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1.1 - Conceitos - Texto complementar

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Profa. Dra. WILGES BRUSCATO 
 
Direito Internacional e Globalização 
 
 
 
CONCEITO 
 
 Chamamos de Relações Internacionais o estudo sistemático das relações 
políticas, econômicas e sociais entre diferentes países. Essa sistematização de 
estudos, com a consequente elaboração de teorias, se iniciou após a Primeira 
Guerra Mundial, aperfeiçoando-se após a Segunda Guerra Mundial, em especial, 
nos Estados Unidos da América. 
 Os países são os sujeitos que se relacionam entre si. Assim como 
acontece com os indivíduos, esse relacionamento se estende por áreas 
diversas. No caso das relações internacionais: política, economia, cultura, 
defesa, saúde, ciência e tecnologia, comunicações, transportes, 
desenvolvimento, direitos humanos, educação, esporte, meio ambiente, energia 
etc. 
 Essas relações entre diferentes países resultam desdobramentos que 
podem gerar efeitos além dos países envolvidos diretamente. 
 Embora as relações internacionais aconteçam em um contexto extenso, 
elas são muito similares, em diversos aspectos, às relações entre as pessoas. 
 
 
PRESSUPOSTOS DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS 
 
 Para que as relações internacionais aconteçam, partimos de alguns 
pressupostos. O primeiro deles é a existência de partes aptas a manterem 
relações internacionais entre si, os sujeitos de direito, que, nesse caso, são os 
Estados Nacionais (que corresponde à noção popular de países), além de 
 
 
Profa. Dra. WILGES BRUSCATO 
 
Direito Internacional e Globalização 
 
 
 
organizações internacionais. Esses Estados Nacionais devem ser autônomos 
entre si e gozar de soberania, outros pressupostos das relações internacionais. 
 
O ESTADO E SEUS ARRANJOS 
 
 Os Estados Nacionais, ou simplesmente Estados, são o fruto de uma 
evolução histórica da humanidade na forma em que os povos se organizam. 
Esse termo passou a ser usado com essa significação a partir do século XV. 
Refere-se à forma de organização política dos países, às nações politicamente 
organizadas. 
 Nessa acepção, o Estado é formado por três elementos básicos: povo, 
território e poder. 
 Povo é o conjunto de indivíduos que falam a mesma língua, têm 
costumes e hábitos idênticos, afinidade de interesses, história e tradições 
comuns. 
 Território é a base geográfica sobre a qual um Estado exerce sua 
soberania (solo, rios, lagos, mares interiores, águas adjacentes até 22 km do 
litoral, golfos, baías e portos, espaço aéreo até 100 km de altitude e navios de 
guerra). 
 Poder se refere à organização administrativa de um povo em seu 
território, exercendo sua soberania, de acordo com suas opções políticas 
(forma, regime e sistema de governo). 
 Desse modo, a maior figura de autoridade que se reconhece hoje é o 
Estado. Não haveria nada acima dele. 
 De acordo com a organização político-administrativa de um povo haverá 
as figuras de representação do poder, que assumem a competência (no sentido 
 
 
Profa. Dra. WILGES BRUSCATO 
 
Direito Internacional e Globalização 
 
 
 
de poder para a prática de determinado ato) para elaborar o direito daquele 
povo e fazê-lo cumprir em seu território. 
 Na atualidade, a maioria dos Estados se organiza em uma das formas, 
regimes e sistemas abaixo: 
 
 
FORMAS REGIMES SISTEMAS 
 ABSOLUTA 
 ESTAMENTAL 
MONARQUIA LIMITADA CONSTITUCIONAL 
 PARLAMENTAR 
 
 ARISTOCRÁTICA 
REPÚBLICA DEMOCRÁTICA PRESIDENCIALISTA 
 PARLAMENTARISTA 
 AUTORITÁRIA 
 TOTALITÁRIA 
 
 
 A monarquia é a forma de governo que tem, via de regra, como 
características básicas a autoridade centrada em uma única pessoa, a 
vitaliciedade do poder em que essa pessoa está investida e a hereditariedade 
na sucessão de pessoas investidas no poder. Essas características estão mais 
presentes na monarquia absoluta, em que todo o poder se concentra nas mãos 
de uma única pessoa, que exerce todas as funções do Estado: é o legislador, o 
administrador e o julgador. 
 
 
Profa. Dra. WILGES BRUSCATO 
 
Direito Internacional e Globalização 
 
 
 
 A monarquia limitada se subdivide nos sistemas estamental, 
constitucional ou parlamentar. A monarquia estamental foi usada na época 
feudal, quando o monarca dividia seu poder, em alguma de suas funções, com 
potentados ou membros da nobreza, como a cobrança de impostos, p.e.. Na 
monarquia constitucional, o monarca exerce a função executiva, de modo 
vitalício, nos limites da Constituição, havendo um legislativo e um judiciário. 
Esse foi o tipo de monarquia que tivemos no Brasil. A monarquia parlamentar é 
caracterizada pelo fato do monarca não exercer funções de governo, de 
administração do país. A função executiva é centralizada num primeiro-ministro 
ou chanceler, mantidos autônomos o legislativo (parlamento) e o judiciário. O 
monarca exerce um poder moderador, também designado por prerrogativa real, 
de influência moral sobre o povo e o governo, que só é utilizado em casos 
específicos, em funções protocolares, cerimoniais e representação diplomática 
ou, mais abrangentes, como a convocação de eleições em caso de dissolução 
do parlamento. As reais funções desse poder são variáveis de país para país. 
 A república aristocrática deixou de ser utilizada a partir da Idade Média. 
Era o governo exercido por determinada classe privilegiada, em razão de 
direitos de nascimento ou conquista. 
 Na república democrática, os membros do executivo e do legislativo são 
eleitos pelo povo para exercer suas funções por tempo determinado, em 
processo eleitoral direto ou indireto, podendo adotar o sistema presidencialista 
(presidente é chefe de governo e chefe de estado, com rígida separação entre 
os poderes executivo, legislativo e judiciário) ou parlamentarista (chefia de 
governo e chefia de estado em duas figuras distintas; executivo precisa da 
sustentação do legislativo para se formar e governar). 
 República autoritária seria a popular ditadura, geralmente, apoiada em 
força militar, em que o grupo dominante quer garantir a sua manutenção no 
 
 
Profa. Dra. WILGES BRUSCATO 
 
Direito Internacional e Globalização 
 
 
 
poder. Normalmente, os membros do legislativo são designados por processos 
autocráticos. 
 Na república totalitária, os direitos fundamentais do cidadão subordinam-
se ao interesse do Estado, cujo poder encontra-se preponderantemente no 
executivo, centralizado numa figura única de poder, acima dos demais, quando 
existem. Normalmente se apoia em força militar e há um nível rigoroso de 
censura e policiamento ideológico. 
 Na atualidade, a maioria dos Estados adota regimes democráticos de 
governo, seja como república ou como monarquia, embora ainda existam 
muitos Estados autoritários ou totalitaristas. A comunidade internacional tem, 
gradualmente, sinalizado a preferência por regimes democráticos. 
 Nos Estados democráticos, normalmente, a organização se dá em uma 
estrutura que separa as suas funções: legislativa, executiva e judiciária. Assim, 
cada poder de Estado tem sua função típica. A competência do legislativo é, 
genericamente, formular leis; a do executivo é governar e administrar os 
interesses do país, de acordo com as leis; e a do judiciário é resolver os 
conflitos de interesse entre particulares e entre entes do Estado e particulares, 
de acordo com as leis. 
 A representação do Estado perante os seus pares e as organizações 
internacionais está com o Chefe de Estado. 
 
 
A SOBERANIA 
 
 Portanto, já há vários séculos, se reconhece que um povo, fixado num 
território, com uma organização política tem soberania, ou seja, poder absolutode autodeterminação, que não reconhece poder concorrente (internamente) ou 
 
 
Profa. Dra. WILGES BRUSCATO 
 
Direito Internacional e Globalização 
 
 
 
superior (externamente). Todo Estado é soberano para estabelecer o direito 
dentro de seu território. 
 Nos regimes democráticos, esse poder de autorregulação se dá com 
base no interesse da nação: o governo é mandatário do povo e deve exercer a 
soberania em seu nome. 
 Assim, a todo Estado (Povo+Território+Poder) se reconhece, 
modernamente, soberania. Os Estados, independentemente do número de 
habitantes, de sua extensão territorial ou de sua opção de organização política, 
são considerados iguais nas relações internacionais. Teoricamente, um Estado 
de pequeno território e baixa população teria o mesmo peso nas relações com 
seus pares, pelo fato de ser Estado, assim como todo ser humano tem direitos 
básicos apenas pelo fato de ser humano. Cada pessoa natural é também um 
centro de poder soberano sobre sua própria existência. Dependendo do regime 
adotado pelo Estado em que vive, esse poder individual é maior (em regimes 
mais liberais) ou menor (em regimes mais centralizados). 
 A dimensão interna da soberania se justifica no interesse de organizar a 
vida comunitária de determinada sociedade, tornando viável a coexistência de 
pessoas em determinado espaço físico. Internamente, se o Estado não fosse 
dotado de soberania, não teria autoridade para estabelecer leis e normas de 
conduta para a harmonia social. Nesse aspecto, representa o poder supremo 
dentro de seu território. 
 A dimensão externa da soberania é explicada no reconhecimento mútuo 
de autodeterminação, na representação dos interesses internos perante outros 
Estados, pressupondo igualdade entre os integrantes da ordem internacional, 
com respeito recíproco e abstenção de interferências uns nos outros. Nesse 
aspecto, representa o poder independente dos demais Estados. 
 
 
Profa. Dra. WILGES BRUSCATO 
 
Direito Internacional e Globalização 
 
 
 
 Para tanto, foi preciso que a ideia de Estado evoluísse para sua 
concepção como sujeito de direito, do que falaremos mais adiante. 
 No entanto, embora se reconheça soberania aos Estados Nacionais, 
pressupõe-se a existência de uma ordem internacional, em razão da 
necessidade dos países relacionarem-se uns com os outros. Essas relações se 
dão sob diversos aspectos, como mencionado. 
 E, do mesmo modo que o ser humano com poder de autodeterminação 
de sua vida tem de abrir mão de certa parcela de sua soberania pessoal para 
relacionar-se com outros seres humanos (na família, na escola, nas entidades 
religiosas, no trabalho, no trânsito, na política, na sociedade...), os Estados 
acabam por reconhecer, de maneira recíproca, determinados arranjos 
internacionais, passando a adotá-los, em nome de relacionar-se 
internacionalmente, numa convivência harmoniosa e pacífica. Por isso, os 
Estados mantêm estruturas diplomáticas com o objetivo de relacionarem-se, 
defendendo seus interesses internos perante os demais. 
 Nesse contexto, embora, teoricamente, todo Estado tenha o mesmo 
valor na ordem mundial, que lhes reconhece igualdade, o fato é que alguns 
países conseguem ter mais destaque e peso para suas decisões, detendo, 
portanto, mais poder de influência, geral ou setorial, podendo chegar até o 
status de potência mundial. 
 A relação que, na teoria, é estritamente equilibrada, na prática não 
encontra essa mesma estabilidade. Na vida dos Estados também há fortes e 
fracos e isso dependerá da situação a ser enfrentada e dos elementos de troca 
que os Estados detenham. 
 Portanto, o aspecto jurídico de soberania, que é, de certa forma, 
estático, é constantemente desafiado pelo cotidiano de situações práticas em 
que os Estados estão envolvidos e seus interesses internos, que acabam, 
 
 
Profa. Dra. WILGES BRUSCATO 
 
Direito Internacional e Globalização 
 
 
 
muitas vezes, determinando certa dose de renúncia de soberania para que 
possa obter tais interesses. Do ponto de vista prático, a soberania é mais 
flexível. 
 Quando um Estado, espontaneamente, decide assinar um acordo ou 
tratado internacional para reconhecê-lo como lei dentro de seu próprio 
território, embora não tenha sido produzido pelo legislativo local, exerce sua 
soberania nessa decisão, flexibilizando-a: de maneira voluntária, abre mão de 
seu poder supremo de autodeterminação em nome de harmonizar seus 
interesses com os demais. 
 Há, portanto, outros fatores de maior peso, como a economia, 
especialmente, a política, fatores religiosos etc., do que a ideia jurídica de 
soberania a dirigir o curso da vida dos Estados na atualidade. 
 Hoje as ideias de soberania e interdependência devem ser trabalhadas 
em conjunto. 
 
 
BREVE NOÇÃO HISTÓRICA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS 
 
 Entre as possibilidades de divisão de épocas históricas aceitas, 
trabalharemos com a que divide a história humana da seguinte maneira: 
 
• PRÉ-HISTÓRIA – surgimento do homem até 4000 a.C. (surgimento da 
escrita) 
• ANTIGUIDADE – até 476 d.C. (queda do Império Romano do Ocidente) 
• IDADE MÉDIA – até 1453 (queda de Constantinopla – Império Bizantino, 
Império Romano do Oriente) 
 
 
Profa. Dra. WILGES BRUSCATO 
 
Direito Internacional e Globalização 
 
 
 
• IDADE MODERNA – até 1789 (Revolução Francesa) 
• IDADE CONTEMPORÂNEA – desde 1789 
 
 Muitos estudiosos entendem que o marco inicial nas Relações 
Internacionais se deu apenas na Idade Média, com a Paz de Westfália, em 
1648. 
 Em que pese esse posicionamento bastante abalizado, consideramos que 
a história das relações internacionais se inicia muito antes, já na Antiguidade, 
por entendermos que, na Idade Média, o que ocorreu foi a fixação de alguns 
elementos que permitiram o incremento e a sistematização das relações 
internacionais. Se compreendermos que o adjetivo internacional - que usamos 
apenas a partir da Idade Moderna - se refere às relações entre povos (daí que 
o direito internacional foi, por muito tempo, conhecido como direito das 
gentes), fica fácil identificar que os povos, nos seus mais diversos e sucessivos 
arranjos de organização, sempre mantiveram relações entre si. Relações essas, 
no princípio, nem sempre pacíficas. 
 Ao contrário. Na Antiguidade, devido à grande diversidade e pluralidade 
de povos e à ausência de definições territoriais mais seguras e estáveis, era 
bastante comum que as relações se dessem por dominação militar. Os 
panoramas político e geográfico se alteravam rapidamente com o desejo de 
poder dos soberanos da época. Não existiam definições sequer dos povos, 
muitas vezes. As conquistas bélicas subjugavam populações e territórios eram 
anexados pelos vencedores, até que eles mesmos fossem derrotados em 
batalhas. Na época, existiam muitas cidades-Estado. 
 
 
Profa. Dra. WILGES BRUSCATO 
 
Direito Internacional e Globalização 
 
 
 
 Quando mencionamos a Antiguidade, nos referimos às primeiras 
civilizações de que temos notícia, ou seja, especialmente na Mesopotâmia, mas, 
também, norte da África e sul da Europa, áreas com proximidade territorial. 
 Em que pese o fato de as relações entre os povos naquela época serem 
mais belicosas do que cooperativas, data da XVIII dinastia egípcia (por volta de 
1400-1300, a.C.), especialmente, durante os reinados dos Faraós Amenhotep 
III e Amenhotep IV (Akenaton), grande número de cartas de conteúdo 
diplomático, em que os Faraós se correspondiam com seus representantes ou 
governantes de outras partes como Assíria, Anatólia, Babilônia, Canaã, Chipre, 
Mitanni, Núbia, Síria.Foram descobertas, aproximadamente 400 tabuletas de 
argila, de escrita cuneiforme, em acadiano, o idioma diplomático da época, 
conhecidas como Cartas de Amarna ou El Amarna. 
 Não há surpresa nisso, em razão do Egito antigo já experimentar grande 
apuro nos procedimentos administrativos, desde 3000 a.C., com sua unificação 
política e ter sido uma grande potência na Antiguidade, de larga extensão 
terrritorial. 
 O termo diplomacia, aliás, utilizado até os dias atuais, tem estreita 
ligação com essa prática dos governantes, desde a Idade Antiga, de enviarem 
representantes para falar em seu nome. Para que o emissário enviado tivesse 
credibilidade, o governante lhe entregava credenciais escritas, que eram 
apresentadas ao governante junto a quem deveria exercer a representação, 
para comprovar que falava em nome do soberano de seu país. Diplomacia vem 
de diploma, que, no grego, designava um pedaço de papel dobrado ao meio, e, 
em latim, permissão escrita, documento oficial. 
 Caminhando para a Idade Média, é preciso lembrar que os centros de 
poder se difundem para Europa nesse momento histórico. Ainda não temos 
Estados organizados como o conhecemos hoje e as disputas por poções de 
 
 
Profa. Dra. WILGES BRUSCATO 
 
Direito Internacional e Globalização 
 
 
 
terra são constantes, com invasões e alternância nas configurações territoriais e 
de domínio. Começam a surgir as alianças entre potentados da região, 
buscando segurança mútua, em arranjos feudais, geralmente para combater 
inimigos comuns. 
 Data dessa época, também, o fortalecimento da igreja católica, que 
incentivou a realização das Cruzadas, com, pelo menos quatro edições, 
estendendo-se ao longo de quase trezentos anos (1096-1270). 
 As Cruzadas foram expedições militares com o objetivo de resgatar o 
acesso de cristãos a Jerusalém, local para eles sagrado - a chamada Terra 
Santa – impedido pelo domínio mulçumano. Mas, sua importância histórica 
transcende esse fato, pois acabaram sendo um elemento de integração entre 
povos e culturas do ocidente e do oriente, expansão de mercados, domínio 
territorial. 
 Foi uma época de intensos conflitos tanto na Europa como no Oriente 
Médio. 
 Ainda na Idade Média, os contornos atuais das relações internacionais 
foram se fixando. Em 1648, foram firmados os tratados que puseram fim à 
Guerra dos Trinta Anos, o que ficou conhecido como a Paz de Westfália. Além 
de encerrar o conflito religioso entre Holanda e Espanha, também encerrou o 
conflito entre Alemanha, França e Suécia e, por fim, o conflito entre Espanha e 
França (1659). Também se reconheceu legalmente a liberdade religiosa, 
algumas alterações territoriais e, pela primeira vez, a concepção de Estado-
Nação e a correspondente soberania de cada um. A partir da Paz de Westfália, 
os conflitos passaram a ter motivações mais políticas do que religiosas, 
reforçando as monarquias europeias. Por isso esse é um marco nas relações 
internacionais. Esses tratados foram negociados durante três anos, entre 
católicos e protestantes. 
 
 
Profa. Dra. WILGES BRUSCATO 
 
Direito Internacional e Globalização 
 
 
 
 Na Idade Moderna, surge o termo internacional. Ele foi usado pelo 
jusfilósofo Jeremias Benthan (1789) para qualificar o direito que deveria reger 
as relações entre as nações, em substituição à expressão corrente direito das 
gentes. Assim, internacional vinha com a significação daquilo que ocorria entre 
nações (povos). Nessa época, também, se consolida a ideia de Estado tal como 
a conhecemos hoje, já disseminada por Nicolau Maquiavel desde início dos anos 
1500 e reconhecida em Westfália. 
 Nesse período, o mundo sofre grande transformação em razão dos 
descobrimentos e da consequente expansão colonialista, dos séculos XV e XVI. 
Tendo Portugal, Espanha, Inglaterra, Holanda e França dominado os recursos e 
conhecimentos marítimos que permitiram as grandes navegações, considerando 
que o fortalecimento das economias de tais países se baseava na obtenção de 
metais preciosos, que costumavam ser trazidos do oriente e que essa rota 
comercial estava obstaculizada no Oriente Médio, em razão de suas próprias 
instabilidades políticas, foi necessário buscar rotas alternativas. Com isso, tem 
início a série dos descobrimentos das Américas pelas potências europeias e sua 
colonização – não exclusivamente, mas preponderantemente, pela importância 
geo-política que tiveram na história mundial. Pela primeira vez na história foi 
possível o desenho de um mapa-múndi completo. 
 A reconquista da Península Ibérica com a retomada de Granada 
fortaleceu o catolicismo, incentivando-lhe um movimento expansionista, aliado 
aos governos de Portugal e Espanha. 
 Com a expansão colonialista, os países europeus fortaleceram-se 
economicamente, aumentando seus domínios territoriais e mercados, com mão-
de-obra barata obtida com o tráfico de pessoas para a escravidão, as pesquisas 
científicas foram ampliadas, novos produtos, plantas e animais foram 
intercambiados entre a Europa e as colônias, assim como diversas doenças. A 
 
 
Profa. Dra. WILGES BRUSCATO 
 
Direito Internacional e Globalização 
 
 
 
Idade Moderna foi uma época de grandes transformações tanto para os países, 
como para as pessoas. 
 Marcando o início da Idade Contemporânea, acontece a Revolução 
Francesa, bem como a Independência dos Estados Unidos da América, fatos 
marcantes em razão dos novos valores filosóficos que difundem e influenciam 
toda a história do ocidente. Porém, contemporaneamente, dois acontecimentos 
principais ocorridos no século XX, foram muito significativos para o 
aperfeiçoamento das relações internacionais: As duas Grandes Guerras. 
 A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) eclodiu num ambiente de grande 
insatisfação e descontentamento, em especial, da Alemanha e Itália, com a 
exploração colonialista de outros países da Europa, que ganharam riquezas e 
mercados, pois havia uma forte concorrência comercial em curso e os conflitos 
e desacordos eram constantes, com grande rivalidade. Havia um clima de 
tensão e os países europeus buscavam, rapidamente, robustecer seus recursos 
bélicos. 
 Nesse contexto, o assassinato do príncipe do Império Austro-Húngaro, 
Francisco Ferdinando, durante uma visita a Saravejo (Bósnia-Herzegovina) fez 
com que o Império Austro-Húngaro declarasse guerra à Sérvia em 28 de julho 
de 1914. Os países europeus mantinham alianças e se envolveram na guerra. 
De um lado, havia a Tríplice Aliança (Alemanha, Itália e Império Austro-
Húngaro), também denominada Impérios Centrais e de outro, a Tríplice Entente 
(França, Reino Unido e Rússia), também conhecida como Aliados. A Itália, no 
entanto, lutou ao lado dos Aliados. Inovações tecnológicas foram usadas para 
combate, como os tanques e o avião. Em 1917, os Estados Unidos da América 
entram no conflito, ao lado da Tríplice Entente, o que é determinante para a 
vitória desses países. Os países da Tríplice Aliança se veem forçados a assinar a 
rendição, em 11 de novembro de 1918, impondo severas perdas, em especial, à 
 
 
Profa. Dra. WILGES BRUSCATO 
 
Direito Internacional e Globalização 
 
 
 
Alemanha. Estima-se que dez milhões de pessoas tenham morrido nessa guerra 
e trinta milhões tenham se ferido, além da grande devastação de campos e 
cidades. 
 Depois da Primeira Guerra, a humanidade estava severamente 
impactada com os efeitos da guerra em escala mundial, a destruição, a perda 
de vidas humanas, a devastação econômica. Alguns países desapareceram e o 
mapa da Europa se alterou significativamente. Como consequência, na tentativa 
de evitarem-senovos conflitos bélicos dessa grandeza, foi firmado o Tratado de 
Versalhes (1919), no qual se criou a Liga ou Sociedade das Nações, que, por 
sua vez, instituiu o Tribunal Permanente de Justiça Internacional, em 1921, 
encarregado de conhecer e solucionar conflitos entre Estados. 
 A ideia era dotar a ordem internacional de mecanismos que evitassem 
que um acontecimento da dimensão de uma Guerra Mundial se repetisse. 
 Em que pese tais esforços e avanços, em 1939 é deflagrada a Segunda 
Guerra Mundial, que se estenderia até 1945. Existe um consenso em 
reconhecer que as condições impostas à Alemanha no Tratado de Versalhes 
acabaram por germinar o novo conflito: perda de territórios e colônias, redução 
de seu exército e o ressarcimento financeiro dos países vencedores, fixado em 
trinta e três milhões de dólares. O Tratado teve grande impacto moral no povo 
alemão e foi determinante na queda do governo (República de Weimar) e 
ascensão do nazismo ao poder. 
 No dia 1º de setembro de 1939, forças alemãs invadem a Polônia, 
causando forte reação da França e da Inglaterra, que lhe declaram guerra. 
Nesse conflito, polarizaram-se dois grupos: O Eixo, composto por Alemanha, 
Itália e Japão e os Aliados, com Inglaterra, França, Estados Unidos e URSS. 
 O final e os efeitos da Segunda Guerra foram ainda mais dramáticos e 
traumáticos, em razão de sua extensão, do nível de destruição das cidades e 
 
 
Profa. Dra. WILGES BRUSCATO 
 
Direito Internacional e Globalização 
 
 
 
campos, do componente racista do holocausto nazista, das dívidas acumuladas, 
do número de mortos – estimados em, pelo menos, 50 milhões – e, 
especialmente, da utilização de armamento nuclear, com o lançamento de duas 
bombas atômicas no Japão (Hiroshima, dia 06 de agosto de 1945 e Nagasaki, 
dia 09 de agosto de 1945). 
 Com o final da Segunda Guerra, novas medidas de repressão aos 
conflitos armados e manutenção da paz foram tomadas: criação da 
Organização das Nações Unidas-ONU (1945), os Julgamentos de Nuremberg 
(1945-1946), Convenções de Genebra (1949), criação da OTAN (1949) e, mais 
tarde do Pacto de Varsórvia (1955), reformulação da Corte Internacional de 
Justiça (1946), entre outras. Também foram feitos arranjos no sentido de 
reconstruir a Europa destruída e sua economia. 
 Após a Segunda Guerra, o mundo experimentou um período de 46 anos 
de Guerra Fria, polarizados entre EUA e URSS, entre capitalismo e socialismo, 
até a queda do Muro de Berlim, em 1991. 
 Embora as guerras tenham sido acontecimentos extremamente nefastos 
e traumáticos, acabaram também se constituindo em um fator de impulsão na 
qualidade das relações internacionais. Como veremos adiante, no entanto, a 
guerra é hoje um mecanismo banido no sistema internacional, considerado, 
atualmente, ilícito internacional, desde 1945. 
 Do mesmo modo que as relações entre as pessoas não estão prontas e 
acabadas, as relações internacionais também buscam caminhos. Da mesma 
forma que as pessoas mudam e, em consequência dessas mudanças, suas 
relações interpessoais exigem alterações e adequações, as relações 
internacionais também, tendo em vista que o mundo e os arranjos entre povos 
é dinâmico e exige adequações constantes. 
 
 
 
Profa. Dra. WILGES BRUSCATO 
 
Direito Internacional e Globalização 
 
 
 
TERMOS USADOS EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS 
 
 As relações internacionais, como o estudo sistemático a que nos 
referimos, constituem uma disciplina em construção. Derivada da ciência 
política, após a Primeira Guerra Mundial, experimentou grande incremento após 
a Segunda Guerra Mundial, quando diversos arranjos foram acontecendo e 
dando origem a organizações internacionais e diversos pensadores passaram a 
se dedicar ao seu estudo. 
 Nesse sentido, trata-se de uma disciplina, portanto, relativamente nova e 
em construção. Some-se a isso o fato de que as relações internacionais se 
basearem em interesses de grupos humanos (fixados em territórios e 
organizados politicamente), dotados de dinamismo, o que exige constante 
acompanhamento e aperfeiçoamento de suas relações. Lembre-se que mesmo 
o adjetivo utilizado para se referir a esse nível de relação se fundamenta no 
elemento humano: inter (entre) nacional (nação); nação remete à ideia de 
agrupamento humano. 
 É oportuno distinguir o significado das expressões relações internacionais 
e relações exteriores na dinâmica das estruturas estatais. 
 Relações internacionais, como temos visto, se referem ao estudo 
sistemático e aos próprios vínculos que se formam entre os diversos países, em 
diversos setores. 
 Já a expressão relações exteriores se refere à estrutura interna dos 
países voltada a travar e conduzir suas relações internacionais. Cada país tem 
sua estrutura administrativa encarregada de conduzir e implementar sua 
política exterior ou política externa, que pode ser definida, genericamente, 
como o conjunto de objetivos de um determinado país em suas relações com os 
 
 
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demais, na proteção de seus interesses. Ela é definida e planejada pelo chefe 
de governo com respaldo do legislativo, dependendo do que estabelece sua 
legislação interna a respeito, como no caso do Brasil. A política externa é 
também dinâmica, em razão dos interesses nacionais que estejam em jogo. Ela, 
normalmente, se subdivide nos diversos campos em que o país deseje ou 
necessite manter relações com seus pares: economia, segurança, tecnologia, 
saúde etc. 
 O que temos hoje em matéria de relações internacionais é resultado da 
disseminação do modelo de Estado; do aumento das populações dos países que 
obriga os governantes a tratativas externas para atender necessidades de seu 
povo, muitas vezes; da melhoria do meios de transporte e comunicação, que 
facilitam enormemente o estabelecimento e a manutenção de vínculos mesmo 
em grandes distâncias e da melhoria na interação entre Estados, já que todos 
condicionados a circunstâncias de interdependência. 
 Esses vínculos de relação entre Estados podem ser confluentes, em que 
prepondera a cooperação recíproca ou, até, unilateral entre países ou 
concorrentes, que pressupõem interesses conflitantes, gerando situações de 
disputa entre os países. Essas disputas, em geral, são pacíficas, mas, em alguns 
casos, podem chegar até ao uso da força, tornando-se beligerantes, embora a 
guerra seja, na atualidade, um ilícito internacional. Dependendo dos interesses 
envolvidos, pode ser que dois Estados se alinhem completamente, mantendo 
relações confluentes em todos os campos. Todavia, em geral, os países 
mantêm, simultaneamente, relações confluentes em alguns assuntos e 
concorrentes em outros. 
 Para finalizar, é interessante apresentar alguns termos mais utilizados 
nas relações internacionais. 
 
 
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 Normalmente, os participantes das relações internacionais são designado 
pelo termo ator. São atores internacionais os Estados, as organizações 
internacionais, organismos internacionais, comunidades internacionais, 
empresas multinacionais etc. A pessoa natural, a pessoa física, cidadão de um 
país não é ator internacional, pois não há mecanismos que possibilitem a sua 
interlocução com Estados e organizações, p.e., de modo direto. 
 Em geral, o ator internacional é um sujeito de direito, mas, nem sempre. 
Sujeito de direito é um conceito jurídico que se refere ao ser apto a exercer 
direitos e cumprir deveres. É o titular de direitos e deveres, que tem poderes 
sobre os objetos de direito,os bens jurídicos, materiais e imateriais. Nesse 
sentido, o ser humano é o sujeito de direito por excelência. O homem não 
pode se, por isso, objeto de direito, como os escravos, p.e. 
 Para acomodar interesses de grupos humanos, os mais variados, o 
direito evoluiu nesse conceito para admitir como sujeito de direito entidades 
formadas por uma coletividade de pessoas físicas, criando a pessoa jurídica, ou 
coletiva, ou moral, que pode ser entendida como uma ficção jurídica. 
 Os sujeitos de direito reconhecidos na lei brasileira se subdividem, então 
em: 
 
PESSOAS 
FÍSICAS 
 Seres humanos 
 Nascituros 
PESSOAS 
JURÍDICAS 
PÚBLICAS DIREITO 
INTERNO 
União 
Estados 
Distrito Federal 
Territórios 
Municípios 
autarquias, 
associações e fundações públicas 
demais entidades de caráter público 
 
 
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criadas por lei 
 
 DIREITO 
EXTERNO 
Estados estrangeiros 
Pessoas regidas pelo direito 
internacional público (organizações 
internacionais) 
 
 PRIVADAS Associações 
Sociedades 
Fundações 
Organizações religiosas 
Partidos políticos 
Empresas individuais de 
responsabilidade limitada - EIRELIs 
 
 
 Portanto, nem todos os sujeitos de direito reconhecidos na lei poderam 
ser atores internacionais. Por outro lado, algumas comunidades internacionais, 
p.e., podem não ser sujeito de direito, porque não estão formalizadas ou 
oficializadas, mas podem ter, dependendo de sua relevância, interlocução no 
ambiente internacional e serem consideradas atrizes internacionais, ainda que 
transitoriamente. 
 Outro termo comum nas relações internacionais é cenário. Com cenário 
se designa o panorama no qual se desenrola a ação ou relação internacional, 
podendo referir-se a um espaço geográfico, a uma situação específica, a uma 
área de influência ou a um campo do conhecimento. 
 Com o termo papel, se designa a função, atribuição ou desempenho dos 
atores internacionais nas relações estabelecidas. 
 Fronteira é uma noção importantíssima nas relações internacionais. É a 
faixa territorial que determina o limite geográfico de um país com outro, 
estabelecida e reconhecida mutuamente. Podem ser artificiais ou convencionais, 
 
 
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Direito Internacional e Globalização 
 
 
 
quando se formam por convenção entre os interessados, ou naturais, quando a 
separação entre dois países se baseia em acidentes geográficos. 
 Outra noção fundamental das relações internacionais é a soberania, a 
autoridade suprema de autodeterminação dos Estados, independentes entre si, 
exercida por meio de uma estrutura ou complexo de poderes da organização 
política. 
 
SISTEMAS INTERNACIONAIS 
 
 Como os Estados são independentes, soberanos e iguais, é preciso haver 
uma composição de soberanias, para que se preserve a ordem mundial e se 
viabilize a própria coexistência dos Estados. Essa ordem mundial é designada 
pela expressão sistema internacional. 
 Nesse cenário, podemos ter um sistema unipolar, com um único país 
exercendo influência sobre todos os demais; ou bipolar, em que dois países 
dividem entre si a influência sobre os demais, formando verdadeiros blocos de 
polarização, muitas vezes, antagônicos entre si; ou multipolar, quando vários 
países têm poder de influência sobre outros ou em determinadas áreas. 
 Lembramos que essa influência pode se dar na forma de domínio, que é 
entendido como a expansão ilegítima e forçada de um país sobre outro ou 
outros, e hegemonia, que é a expansão consentida, em que o país que se 
submete reconhece alguma utilidade em aceitar a influência externa. Por isso, 
ouvimos a expressão globalização hegemônica ou globalização contra-
hegemônica, p.e. 
 Na atualidade, embora os Estados Unidos da América possam ser 
apontados como o país mais influente, o nível de interdependência – 
 
 
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Direito Internacional e Globalização 
 
 
 
especialmente, econômica – entre os países do mundo, já que, em condições 
ordinárias, nenhum detém autossificiência absoluta, vivemos num sistema 
multipolar, que preserva um relativo equilíbrio e uma relativa estabilidade no 
mundo. 
 
TEMAS DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS 
 
 Como os países têm múltiplos interesses a defender a favor de seus 
povos e em razão da interdependência mundial, os mais variados temas 
interessam às relações internacionais, em especial: crises econômicas, 
integração regional, meio ambiente, desenvolvimento, conflitos étnicos e 
nacionalismo, religião, cultura, tecnologia, mercados, segurança.

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