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Ciências do ambiente

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Prévia do material em texto

CIÊNCIAS DO 
AMBIENTE
Professor Me. Gustavo Affonso Pisano Mateus
Professora Me. Renata Cristina de Souza Chatalov
GRADUAÇÃO
Unicesumar
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação 
a Distância; PISANO, Gustavo Affonso Pisano; CHATALOV, 
Renata Cristina de Souza. 
 
 Ciências do Ambiente. Gustavo Affonso Pisano Mateus; Rena-
ta Cristina de Souza Chatalov. 
 Maringá-Pr.: UniCesumar, 2018. 
 256 p.
“Graduação - EaD”.
 
 1. Ciências 2. Meio Ambiente . 3. Sustentabilidade 4. EaD. I. Título.
CDD - 22 ed. 363.7
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por:
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Direção Executiva de Ensino
Janes Fidélis Tomelin
Direção Operacional de Ensino
Kátia Coelho
Direção de Operações
Chrystiano Minco�
Direção de Polos Próprios
James Prestes
Direção de Desenvolvimento
Dayane Almeida 
Direção de Relacionamento
Alessandra Baron
Head de Produção de Conteúdos
Celso Luiz Braga de Souza Filho
Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais
Daniel Fuverki Hey
Supervisão do Núcleo de Produção 
de Materiais
Nádila Toledo
Supervisão Operacional de Ensino
Luiz Arthur Sanglard
Coordenador de Conteúdo
Márcia Pappa
Designer Educacional
Ana Claudia Salvadego
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Arte Capa
Arthur Cantareli Silva
Editoração
Produção de Materiais EAD 
Ilustração
Bruno Pardinho
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos 
com princípios éticos e profissionalismo, não so-
mente para oferecer uma educação de qualidade, 
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in-
tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos 
em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e 
espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos 
de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 
100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: 
nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, 
Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos 
EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e 
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros 
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por 
ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma 
instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos 
consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos 
educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades 
de todos. Para continuar relevante, a instituição 
de educação precisa ter pelo menos três virtudes: 
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de 
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam 
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é 
promover a educação de qualidade nas diferentes 
áreas do conhecimento, formando profissionais 
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quando 
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou 
profissional, nos transformamos e, consequentemente, 
transformamos também a sociedade na qual estamos 
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de 
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com 
os desafios que surgem no mundo contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica 
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando 
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em 
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado 
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal 
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o 
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento 
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas 
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos 
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. 
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu 
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns 
e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis-
cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe 
de professores e tutores que se encontra disponível para 
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de 
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
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RR
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Professor Me. Gustavo Affonso Pisano Mateus
Possui graduação em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário Cesumar 
(Unicesumar), Especialização em Docência no Ensino Superior e Análise 
Ambiental pela mesma instituição e Mestrado em Biotecnologia Ambiental 
pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Possui experiência nas áreas 
de Fitossanidade, com ênfase em fungos fitopatogênicos e Tratamentos 
Alternativos de Água e Efluentes, em especial com os temas: processos de 
separação por membranas e coagulantes naturais. Atualmente é aluno do 
Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Ambiental da Universidade 
Estadual de Maringá em nível de Doutorado.
<http://lattes.cnpq.br/1379816809384173>.
Professora Me. Renata Cristina de Souza Chatalov
Possui Graduação em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro 
Universitário Cesumar. Possui graduação em Tecnologia Ambiental pelo 
Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná. Possui especialização em 
Gestão Ambiental pela Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo 
Mourão - FECILCAM. Tem Mestrado em Engenharia Urbana pela Universidade 
Estadual de Maringá - UEM. Tem experiência em pesquisa na área de Sistema 
de Gestão de Qualidade, na Área Ambiental, com ênfase em Tecnologias 
Avançadas de Tratamento de Efluentes, Gestão e Tratamento de Resíduos 
Sólidos. Trabalha como Professora Formadora no curso de Gestão Ambiental, 
Gestão de Recursos Humanos, Gestão de Negócios Imobiliários, Segurança 
do Trabalho no EAD no Centro Universitário Cesumar - UniCesumar. 
Trabalhou como professora no curso de graduação em Administração na 
Faculdade Metropolitana de Maringá. Professora da disciplina de Indústria 
e Meio Ambiente na Pós-graduação em Gestão Ambiental na Faculdade 
Metropolitana de Maringá. Professora da pós-graduação EAD - UniCesumar.
<http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4400997J9>
SEJA BEM-VINDO(A)!
Estima-se que a vida na Terra existe há cerca de 3,5 bilhões de anos, no entanto, apenas 
há duzentos anos que a vida humana tornou-se mais confortável devido aos grandes 
avanços na área tecnológica. Nesses duzentos anos, a população mundial aumentou 
significativamente, a sociedade tornou-se cada vez mais consumista e com isso houve 
um aumento no consumo de recursos naturais que estão se tornando cada vez mais 
escassos. 
A história do homem no planeta é diferente se compararmos com os demais, pois o ho-
mem se apropria da natureza para satisfazer suas necessidades, criando sistemas mais 
elaborados, embasados em tecnologias que nem sempre são sustentáveis, que podem 
ocorrer de forma tão acelerada que ossistemas naturais não conseguem repor tudo 
com a mesma agilidade em que são consumidos.
Nosso planeta, a água, o ar e o solo estão deteriorando qualitativamente, colocando em 
evidência o prejuízo biológico de muitas espécies, das quais o homem está incluído. 
Como exemplos de degradação ambiental podemos citar: as queimadas, o consumo 
de combustíveis fósseis, o desflorestamento, a poluição das águas, do ar, do solo, entre 
outros, que na maioria das vezes têm origem antrópica.
Dessa forma, quando estudamos as questões ambientais, nós estudamos temas muito 
importantes para a formação acadêmica, tanto que a interdisciplinaridade é essencial 
para compreensão do tema e exige esforços de profissionais nas mais diversas áreas do 
conhecimento. Nesse sentido, procuramos contribuir na disciplina de Ciências do Am-
biente para vocês que estão cursando conosco a Engenharia.
Diante desse contexto, trataremos dos nossos estudos de Ciências do Ambiente que 
foram divididos em cinco unidades.
Na primeira Unidade, estudaremos o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável - 
veremos os conceitos de meio ambiente e desenvolvimento sustentável, apresentando 
seu histórico bem como as questões do meio ambiente no meio econômico com bens 
e serviços ambientais. 
Na segunda Unidade, estudaremos sobre o gerenciamento e tratamento de águas e 
efluentes - abordaremos os conceitos de águas subterrâneas, as questões da qualidade 
da água e as formas de tratamento de efluentes.
Na terceira Unidade, abordaremos a questão de resíduos sólidos, desde a geração, a 
coleta, o acondicionamento, o transporte, o tratamento e a destinação final dos resíduos 
sólidos.
APRESENTAÇÃO
CIÊNCIAS DO AMBIENTE
Na quarta Unidade, analisaremos o controle e qualidade de emissões atmosféricas 
e conceituaremos a poluição atmosférica bem como suas formas de controle.
Na quinta unidade, estudaremos as questões da Política Ambiental no Brasil, apre-
sentando as legislações ambientais vigentes e a implementação de Sistemas de 
Gestão Ambiental. 
Desejamos a você ótimos estudos!
Professor Gustavo e Professora Renata
APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO
09
UNIDADE I
O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
15 Introdução
16 O Meio Ambiente e as Alterações de Origem Antrópica 
25 A Sustentabilidade e o Desenvolvimento Sustentável 
36 Dinâmicas Ambientais 
56 Considerações Finais 
68 Gabarito 
UNIDADE II
GERENCIAMENTO E TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES
70 Introdução
71 O Consumo e a Utilização da Água 
79 Tratamento de Águas Residuárias 
89 Os Diferentes Tratamentos e suas Aplicações 
97 Considerações Finais 
109 Gabarito 
SUMÁRIO
10
UNIDADE III
A QUESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS
113 Introdução
114 Geração, Coleta e Transporte de Resíduos 
126 Processamento e Disposição Final de Resíduos 
134 Gestão de Resíduos Perigosos 
136 Gestão de Resíduos Radioativos 
137 Técnicas e Tratamentos de Resíduos Sólidos 
141 Considerações Finais 
150 Gabarito 
UNIDADE IV
CONTROLE E QUALIDADE DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS
153 Introdução
154 Poluição do Ar e Fontes de Emissão 
166 Métodos de Controle 
175 Padrões de Qualidade 
182 Poluição Sonora 
186 Redução e Controle de Ruídos 
190 Considerações Finais 
198 Gabarito 
SUMÁRIO
11
UNIDADE V
A POLÍTICA AMBIENTAL NO BRASIL
201 Introdução
202 Legislação Pertinente 
210 A Gestão Ambiental de Empresas 
229 Produção Mais Limpa 
236 Auditoria Ambiental 
243 Considerações Finais 
252 Gabarito 
253 Conclusão 
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Professor Me. Gustavo Affonso Pisano Mateus
O MEIO AMBIENTE E O 
DESENVOLVIMENTO 
SUSTENTÁVEL
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Conhecer as vertentes históricas associadas às alterações ambientais 
de origem antrópica.
 ■ Conceituar Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável.
 ■ Conhecer as diferentes dinâmicas ambientais naturais.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ O meio ambiente e as alterações de origem antrópica
 ■ A sustentabilidade e o desenvolvimento sustentável
 ■ Dinâmicas ambientais
INTRODUÇÃO
Olá caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à primeira unidade do material didático 
intitulado Ciências do Ambiente. Esta unidade denominada O meio ambiente e 
o desenvolvimento sustentável tem por finalidade auxiliar na compreensão histó-
rica acerca das modificações ambientais de origem antrópica, em outras palavras, 
tem como objetivo nos auxiliar a compreender a capacidade e a “necessidade” do 
homem em modificar o ambiente a sua volta. Mediante a uma breve retrospec-
tiva histórica iremos discutir sobre alguns marcos históricos que influenciaram 
os modelos sociais e que foram em parte responsáveis pelos processos produti-
vos como nós os conhecemos. 
Em seguida, iremos conhecer algumas especificidades acerca dos conceitos de 
sustentabilidade e desenvolvimento sustentável e discutir os motivos pelos quais 
ambos conceitos são tão relevantes na atualidade e também em suas jornadas 
acadêmicas e profissionais. Iremos, ainda, conhecer algumas de suas aplicações 
em ambientes empresariais/coorporativos, representadas por algumas normas 
de certificação socioambiental.
Em um último momento, ainda nesta unidade, iremos explorar alguns con-
ceitos relacionados a biologia e a ecologia conservacionista, a fim de conhecer e 
conceituar corretamente os diferentes níveis ou hierarquias de organização eco-
lógica existentes. Iremos também conhecer algumas das dinâmicas ambientais 
naturais que serão apresentadas a fim de elucidar suas finalidades e subsidiar a 
compreender das mais amplas dimensões que os impactos ambientais podem 
afetar, sendo estes relacionados à distribuição de recursos e/ou às alterações das 
condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento dos indivíduos, ou ainda, 
relacionadas às alterações nos ciclos biogeoquímicos existentes e observados na 
biosfera terrestre. Sendo assim, convido você, caro(a) aluno(a), a uma leitura 
não exaustiva acerca dos conceitos apresentados. 
Boa leitura!
Introdução
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Reprodução proibida. A
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O MEIO AMBIENTE E AS ALTERAÇÕES DE ORIGEM 
ANTRÓPICA
As ciências do ambiente compreendem um campo acadêmico multidisciplinar 
que integra as ciências físicas e biológicas e sua ampla gama de recursos para a 
compreensão dos fenômenos ambientais existentes, visando o desenvolvimento 
de soluções para as problemáticas ambientais atuais. Entretanto, antes de iniciar-
mos nossa discussão acerca das diferentes dinâmicas ambientais e das diferentes 
formas de compensar os impactos causados, torna-se necessário compreender 
como e porque as alterações ambientais ocorrem. Para tanto, iremos, inicial-
mente, realizar uma retrospectiva histórica para compreender e conhecer as 
definições de meio ambiente existentes, bem como a intensidade e origem das 
alterações e impactos ambientais.
É fato que as definições atuais de meio ambiente são resultado de uma série 
de estudos, reflexões e eventos históricos acerca desse tema, que foram funda-
mentais para a compreensão deste conceito em sua totalidade. As preocupações 
com o ambiente tomaram proporções internacionais em 1960, atingindo seu ápice 
O MEIO AMBIENTE E AS ALTERAÇÕES DE ORIGEM ANTRÓPICA
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na década seguinte, com o relatório e marco histórico intitulado: Os limites do 
crescimento (The limits to Growth), divulgado pelos intelectuais e empresários 
que faziam parte do Clube de Roma. 
Conforme Salheb et al. (2009), o relatório buscava a limitação do desenvol-
vimento econômico baseado na extração de recursos naturais, porém, para os 
países em desenvolvimento, como o Brasil, as sugestões do relatório não foram 
convenientes, uma vez que limitava a exploração de recursos, “restringindo”, 
consequentemente, seu desenvolvimento econômico. 
Uma das principais contribuições deste relatório consistiu no despertar da 
consciência ambiental coletiva, uma vez que, em sua conclusão, foram apresen-
tados indícios de que em uma projeção fictícia, caso fossem mantidos os níveis 
de industrialização, poluição e exploração de recursos, o limite de desenvolvi-
mento do planeta seria atingido em até 100 anos. 
Entretanto, apesar das discussões e controvérsias envolvendo o conceito de 
meio ambiente, o mesmo somente foi disposto em nosso país no art. 3º, I, da Lei 
nº. 6.938/81, que discorre acerca da Política Nacional do Meio Ambiente, que 
definiu meio ambiente como: “o conjunto de condições, leis, influências e inte-
rações de ordem física, química e biológica, que permitem, abrigam e regem a 
vida em todas as suas formas” (BRASIL, 1981, on-line). Porém, analisando esse 
conceito, é comum nos remetermos apenas a ambientes naturais, paisagens, ecos-
sistemas e outros meios de obtenção de recursos naturais que sejam possíveis. 
Apesar de correto, o conceito apresentado deveria ser mais abrangente, 
englobando ambientes “naturais” oriundos da intervenção antrópica, conforme 
postulado por Silva (2004, p. 20), o qual compreende que
[...] a natureza, o artificial e o original, bem como os bens culturais 
correlatos, compreendendo, portanto, o solo, a água, o ar, a flora, as 
belezas naturais, o patrimônio histórico, artístico, turístico, paisagístico 
e arquitetônico.
Logo, passamos a considerar as alterações estruturais realizadas no meio ambiente 
como parte de sua composição. Todavia, a Constituição Federal de 5 de Outubro 
de 1988, alterou o conceito até então utilizado, conforme pode ser observado na 
Tabela 1, passando a incluir uma vertente relacionada à prática laboral, como 
reflexo ao advento dos direitos trabalhistas expressivos naquele período histórico. 
O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E18
Tabela 1 - Tipos de Ambiente definido pela Constituição Federal de 1988.
NATURAL ARTIFICIAL CULTURAL 
(PATRIMÔNIO)
TRABALHO
Fauna
Flora
Ecossistemas
Solo
Água
Atmosfera
Conjunto de 
edificações 
particulares 
ou públicas, 
principalmente 
urbanas
Cultural
Artístico
 Arqueológico
Paisagístico Mani-
festações culturais e 
populares
Conjunto de condi-
ções existentes no 
local de trabalho 
relacionadas a qua-
lidade de vida do 
trabalhador 
(Art. 225, § 1°, 
I e VII)
(Art. 5°, XXIII, 
art. 21, XX e art. 
182)
(Art. 225, § 1° e § 2 º) (Art. 7°, XXXIII, e art. 
200)
Fonte: Alencastro (2012).
Essa nova definição de meio ambiente que apresenta caráter amplo e generalista 
nos leva a uma reflexão sobre nosso próprio posicionamento enquanto seres 
humanos e como “parte” constituinte do meio ambiente. Em um contexto his-
tórico, a vertente teórica do homem enquanto centro do universo, surgiu e foi 
evidenciada com o antropocentrismo, concepção criada em resposta ao posi-
cionamento teocentrista da idade média.
Na concepção antropocentrista, o homem passa a considerar a humanidade 
como ponto central do universo, pressupondo que o meio ambiente e as demais 
espécies existem para servir e satisfazer suas necessidades (PIRES et al., 2014). 
Essa vertente, em um contexto moderno, está intimamente associada à desvalori-
zação e degradação do meio ambiente e das outras espécies, uma vez que dentro 
de seu contexto e momento histórico, o antropocentrismo considera a natureza 
e todos os seus componentes subordinados a espécie humana. 
Assim, observa-se que a destruição intrínseca a presença humana no ambiente 
está atrelada a um comportamento patológico, prejudicial à sobrevivência humana 
e de outras formas de vida. Portanto, os impactos causados ao meio ambiente 
não serão solucionados apenas com o advento do cenário tecnológico, mas por 
uma ação conjunta de avanços no paradigma científico e mudanças comporta-
mentais (PIRES et al., 2014). 
Nesse sentido, dentre as várias contribuições voltadas a esta perspectiva 
O MEIO AMBIENTE E AS ALTERAÇÕES DE ORIGEM ANTRÓPICA
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crítica, destacam-se os valores ambientais sugeridos pelo ecocentrismo que se 
refere ao grau de conscientização, interesse, esforços e engajamento sobre os pro-
blemas ambientais (DUNLAP, 2008).
Nesse entendimento, caro(a) aluno(a), podemos inferir que dependemos 
diretamente do meio ambiente, uma vez que tudo o que nos cerca é considerado 
parte fundamental e componente do meio ambiente. Assim, toda e qualquer forma 
do ambiente está diretamente relacionada com o bem-estar da população e com 
o desenvolvimento social, especialmente pelos recursos biológicos, químicos e 
físicos que o meio ambiente em sua totalidade proporciona para a manutenção 
da vida em nosso planeta. Logo, um colapso ambiental resultaria em sérias con-
sequências para a saúde da população. Alguns exemplos de consequências das 
alterações antrópicas serão abordados ao longo deste material didático.
Cabe ressaltar que, dentre as espécies que habitam nosso planeta, os seres humanos 
(Homo sapiens sapiens) se destacaram em função de sua capacidade de transforma-
ção do ambiente. Tal fato não significa que as demais espécies, aqui presentes, não 
sejam providas de intelecto, porém o ser humano em uma perspectiva evolutiva 
O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E20
apresentou características e habilidades que favoreceram seu pleno desenvolvi-
mento e sua capacidade de adaptação.
ALTERAÇÕES AMBIENTAIS E O ADVENTO TECNOLÓGICO
Segundo Ninis e Bilibio (2012), a separação da condição animal do homem ocor-
reu em função de uma série de fatores como o domínio do fogo, aquisição da 
linguagem, a formação de sociedades, o advento da agricultura, dentre outros. 
Entretanto, independentemente da razão, ainda de acordo com os autores, o ser 
humano apresenta certas características que os tornam únicos em um sistema 
natural, sendo elas: crenças, consciência da própria morte; razão; moral; domí-
nio tecnológico apurado; capacidade de aprendizagem; adaptabilidade; cultura 
e sociedade e, em especial, a capacidade de alteração ou modificação do meio 
em que vive.
Seria de grande pretensão listar todos os fatos, acontecimentos e passos evolu-
tivos que garantiram ou possibilitaram o sucesso do ser humano até os dias atuais, 
entretanto, minha intenção aqui é ressaltar que, independente do acontecimento 
ou passo evolutivo, a capacidade de análise do ambiente a sua volta, sua capa-
cidade de modificá-lo e sua dinâmica com o mesmo é que promoveu tal passo.
Em face desta capacidade, a dinâmica do homem com o ambiente foi sendo 
constantemente alterada, os meios naturais que já possuíam dinâmicas próprias, 
inerentes a influência do homem e caracterizadas principalmente pela presença 
de um fluxo de energia e matéria entre seus elementos constituintes, passaram a 
ser substituídos por ambientes artificiais, voltadasà produção em ampla escala 
de bens e serviços (CORTEZ; ORTIGOZA, 2009). 
Findada uma explicação inicial e não extensiva sobre a capacidade do ser 
humano de alterar o meio ambiente, torna-se essencial discorrer sobre os impac-
tos e modificações sobre uma perspectiva ambiental. É fato que, historicamente, 
as ações antrópicas foram responsáveis por inúmeras modificações ambien-
tais e tais alterações apresentaram diversas vertentes positivas e negativas, um 
exemplo notório desta afirmação é representado pela Revolução Industrial, 
período no qual houve intensa e extensiva exploração de recursos naturais e, 
O MEIO AMBIENTE E AS ALTERAÇÕES DE ORIGEM ANTRÓPICA
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consequentemente, elevada geração de resíduos persistentes, em contrapartida, 
o mesmo período proporcionou amplo desenvolvimento de novas tecnologias 
e vasto conhecimento sobre processos produtivos, bens e serviços que influen-
ciaram na melhoria da qualidade de vida da população no período, tal avanço 
tecnológico se estende até os dias atuais e são responsáveis, de certa forma, pelo 
modelo social e econômico como nós o conhecemos.
Incontáveis estudos atuais apontam que as modificações ambientais de origem 
antrópica vêm alterando, significativamente, os ecossistemas naturais, consumindo 
recursos desenfreadamente e causando alterações aos meios naturais, tornando 
a associação destes fatores responsáveis pela diminuição da qualidade de vida 
da população. Aliás, caro(a) aluno(a), me arriscaria a inferir que grande parte da 
produção científica de nosso país, nas mais diversas áreas do conhecimento, são 
voltadas ao desenvolvimento de tecnologias e/ou técnicas relacionadas à dimi-
nuição de impactos, prevenção e recuperação ambiental.
Tal afirmação nos remete à necessidade de distinguir tais conceitos. Para 
Verazsto et al. (2008), existe certa dificuldade em estabelecer uma definição 
concreta para o termo “tecnologia”, uma vez que, historicamente, diferentes inter-
pretações ou considerações podem ser realizadas ou atreladas a este conceito. 
Todavia, tais autores postulam:
[...] torna-se notório conhecer que as palavras técnica e tecnologia tem 
origem comum na palavra grega techné que consistia muito mais em 
se alterar o mundo de forma prática do que compreendê-lo. [...] Na 
técnica, a questão principal é do como transformar, como modificar. 
O significado original do termo techné tem sua origem a partir de uma 
das variáveis de um verbo que significa fabricar, produzir, construir, 
dar à luz, o verbo teuchô ou tictein, cujo sentido vem de Homero; e teu-
chos que significa ferramenta, instrumento. [...] A palavra tecnologia 
provém de uma junção do termo tecno, do grego techné, que é saber 
fazer, e logia, do grego logus, razão. Portanto, tecnologia é a razão do 
saber fazer [...]. Em outras palavras o estudo da técnica. O estudo da 
própria atividade de modificar, do transformar, do agir (VERAZSTO 
et al., 2008, p. 62). 
Logo, o desenvolvimento de técnicas e tecnologias para otimização de quaisquer 
processos produtivos, apesar de necessários para o atendimento das demandas 
populacionais cada vez mais crescentes, tomaram vias contrárias ao equilíbrio 
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Reprodução proibida. A
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IU N I D A D E22
e manutenção ambiental. Diversos autores indicam que a crise ambiental da 
modernidade é oriunda de um modelo societário pautado em metodologias 
desenvolvimentistas e com visão exclusiva ao progresso científico e tecnológico, 
resultando, assim, em uma sociedade extremamente consumista e utilitarista 
que atrela a degradação ambiental apenas a uma mínima consequência de seus 
processos (LEFF 2010). 
Ainda nessa linha de raciocínio, para Sampaio et. al (2013), o estabelecimento 
do sistema capitalista, no qual vivemos, se consolida por meio da degradação 
ambiental e é baseado em teorias neoclássicas que buscam legitimar cientifica-
mente a convicção de que o crescimento econômico e tecnológico é capaz de 
solucionar problemas de degradação ambiental com o passar do tempo. 
A teoria econômica que melhor embasa esse pensamento é a chamada Curva 
Ambiental de Kuznets que estabelece uma relação direta entre a distribuição indi-
vidual de renda e a degradação ambiental. Mediante a informações referentes ao 
crescimento e distribuição de renda dos Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha, 
o autor Kuznets formulou uma curva em “U invertido”, que, teoricamente, indica 
que a distribuição individual da renda tende a ser pior nos primeiros estágios do 
desenvolvimento econômico, entretanto, fatores como alterações na composição 
da produção e do consumo, aumento do nível educacional e da conscientização 
relacionada às questões ambientais, bem como sistemas políticos mais abertos, 
em teoria, a partir de determinado ponto, resultam em tendências ambien-
tais favoráveis, proporcionando um crescimento da renda per capita, ou seja, 
melhor distribuição de renda e, consequentemente, um consumo mais racio-
nal dos recursos naturais.
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Figura 1 - Curva de Kuznets
Fonte: o autor.
Em outras palavras, segundo Carvalho e Almeida (2008), o conceito descreve 
a trajetória (em tempo) pelo qual a poluição de um país seguirá como resul-
tado do desenvolvimento econômico. Quando o crescimento ocorre em um 
país extremamente pobre, a poluição inicialmente cresce drasticamente, espe-
cialmente em função do aumento na produção que geram emissões dos mais 
variados poluentes e porque o país, dado sua pobreza, coloca uma baixa priori-
dade sobre o controle da degradação ambiental. Logo, uma vez que o país atinge 
determinado grau de desenvolvimento, sua prioridade muda e se volta para a 
para proteção da qualidade ambiental. 
Em relação ao “comportamento” da curva, conforme Carvalho e Almeida 
(2008), vários fatores podem ser indicados como “responsáveis” por seu for-
mato, dentre eles:
I. Favorecimento e apreciação da qualidade ambiental, ou seja, mediante 
ao aumento de renda, a população tende a requerer maior qualidade 
ambiental; 
II. Alterações na composição da produção e do consumo; 
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III. Aumento dos níveis de educação ambiental e conscientização das con-
sequências das atividades econômicas sobre o meio ambiente; 
IV. Desenvolvimento de sistemas políticos mais abertos. 
Dente outros fatores, como aumento na rigidez da regulação ambiental impul-
sionada pelo aumento da pressão social; melhorias tecnológicas e uma amplitude 
comercial, também podem estar atreladas a este fenômeno. 
Existem ainda, autores que desacreditam ou descredibilizam a teoria Kuznets, 
especialmente em função de outras teorias ou hipóteses, como, por exemplo, a 
hipótese de poluição de portos. Tal hipótese gira em torno da relação entre o 
comércio, desenvolvimento e o meio ambiente e, basicamente, segundo Feijó 
(2001) e Azevedo (2009) sugerem que a utilização de políticas ambientais aumenta 
os custos de produção e assim reduz a possibilidade de especialização de alguns 
países na produção de bens que exigem atividades poluidoras, em outras palavras, 
países com políticas ambientais menos rígidas apresentam vantagem comparativa 
aumentada em relação à produção de bens ambientalmentesensíveis (produzi-
dos por indústrias “sujas” ou altamente poluidoras) (SIEBERT, 1977). 
Historicamente, e pautadas nos princípios desta hipótese, as indústrias con-
sideradas poluidoras ou “sujas” deslocaram-se do norte para o sul, ou em uma 
analogia plausível dos países desenvolvidos para os em desenvolvimento. Porém, 
evidências empíricas não sustentam essa hipótese, especialmente em relação à 
competitividade entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento e a van-
tagens comparativas (AZEVEDO, 2009). Dentre os fatores que “desqualificam” 
essa vantagem competitiva/comparativa em termos de mercado econômico 
internacional figuram não somente os custos de controle ambiental, mas tam-
bém a estabilidade política, acesso ao mercado, qualificação e especialização de 
mão de obra, custos com logística e transporte e incentivos fiscais (ANDERSON, 
1996). Nessa perspectiva, independente do modelo teórico utilizado para a com-
preensão do desenvolvimento, é fato que deve haver uma harmonização entre 
o desenvolvimento/crescimento econômico e a exploração de recursos naturais 
ou, em outras palavras, sustentabilidade! 
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A SUSTENTABILIDADE E O DESENVOLVIMENTO 
SUSTENTÁVEL
Após nossa reflexão inicial sobre os o meio ambiente e as alterações de origem 
antrópica, fica claro que é, cada vez mais, necessário discutir e se preocupar com 
o desenvolvimento sustentável e a sustentabilidade. Além da vertente ambiental 
direta de uma empresa ou indústria, representada pelas normas e regulamen-
tações ambientais vigentes, a sustentabilidade corporativa se dá pela junção de 
diversos setores ou departamentos de uma empresa e envolvem desde ferramentas 
de gestão utilizadas, até os indicadores de qualidade e em especial os proces-
sos. A organização de processos dentro de uma empresa/indústria se tornou um 
desafio amplo e digno de muita discussão, sobretudo, quando a organização de 
processos, aliada aos valores ambientais coerentes, poderá viabilizar a sustenta-
bilidade dentro de uma corporação.
Segundo Francisco (2015, on-line)1, a necessidade do aumento da produção 
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IU N I D A D E26
possibilitou o surgimento de diversos modelos de produção inicialmente aplicados 
a indústria automobilística e que, posteriormente, foram adotados e adapta-
dos por indústrias dos mais variados segmentos, revolucionando o pensamento 
administrativo e em especial o mundo industrial. Dentre eles, a teoria da admi-
nistração científica de Frederick W. Taylor que se baseia em métodos de ciência 
positiva, racional e metódica em relação aos problemas administrativos, objeti-
vando maximizar a produtividade. Taylor propôs métodos e sistemas racionais 
e disciplinados voltados ao operário colocando-o sob comando da gerência e 
segundo Matos e Pires (2006, p. 509): 
[...] promovendo a seleção rigorosa dos mais aptos para realizar as tare-
fas; a fragmentação e hierarquização do trabalho. Investiu nos estudos 
de tempos e movimentos para melhorar a eficiência do trabalhador e 
propôs que as atividades complexas fossem divididas em partes mais 
simples facilitando a racionalização e padronização. Propõe incen-
tivos salariais e prêmios pressupondo que as pessoas são motivadas 
exclusivamente por interesses salariais e materiais de onde surge o ter-
mo ‘homo economicus’ [...]. 
Outra corrente teórica relevante foi desenvolvida por Henry Ford, por volta de 
1913, pautada nos mesmos princípios de Taylor, entretanto, com uma abordagem 
abrangente de organização da produção, contemplando extensa mecanização, 
como o uso de máquinas e ferramentas especializadas em uma linha de montagem 
e formato de esteira rolante e crescente divisão do trabalho (LARANJEIRA, 1999).
Tais modelos, apesar de relevantes, com o passar do tempo foram se tor-
nando insatisfatórios e deram espaço para o surgimento de diversos modelos de 
gestão administrativas, em especial devido às singularidades e situações especí-
ficas de cada segmento. 
Logo, as indústrias não teriam mais que se adaptar aos modelos sugeridos 
pelos gestores, e sim os gestores passaram a se adaptar às necessidades dos pro-
cessos e das empresas, buscando torná-las competitivas e, sobretudo, lucrativas 
(FRANCISCO, 2015, on-line)1. 
Em face dos desafios existentes, os profissionais deste segmento passaram a 
se deparar não somente às necessidades de cada empresa, mas também com as 
peculiaridades do mercado consumidor, com as legislações voltadas à produção, 
à segurança do trabalhador, à vigilância sanitária e, também, com as limitações 
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(sejam estas financeiras ou não) da própria empresa (COLOMBO, 2001). Dentre 
os desafios existentes, destacam-se ainda as preocupações com o meio ambiente, 
que consistem em alinhar as questões ambientais (legislações ambientais perti-
nentes) de forma a interferir minimamente nos lucros da empresa, buscando 
assim a sustentabilidade e o desenvolvimento sustentável.
Provavelmente a resposta, de sua reflexão, abordou, em sua grande maioria, a 
vertente ambiental. Entretanto, apesar de estar correta, é necessário reconhecer 
que ambos os conceitos possuem diversas outras vertentes que não se limitam 
especificamente ao meio ambiente. Porém, caro(a) aluno(a), fique tranquilo(a), 
iremos juntos conhecer as mais diversas definições, variáveis e aplicações rela-
cionadas a este conceito.
O QUE VEM A SER O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL?
Em 1987 surge o conceito de desenvolvimento sustentável como resultado das 
reflexões da Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento patro-
cinada pela Organização das Nações unidas (ONU). O relatório publicado pela 
comissão ficou conhecido como o “Relatório de Brundtland” em homenagem à 
coordenadora da comissão Gro Harlem Brundtland.
 O relatório intitulado “nosso futuro comum” ou “Our commom future” versava 
sobre a desigualdade econômica entre os países e apontava a pobreza como uma 
das grandes causas dos problemas ambientais, como solução o relatório apontou 
detalhadamente os medidas, esforços e desafios que deveriam ser superados para 
que fosse possível alcançar o desenvolvimento sustentável (XAVIER et al., 2015).
Como posso diferenciar sustentabilidade de desenvolvimento sustentável? 
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 Nesse instante é que foi introduzida a ideia de que o desenvolvimento econô-
mico atual deve ocorrer sem comprometer as necessidades das gerações vin-
douras (SEIFFERT, 2009). Sendo considerado um marco inovador em raciocí-
nio ambiental da época, o relatório discorreu sobre: 
[...] estratégias ambientais de longo prazo para obter um desenvolvi-
mento sustentável por volta dos ano 2000 e daí em diante; recomendar 
maneiras para que a preocupação com o meio ambiente se traduza em 
maior cooperação entre os países em desenvolvimento e entre países 
em estágios diferentes de desenvolvimento econômico e social e leve 
à consecução de objetivos comuns e interligados que considerem as 
inter-relações de pessoas, recursos, meio ambiente e desenvolvimento 
(DRUMMOND, S. D. on-line)2. 
Para alcançar esses objetivos, Filho (2008) sugere que os países em desenvolvi-mento priorizem políticas que fomentem: a reciclagem, o uso eficiente de energia, 
a conservação, a recuperação de áreas degradadas, a busca pela equidade, justiça, 
redistribuição e geração de riquezas. Ao seguir tais recomendações o desenvolvi-
mento alcançado será diferente do crescimento econômico, indo além da “riqueza” 
material, alcançando metas e reparando desigualdades passadas.
Segundo Barbieri e Cajazeira (2009), o desenvolvimento sustentável se ampara 
nos pilares:
 ■ Sustentabilidade social: que representada a equidade na distribuição 
dos bens e da renda para melhorar os direitos e condições da população 
e reduzir as distâncias entre os padrões de vida das pessoas.
 ■ Sustentabilidade econômica: representa a distribuição e gestão eficiente 
dos recursos produtivos, bem como fluxo regular de investimentos público 
e privado.
 ■ Sustentabilidade ecológica: busca pela diminuição de carga de impactos 
ou pressão exercida sobre o planeta para evitar danos ao meio ambiente, 
principalmente os causados pelos processos do crescimento econômico.
 ■ Sustentabilidade espacial: que se refere ao equilíbrio do assentamento 
humano rural/urbano.
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 ■ Sustentabilidade cultural: diz respeito a pluralidade de soluções parti-
culares específicas a cada ecossistema, cada cultura e cada local.
Considerando estas vertentes estruturantes do desenvolvimento sustentável, será 
comum, ao longo de sua jornada acadêmica e profissional, encontrar bibliogra-
fias que os apresentem divididos em três dimensões básicas: a social, a econômica 
e a ambiental.
E A SUSTENTABILIDADE?
Em primeira instância, a sustentabilidade é um conceito antigo que vem sendo 
discutido e aprimorado por décadas, sendo alguns eventos, encontros, mani-
festos e a própria realidade social, econômica e ambiental responsáveis pela 
definição atual como a conhecemos. Segundo Almeida (1997), a noção de sus-
tentabilidade deve ser tomada como ponto de partida para a compreensão e 
interpretação de processos sociais e econômicos e de suas relações com o equi-
líbrio dos ecossistemas.
As discussões iniciais sobre sustentabilidade foram de responsabilidade 
do Clube de Roma em 1968. Segundo Kruguer (2001), o Clube de Roma cor-
respondia a uma organização formada por cientistas, pedagogos, economistas, 
representantes da indústria e colaboradores reunidos com o objetivo de deba-
ter a crise da humanidade. 
Antes de surgirem as discussões acerca de sustentabilidade e sobre o desen-
volvimento sustentável, veio à tona o termo ecodesenvolvimento idealizado por 
Ignach Sachs, por volta de 1970 que antecipou a formalização dos ideais promo-
vidos pela sustentabilidade, porém, na época o autor discutia o papel do homem 
no processo de desenvolvimento, como protagonista ou vítima (CHACON, 2007). 
Ainda, segundo Chacon (2007), o ecodesenvolvimento significa um desenvol-
vimento socioeconômico equitativo e implica na escolha de um processo de 
desenvolvimento ou crescimento que também contemple a dimensão ambiental 
e reconheça sua importância; a problemática relacionada a este conceito ocorreu 
em função da dicotomia entre os termos crescimento e desenvolvimento, uma 
vez que o crescimento ocorre em termos econômicos em determinado tempo 
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em dado espaço territorial enquanto o desenvolvimento se dá em função da dis-
tribuição equitativa dos resultados do crescimento para a população.
Logo, somente o crescimento não induz espontaneamente a equidade social 
e tão pouco a eficiência alocativa de recursos naturais, seria necessária a coor-
denação pública, presença da sociedade civil em um processo cooperativo para 
alcançar o desenvolvimento equitativo que não degrade ambiente (MENEGETTI, 
2004). Já a sustentabilidade, segundo a World Comission on Environment and 
Development, propõe a estar diretamente ligada ao desenvolvimento econômico 
sem a agressão do meio ambiente, utilizando recursos de forma inteligente, garan-
tindo assim o desenvolvimento sustentável (WCED, 1987).
As mais diversas reflexões sobre desenvolvimento sustentável e sustentabi-
lidade buscam, em geral, possibilitar a construção de processos econômicos e 
sustentáveis dentro dos mais variados segmentos, como por exemplo a agricul-
tura sustentável, indústria sustentável, sociedade sustentável, dentre outros. Em 
uma analogia simples, Merico (2002), sugere que ser sustentável é tornar as “coi-
sas” permanentes ou duráveis.
Portanto, caro(a) aluno(a), a transição de uma simples consciência susten-
tável social para o desenvolvimento sustentável propriamente dito se caracteriza 
como um processo bastante lento, que requer paciência, tempo e sobretudo, 
participação ativa da sociedade na construção de projetos, leis e políticas públi-
cas. Exato, a cidadania e a ética se fazem mais que relevantes quando se discute 
estas temáticas!
Desde a revolução industrial, tais temas têm sido enfoque de eventos, con-
ferências e debates, em especial por se tratar de um desafio coletivo e de escala 
global. Tal afirmação se faz relevante, pois a coletividade, mencionada ante-
riormente, contempla os mais variados “setores” da sociedade, em especial o 
coorporativo (XAVIER et al., 2015). Na Tabela 2 estão sumarizados diversos 
marcos históricos relevantes para a definição destes conceitos:
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Tabela 2 - Marcos históricos que contribuíram para o desenvolvimento dos conceitos sustentabilidade e 
desenvolvimento sustentável.
MARCO 
HISTÓRICO 
ANO DESCRIÇÃO
Clube de 
Roma
1968 Dentre outras funções citadas anteriormente o clube 
de Roma possuía por finalidade discutir sobre temá-
ticas ou complexo de problemas relevantes para o 
período, como: a degradação ambiental; a crescente 
pobreza em meio a riqueza; o crescimento urbano 
descontrolado; a insegurança econômica e outras 
questões monetárias. O clube de Roma ainda prega-
va pela visão sistêmica de compreensão global, em 
outras palavras, defendiam que era possível compre-
ender o mundo com um sistema único.
Conferência 
de Estocolmo
1972 Esta conferência foi considerada um marco ambiental 
internacional contemporâneo, pois foi a primeira reu-
nião mundial a tratar da temática em escala global. As 
temáticas lá debatidas continuam a influenciar a im-
portantes discussões e, principalmente, a formulação 
de políticas ambientais por todo o mundo. A confe-
rência produziu a “Declaração sobre o Meio Ambiente 
Humano”, que corresponde a uma declaração dos 
princípios e responsabilidades que deveriam nortear 
às decisões concernentes ao meio ambiente.
A criação do: 
Programa 
das Nações 
Unidas 
para o Meio 
Ambiente 
(PNUMA) 
1972-
1973
Criada como uma agência da ONU voltada para as te-
máticas ambientais e considerada uma “consequência” 
a conferência de Estocolmo. A agência atua apoian-
do instituições em seus processos de governança 
ambiental, estando relacionada a uma ampla gama de 
instituições dos setores governamentais, não-gover-
namentais, acadêmico e privado. A agência interna-
cional avalia as condições e tendências ambientais 
globais; o desenvolvimento de instrumentos ambien-
tais nacionais e internacionais. Dentre seus objetivos 
figuram o monitoramento do meio ambiente em 
escalaglobal; alertar as nações sobre os problemas 
ambientais existentes e a recomendação de medidas 
que auxiliem na qualidade de vida da população, bus-
cando o não comprometimento dos recursos naturais 
e serviços ambientais para as futuras gerações. 
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 Conferência 
das Nações 
Unidas para o 
Meio Ambien-
te e o Desen-
volvimento 
(Cnumad)
1992 Aprovada pela Assembleia das Nações Unidas em 
1989, a Cnumad é também conhecida como Rio-92. 
Dentre os efeitos mais efetivos da Rio-92 se desta-
cam a criação da Convenção da Biodiversidade e das 
Mudanças Climáticas (que posteriormente resultou no 
Protocolo de Kyoto), a Declaração do Rio e a Agenda 
21. A Declaração do Rio relaciona meio ambiente e 
desenvolvimento, mediante a uma boa gestão dos 
recursos naturais e sem comprometer o modelo 
econômico expansionista da época. Já a agenda 21 
caracteriza-se como um instrumento de planejamen-
to para a construção de sociedades sustentáveis em 
diferentes localidades geográficas, a agenda concilia 
métodos de eficiência econômica, proteção ambiental 
e justiça social.
Protocolo de 
Kyoto
1997 Também considerado um grande marco, o protocolo 
estabeleceu metas para a redução da emissão de ga-
ses causadores do efeito estufa e propôs mecanismos 
adicionais de implementação para que este objetivo 
fosse alcançado. Dentre os mecanismos propostos en-
contrava-se o mecanismo de desenvolvimento limpo 
(MDL), que possibilitava a participação de países em 
desenvolvimento em cooperação com países desen-
volvidos. O objetivo deste mecanismo consistia na 
redução das emissões mediante ao investimentos em 
tecnologias eficientes, a substituição de fontes tradi-
cionais de energia fósseis por renováveis, a racionaliza-
ção do uso de energia, o reflorestamento, entre outros.
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A Cúpula 
Mundial 
sobre Desen-
volvimento 
Sustentável 
(CMDS) ou 
Rio+10
2002 O propósito desta conferência foi obter um plano de 
ação factível. Dentre os desafios citados no documen-
to, persistiam diversos problemas ambientais globais. 
Entretanto, foram pela primeira vez mencionados os 
problemas relacionados à globalização, uma vez que 
os benefícios e os custos a ela atrelados estão distribu-
ídos desigualmente. Foi apontado também o risco das 
condições extremas de pobreza gerar a desconfiança 
nos sistemas democráticos, resultando no surgimento 
de sistemas ditatoriais. Como medidas detalhadas, fo-
ram sugeridos aumentar a proteção da biodiversidade 
e o acesso à água potável, ao saneamento, ao abrigo, 
à energia, à saúde e à segurança alimentar. Bem como 
priorizar o combate a diversas situações adversas: 
fome crônica, desnutrição, ocupação estrangeira, con-
flitos armados, narcotráfico, crime organizado, corrup-
ção, desastres naturais, tráfico ilícito de armas, tráfico 
de pessoas, terrorismo, xenofobia, doenças crônicas 
transmissíveis (aids, malária, tuberculose e outras), in-
tolerância e incitação a ódios raciais, étnicos e religio-
sos. Para atingir os objetivos, o documento ressalta a 
importância de instituições multilaterais e internacio-
nais mais efetivas, democráticas e responsáveis.
Rio + 20 Junho 
de 
2012
Realizada no Rio de Janeiro, a conferência teve por 
objetivo renovar o comprometimento dos líderes 
mundiais com o desenvolvimento sustentável. O docu-
mento confeccionando após o evento foi intitulado “O 
Futuro que Nós
Queremos”, e retrata as principais ameaças ao pla-
neta, sendo alguns exemplos: a desertificação, o 
esgotamento dos recursos pesqueiros, contaminação, 
desmatamento, extinção de espécies e aquecimento 
global.
Fonte: Kruger (2001); Alencastro (2012); Brasil (2004); Lopes (2002); PNUMA (2014); CDMAALC (1991); 
Diniz (2002).
Torna-se interessante observar como se deu a trajetória histórica destes conceitos 
e como diversas dificuldades foram superadas. Lembrando que não foram apenas 
estes os eventos que influenciaram a temática ambiental em escala global como a 
conhecemos, inúmeros outros tiveram grande relevância assim como inúmeros 
outros serão responsáveis por alterar o cenário atual das condições ambientais. 
Neste ponto de sua leitura você deve estar se perguntando, mas afinal o que 
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diferencia a sustentabilidade do desenvolvimento sustentável? Iremos elucidar!
Segundo Dovers e Handmer (1992), a sustentabilidade se caracteriza como 
a capacidade de um sistema, seja ele humano, natural ou misto de se adaptar a 
mudança interna ou externa por tempo indeterminado, já o desenvolvimento 
sustentável é uma via de melhoria e mudança intencional que responde às neces-
sidades populacionais atuais. Ou seja, na primeira visão o desenvolvimento 
sustentável trata do caminho para alcançar a sustentabilidade, sendo a susten-
tabilidade considerada o objetivo final a ser alcançado a longo prazo.
Entretanto, é válido destacar que pautado em algumas das discussões ambien-
tais da época, em 1994, Elkington criou o termo “Triple Bottom Line” ou Tripé 
da Sustentabilidade, definindo sustentabilidade como o equilíbrio os pilares: 
ambiental, social e econômico. Dando origem à famosa imagem da sustentabi-
lidade amplamente utilizada no segmento empresarial.
No contexto empresarial, espera-se que as empresas contribuam de forma 
progressiva com a sustentabilidade, sobretudo quando precisam de mercados 
estáveis e, para tanto, elas devem possuir habilidades tecnológicas, financei-
ras e de gerenciamento, que possibilitem a transição rumo ao desenvolvimento 
sustentável (ELKINGTON, 2001). Temos aqui, caro(a) aluno(a), uma segunda 
visão, diferente da primeira: em que o desenvolvimento sustentável é o objetivo 
a ser alcançado e a sustentabilidade é o processo para atingir, se atingir o desen-
volvimento sustentável.
Iremos explorar as ferramentas da sustentabilidade no contexto empresa-
rial em um segundo momento!
O relevante, aqui, é compreender que ambas as abordagens estão corretas e 
que o amplo interesse e busca por estes conceitos fez com diversas abordagens 
ambientais surgissem nos mais variados segmentos, como economia, engenharia, 
ecologia, administração e outros, sendo as estratégias listadas a seguir, segundo 
Glavi e Lukman (2007), “derivadas” destes conceitos:
 ■ Produção mais limpa;
 ■ Controle de poluição;
 ■ Eco-eficiência;
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 ■ Gestão Ambiental;
 ■ Responsabilidade Social;
 ■ Ecologia Industrial;
 ■ Investimentos éticos;
 ■ Economia Verde;
 ■ Eco-design;
 ■ Reúso;
 ■ Consumo sustentável;
 ■ Resíduos zero, e outros.
Todos estes conceitos citados serão muito relevantes e se farão presentes ao 
longo de sua carreira como futuro profissional deste segmento, seja como um 
desafio ou requisito de implementação ou como um objetivo a ser alcançado! 
As ferramentas de sustentabilidade empresarial serão apresentadas na Unidade 
V deste material.
Os diferentes selos ambientais existentes possuem como finalidade infor-
mar aos consumidores que determinados produtos passaram por auditorias 
internas ou autorreguladoras e externas ou independentes de qualidade.Saiba mais sobre os diferentes selos de qualidade acessando: <https://sus-
tentarqui.com.br/dicas/uma-breve-historia-sobre-os-selos-verdes/>.
Fonte: o autor.
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DINÂMICAS AMBIENTAIS
Este tópico destina-se ao conhecimento de alguns conceitos básicos acerca das 
dinâmicas ambientais existentes. Torna-se importante conhecer as dinâmicas 
ambientais naturais para que seja possível compreender, efetivamente, a exten-
são dos impactos ambientais causados pelas ações antrópicas e também pelos 
processos produtivos. Inicialmente iremos relembrar acerca da hierarquia dos 
níveis ecológicos ou hierarquia dos níveis de organização ecológica.
HIERARQUIA E ORGANIZAÇÃO ECOLÓGICA
A hierarquia dos níveis ecológicos é representada pela seguinte cadeia inicial: 
Átomo < Molécula < Organelas celulares < Célula < Tecido < Órgão < Sistemas < 
Organismo. Assim, temos uma breve retomada evolutiva da formação dos indi-
víduos e com diferentes indivíduos, passamos a seguinte cadeia: Organismo < 
Populações < Comunidades ou Biocenose < Ecossistemas < Biomas < Biosfera. 
Lembrando que cada subconjunto apresentado é menor do que o próximo, sendo 
a biosfera, considerada o maior nível. A Figura 1 representa todo o sistema de 
hierarquização ecológico.
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Figura 2 - Sistema de Hierarquização Ecológico
Conhecer estes níveis hierárquicos se torna relevante, pois nos auxilia a com-
preender a dimensão dos impactos causados e a extensão biológica do mesmo. 
Sendo assim, vamos às definições, com enfoque nos níveis superiores, iniciando 
nos organismos!
Organismo: uma forma de vida individual e livre composta pela associa-
ção de sistemas, órgãos e tecidos que operam e realizam suas funções de forma 
conjunta para proporcionar as condições favoráveis à vida. Para a ecologia, tra-
ta-se de uma unidade fundamental de estudos. 
Populações: populações podem ser definidas como grupos de indivíduos 
pertencentes a uma mesma espécie presentes e ocupantes de uma determinada 
área por um período de tempo. Além disso, uma população apresenta como 
característica uma ampla probabilidade de realiza cruzamento entre si, quando 
consideramos fatores como localização geográfica e outros fatores favoráveis. 
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Comunidades: consistem de populações que coexistem e habitam o mesmo 
ambiente, interagindo de forma organizada é denominada comunidade. Sendo 
cada indivíduo associado a seu respectivo nicho ecológico existente. 
Ecossistemas: trata-se de um meio no qual os organismos interagem com 
o meio ambiente, realizando trocas de matéria e energia pelas vias existentes. 
Em outras palavras a interação dos seres bióticos (seres vivos) com os abióticos 
(solo, água, recursos minerais, dentre outros). 
Biomas: segundo Colinvaux (1993), um bioma é composto por um con-
junto de ecossistemas, em uma larga escala geográfica, no qual as plantas ou as 
formações vegetais se destacam como características, assim como suas as especi-
ficidades climáticas. São exemplos de biomas brasileiros: a Caatinga, o Cerrado, 
a floresta amazônica, a mata atlântica, o Pantanal, os pampas, dentre outros.
Biosfera: a biosfera se caracteriza como a junção das interações que ocor-
rem entre a atmosfera, hidrosfera e a litosfera. Sendo cada uma delas, segundo 
Rosa et al. (2003) correspondente às seguintes porções:
 ■ Atmosfera: porção gasosa da Terra e seus componentes.
 ■ Hidrosfera: porção aquosa da Terra e seus componentes.
 ■ Litosfera: porção mineral da Terra e seus componentes.
O conhecimento apropriado sobre estes conceitos nos faz refletir sobre a propor-
ção dos impactos causados, não só em uma escala empresarial/industrial, mas 
também como nossas atitudes cotidianas podem desencadear impactos mais 
amplos e significativos do que o imaginado. Para realizar um manejo adequado 
de uma atividade impactante, segundo Peroni e Hernandéz (2011), é essencial 
considerar todas as características e dinâmicas das populações, comunidades e 
ecossistemas envolvidos, especialmente quando as ações humanas podem favo-
recer o desenvolvimento de uma população, enquanto outras podem aumentar 
o número de mortes. 
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FATORES LIMITANTES AO DESENVOLVIMENTO DOS SERES 
VIVOS
Quando pensamos em fatores limitantes ao desenvolvimento dos seres vivos 
somos imediatamente direcionados aos recursos disponíveis. Claro que existe 
uma relação entre disponibilidade de recursos e o desenvolvimento de uma 
população, assim como a retirada de recursos pode levar à extinção de deter-
minada população. Segundo Santos (2006), a variação na densidade população 
está relacionada aos fatores que influenciam nas taxas de natalidade, mortali-
dade, imigração e emigração. 
Como mencionado anteriormente, os fatores ecológicos podem ser clas-
sificados em bióticos e abióticos, porém devemos levar em consideração que 
a importância dos mesmos varia de acordo com o ambiente ou área estudada/
impactada e de acordo a pressão exercida sobre os recursos renováveis e não 
renováveis. Para facilitar a compreensão, vamos conhecer um pouco mais sobre 
os fatores ecológicos que são limitantes ao crescimento dos seres vivos.
Luz ou intensidade luminosa
Conforme Lovato (1993), a intensidade da luz solar incidente afeta a fotossíntese 
dos vegetais, crescimento da parte aérea, distribuição da matéria seca e, conse-
quentemente, o rendimento fotossintetizante. Exercendo efeitos sobre outros 
fatores ambientais, principalmente a temperatura.
Sobre ambientes aquáticos continentais e costeiros, o grau de intensidade 
luminosa está relacionada à atividade de algas flutuantes e sésseis e da diversi-
dade de seres planctônicos. A intensidade da luz ainda serve como parâmetro 
indicativo da quantidade de partículas em suspensão (turbidez).
Em relação aos animais, a luminosidade está diretamente relacionada a 
hábitos de repouso ou atividade, uma vez que haverá atividade animal nos mais 
variados nichos ecológicos diurnos, noturnos e crepusculares. A variação deste 
fator relaciona-se com a hibernação de mamíferos, o metabolismo metabolismo 
de seres exotérmicos e com a migração em aves (SANTOS, 2006).
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Temperatura
O fator temperatura se destaca como um dos mais relevantes, pois afeta direta-
mente na distribuição de espécies animais e vegetais, influenciando todas as fases 
do ciclo vital dos seres vivos. Atualmente, existe grande discussão acerca dos 
efeitos que são observados e que serão observados no futuro devido às mudan-
ças climáticas geradas pela liberação excessivas de gases relacionados ao efeito 
estufa na atmosfera.
Para os vegetais, a temperatura influi grandemente o rendimento de tubér-
culos, uma vez que afeta a fotossíntese e respiração. A magnitude do seu efeito 
depende de quanto influencia no desenvolvimento da parte aérea, na distribui-
ção da matéria seca produzida e, consequentemente, na qualidade de suporte 
do solo (LOVATO, 1993).
No caso dos animais para a temperatura ambiente são definidas zonasde 
conforto térmico e de termoneutralidade específicas para as diferentes espécies 
de animais (PORTUGAL et al., 2000).
Umidade
É fato que a umidade e o acesso à água são dois fatores primordiais para a distri-
buição da fauna e da flora global. Porém a umidade é diretamente influenciada 
pela disponibilidade de recursos hídricos, pela temperatura e pela intensidade 
luminosa. Quando associado o fator temperatura, torna-se responsável pelo con-
forto térmico de animais e pelo fator determinante na respiração e transpiração 
vegetal. Na agricultura de precisão, por exemplo, a umidade do solo torna-se 
um fator limitante e imprescindível, especialmente quando se tem por objetivo 
um manejo adequado do solo visando ao aumento na produção. 
Recursos
A disponibilidade de recursos pode ser considerada o fator mais relevante para 
a sobrevivência e desenvolvimento de espécies especialmente quando associada 
à capacidade de adaptação ou tolerância às condições locais. Os organismos ou 
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indivíduos podem tolerar alterações bruscas no ambiente por um curto perí-
odo de tempo, ou seja, as condições para ao desenvolvimento de cada espécie 
são sempre espécie-específicas. 
Entretanto, os indivíduos e suas atividades não irão esgotar os recursos dis-
poníveis, via de regra, isso acontece sob condições de estresse populacional 
(quando, por alguma razão, não natural eles são forçados a consumir outra fonte 
de alimento ou quando há a introdução de uma espécie exótica no ambiente 
em questão) e quando o ser humano esgota esses recursos ou passa a utilizá-los 
de forma não racional. Um exemplo de estresse populacional podem ser com-
petição intra e interespecífica devido à diminuição de espaço ou território útil. 
pH e salinidade
A salinidade e o potencial de hidrogênio iônico (pH) são fatores primordiais 
para a abundância dos seres vivos, especialmente em ambientes aquáticos con-
tinentais e costeiros. Com exceção de algumas bactérias que toleram condições 
extremas, os demais seres vivos não toleram pHs extremamente ácidos (abaixo 
de 3) ou extremamente alcalinos (acima de 9). 
Esses parâmetros costumam sofrer alterações imediatas após o despejo de 
efluentes ou substâncias sem o devido tratamento em corpos hídricos, alterando, 
drasticamente, as condições favoráveis ao desenvolvimento da fauna e da flora 
aquática e consequentes dos demais seres vivos que se utilizam da água dispo-
nível para sua sobrevivência/atividades.
Sobre os vegetais, estes parâmetros influência na absorção dos nutrientes pelas 
raízes, limitam o desenvolvimento de fungos benéficos às plantas no ambientes 
aquáticos. No solo, também levam a limitação da produção vegetal, dificultando 
o desenvolvimento de culturas ou espécies vegetais.
CICLOS BIOGEOQUÍMICOS
Neste sub tópico, caro(a) aluno(a), iremos conhecer as dinâmicas elementares exis-
tentes na biosfera, mencionadas logo no início desta unidade. Desconsiderando 
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os eventos catastróficos isolados e específicos que acontecem de maneira espo-
rádica na história da humanidade, é possível afirmar, de forma grosseira, que 
nosso planeta é constituído por um sistema químico/biológico/geológico fechado 
cujas reações responsáveis pela manutenção da vida aqui existente, são influen-
ciadas e regidas pela energia solar.
Entretanto, historicamente, inúmeras alterações aconteceram na superfície 
terrestre, modificando a biosfera e impulsionando o desenvolvimento da vida 
como nós a conhecemos, dentre estas alterações, podemos destacar a interação 
entre o oxigênio presente na atmosfera com a litosfera e a hidrosfera, e o advento/
desenvolvimento dos seres fotossintetizantes. Neste contexto, e em face destas 
alterações, a complexidade das reações e interações bioquímicas, ou ciclos bio-
geoquímicos, que acontecem na biosfera terrestre passaram a ser diferentes, ao 
passo que pouquíssimas reações do nosso planeta ocorrem sem influência direta 
ou direta da biosfera.
Por tanto, podemos definir ciclo biogeoquímico segundo Rosa et al. (2003, 
p. 9):
[...]Os ciclos biogeoquímicos são processos que por diversos meios 
reciclam vários elementos em diferentes formas químicas, do meio 
ambiente para os organismos e depois, fazem o processo contrário, ou 
seja, trazem esses elementos dos organismos para o ambiente. Desta 
forma a água, o carbono, o oxigênio, o nitrogênio, o fósforo, o cálcio e 
outros elementos, percorrem esses ciclos, unindo todos os componen-
tes vivos e não vivos da Terra. 
No contexto, anteriormente apresentado, um ciclo biogeoquímico pode ser enten-
dido como o movimento ou a ciclagem de elementos químicos específicos pela 
biosfera, que podem ou não sofre influência antrópica.
Ainda, em uma perspectiva histórica, as alterações químicas e biológicas 
que acontecem na biosfera e que têm origem natural passaram a acontecer de 
forma “lenta”, sendo as alterações e reações que acontecem de forma acelerada, 
fomentadas por uma pressão externa, destacando-se principalmente a interven-
ção antrópica. Devemos compreender e reconhecer que as reações bioquímicas 
que ocorrem atualmente na superfície terrestre agora sofrem alguma influência 
direta ou indireta do homem e dos processos desenvolvidos, sendo necessário que 
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a humanidade passe a contribuir com soluções para as diferentes problemáticas 
ambientais existentes. Para tanto, inicialmente, torna-se necessário conceituar 
e compreender os diferentes ciclos biogeoquímicos, que devido a sua relevân-
cia, irão nos orientar a uma compreensão sistemática da dinâmica na biosfera.
O Ciclo da Água
A água é de fundamental importância para a manutenção da vida na Terra, por-
tanto, discutir sua relevância, nas mais diversas dimensões, implica em discutir: 
a sobrevivência da espécie humana, o equilíbrio e a conservação da biodiversi-
dade e as relações de dependência dos seres vivos para com os ambientes naturais 
(BACCI, PATACA, 2008).
Um ciclo biogeoquímico está intimamente relacionado aos diferentes 
processos biológicos, hidrológicos e geológicos, sendo estes, referentes à dispo-
nibilização e redisponibilização de um elemento específico, no presente caso, a 
água. A água pode ser representada quimicamente pela molécula H2O, na qual 
os elementos hidrogênio e oxigênio se combinaram para dar origem ao elemento 
fundamental para a existência da vida.
O ciclo da água ganha destaque uma vez que é responsável pela maior movi-
mentação de uma substância química pela superfície terrestre. No ciclo da água 
inúmeros processos ocorrem para a redisponibilização da água, que podem 
incluir os diferentes estados físicos desta matéria: Líquido, Sólido e Gasoso. Os 
processos envolvidos no referido ciclo estão expressos na Tabela 3:
Tabela 3 - Estados físicos da água
PROCESSO FENÔMENOS QUE OCORREM NO PROCESSO
Liquefação Ou condensação, marca a transição do estado 
gasoso para o estado líquido decorrente do resfria-
mento (arrefecimento). Como exemplo: O orvalho 
das plantas.
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Fusão Transição do estado sólido para o líquido, induzida 
por diferentes fontes de energia, sendo a principal 
a energiasolar (em forma de calor). Esse proces-
so ocorre quando a energia na forma de calor é 
superior ao ponto de fusão (0 ºC) da água em estado 
sólido.
Solidificação Transição do estado líquido para o estado sólido 
mediante a temperaturas iguais ou inferiores a 0 ºC.
Sublimação Transição do estado sólido para o estado gasoso, 
via aquecimento. Também denomina a mudança do 
estado gasoso para o estado sólido (ressublimação) 
por arrefecimento.
Vaporização Transição do estado líquido para o gasoso, no qual 
o ponto de ebulição da água é alcançado em 100 
ºC. Dentro deste processo destacam-se também 
a ebulição e a evaporação que relacionam-se a 
velocidade de aquecimento, sendo rápida ou lenta, 
respectivamente.
Fonte: adaptado de Peruzzo e Canto (2003).
Os diferentes processos deste ciclo em ambientes naturais podem ser observa-
dos na Figura 3:
PERCOLAÇÃO
PRECIPITAÇÃO
CONDENSAÇÃO
EVAPORAÇÃO
TRANSPIRAÇÃO
ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
Lorem ipsum
Figura 4 - Ciclo da água em ambientes naturais 
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Apesar da redisponibilização deste recurso mediante a um ciclo, sua utilização 
e disponibilidade deve ser considerada, uma vez que nosso planeta possui dois 
terços de sua superfície cobertos por água (360 milhões Km2 de um total de 510 
milhões Km2) (GOMES, BARBIERI, 2004). Entretanto, cerca de 98% da água 
disponível é salgada, imprópria para consumo direto sem tratamento adequado, 
que apresenta alto custo, sendo somente os 2% restantes correspondentes a água 
doce, desta porção (2%), valores superiores a 68,9% estão dispostos em geleiras, 
29,9% em reservatórios subterrâneos de difícil acesso e apenas 1,2% está dispo-
nível em rios e lagos (SENRA, 2001).
No que tange a sua utilização, segundo Garrido (2000, p. 58):
[...] A água doce é um recurso material limitado e com múltiplas fun-
ções; portanto, com diferentes tipos de usos. Para o abastecimento hu-
mano, a água é matéria-prima; para a atividade industrial e de irriga-
ção, a água pode ser insumo e matéria-prima; para a navegação, a água 
é leito navegável; para atividades de recreação e lazer, a água é parte da 
beleza cênica; para as atividades de pesca, a água é o meio onde vivem 
as espécies; para o esgotamento de efluentes urbanos e industriais, a 
água é corpo diluidor e para a produção de energia é necessário explo-
rar os movimentos da água transformando energia cinética em elétrica. 
Ainda em relação às reservas de água, algumas estimativas de volumes armaze-
nados nos diferentes reservatórios estão dispostos na Tabela 4.
 Tabela 4 - Diferentes reservatórios de água e seus volumes estimados
RESERVATÓRIO VOLUME ESTIMADO
Oceanos 1.350.000.000 Km3.
Geleiras 33.000.000 km3.
Águas subterrâneas 15.300.000 km3.
Solos 121.800 km3.
Atmosfera 13.000 km3.
Fonte: adaptado de Aduan et al. (2004).
A transição dentre os volumes presentes nos reservatórios citados acima também 
se faz relevante, sendo os principais reguladores destes fluxos, os índices de preci-
pitação e a vegetação. Nesse sentido, a preservação da vegetação (responsáveis pelo 
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fenômeno evapotranspiração) e sobretudo, a manutenção das extensões territo-
riais recobertas de vegetação nativa remanescente se faz de extrema importância. 
Além deste fator, a poluição atmosférica também é preocupante, visto que a qua-
lidade atmosférica pode resultar em alterações na qualidade das águas pluviais.
Historicamente, a presença ou ausência deste recurso, foi e será responsável 
pela tramitação histórica da humanidade, pelo desenvolvimento de costumes e 
hábitos sociais, pela determinação da ocupação de territórios, pela extinção de 
espécies e, por fim, pelo futuro de gerações. O planeta Terra não seria propício à 
vida caso não houvesse a disponibilidade deste recurso e, apesar de se caracterizar 
como um recurso abundante, sua ausência ou um déficit hídrico representaria 
uma limitação na produtividade primária do planeta (SAUTCHUCK, 2004), 
impactando também em sistemas agronômicos (BERNARDO, 2002), pecuários 
e nos mais variados processos de beneficiamento. 
Por fim, se faz relevante considerar a utilização e a reutilização que se dá a 
este recurso, aliás, caro(a) leitor(a), essa preocupação ganhou espaço conside-
rável no cenário mundial nas últimas décadas “unificando” diversas áreas do 
conhecimento, na busca/desenvolvimento de soluções interdisciplinares para 
a recuperação/tratamento e soluções de problemáticas voltadas a este recurso. 
Outras informações acerca das técnicas de tratamento de água serão exploradas 
na Unidade II deste material didático.
O ciclo do Carbono: o carbono é o elemento mais essencial para a vida na 
Terra, em específico por ampla sua disponibilidade e capacidade de associação/
formação de até 4 ligações covalentes. Essa capacidade possibilitou a esse elemento 
constituir ou estar presente em uma ampla variedade de moléculas inorgânicas, 
orgânicas e compostos essenciais, como proteínas, lipídios, carboidratos e pig-
mentos (SOUZA et al., 2012). Além das moléculas, o carbono está presente na 
atmosfera terrestre em uma de suas associações mais simples, na forma CO2.
O que se faz muito relevante em relação ao ciclo do carbono, é que o mesmo 
está presente nos inúmeros processos naturais que realizam interações com a 
atmosfera, bem como nas interações dos processos do continente com os oce-
anos, ou seja, relacionam-se aos seres vivos quando os seres fotossintetizantes 
utilizam o CO2 atmosférico ou os carbonatos e bicarbonatos dissolvidos na água 
na síntese de compostos orgânicos que irão suprir suas necessidades (ROSA et al., 
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2003). Ainda segundo os autores, da mesma maneira, as bactérias que realizam 
a quimiossíntese, produzem compostos essenciais, normalmente carboidratos, 
a partir do CO2 livre na atmosfera.
Outros processos naturais que estão envolvidos na ciclagem/movimentação 
do carbono são a fotossíntese realizada pelos organismos planctônicos, a respira-
ção celular realizada pelos seres vivos, o processo de decomposição da matéria e 
a dissolução oceânica, tal movimentação cíclica também pode ser definida como 
ciclo global do carbono (ADUAN et al., 2004).
Portanto, caro(a) leitor(a), é fato que a vida na biosfera só foi possível graças 
presença e a atividade dos seres clorofilados. Tal fato evidencia a necessidade de 
preservação destes organismos, uma vez que um déficit na produção primárias 
implicaria também na dificuldade de manutenção dos níveis de CO2 atmosféri-
cos e na ausência de um dos principais subprodutos da fotossíntese, o oxigênio.
Segundo Aduan e colaboradores (2004), ao contrário do que acontece com 
o ciclo da água, em que as atividades antrópicas influenciam no fluxo ou índices 
de ciclos já existentes, para o ciclo do carbono, a influência humana cria novos 
fluxos, antes desconhecidos, como exemplo, a queima de combustíveis fósseis 
como o carvão mineral e o petróleo, responsáveis por um excessivo aporte de 
dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. Este excessivo aporte se faz preocu-
pante, especialmente pelos efeitos negativos a manutenção da qualidade de vida 
na Terra, pois conforme Pacheco e Helene (1990, p. 215):
[...] as moléculas de nitrogênio, oxigênio e argônio que constituem 
quase a totalidade do ar são transparentes

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