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TCC OS LIMITES E POSSIBILIDADES DA MATERIALIZAÇÃO DO ARTIGO 8º DA LEI N º 7.644 NAS CASAS LARES NO MUNICÍPIO DE FOZ DO IGUAÇU

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FACULDADE UNIÃO DAS AMÉRICAS 
 
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
 
 
OS LIMITES E POSSIBILIDADES DA MATERIALIZAÇÃO DO ARTIGO 8º DA LEI 
N º 7.644 NAS CASAS LARES NO MUNICÍPIO DE FOZ DO IGUAÇU 
 
 
 
 
 
ANA LÚCIA CORRÊA DE OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Foz do Iguaçu –PR 
Novembro, 2008 
 
 
 
 
 
ANA LUCIA CORREA DE OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
OS LIMITES E POSSIBILIDADES DA MATERIALIZAÇÃO DO ARTIGO 8º DA LEI 
N º 7.644 NAS CASAS LARES NO MUNICÍPIO DE FOZ DO IGUAÇU 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao 
curso de Serviço Social da Faculdade União das 
Américas , como pré requisito parcial para 
obtenção do título de Bacharel em Serviço Social 
 
Orientador (a): 
Prof. ESp. Caroline Ribeiro Santana 
 
 
 
 
 
 
 
 
Foz do Iguaçu –PR 
Novembro, 2008 
 
 
 
 
 
ANA LUCIA CORREA DE OLIVEIRA 
 
 
 
OS LIMITES E POSSIBILIDADES DA MATERIALIZAÇÃO DO ARTIGO 8º DA LEI 
N º 7.644 de 1987 NAS CASAS LARES NO MUNICÍPIO DE FOZ DO IGUAÇU 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado como requisito parcial a 
obtenção do grau de Bacharel no curso de Serviço Social 
 
Foz do Iguaçu,02 de novembro de 2008 
 
 
_________________________________________ 
Prof°. MSc. Maria Geusina da S ilva 
Coordenadora do Curso de Serviço Social 
 
 
BANCA EXAMINADORA: 
 
_________________________________________ 
Prof. Esp. Orientadora Caroline Ribeiro Santana 
Faculdade União das Américas 
 
_________________________________________ 
Prof. Esp. Examinadora: Roseane Cleide de Souza 
Faculdade União das Américas 
 
_________________________________________ 
Prof. Esp. Examinadora: Sueli de Faria 
Faculdade União das Américas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ao meu pai que não está mais aqui, faz parte 
desse processo, sempre me falou para não 
desistir. (in memoriam) 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
A realização de entrar para uma Faculdade não é uma tarefa fácil , pois só depois de 
estarmos inseridos , vemos a grandiosidade que ela nos provoca ,crescimento proporcionado é 
único levaremos para vida toda. Esta luta de realização desse sonho,concluir Curso nível 
superior não será só meu, muitas pessoas dividirão esta realização comigo. 
Em especial Alexandre Martins de Oliveira grande incentivador ,sempre me 
apoiando para que alcançasse esse objetivo ,não me deixando desistir ,meu namorado , amigo 
e responsável por muitas mudanças em minha vida, é peça fundamental nesse quebra cabeça 
que é a vida, amo você , muito obrigada.por existir . 
Há minha mãe Neuza Aparecida Correa de Oliveira, mulher de força, que deus lhe 
deu a chance de viver novamente, por ela vi que nunca poderia desistir devo a ela tudo e sou 
grata! 
As minhas irmãs Ana Cláudia e Ana Paula gêmeas que tiveram paciência para 
agüentar minhas inquietações.,obrigada! 
As minhas sobrinhas, que crio como se fossem minhas filhas Fernanda e Larissa 
,meninas de ouro que dão muita alegria a nossa família, sem vocês não sei como seria 
.obrigada.! 
Ao meu avô-pai querido que esta ao lado de Deus , João Pinto Correa. (in 
memoriam),que partiu para um mundo melhor, deixando muita saudades e dever cumprido de 
ter me feito a mulher sou hoje, pai sinto muito sua falta.obrigada ! 
Aos meus colegas de graduação fazem parte desse processo,pessoas especiais 
Daniella Marquetti , Vilma Alves, , Anailde da Cruz –que nossas indiferenças se perderam 
no caminho e brotou uma nova amizade , Fabiana Palomo, Maria Efigênia da Silva, 
Marelise Zini,amigas e amizades construídas diante de todos contextos.obrigada! 
Aos colegas de Estágio e funcionários FOZHABITA Eloir Sutil,Bruna Bechi e Keiti 
Luana galera da festa.,obrigada por fazerem parte dessa história. 
 Minha grandiosa Supervisora Pedagógica Caroline Ribeiro Santana, sempre teve 
paciência para ouvir minhas angustias , e me deu todo suporte necessário para cumprimento 
deste trabalho , apesar correria, deu seus puxões de orelha quando necessário, valeram a 
pena.Obrigada. 
 
As supervisoras de campo e assistentes sociais Cristina de Souza Dias ,da Fundação 
Nosso Lar colaborou para minha graduação , muito obrigada,a Márcia Amaro , pela 
colaboração , dedicação a mim .prestada. 
A todo corpo docente do curso de Serviço Social da Uniamérica, Sueli, Roseane, 
Elmides, Elias, Geusina Juliana, Caroline. 
As instituições abriram a porta para que eu realizasse minha pesquisa Fundação Nosso 
Lar ,Maria Porta do Céu pela colaboração ,e materiais cedidos para essa conclusão ,obrigada. 
A vida me ensinou a nunca desistir... Nem ganhar nem perder... Mas Procurar 
Evoluir... 
Todas as pessoas que colaboraram de certa forma para essa realização ,as que me 
incentivaram e as que pensarão que eu iria desistir meus sinceros agradecimentos, muito 
obrigada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Cresce quando supera, se valoriza e sabe dar 
frutos Cresce quando abre caminho, assimila 
experiências... E semeia raízes…. Cresce quando 
se impõe metas, Sem se importar com 
comentários, nem julgamentos quando dá 
exemplos, sem se importar com o desdém, 
quando você cumpre com seu trabalho”. (Susana 
Carizza) 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
Este trabalho de conclusão de curso tem como objetivo o de analisar os limites e 
possibilidades da materialização do artigo 8º da lei nº 7.644 de 18 de dezembro de 1987 no 
Município de Foz do Iguaçu, contextualizando as legislações que permeiam o Código de 
Menores e evidenciam a questão das casas lares e a seleção dessas mães sociais junto as 
crianças e adolescentes destas instituições. 
 
Palavras-chave: Mães Sociais; Casas Lares; Criança; Adolescente; Legislações. 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
This work of completion of the course aims at reviewing the limits and possibilities of 
materialization of Article 8 of Law No. 7644 of December 18, 1987 in the city of Foz do 
Iguacu, contextualizing the laws that permeate the Code of Minors and the evidence issue of 
selection of these houses and homes mothers with social children and adolescents of these 
institutions. 
 
Key words: Mothers Social; houses Homes; Child; Adolescent; Laws 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 10 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DAS LEGISLAÇÕES DA NA ÁREA 
DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE NO BRASIL DE 1900 – 1987 ....................... 13 
1.1 OS CÓDIGOS DE MENORES DE 1927 E 1979 E A QUESTÃO DOS ABRIGOS ....... 16 
1.2 O ARTIGO 8º DA LEI Nº 7.644 ....................................................................................... 24 
2 O ATENDIMENTO EM CASAS LARES EM FOZ DO IGUAÇU E A 
PROFISSÃO MÃE SOCIAL ............................................................................................ 30 
2.1 CASA FAMÍLIA MARIA PORTA DO CÉU .................................................................... 36 
2.2 FUNDAÇÃO NOSSO LAR ............................................................................................... 37 
3 ACHADOS DA PESQUISA – LIMITES E POSSIBILIDADES DA 
MATERIALIZAÇÃO DO ART. 8º DA LEI 7.644 ........................................................ 40 
3.1 DO PROCESSO DE SELEÇÃOE TREINAMENTO DAS MÃES SOCIAIS 
NAS INSTITUIÇÕES FUNDAÇÃO NOSSO LAR E CASA FAMÍLIA MARIA 
PORTA DO CÉU .............................................................................................................. 40 
3.2 LIMITES NA MATERIALIZAÇÃO DO ART. 8º DA LEI 7644-87 NA 
CONCEPÇÃO DAS INSTITUIÇÕES QUE PRESTAM SERVIÇO NO 
SISTEMA DE CASAS LARES DE FOZ DO IGUAÇU .................................................. 41 
3.3 POSSIBILIDADES NA MATERIALIZAÇÃO DO ART. 8º DA LEI 7644-87 NA 
CONCEPÇÃO DAS INSTITUIÇÕES QUE PRESTAM SERVIÇO NO 
SISTEMA DE CASAS LARES DE FOZ DO IGUAÇU .................................................. 43 
4 CONSIDERAÇÕES ........................................................................................................... 44 
REFERENCIAS .................................................................................................................... 46 
 
 
10 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
A Lei nº 7.644 de 18 de Dezembro de 1987 é a que regulamenta a profissão de mães 
sociais , definindo os critérios de seleção no Art. 8º - 
 A candidata ao exercício da profissão de mãe social deverá submeter-se a seleção e 
treinamento específicos, a cujo término será verificada sua habilitação. 
 
§ 1º - O treinamento será composto de um conteúdo teórico e de uma aplicação 
prática, esta sob forma de estágio. 
§ 2º - O treinamento e estágio a que se refere o parágrafo anterior não excederão de 
60 (sessenta) dias, nem criarão vínculo empregatício de qualquer natureza. 
§ 3º - A estagiária deverá estar segurada contra acidentes pessoais e receberá 
alimentação, habitação e bolsa de ajuda para vestuário e despesas pessoais. 
§ 4º - O Ministério da Previdência e Assistência Social assegurará assistência 
médica e hospitalar à estagiária. 
 
A realização de estágio supervisionado curricular em Serviço Social entre os anos 
2006 e 2007 na Fundação Nosso Lar, instituição que tem como objetivo propiciar à criança e 
adolescentes, órfãs, abandonadas ou sob júdice, moradia provisória, ou definitiva em Casas-
Lares com ambiente familiar e que promove também a educação informal (educação para a 
vida) das crianças e adolescentes abrigadas, foi o elemento motivador para realização desta 
pesquisa, que tem como questão norteadora: quais são os limites e possibilidades da 
materialização do artigo 8º lei nº 7.644 de 1987 na concepção das instituições que prestam 
serviço no sistema de casas lares no município de Foz do Iguaçu? 
Diante disso, traçamos como objetivo geral, desvelar os limites e possibilidades da 
materialização do artigo 8º lei nº 7.644 de 1987 na concepção das instituições que prestam 
serviço no sistema de casas lares no município de Foz do Iguaçu. 
Para alcançarmos o referido objetivo geral, optamos por desdobrá-los em três 
objetivos específicos, quais sejam, 
A) Apontar como se dá o processo de seleção e treinamento das candidatas à mães 
sociais nas instituições que prestam serviço no sistema de casas lares no 
município de Foz do Iguaçu; 
B) Desvelar quais os limites da materialização do artigo 8º da lei 7.644, de acordo 
com a concepção das instituições que prestam serviço no sistema de casas lares no 
município de Foz do Iguaçu; 
11 
 
 
C) Identificar qual as possibilidades da materialização do artigo 8º da lei 7.644 de 
acordo com a concepção das instituições que prestam serviço no sistema de casas 
lares no município de Foz do Iguaçu; 
 
Para tanto, cabe-nos dizer que a presente pesquisa será de caráter qualitativo que 
segundo MINAYO (1998), responde a questões muito particulares, procurando respostas e 
fazendo novas descobertas sobre a realidade, e ainda buscando possibilidades de encontrar 
dados e fatos ocultos, mas que podem não ser verdades absolutas nos espaço onde atuamos 
 
... O Cerrne da pesquisa preocupa com as ciências sociais com um nível de realidade 
que não pode ser quantificado, ou seja, ele trabalha com o universo de significados, 
motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes o que correspondem ao espaço mais 
profundo das relações dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos 
a operacionalização das variáveis" (Minayo 1998, pg.21). 
 
A partir disso, o primeiro passo para a realização da referida pesquisa se deu em 
direção do levantamento bibliográfico que possibilitasse uma aproximação com autores que 
discorrem sobre a questão das legislações na área da criança e do adolescente, dos sistema de 
casas lares e da profissão de mãe social. 
 Como por exemplo RIZZINI (1993 e 2002) , IAMAMOTO (2006), YASBEK (1999), 
GUERRA( 2005). 
Pelo método especifico, optamos pelo estudo de caso que, segundo Minayo(1992p,53) 
“o campo da pesquisa como fundamental recorte para pesquisador faz de espaço, 
representando uma realidade empírica a ser estudada a partir das concepções teóricas que 
fundamentam o objeto da investigação”. 
Com relação ao instrumento de coleta de dados, optamos pelo questionário3 (três) 
questões , que segundo Minayo (p. 69, 1992) 
 
Podemos apontar que(...) estabelecer uma compreensão dos dados coletados, 
confirmar ou não os pressupostos da pesquisa/ou responder ás questões formuladas, 
e ampliar o conhecimento sobre o assunto pesquisado,articulando-o ao contexto 
cultural da qual faz parte 
 
O questionário foi constituído de 3 (três) questões abertas e foram entregues aos 
sujeitos de pesquisa, quais sejam , as diretoras das instituições que trabalham no sistema de 
casas lares no Município de Foz do Iguaçu. Os mesmos sujeitos tiveram o prazo de 7 (sete) 
dias para o preenchimento e devolução dos questionários, ou seja entre os dias 22 e 29 
outubro do corrente ano. 
Com relação à constituição da presente pesquisa, essa foi dividida em três capítulos, 
12 
 
 
sendo discorrido no Primeiro Capitulo Casas Lares e suas Relações, no Segundo Capitulo 
discorreremos sobre A Realidade de Foz de Iguaçu e as Instituições que oferecem o 
atendimento em forma de Casas Lares, no Terceiro Capítulo, faremos a Análise da coleta de 
dados .Por fim realizaremos algumas reflexões acerca dos achados da pesquisa. 
 
13 
 
 
 
 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DAS LEGISLAÇÕES DA NA ÁREA DA 
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE NO BRASIL DE 1900 - 1987 
 
 
Para discorrer sobre as legislações na área da criança
1
 e adolescente
2
 , dando ênfase a 
questão do abrigamento
3
 aos sistemas de casas lares
4
, faz-se necessário partirmos da 
compreensão do surgimento do modo de produção capitalista no Brasil . 
 Segundo Rizzini (1993) a situação de miséria que foram imposta às famílias, 
contribuindo para o aumento das expressões da questão social em decorrência da exploração 
da mulher no trabalho, devido à precariedade financeira, resultando no abandono do lar, e os 
cuidados dos filhos, aumentando as doenças, e também o abrigamento de crianças e 
adolescentes, impulsionando o Estado a se organizar para resolver a situação da família como 
afirma GUERRA, apud LLOYD de MAUSE, (1975, p. 53). 
 
As primeiras instituições de amparo á criança exposta surgiram no Brasil a partir do 
século XVII e seguiram o modelo dos abrigos da Misericórdia de Lisboa, rodas de 
expostos e recolhimento de meninos pobres, moldadas pela perspectiva caritativa 
assistêncial e, portanto, sem objetivos e metas claramente estabelecidas no sentido 
de responder ao grave problema social do abandono, certamente ainda não 
identificado e assumido enquanto tal. 
 
Com a construção do Código de Menores
5
 onde a pobreza e o desemprego da 
população tornam-se alarmantes, bem como o acentuado crescimento de atividades ilícitas, 
favelamento, crianças em situaçãode rua, fragilidade nas estruturas familiares e a falta de 
uma identidade acerca das expressões da “questão social”6dentro de uma sociedade 
 
1
 Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos. (ECA, 
1990) 
2
 Art 2º Adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade (ECA 1990) 
3
 Parágrafo único do ECA diz que: O abrigo é medida provisória e excepcional, utilizável como forma de 
transição para a colocação em família substituta, não implicando privação de liberdade. 
4
 Modalidade de acolhimento institucional oferecido em unidades residenciais, nas quais pelo menos uma pessoa 
ou casal trabalha como cuidador residente – em uma casa que não é a sua – prestando cuidados a um grupo de 
crianças e/ou adolescentes. As casas lares tem a estrutura de residências privadas, podendo estar distribuídas 
tanto em um terreno comum , quanto inseridas, separadamente, em bairros residenciais. As casa lares são 
definidas pela lei 7.644, de 18 de dezembro de 1987, devendo estar submetidas a todas as determinações do 
ECA relativas às entidades que oferecem programas de abrigo.(Fonte: Plano Nacional de convivência familiar 
e comunitária, 2008) 
5
 Em 1926, institui-se o código de Menores, o qual consolidava as leis de assistência e proteção aos menores 
(RIZZINI< 2002) 
6
 A “Questão social”, seu aparecimento diz respeito diretamente à generalização do trabalho livre numa 
sociedade em que a escravidão marca profundamente seu passado recente. Trabalho livre que se generaliza em 
circunstâncias históricas nas quais a separação entre homens e meios de produção se dá em grande medida fora 
dos limites da formação econômica-social brasileira (IAMAMOTO, 2004) 
14 
 
 
estabelecem determinados vínculos para produzir e reproduzir os meios de vida e de produção 
não o de ser isolada, porque varia de acordo com a relação entre os homens na produção e na 
troca de suas atividades , no qual há uma variação com o desenvolvimento entre a produção e 
sua relação com Capital x Trabalho. 
 
A história social das crianças e adolescentes e das famílias revela que estas 
encontraram ainda encontram inúmeras dificuldades fora traduzidas pelo Estado em 
um discurso sobre uma pretensa incapacidade da família de orientar os seus filhos. 
(Plano Nacional de Convivência Familiar e Comunitária 2008, p.13) 
 
De um modo geral a política social supõe pensá-la no contexto das contradições da 
sociedade capitalista, que reside na produção coletiva de riqueza e sua apropriação privada. 
Esta contradição esta na base da questão social e do surgimento das políticas sociais. 
 A questão social é aqui entendida como o “conjunto de expressões das desigualdades 
sociais engendradas na sociedade capitalista madura” (Iamamoto, 2001 p.16) e como ressalta 
Yazbek 
“O Estado vem dispensando aos segmentos mais pauperizados da força de trabalho 
deve ser apreendida no contexto contraditório das mutações econômicas sociais e políticas” 
(1999, p.37). 
Essas lutas trouxeram para a cena política e econômica as reivindicações da classe 
operária, a denúncia da miséria e do pauperismo produzidos pelo capitalismo e exigiram a 
interferência do Estado
7
 no reconhecimento de direitos sociais e políticos desta classe. Essa 
intervenção Estatal que é a política social precisa esta clara, pois ela tem um significado 
social, político, econômico como também limites e possibilidades. 
Para Yazbek políticas sociais 
 
“(...) As políticas sociais brasileira, e nelas as de assistência social, embora 
aparentem a finalidade de contenção da acumulação da miséria e sua minimização 
através da ação de um Estado regulador das diferenças sociais, de fato não dão conta 
deste feito (Sposati, 1988, p.11). 
 
Contudo diante dessas relações sociais
8
 essa população inserida ou não mercado de 
 
7
 (...) Estado como a instituição que, acima de todas as outras, tem como função assegurar e conservar a 
dominação e a exploração de classe. A concepção Marxista clássica de Estado está expressa na famosa 
formulação de Marx e Engels no Manisfesto Comunista: “O Executivo do Estado moderno nada mais é do que 
um comitê para administração dos assuntos comuns de toda burguesia”(...). (BOTTOMORE, 2001, pg133) 
8
 (...) As relações sociais de produção alteram-se, transformam-se com a modificação e o desenvolvimento dos 
meios materiais de produção, das forças produtivas. Em sua totalidade as relações de produção formam o que 
se chamam de relações sociais: a sociedade e, particularmente, uma sociedade num determinado estagio de 
desenvolvimento histórico, uma sociedade com caráter distintivo particular (...) O capital também é uma 
relação social de produção(...) IAMAMOTO (2002) 
15 
 
 
trabalho, com suas variáveis determinações na estrutura da sociedade brasileira, sofrem um 
conjunto de desigualdades deixando expostos marcas na população empobrecida tais como: o 
desemprego , moradia precária e insalubre, alimentação insuficiente, debilidade na saúde. 
Estas são as condições de vida imposta a sociedade. Yazbek apud FALCÃO, (1989) “ O fato de a 
presença dos “pobres” em nossa sociedade ser vista como natural e banal despolitiza o enfrentamento da 
questão e coloca os que vivem a experiência da pobreza num lugar social que define pela exclusão.
9 
Para entender a questão do surgimento de instituições de acolhimento ao longo da 
história como uma das formas de proteção e resposta para o problema do abandono de 
crianças e adolescentes, é necessário conhecer em profundidade as razões e os mecanismos 
que determinam a manutenção de uma realidade ainda tão presente na sociedade brasileira, 
crianças que crescem sem a possibilidade de formar identidades sólidas no seio de suas 
famílias, diante dessa exclusão tão discutida, sendo assim Yazbek (2002) , aponta que: 
 
“A moradia é o mundo da sociabilidade privada, o que significa dizer ajuda mútua, 
brigas, rivalidades, preferências, tristezas, alegrias, chatices, planos, sonho, 
realizações. É por outro lado, abrigo contra as tempestades do sistema econômico. 
”Enquanto habitantes da metrópole, nossos narradores buscam seu lugar no espaço 
urbano. Sabem que o abrigo ou sua falta alteram profundamente suas condições de 
vida e de sua família. 
 
Como contextualizado, um período de institucionalização prolongada acarreta 
seqüelas nas crianças e adolescestes e serão tanto maiores quanto maior for o tempo em que 
estas forem privadas de seu convívio familiar, o tempo de espera, que interfere não só na 
adaptação em caso de retorno à família de origem, caracterizado como Plano Nacional de 
Convivência Familiar e Comunitária (p. 26). 
 
Uma entidade que desenvolve um programa especifico de abrigo como a 
Modalidade de Acolhimento Institucional, ela atende às crianças e adolescentes em 
grupo, em regime integral, por meio de normas e regras estipuladas por entidade ou 
órgão governamental ou não governamental. 
 
Essas representações negativas sobre as famílias cujos filhos formaram o público da 
assistência social e demais políticas sociais tornaram se parte estratégica e de atendimento, 
principalmente da infância e da juventude, ate muito recentemente. 
 O aprofundamento das desigualdades sociais, com todas as suas conseqüências, 
 
9
 Segundo Iamamoto 2007, diz respeito ao conjunto multifacetado das expressões das desigualdades sociais 
engendradas na sociedade capitalista madura, impensáveis sem a intermediação do Estado. A “questão social” 
expressa desigualdade econômicas, políticas e culturais das classes sociais,mediadas por disparidades nas 
relações de gênero, características étnico-raciais e formação regionais, colocando em causa amplos segmentos 
da sociedade civil no acesso aos bens da civilização. 
16 
 
 
principalmente para as condições de vida das crianças e adolescentes, levou á revisão dos 
paradigmas assistenciais a concretizar na sociedade, essa concretização aconteceram com a 
promulgação da Constituição Federal, em 1988, do Estatuto da Criança e Adolescente
10
,em 
1990, da Lei Orgânica da Assistência Social
11
, em 1993 e com a ratificação da Convenção 
sobre os Direitos da Criança e Adolescente em 1990, provocando rupturas em relação as 
concepções e práticas assistenciais e institucionalizadas. 
 De acordo com a ruptura dessas relações o Plano Nacional de Convivência Familiar e 
Comunitária, (p 13) pontua que: 
 
No caso dessa ruptura, o Estado é o responsável pela proteção das crianças e 
adolescentes, incluindo o desenvolvimento de programas, projetos e estratégias que 
possam levar á constituição de novos vínculos familiares e comunitários , mas 
sempre priorizando p resgate de vínculos originais ou, em caso de sua 
impossibilidade, propiciando as políticas públicas necessárias para a formação de 
novos vínculos que garantam o direito a convivência familiar e comunitária. 
 
Diante disto vimos essas mudanças aconteceram nas práticas assistencialistas e 
institucionalizadas para a efetivação dos Direitos da Criança e Adolescente no País, é 
importante que sejam observados os seguintes princípios do Plano Nacional de Convivência 
Familiar e Comunitária, 
 
 Não a discriminação 
 Interesse superior da criança 
 Direitos á sobrevivência e ao desenvolvimento; 
 Respeito á opinião da criança (Plano de convivência familiar e comunitária. 
2008) 
 
A esse processo de proteção Integral, e como um dos objetivos maiores do sistema de 
promoção e defesa dos direitos da criança e adolescentes, que propõe instituir, articulando e 
integrando todas as políticas públicas, no sentido do atendimento de direito dessa população, 
como forma de garantia de direitos, fazer com que o atendimento das necessidades básicas das 
crianças e adolescentes seja realizado como direito do cidadão-criança e do cidadão-
adolescente, ao mesmo tempo, dever do Estado, da sociedade e da família. 
 
 
1.1 OS CÓDIGOS DE MENORES DE 1927 E 1979 E A QUESTÃO DOS ABRIGOS 
 
Segundo Rizzini (2002) partindo da compreensão da criança e adolescente nas suas 
 
10
 A partir deste momento iremos nos referenciar apenas pela sigla ECA 
11
 Iremos nos referenciar a partir deste momento apenas pela sigla LOAS 
17 
 
 
diversas situações de riscos que vivenciaram durante muito tempo, levou-se a aprovação do 
Código de Menores no ano de 1927, sendo o marco da história junto ao abandono do menor 
ao qual criou-se uma legitima ação no campo da Assistência Social
12
 para que se fizessem 
suas intervenções junto ao Estado e à população empobrecida , havendo um impacto no 
Brasil em quase todo século XX. 
O Código de Menores foi mantido de 1927 a 1990 até que fosse aprovado o ECA, 
onde se firmava a proteção integral segundo RIZZINI (p. 41, 2002) 
O impacto foi colocado como se os menores fossem vistos como delinqüentes e o 
novo Projeto do Código Penal, onde essas medidas propostas visavam, sobretudo um maior 
controle sobre a população na rua por meio de intervenção policial, sendo arquitetado um 
sistema de proteção e assistência através do qual qualquer criança por sua simples condições 
de pobreza estava sujeita a ser enquadrada no raio de ação da justiça e da assistência. 
 Como nos afirma Rizzini, (p. 43, 2002) 
 
Assim os orfanatos, as casas transitórias, internato foram legalizados a partir do 
Código de Menores de 1927, para cumprir com as tarefas de proteger as crianças e 
adolescentes das hostilidades e riscos presentes nas sociedades . 
 
No ano de 1927 foi a promulgação do Código de Menores, com objetivo de se 
regulamentar a proteção e a assistência, visando então a criança abandonada, física e 
moralmente, e delinqüente. Segundo Irene Rizzini. (p. 55) 
 
Alem das pressões econômicas que conduzem á saída da criança para ruas, estas 
também confessam que fogem dos muitos conflitos familiares que, com freqüência, 
são acompanhados de violência. Trata-se de um conjunto de circunstancias 
negativas que vão apontando o caminho da rua á criança. 
 
Nesta perspectiva a questão do abandono dessa criança, com a situação econômica e 
social do país se agravando, a pobreza e a miséria aumentaram e junto ao cenário de nossas 
cidades, crianças e adolescentes abandonados vitimizados ou abandonados e desligados da 
família vivendo nas ruas , sendo maltratados e ainda em permanentes situações de perigo seja 
pela violência urbana, tratados como delinqüentes ou marginais, esses indivíduos que 
vivenciaram todo tipo de abusos , eram recolhidos para casa de abrigo e casas lares. 
 
A definição “menino de rua”.Rizzini e Sandres (1987) e Lusk (1989) ressaltam que 
muitos pesquisadores incluem nesses grupo todas aquelas crianças pobres ou 
“marginalizados” de um país, que por vezes são vistas nas ruas sem supervisão de 
 
12
 Art. 1º A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não 
contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa 
pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas. (LOAS, Lei 8742/1993) 
18 
 
 
um adulto. Isto resulta numa estimativa muito elevada do número de crianças “de 
rua” como se fossem “abandonadas”. 
 
No que se referem ao contexto do abandono crianças e adolescentes e a população 
brasileira em condições paupérrimas de moradia, higiene, alimentação inadequada e a 
exploração nas relações sociais de trabalho, são fatores que não devem ser subestimados na 
apreciação das atitudes da família. 
 
No artigo 127 do texto constitucional de 1937, lê-se: ”a infância e a juventude 
devem ser objeto de cuidados e garantias especiais por parte do Estado, que 
tomara todas as medidas destinadas a assegurar-lhes condições físicas e morais de 
vida sã e de harmonioso desenvolvimento de suas faculdades. O abandono moral, 
intelectual ou físico da infância e da juventude importara falta grave dos 
responsáveis por sua guarda e educação , e cria ao Estado o dever de provê-las de 
conforto e dos cuidados indispensáveis á sua preservação física e moral .Aos pais 
miseráveis assiste o direito de invocar o auxilio e proteção do Estado para a 
subsistência e educação da sua prole.” (RIZZINI, p. 44, 45) 
 
Neste sentido a realidade vivenciada por nossa sociedade para mudar os paradigmas 
instituídos nela própria, continua sendo alvo de grande luta por parte dos trabalhadores 
sociais. 
Segundo Mioto (1997) para uma cultura instituída necessitamos de um período 
significativo , com ações compromissadas e articulação de programas que possam favorecer a 
atenção a família para que ela possa exercer o seu papel. 
Com a efetivação da Constituição Federal de 1988, Estado e sociedade passa a 
articular ações conjuntas para oferecer as famílias condições para que as mesmas possa 
exercer o seu papel de “cuidado e proteção de seus membros”. 
Com uma intervenção crescente do Estado na articulação econômica, social e política, 
várias medidas no âmbito social foram tomadas em relação às questões relativas e infância 
pobre tornando-se uma preocupação pública na área social. 
 Entretanto com a implantação por GetulioVargas do Estado Novo em 1930, através 
do golpe do Estado, é que se começará a existir uma política pública dentro de um paradigma 
correcional repressivo, conforme diz Rizzini (1993 p 93, Apud Saud de Gusmão 1941, p50). 
 
Com a criação do Serviço de Assistência a Menores “SAM em 1941 pelo governo 
Getúlio Vargas as funções de organizar os serviços de assistência, fazer o estudo e 
ministrar o tratamento aos menores foram retirados da alçada dos juízes. Manteve se 
o cargo deste”. A fiscalização do regime disciplinar e educativo dos internatos de 
acordo com a legislação vigente. 
 
Neste sentido sobre o decreto lei 3.7999, de 5 de novembro de 1941 com o surgimento 
do SAM que, ligado então ao Ministério da Justiça e do Interior tinha como objetivo o de 
proporcionar em todo território nacional uma assistência social aos menores. 
19 
 
 
Neste mesmo ano simbolizou o reconhecimento tanto dos atores do Estado como da 
Sociedade Civil do problema do menor como uma questão social, o Serviço de Assistência ao 
Menor
13
 (SAM), foi extinto em 1964 e, em seu lugar, foi criada a Fundação Nacional de Bem-
Estar do Menor
14
 a (FUNABEM), e a Fundação Estadual do bem estar do menor
15
 (FEBEM). 
Ainda como nos reafirma Rizzini (2002) com a extinção do SAM surgiu então a 
Funabem, Fundação Nacional do Bem Estar do Menor sobre a lei 4.513 entidades estas 
criadas pelos militares no poder em 1964. 
Essa instituição tinha objetivo protecionista, atuando com menores e delinqüentes, 
tratando os problemas das dicotomias existentes entre a criança e o menor na forma de 
correção especialmente para a população empobrecida e as famílias de trabalhadores. 
Entretanto, o SAM, instituição responsável pela correção dessas crianças e 
adolescentes, era um ambiente que não oferecia condições para atender a demanda vigente 
dessa época. Suas instalações inadequadas colocavam em risco a vida dessas pessoas, a 
desumanidade vivida naqueles momentos eram degradantes. 
Rizzini (2002) pontua que partir dessas constatações foram criadas bases nacionais e 
voltadas para a assistência, a qual foi instituída a Legião Brasileira de Assistência (L.B.A /Ato 
do Governo Federal N. 6.013) com a finalidade “empreender esforços no levantamento do 
nível de vida do trabalhador “,promover a „educação popular”. A proteção materna infantil”, 
se estabelecido como instituição de assistência suplementar para a sociedade civil de modo 
geral. 
Assim sendo “A historia do SAM, instituição cuja existência, já em 1948, era percebida como 
“atribulada”,resultando em vários “vexames para o Governo,a administração e o próprio serviço público” 
(Russel,1947 e 1948:68” 
Conforme observamos nas décadas de 40 e 50 houve uma melhora na vida dos 
trabalhadores, pois a partir do Governo Vargas houve estabilidade no país, começava a 
concretização dos benefícios sociais, que resultava, sobretudo positivamente fazendo com 
ainda não extinguisse esse contingente excluídos. 
 Diante disso Rizzini (2002, p. 53) pontua que a “partir de 1954, no período pós Vargas as 
condições de instabilidade política vivenciadas no país só agravarão a situação da população empobrecida”. 
Partindo do contexto histórico da década de 1964 em que a Funabem tinha como 
objetivo promover estudos e planejar soluções direcionadas ao atendimento de criança e 
adolescente na faixa de 12 a 18 anos com elaboração de programas e atendimento integral até 
 
13
 A partir iremos nos referenciar pela sigla SAM 
14
 Usaremos a partir deste momento a sigla FUNABEM 
15
 Usaremos a parir deste momento a sigla FEBEM 
20 
 
 
a profissionalização e reintegração social dos adolescentes, como nos afirma Rizzini (2002) 
 
O projeto elabora por uma comissão formada pelo ministro da justiça João 
Mangabeira (1963), terá parte de suas propostas incluídas na lei 4513 de 1/12/64 que 
criou a fundação nacional de bem estar do menor Funabem .As propostas mantidas 
eram:extinção do SAM e criação de uma fundação nacional subordinada a 
presidência da república , com autonomia administrativa e financeira com a 
finalidade “ de orientar “, estabelecer e executar a política nacional de assistência a 
menores. (pg 09) 
 
Dentro desta perspectiva de insucessos nas tentativas de reforma do Código de 
Menores e com uma intenção repressiva, houve várias formas de Controle Social
16
, como a 
implantação da lei de censura e com medidas de privação de liberdade da criança e do 
adolescente através da Febem, em substituição a Funabem como principal objetivo a 
promoção de estudo e planejar soluções direcionada ao atendimento de crianças e 
adolescentes. 
Com uma intervenção de reintegração social deste adolescente o Estado precisava 
rever a sua responsabilidade a qual deveria ser de toda a sociedade considerando o fracasso 
das políticas nacionais do bem-estar do “menor” evitando assim a tão criticada 
institucionalização, neste período a sociedade questionava a prática de internamento das 
crianças e adolescentes de baixa renda. 
Dentro desta perspectiva, ao longo dos anos, muito tem se questionado sobre o 
trabalho desenvolvido pela instituição em São Paulo, como diversas rebeliões e denuncias de 
maus tratos e super lotação. 
Como no afirma Guerra (2005) 
 
Que ao final dos 1970, inicia se um amplo processo de luta pela redemocratização 
dos pais, ao mesmo tempo eu que se vivenciavam , do ponto de vista econômico, 
profundas dificuldades , esperadas pelo agravamento da nossa de divida externa, do 
problemas de caráter inflacionário e as taxas de desemprego aberto se elevam 
consideravelmente. 
 
Sendo assim, o regime militar
17
 que parecia estar estável começa a entrar em crise até 
a sua superação pelo regime democrático. 
 Nesta direção podemos perceber que as diretrizes da descentralização política, 
 
16
 “O termo controle social pode também dizer respeito ao conjunto de valores utilizado para a resolução de 
conflitos entre indivíduos ou grupos majoritário. São tipos de controle social:o costume . a lei,a religião , a 
moral e a educação” (Souza,2004 p, 169) 
17
 Segundo Netto (2004) O Regime Militar brasileiro, foi implantado por um golpe de Estado em 1964, durou 
vinte e um anos e mudou a face do país. Contudo, até hoje suas múltiplas dimensões foram pouco analisadas 
de forma globalmente articulada e emocionalmente isenta. Foi um regime autoritário, repressivo e 
socialmente hierárquico. 
21 
 
 
jurídico e administrativa das instituições, das participações populares e da municipalização 
foram trazendo possibilidades de ultrapassar a visão dos sujeitos como objeto de compaixão, 
de repressão violência de criança e ao adolescente reconhecendo seus valores como ser 
humano em situação irregular pela visão do reconhecimento de seus direitos . 
Com o final do Regime Militar até meados da década de 80 a forma de pensar, de 
sentir e de agir em relação à criança e adolescente e sua família foi fortemente influenciada 
por parâmetros e modelos de fundamentação católica, ficando consagrado no imaginário 
coletivo a família nuclear
18
 burguesa como modelo ideal e normativo. 
Que segundo Minyao , (1993, p.18). 
 
Essas crianças, que já povoaram e povoam ainda os orfanatos, as instituições de 
caridade e os asilos religiosos, que sofreram e fizeram a história do SAM, (Serviço 
de Assistência ao Menor), da Funabem, (Fundação Nacional do Bem-Estar do 
Menor) e das Febems (Fundação Estaduais do Bem-Estar do Menor), na década de 
80 se projetaram como espetáculo social nas ruas, para execração nacional e 
internacional do Brasil.Como nos afirma Guerra (2005) a década de 80 nos mostra um amplo processo de 
estagnação econômica, privativa não apenas no Brasil como de vários outros países. Isso 
levou com que muitos teóricos a considerassem “uma década perdida”, na qual o processo de 
concentração de renda é acintoso, as camadas mais pobres sentem seu rendimento médio 
diminuindo , há retração de investimentos e da produção , crescimento do desemprego e o 
trabalho informal. 
Neste sentido houve a concretização de movimentos nacionais que passaram a 
simbolizar a causa no país sobre as formas de organização da família e de nascimento dos 
filhos. Observa-se que houve várias discussões sobre direitos reprodutivos, abandono de 
filhos, formas de abrigamento, colocação em família substituta e direito a convivência família 
e comunitária. 
Segundo Guerra (2005) foi o resultado entre outros fatores, de uma conjuntura 
internacional da crise do Estado e da política inflacionária adotada sem sucesso, ressaltando 
que não só o Brasil mais inúmeros outros países do mundo foram vitimados, é como nos diz 
Hobsbawn (1995 p 23) 
 
 
18
 A família nuclear é considerada por muitos como sendo aquele grupo de pessoas composta por pai, mãe e 
filhos vivendo num mesmo ambiente, correspondendo a imagem de um modelo da família burguesa, porém 
este modelo tido como o “ideal” não se adapta as configurações da família contemporânea, pois,{...}”ao se 
aceitar o modelo de família burguesa como norma e não como modelo construído historicamente, aceitasse 
implicitamente seus valores, regras e padrões emocionai.”(Szymanski,2002p, 24) 
22 
 
 
Quanto á pobreza e á miséria , na década de 80, muitos dos países mais ricos e 
desenvolvidos se viram outra vez acostumando se com a visão diária de mendigos 
nas ruas , e mesmo com o espetáculo mais chocante de desabrigados , protegendo se 
em vãos de portas e caixas de papelão quando não eram recolhidos pela policia. 
 
Diante disso, devemos enfatizar que entre a nossa situação e dos países ricos existe 
uma grande diferença porque o quadro recessivo afetou a sociedade de uma forma aguda e 
continua, não tendo limites, assolando o país em sua totalidade. 
Neste sentido o abrigamento foi praticado no Brasil não como medidas transitórias de 
caráter reparatório, mas com o objetivo final de restituir normalidade das organizações 
familiares como medida definitiva, excludente da situação de desvio sócio-familiar. 
Ocorrendo em virtude disso, medidas do perfil dessas crianças e adolescentes abrigados, a 
qual a maioria são afro descendente e masculina, os tornado incompatível com o modelo de 
família patriarcal
19
 fomentado pelo Código Civil Brasileiro
20
 . 
Com a consolidação da Constituição Federal de 1.988 promoveu-se a necessária 
ruptura com a multissecular filantropia religiosa e de caráter assistencialista. 
Inaugurou-se uma nova era para as políticas sociais dando ênfase a uma política 
pública de assistência social organizada em torno dos direitos da criança e do adolescente que 
foram garantidos na Constituição Federal que preceitua no seu Art.(227, p. 114). 
 
E dever da família, da sociedade e do Estado assegurar á criança e ao adolescente, 
com prioridade absoluta, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação. ao 
lazer, à profissionalização, à cultura , à dignidade , ao respeito , á liberdade e a 
convivência familiar e comunitária, alem de colocá-lo a salvo de toda forma 
negligencia , discriminação , exploração ,violência , crueldade e opressão. 
 
Neste sentido, diante década dos anos 80, com a materialização da Constituição 
Federal de 1988, era constituída uma sucessão de direitos das crianças e adolescentes de modo 
geral e não mais apenas àquelas em situação de risco. 
Foi estabelecida e confirmada pelo ECA em 1990,o qual os coloca na condição 
especial de “pessoas em fase de desenvolvimento” até a maioridade. 
O ECA, representa uma divisão na história da infância brasileira e para a sociedade 
civil, criando a figura dos Conselhos Tutelares, remanescendo, no entanto, a participação do 
Poder Judiciário por meio das Varas da Infância e Juventude, tendo como finalidade a 
 
19
 A família brasileira apresentava um caráter nitidamente extenso, submetendo-se seus membros a autoridade 
soberana do pai.Em torno dele,girava toda a vida da familiar .O patriarca constituía o centro da gravidade de 
seus domínios e das pessoas que os habitavam (FREIRE, 2004) 
20
 Segundo Pimentel, o novo código civil lei de nº 10.406 de janeiro de 2002 entrará em vigor apenas em 11 de 
janeiro de 2003, quando só então a legislação infra Constitucional Civil Brasileira estará adequando se a 
igualdade entre homem e mulheres, em direitos e obrigações estabelecidas internacional de direitos humanos. 
(2002, p.26) 
23 
 
 
desinstitucionalização das crianças e adolescentes que, depois de esgotados todos os recursos 
para o retorno à família de origem é que essas crianças e adolescentes deveriam ser colocados 
em família substituta, o chamado Acolhimento Familiar, o qual respeita o direito a 
convivência familiar e comunitária, estando vinculada a Política de assistência social. 
A Constituição de 1988 no seu Art. 226 e 227, juntamente com a Assistência Social, 
trata sobre o direito à convivência familiar e comunitária. Ainda neste sentido, as leis 
orgânicas das políticas sociais foram sendo reformadas, aprofundando esses princípios 
constitucionais e, são regulamentados pelo ECA, através do atendimento de direitos 
especializados, com a promulgação da Lei Orgânica da Assistência Social, da Lei Orgânica da 
Saúde , da Lei de Diretrizes e Bases da Educação. 
 
A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independente de 
contribuição à seguridade social, e tem por objetivos, entre outros a proteção à 
família a maternidade a infância a adolescência e a velhice {...} (Constituição 
Federal de 1988, p.147). 
 
Considerando as mudanças ocorridas em nossa sociedade percebe-se que a família 
passou por várias mudanças, e suas variações exigem um cuidado especial independentemente 
dos formatos ou modelos que assume na atualidade. 
 Todavia, não se pode desconsiderar que ela se caracteriza como um espaço 
contraditório, cuja dinâmica cotidiana de convivência é marcada por conflitos e geralmente, 
também, por desigualdades, além disso, nas sociedades capitalistas a família é fundamental no 
âmbito da proteção social. 
Temos, portanto nos anos 90 o surgimento da Lei nº 8.069, em 13 de julho de 1990 e 
do ECA, e posteriormente a LOAS (lei nº 9.720 de 30/11/1998) e a implementação de uma 
política para cada Estado e município vieram a assumir assim diferentes características de 
acordo com a conjuntura ,o que daria uma sustentabilidade para dar atendimento a todas 
diretrizes da política de atendimento, com sua finalidade promover a política e promoção e 
defesa dos direitos da criança e do adolescente no nível federal, tendo como referência como 
uma mudança dos direitos e deveres às crianças e adolescentes e medidas de proteção 
asseguradas pelo art .4º do ECA: 
 
“É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público 
assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, á 
saúde. à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à 
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária”. 
 
Marcada por este contexto, a Constituição Federal e o ECA, tem papel fundamental 
para definição de deveres da família, do Estado e da sociedade em relação à criançae 
24 
 
 
adolescente, o que são fundamentais para a definição responsabilidades em casos de inserção 
em programas de apoio á família e de defesa dos direitos de crianças e adolescentes. 
Houve mudança do olhar e do fazer, não apenas políticas públicas focalizadas na 
infância, na adolescência e na juventude, mas extensivos aos demais atores sociais do 
chamado sistema de Garantia de Direitos, implicando capacidade de ver essas crianças e 
adolescentes como sujeitos de direitos e de maneira indissociável do seu contexto sócio-
familiar e comunitário. 
Dentro outros trouxe desenvolvimento integral da criança e adolescente desde já 
criação do ECA, o reconhecimento da criança e adolescente como sujeitos de direitos, 
transformações ocorridas no Estado , na sociedade e na família. 
 
 
1.2 O ARTIGO 8º DA LEI Nº 7.644 
 
A Casa lar é uma habitação simples e acolhedora onde os "pais sociais" procuram criar 
um ambiente de família sadio e procuram garantir para os meninos e meninas têm uma vida 
normal igual àquela de seus cotidianos: a escola - organizada em dois turnos, no qual há 
atividades recreativas, como dança, futebol, natação e o canto e outras de formação, visando o 
futuro de trabalho: cursos de línguas estrangeiras, computação e trabalhos manuais. 
(documentos Fundação Nosso Lar 21) 
De acordo com o ECA contidas no artigo contidas no artigo 92. As entidades que 
desenvolvam programas de abrigo deverão adotar os seguintes princípios: 
 
I - preservação dos vínculos familiares; 
II - integração em família substituta, quando esgotados os recursos de manutenção 
na família de origem; 
III - atendimento personalizado e em pequenos grupos; 
IV - desenvolvimento de atividades em regime de co-educação; 
V - não desmembramento de grupos de irmãos; 
VI - evitar, sempre que possível, a transferência para outras entidades de crianças e 
adolescentes abrigados; 
VII - participação na vida da comunidade local; 
VIII - preparação gradativa para o desligamento; 
IX - participação de pessoas da comunidade no processo educativo. 
 
O abrigo é um lugar que oferece proteção, para as crianças e adolescentes órfãos e 
 
21
 Também usaremos a sigla FNL. Foi instituída em novembro de 1996, com o apoio da instituição Ore Undici, 
como uma organização não governamental, sem fins lucrativos, que atende crianças e adolescentes órfãos e 
abandonados ou sob júdice. (Lazzarini,2006) 
 
25 
 
 
vítimas de maus tratos , falta de condições de moradia provisória dentro de um clima 
residencial, com atendimento personalizado, em pequenas unidades, para pequenos grupos de 
crianças. (documentos Fundação Nosso Lar
22
). O sistema de casas lares prevê a figura da Mãe 
Social
23
, que segundo a lei nº 7644-87 
.É lei nº 7644-87 antecede o ECA e é ela quem dá sustentabilidade a todos os 
procedimentos de seleção e treinamento das candidatas à mãe social que trabalham nas 
instituições que prestam serviço no sistema de casas lares,os artigos 1 º ao 22º referentes a lei 
quais sejam: 
 
Art. 1º - As instituições sem finalidade lucrativa, ou de utilidade pública de 
assistência ao menor abandonado, e que funcionem pelo sistema de casas-lares, 
utilizarão mães sociais visando a propiciar ao menor as condições familiares ideais 
ao seu desenvolvimento e reintegração social. 
Art. 2º - Considera-se mãe social, para efeito desta Lei, aquela que, dedicando-se à 
assistência ao menor abandonado, exerça o encargo em nível social, dentro do 
sistema de casas-lares. 
Art. 3º - Entende-se como casa-lar a unidade residencial sob responsabilidade de 
mãe social, que abrigue até 10 (dez) menores. 
Juventude são considerados dependentes da mãe social a que foram confiados pela 
instituição empregadora. 
Art. 4º - São atribuições da mãe social: 
Art. 5º - À mãe social ficam assegurados os seguintes direitos: 
Art. 6º - O trabalho desenvolvido pela mãe social é de caráter intermitente, 
realizando-se pelo tempo necessário ao desempenho de suas tarefas. 
Art. 7º - Os salários devidos à mãe social serão reajustados de acordo com as 
disposições legais aplicáveis, deduzido o percentual de alimentação fornecida pelo 
empregador. 
Art. 8º - A candidata ao exercício da profissão de mãe social deverá submeter-se a 
seleção e treinamento específicos, a cujo término será verificada sua habilitação. 
§ 1º - O treinamento será composto de um conteúdo teórico e de uma aplicação 
prática, esta sob forma de estágio. 
§ 2º - O treinamento e estágio a que se refere o parágrafo anterior não excederão de 
60 (sessenta) dias, nem criarão vínculo empregatício de qualquer natureza. 
§ 3º - A estagiária deverá estar segurada contra acidentes pessoais e receberá 
alimentação, habitação e bolsa de ajuda para vestuário e despesas pessoais. 
§ 4º - O Ministério da Previdência e Assistência Social assegurará assistência 
médica e hospitalar à estagiária. 
Art. 9º - São condições para admissão como mãe social: 
Art. 10 - A instituição manterá mães sociais para substituir as efetivas durante seus 
períodos de afastamento do serviço. 
Art. 11 - As instituições que funcionam pelo sistema de casas-lares manterão, além 
destas, Casas de Juventude, para jovens com mais de 13 (treze) anos de idade, os 
quais encaminharão ao ensino profissionalizante. 
Parágrafo único. O ensino a que se refere o caput deste artigo poderá ser ministrado 
em comum, em cada aldeia assistencial ou em várias dessas aldeias assistenciais 
reunidas, ou, ainda, em outros estabelecimentos de ensino, públicos ou privados, 
conforme julgar conveniente a instituição. 
 
22
 Também usaremos a sigla FNL Foi instituída em novembro de 1996, com o apoio da instituição Ore Undici, 
como uma organização não governamental, sem fins lucrativos, que atende crianças e adolescentes órfãos e 
abandonados ou sob júdice. (Lazzarini,2006) 
23
 Denominação Mãe-Social profissão remunerada , figura como mãe substituta, aquela que cuida, protege, guarda, 
zela pelo bem-estar, integridade física e moral das crianças e adolescentes que se encontram em sistema de casas lares. 
(FNL). 
26 
 
 
Art. 12 - Caberá à administração de cada aldeia assistencial providenciar a colocação 
dos menores no mercado de trabalho, como estagiários, aprendizes ou como 
empregados, em estabelecimentos públicos ou privados. 
Art. 13 - Extinto o contrato de trabalho, a mãe social deverá retirar se da casa-lar que 
ocupava, cabendo à entidade empregadora providenciar a imediata substituição. 
Art. 14 - As mães sociais ficam sujeitas às seguintes penalidades aplicáveis pela 
entidade empregadora: 
Art. 15 - As casas-lares e as aldeias assistenciais serão mantidas exclusivamente 
com rendas próprias, doações, legados, contribuições e subvenções de entidades 
públicas ou privadas, vedada a aplicação em outras atividades que não sejam de seus 
objetivos. 
Art. 16 - Fica facultado a qualquer entidade manter casas-lares, desde que cumprido 
o disposto nesta Lei. 
Art. 17 - Por menor abandonado entende-se, para os efeitos desta Lei, o "menor em 
situação irregular" pela morte ou abandono dos pais, ou, ainda, pela incapacidade 
destes. 
Art. 18 - As instituições que mantenham ou coordenem o sistema de casas-lares para 
o atendimento gratuito de menores abandonados, registradas como tais no Conselho 
Nacional do Serviço Social, ficam isentas do recolhimento dos encargos patronais à 
previdência social. 
Art. 19 - Às relações do trabalho previstas nesta Lei, no que couber, aplica-se o 
disposto nos capítulos I e IV do Título II, Seções IV, V e VI doCapítulo IV do 
Título III e nos Títulos IV e VII, todos da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT. 
Art. 20 - Incumbe às autoridades competentes do Ministério do Trabalho e do 
Ministério da Previdência e Assistência Social, observadas as áreas de atuação, a 
fiscalização do disposto nesta Lei, competindo à Justiça do Trabalho dirimir as 
controvérsias entre empregado e empregador. 
Art. 21 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
Art. 22 - Revogam-se as disposições em contrário. (FNL) 
 
Em Foz do Iguaçu, existem duas instituições que trabalham na prestação de serviço no 
sistema de casas lares, são elas a Fundação Nosso Lar e a Casa Família Maria Porta do Céu. 
Essas instituições criaram cada qual seu regimento interno na qual é estabelecida as 
normas ou regras do exercício de cada função. Tais critérios são escolhidos de acordo com 
cada instituição. Conforme exposto no ECA no artigo 92, o atendimento em abrigos, através 
de casas- lares pressupõem que: 
 
 Preservação dos vínculos familiares; 
 Atendimento personalizado e em pequenos grupos; 
 Não desmembramento de grupos de irmãos; 
 Preparação gradativa para o desligamento; 
 Participação da vida da comunidade local (escola, igrejas) 
 
A regulamentação da atividade de Mãe Social dispõe que sejam casais e pessoas que 
queiram exercer essa função, as quais são legitimadas por esta lei, e aparecem no Brasil como 
uma proposta de atendimento mais humanizado, contrapondo-se ao atendimento impessoal 
e massificado dos abrigos . 
As Mães Sociais têm como a função de proporcionar este convívio familiar, 
preparando as crianças e adolescentes para o mundo, a vida, a comunidade, a família, a 
27 
 
 
cultura, o futuro independente. 
Devendo ser educados e preparados para receber crianças novas na casa, bem como a 
troca de crianças e saída de crianças da casa, devendo ainda estar preparado para oferecer o 
amor gratuito, sem esperar algo em troca. 
A função da Mãe Social é regulamentada pela Lei nº 7.644 de 1987, e tem assinatura 
em carteira de trabalho e folga semanal de 24 horas. 
Portanto, depois de tudo isso é importante avaliar se o casal tem o perfil e se está 
disposto e aceitar este trabalho, pois não é meramente um trabalho. É muito mais do que isso, 
dado que o casal vai ter que se doar por inteiro, não há mais vida própria, privacidade, 
passarão a ser educadores sociais e com capacidade do amor gratuito, da compreensão, do 
respeito, da responsabilidade. 
 
Segundo Mussen (1997), nesse período , ela constrói novos relacionamentos e é 
influenciada por novos estímulos:educadores, companheiros da mesma idade , 
livros, brinquedos, brincadeiras e mídia.Suas habilidades cognitivas aumentam e 
tornam se mais complexas e diferenciadas.Todavia, apesar dos novos 
relacionamentos propiciados por outros contextos sociais, as relações familiares a 
permanecem centrais para a criança, sendo preponderantes para a construção de sua 
identidade e capacidade para se relacionar com o outro e o meio. 
 
O modo com que a mãe social reagira como os comportamentos apresentados por 
estas crianças e adolescentes, e desenvolveram sua autonomia e á independência, influenciara 
o desenvolvimento de seu autoconceito, da sua autoconfiança, da auto-estima e , de maneira 
global, a sua personalidade, e diante da lei regida pelas instituições cabe à Mãe Social, dentro 
das casas-lares as atribuições no artigo 8º, ou seja, a candidata ao exercício da profissão de 
mãe social deverá submeter-se a seleção e treinamento específicos, a cujo término será 
verificado sua habitação 
 
&1º - O treinamento específico será composto de um conteúdo teórico e de uma 
aplicação pratica esta sob forma de estágio . 
&2º - O treinamento e estágio a que se refere o parágrafo anterior não excederão de 
60 (sessenta) dias, nem criarão vinculo empregatício de qualquer natureza. 
&3º - A estagiária deverá estar segurada contra acidentes pessoais e receberá 
alimentação, habitação e bolsa de ajuda para vestuário e despesas pessoais. 
&4º - O Ministério da Previdência e Assistência Social assegurará assistência 
médica e hospitalar á estagiária. 
 
Embora partindo das atribuições expostas referentes ao papel das Mães Sociais no 
atendimento às casas-lares, tendo que ter a clareza de seu papel no atendimento dessas 
crianças e adolescentes abrigados órfãos, abandonados, crianças vítimas de maus tratos 
físicos, psíquicos, abuso sexual, falta de condições básicas dos pais para suprir a subsistência, 
28 
 
 
deficiências físicas e mentais e, inclusive, crianças que, eventualmente tenham cometido 
infração para as quais não seja indicada outra medida de proteção. Também estarão nos 
abrigo, crianças e adolescentes com vivência de rua para os quais, em determinado momento, 
o retorno a família biológica se mostre difícil e inviável. 
A necessidade de atender adequadamente essas crianças e adolescentes em 
instituições onde as Mães Sociais têm um papel fundamental em dar condições por zelar pela 
integridade física e emocional de crianças e adolescentes que tiveram seus direitos 
desatendidos ou violados, seja por uma situação de abandono social, seja pelo risco pessoal a 
que foram expostos pela negligência de seus responsáveis. 
 Em sentido estrito, “abrigo” é uma medida de “proteção especial” prevista no Estatuto 
da Criança e do Adolescente e definida como “provisória e excepcional” (ECA, art. 101, 
parágrafo único). De acordo com Projeto de Lei ressaltamos que: 
 
Dando portanto um Projeto de Lei da Câmara nº96, de 2000 (PL 588/95, na 
origem), que altera dispositivos da Lei nº 7.644, de 18 de dezembro de 1987, que 
dispõe sobre a regulamentação da atividade de mãe social e dá outras providências, 
adequando-a à Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 – Estatuto da Criança e do 
Adolescente. 
 
De acordo com a lei de 7.644 que esta vigente no Código de Menores, a mesma deve 
ser reformulada e adequada ao texto do ECA/1990. 
Além disso, a profunda mudança das concepções que presidiam , naquele tempo, o 
Código de Menores, e noutro, o Eca torna imprescindível uma regulação legal de maior 
alcance do que a contida no texto da lei a ser adequada. 
Exemplo disso é a necessidade de refinar as disposições concernentes a menores 
constantes da lei, objeto de modificação em dispositivos que estabeleçam o preciso alcance da 
norma às especificidades do tratamento a ser conferido às crianças, de um lado, a aos 
adolescentes, de outro. 
Conforme a ilustração da autora Senadora Maria do Carmo Alves 
 
Mas aquele Código (de Menores) falava ela lar substituto, e o Estatuto refere-se à 
colocação em família substituta. (...)A diferença não é apenas semântica; integração 
à família do menor desprovido de parentes é mais completa do que lar ,ampliando o 
círculo dos que formam mesmo que não residam na mesma casa. 
 
Citado acima, o projeto de lei em exame adaptam, de maneira exitosa, aos conceitos 
utilizados pela Lei nº 7.644, de 1987, à terminologia do ECA ou à de disposições legais ora 
vigentes e por isso prescindem de considerações de maior profundidade. 
 Tais considerações resultam na substituição da qualificação “menor” por 
29 
 
 
“adolescente” ou outra qualificação tecnicamente mais apropriada, na permuta das clausulas 
“casa-lar” e outras utilizadas na mencionada lei por terminologia inspirada no citado Eca. 
Mudanças referentes ao projeto de lei do Senado entendem-se: 
 
Por outro lado, algumas das disposições do texto modificativo da Lei nº 7.644, de 
1987, deixam evidente o objetivo de estruturar sob a forma de família o 
relacionamento mantido entre a mãe social e as crianças eadolescentes entregues 
aos seus cuidados, sob a supervisão da entidade mantenedora. Não é outra a 
orientação do art. 2º, § 1º, ao mandar a autoridade judiciária conceder a guarda das 
crianças e adolescentes à mãe social; do art. 4º, inciso I, ao atribuir à mãe social a 
obrigação de propiciar o surgimento de condições próprias de uma família, 
dispositivo, aliás, constante, sob outra forma, da redação original da lei; do art. 3º, § 
3º, ao definir o lar substituto institucional como um programa de regime de 
colocação familiar para crianças e adolescentes que, de acordo com o art. 17, se 
encontrem em situação de risco e não estejam incluídos em programa de adoção. 
 
Sendo assim estamos entendendo que ao ser alterada a lei em questão uma das 
preocupações é fazer com que a criança ou adolescente sejam mantidos um ambiente sócio-
familiar, na qual terá sujeitos (pais sociais) que zelaram por sua segurança tanto física quanto 
moral, proporcionando vínculos de afetividade. 
Já para acolher adolescentes de ambos os sexos, com idades compreendidas entre treze 
e dezoito anos, poderão constituir-se lares substitutos institucionais dirigidos por um casal, 
onde a mulher cumprirá o papel de Mãe Social. Ademais, com base em critérios biopsíquico-
sociais, a entidade mantenedora do lar substituto determinará a transferência do adolescente 
que completar treze anos para o lar compatível com sua nova condição. 
Compete a mãe social promover na casa lar um ambiente de integração familiar, 
ensinando valores e princípios, cultivando vínculos fraternos, ensinar e ajudar na higienização 
das crianças e adolescentes. (Fundação Nosso Lar) 
Também lhe é atribuído administrar o lar realizando e organizando as tarefas a ele 
destinadas, dedicar-se com exclusividade ao adolescente e a casa lar que lhes forem 
confiados, não os deixando sozinhos sem acompanhamento de um adulto como também levar 
a criança ou adolescente quando necessário nas consultas médica e odontológicas, terapias 
individuais ou em grupo, entre outras. 
 
30 
 
 
 
 
2 O ATENDIMENTO EM CASAS LARES EM FOZ DO IGUAÇU E A PROFISSAO 
MÃE SOCIAL 
 
 
O Município de Foz do Iguaçu situa-se na região do extremo oeste do Paraná, fazendo 
parte da Tríplice Fronteira (Brasil-Paraguai-Argentina). Historicamente foi ocupada por 
pessoas que buscavam o enriquecimento rápido devido às riquezas naturais da região. 
Segundo Catta (2002) com a inauguração da Ponte Internacional da Amizade (Brasil – 
Paraguai) em 1969, Foz do Iguaçu, teve seu desenvolvimento acelerado, intensificando seu 
comércio, principalmente com a cidade paraguaia Ciudad del Leste. 
A construção da Hidrelétrica de Itaipu
24
 (Brasil - Paraguai), iniciada na década de 70, 
causou forte impacto em toda região, aumentando consideravelmente o contingente 
populacional de Foz do Iguaçu. 
Em 1960, o município contava com 28.080 habitantes, em 1970 com 33.970 e passou 
a ter em 1980, 136.320 habitantes, registrando um crescimento de 385 % , estimando-se hoje 
uma população de 266.771 habitantes. No processo migratório decorrente da construção de 
Itaipu, observou-se que em sua maioria eram homens sem famílias. 
Durante este período de construção, se consolida também o comércio de produtos 
importados entre Brasil e Paraguai, ocasionando um grande fluxo de compristas nessa região 
(população flutuante). 
Em 1991 houve tratado de Assunção firmado pelo Brasil, Argentina, Paraguai e 
Uruguai o qual reduzia a cota em dólar para compras no exterior, havendo um grande declínio 
nas atividades comerciais. 
Somando-se a isto, a conclusão da construção de Itaipu com a dispensa de milhares de 
trabalhadores que acabaram ficando na cidade uma vez que aqui constituíram famílias aqui, 
faz com que vivamos hoje um grande caos social. 
Prossegue Catta (2002) a pobreza e o desemprego da população tornam-se alarmantes, 
bem como o acentuado crescimento de atividades ilícitas, favelamento, crianças em situação 
de rua, fragilidade nas estruturas familiares e a falta de uma identidade a do sentimento de 
pertencimento com o local. 
Com o aumento desordenado da população surgiu a necessidade de uma reestruturação 
 
24
 Unidade geradora de energia elétrica de propriedade do Brasil e do Paraguay, conforme acorde entre os países. 
31 
 
 
urbana a qual o poder público ainda não conseguiu atender a demanda. 
Conforme Catta (2002) nesse contexto, de rápido e desordenado crescimento, de uma 
composição étnica multicultural, de esgotamento de ciclo econômico baseado na construção 
de Itaipu a do comprismo, a incidência de prostituição, tráfico, desemprego e a pobreza no 
geral tomam-se cada vez mais evidente. 
As famílias acabavam se instalando nas áreas verdes, próximas a cidade, porém sem 
oferecer qualquer tipo de infra-estrutura, dando inicio assim às invasões e as favelas. 
Esperava-se que com o término da Itaipu, houvesse uma redução drástica da população, o que 
não aconteceu: grande parte da mão de obra barrageira foi demitida e não retomaram à sua 
cidade de origem. 
 Esse contingente permaneceu em Foz desenvolvendo atividades vinculadas a 
construção civil devido o aquecimento desse setor, bem como na área do turismo (muambeiro, 
comprista, laranja etc...). O uso de crianças/adolescentes em atividades ilícitas também 
estabeleceu-se pois são mais vulneráveis e facilmente explorados, Catta (2002, p.21), 
carregado de um sentido de progresso, riqueza ampla, modernidade e para o conjunto da 
sociedade,como descreve Catta (2002, p. 21) 
Segundo dados do site de Foz do Iguaçu, a pacata cidade Terra das Cataratas, até final 
dos anos 60, não fugia às regras de uma cidade do interior do país, cuja realidade maior era o 
turismo. Situada ao oeste do Paraná e tendo posição de tríplice fronteira, Brasil, Paraguai e 
Argentina, uma cidade metropolitana no qual sua população passou a ser espectador de uma 
realidade na qual não estava acostumada. 
A cidade de Foz do Iguaçu se viu envolta de uma rápida transformação, com projetos 
modernistas, enriquecimento rápido e com a sua concentração de renda e poder nas mãos das 
elites Aos anos 70 desenrolou se o regime militar, à revelia da vontade popular, pela sua 
posição de tríplice fronteira e pelos seus dotes naturais comportando o Rio Paraná e o Rio 
Iguaçu e, a população que na década de 1960 contabilizava pouco mais de 28.000 habitantes, 
apresentava em 2001 superior a 270 mil habitantes. 
 Catta (2002) diz que governo experimentou mudanças significativas num curto 
espaço de tempo, de tal modo que afetaram diretamente o espaço daqueles que ali moravam, 
de uma maneira brusca, passaram a conviver com um grande número de novos habitantes, 
nacionais e estrangeiros, atraídos pelo progresso, sonhos de riqueza, transformando a vida da 
cidade, transformação essa trazida pela construção da Usina de Itaipu entre os anos de 1973 e 
1991, (que destruiu todo um acervo cultural criado, conquistado por seus antigos moradores, a 
atração de milhares de trabalhadores de diversos lugares e que deixou, em seu estertor, um 
32 
 
 
contingente imenso de desempregados ou subempregados, cuspidos, que foram da empresa 
com o término das obras, e que passaram a buscar alternativas de trabalho na cidade). 
A Itaipu, Turismo e Comércio de importados, desencadeiam o desenvolvimento e o 
crescimento urbano, a cidade de Foz do Iguaçu, por conta da característica de seu 
crescimento demográfico e de sua recente constituição urbana, é formada em sua 
maioria por imigrantes e migrantes e descendentes. A cidade foi heterogeneamente 
constituída por enormes contingentes de pessoas (estrangeiros, descendentesou 
brasileiros) que vieram em grandes levas para essa cidade nas últimas décadas. 
(Catta, 2002) 
 
Por fim Catta (2002) aponta que como resultado dessas modernidades implantadas na 
selva subtropical, na fronteira do Brasil com o Paraguai e Argentina, expressa, em sua 
configuração acabada, pela Usina de Itaipu e pelo poder que dela emanava e que a todos 
envolvia, buscamos destacar aquilo que mais marcante sobrou como herança da implantação 
daquele projeto para a cidade e sua população: a transformação do espaço de forma radical e 
abrupta; a emergência de uma população pobre, que passou a buscar alternativas de 
sobrevivência através de trabalhos informais, de expedientes ilegais, que desembocam num 
incremento significativo da criminalidade. 
Em suma compreendemos que a resultante da herança de Itaipu esta expressa em 
vários segmentos da sociedade, afetando principalmente a classe trabalhadora, no que diz 
respeito ao desemprego, criminalidade, pobreza extrema, falta de moradia. 
Catta (2002), continua suas reflexões e aponta que tal empreendimento não trouxe 
aquela prosperidade e riqueza para todos, muito menos abundância e fartura aos segmentos 
populares, onde houve enorme distorção ao nível da concentração de rendas e da 
pauperização contínua da sociedade que, atraídos pela Itaipu e se viram excluídos das 
atividades formais de trabalho, gerando o setor informal da economia como ambulantes, 
contrabandistas, pedintes, meninos-de-rua, a insegurança, a criminalidade e a violência. A 
falta de dignidade que resulta na falta de moradia, alimentação, educação, saúde e o problema 
da área moradia popular sem a mínima infra-estrutura, que abrigavam aquele enorme 
contingente de excluídos da sociedade. 
Essas transformações não ocorreram de forma planejada, conseqüentemente não se 
visualizou o impacto social que as mesmas gerariam. Com o passar dos anos foram surgindo 
gravíssimas seqüelas sociais, as quais, hoje, refletem nas famílias que não conseguem 
proteger e cuidar de seus filhos que acabam em situações de risco e necessitando de 
abrigamento. 
Dentro deste contexto histórico em Foz do Iguaçu tem-se a implementação do Serviço 
33 
 
 
de Valorização e Integração do Menor
25
 cuja função era a de atender meninos de rua em 
regime de internato. O SERVIM tinha o objetivo de recuperar crianças e adolescentes que 
haviam cometido pequenos delitos, dependentes ou iniciados nas drogas e os que viviam na 
rua, em situação de risco social. 
A intenção foi reorganizar estas estruturas para adequá-las aos princípios do ECA, 
que respondem melhor a esses princípios, inviabilizando que a criança e adolescente possam 
se desenvolver plenamente.(fonte FNL) 
Os abrigos de Foz do Iguaçu, com a intencionalidade de saber, a partir das crianças e 
adolescentes que lá estão, suas histórias, suas verdades, suas expectativas nas evidências de 
que as políticas de atenção à criança e adolescente em situação de rua, são marcados por uma 
trajetória de enorme descompasso político entre discurso legal, ideologias e práticas, ações 
governamentais e não governamentais desarticuladas, com as mais diversas concepções sobre 
questão do abandono social da infância. (fonte FNL) 
Por fim uma infinita vulnerabilidade nas mudanças políticas, o que viabiliza a 
consolidação dos programas e o crescimento dos mesmos, junto às ações que propõem 
realizar, conta-se também com a escassez de recursos materiais e humanos, e como não fosse 
pouco, presencia-se ainda a rivalidade entre as diferentes instituições responsáveis pela 
teorização e prática destas ações sociais (CECIF dialogando com abrigos)) 
Partindo dessa perspectiva foram criadas Instituições para atender a demanda 
crescente, no que se refere ao atendimento dessas crianças e adolescentes em situação de risco 
cujos, programas dão respaldo às necessidades vigentes. 
 
A primeira entidade ser criada foi A Casa Família Porta do Céu, em 15 de 
Novembro de 1992 cujo foi iniciada com apoio voluntário, todos, membros de uma 
“Asociazone Maria Porta Del Cielo” com sede em Roma –Itália cujo objetivo era o 
de contribuir para a reintegração social e familiar das crianças e adolescentes que , 
vitimas da pobreza e marginalização passavam a fazer parte da população de rua, 
através da acolhida e da formação escolástica e profissional, garantia a recuperação 
de meninos de rua na modalidade de permanência e em um serviço de orientação e 
observação permanente. De acordo com cartilha “Um Lar Para a Vida Florir”, 
(p. 01) 
 
A Casa Família Maria Porta do Céu
26
 te como objetivo proporcionar a criança e 
adolescente privados de seus direitos, uma alternativa de vida digna e garantir a vivência da 
cidadania plena, com direitos, deveres, e possibilidades de serem sujeitos da própria história. 
A situação dessas crianças e adolescentes vítimas de vulnerabilidade e risco social, 
 
25
 A partir deste momento passaremos a utilizar a sigla SERVIM. 
26
 A partir deste momento passaremos a nos referenciar pela sigla CFMPC. 
34 
 
 
estão se agravando e por se tratar de uma cidade fronteiriça, esse contingente fica cada vez 
mais dramático, pois a falta de alternativas de trabalho acaba levando à informalidade 
fazendo com que se envolvam em atos ilícitas, ficando assim expostas à criminalidade, como 
enfatiza Rizzini (2002) 
 
Essas crianças estão expostas aos perigos da “sociedade de rua”- um ambiente e 
uma cultura fluidos de pessoas em transito , gangues, famílias que vivem nas ruas, 
traficantes , policia, mendigos, criminosos e adultos prontos a explorá –las. Esse 
contexto onde o trabalhador mais ocasional fica exposto a drogas, violência e 
exploração, elementos que caracterizam a “cultura de rua”. As ruas são uma 
“escola” muito eficiente de coisas negativas. 
 
De acordo com a Entidade Maria Porta do Céu, sua finalidade é a recuperação de 
crianças e adolescentes em situação de rua, servindo de moradia em casas-lares para crianças 
e adolescentes que não podem contar com uma família; aprimoramento e experiência de vida 
e convivência família, orientação e acompanhamento nas escolas, orientação e 
acompanhamento humano, psicológico e espiritual para as crianças, adolescentes e famílias, 
iniciação ao trabalho e profissionalização, integração das crianças e adolescentes explícitos no 
Estatuto da Criança e do Adolescente; promoção de atividades, artístico cultural, formativas, 
esportivas e de lazer. 
Em 12 de novembro de 1996 surge a Fundação Nosso Lar, FNL, com personalidade 
jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, sendo Entidade de Assistência Social, 
caracterizada como não-governamental. 
 
O objetivo da entidade, no primeiro ponto de seus estatutos é definido como 
“propiciar moradia às crianças e adolescentes órfãos, abandonados ou sob judice, 
sendo que o atendimento é feito através do sistema casas-lares e casais sociais, com 
moradia provisória ou definitiva em ambiente familiar, na qual a família, e como 
unidade mínima, possa ser um amparo para a reeducação”. (Projeto Fundação Nosso 
Lar). 
 
Hoje, muitas das nossas crianças e adolescentes não têm a família no estilo tradicional 
e sobrevivem de maneira ilícita nas ruas, conseqüentemente a quantidade de crianças e 
adolescentes é usada ou absorvida pelo submundo do tráfico de drogas e violência em geral. 
Os adolescentes que completam 18 anos são mantidos em repúblicas por seis meses no 
período em que os mesmos possam manter a sua independência. Além da convivência 
familiar têm garantidos direitos como saúde, alimentação, moradia, respeito e dignidade. 
As crianças e adolescentes freqüentam