Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Análise das demonstrações financeiras Técnicas de análise e índices de liquidez Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Ms. Valquiria Pinheiro de Souza Revisão Textual: Prof. Ms. Selma Aparecida Cesarin 5 • Introdução • Técnicas de análise Em caso de dúvidas, coloque-a no fórum de discussão “Sanando Dúvidas”. O tutor da disciplina estará em permanente contato com você por meio do ambiente de aprendizagem virtual Blackboard. Para que me conheça melhor, já me apresentei no item “Informações da Equipe”. Tenham todos, a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre Demonstrações Financeiras! Nesta Unidade, trataremos de alguns métodos, tipos e índices de Análise das Demonstrações Financeiras. Para o estudo desta técnica, usaremos como base as Demonstrações Contábeis. O primeiro processo a ser estudado é o entendimento das Técnicas de Análise e Índices de liquidez que compõem vários tópicos: Análise Vertical e metodologias de cálculos, Análise Horizontal e metodologia de cálculo. Análise por meio de índices, que compõem vários tópicos: Índices de liquidez, Liquidez Imediata, Liquidez Geral (LG), Liquidez Corrente, Liquidez Seca. E, para complementar, o conteúdo o “praticando”, com a aplicação do estudo de caso. Técnicas de análise e índices de liquidez 6 Unidade: Técnicas de análise e índices de liquidez Contextualização As demonstrações contábeis consistem em importante instrumento de análises da atividade operacional das empresas, disponibilizadas tanto para os acionistas, quanto para a sociedade. Convidamos você para navegar pelo Portal de Contabilidade e ler uma matéria sobre o assunto que trataremos na Unidade II. Dessa forma, você poderá perceber a importância do tema no contexto da sociedade empresarial. Acesse o link a seguir e tenha acesso ao artigo: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/ tematicas/indices-de-liquidez.htm>. 7 Introdução A Contabilidade é tão antiga quanto à origem do homem. Sua origem se perde no tempo; (...) com a verificação feita em placas, tábuas etc., encontradas nas escavações arqueológicas. A Contabilidade consistia em anotações, nos textos egípcios, babilônicos, fenícios, gregos e romanos encontrados. Com o objetivo de controlar o patrimônio, o homem primitivo buscava organizar-se de maneira a contar (inventariar) seu rebanho, conforme relata Marion (2002, p. 21), afirmando que o homem, cuja natureza é ambiciosa, preocupava-se com o crescimento e a evolução do rebanho e de sua riqueza. Desde então, “foram pensadas e estudadas as várias formas de registrar os fatos contábeis que davam origem àqueles relatórios (...) apurando a variação da riqueza e, por fim, imaginando as formas de registros contábeis” (MARION, 2003, p. 21). Com a necessidade de buscar um controle patrimonial e análise da evolução de sua riqueza, começou a utilização de métodos. Nos tempos atuais, a Contabilidade continua com a responsabilidade do controle patrimonial das empresas com fatos e atos que possam ser mensurados. Com os dados registrados, elaboram-se relatórios que demonstram a situação e a variação do patrimônio das organizações. Diversas são as ferramentas de análise e interpretação direcionadas para um enfoque gerencial para servir de apoio às informações para tomada de decisão dos gestores. Os relatórios elaborados servirão para diversos tipos de usuários da informação contábil. Portanto, devem conter linguagem simplificada que atenda a todos os interessados na informação. A contribuição da Contabilidade fornece resultados, análises, interpretações e mensurações para que os gestores possam tomar decisões com mais segurança, possibilitando maior competitividade e melhor desenvolvimento econômico das organizações. Porém, a responsabilidade dos contadores e gestores aumenta, pois, se uma análise for realizada de forma imprecisa, tendenciará seus gestores a tomarem decisões erradas. Os gestores precisam conhecer e saber como elaborar a análise das demonstrações contábeis, pois além de saber calcular os índices, também é necessário interpretá-los e adequá-los a cada empresa ou usuário específico, visando ao melhor gerenciamento das demonstrações patrimoniais e financeiras da empresa, procurando levantar a maior quantidade de informações com a maior qualidade possível. Prezados alunos, para melhor compreensão do nosso contexto “Análise e índices de liquidez”, estudaremos um caso prático sobre a empresa Gerdau S.A. Os estudos serão desenvolvidos da seguinte forma: primeiro será demonstrado os conceitos dos tipos de técnicas de análise e dos índices de liquidez e, em seguida, analisaremos o caso da Gerdau S.A. É de extrema importância que você consulte os materiais disponibilizados na pasta material complementar da nossa disciplina no Blackboard, que serão de grande valia para o seu desenvolvimento profissional. 8 Unidade: Técnicas de análise e índices de liquidez Técnicas de análise Análise Vertical A análise vertical é entendida como a análise da estrutura das demonstrações financeiras e permite a identificação e a relevância de cada conta analisada dentro do conjunto de contas ao qual pertence no Balanço Patrimonial ou na estrutura da Demonstração do Resultado. Trocando Ideias Por exemplo, quanto pode representar (% percentualmente) a conta “estoques” em relação ao total do ATIVO da empresa... e assim sucessivamente, conta a conta, grupo a grupo de contas. A análise vertical espelha os efeitos e, em algumas demonstrações, é também possível descobrir algumas das causas primárias. Uma vez efetuado o levantamento dos percentuais, o analista focará sua análise nestes percentuais, deixando para trás os valores monetários absolutos, sendo possível verificar as tendências de forma mais objetiva. Uma análise limitada a expressões monetárias, sejam elas em valores históricos ou corrigidos, não permitiria uma visualização dos impactos de cada conta patrimonial ou de resultado no conjunto das respectivas demonstrações. Então, vamos conhecer as metodologias de cálculos? Metodologias de cálculos 1 Balanço Patrimonial – dividir o valor de cada conta ou grupo de contas pela totalização do ativo ou passivo, conforme o caso, multiplicando por 100, obtendo assim, a participação de cada conta ou grupo de conta em relação ao total; 2 Demonstração de Resultados – dividir o valor de cada item (ou parcela) da demonstração pelo valor da Receita Operacional Líquida (ou Bruta) e multiplicar por 100, obtendo, assim, a participação da conta na formação do resultado. É recomendável que o analista proceda ao arredondamento dos índices apurados em duas casas decimais. A comparabilidade na Análise Vertical pode ser prejudicada sempre que houver a incorporação de valores significativos no ativo ou passivo, bem como eventos anormais que alterem as relações estruturais, tais como: • Reavaliações espontâneas de ativos permanentes; • Reestruturação de passivo financeiro; 9 • Baixas de ativos de valor significativo; • Novas integralizações de capital de valor significativo; • Realizações ou resgate de mútuos; • Resultados não operacionais expressivos; • Ajustes de exercícios anteriores. Análise Horizontal A análise horizontal permite medir a evolução de uma conta ou de um grupo de contas ao longo de períodos sucessivos. Trabalha fundamentalmente com efeitos e dificilmente revela as causas das mudanças. Pode ser evolutiva ou retrospectiva. Esta análise é muito importante para a construção de uma série histórica, o que é fundamental para ajudar no estudo de tendências. Metodologia de cálculo 1. Considerar todas as parcelas do ano mais distante como base 100%; 2. Para cada parcela, calcular primeiramente o número índice da seguinte forma: dividir o valor do período maisrecente pelo valor do período mais distante, diminuir 1 e multiplicar por 100, para encontrar o percentual de variação. Fórmula: Ano seguinte (Ano 2) - 1 Ano base (Ano 1) x 100 É recomendável que o analista proceda ao arredondamento dos índices apurados em duas casas decimais. As técnicas utilizadas em análise horizontal apresentam algumas limitações: a) quando o valor do item correspondente no exercício base é nulo, o número índice não pode ser calculado pela forma proposta, pois os números não são divisíveis por zero. Nesses casos, podem ser analisadas variações em valores absolutos; b) quando o exercício base apresenta um número negativo e no exercício seguinte o número fica positivo (e vice versa), matematicamente, é calculável, mas o resultado deve ser tratado com bastante cuidado, para não ocorrerem interpretações equivocadas de evolução. Análise por meio de índices A técnica de análise por meio de índices consiste em relacionar contas e grupos de contas para extrair conclusões sobre tendências e situação econômico-financeira da empresa. 10 Unidade: Técnicas de análise e índices de liquidez Trocando Ideias O analista pode trabalhar com índices ou percentual. Por exemplo, 0,42 equivale a 42%, pois 0,42 = 42/100 = 42%. Pode-se classificar os índices da empresa como ótimo, bom, satisfatório ou deficiente ao compará-lo com os índices de outras empresas do mesmo segmento e porte, ou com os índices do setor, publicados pelas revistas especializadas. Você Sabia ? Geralmente, as fórmulas apresentadas em livros de análise de balanços utilizam o prazo médio simples baseado no ano comercial de 360 dias (ou mês comercial de 30 dias), e nós utilizaremos o mesmo critério em nossos cálculos. Índices de Liquidez O analista deve ficar atento para o fato de que a capacidade de pagamento da empresa deve ser avaliada considerando-se a qualidade e o grau de conversibilidade para moeda corrente dos direitos (venda de estoques e recebimentos de duplicatas), bem como das dívidas existentes, já que estas também podem ter prazos diferenciados de vencimentos, além de serem passíveis ou não de atualização, a exemplo dos financiamentos bancários. Ideias-chave O objetivo do estudo de liquidez é avaliar o grau de solvência, ou seja, verificar se a empresa possui solidez financeira para saldar seus compromissos. A confusão feita por alguns entre liquidez e capacidade de pagamento foi apropriadamente abordada por Matarazzo1 (2003, p. 163-4), ao comentar que: Muitas pessoas confundem índices de liquidez com os índices de capacidade de pagamento. Os índices de liquidez não são índices extraídos do fluxo de caixa que comparam as entradas com as saídas de dinheiro. São índices que, a partir do confronto dos Ativos Circulantes com as Dívidas, procuram medir quão sólida é a base financeira da empresa. Uma empresa com bons índices tem condições de ter boa capacidade de pagar suas dívidas, mas não estará, obrigatoriamente, pagando suas dívidas em dia em função de outras variáveis como prazo, renovação de dívidas etc. 1 MATARAZZO, Dante Carmine. Análise financeira de balanços. São Paulo: Atlas, 2003. 11 É importante que a análise de liquidez seja efetuada de forma comparativa com vários exercícios ou períodos, não apenas da mesma empresa, mas também de seus principais concorrentes, pois somente desta forma será possível identificar o nível de comprometimento do capital de giro, de forma a melhor determinar a capacidade de contrair novas obrigações. Você Sabia ? O estudo da Análise Vertical e Horizontal, em conjunto com a análise dos indicadores de rentabilidade, permitirá ao analista identificar as causas principais das variações ocorridas nos indicadores de liquidez da empresa. A leitura da Demonstração do Fluxo de Caixa, se elaborada pela empresa, não deve ser desconsiderada, pois nesta demonstração é possível identificar as causas determinantes da falta ou excesso de disponibilidades. Liquidez Imediata Há de se ressaltar que este não é um dos índices de liquidez dos mais importantes, pois normalmente as empresas mantêm poucos valores disponíveis em Caixa, Bancos e, em contrapartida, as dívidas dela podem ter vencimento de até 360 dias. Liquidez Imediata = Disponibilidade . Passivo Circulante Interpretação: Quanto maior, melhor. Deve-se considerar, ainda, que os valores apresentados no Balanço Patrimonial em determinado momento podem não representar a média dos saldos verificados ao longo do exercício financeiro. Portanto, este índice tem maior significado quando o analisado de forma conjunta com o fluxo mensal de caixa da empresa, ou utilizando a média dos saldos mensais das contas, fugindo, assim, de situações anormais que porventura tenham ocorrido à véspera do levantamento do Balanço. Liquidez Geral (LG) Por meio desse índice, é possível perceber toda a capacidade de pagamento da empresa a Longo Prazo, considerando tudo o que ela converterá em dinheiro (a Curto e a Longo Prazo), relacionando-se com tudo o que já assumiu como dívida (a Curto e a Longo Prazo). Liquidez Geral = Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo .Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo Interpretação: Quanto maior, melhor. 12 Unidade: Técnicas de análise e índices de liquidez Não se deve esquecer que existindo possibilidade de divergência entre as datas de recebimentos e de pagamentos, a análise de longo prazo pode gerar distorções acentuadas. Neste caso, é interessante obter a composição e a finalidade dos créditos a receber e dos financiamentos de longo prazo, com vistas a determinar os prazos de realização dos mesmos. No longo prazo, consignar todas as operações entre empresas coligadas e controladas e os financiamentos de longo prazo para investimento no Ativo Permanente. Liquidez Corrente Este índice demonstra quanto a empresa possui em dinheiro, em bens e em direitos realizáveis no curto prazo, comparando com suas dívidas a serem pagas no mesmo período. É o índice mais utilizado para medir a situação (saúde) financeira das empresas. Liquidez Corrente = Ativo Circulante .Passivo Circulante Interpretação: Quanto maior, melhor. Marion (2009)2 relaciona alguns aspectos restritivos a serem considerados quando da análise do índice de liquidez corrente: • O índice não revela a qualidade dos itens no Ativo Circulante (os Estoques estão superavaliados, são obsoletos, os Títulos a Receber são totalmente recebíveis?); • O índice não revela a sincronização entre recebimentos e pagamentos, ou seja, por meio dele não identificamos se os recebimentos ocorrerão em tempo para pagar as dívidas vincendas; • O índice pode estar distorcido em razão dos critérios para avaliação dos Estoques. Considerando o primeiro aspecto apontado por Marion, podemos concluir que este índice tende a ser mais preciso quando existe um equilíbrio entre os índices que apuram o Prazo Médio de Rotação dos Estoques (PMRE) e o Prazo Médio de Recebimento das Vendas (PMRV). Liquidez Seca O analista deve considerar que existe forte relação deste indicador com o de Liquidez Corrente. Este indicador é muito útil quando é preciso ver a capacidade de pagamento da empresa nas situações em que ela tem rotação de estoque muito baixa, o que pode refletir má gestão sobre o volume de compras de material para revenda ou industrialização. No cálculo deste indicador, devemos eliminar os estoques do total do Ativo Circulante. Este indicador é denominado também Prova Ácida (acid test ratio) ou Quociente Absoluto de Liquidez. 2 MARION, José Carlos. Análise das demonstrações contábeis: contabilidade empresarial. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2009. 13 Ideias-chave É importante lembrar que os estoques também são investimentos e o Balanço pode apresentar saldos significativospode ser consequência da sazonalidade dos negócios, o que pode obrigar a empresa a manter altos investimentos ao final do exercício social para fazer frente à grande demanda no início do exercício seguinte. O conhecimento do negócio da empresa é fundamental na análise deste e dos demais indicadores de liquidez e dos indicadores de atividade. Um exemplo seria o caso de um supermercado ou loja de departamentos que tende a ter um elevado saldo de Estoque e pequeno saldo de Duplicatas a Receber de clientes, já que suas vendas ocorrem geralmente à vista ou por cartões de crédito com reduzido prazo de recebimento. Caso o quociente de Liquidez Seca demonstre que uma empresa é capaz de saldar seus compromissos sem contar com a venda de estoques, deve-se observar o prazo de realização dos seus créditos e do pagamento de seus compromissos, para que se possa estabelecer a real medida de solvência da empresa. Estudo de caso prático: Empresa Gerdau S. A. Daremos início à análise de um caso prático. No primeiro momento será apresentada a empresa e, em seguida, iniciaremos as análises dessa empresa colocando em prática o conteúdo desta Unidade e das Unidades anteriores. No entanto, ressaltamos que é muito importante o entendimento da material complementar disponibilizado nesta unidade. Histórico: Grupo Gerdau O Grupo Gerdau iniciou suas atividades em 1901, em Porto Alegre (RS), e hoje possui mais de 45 mil funcionários. Suas ações estão presentes nas bolsas de valores de São Paulo, Nova Iorque, Toronto e Madri. Atualmente, a empresa Gerdau S. A., que faz parte do Grupo Gerdau encontra-se como a 13ª. maior produtora de aço do mundo e é líder no segmento de aços longos nas Américas e possui 317 unidades industriais e comerciais, além de 5 joint ventures e 4 empresas coligadas. A Gerdau S. A. está presente em 14 países: Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Espanha, Estados Unidos, Guatemala, Índia, México, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela, possui capacidade de 25,9 milhões de tons/ano e fornece aço para os setores da construção civil, indústria e agropecuária. 14 Unidade: Técnicas de análise e índices de liquidez Missão Visão Valores A Gerdau é uma empresa com foco em siderurgia, que busca satisfazer as necessidades dos clientes e criar valor para os acionistas, comprometida com a realização das pessoas e com o desenvolvimento sustentado da sociedade. Ser uma empresa siderúrgica global, entre as mais rentáveis do setor. CLIENTE satisfeito SEGURANÇA TOTAL no ambiente de trabalho PESSOAS comprometidas e realizadas. QUALIDADE em tudo que faz : EMPREENDEDORISMO RESPONSÁVEL, INTEGRIDADE, CRESCIMENTO e RENTABILIDADE. Análise horizontal e vertical do balanço patrimonial da gerdau S.A. Então, vamos relembrar? Os métodos de análise horizontal e vertical prestam valiosas contribuições na interpretação da estrutura e da tendência dos números de uma empresa. Podem ainda auxiliar a análise dos índices financeiros e outros métodos de análise. De certa forma, análise horizontal e análise vertical completam-se e até sobrepõem-se entre si. A simples identificação da representatividade de um item do ativo ou do passivo em relação a um determinado referencial pode não ser suficiente para possibilitar ao analista tirar conclusão sobre a situação da empresa. Observar a tendência da representatividade de um item ao longo de dois ou mais exercícios é um processo que ajuda o analista a visualizar mudanças ocorridas na estrutura do demonstrativo que esteja analisando. Paralelamente, o analista precisa estar atento para, além de visualizar o crescimento relativo de um determinado item, não perder a ideia de sua grandeza absoluta. No caso da Gerdau S. A., nós faremos uma Análise Financeira e Econômica completa até o final da nossa Disciplina. Assim, você terá uma ideia de como tudo isso funciona de fato na prática. Portanto, meu caro, aproveite para esclarecer todas as suas dúvidas nos fóruns. 15 Figura 1. Balanço Patrimonial da Gerdau S.A. (Ativo) – Análise Horizontal e Vertical. No caso da Gerdau S. A., pode-se perceber inicialmente, na Figura 1, por meio da análise horizontal e vertical do Balanço Patrimonial (Ativo) juntamente com o entendimento das Notas Explicativas3 (NEs) os seguintes aspectos relevantes: 1 – No ano de 2005, o ativo circulante da companhia correspondia a 55% do seu ativo total; já em 2007, esse mesmo grupo passou a corresponder 37% do ativo total, ou seja, houve queda nesse grupo, no período de 2005 a 2007, de 18%, que pode ser observado por meio da análise vertical; 2 – Em contrapartida, por meio da mesma análise, é possível observar que o ativo permanente, em 2005, correspondia a 41% do ativo total da companhia. Já em 2007, o ativo permanente passou a corresponder a 57% do ativo total da empresa, ou seja, houve um aumento de 16%; 3 – Na figura 2 também é possível observar que, no grupo do passivo no exigível em longo prazo, os empréstimos e financiamentos, entre 2005 e 2007, aumentaram 6%. O fenômeno observado deve-se ao fato de a companhia ter destinado seus ativos financeiros de liquidez imediata para a aquisição de novos investimentos realizados em outros países, com o objetivo de alinhar as estratégias com a missão da companhia, que é tornar-se uma das maiores empresas mundiais no segmento em que atua. 3 As Notas Explicativas (NEs) da Gerdau S.A. estão disponíveis nos Relatórios de Administração da empresa, na pasta Material Complementar. 16 Unidade: Técnicas de análise e índices de liquidez Trocando Ideias É importante ressaltar ma das limitações deste estudo: em relação aos percentuais obtidos na análise vertical, para saber se eles estão compatíveis com a realidade da empresa, o analista poderá comparar os dados com os de outras empresas atuantes no mesmo segmento, preferivelmente que sejam do mesmo porte e estejam localizadas em região geográfica de características semelhantes. Figura 2. Balanço Patrimonial da Gerdau S. A. (Passivo) – Análise Horizontal e Vertical. Em relação à análise horizontal, sabe-se que o seu propósito é permitir o exame da evolução histórica de uma série de valores. Tradicionalmente, na análise horizontal, tomamos o primeiro exercício como base 100 e estabelecemos a evolução dos demais exercícios, comparativamente a essa base inicial. Porém, nada impede que seja feita a análise do último ano em relação ao penúltimo. Numa economia instável e com elevados índices de inflação, algumas vezes é mais importante saber o comportamento das vendas do último ano em relação ao ano anterior do que desenvolvermos uma série histórica muito longa. De qualquer modo, o período a ser considerado deve ser em função do propósito da análise que esteja sendo desenvolvida. 17 Análise Horizontal e Vertical da Demonstração de Resultado da Gerdau S.A. Figura 3. Demonstração do Resultado do Exercício da Gerdau S. A. – Análise Horizontal e Vertical. Pode-se utilizar a análise vertical também na demonstração de resultado, de três formas: I – Pela representatividade de um item em relação à receita líquida de vendas do respectivo período; II – Observando o comportamento histórico, ou seja, ao longo de mais de um exercício; III – Uma terceira forma de utilização da análise vertical seria comparar os percentuais apresentados pela empresa com dados de outra empresa que seja de atividade semelhante e de preferência da mesma região geográfica. Observando os dados obtidos na análise horizontal e vertical da DRE da Gerdau S. A., pode- se apontar como fatos relevantes os seguintes pontos: 1 – O lucro líquido do exercício não apresentou grandes variações nos períodos sob análise; apenas variou 1% nos três anos analisados; 2 – O custo das vendas também variou apenas em1% nos períodos sob análise. Para Pensar Ocorreu algum processo de gerenciamento de resultados?; Por que os números estão tão alinhados de um período para outro?; Será que esse segmento não é afetado pela volatilidade macro e microeconômica? Ou será que a Gerdau S. A. é extremamente forte em seu segmento que consegue ditar as regras no mercado? 18 Unidade: Técnicas de análise e índices de liquidez A produção de aço bruto da Gerdau ficou em 17,9 milhões de toneladas em 2007, ou seja, uma expansão de 13,6% graças a ganhos de produtividade, aumentos de capacidade instalada e à consolidação de empresas adquiridas ao longo de 2007. Em laminados, a produção atingiu 15,2 milhões de toneladas, 18,4% superior à produção de 2006. As vendas somaram 17,2 milhões de toneladas, volume 15,2% maior que em 2006. Desse total, 41% tiveram origem nas operações no Brasil e os outros 59% nas empresas no exterior. A receita líquida consolidada anual foi de 30,6 bilhões de reais, alta de 18,3%. Análise dos índices de liquidez da gerdau S. A. Então, vamos relembrar? Os índices financeiros são relações entre contas ou grupos de contas das demonstrações financeiras, que têm por objetivo fornecer informações que não são fáceis de serem visualizadas de forma direta nas demonstrações financeiras. Como medida relativa de grandeza, o índice permite que, numa mesma empresa, seja possível compará-la ano a ano para observar sua tendência, ou seu comportamento. Adicionalmente, é possível comparar, em determinado momento ou período, o índice de uma empresa com o mesmo índice relativo a outras empresas da mesma atividade, para saber como está a empresa em relação às suas principais concorrentes ou mesmo em relação aos padrões do seu segmento de atuação. Ainda como medida relativa de grandeza, o índice fornece a ideia quantitativa das relações estabelecidas, sem, entretanto, fornecer os elementos qualitativos contidos nas mesmas. Como exemplo, pode-se dizer que o índice de liquidez corrente compara o ativo e o passivo circulantes, embora não forneça detalhes sobre a qualidade das contas que compõem os itens circulantes do ativo e do passivo. De qualquer modo, a grandeza relativa fornecida pelo índice será um facilitador para entendermos o seu significado. Figura 4. Índice de Liquidez Corrente da Gerdau S. A. 19 Figura 5. Gráfico do Índice de Liquidez Corrente da Gerdau S. A. Então, vamos refletir? A interpretação do índice de liquidez corrente é no sentido de que quanto maior, melhor, mantidos constantes os demais fatores. Sob essa ótica e observando as figuras 4 e 5, podemos perceber que a Gerdau S. A. apresenta índices excelentes de liquidez corrente, embora ele tenha mostrado um comportamento decrescente ao longo dos anos, devido à adoção de políticas de investimentos e expansão do negócio. Porém, nosso entendimento é de que o índice de liquidez corrente tem sua validade como instrumento comparativo entre empresas do mesmo porte, da mesma atividade e da mesma região geográfica. Porém, como medida isolada, não se pode afirmar que a liquidez corrente é boa ou ruim, acima ou abaixo de 1 ou 1,5; tudo dependerá do tipo de atividade da empresa, especialmente de seu ciclo financeiro, que deve considerar os prazos de vencimentos das dívidas e os prazos de recebimentos dos ativos. Figura 6. Índice de Liquidez Seca da Gerdau S. A. 20 Unidade: Técnicas de análise e índices de liquidez . Figura 7. Gráfico do Índice de Liquidez Seca da Gerdau S. A. Então, vamos refletir? Esse índice indica o quanto a Gerdau S. A. possui em dinheiro, em aplicações financeiras em curto prazo e em duplicatas a receber, para fazer face ao seu passivo circulante. Para alguns autores, a interpretação do índice de liquidez seca segue o mesmo raciocínio dos índices de liquidez geral e corrente, isto é, quanto maior, melhor, mantidos constantes os demais fatores. Sob essa ótica e observando as figuras 6 e 7, a Gerdau S. A. possui índices saudáveis, embora tenha apresentado uma redução ao longo dos períodos analisados. O índice de liquidez seca busca certo aprimoramento em relação ao índice de liquidez corrente, supondo, de certa forma, que os estoques são necessários à própria atividade da empresa, constituindo uma espécie de investimento permanente no ativo circulante. Ao mesmo tempo, exclui os valores considerados mais difíceis de serem realizados. Figura 8. Índice de Liquidez Imediata da Gerdau S. A. 21 Figura 9. Gráfico do Índice de Liquidez Imediata da Gerdau S. A. Prezado aluno, observando as figuras 8 e 9, juntamente com a leitura e interpretação das NEs, podemos perceber que o índice de liquidez imediata, considerando apenas as aplicações financeiras de curto prazo, demonstrou que devido às políticas de expansão adotadas pela Gerdau S. A., ficou comprometido (abaixo de 1) em 2007. 22 Unidade: Técnicas de análise e índices de liquidez Material Complementar Nesta Unidade, temos alguns materiais complementares que são os Relatórios de Administração da empresa Gerdau S.A. dos anos de 2004 a 2007. Por meio desses relatórios é possível entender como uma empresa de capital aberto divulga suas informações financeiras e econômicas para o mercado. Os relatórios também podem ser encontrados no site de relações com investidores da empresa, como segue: <http://www.gerdau.com.br/investidores/informacoes-financeiras- balancos-anuais.aspx>. 23 Referências ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico- financeiro: comércio e serviços, indústrias, bancos comerciais e múltiplos. 8.ed. São Paulo: Atlas, 2006. BRAGA, Hugo Rocha. Demonstrações contábeis: estrutura, análise e interpretação. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2000. BRASIL. Lei 11638/07. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2007/lei/l11638.htm. Acesso em: 19 jan. de 2012. CPC. Comitê de Pronunciamento Contábeis (CPC). Disponível em: http://www.cpc.org. br/index.php. Acesso em: 9 de jan. de 2012. CVM. Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Disponível em: http://www.cvm.gov.br/. Acesso em: 7 de janeiro de 2012. IBRACON. Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON). Disponível em: http://www.ibracon.com.br/publicacoes/. Acesso em: 13 jan. de 2012. IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da contabilidade. 8.ed. São Paulo: Atlas, 2006. MARION, José Carlos. Contabilidade Empresarial. 9.ed. São Paulo: Atlas, 2002. ______. Análise das Demonstrações Contábeis. 4.ed. São Paulo, Atlas, 2009. MATARAZZO, Dante C. Análise Financeira de Balanços. São Paulo, Atlas, 2003 PADOVEZE, Clóvis Luís;BENEDICTO, Gideon Carvalho. Análise das Demonstrações Financeiras. 3.ed. São Paulo, Cengage Learning, 2010. REIS, Arnaldo Carlos de Rezende. Demonstrações contábeis: estrutura e análise. São Paulo: 3.ed. Saraiva, 2009. RIBEIRO, Osni Moura. Estrutura e análise de balanços fácil. 8.ed. São Paulo: Saraiva, 2009. ______. Estrutura e análise de balanços fácil. 8.ed. São Paulo: Saraiva, 2009. SILVA, Alexandre Alcântara da. Estrutura, análise e interpretação das demonstrações contábeis. São Paulo: Atlas, 2007 24 Unidade: Técnicas de análise e índices de liquidez Anotações www.cruzeirodosulvirtual.com.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 CEP 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000
Compartilhar