidade de devotamento e amor ao próximo, simplicidade, sociabilidade, calma, simpatia, 
e com poder de convencimento. 
 Tinha como dimensão ético-política da profissão, a legitimação de uma suposta face 
humanitária do Estado e do empresariado. Como princípios e diretrizes ético-morais, o 
respeito à lei de Deus, o bem comum, a dignidade da pessoa humana, a caridade cristã, e 
compreendia que o Serviço Social lida com pessoas humanas desajustadas. Sendo assim, 
 
Uma primeira formulação ética do Serviço Social Brasileiro data de 1947 e consistiu 
numa resposta à exigência de configuração de uma axiologia, isto é, da explicitação 
de um corpo de valores com os quais os profissionais se comprometiam, para fins da 
regulamentação do exercício profissional (BRITES, SALES, 2000, p.27). 
 
 
 Em sua elaboração e texto, o Código de Ética de 1947, é reflexo da ideologia que 
sustentava a atuação do Serviço Social na época, como por exemplo, na Secção I, dos Deveres 
Fundamentais, o Artigo I indica: “Cumprir os compromissos assumidos, respeitando a lei de 
17 
 
Deus, os direitos naturais do homem, inspirando-se, sempre em todos seus atos profissionais, 
no bem comum e nos dispositivos da lei, tendo em mente o juramento prestado diante do 
testemunho de Deus”. E também na Secção II, dos Deveres para com o beneficiário do 
Serviço Social, o Artigo 1 indica: “Respeitar no beneficiário do Serviço Social a dignidade da 
pessoa humana, inspirando-se na caridade cristã” (ABAS, 1947, p.1). 
 
 
 
1.2 Atuação do Serviço Social entre 1950 e 1970 e os Códigos de Ética de 1965 e 1975 
 
 
 
Segundo Iamamoto e Carvalho (1981), no decorrer da década de 1940 até a metade da 
década de 1950, a economia brasileira mostra taxas de crescimento graças a muitos fatores, 
sobretudo, a melhoria nas relações de intercâmbio com o exterior, que é seguido de medidas 
de política econômica que objetivam o desenvolvimento da industrialização. Apesar das taxas 
de crescimento positivas, algumas consequências negativas advêm desse processo, como, o 
crescimento da dívida externa, percebida a partir do ano de 1955, no qual há uma constante 
luta por definição de opções que objetivavam criar condições favoráveis para a expansão 
econômica, no interior do chamado “capitalismo dependente”. Todos esses elementos fazem 
parte das condições concretas que geram a ideologia desenvolvimentista e marcam suas 
principais vertentes. 
 Conforme Iamamoto e Carvalho (1981), com a eleição de Juscelino Kubitschek a 
presidência da República, a ideologia desenvolvimentista se tornará dominante, e será base de 
uma nova estratégia que aglutina o pensamento da política getulista e a abertura para a 
internacionalização da economia do país. O desenvolvimentismo tem como aspecto mais 
importante a proposta de um crescimento econômico continuado, acelerado e auto-sustentado, 
com vistas a superar o período de atraso e subdesenvolvimento. Assim, a ideologia 
desenvolvimentista pode ser definida pela busca da expansão econômica nacional, no sentido 
de prosperidade, grandeza material, riqueza, em um ambiente de paz e ordem social, no qual 
todo esforço de elaboração de política econômica e trabalho são feitos para eliminar o 
pauperismo, a miséria, elevando o nível de vida população, como consequência do 
crescimento econômico. Sendo assim, como já mencionado, o problema a ser combatido era o 
atraso do desenvolvimento econômico brasileiro, o que é explicitado por sua posição 
18 
 
secundária dentro do sistema capitalista, que pode ser entendido pelo fato da predominância 
do modelo agroexportador, ou o fraco desenvolvimento industrial do país. Neste sentido, a 
meta principal é investir na industrialização de base do país, de forma maciça, que garantirá a 
contínua expansão. Para alcançar tal meta, não se faz necessário questionar a presença do 
capital estrangeiro, pelo contrário, o apoio internacional é importante para o processo de 
expansão da economia. O objetivo dessa expansão econômica não era abranger determinados 
setores ou classes, mas sim o conjunto da sociedade. Para isto, mobilizaria a coletividade, pois 
desta forma, a ideologia desenvolvimentista seria um ponto de convergência entre o Estado e 
o povo, no qual a riqueza gerada seria o patrimônio de todos. 
Contudo, apesar da ideologia desenvolvimentista ser dominante nesta época, o Serviço 
Social permanecerá, até o final da década de 1950, alheio a toda essa ideologia. Isto ocorre 
por muitos motivos, conforme explicita Iamamoto & Carvalho: 
 
Num primeiro nível, o fato de o desenvolvimentismo juscelinista subordinar a 
resolução da totalidade dos problemas ao da expansão econômica; o fato de o social, 
dos diversos campos em que este se subdivide aparecer como variável dependente – 
e ter por eixo de suas políticas específicas a potencialização do desenvolvimento 
econômico – explicitam uma larga diferenciação de objetivos. Ao centrar a 
perspectiva de integração das massas marginalizadas nas virtualidades da expansão 
econômica, para a qual se orientam os esforços da política econômica e social, 
restringe-se o espaço para um reforço da ação assistencial, e, portanto, a 
possibilidade de sua incorporação àquelas políticas (IAMAMOTO, CARVALHO, 
1981, p. 342). 
 
 
 Para os Assistentes Sociais é um momento de consolidação importante de posições e 
camposde atuação, no âmbito do aparato social e assistencial. Este foi um momento de 
desenvolvimento, absorção, aprofundamento e institucionalização do Serviço Social enquanto 
profissão. Data desta época também, a abertura de um amplo e novo campo para a atuação do 
Serviço Social: as empresas, sobretudo, as indústrias. Concomitante a este processo, é um 
momento também de sistematização teórica e técnica das suas funções, objetivando definir 
áreas específicas de atuação técnica. Há também um aprofundamento no âmbito do ensino em 
Serviço Social, que se em seus primórdios é marcada pela influência européia, sobretudo 
franco-belga, neste momento a influência passa a ser a do viés norte-americano, no qual a 
atuação dos Assistentes Sociais volta-se cada vez mais para o tratamento, na linha da 
psicologia e psiquiatria, com os desajustamentos psicossociais, fundamentado na ideologia 
positivista, através da atuação do Serviço Social com caso, grupo e comunidade, o qual 
detalharei mais adiante. Cabe agora explicitar no que consiste o pensamento positivista que 
será o pano de fundo ideológico e a base teórica que sustentará, sobretudo, a atuação do 
19 
 
Serviço Social de Caso. 
 Para o positivismo, a sociedade é regida por leis naturais, isto é, leis invariáveis, 
independentes da vontade e ação humanas, na vida social, reina uma harmonia natural. Assim, 
as ciências da sociedade, assim como as da natureza, devem limitar-se a observação e à 
explicação causal dos fenômenos, de forma objetiva, neutra, excluindo qualquer possibilidade 
de superação ou negação da ordem social estabelecida. Com base nesse pensamento, o 
Serviço Social de Casos, segundo Hamilton, “caracteriza-se pelo objetivo de fornecer serviços 
práticos e de aconselhamento, de tal modo que seja desenvolvida a capacidade psicológica do 
cliente e seja levado a utilizar-se dos serviços existentes para atender a seus problemas” 
(HAMILTON, 1958, p.38). Sendo assim, o objetivo principal é fazer com que o cliente se 
adapte ao seu ambiente social, desvendando as causas psicológicas ou os fatores externos das 
disfunções e fazer com que o indivíduo satisfaça suas necessidades e se relacione com o meio 
da maneira mais adequada. 
 No que diz respeito ao Serviço Social de grupo, este consistia primeiramente na 
aplicação de áreas de recreação, baseada na necessidade de uma ocupação adequada para as 
horas de lazer, sobretudo à base de atividades sociais (como passeio e festas), educacionais 
(cursos e palestras) e atividades esportivas. Tais grupos eram isolados, pois as atividades 
estavam centradas nos interesses de cada grupo. Contavam com o patrocínio de alguma 
entidade que programava as atividades que seriam realizadas pelo grupo. 
 A partir dos anos de 1960, a abordagem do Serviço Social de Grupo ganha aspectos e 
objetivos distintos daqueles exercidos anteriormente. Segundo Vieira (1978) seu objetivo 
passa a ser a capacitação do indivíduo para que este haja corretamente em seu meio social. 
Conforme o documento de Araxá: “O Serviço Social de Grupo é um processo de Serviço 
Social que, através de experiências propositadas, visa capacitar os indivíduos a melhorarem o 
seu relacionamento social e enfrentarem do modo mais eficaz seus problemas pessoais, 
grupais e comunitários” 1. Sendo assim, o objetivo é a transformação da situação em que se 
encontra o grupo e seus membros, que pode ser interna ou externa. Interna quando diz 
respeito à situação dentro do grupo e externa quando se refere às condições da organização ou 
na comunidade. Visam atender, da melhor forma possível às necessidades e objetivos dos 
membros. Segundo Vieira (1978, p.163), são os objetivos do Serviço Social com Grupos: 
 
1) Ajudar o indivíduo a resolver problemas pessoais que não podem ser resolvidos 
por um tratamento individual, seja pela interferência de costumes ou tradições 
culturais, seja porque precisa de uma experiência de socialização; 
 
1
Documento de Araxá Apud Vieira, 1978, p.162. 
20 
 
2) Resolver problema de relacionamento ou de adaptação, ensinando o indivíduo a 
viver em sociedade, ajustá-lo a exigências da vida moderna, através de experiências 
planejadas, de modo a levá-lo a participar inteligentemente das atividades do grupo, 
e, assim, obter satisfação pessoal como membro de uma equipe. 
3) Ajudar o grupo, como um todo, a atingir seus objetivos e desenvolver nesta 
experiência sua consciência social, cooperando com a organização que o abriga e 
com outros grupos na comunidade. Pode-se dizer, portanto, que o Serviço Social 
com Grupos é, tanto para o indivíduo como para o grupo, uma escola de democracia 
(VIEIRA, 1978, p.163). 
 
 
 
Toda essa abordagem e intervenção com grupos são sustentadas pelas concepções 
sociológicas fundamentalmente positivistas, pela constatação dos fatos, pela compreensão dos 
fenômenos grupais e comportamentais dos indivíduos. 
O desenvolvimento de Comunidade como um dos meios de intervenção do Serviço 
Social, tem como foco a “comunidade em si”, seus problemas, necessidades, aspirações, e a 
sua inserção nos planos de desenvolvimento do país, que se faz necessário nesse contexto, o 
governo se alia ao esforço da população. É um processo multiprofissional e interdisciplinar, 
no qual o Serviço Social se constitui como uma das profissões que integram esse 
desenvolvimento. 
 Como resultado de um processo histórico, e do contexto sócio-histórico vivenciado 
pela profissão na década de 1960, há a criação do Conselho Federal de Assistentes Sociais 
(CFAS) aprovado pelo Decreto nº 994, de 15 de maio de 1962, e a regulamentação dos 
Conselhos Regionais de Assistentes Sociais (CRAS). O Código de Ética de 1965 é reflexo 
dos valores tradicionais de caráter conservador e cristão, sobre a atuação profissional, 
confiante na “solidariedade entre classes” e consonante com o projeto reformista conservador. 
Algumas características podem ser destacadas, como a defesa da tradição social, a ênfase na 
família, valorização dos princípios da ordem, hierarquia e disciplina, entre outras. Isto pode 
ser expresso no Artigo 6 que diz: “O Assistente Social deve zelar pela família, grupo natural 
para o desenvolvimento da pessoa humana e base essencial da sociedade, defendendo a 
prioridade dos seus direitos e encorajando as medidas que favoreçam a sua estabilidade e 
integridade”, como também no Artigo 8: “O Assistente Social deve colaborar com os poderes 
públicos na preservação do bem comum e dos direitos individuais, dentro dos princípios 
democráticos, lutando inclusive para o estabelecimento de uma ordem social justa” e ainda no 
Artigo 37 que diz que: “ Todo Assistente Social, mesmo fora do exercício de sua profissão, 
deverá abster-se de qualquer ação que possa desaboná-lo, procurando firmar sua conduta 
pessoal por elevado padrão ético, contribuindo para bom conceito da profissão” (CFAS, 1965, 
p.7). 
Conforme Brites e Sales: 
21 
 
 
A ética tradicional, pois, presente tanto no documento de 1947 quanto no Código de 
1965, era apenas de caráter controlador e normativo, consistindo o código de ética 
num instrumento essencialmente corporativo, que empreende por meios legais, a 
adequação da prática profissional ao estabelecido, de forma conectada ao 
coroamento filosófico da defesa do status quo (BRITES, SALES, 2000, p.29-30). 
 
 
 Segundo Brites e Sales (2000), no decorrer da década de 1960, opera-se uma mudança 
no perfil profissional dos assistentes sociais, que vão se distinguindo das pioneiras da 
profissão de características católicas e de cunho moral, origem burguesa e opção profissional 
entendida como uma vocação. A partir desta época, os profissionais tornam-seadvindos das 
camadas médias da sociedade, o que é explicado pela expansão e consolidação do mercado de 
trabalho e o assalariamento dos profissionais, tendência que se intensificará nos anos de 1970. 
Brites e Sales ainda pontuam que: 
 
Tais alterações no perfil dos assistentes sociais, articuladas aos desdobramentos 
sócio-econômicos e político-culturais da década de 60 em todo o continente latino-
americano, contribuem para a emersão de um pluralismo profissional, que se 
aprofunda em direções diferentes: uma voltada para o passado e com referência na 
matriz conservadora e tradicional; outra ainda nessa direção, mas emoldurada pela 
modernização; e por fim, aquela, que, ancorada na matriz crítico-dialética e com os 
olhos postos no futuro, associar-se-á, em fins dos anos 70, às possibilidades de 
ruptura com o tradicionalismo e à renovação profissional (BRITES, SALES, 2000, 
p.30). 
 
 
Porém, irá prevalecer até a década de 1980, “um projeto profissional que aprofunda os 
vínculos do Serviço Social com o conservadorismo. Esse teor ídeopolítico se traduziu numa 
concepção de prática profissional assentada em estratégias de controle, inculcação e 
psicologização” (BRITES, SALES, 2000, p.31). Tal matriz conservadora é dotada de caráter 
modernizador e tecnicista, o que será sistematizado nos Documentos de Araxá (1967) e 
Teresópolis (1970). No âmbito das disposições ética e normativas, ele se materializa no 
Código de Ética de 1975, mantidos os pressupostos filosóficos neotomistas. Ancorando-se em 
Brites e Sales (2000): 
 
No Código de Ética de 1975, aprofundaram-se, sobretudo, os vínculos teóricos 
metodológicos do Serviço Social com o estrutural-funcionalismo, expressando o 
adensamento da lógica racionalista, cientificista, asséptica e a-histórica, como 
parâmetros técnico-operativos ao desencadeamento da prática profissional (BRITES, 
SALES, 2000, p.34-35). 
 
 
22 
 
1.3 Ditadura Militar, Movimento de Reconceituação e os Códigos de Ética de 1986 e de 
1993 
 
 
 O período que compreende o ano de 1964 até o ano de 1985 é o período de governo da 
ditadura militar. Segundo Pereira (2000) tal período se caracterizou pelo modelo autoritário e 
tecnocrático, e expressou explícita modificação no conteúdo estatal, deixando de ser 
populista/desenvolvimentista, para tornar-se tecnocrático e centralizado sob o apoio da classe 
média e burguesa e dominado pelas elites civis e militares. Foi seguido de reformas 
institucionais que reestruturaram o aparelho estatal, enfatizando o planejamento direto, a 
racionalização burocrática, e a hegemonia do saber técnico em detrimento da participação 
popular. Além disto, no âmbito econômico, este foi concentrador e excludente, negando o 
liberalismo conservador e dotado de algumas características como, o desprezo pela massa 
popular, valorização do capital estrangeiro, intervenção do Estado na economia e na 
sociedade, através de medidas como arrocho do salário, coibição dos sindicatos e proibição de 
greves, estatização de áreas de infraestrutura, indústria pesada e insumos básicos (visando o 
interesse dos investidores estrangeiros), entre outros. 
 Concomitante a vivência da ditadura militar no Brasil, no interior do Serviço Social é 
um período de desenvolvimento importante da profissão. Conforme pontua Netto: 
 
Do estrito ponto de vista profissional, o fenômeno mais característico desta quadra 
relaciona-se à renovação do Serviço Social. No âmbito das suas natureza e 
funcionalidade constitutivas, alteraram-se muitas demandas práticas a ele colocadas 
e a sua inserção nas estruturas organizacional – institucionais (donde, pois, a 
alteração das condições do exercício profissional); a reprodução da categoria 
profissional – a formação dos seus quadros técnicos – viu-se profundamente 
redimensionada (bem como os padrões da sua organização como categoria); e suas 
referências teórico-culturais e ideológicos sofreram giros sensíveis (assim como as 
suas auto-representações (NETTO, 2002, p.115). 
 
 
 Segundo Netto (2002), isto se deve ao fato de que a partir dos anos de 1960, a 
inspiração marxista torna-se expressiva no âmbito dos Assistentes Sociais, de teor 
notadamente crítico articulado sobre matrizes teóricas bem diversas. É importante destacar 
que estas mudanças no interior da profissão não surgiram abstratamente. Faz parte de um 
processo que emerge desde meados da década 1960, acarretada por uma série de fatores, que 
favoreceram o surgimento dos movimentos sociais dos trabalhadores que reivindicavam a 
implementação de políticas sociais para o atendimento de suas necessidades. Este contexto foi 
extremamente favorável ao movimento de reconceituação das práticas profissionais 
conservadoras. A partir de então a influência marxista emerge de forma mais clara para os 
23 
 
assistentes sociais. 
Seguida da crise do regime ditatorial que é expresso por um contexto de luta pela 
democratização da sociedade brasileira, foi propiciado um terreno fértil para o 
aprofundamento do movimento de renovação do Serviço Social. O grande marco deste novo 
período que se abre para a profissão é o III Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais, no 
ano de 1979, que ficou mais conhecido como “Congresso da Virada”, pelo seu aspecto de 
contestação e vontade de transformação da profissão. No âmbito da ética profissional, 
conforme explicitam Brites e Sales (2000): 
 
Há duas inflexões significativas, recentes, nos rumos da ética profissional no Brasil: 
uma na segunda metade dos anos 80 e outra no início dos anos 90. A primeira diz 
respeito à revisão do Código de Ética de 1975, na esteira dos acontecimentos da luta 
pela redemocratização no país, da organização política da categoria, que inaugura 
uma prática sindical em sintonia com a luta mais geral dos trabalhadores; e do 
debate da formação profissional (BRITES, SALES, 2000, p.43). 
 
 
 Tendo o “Congresso da Virada” como fomentador, temos a partir de então, 
decisivamente um acúmulo das reflexões investigativas sobre a formação, o que foi 
incentivado pela Associação Brasileira de Ensino em Serviço Social (ABESS) – atual 
Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS) – que culminou 
com a aprovação do Currículo de 1982 e a concretização teórica das exigências de um novo 
perfil para o Assistente Social. Todos os avanços se articularam com as experiências da 
prática que visavam a ruptura com Serviço Social tradicional. Temos assim, no âmbito da 
profissão, assistentes sociais cada vez mais críticos, que começam a interagir com perspectiva 
crítico-dialética (marxismo) e outras perspectivas teóricas críticas. A respeito da ruptura com 
o Serviço Social tradicional Iamamoto (1992) pontua que: 
 
A ruptura com a herança conservadora expressa-se como uma procura, uma luta por 
alcançar novas bases de legitimidade da ação profissional do Assistente Social, que 
reconhecendo as contradições sociais presentes nas condições do exercício 
profissional, busca colocar-se,objetivamente, a serviço dos interesses dos usuários, 
isto é, dos setores dominados da sociedade. Não se reduz a um movimento “interno” 
da profissão. Faz parte de um movimento social mais geral, determinado pelo 
confronto e a correlação de forças entre as classes fundamentais da sociedade, o que 
não exclui a responsabilidade da categoria pelo rumo dado às suas atividades e pela 
forma de conduzi-las (IAMAMOTO, 1992, p.37 – grifos no original). 
 
Temos assim, como resultado desta perspectiva crítica de reflexão, no campo ético, a 
revisão do Código de Ética de 1975, que engendrou um novo Código de Ética em 1986, 
marcado pela recusa da neutralidade, pelo reconhecimento do aspectopolítico da profissão, 
noção de historicidade e de determinação material como categoria fundante do ser social, 
24 
 
assim como colocou a objetivação dos sujeitos históricos que possam apreender suas 
necessidades concretas, ultrapassando os valores do bem comum e da dignidade humana de 
caráter conservador. A mudança que o Código de Ética de 1986 produziu, pode ser notada 
logo em seu início, quando diz: “As idéias, a moral e as práticas de uma sociedade se 
modificam no decorrer do processo histórico. De acordo com a forma em que esta se organiza 
para produzir, cria seu governo, suas instituições e sua moral” (CFAS, 1986, p.7). É 
irrefutável que a elaboração do Código de Ética de 1986 é fruto de avanços conquistados pela 
categoria profissional, principalmente com relação à Instituição, os usuários e os demais 
profissionais, conforme pontuam Brites e Sales (2000, p.48): 
 
O reconhecimento dos direitos e das necessidades dos usuários dos serviços sociais 
repercute diretamente na compreensão profissional acerca das demandas 
institucionais colocadas à sua prática e da premência de alterar qualitativamente a 
relação deste profissional com a Instituição, e com os demais profissionais. O que 
impulsiona esta redefinição da correlação de forças no espaço institucional é a 
consciência da importância de se imprimir uma nova direção social à prática 
profissional. Esse redirecionamento ancora-se em referências políticas e econômicas 
que permitem uma apreensão crítica acerca do complexo papel da intervenção do 
Estado nas expressões da questão social, no âmbito da contraditória relação entre as 
necessidades e interesses das classes. A esse respeito o Código estabelece, entre os 
seus princípios e diretrizes, como um parâmetro decisivo na relação dos assistentes 
sociais com a instituição, a expressar uma nova ética: “A contribuição na alteração 
da correlação de forças no espaço institucional e o fortalecimento de novas 
demandas de interesses dos usuários” (Código de 1986:8). 
 
 
 Com relação ao Código de Ética de 1993, este representa uma reafirmação dos 
avanços conquistados pelo Código de Ética de 1986, bem como a proposição de algumas 
alterações que expressam cada vez mais o amadurecimento teórico da categoria profissional, 
tendo em vista a necessidade de explicitar o significado social da profissão e os rebatimentos 
éticos de sua intervenção. Expressa o abandono da base filosófica conservadora, e o 
reconhecimento pelo Serviço Social dos direitos de seus usuários, como também a 
representação de um instrumento que irá normatizar a qualidade dos serviços prestados pelos 
profissionais aos usuários, bem como a garantia de um direcionamento único para a totalidade 
dos profissionais, apontando condições ideais de exercício profissional, no qual o foco é a 
qualidade dos serviços prestados a população usuária. Neste sentido, o Código de Ética de 
1986 mostrou-se incipiente, por isso a necessidade de sua revisão, conforme pontuam Brites e 
Sales (2000): 
 
Todavia, se o Código de 86, como se viu, buscou instituir no plano ético uma nova 
legitimidade profissional, no lastro de acúmulo de uma massa crítica no âmbito da 
formação e da organização política da categoria, mostrou-se frágil em sua 
capacidade de embasar a operacionalização jurídica e política dos pressupostos 
25 
 
valorativos ali contidos. (BRITES, SALES, 2000, p.49): 
 
 
 Há também a efetivação de diretrizes para respostas profissionais e também do 
processo de fiscalização da profissão, através de resoluções expedidas pelo Conselho Federal 
de Serviço Social (CFESS), aos quais detalharei no segundo capítulo. 
 Presenciamos nos dias atuais conforme Iamamoto (2004), um período de regressão dos 
direitos sociais em prol do capital e do mercado, orientado pela lógica neoliberal, de 
diminuição da intervenção do Estado nas expressões da questão social, que se aprofundam e 
se modificam, transferindo a responsabilidade para a iniciativa privada, como pontua 
Iamamoto (2004): 
 
A atual desregulamentação das politicas públicas e dos direitos sociais desloca a 
atenção à pobreza para a iniciativa privada ou individual, impulsionada por 
motivações solidárias e benemerentes, submetidas ao arbítrio do indivíduo isolado, e 
não à responsabilidade pública do Estado (IAMAMOTO, 2004, p.3). 
 
 
 Temos hoje, desafios colocados aos Assistentes Sociais, um deles é como 
implementar um projeto profissional vinculado à defesa dos direitos sociais num cenário tão 
adverso, no qual as expressões da questão social se modificam, assumindo formas distintas de 
acordo com cada contexto, e o que presenciamos atualmente é o aumento do desemprego, a 
precarização das relações de trabalho, juntamente com a hegemonia do projeto neoliberal no 
qual o aparelho estatal torna-se cada vez menos responsável pela execução de políticas 
públicas que de fato atendam as necessidades dos usuários do Serviço Social. 
 Portanto, a consolidação do projeto ético-político do Serviço Social nos dias atuais é 
um constante desafio colocado as Assistentes Sociais, pois vivemos em contexto desfavorável 
a efetivação dos direitos sociais, conforme explicitado acima, e que é brilhantemente exposto 
por Iamamoto (2004): 
 
A consolidação do projeto ético-político profissional que vem sendo construído 
requer remar na contracorrente, andar no contravento, alinhando forças que 
impulsionem mudanças na rota dos ventos e das marés na vida em sociedade. 
Teimamos em reconhecer a liberdade como valor ético central, o que implica 
desenvolver o trabalho profissional para reconhecer a autonomia, emancipação e 
plena expansão dos indivíduos sociais, reforçando princípios e práticas 
democráticas. Aquele reconhecimento desdobra-se na defesa intransigente dos 
direitos humanos, o que tem como contrapartida a recusa do arbítrio e de todos os 
tipos de autoritarismos (IAMAMOTO, 2004, p.141- grifos no original). 
 
 
 
 
26 
 
2 O SIGILO PROFISSIONAL NOS CÓDIGOS DE ÉTICA DO SERVIÇO SOCIAL 
BRASILEIRO: UMA ANÁLISE COMPARATIVA 
 
 
 
 
O Sigilo Profissional sempre foi um aspecto presente no âmbito da atuação do 
Assistente Social, assim como é abordado no decorrer de todos os Códigos de Ética do 
Serviço Social, desde a primeira formulação ética de 1947 até o atual Código de 1993. Ora é 
abordado como Segredo Profissional, ora abordado como Sigilo Profissional, mesmo assim, 
sempre foi elemento presente em todos os Códigos de Ética. O significado tanto do termo 
Sigilo quanto do termo Segredo remete a idéia de confidencialidade, de algo que é restrito, 
oculto, escondido. Segundo o dicionário da língua portuguesa, o significado da palavra 
Segredo é: 
 
s.m. O que há de mais escondido; o que se oculta à vista, ao conhecimento: não 
conte este segredo a ninguém. / O que a ninguém deve ser dito; que é secreto; 
confidência: segredo confidencial. / O sentido oculto de algo: segredo do texto. / O 
que há de mais difícil; o que exige uma iniciação especial, em uma arte, uma ciência 
etc.: segredos da poesia. / Meio ou processo conhecido de uns poucos. 
2
 
 
 
O significado da palavra Sigilo é: “s.m. Segredo. / Ant. Selo para fechamento de 
documentos”.3 
 Assim, no decorrer dos Códigos de Ética do Serviço Social, elementos como 
nomenclatura, concepção do que é o Sigilo, informações consideradas Sigilosas, 
possibilidades de quebra, quebra diante de depoimentos policiais ou judiciais, procedimentos 
para revelação em caso de quebra de Sigilo, como guardar Sigilo, Sigilo como direito/dever, 
terminologia utilizada no que diz respeito ao usuário, e o Sigilo na perspectiva interdisciplinar 
foram se modificando com o passardo tempo e do amadurecimento do Serviço Social 
enquanto profissão. Tais aspectos são determinados pelo contexto sócio-histórico de cada 
Código, bem como da base teórico-metodológica que lhes sustentava, tal como abordado no 
Capítulo 1 deste trabalho. Desta forma, me proponho a analisar e comparar de que forma cada 
um desses elementos aparecem nos diferentes Códigos de Ética do Serviço Social brasileiro. 
 
 
 
2 Disponível em: http://www.dicionariodeportugues.com/significado/segredo-41730.html. Acesso em: 05 out. 2011. 
3 Disponível em: http://www.dicionariodeportugues.com/significado/Sigilo-41730.html. Acesso em: 05 out. 2011. 
27 
 
2.1 Terminologia utilizada: Sigilo e segredo 
 
 
 
Com relação à nomenclatura utilizada nos Códigos, pode-se evidenciar que aparece 
tanto o termo “Segredo” quanto o termo “Sigilo”. Pode-se analisar que a palavra Segredo nos 
remete a idéia de uma relação mais informal e coloquial, relativa às relações pessoais, 
familiares e de amizade. O termo Sigilo já nos traz a idéia de uma relação técnica e formal, 
tendo em vista que a relação do Assistente Social com o usuário é uma relação profissional e 
não uma relação informal ou de amizade, mesmo que o Assistente Social em sua atuação 
profissional estabeleça com o usuário um vínculo de confiança, proximidade e empatia. O 
termo Segredo pode nos remeter a uma noção moralista das condições de vida da população 
usuária, tendo em vista seu caráter mais informal. 
Nos diferentes Códigos de Ética do Serviço Social brasileiro, a terminologia pode ser 
explicitada da seguinte forma: 
 
 
 
Tabela 1 - Terminologia utilizada nos Códigos de Ética relativos ao Sigilo 
 
Código de Ética 1947 1965 1975 1986 1993 
Terminologia Sigilo Segredo Segredo Sigilo Sigilo 
 
Fonte: Elaborado pela autora. 
 
 
É interessante notar que mesmo no contexto dos primórdios da profissão no Brasil, 
envolta em pressupostos católicos e com base neotomista de sustentação teórica, no Código 
de Ética de 1947, a nomenclatura utilizada é “Sigilo”, o que só aparecerá dessa forma 
novamente no Código de Ética de 1986. 
Como explicitado no quadro acima, a nomenclatura utilizada nos Códigos de 1965 e 
1975 é a terminologia “Segredo”, e é relevante destacar que no Código de 1975 mesmo que a 
terminologia utilizada no seu capítulo III, que trata especificamente do tema, utilize o termo 
”Segredo”, anteriormente, quando trata no capítulo I dos direitos do Assistente Social, vai 
tratar a partir do termo “Sigilo” quando diz que é um direito em relação ao exercício 
profissional o “Sigilo Profissional” (CFAS, 1975). O contexto vivenciado dos anos de 1965 a 
1975 ainda tinha-se uma atuação moralista e conservadora do Serviço Social, com a prática do 
28 
 
Serviço Social de Caso, Grupo e Comunidade, voltada para o ajustamento do individuo ao 
meio social e ao desvendamento as causas psicológicas e dos fatores externos dos seus 
“desajustes”, para que assim, o “cliente” passasse a se relacionar com o ambiente social de 
maneira mais adequada. 
No Código de Ética de 1986 a nomenclatura “Sigilo” é retomada e reafirmada na 
elaboração do Código de Ética de 1993, que está em vigor até os dias atuais. 
 
 
 
2.2 Informações consideradas Sigilosas 
 
 
 
O Sigilo Profissional e sua importância no âmbito da atuação profissional aparece 
desde o Código de 1947. Neste sentido, outro elemento de análise se refere à concepção do 
que cada Código compreende ser uma informação Sigilosa no trabalho profissional. Neste 
Código de 1947, são consideradas “Sigilosas” todas as informações que o profissional toma 
contato em razão de seu ofício, isto é, informações que o Assistente Social toma 
conhecimento no seu processo de atuação profissional. Tal idéia é explicitada no Art.2 onde 
diz que as informações Sigilosas são aquelas “Sobre o que [o profissional] saiba em razão de 
seu ofício” (ABAS, 1947, p.1). 
Após 18 anos, na implementação do Código de Ética de 1965, a compreensão do que é 
informação Sigilosa se refere a “todas as confidências recebidas e fatos de que tenha 
conhecimento ou haja observado no exercício de sua atividade profissional”, conforme 
indicado no Art. 15 (CFAS, 1965, p.3). Neste Código, o Sigilo aparece com a idéia de dever 
do profissional, aspecto que irei analisar mais adiante, quando tratarei da noção do Sigilo 
como direito/dever. 
O Código de Ética de 1975 é o único Código que detalha que tipo de informações que 
eram vedadas ao Assistente Social divulgar, quais sejam: nome, endereço ou qualquer outra 
informação que identificasse o “cliente”. Considera-se ainda todas as confidências, fatos e 
observações colhidas pelo Assistente Social através do exercício profissional. Este Código 
também especifica que a revelação de casos de sevícias (torturas), castigos corporais, 
supressão intencional de alimentos, atentados ao pudor, entre outros que visassem à proteção 
do menor, não eram consideradas quebra de Sigilo Profissional. Ou seja, se o Assistente 
29 
 
Social tomasse conhecimento de um desses casos, a revelação não seria considerada quebra 
de Sigilo. 
 Depois de nove anos e de todo o processo de renovação profissional vivenciado pela 
categoria, que já foram detalhados no primeiro capítulo, o Código de Ética de 1986 pode ser 
considerado um Código que visava romper com as práticas do Serviço Social tradicional, e ao 
longo do seu texto podemos perceber a mudança da base teórica na qual a categoria 
profissional passa a se ancorar. O Código de Ética de 1986 vai trabalhar com a noção de que 
informações Sigilosas são todas as informações confiadas e/ou colhidas no interior do 
exercício profissional, sendo dever do Assistente Social observar o Sigilo Profissional em 
relação a elas. Esta idéia aparece no seguinte trecho do Art. 4: “o Assistente Social deve 
observar o Sigilo profissional, sobre todas as informações confiadas e/ou colhidas no 
exercício profissional” (CFAS, 1986, p.4). 
No último e atual Código de Ética, publicado em 1993, tudo aquilo que o Assistente 
Social toma conhecimento em decorrência de sua atuação profissional é considerado Sigiloso, 
e o Sigilo Profissional protege o usuário no que diz respeito a essas informações que são 
colhidas no fazer profissional do Assistente Social. 
 Um aspecto que é interessante analisar é a forma como os Códigos de Ética do Serviço 
Social abordam o modo através do qual o Assistente Social pode resguardar o Sigilo 
Profissional no âmbito da sua atuação. Os únicos Códigos que abordam tal aspecto são o 
Código de Ética de 1975 e o de 1993. No primeiro, estava previsto que para manter o Sigilo 
Profissional era necessário se abster de transcrever qualquer informação de natureza 
confidencial, bem como manter “discrição de atitudes nos relatórios de serviço onde quer que 
trabalhe”, como referido no item III do Art. 7 (CFAS, 1975, p.8). No atual Código de Ética, 
publicado em 1993, o resguardo do Sigilo Profissional está posto quando indica que no 
trabalho multidisciplinar o Assistente Social deverá prestar “informações dentro dos limites 
do estritamente necessário” (CFESS, 1993, p.7). 
 
 
 
2.3 Possibilidades de quebra do Sigilo Profissional 
 
 
A quebra do Sigilo Profissional também é tomada como elemento de análise 
comparativa entre os Códigos Ética de neste estudo. A possibilidade de quebra de Sigilo 
30 
 
Profissional aparece primeiramente no Código de Ética de 1965, que previa situações em que 
a quebra possa evitar um mal maior e um dano grave ao “cliente”, ao Assistente Social, a 
terceiros e ao bem comum. Entretanto, a quebra só é admitidaapós esgotar todos os recursos 
possíveis, no qual o próprio “cliente” se dispusesse a revelá-lo. Tal compreensão aparece de 
forma similar no Código de 1975, quando diz no Art. 7 que: 
 
§2° ‐ É admissível revelar segredo profissional para evitar dano grave, injusto e 
atual ao próprio cliente, ao Assistente Social, a terceiro ou ao bem comum. 
§3°‐ A revelação do Sigilo profissional será admitida após se haverem esgotado 
todos os recursos e esforços para que o próprio cliente se disponha a revelá‐lo. 
§4°‐ A revelação será feita dentro do estritamente necessário, o mais discretamente 
possível, quer em relação ao assunto revelado, quer ao grau e número de pessoas que 
dele devem tomar conhecimento (CFAS, 1975, p.8). 
 
Por outro lado, o Código de Ética de 1975 preconizava a necessidade de revelação de 
Sigilo Profissional em casos de sevícias, castigos corporais, atentados ao pudor, supressão 
intencional de alimento e uso de tóxicos, com vista à proteção do menor, como apontado no 
Artigo 7, Inciso 5, Capítulo III (CFAS, 1975). Cabe ressaltar que é apenas neste Código de 
Ética que a revelação desses casos não era considerada quebra de Sigilo Profissional, nos 
demais tal situação não é mencionada. 
Já no Código de Ética de 1986, compreendia-se que a quebra do Sigilo Profissional só 
era admissível em situações nas quais a gravidade pudesse trazer prejuízos aos interesses da 
classe trabalhadora, como trata no Art. 4: “§1° ‐ A quebra do Sigilo só é admissível, quando 
se tratar de situação cuja gravidade possa trazer prejuízos aos interesses da classe 
trabalhadora” (CFAS, 1986, p.4). 
No Código de Ética de 1993, que permanece em vigor na atualidade, preconiza-se que 
a quebra do Sigilo Profissional só é admissível em situações que envolvam ou não fato 
delituoso, possa trazer prejuízos aos interesses do usuário, de terceiros e da coletividade, 
conforme o Art.18: 
 
A quebra do Sigilo só é admissível quando se tratarem de situações cuja gravidade 
possa, envolvendo ou não fato delituoso, trazer prejuízo aos interesses do usuário, de 
terceiros e da coletividade. 
Parágrafo único - A revelação será feita dentro do estritamente necessário, quer em 
relação ao assunto revelado, quer ao grau e número de pessoas que dele devam 
tomar conhecimento (CFESS, 1993, p.7). 
 
 
Além de prever a possibilidade da quebra nas situações supracitadas, a partir do 
Código de Ética de 1965, também será explicitado algumas indicações em relação a revelação 
do Sigilo Profissional. Neste Código, a revelação do “Segredo Profissional”, só seria feita 
31 
 
após esgotar todos os recursos disponíveis. Neste e nos Códigos de Ética de 1975, de 1986 e 
de 1993, há a orientação de que a revelação do Sigilo Profissional deveria ser feita dentro do 
estritamente necessário, quer em relação ao assunto revelado, quer em relação ao grau e ao 
número de pessoas que deveriam tomar conhecimento. Contudo, não trazem o que se 
considera ou compreende por “estritamente necessário”, quais informações seriam, qual seu 
conteúdo, colocando neste sentido a autonomia e a subjetividade do profissional como 
elemento de mediação para a análise e tomada de decisão acerca do que se considera como 
Sigiloso e ao que o profissional considera como passível de revelação. 
 
 
 
2.4 Sigilo Profissional diante de depoimento judicial ou policial 
 
 
 
 No decorrer de todos os Códigos de Ética do Serviço Social brasileiro, o Assistente 
Social nunca esteve legalmente obrigado a prestar depoimento judicial ou policial sobre as 
informações que tomava contato em decorrência de sua atividade profissional, revelando 
informações protegidas pelo Sigilo Profissional. 
 Diferentemente dos demais, o Código de Ética de 1947 é o único em que não há 
menção acerca do Art.144 do antigo Código Civil, enquanto um respaldo ao profissional para 
a guarda do Sigilo mesmo se fosse chamado a depor em depoimentos policiais, em função do 
seu ofício. Este artigo que diz que: “Ninguém pode ser obrigado a depor de fatos, a cujo 
respeito, por estado ou profissão, deva guardar segredo” (Código Civil de 1916, Lei n. 3.071, 
de 1° de janeiro de 1916). Neste sentido, mesmo chamado a depor policial ou judicialmente, o 
Assistente Social deveria guardar Sigilo de todas as informações que tinha conhecimento. 
No Código de Ética de 1965, O Assistente Social não estava legalmente obrigado a 
depor como testemunha sobre fatos de que tenha tomado conhecimento em seu exercício 
profissional. Porém, intimado a depor, deveria comparecer diante da autoridade competente e 
informar que está legalmente obrigado a guardar segredo profissional, conforme o Art. 144 do 
Código Civil, como previsto no Art. 17° do Código de Ética de 1965: 
 
O Assistente Social não se obriga a depor como testemunha, sobre fatos de que 
tenha conhecimento profissional, mas intimado a prestar depoimento, deverá 
comparecer perante à autoridade competente para declarar‐lhe que está ligado à 
obrigação do segredo profissional, de acordo com o art. 144 do Código Civil (CFAS, 
1965, p.4). 
32 
 
 
A partir do Código de Ética de 1975, aparece a figura do próprio Código de Ética 
como respaldo legal para a desobrigação de prestar informações e considerava que, se o 
Assistente Social fosse intimado a prestar depoimento, deveria comparecer e informar a 
autoridade competente que está obrigado a guardar segredo profissional nos termos do Código 
de Ética e do Código Civil. Esta concepção também aparece no Código de Ética de 1986. 
É interessante notar que no Código de Ética de 1993 esta situação é preconizada como 
um dever do Assistente Social conforme a alínea “b” do Art.19: “Comparecer perante a 
autoridade competente, quando intimado a prestar depoimento, para declarar que está 
obrigado a guardar Sigilo Profissional nos termos deste Código e da Legislação em vigor”. E 
ainda, na alínea “a” do Art. 20, diz que é vedado ao Assistente Social: “depor como 
testemunha sobre situação Sigilosa do usuário de que tenha conhecimento no exercício 
profissional, mesmo quando autorizado”. Cabe ressaltar, que o atual Código de Ética é o 
único que preconiza que mesmo se o usuário autorizasse o Assistente Social a depor como 
testemunha ou revelar informações Sigilosas colhidas no âmbito do exercício profissional, a 
este é vedado essa condição de testemunha. 
 
 
 
2.5 Sigilo Profissional enquanto direito e/ou dever do Assistente Social 
 
 
 
Com a reformulação do Código de Ética de 1986 realizada no ano de 1993, este que é 
o último e atual Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais brasileiros, o Sigilo 
Profissional é preconizado como direito do Assistente Social. Além disto, pode-se 
compreender que além de um direito do Assistente Social, o Sigilo também é um dever do 
profissional, o que é explicitado no Art. 16, segundo o qual é o compromisso ético com o 
Sigilo que “protegerá o usuário de todas as informações que o Assistente Social venha a tomar 
conhecimento, através de sua atuação profissional” (CFESS, 1993, p.7). 
A noção de direito e/ou dever está posta nos Códigos de Ética tal como indica o 
quadro a seguir. 
 
 
 
 
33 
 
Tabela 2 – Sigilo enquanto direito ou dever do Assistente Social: 
 
Código de Ética 1947 1965 1975 1986 1993 
Terminologia Dever Dever Dever e 
Direito 
Dever Direito e 
Dever 
 
Fonte: Elaborado pela autora. 
 
 
Outro aspecto de grande relevância é perceber e analisar de que forma esta noção de 
direito e/ou dever em relação ao Sigilo Profissional está colocada textualmente nos Códigos 
de Ética do Serviço Social brasileiro. A concepção do Sigilo enquanto um direito é percebidaora como uma noção indireta, isto é, não está textual e explicitamente colocada no Código nos 
termos “O Assistente Social tem direito ao Sigilo Profissional” , e ora como uma noção direta, 
ou seja, aparece textualmente colocada nos Códigos de Ética. Já a noção de dever aparece 
somente como uma noção indireta, visto que o texto dos Códigos de Ética utiliza termos como 
“obrigado”, “vedado”, isto é, o Assistente Social é obrigado a manter Sigilo ou lhe é vedado 
revelar Sigilo profissional; nunca aparecendo explicitamente que o Assistente Social tem o 
dever de resguardar o Sigilo Profissional. A tabela abaixo sistematiza esta análise tal como 
aparecem nos diferentes Códigos. 
 
 
Tabela 3 – Forma como aparece a noção de dever e de direito ao Sigilo. 
 
Códigos de Ética 1947 1965 1975 1986 1993 
 
Noção 
de 
Direito 
Como 
aparece 
Não 
aparece 
Não aparece 
Indireta 
 
Indireta 
 
Direta 
Termo 
utilizado 
 
“Direito a 
inviolabilidade” 
“Constituem-
se direitos” 
Constitui direito 
do Assistente 
Social. 
 
 
Noção 
de 
Dever 
Como 
aparece 
Indireta Indireta Indireta Indireta Indireta 
Termo 
utilizado 
“Guardar 
rigoroso 
Sigilo” 
“O 
Assistente 
Social é 
obrigado a” 
É vedado” 
“Deve observar” 
“Proteção a 
confidencialidade 
do cliente” 
“O Assistente 
Social deve 
observar 
Sigilo”. 
“O Sigilo 
protegerá o 
usuário” 
 
 Fonte: Elaborado pela autora. 
 
 
 
A noção indireta do Sigilo Profissional enquanto um direito do Assistente Social 
aparece apenas a partir do Código de 1975. Esta idéia se coloca nos Códigos quando apontam 
34 
 
como um direito do Assistente Social a “inviolabilidade do domicílio do consultório, dos 
locais de trabalho e respectivos arquivos”, tal como expresso no Título II- Direitos e Deveres 
do Assistente Social, Capítulo I- Dos Direitos, Art.4º, Alínea “e” (CFAS, 1975, p.4). O 
Código de Ética de 1986 também traz a noção de direito ao Sigilo de uma forma indireta 
quando aborda no Título II- Dos direitos e das Responsabilidades gerais do Assistente Social, 
no Capítulo I- dos Direitos no “Art.2º- Constituem-se direitos do Assistente Social: e. 
Inviolabilidade do domicilio, do local de trabalho e respectivos arquivos e documentação” 
(CFESS, 1986, p.3). Também no Código de Ética de 1993, esta noção indireta de sigilo está 
colocada no Art. 2º, alínea d, que diz: “Inviolabilidade do local de trabalho e respectivos 
arquivos e documentação, garantindo o sigilo profissional” (CFESS, 1993, p.4). 
A noção direta de direito ao Sigilo aparece no Código de Ética de 1975, no Título II 
que aborda os Direitos e Deveres do Assistente Social, Capítulo I - dos Direitos, alínea “d” do 
Art.4, o qual preconiza explicitamente que é um direito do Assistente Social o Sigilo 
Profissional. Essa noção aparece novamente no Código de 1993, a idéia vem explicitamente 
colocada no Art.15 quando afirma que “Constitui direito do Assistente Social manter o Sigilo 
Profissional” (CFESS, 1993, p.7). 
A noção indireta de dever com relação ao Sigilo aparece no Código de Ética de 1965, 
no Art.15, quando diz que: “O Assistente Social é obrigado pela Ética e pela Lei (art.154 do 
Código Penal) a guardar segredo sobre todas as confidências recebidas e fatos que tenha 
conhecimento ou haja observado no exercício de sua atividade profissional” (CFAS, 1965, 
p.3), ou seja, a obrigatoriedade de manter o “segredo” das informações recebidas no exercício 
profissional dá a idéia de que era dever do Assistente Social zelar pelo “segredo” dessas 
informações. 
No Código de Ética de 1975, no Art. 6, estava previsto que: “É vedado ao Assistente 
Social: c- Divulgar nome, endereço ou outro elemento que identifique o cliente”. E ainda no 
Art.7: “O Assistente Social deve observar o segredo profissional: I- Sobre todas as 
confidências recebidas, fatos ou observações colhidas no exercício da profissão”. Sendo 
assim, nos artigos a idéia de dever se coloca indiretamente. Neste mesmo Código, embora 
preconizado como um direito do Assistente Social com relação ao exercício profissional, na 
alínea “c” do Art.4 diz: “Proteção a confidencialidade do cliente” (CFAS, 1975), o que 
também exprime de forma indireta essa noção de dever do profissional. 
No Código de Ética de 1986, essa noção indireta de dever vem expressa somente no 
Art.4 que prevê que: “O Assistente Social deve observar o Sigilo Profissional, sobre todas as 
informações confiadas e/ou colhidas no exercício profissional” (CFESS, 1986). 
35 
 
E, no último e atual Código de Ética do Assistente Social, de 1993, a noção indireta de 
dever aparece no Art.16: “O Sigilo protegerá o usuário em tudo aquilo que o Assistente Social 
tome conhecimento, como decorrência do exercício profissional da atividade profissional”. 
Apenas no Código de 1993, ficará explicitamente colocado no texto em seu Art.15: 
“Constitui direito do Assistente Social manter o Sigilo profissional” (CFESS, 1993, p.7). 
 
 
 
2.6 Terminologia utilizada com relação ao usuário 
 
 
 
A terminologia utilizada nos Códigos com relação ao usuário pode ser explicitada da 
seguinte forma: 
 
 
 
Tabela 4 - Terminologia utilizada nos Códigos relativas Usuário: 
 
Código de Ética 1947 1965 1975 1986 1993 
Terminologia Cliente Cliente Cliente Usuário Usuário 
 
Fonte: Elaborado pela autora. 
 
 
 Cabe ressaltar, que a nomenclatura cliente nos remete a idéia de uma relação 
mercadológica, uma relação de compra e venda, pois o indivíduo é entendido como 
desajustado e precisa de tratamento para se adequar ao meio social, conforme explicita Vieira 
(1978): 
 
Como no Serviço Social com Indivíduos, o sujeito é o indivíduo psicologicamente 
normal ou com leves distúrbios, que não o impede, entretanto, de funcionar em 
sociedade. Quando o indivíduo não é mental ou psicologicamente normal, deve ser 
encaminhado a especialistas e poderá, se for o caso, ser o objeto da terapia em grupo 
(VIEIRA, 1978, p.162- grifos no original). 
 
 
 Já a nomenclatura usuário remete a idéia de sujeito de direitos, usuário de políticas sociais 
públicas, política social que é brilhantemente caracterizada por Behring (2009): 
 
Constata-se que a política social – que atende às necessidades do capital e, também, 
do trabalho, já que para muitos se trata de uma questão de sobrevivência – 
36 
 
configura-se, no contexto da estagnação, como um terreno importante de luta de 
classes: da defesa de condições dignas de existência, face ao recrudescimento da 
ofensiva capitalista em termos do corte de recursos públicos para a reprodução da 
força de trabalho (BEHRING, 2009, p. 316- grifos no original). 
 
 
 
2.7 A questão da interdisciplinaridade 
 
 
 
 Ely (2003), utilizando os conceitos propostos por Vasconcelos (1997) pontua que a 
interdisciplinaridade pode ser compreendida por relações entre profissionais que partilham de 
estratégias de ação comuns, estabelecendo uma recíproca troca de saberes e conhecimentos 
entre as diferentes disciplinas. Para a existência da relação interdisciplinar é necessário que 
haja equipes de trabalho constituídas por profissionais com qualificações diversas que 
trabalhem em uma constante troca, com cooperação e coesão. No âmbito desse processo de 
troca e articulação, é necessário que haja o respeito à criatividade e autonomia intrínseca a 
cada profissão, para que não haja a exclusão ou predominância de uma determinada área. 
 A primeira abordagem relativa ao trabalho interdisciplinar nos Códigos de Ética do 
Serviço Social brasileiro vai aparecer no Código de 1965, no Artigo 15,

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