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Universidade Estácio de Sá – Campus Resende 
Disciplina: Direito Civil II – (Obrigações)
Prof. Ciro Ferreira dos Santos
Aula 01 - Conceito de obrigações - Conceito de Direito das Obrigações - Diferenças entre responsabilidade, obrigação e sujeição - Direitos Reais e Direitos Obrigacionais - Figuras Híbridas: obrigações “propter rem”; ônus reais; obrigações com eficácia real. – Fontes das Obrigações: fonte mediata e fonte imediata
 
TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES
(art. 233 a 420 do CC)
1 – Introdução
 Direito Romano
No Império Romano, há mais de dois mil anos, resolvia-se a questão do não cumprimento de uma obrigação de forma pessoal, ou seja, o devedor inadimplente pagava sua dívida com a sua liberdade ou com sua vida. Quando havia “concurso de credores”, o devedor era levado às margens do Rio Tibre e seu corpo fragmentado em diversas partes, oferecendo-se as partes aos seus credores de acordo com a proporcionalidade do montante de seus créditos (Lei da XII Tábuas).
Somente com a edição da LEX POETELIA PAPIRIA (428 a.c.), se tornou possível eliminar a sanção pessoal, substituindo-a pela patrimonialidade da sanção ao inadimplemento.
A lex Poetelia Papiria afastou a carga da pessoa do devedor, transferindo-a aos seus bens, passando ao Estado o exercício da jurisdição, substituindo-se o direito da força pela força do Direito.
Em 1804, o Código Napoleônico, marco para todas as codificações do Século XIX e início do Século XX retoma a noção da impessoalidade da obrigação, influenciado pelas transformações econômicas vivenciadas a partir do Renascimento e pelo grande afluxo de trocas comerciais entre nações.
Atualmente as hipóteses de contrição pessoal são somente as elencadas no art. 5º, inciso LXVIII da CF, que se refere aos débitos advindos da obrigação alimentar, eis que não mais é possível a prisão civil do depositário infiel.
Obrigações; relações sociais, relações jurídicas; sociedades e seu mundo de valores; complexidade social; dependência uns dos outros; necessidade de contratar; fazer algo e receber em troca.
Obrigações de cunho não jurídicos: morais, religiosas
Obrigações de cunho jurídicos – protegida pelo Estado; força coercitiva advinda da norma, lei ou contrato.
Relações entre a liberdade do indivíduo e as obrigações impostas pela sociedade para a vida social.
No Direito Romano a obrigação possuía um cunho eminentemente pessoal. Ex.: poder de tornar o indivíduo um escravo por cota de endividamento.
Obrigações oriundas das relações de consumo;
Obrigação de restituir um pagamento indevido;
Obrigação de reparar o dano, com dolo ou com culpa;
É no Direito das Obrigações que se encontra o suporte econômico da sociedade; é por meio dele que circulam as riquezas e bens
Obrigações em relação ao Estado: obrigações tributárias.
OBS: As obrigações decorrentes do Direito de Família serão tratadas em Civil V e VI
2 – Definição de Obrigação:
Obrigação, etimologicamente, vem do vocábulo latino obrigare, que significa atar, unir, impor um determinado compromisso.
Mesmo dentro do nosso ordenamento jurídico, obrigação é expressão plurívoca, comportando diferentes significados. Pode-se afirmar que obrigação confere idéia e comprometimento de uma pessoa a uma situação moral, religiosa, social, etc. Pode-se ainda indicar documento probatório de obrigação, como as Obrigações do Tesouro Nacional (OTN´s). Ainda pode dar o sentido de designação de dever de respeitar direitos genéricos alheios (obrigações do casamento = fidelidade, lealdade, respeito, etc).
Em sentido técnico-jurídico, no entanto, a obrigação assume uma idéia mais restrita, dando conta do vínculo existente entre pessoas, pelo qual uma assume uma prestação em favor de outra, vinculando o seu patrimônio.
3 - Conceitos:
Conceito de obrigação (ob+ligatio)
 
A palavra obrigação pode assumir vários significados, dependendo do contexto a que estiver se referindo. Dessa forma, em sentido amplo, obrigação é um dever, que pode estar ligada a uma acepção moral ou jurídica uma vez que exprime qualquer espécie de vínculo. Do ponto de vista moral, as pessoas têm obrigações diversas, fruto da cultura, dos costumes e da própria convivência social. Assim, são exemplos de obrigações morais, a obrigação de ir à missa, comparecer a eventos familiares, contribuir com campanhas sociais, pagar dízimo em Igreja, dentre outras. 
 
Quando a obrigação está dentro da órbita jurídica, há um dever jurídico, que se relaciona à observância de uma lei específica, ou um contrato firmado entre as partes. 
Assim, exemplos de obrigações jurídicas seriam: a obrigação de pagar um tributo, de comparecer a uma audiência, de cumprir um contrato de prestação de serviços, dentre muitas outras. 
Alguns conceitos segundo nossos doutrinadores:
Clovis Bevilácqua 
“Obrigação é a relação transitório do Direito que nos constrange a dar, fazer ou não fazer alguma coisa, em regra economicamente apreciável, em proveito de alguém que, por ato nosso ou de alguém conosco juridicamente relacionado, ou em virtude de lei, adquirir o direito de exigir de nós uma ação ou omissão”
Washington de Barros 
“Obrigação é a relação jurídica de caráter transitório, estabelecida ente o devedor e o credor e cujo objeto consiste numa prestação pessoal econômica, positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o adimplemento através de seu patrimônio.”
Silvio Venosa 
“Obrigação é a relação jurídica transitória, de cunho pecuniário, unindo duas (ou mais) pessoas, devendo uma (o devedor) realizar uma prestação à outra.” (a responsabilidade não integra o conceito).
Caio Mário 
É o vínculo jurídico em virtude do qual uma pessoa pode exigir de outra uma prestação economicamente apreciável.
Características Conceituais de Obrigação:
Relação é de cunho jurídico; não é pessoal; é inerente ao direito.
Transitória: deverá extinguir-se; há uma relação de tempo; não há obrigação perene; Há, neste aspecto, uma diferença entre o Direito Obrigacional e o Direito Real.
Credor e devedor – pessoalidade do vínculo, há um sujeito ativo e um sujeito passivo; diferentemente dos direitos reais que é erga omnes.
Prestação: atividade do devedor em prol do credor, que pode ser positiva ou negativa.
É o patrimônio do devedor que deverá responder, mesmo quando da obrigação personalíssima, quando se resolve por perdas e danos. Direito das obrigações possui cunho pecuniário; 
Sem este aspecto econômico, pode ser obrigação jurídica (obrigações do casamento), mas não se insere no mundo do Direito das Obrigações. Obrigação de servir às forças armadas e obrigações do proprietário de cumprir certos regulamentos administrativos – sentido lato; não há o aspecto pecuniário, a figura do credor.
Obrigação com título negociável – obrigação no mercado financeiro.
 	 DUALIDADE DA OBRIGAÇÃO
	
						DÉBITO (SCHULD) - (dever de prestar)
					GARANTIA (HAFTUNG) - (direito de exigir / permite sanção)
IMPORTÂNCIA ATUAL DO DIREITO OBRIGACIONAL
O direito creditório equilibra as relações entre o credor e devedor, pois é nele que a atividade econômica do homem encontra sua ordenação, visto que delineiam certos conceitos jurídicos como várias espécies de contrato, a transmissão das obrigações etc., intervindo na produção no consumo de bens e na distribuição ou circulação de riquezas.
Pertinente que se destaque as seguintes diferenciações:
 
1)   Obrigação e responsabilidade: 
A obrigação  se refere a um dever de realizar uma prestação (schuld / débito), sendo, portanto, dever primário (originário). 
A responsabilidade (haftung) é a consequência jurídica patrimonial do credor ao descumprimento de uma obrigação (decorrente da lei ou da vontade das partes), portanto, trata-se de um dever secundário (derivado). 
A doutrina aponta que pode haver obrigação sem responsabilidade com seria o casodas obrigações naturais.
Bem como, pode haver responsabilidade sem obrigação, como seria o caso do fiador (garantia).
 
2)   Obrigação e estado de sujeição: Antunes Varela explica que na obrigação ter-se-á, ao lado do dever jurídico de prestar, um direito à prestação. No estado de sujeição haverá tão somente uma subordinação inelutável a uma modificação na esfera jurídica de alguém, por ato de outrem. Assim, no estado de sujeição uma pessoa não terá nenhum dever de conduta, devendo sujeitar-se, mesmo contra sua vontade, a que sua esfera jurídica seja constituída, modificada ou extinta pela simples vontade de outrem, ou melhor, do titular do direito potestativo, eventualmente coadjuvado pela autoridade pública.
Direito potestativo é um direito sem contestação. É o caso, por exemplo, do direito assegurado ao empregador de despedir um empregado; cabe a ele apenas aceitar esta condição.
São potestativos, dentre outros, o direito de resgate do foreiro, o do condômino de pedir a divisão da coisa comum e o do locador de despejar o locatário, o ônus jurídico, a necessidade de agir de certo modo para tutela de interesse próprio. 
 
É a prerrogativa jurídica de impor a outrem, unilateralmente, a sujeição ao seu exercício. Como observa Francisco Amaral, o direito potestativo atua na esfera jurídica de outrem, sem que este tenha algum dever a cumprir.
 
Os direitos potestativos podem ser constitutivos, como por exemplo o direito do dono de prédio encravado (aquele que não tem saída para uma via pública) de exigir que o dono do prédio dominante lhe permita a passagem.
3)  Obrigação e ônus jurídico: Ensina Inácio de Carvalho Neto (2009, p. 26) que dever jurídico é a necessidade que corre a todo indivíduo de observar as ordens ou comandos do ordenamento jurídico, sob pena de incorrer numa sanção, como o dever universal de não perturbar o exercício do direito do proprietário. A sujeição, a necessidade de suportar as consequências jurídicas do exercício regular de um direito potestativo, tal como é o caso do empregado ao ser dispensado pelo empregador. São potestativos, dentre outros, o direito de resgate do foreiro, o do condômino de pedir a divisão da coisa comum e o do locador de despejar o locatário, o ônus jurídico, é a necessidade de agir de certo modo para tutela de interesse próprio. 
Ônus, destarte, é um vínculo imposto à vontade do sujeito em razão do seu próprio interesse. Nisto se distingue do dever — e da obrigação — que consubstancia vínculo imposto àquela mesma vontade, porém no interesse de outrem. Por isso que o não-cumprimento do ônus não acarreta, para o sujeito, sanção jurídica, mas tão-somente u m a certa desvantagem econômica: a não obtenção da vantagem, a não satisfação do interesse ou a não realização do direito pretendido.
Descreve-se o ônus, assim, como o instrumento através do qual o ordenamento jurídico impõe ao sujeito u m determinado comportamento, que deverá ser adotado se não pretender ele arcar com conseqüências que lhe serão prejudiciais15. O u como u m comportamento que o sujeito deve adotar para alcançar um a determinada vantagem, que consiste na aquisição ou na conservação de u m direito16.
Trata-se, pois, de noções que não se confundem com a de obrigação, embora se costume falar em obrigação negativa e universal (dever jurídico) de todo indivíduo abster-se de atos turbativos da propriedade alheia, de sujeitar-se (sujeição), sem poder impedir as conseqüências do exercício de um direito alheio, e de registrar a escritura para adquirir a propriedade (ônus jurídico). 
 
Feitas as distinções, é possível afirmar que o Direito das Obrigações consiste num complexo de normas que regem relações jurídicas de ordem patrimonial que tem por objetivo prestações de um sujeito em proveito de outro (Clóvis Beviláqua). 
 
Ensina Carlos Roberto Gonçalves (2009) que o Direito das Obrigações consiste num complexo de normas que regem relações jurídicas de ordem pessoal e patrimonial, que têm por objeto prestações de um sujeito em proveito de outro. 
 
Então, pode-se destacar como características deste ramo do Direito Civil: prevalência da autonomia privada; prevalência do favor debitoris; imutabilidade no tempo e no espaço (evolução lenta); prestabilidade à unificação do Direito Privado. O Direito das Obrigações, sem dúvida, possui cunho pecuniário; sem este aspecto econômico, pode ser obrigação jurídica, mas não se insere no mundo do Direito das Obrigações, como o caso da obrigação de servir às forças armadas e obrigações do proprietário de cumprir certos regulamentos administrativos sentido lato. Por tudo isso, é possível afirmar que o Direito das Obrigações exerce grande influência na vida econômica uma vez que se estende a todas as atividades de natureza patrimonial.
 
FONTES DAS OBRIGAÇÕES
Diz-se fonte de obrigação o fato jurídico (fonte genérica) de onde nasce o vínculo obrigacional. Trata-se da realidade "sub specie iuris" que dá vida à relação creditória: o contrato, o negócio unilateral, o fato ilícito, etc. Investiga-se, portanto, a origem de uma relação obrigacional.
 
A fonte tem uma importância especial na vida da obrigação, por virtude da atipicidade da relação creditória. Chama-se fonte de uma obrigação o fato jurídico de que emerge essa obrigação, ao fato jurídico constitutivo da obrigação. 
 
A sistematização das fontes das obrigações foi feita, ao longo dos séculos, de maneiras diversas.
A primeira classificação de cunho mais científico foi firmada nas Institutas de Justiano: 
a) Contratos; 
b) Quase-contratos; 
c) Delitos; 
d) Quase-delitos. Posteriormente, Pothier acrescentou a lei e a equidade, classificação que inspirou o legislador do Código Napoleônico e foi mantida no vigente Código Civil Francês.
Atualmente, no sistema brasileiro, ainda prevalecem controvérsias quanto à sistematização das fontes, sendo variados os critérios adotados. Sugere-se que o professor apresente brevemente algumas destas classificações, mas construa a sua própria em conjunto com os alunos.
 
O Código Civil Brasileiro reconhece expressamente três fontes de obrigações: 
a) o contrato, 
b) o ato ilícito e
c) as declarações unilaterais de vontade. 
 
Segundo Silvio Rodrigues, a fonte imediata é sempre a lei, sendo as demais fontes consideradas mediatas: 
a)     obrigações por fonte imediata da vontade humana: contratos e manifestações unilaterais de vontade (exemplo os títulos ao portador); 
b)     obrigações que tem por fonte o ato ilícito: constituem-se por meio de uma ação ou omissão, dolosa ou culposa do agente, causando dano à vítima. Estas obrigações emanam diretamente de um comportamento humano contrário a um dever legal ou social; 
c)     obrigações que tem por fonte direta e imediata a lei: neste rol encontram-se os deveres de estado (prestação alimentícia, guarda de filhos menores, tributo (imposto, que advém das obrigações tributárias), etc.), bem como pelas condutas que a imputação pode ocorrer por responsabilidade objetiva, quer do particular ou da Administração Pública por risco administrativo, perante danos causados aos administrados (art. 37, §6o. da CF/88). 
 
Mesmo assim, o elenco de fontes parece não bastar para designar a sua amplitude. Desta forma as obrigações podem surgir, por fonte imediata, independente da vontade das partes, pela ocorrência de fato ilícito, ou por decorrência direta da lei. Pode decorrer da atividade judicial, como no caso das decisões judiciais constitutivas de direitos, nas quais a relação jurídica só gerará obrigações quando determinada por meio da jurisdição.
Nesse contexto entendemos:
- Art. 186 c/c 927 do CC
- Segundo Silvio Rodrigues, a lei, a vontade humana e o ato ilícito são fontes das obrigações. Entende o autor que a lei será sempre fonte remota.
- Segundo Caio Mário só há duas fontes das obrigações: a vontade e a lei.
- Venosa: a lei será sempre fonte imediata, podendo existir outras fontesmediatas, tais como, atos, fatos, negócios jurídicos.
- Segundo Orlando Gomes, há situações de fato que a lei atribui efeito de gerar obrigações (pagamento indevido, declaração unilateral de vontade, enriquecimento sem causa, etc); na verdade o fato condicionante será a fonte da obrigação.
Concluindo : fonte Imediata – lei; outras fontes - contrato, ato ilícito e a declaração unilateral de vontade.
FIGURAS HÍBRIDAS
	(Obrigações propter rem (também denominadas obrigações in rem ou ob rem);  os ônus reais; e as obrigações com eficácia real.)
 
Direitos Reais e Direitos Obrigacionais não se confundem. Ensina Inácio de Carvalho Neto (2009, p. 22) que no Direito das Obrigações, as relações são pessoais (não ligadas especificamente a uma coisa determinada), e se dão entre duas ou mais pessoas determinadas. Já no Direito das coisas, a relação ocorre entre o titular do direito real e todas as demais pessoas que devem respeitar o direito daquele titular, aquilo que se chama de relação jurídica absoluta, expressão que por vezes sofre crítica da doutrina. 
Ademais, os direitos reais são perpétuos, ao passo que os direitos obrigacionais são transitórios, tendendo sempre à extinção. Com efeito, é característica marcante dos direitos pessoais a sua duração efêmera. Seja pelo cumprimento, que é o meio normal de extinção das obrigações, seja por meios indiretos, como a novação, a compensação, a remissão, a confusão, etc., seja até mesmo por outros meios como a prescrição ou a renúncia, fato é que, mais cedo, ou mais tarde, a obrigação irá se extinguir.
Os direitos reais são poderes jurídicos, direitos e imediatos, do titular sobre a coisa e, por isso, tem como elementos essenciais: sujeito ativo, coisa e relação de poder. Os direitos obrigacionais são vínculos jurídicos pelos quais o credor pode exigir do devedor uma determinada prestação, então, possui como elementos essenciais: sujeito ativo; sujeito passivo; prestação. 
 
Assim, em breve resumo pode-se apontar como diferenças:
a) O direito real (art. 1.225 CC) quanto ao objeto incide sobre uma coisa; quanto ao sujeito passivo é indeterminado; quanto à duração é perpétuo; quanto à formação é numerus clausus (rol taxativo); quanto ao exercício incide diretamente sobre uma coisa, sem necessidade da existência de um sujeito passivo; quanto à ação pode ser exercida em face de qualquer um que detenha indevidamente a coisa. Ex: propriedade, penhor, anticrese, usufruto, servidões, uso, habitação, enfiteuse (que ainda é um direito real) etc.
b) O direito obrigacional quanto ao objeto exige o cumprimento de uma obrigação; quanto ao sujeito passivo é determinado ou determinável; quanto à duração é transitório; quanto à formação é numerus apertus (rol exemplificativo); quanto ao exercício exige um sujeito passivo; quanto à ação só pode ser exercida em face de quem figura na relação jurídica como sujeito passivo.
 
Essas diferenças são importantes porque há figuras que não conseguem ser inseridas em uma ou em outra categoria, constituindo uma categoria intermediária entre o direito real e o pessoal. São figuras híbridas ou ambíguas, constituindo, na aparência, um misto de obrigação e de direito real. 
 
Obrigações "propter rem" - que quer dizer "da própria coisa" (ob rem (diante da coisa), ambulatórias, in rem scriptae (escrito real ou tal qual) 
 
As obrigações "in rem", "ob rem", ou "propter rem", para Arnold Wald derivam da vinculação de alguém a certos bens, sobre os quais incidem deveres decorrentes da necessidade de manter-se a coisa. Assim, considera que as obrigações reais, ou propter rem, passam a pesar sobre quem se torne titular da coisa. Logo, sabendo-se quem é o titular, sabe-se quem é o devedor. Portanto, são obrigações que se constitui entre duas determinadas pessoas, mas em função de uma coisa. 
Então, o devedor está ligado ao vínculo não em razão da sua vontade, mas em decorrência de sua particular situação em relação a uma coisa.
 
Essas obrigações só existem em razão da situação jurídica do obrigado, de titular do domínio ou de detentor de determinada coisa. Caracterizam-se pela origem e transmissibilidade automática. Consideradas em sua origem, verifica-se que provêm da existência de um direito real, impondo-se a seu titular. Se o direito de que se origina é transmitido, a obrigação segue, seja qual for o título translativo. A transmissão ocorre automaticamente, isto é, sem ser necessária a intenção específica do transmitente. 
Obrigação propter rem  é a que recai sobre uma pessoa, por força de determinado direito real. Só existe em razão da situação jurídica do obrigado, de titular do domínio ou de detentor de determinada coisa. São obrigações que surgem pela força da lei (ex vi legis), atreladas a direitos reais, mas com eles não se confundem, em sua estruturação.
É o que ocorre, por exemplo, com a obrigação imposta aos proprietários e inquilinos de um prédio de não prejudicarem a segurança, o sossego e a saúde dos vizinhos (CC, art. 1.277). Por se transferir a eventuais novos ocupantes do imóvel (ambulat cum domino), é também denominada obrigação ambulatória.
Essas obrigações são concebidas como ius ad rem (direitos por causa da coisa, ou advindos da coisa).
Exemplos de obrigação propter rem:
i) na obrigação imposta ao condômino de concorrer para as despesas de conservação da coisa comum (art. 1.315);
ii)  na do condômino, no condomínio em edificações, de não alterar a fachada do prédio (art. 1.336, III);
iii) na obrigação que tem o dono da coisa perdida de recompensar e indenizar o descobridor (art. 1.234);
 
São obrigações propter rem: a do condomínio de contribuir para a conservação da coisa comum (CC, art. 624); a do proprietário de um imóvel no pagamento do IPTU; a maioria dos direitos de vizinhança. 
 
Assim, é oportuno fixar as características dessas figuras: 
1º) vinculação a um direito real (surgem ex vi legis); 
2º) possibilidade de exoneração do devedor pelo abandono do direito real, renunciando o direito sobre a coisa; 
3º) transmissibilidade por meio de negócios jurídicos, caso em que a obrigação recairá sobre o adquirente; 
4º.) submetem-se às ações de natureza pessoal. 
 
É de bom alvitre ressaltar a natureza jurídica dessas obrigações, pois se encontram na zona fronteiriça entre os direitos reais e os pessoais. Não são elas nem uma obligatio, nem um jus in re, constituindo figuras mistas, no dizer de Maria Helena Diniz (2008, p. 10-18). Entretanto, há aqueles que atribuem maior importância ao aspecto real da relação. Como também, aqueles, que apontando uma prestação num facere, não se enquadra à natureza do direito real. 
Orlando Gomes afirma que, apesar de ser predominante no Direito positivo brasileiro a tese da realidade das obrigações propter rem, é irrecusável que constituem vínculo jurídico pelo qual uma pessoa, embora substituível, fica adstrita a satisfazer uma prestação no interesse de outra. Assim, verifica-se que qualificados de acordo com a teoria da realidade, seriam tutelados por meio de ações reais. No entanto, a tendência é para admitir que o credor tem ação pessoal contra o devedor, assim se procede, por exemplo, na cobrança de IPTU. 
Ônus Reais 
Conceitos:  
a) Gravame que recai sobre  uma coisa, restringindo o direito do titular de direito real.
b) São obrigações que limitam a fruição e a disposição da propriedade, mas que não se confundem com os direitos reais de garantia. Os ônus reais representam direitos sobre coisa alheia e se impõem erga omnes gerando créditos pessoais em favor do titular.
Exemplos de ônus reais:  a servidão predial, a enfiteuse (1), o usufruto, o uso, a habitação, a superficie, a hipoteca, o penhor e a anticrese (2). 
São, portanto, gravames que incidem sobre determinados bens como, por exemplo, a constituição de renda (art. 804, CC), enfiteuse (do grego emphúteusis,eós "enxerto, implantação", através do latim tardio emphyteusis,) ou arrendamentoenfitêutico é um instituto jurídico originário do Direito Romano), servidão, usufruto.
 
Diferenciam-se das obrigações propter rem porque nestas o devedor responde apenas pelo débito atual (responde pela prestação constituída durante sua relação com a coisa), tendo por conteúdo uma prestação negativa; já nos ônus reais o devedor pode ser responsabilizado pessoalmente e seu conteúdo é uma prestação positiva. 
Enquanto naquelas as ações são de natureza pessoal; nestes as ações são de natureza real.
A enfiteuse é instituto do Direito Civil e o mais amplo de todos os direitos reais, pois consiste na permissão dada ao proprietário de entregar a outrem todos os direitos sobre a coisa de tal forma que o terceiro que recebeu (enfiteuta) passe a ter o domínio útil da coisa mediante pagamento de uma pensão ou foro ao senhorio. Assim, pela enfiteuse o foreiro ou enfiteuta tem sobre a coisa alheia o direito de posse, uso, gozo e inclusive poderá alienar ou transmitir por herança, contudo com a eterna obrigação de pagar a pensão ao senhorio direto.
A anticrese é uma convenção mediante a qual o credor, retendo um imóvel do devedor, percebe os seus frutos para conseguir a soma em dinheiro emprestada, imputando na dívida e até o seu resgate, as importâncias que for recebendo.
Obrigações com eficácia real 
A obrigação tem eficácia real quando se transmite e é oponível a terceiro que adquira direito sobre determinado bem, como é o caso da locação que é oponível ao adquirente da coisa locada. 
São obrigações pessoais, transmissíveis e que podem se opostas contra terceiros, alcançando, assim, a dimensão de direito real.
DIFERENÇA ENTRE OS DIREITOS PESSOAIS E DIREITOS REAIS (propter rem)
Quanto ao sujeito de direito
Direito pessoal: tem sujeito ativo e passivo
Direito real: segundo a teoria clássica, tem apenas o sujeito ativo
Quanto à ação
Direito pessoal: ação pessoal contra determinado indivíduo
Direito real: ação real contra quem detiver a coisa, sendo oponível erga omnes
Quanto ao objeto
Direito pessoal: prestação
Direito real: coisa corpórea ou incorpórea
Quanto ao limite
Direito pessoal: é ilimitado
Direito real: é limitado
Quanto ao modo de gozar o direito
Direito pessoal: exige intermediário
Direito real: supõe o exercício direto, pelo titular, do direito sobre a coisa
Quanto à extinção
Direito pessoal: extingue-se pela inércia
Direito real: conserva-se até que haja uma situação contrária em proveito de outro titular
Quanto ao direito de seqüela – é uma prerrogativa do direito real
Quanto ao abandono – é característico do direito real
Quanto à usucapião – é modo de aquisição de direito real
Quanto à posse – comente o direito real é suscetível a ela
Quanto ao direito de preferência – restrito ao direito real de garantia
Caso Concreto 1
Da leitura do material didático, autor Flávio Tartuce, p. 03-39, responda:
a)     É correto afirmar que as normas de Direito Obrigacional são hoje as que mais se aplicam com frequência? Explique sua resposta.
b)     Os princípios da eticidade e da socialidade se aplicam ao direito obrigacional? Ao responder, explique os princípios.
c)     Há diferença entre obrigação, dever, responsabilidade, ônus e estado de sujeição? Explique sua resposta e dê um exemplo de cada situação
Gabarito: 
a)     Entende-se que sim, pois, conforme fria o autor a partir da citação de Fernando Noronha (p. 04) é possível conceber a hipótese de uma pessoa viver uma vida inteira sem necessidade de conhecer o Direito das Sucessões, ou a maior parte do Direito de Família (casamento, regimes de bens), ou até as partes mais significativas do Direito das Coisas. Mas não é possível viver à margem daquelas atividades do dia-a-dia regidas pelo Direito das Obrigações.  Daí sua importância.
b)     O princípio da eticidade impõe a boa-fé objetiva e a propriedade às relações jurídicas. O princípio da socialidade a observação a boa-fé. Portanto, princípios plenamente aplicáveis às relações obrigacionais, ainda mais quando se considera a obrigação como um processo (?processo de colaboração contínua e efetiva entre as partes) (p. 05-06).
c)     O dever jurídico se contrapõe ao direito subjetivo, tratando-se, portanto, de um comando emanado do direito objetivo, impondo-se a todos, como o dever de não danificar o patrimônio alheio. Obrigação é uma relação jurídica de caráter patrimonial e transitória entre credor e devedor que possui por objeto o cumprimento de uma prestação como aquela que decorre de um contrato de compra e venda.  O ônus se caracteriza pela necessidade de se observar um determinado comportamento para obtenção de uma vantagem em proveito próprio, como levar a registro no Cartório de Títulos e Documentos um contrato para gerar efeitos em face de terceiros. O estado de sujeição se caracteriza quando a pessoa é obrigada a se sujeitar a uma determinada situação como é o caso dos impedimentos matrimoniais. Trata-se de poder  jurídico do titular do direito, não havendo correspondência a qualquer outro dever. A responsabilidade é a consequência patrimonial do descumprimento de uma obrigação, portanto, trata-se de dever derivado, como o caso das indenizações. (p. 15-20)
 
Caso Concreto 2
Identifique as fontes das seguintes obrigações:
a) Obrigação alimentar decorrente de parentesco. 
b) Obrigação de indenizar uma pessoa que foi atropelada. 
c) Pagar uma recompensa. 
d) Pagar o café comprado na cantina durante o intervalo. 
e) Pagar uma nota promissória. 
 
Gabarito: 
a) Tem por fonte o fato jurídico parentesco determinado pela lei (ato jurídico em sentido estrito). 
b) Tem por fonte um ato ilícito cuja consequência é o dever de indenizar. 
c) Tem por fonte um ato unilateral. 
d) Tem por fonte um contrato de compra e venda (negócio jurídico bilateral). 
e) Tem por fonte um título de crédito. 
 
Questão Objetiva
Assinale a alternativa correta:
a)     A obrigação se refere a um dever de realizar uma prestação, portanto, é dever jurídico derivado, decorrente, por exemplo, de um contrato de compra e venda.
b)     A responsabilidade é a consequência patrimonial do descumprimento de uma obrigação, tratando-se, portanto, de dever jurídico originário, como é o caso do dever de indenizar.
c)     A servidão é uma espécie de obrigação “propter rem” uma vez que limita a fruição e a disposição da propriedade.
d)     A obrigação de pagar o condomínio é considerada um ônus real.
e)     O vínculo jurídico é considerado o elemento abstrato ou imaterial das obrigações uma vez que é o liame que une o sujeito ativo ao sujeito passivo, conferindo ao primeiro o direito de exigir do segundo uma determinada prestação.
Gabarito: Letra “E” é a correta. 
Letra A - a obrigação é um dever jurídico originário. 
Letra B - a responsabilidade é um dever jurídico derivado. 
Letra C - a servidão é considerada uma obrigação com ônus real. 
Letra D - a obrigação é pagar o condomínio é “propter rem”.