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Estrutura geral da Mecaˆnica Quaˆntica Neste cap´ıtulo desenvolveremos o formalismo da Mecaˆnica Quaˆntica. Terminologia, notac¸a˜o e base matema´tica necessa´ria para descrever a estrutura da teoria e que permite estender a interpretac¸a˜o estat´ıstica para qualquer observa´vel. No desenvolvimento do formalismo enunciaremos os princ´ıpios fundamentais da Mecaˆnica Quaˆntica e discutiremos os conceitos necessa´rios para entendeˆ-los. 1 Postulados da Mecaˆnica Quaˆntica Postulado 1 O estado do sistema e´ representado por um vetor num espac¸o vetorial complexo munido de um produto escalar hermiteano, o espac¸o de vetores de estado. Notac¸a˜o: vetor de estado, ∣휓⟩. Produto escalar de dois vetores: ∣휙⟩ e ∣휓⟩, ⟨휙∣휓⟩. Postulado 2 (Generalizac¸a˜o da hipo´tese estat´ıstica) Os observa´veis sa˜o representados por operadores her- miteanos. O resultado da medida de um observa´vel 퐴ˆ e´ um dos seus autovalores. A probabilidade de acharmos o valor 푎푖 numa medida de 퐴ˆ, se o sistema esta´ no estado ∣휓⟩, e´ o mo´dulo ao quadrado do produto escalar de ∣휓⟩ com o autovetor de 퐴ˆ com autovalor 푎푖, 푝(푎푖, 휓) = ∣⟨푎푖∣휓⟩∣2, 퐴ˆ∣푎푖⟩ = 푎푖∣푎푖⟩. Postulado 3 (Reduc¸a˜o do pacote de onda) Se numa medida do observa´vel 퐴ˆ acharmos o valor 푎푖, o sis- tema muda de um modo abrupto para o auto-estado de 퐴ˆ com esse autovalor. Caso particular: se o sistema esta´ num auto-estado do observa´vel 퐴ˆ de autovalor 푎푖, numa medida desse observa´vel acharemos 푎푖 com certeza e o estado do sistema na˜o muda. 2 Espac¸o dos vetores de estado Vamos retomar o enunciado do postulado 1. O estado do sistema e´ representado por um vetor num espac¸o vetorial complexo munido de um produto escalar hermiteano, o espac¸o de vetores de estado. Observac¸a˜o sobre notac¸a˜o: vamos adotar uma notac¸a˜o para os vetores de estado devido a Dirac, ∣훼⟩, onde 훼 e´ o ro´tulo identificador do vetor de estado. Um espac¸o vetorial consiste de um conjunto de vetores, (∣훼⟩, ∣훽⟩, ∣훾⟩, . . .), e um conjunto de escalares (푎, 푏, 푐, . . .) onde esta˜o definidas duas operac¸o˜es, adic¸a˜o de vetores e multiplicac¸a˜o por um escalar. ∙ Adic¸a˜o de vetores: A soma de dois vetores e´ outro vetor, ∣훼⟩+ ∣훽⟩ = ∣훾⟩. A adic¸a˜o de dois vetores e´ comutativa, ∣훼⟩+ ∣훽⟩ = ∣훽⟩+ ∣훼⟩, 1 e associativa, ∣훼⟩+ (∣훽⟩+ ∣훾⟩) = (∣훼⟩+ ∣훽⟩) + ∣훾⟩. Existe um vetor nulo ∣⊗⟩ tal que ∣훼⟩+ ∣⊗⟩ = ∣훼⟩ para qualquer ∣훼⟩. Para qualquer vetor ∣훼⟩, existe um vetor que e´ o seu inverso tal que ∣훼⟩+ ∣ − 훼⟩ = ∣⊗⟩. ∙ Multiplicac¸a˜o por um escalar: A multiplicac¸a˜o de um vetor por um escalar e´ outro vetor, 푎∣훼⟩ = ∣훾⟩. A multiplicac¸a˜o por um escalar e´ distributiva com respeito a` adic¸a˜o de vetores, 푎(∣훼⟩+ ∣훽⟩) = 푎∣훼⟩+ 푎∣훽⟩, e com respeito a` adic¸a˜o de escalares, (푎+ 푏)∣훼⟩ = 푎∣훼⟩+ 푏∣훼⟩. E´ associativa com respeito a` multiplicac¸a˜o de escalares, 푎(푏∣훼⟩) = (푎푏)∣훼⟩. 2.1 Produto Escalar O espac¸o de vetores de estado e´ munido de um produto escalar hermiteano. O produto escalar e´ uma operac¸a˜o que associa a todo par de vetores,∣훼⟩, ∣훽⟩, um nu´mero complexo denotado pelo s´ımbolo ⟨훽∣훼⟩, satisfazendo as seguintes propiedades : a) ⟨훽∣훼⟩ = ⟨훼∣훽⟩∗ b) ⟨훼∣(∣훽⟩+ ∣훾⟩) = ⟨훼∣훽⟩+ ⟨훼∣훾⟩ c) ⟨훼∣푐훽⟩ = 푐⟨훼∣훽⟩ d) ⟨훼∣훼⟩ = ⟨훼∣훼⟩∗ ≥ 0, ⟨훼∣훼⟩ = 0 se e somente se ∣훼⟩ = ∣⊗⟩ Das propiedades a) e c) segue que ⟨푐훼∣훽⟩ = 푐∗⟨훼∣훽⟩ E das propiedades a) e b) segue que (⟨푏훽∣+ ⟨푐훾)∣훼⟩ = 푏∗⟨훽∣훼⟩+ 푐∗⟨훾∣훼⟩ Exerc´ıcio 1: a) Deduza a desigualdade de Schwarz: ∣⟨훼∣훽⟩∣2 ≤ ⟨훼∣훼⟩⟨훽∣훽⟩. b) Deduza a desigualdade triangular: ∣∣훼+ 훽∣∣ ≤ ∣∣훼∣∣+ ∣∣훽∣∣ 2.2 Base no espac¸o dos vetores de estado Um dado vetor ∣휒⟩ e´ linearmente independente do conjunto de vetores ∣훼⟩, ∣훽⟩, ∣훾⟩, . . . se ele na˜o pode ser escrito como uma combinac¸a˜o linear desses vetores, ∣휒⟩ ∕= 푎∣훼⟩+ 푏∣훽⟩+ 푐∣훾⟩+ . . . 2 Um conjunto de vetores e´ linearmente independente se cada um deles e´ independente do resto. Um tal conjunto define uma base no espac¸o vetorial se qualquer vetor puder ser escrito como uma combinac¸a˜o linear dos vetores do conjunto , ∣훼⟩ = 푎1∣휙1⟩+ 푎2∣휙2⟩+ . . .+ 푎푛∣휙푛⟩ O nu´mero de vetores da base define a dimensa˜o do espac¸o vetorial.A dimensa˜o pode ser finita, enumera´vel infinita, na˜o-enumera´vel infinita. A norma de um vetor e´ definida como: ∣∣훼∣∣ = √ ⟨훼∣훼⟩. Se ⟨훼∣훼⟩ = 1 o vetor ∣훼⟩ e´ normalizado. Se ⟨훼∣훽⟩ = 0 os vetores sa˜o ortogonais. Numa base ortonormal os vetores da base sa˜o ortogonais e normalizados. ⟨휙푖∣휙푗⟩ = 훿푖푗 Com respeito a uma dada base, qualquer vetor pode ser expresso como uma combinac¸a˜o linear dos vetores da base, ∣훼⟩ = ∑ 푘 푎푘∣휙푘⟩. Os coeficientes da expansa˜o , 푎푘, que sa˜o as componentes do vetor ∣훼⟩ na direc¸a˜o dos vetores da base,sa˜o dados pelo produto escalar do vetor ∣훼⟩ com cada vetor da base, 푎푘 = ⟨휙푘∣훼⟩ Exerc´ıcio 2: Mostre que 푎푘 = ⟨휙푘∣훼⟩. Veja que ⟨휙푘∣훼⟩ = ∑ 푖 푎푖⟨휙푘∣휙푖⟩ = ∑ 푖 푎푖훿푘푖 = 푎푘. Assim, temos que ∣훼⟩ = ∑ 푘 ∣휙푘⟩⟨휙푘∣훼⟩. Exerc´ıcio 3: Mostre que o produto escalar de dois vetores pode ser escrito em termos de suas componentes numa dada base ortonormal como ⟨훼∣훽⟩ = ∑ 푖 푎∗푖 푏푖. O dado e´ a expansa˜o dos vetores ∣훼⟩ e ∣훽⟩ numa base ortonormal ∣훼⟩ = ∑ 푖 푎푖∣휙푖⟩ ∣훽⟩ = ∑ 푖 푏푖∣휙푖⟩ Calculando explicitamente o produto escalar: ⟨훼∣훽⟩ = ∑ 푖 푏푖⟨훼∣휙푖⟩ = ∑ 푖 푏푖⟨휙푖∣훼⟩∗ e levando em conta que ⟨휙푖∣훼⟩ = 푎푖 conclu´ımos que: ⟨훼∣훽⟩ = ∑ 푖 푎∗푖 푏푖. 3 3 Operadores Lineares Operadores sa˜o objetos que transformam um vetor em outro vetor, 푇ˆ ∣훼⟩ = ∣푇ˆ훼⟩ = ∣훽⟩. Um operador e´ linear se vale a propriedade 푇ˆ (푎∣훼⟩+ 푏∣훽⟩) = 푎푇ˆ ∣훼⟩+ 푏푇ˆ ∣훽⟩ = 푎∣푇ˆ훼⟩+ 푏∣푇ˆ 훽⟩ para quaisquer vetores ∣훼⟩ e 훽⟩ e quaisquer escalares 푎 e 푏. A soma e o produto de operadores lineares pode ser definida de forma natural atrave´s das relac¸o˜es: (푋ˆ + 푌ˆ )∣훼⟩ = 푋ˆ∣훼⟩+ 푌ˆ ∣훼⟩, (푋ˆ푌ˆ )∣훼⟩ = 푋ˆ(푌ˆ ∣훼⟩). A soma de operadores e´ comutativa e associativa: 푋ˆ + 푌ˆ = 푌ˆ + 푋ˆ, 푋ˆ + (푌ˆ + 푍ˆ) = (푋ˆ + 푌ˆ ) + 푍ˆ. O produto de operadores em geral e´ na˜o-comutativo 푋ˆ푌ˆ ∕= 푌ˆ 푋ˆ mas e´ associativo 푋ˆ(푌ˆ 푍ˆ) = (푋ˆ푌ˆ )푍ˆ. A ac¸a˜o de um operador em qualquer vetor ∣훼⟩ esta´ determinada se sabemos sua ac¸a˜o nos vetores de uma base no espac¸o dos vetores de estado: 푇ˆ ∣휙1⟩ = 푇11∣휙1⟩+ 푇22∣휙2⟩+ . . .+ 푇푛1∣휙푛⟩ ... 푇ˆ ∣휙푛⟩ = 푇1푛∣휙1⟩+ 푇2푛∣휙2⟩+ . . .+ 푇푛푛∣휙푛⟩, ou seja, 푇ˆ ∣휙푖⟩ = ∑ 푗 ∣휙푗⟩푇푗푖 onde 푇푗푖 = ⟨휙푗 ∣푇ˆ ∣휙푖⟩. Se ∣훼′⟩ e´ o vetor de estado transformado pela ac¸a˜o do operador 푇ˆ no vetor ∣훼⟩ ∣훼′⟩ = 푇ˆ ∣훼⟩ vamos mostrar que os 푇푖푗 relaciona os coeficientes da expansa˜o desses vetores na base {∣휙푖⟩}. ∣훼⟩ = ∑ 푖 푎푖∣휙푖⟩ ∣훼′⟩ = ∑ 푖 푎′푖∣휙푖⟩. 4 Veja que 푇ˆ ∣훼⟩ = ∑ 푖 푎푖푇ˆ ∣휙푖⟩ = ∑ 푖,푗 ∣휙푗⟩푇푗푖푎푖 Comparando ∣훼′⟩ = ∑ 푗 푎′푗 ∣휙푗⟩ = ∑ 푖,푗 ∣휙푗⟩푇푗푖푎푖. temos que 푎′푗 = ∑ 푖 푇푗푖푎푖. ou, em forma matricial, 푎′ = 푇푎 Assim vemos que a matriz 푇 transforma um vetor de componentes (푎1, 푎2, . . .) num de componentes (푎 ′ 1, 푎 ′ 2, . . .). Concluindo,fixamos os vetores dando os coeficientes de sua expansa˜o numa base ortonormal.No caso de oper- adores, determinando sua ac¸a˜o nos vetores de uma base ortonormal. Formalizando as observac¸o˜es acima vamos associar a cada vetor ∣훼⟩ uma matriz coluna cujos elementos sa˜o o conjunto ordenado dos coeficientes da expansa˜o de ∣훼⟩ numa dada base ortonormal , ∣휙푖⟩. Essa matriz coluna e´ a representac¸a˜o do vetor ∣훼⟩ na base ∣휙푖⟩. Do mesmo modo, a cada operador vamos associar uma matriz cujos elementos sa˜o determinados pela ac¸a˜o do operador nos vetores de uma dada base ortonormal.Essa matriz e´ a representac¸a˜o do operador na base ∣휙푖⟩. Assim, dada uma base, temos: ∣훼⟩ ↔ 훼푇 = (푎1, 푎2, . . . , 푎푛), e 푇ˆ ←→ 푇 = ⎛ ⎜⎜⎜⎝ 푇11 푇12 ⋅ ⋅ ⋅ 푇1푛 푇21 푇22 ⋅ ⋅ ⋅ 푇2푛 ... ... . . . ... 푇1푛 푇2푛 ⋅ ⋅ ⋅ 푇푛푛 ⎞ ⎟⎟⎟⎠ . Exerc´ıcio 4: Seja 푍ˆ o produto de dois operadores 푍ˆ = 푌ˆ 푋ˆ Mostre que a matriz que representa 푍ˆ numa dada base ortonormal,e´o produto das matrizes que representam 푋ˆ푒푌ˆ nessa mesma base. Seja 푋ˆ∣휙푗⟩ = ∑ 푖 ∣휙푖⟩푋푖,푗 푌ˆ ∣휙푗⟩ = ∑ 푖 ∣휙푖⟩푌푖,푗 Enta˜o 푋ˆ∣휙푗⟩ = ∑ 푖 ∣휙푖⟩푋푖,푗 e 푌ˆ 푋ˆ∣휙푗⟩ = ∑ 푖 푌ˆ ∣휙푖⟩푋푖,푗 = ∑ 푖,푘 ∣휙푘⟩푌푘,푖푋푖,푗 5 Mas, 푍ˆ∣휙푖⟩ = ∑ 푘 ∣휙푘⟩푍푘,푖 Comparando , temos que, 푍푘,푖 = ∑ 푗 푌푘,푗푋푗,퐼 ou 푍 = 푌 푋 3.1 Operadores hermiteanos. Operadores unita´rios Na formulac¸a˜o da Mecaˆnica Quaˆntica se destacam duas classes de operadores lineares, operadores hermiteanos e operadores unita´rios. Para estabelecer as propriedades desses operadores, vamos associar a cada operador 푇ˆ , um outro operador 푇ˆ †, denominado de operador hermiteano conjugado de 푇ˆ , onde 푇ˆ † e´ definido pela relac¸a˜o, ⟨훼∣푇ˆ †∣훽⟩ = ⟨훽∣푇ˆ ∣훼⟩∗. Como consequeˆncia dessa relac¸a˜o, a matriz que representa 푇ˆ † numa dada base e´ a transposta complexa conjugada da matriz que representa 푇ˆ , 푇 † 푖푗 = 푇 ∗ 푗푖. Em outras palavras a matriz que representa 푇ˆ † e´ a matriz hermiteana conjugada da matriz que representa 푇ˆ . Operadores hermiteanos sa˜o iguais aos seus hermiteanos conjugados 푇ˆ † = 푇ˆ . Nesse caso a matriz que representa 푇ˆ numa dada base e´ uma matriz hermiteana. Uma matriz hermiteana e´ igual a sua hermiteana conjugada 푇푖푗 = 푇 ∗ 푗푖. Quando existe, o operador inverso do operador 푈ˆ , 푈ˆ−1, e´ definido pela relac¸a˜o 푈ˆ 푈ˆ−1 = 푈ˆ−1푈ˆ = 1ˆ onde 1ˆ e´ o operador unidade. Consequentemente as matrizes que representam esses operadores satisfazem a` relac¸a˜o 푈푈−1 = 푈−1푈 = 1 onde 1 e´ a matriz unidade. Um operador e´ unita´rio se o seu inverso e´ igual ao seu hermiteano conjugado 푈ˆ−1 = 푈ˆ † 푈ˆ †푈ˆ = 푈ˆ 푈ˆ † == 1ˆ. Matrizes cujas inversas sa˜o iguais as suas hermiteanas conjugadas sa˜o chamadas de matrizes unita´rias. 3.2 Mudanc¸a de base Dado um vetor e um operador linear definidos no espac¸o de vetores de estado, as componentes do vetor e os elementos da matriz que representa o operador linear dependem da escolha da base. Enta˜o podemos perguntar como esses nu´meros mudam quando consideramos bases diferentes. Para responder essas questo˜es considere duas bases ortonormais no espac¸o de vetores de estado: {∣휓푖⟩} e {∣휙푖⟩}, ⟨휓푖∣휓푗⟩ = 훿푖푗 , ⟨휙푖∣휙푗⟩ = 훿푖푗 . 6 Os vetores das duas bases esta˜o relacionados por uma transformac¸a˜o linear ∣휓푖⟩ = 푆ˆ∣휙푖⟩ = ∑ 푗 ∣휙푗⟩푆푗푖 onde 푆푗푖 = ⟨휙푗 ∣휓푖⟩ = ⟨휙푗 ∣푆ˆ∣휙푖⟩ 푆ˆ e´ um operador unita´rio. Para mostrar essa propriedade vamos calcular ⟨휓푖∣휓푗⟩ = 훿푖푗 : ⟨휓푖∣휓푗⟩ = 훿푖푗 = ∑ 푘 ⟨휓푖∣휙푘⟩푆푘푗 . Mas ⟨휙푘∣휓푖⟩ = ∑ 푗 ⟨휙푘∣휙푗⟩푆푗푖 = 푆푘푖. Como ⟨휓푖∣휙푘⟩ = ⟨휙푘∣휓푖⟩∗ = 푆∗푘푖 temos que 훿푖푗 = ∑ 푘 푆∗푘푖푆푘푗 = ∑ 푘 (푆†)푖푘푆푘푗 ou 푆†푆 = 1 garantindo que 푆 e´ uma matriz unita´ria. Como a representac¸a˜o de um operador unita´rio e´ uma matriz unita´ria conclu´ımos que o operador que relaciona os vetores de duas bases distintas e´ um operador unita´rio. Note que o fato da transformac¸a˜o ser unita´ria e´ uma consequeˆncia direta dela ser entre bases ortonormais. Para responder a pergunta de como as componentes da expansa˜o de um vetor de estado se transformam considere a expansa˜o de um vetor nas duas bases, ∣훼⟩ = ∑ 푖 푎 (휙) 푖 ∣휙푖⟩ = ∑ 푖 푎 (휓) 푖 ∣휓푖⟩ onde 푎 (휙) 푖 significa o coeficiente da expansa˜o de ∣훼⟩ na base {∣휙푖⟩}, analogamente nos outros casos. Para determinar como os coeficientes se transformam considere os passos explicitados abaixo 푎 (휓) 푖 = ⟨휓푖∣훼⟩ = ∑ 푗 ⟨휓푖∣휙푗⟩푎(휙)푗 = ∑ 푗 ⟨휙푗 ∣휓푖⟩∗푎(휙)푗 = ∑ 푗 푆∗푗푖푎 (휙) 푗 mostrando que 푎 (휓) 푖 = ∑ 푗 (푆†)푖푗푎 (휙) 푗 ou na forma matricial 푎(휓) = 푆†푎(휙). A questa˜o agora e´ como a matriz que representa um operador linear e´ modificada pela mudanc¸a de base. Para isto considere a representac¸a˜o de 푇ˆ nas duas bases 푇ˆ ∣휓푖⟩ = ∑ 푗 ∣휓푗⟩푇 (휓)푗푖 e 푇ˆ ∣휙푖⟩ = ∑ 푗 ∣휙푗⟩푇 (휙)푗푖 . Os passos para determinar como as matrizes se transformam sa˜o os seguintes 7 푇 (휓) 푗푖 = ⟨휓푗 ∣푇ˆ ∣휓푖⟩ = ∑ 푘 ⟨휓푗 ∣푇ˆ ∣휙푘⟩푆푘푖 = ∑ 푘,푙 ⟨휓푗 ∣휙푙⟩푇 (휙)푙푘 푆푘푖 = ∑ 푘,푙 ⟨휙푙∣휓푗⟩∗푇 (휙)푙푘 푆푘푖 = ∑ 푘,푙 푆∗푙푗푇 (휙) 푙푘 푆푘푖. Apo´s todos esses passos vemos que 푇 (휓) 푗푖 = ∑ 푘,푙 푆 † 푗푙푇 (휙) 푙푘 푆푘푖 ou, em termos matriciais 푇 (휓) = 푆†푇 (휙)푆 indicando que as matrizes que representam o operador 푇ˆ esta˜o relacionadas por uma transformac¸a˜o unita´ria. 4 Autovetores e autovalores de um operador hermiteano A equac¸a˜o de autovalores para um operador 푇ˆ e´ dada por: 푇ˆ ∣훼⟩ = 휆∣훼⟩ onde ∣훼⟩ e´ o autovetor de 푇ˆ e 휆 o corespondente autovalor. Nesta sec¸a˜o vamos investigar as propiedades da equac¸a˜o de autovalores quando 푇ˆ e´ um operador hermiteano. Um operador hermiteano e´ igual ao seu hermiteano conjugado, 푇ˆ † = 푇ˆ . Como consequeˆncia dessa propiedade a matriz que representa um operador hermiteano numa dada base e´ uma matriz hermiteana 푇푖푗 = 푇 ∗ 푗푖. 4.1 Propriedades 1. Os autovalores de um operador hermiteano sa˜o reais. Prova: Seja 휆 um autovalor de 푇ˆ , 푇ˆ ∣훼⟩ = 휆∣훼⟩. Enta˜o, ⟨훼∣푇ˆ ∣훼⟩ = 휆⟨훼∣훼⟩ Como 푇ˆ e´ um operador hermiteano, vale as relac¸o˜es mostradas abaixo : ⟨훼∣푇ˆ ∣훼⟩ = ⟨훼∣푇ˆ †∣훼⟩∗ = ⟨훼∣푇ˆ ∣훼⟩∗ = 휆∗⟨훼∣훼⟩ Igualando , temos que (휆− 휆∗)⟨훼∣훼⟩ = 0. Como o autovetor tem norma na˜o nula, ⟨훼∣훼⟩ ∕= 0, conclu´ımos que 휆 = 휆∗ ,isto e´, 휆 e´ real. 2. Autovetores com autovalores distintos sa˜o ortogonais. Prova: Sejam 휆1 e 휆2 dois autovalores distintos de 푇ˆ ,휆1 ∕= 휆2, ou seja, 푇ˆ ∣훼1⟩ = 휆1∣훼1⟩ 푇ˆ ∣훼2⟩ = 휆2∣훼2⟩. Enta˜o ⟨훼2∣푇ˆ ∣훼1⟩ = 휆1⟨훼2∣훼1⟩ Usando o fato de 푇ˆ ser um operador hermiteano para calcular esse mesmo elemento de matriz, achamos que ⟨훼2∣푇ˆ ∣훼1⟩ = ⟨훼1∣푇ˆ †∣훼2⟩∗ = ⟨훼1∣푇ˆ ∣훼2⟩∗ = 휆2⟨훼1∣훼2⟩∗ = 휆2⟨훼2∣훼1⟩ 8 Igualando ,temos que (휆2 − 휆1)⟨훼2∣훼1⟩ = 0 Como휆1 ∕= 휆2concluimos que os autovetores sa˜o ortogonais, ⟨훼2∣훼1⟩ = 0 3. Resoluc¸a˜o da equac¸a˜o de autovalores. Para resolver a equac¸a˜o de autovalores 푇ˆ ∣훼⟩ = 휆∣훼⟩. temos que determinar a representac¸a˜o do operador hermiteano numa dada base {∣푒푖⟩} 푇ˆ ∣푒푖⟩ = ∑ 푗 푇푗푖∣푒푗⟩, com 푇푗푖 = ⟨푒푗 ∣푇ˆ ∣푒푖⟩ Expandindo os autovetores nessa mesma base , {∣푒푖⟩}, ∣훼⟩ = ∑ 푖 푐푖∣푒푖⟩, podemos calcular facilmente 푇ˆ ∣훼⟩ = ∑ 푖 푐푖푇ˆ ∣푒푖⟩ = ∑ 푖,푗 푐푖푇푗푖∣푒푗⟩ e 휆∣훼⟩ = ∑ 푗 휆푐푗 ∣푒푗⟩. Igualando, vemos que a equac¸a˜o de autovalores fica igual a, ∑ 푖 푇푗푖푐푖 = 휆푐푗 ou, na forma matricial 푇푐 = 휆푐. Assim reduzimos o problema de achar os autovalores e autovetores de um operador hermiteano ao problema de achar os autovalores e autovetores de uma matriz hermiteana, a representac¸a˜o do operador numa dada base. Os autovalores dessa matriz sa˜o os autovalores do operador e os autovetores sa˜o as componentes da expansa˜o do autovetor nessa mesma base . 4. Calculo dos autovalores. Equac¸a˜o caracter´ıstica. A equac¸a˜o de autovalores e´ um sistema de n equac¸o˜es lineares homogeˆneas , acopladas ∑ 푖 (푇푗푖 − 훿푗푖)푐푖 = 0 que tem soluc¸a˜o somente se o determinante das incognitas e´ nulo 푑푒푡(푇 − 휆1) = 0 onde 1 e´ a matriz unidade de ordem n . Calculando o determinante,chegamos numa equac¸a˜o alge´brica de ordem n em 휆, chamada de equac¸a˜o caracter´ıstica para os autovalores.O fato da matriz ser hermiteana garante que ela tem n raizes reais incluindo a multiplicidade.Para cada raiz,resolvemos o sistema de equac¸o˜es lineares acopladas para achar as componentes dos autovetores. 9 5. Os autovetores de um operador hermiteano formam uma base no espac¸o dos vetores de estado. Devemos distinguir dois casos : Caso (i): Os autovalores sa˜o distintos. Nesse caso vamos destacar duas propiedades.Uma, que os autove- tores sa˜o ortogonais.A outra que, nesse caso, existe uma relac¸a˜o bi-un´ıvoca entre autovetor e autovalor , o que permite rotular o autovetor pelo correspondente autovalor, 푇ˆ ∣휆푖⟩ = 휆푖∣휆푖⟩, ⟨휆푗 ∣휆푖⟩ = 훿푗푖 Caso ii: Existe degeneresceˆncia A degeneresceˆncia ocorre quando existe ra´ızes com multiplicidade diferentede 1, por exemplo, o autovalor 휆푖 tem multiplicidade 푑푖 , isto e´ ,o autovalor 휆푖 tem degeneresceˆncia igual a 푑푖. O fato da matriz ser hermiteana garante que no subespac¸o degenerado existe 푑푖 vetores linearmente inde- pendentes que podem ser ortogonalizados, por exemplo, pelo me´todo de Gram-Schmidt. Diferente do caso anterior,na˜o existe uma relac¸a˜o bi-un´ıvoca entre autovetor e autovalor , e precisamos outro rotulo para selecionar um entre os 푑푖 autovetores degenerados. Um exemplo de uma poss´ıvel escolha seria {∣휆푖, 휏푖푘⟩}, 푘 = 1, . . . , 푑푖 com 푑푖 sendo a ordem da degeneresceˆncia do autovalor 휆푖 푇ˆ ∣휆푖, 휏푖푘⟩ = 휆푖∣휆푖, 휏푖푘⟩ ⟨휆푖, 휏푖푘∣휆푗 , 휏푗푙⟩ = 훿푖푗훿푘푙. 6. Diagonalizac¸a˜o Uma vez resolvida a equac¸a˜o de autovalores,terminamos com duas bases no espac¸o dos vetores de estado:a base escolhida para resolver a equac¸a˜o de autovalores e a base dos autovetores do operador hermiteano 푇ˆ .Como discutimos anteriormente, as duas bases esta˜o relacionadas por uma transformac¸a˜o unita´ria, ∣훼푘⟩ = 푆ˆ∣푒푘⟩ onde o ı´ndice k estabelece uma ordenac¸a˜o do conjunto dos autovetores de 푇ˆ . Os elementos da matriz S sa˜o determinados pelas componentes da expansa˜o dos autovetores na base {∣푒푖⟩}, ∣훼푘⟩ = ∑ 푗 ∣푒푗⟩푆푗푘 ∣훼푘⟩ = ∑ 푗 ∣푒푗⟩푐(푘))푗 Comparando, vemos que os elementos da k-e´sima coluna da matriz S sa˜o as componentes da expansa˜o do k-e´simo autovetor na base {∣푒푗⟩}, 푆푗푘 = 푐(푘)푗 . S gera uma transformac¸a˜ounita´ria que diagonaliza T: 휆 = 푆†푇푆 onde 휆 e´ uma matriz diagonal cujos elementos da diagonal sa˜o os autovalores de 푇ˆ , 휆푖푗 = 휆푖훿푖푗 . 5 Equac¸a˜o de Schro¨dinger dependente do tempo. Estados esta- ciona´rios. (a) O vetor de estado do sistema no instante 푡 e´ determinado resolvendo-se a equac¸a˜o de Schro¨dinger dependente do tempo: 푖ℏ ∂ ∂푡 ∣휓(푡)⟩ = 퐻ˆ∣휓(푡)⟩ dado o vetor de estado no instante inicial ∣휓(푡0)⟩, onde 퐻ˆ e´ o operador hamiltoniana do sistema. 10 (b) Os estados estaciona´rios sa˜o caracterizados pela propriedade da dependeˆncia temporal de ∣휓(푡)⟩ ser da forma ∣휓(푡)⟩ = 푒− 푖ℏ퐸푡∣휓⟩ A condic¸a˜o para que ∣휓(푡)⟩ seja uma soluc¸a˜o da equac¸a˜o de Schro¨dinger dependente do tempo e´ ∣휓⟩ ser uma soluc¸a˜o da equac¸a˜o de Schro¨dinger independente do tempo 퐻ˆ∣휓⟩ = 퐸∣휓⟩. (c) A equac¸a˜o de Schro¨dinger independente do tempo e´ uma equac¸a˜o de autovalores para o operador hamiltoniana 퐻ˆ,o estado estaciona´rio ∣휓⟩ e´ o autovetor e 퐸 e´ o autovalor (d) Os autovalores de 퐻ˆ sa˜o os n´ıveis de energia do sistema. (e) A equac¸a˜o de autovalores fornece uma colec¸a˜o de soluc¸o˜es ∣휓1⟩, ∣휓2⟩, . . . , ∣휓푛⟩ associada as energias 퐸1, 퐸2, . . . , 퐸푛 caso exista,incluindo a multiplicidade. Essa colec¸a˜o de autovetores de 퐻ˆ formam uma base, no espac¸o dos vetores de estado. (f) A soluc¸a˜o mais geral da equac¸a˜o de Schro¨dinger dependente do tempo pode ser escrita como uma combinac¸a˜o linear dos estados estaciona´rios ∣휓(푡)⟩ = ∑ 푛 푐푛푒 − 푖 ℏ 퐸푛(푡−푡0)∣휓푛⟩ onde os coeficientes 푐푛 sa˜o os coeficientes da expansa˜o do estado inicial na base de estados estaciona´rios ∣휓(푡0)⟩ = ∑ 푛 푐푛∣휓푛⟩ com 푐푛 = ⟨휓푛∣휓(푡0)⟩. 6 Princ´ıpio da incerteza 6.1 Valor me´dio e dispersa˜o das medidas de um observa´vel Valor me´dio Se o sistema esta´ no estado ∣휓⟩, a probabilidade de numa medida do observa´vel 퐴ˆ acharmos o valor 푎푖, e´ dado pelo mo´dulo ao quadrado do produto escalar de ∣휓⟩ com o autovetor de 퐴ˆ com autovalor 푎1, 푝(푎푖, 휓) = ∣⟨푎푖∣휓⟩∣2. Por definic¸a˜o o valor me´dio das medidas de um observa´vel 퐴ˆ se o sistema esta´ no estado ∣휓⟩ e´ dado por ⟨퐴ˆ⟩ = ∑ 푖 푎푖푝(푎푖, 휓) = ∑ 푖 푎푖∣⟨푎푖∣휓⟩∣2. Como os autovetores de 퐴ˆ formam uma base, ∣휓⟩ pode ser escrito como uma combinac¸a˜o linear dos autovetores de 퐴ˆ, ∣휓⟩ = ∑ 푖 푐푖∣푎푖⟩ com 푐푖 = ⟨푎푖∣휓⟩. Enta˜o 퐴ˆ∣휓⟩ = ∑ 푖 푐푖퐴ˆ∣푎푖⟩ = ∑ 푖 푎푖⟨푎푖∣휓⟩∣푎푖⟩ 11 e ⟨휓∣퐴ˆ∣휓⟩ = ∑ 푖 푎푖⟨푎푖∣휓⟩⟨휓∣푎푖⟩ = ∑ 푖 푎푖⟨푎푖∣휓⟩⟨푎푖∣휓⟩∗ = ∑ 푖 푎푖∣⟨푎푖∣휓⟩∣2. Assim, o valor me´dio das medidas de 퐴ˆ, se o sistema esta´ no estado ∣휓⟩ e´ igual a ⟨퐴ˆ⟩ = ⟨휓∣퐴ˆ∣휓⟩. Dispersa˜o das medidas de 퐴ˆ Por definic¸a˜o a dispersa˜o das medidas de 퐴ˆ e´ dada por 휎2퐴 = ∑ 푖 (푎푖 − ⟨퐴ˆ⟩)2푝(푎푖, 휓). Como (푎푖 − ⟨퐴ˆ⟩)2 = 푎2푖 − 2푎푖⟨퐴ˆ⟩+ ⟨퐴ˆ⟩2 a dispersa˜o fica igual a 휎2퐴 = ∑ 푖 (푎2푖 − 2푎푖⟨퐴ˆ⟩+ ⟨퐴ˆ⟩2)푝(푎푖, 휓). Dado que ∑ 푖 푝(푎푖, 휓) = ⟨휓∣휓⟩ = 1, ∑ 푖 푎푖푝(푎푖, 휓) = ⟨퐴ˆ⟩ = ⟨휓∣퐴ˆ∣휓⟩, ∑ 푖 푎2푖 푝(푎푖, 휓) = ⟨퐴ˆ2⟩ = ⟨휓∣퐴ˆ2∣휓⟩ onde a u´ltima relac¸a˜o e´ facilmente deduzida se lembrarmos que 퐴ˆ2∣푎푖⟩ = 푎2푖 ∣푎푖⟩. chegamos a conclua˜o que a dispersa˜o e´ dada pelo valor me´dio de 퐴ˆ2 menos o valor me´dio de 퐴ˆ ao quadrado 휎2퐴 = ⟨휓∣퐴ˆ2∣휓⟩ − ⟨휓∣퐴ˆ∣휓⟩2 ou uma expressa˜o equivalente 휎2퐴 = ⟨휓∣(퐴ˆ− ⟨퐴ˆ⟩)2∣휓⟩. A igualdade dessas duas expresso˜es segue imediatamente de: (퐴ˆ− ⟨퐴ˆ⟩)2 = 퐴ˆ2 − 2퐴ˆ⟨퐴ˆ⟩+ ⟨퐴ˆ⟩2. Como o valor me´dio de um operador hermiteano e´ um nu´mero real, ⟨휓∣퐴ˆ∣휓⟩ = ⟨휓∣퐴ˆ†∣휓⟩∗ = ⟨휓∣퐴ˆ∣휓⟩∗, podemos concluir que a u´ltima expressa˜o de 휎2퐴 e´ a norma ao quadrado do vetor de estado ∣훼⟩ = (퐴ˆ − ⟨퐴ˆ⟩)∣휓⟩: 휎2퐴 = ⟨훼∣훼⟩. Vemos enta˜o que a dispersa˜o se anula se e somente se ∣훼⟩ e´ o vetor nulo, ∣훼⟩ = ∣⊗⟩, (퐴ˆ− ⟨퐴ˆ⟩)∣휓⟩ = ∣⊗⟩ ou 퐴ˆ∣휓⟩ = ⟨퐴ˆ⟩∣휓⟩ isto e´, ∣휓⟩ e´ um autovetor de 퐴ˆ com autovalor ⟨퐴ˆ⟩. 12 6.2 Princ´ıpio da incerteza Vamos demonstrar que se 퐴ˆ e 퐵ˆ sa˜o dois observa´veis vale a relac¸a˜o de incerteza, 휎2퐴휎 2 퐵 ≥ 1 4 ∣⟨휓∣[퐴ˆ, 퐵ˆ]∣휓⟩∣2 onde[퐴ˆ, 퐵ˆ] e´ o comutador de 퐴ˆ e 퐵ˆ: [퐴ˆ, 퐵ˆ] = 퐴ˆ퐵ˆ − 퐵ˆ퐴ˆ Observa´veis para os quais [퐴ˆ, 퐵ˆ] ∕= 0 sa˜o chamados de observa´veis incompat´ıveis.Vemos enta˜o que, como existe um limite inferior para o produto das disperso˜es, elas na˜o podem ser reduzidas independente- mente.Por exemplo, se 퐴ˆ, 퐵ˆ e´ um par de observa´veis incompat´ıveis, qua˜o mais precisa sa˜o as medidas de 퐴ˆ mais imprecisa sa˜o as de 퐵ˆ. Por outro lado,observa´veis para os quais [퐴ˆ, 퐵ˆ] = 0 sa˜o chamados de observa´veis compat´ıveis.Nesse caso na˜o existe nenhuma restric¸a˜o quanto a precisa˜o das medidas desses dois observa´veis. 6.3 Prova do princ´ıpio da incerteza Para provar o princ´ıpio da incerteza vamos enunciar treˆs lemas: Lema 1 Desigualdade de Schwarz: ⟨훼∣훼⟩⟨훽∣훽⟩ ≥ ∣⟨훼∣훽⟩∣2. Prova: Seja ∣훾⟩ = ∣훼⟩+ 휆∣훽⟩. Enta˜o a norma de ∣훾⟩ e´ dada por : ⟨훾∣훾⟩ = ⟨훼∣훼⟩+ 휆⟨훼∣훽⟩+ 휆∗⟨훽∣훼⟩+ ∣휆∣2⟨훽∣훽⟩. Se 휆 = − ⟨훽∣훼⟩⟨훽∣훽⟩ a norma de∣훾⟩ fica igual a, ⟨훾∣훾⟩ = ⟨훼∣훼⟩ − ∣⟨훼∣훽⟩∣ 2 ⟨훽∣훽⟩ = ⟨훼∣훼⟩⟨훽∣훽⟩ − ∣⟨훼∣훽⟩∣2 ⟨훽∣훽⟩ ≥ 0 portanto ⟨훼∣훼⟩⟨훽∣훽⟩ ≥ ∣⟨훼∣훽⟩∣2. A igualdade ocorre se ∣훾⟩ = ∣⊗⟩ ou ∣훼⟩ = −휆∣훽⟩. Lema 2 O valor me´dio de um operador hermiteano e´ real. Prova: ⟨휓∣퐴ˆ∣휓⟩ = ⟨휓∣퐴ˆ†∣휓⟩∗ = ⟨휓∣퐴ˆ∣휓⟩∗ Lema 3 O valor me´dio de um operador anti-hermiteano e´ um imagina´rio puro. Um operador anti-hermiteano e´ igual a menos o seu hermiteano conjugado,퐴ˆ† = −퐴ˆ Prova: ⟨휓∣퐴ˆ∣휓⟩ = ⟨휓∣퐴ˆ†∣휓⟩∗ = −⟨휓∣퐴ˆ∣휓⟩∗ Vamos comec¸ar a demonstrac¸a˜o do princ´ıpio da incerteza definindo dois vetores: ∣훼⟩ = Δ퐴ˆ∣휓⟩ ∣훽⟩ = Δ퐵ˆ∣휓⟩ 13 onde, Δ퐴ˆ = 퐴ˆ− ⟨퐴ˆ⟩ e Δ퐵ˆ = 퐵ˆ− ⟨퐵ˆ⟩sa˜o operadores hermiteanos , veja Lema 2. Pelo exerc´ıcio 5 sabemos que a norma ao quadrado desses vetores e´ igual a dispersa˜o ⟨훼∣훼⟩ = ⟨휓∣(퐴ˆ− ⟨퐴ˆ⟩)2∣휓⟩ = 휎2퐴 e ⟨훽∣훽⟩ = ⟨휓∣(퐵ˆ − ⟨퐵ˆ⟩)2∣휓⟩ = 휎2퐵 . No mesmo exerc´ıcio 5 mostramos que ⟨훼∣훽⟩ = ⟨휓∣Δ퐴ˆΔ퐵ˆ∣휓⟩. O produto Δ퐴ˆΔ퐵ˆ pode ser escrito da seguinte forma Δ퐴ˆΔ퐵ˆ = 1 2 {Δ퐴ˆ,Δ퐵ˆ}+ 1 2 [Δ퐴ˆ,Δ퐵ˆ] onde [Δ퐴ˆ,Δ퐵ˆ] = Δ퐴ˆΔ퐵ˆ −Δ퐵ˆΔ퐴ˆ e´ o comutador de Δ퐴ˆ e Δ퐵ˆ e {Δ퐴ˆ,Δ퐵ˆ} = Δ퐴ˆΔ퐵ˆ +Δ퐵ˆΔ퐴ˆ e´ o anti-comutador de Δ퐴ˆ e Δ퐵ˆ. Agora, vamos enunciar duas propiedades que usaremos na demonstrac¸a˜o. i) O comutador de dois operadores hermiteanos e´ anti-hermiteano. Sejam 퐶ˆ e 퐷ˆ dois operadores hermiteanos. [퐶ˆ, 퐷ˆ]† = 퐷ˆ†퐶ˆ† − 퐶ˆ†퐷ˆ† = 퐷ˆ퐶ˆ − 퐶ˆ퐷ˆ = −[퐶ˆ, 퐷ˆ]. ii) O anti-comutador de dois operadores hermiteanos e´ hermiteano. Sejam 퐶ˆ e 퐷ˆ dois operadores hermiteanos. {퐶ˆ, 퐷ˆ}† = 퐷ˆ†퐶ˆ† + 퐶ˆ†퐷ˆ† = 퐷ˆ퐶ˆ + 퐶ˆ퐷ˆ = {퐶ˆ, 퐷ˆ}. Os passos para deduzir oprinc´ıpio da incerteza esta˜o na ordem das propiedades discutidas acima. Da desigualdade de Schwarz temos que 휎2퐴휎 2 퐵 ≥ ∣⟨휓∣Δ퐴ˆΔ퐵ˆ∣휓⟩∣2 ≥ 1 4 ∣⟨휓∣{Δ퐴ˆ,Δ퐵ˆ}∣휓⟩+ ⟨휓∣[Δ퐴ˆ,Δ퐵ˆ]∣휓⟩∣2 ≥ 1 4 ( ∣⟨휓∣{Δ퐴ˆ,Δ퐵ˆ}∣휓⟩∣2 + ∣⟨휓∣[Δ퐴ˆ,Δ퐵ˆ]∣휓⟩∣2 ) ≥ 1 4 ∣⟨휓∣[Δ퐴ˆ,Δ퐵ˆ]∣휓⟩∣2. Como, [Δ퐴ˆ,Δ퐵ˆ] = [퐴ˆ, 퐵ˆ] deduzimos o princ´ıpio da incerteza: 휎2퐴휎 2 퐵 ≥ 1 4 ∣⟨휓∣[퐴ˆ, 퐵ˆ]∣휓⟩∣2 Estado de incerteza mı´nima. Naturalmente,o princ´ıpio da incerteza depende de ∣휓⟩Desse modo,dado dois observa´veis incompat´ıveis,podemos achar o estado de incerteza mı´nima,para o qual a desigualdade se torna igualdade. A igualdade ocorre quando, ⟨휓∣{Δ퐴ˆ,Δ퐵ˆ}∣휓⟩ = 0 Δ퐴ˆ∣휓⟩ = −휆Δ퐵ˆ∣휓⟩ 14 A primeira das duas equac¸o˜es acima,diz que o valor me´dio do anti-comutador e´ nulo.Vamos examinar as consequeˆncias dessa restric¸a˜o.Usando a segunda das duas equac¸o˜es , podemos mostrar que: ⟨휓∣Δ퐵ˆΔ퐴ˆ∣휓⟩ = −휆⟨휓∣Δ퐵ˆ2∣휓⟩ ⟨휓∣Δ퐴ˆΔ퐵ˆ∣휓⟩ = ⟨휓∣Δ퐵ˆΔ퐴ˆ∣휓⟩∗ = −휆∗⟨휓∣Δ퐵ˆ2∣휓⟩ O anti-comutador e´ nulo se (휆∗ + 휆)⟨휓∣Δ퐵ˆ2∣휓⟩ = (휆∗ + 휆)휎2퐵 = 0 Desse modo, conclu´ımos que 휆 e´ um nu´mero imagina´rio puro. Usando as relac¸o˜es acima podemos deter- minar o valor de 휆 : ⟨휓∣[퐴ˆ, 퐵ˆ]∣휓⟩ = ⟨휓∣[Δ퐴ˆ,Δ퐵ˆ]∣휓⟩ = (휆− 휆∗)휎2퐵 Como 휆∗ = −휆,temos que 휆 e´ dada por: 휆 = ⟨휓∣[퐴ˆ, 퐵ˆ]∣휓⟩ 2휎2퐵 Resumindo, o estado de incerteza mı´nima satisfaz a equac¸a˜o (퐴ˆ− ⟨퐴ˆ⟩)∣휓⟩ = −휆(퐵ˆ − ⟨퐵ˆ⟩)∣휓⟩. com 휆 calculado acima. Princ´ıpio da incerteza de Heisenberg. Os observa´veis no princ´ıpio da incerteza de Heisenberg , sa˜o os operadores posic¸a˜o e momento, 푥ˆ, 푝ˆ respec- tivamente.Como, [푥ˆ, 푝ˆ] = 푖ℏ, o princ´ıpio da incerteza de Heisenberg e´ dado por: 휎2푥휎 2 푝 ≥ ℏ 2 4 Note que, nesse caso, o limite inferior na˜o depende do estado. Exerc´ıcio 5. Mostre que, se 푋ˆ e 푌ˆ sa˜o operadores hermiteanos vale a identidade, ⟨훾∣훿⟩ = ⟨훼∣푋ˆ푌ˆ ∣훽⟩ onde, ∣훾⟩ = 푋ˆ∣훼⟩ ∣훿⟩ = 푌ˆ ∣훽⟩ 6.4 Princ´ıpio da incerteza energia-tempo Vamos examinar o princ´ıpio da incerteza no caso particular onde ∣휓⟩ e´ o vetor de estado do sistema no instante t e a hamiltoniana um dos observa´veis, ∣휓⟩ → ∣휓(푡)⟩ 퐴ˆ → 퐴ˆ 퐵ˆ → 퐻ˆ Pelo princ´ıpio da incerteza temos que: 휎2퐴휎 2 퐻 ≥ 1 4 ∣⟨휓(푡)∣[퐴ˆ, 퐻ˆ]∣휓(푡)⟩∣2. 15 com as disperso˜es de 퐴ˆ e 퐻ˆ iguais a, 휎2퐴 = ⟨휓(푡)∣(퐴ˆ− ⟨퐴ˆ⟩)2∣휓(푡)⟩ = ⟨휓(푡)∣퐴ˆ2∣휓(푡)⟩ − ⟨휓(푡)∣퐴ˆ∣휓(푡)⟩2 휎2퐻 = ⟨휓(푡)∣(퐻ˆ − ⟨퐻ˆ⟩)2∣휓(푡)⟩ = ⟨휓(푡)∣퐻ˆ2∣휓(푡)⟩ − ⟨휓(푡)∣퐻ˆ ∣휓(푡)⟩2 Como, pelo exerc´ıcio seis,vale a identidade, 푖ℏ 푑⟨퐴ˆ⟩ 푑푡 = ⟨휓(푡)∣[퐴ˆ, 퐻ˆ]∣휓(푡)⟩. o princ´ıpio da incerteza fica igual a, 휎2퐴휎 2 퐻 ≥ ℏ 2 4 ∣∣∣∣∣ 푑⟨퐴ˆ⟩ 푑푡 ∣∣∣∣∣ 2 Essa expressa˜o sugere a introduc¸a˜o de um tempo caracter´ıstico dado por, 휏퐴 = 휎퐴∣∣∣푑⟨퐴ˆ⟩푑푡 ∣∣∣ e reescrever a relac¸a˜o da incerteza como, 휎퐻휏퐴 ≥ ℏ 2 A interpretac¸a˜o f´ısica de 휏퐴e´ identifica-lo com o tempo necessa´rio para que o valor me´dio do observa´vel 퐴ˆ mude de um valor igual ao seu desvio padra˜o. Em outras palavras, e´ um tempo caracter´ıstico para notarmos uma variac¸a˜o do sistema. Qualitativamente, podemos destacar dois limites: a) 휎퐻 → 0 , 휏퐴 →∞, o sistema na˜o muda.Estado estaciona´rio. b) 휎퐻 →∞, 휏퐴 → 0, vetor de estado com dispersa˜o da energia grande, tempo de mudanc¸a pequeno. Exerc´ıcio 6 . Mostre que , 푖ℏ 푑⟨퐴ˆ⟩ 푑푡 = ⟨휓(푡)∣[퐴ˆ, 퐻ˆ]∣휓(푡)⟩. Sugesta˜o:Use a expansa˜o de ∣휓(푡)⟩ na base de estados estaciona´rios, ∣휓(푡)⟩ = ∑ 푛 푐푛(푡)∣휓푛⟩ com 푐푛(푡) = 푐푛(0)푒 − 푖 ℏ 퐸푛푡 7 Observa´veis que teˆm um espectro cont´ınuo Ate´ aqui consideramos observa´veis cujo espectro era discreto. Contudo na Mecaˆnica Quaˆntica existem ob- serva´veis com um cont´ınuo de poss´ıveis valores. Por exemplo, a componente na direc¸a˜o 푧 do operador momento, 푝푧, pode assumir qualquer valor real no intervalo entre −∞ e ∞. O tratamento rigoroso dos observa´veis cujo espectro e´ cont´ınuo e´ matematicamente complicado pelo fato de lidar com espac¸os vetoriais de dimensa˜o infinita. Felizmente muitas das propriedades deduzida para operadores com espectro discreto podem ser generalizadas para operadores com espectro cont´ınuo. 1. Equac¸a˜o de autovalores. a) Operador com espectro discreto: 퐴ˆ∣푎푖⟩ = 푎푖∣푎푖⟩ 16 ⟨푎푖∣푎푗⟩ = 훿푖푗 . b) Operador com espectro cont´ınuo: 휉ˆ∣휉′⟩ = 휉′∣휉′⟩ ⟨휉′′∣휉′⟩ = 훿(휉′′ − 휉′). Na generalizac¸a˜o ∣휉′⟩ e´ um autovetor de 휉ˆ com autovalor 휉′ cuja normalizac¸a˜o e´ uma func¸a˜o delta de Dirac. Desse modo autovetores de um operador cujo espectro e´ cont´ınuo na˜o e´ normaliza´vel. Na verdade observa´veis cujo espectro e´ cont´ınuo na˜o teˆm autovetores mas como veremos adiante eles definem uma base no espac¸o de vetores de estado. 2. Autovetores de um observa´vel definem uma base no espac¸o de vetores de estado. a) Caso discreto: ∣훼⟩ = ∑ 푖 ∣푎푖⟩⟨ 푎푖∣훼⟩. b) Caso cont´ınuo: ∣훼⟩ = ˆ +∞ −∞ 푑휉′∣휉′⟩⟨휉′∣훼⟩. No caso discreto a cada estado ∣훼⟩ associamos uma matriz coluna cujas componentes sa˜o os coeficientes da expansa˜o de ∣훼⟩ numa dada base ∣훼⟩ → (⟨푎1∣훼⟩, ⟨푎2∣훼⟩, . . . , ⟨푎푛∣훼⟩)푇 . No caso cont´ınuo a cada estado ∣훼⟩ associamos uma func¸a˜o ⟨휉′∣훼⟩: ∣훼⟩ → ⟨휉′∣훼⟩. 3. Produto escalar de dois vetores de estado. a) Caso discreto: ∣훼⟩ = ∑ 푖 ∣푎푖⟩⟨ 푎푖∣훼⟩ ∣훽⟩ = ∑ 푖 ∣푎푖⟩⟨ 푎푖∣훽⟩ ⟨훼∣훽⟩ = ∑ 푖 ⟨ 푎푖∣훼⟩∗⟨ 푎푖∣훽⟩. b) Caso cont´ınuo: ∣훼⟩ = ˆ +∞ −∞ 푑휉′∣휉′⟩⟨휉′∣훼⟩ ∣훽⟩ = ˆ +∞ −∞ 푑휉′∣휉′⟩⟨휉′∣훽⟩ ⟨훼∣훽⟩ = ˆ +∞ −∞ 푑휉′⟨휉′∣훼⟩∗⟨휉′∣훽⟩. 4. Ac¸a˜o de operadores numa dada base. a) Caso discreto: 푋ˆ∣푎푖⟩ = ∑ 푗 ∣푎푗⟩푋푗푖 b) Caso cont´ınuo: 푋ˆ∣휉′⟩ = ˆ +∞ −∞ 푑휉′′∣휉′′⟩⟨휉′′∣푋ˆ∣휉′⟩. 푋푗푖 = ⟨푎푗 ∣푋ˆ∣푎푖⟩, elemento 푗푖 da matriz que representa 푋ˆ na base {∣푎푖⟩}. ⟨휉′′∣푋ˆ∣휉′⟩, func¸a˜o que representa 푋ˆ na base {∣휉′⟩}. 17 7.1 Operador posic¸a˜o, 푥ˆ. a) Autovetores: 푥ˆ∣푥′⟩ = 푥′∣푥′⟩. b) Func¸a˜o de onda: Expandindo um vetor de onda ∣훼⟩ na base dos autovetores do operador posic¸a˜o temos que ∣훼⟩ = ˆ +∞ −∞ 푑푥′∣푥′⟩⟨푥′∣훼⟩ onde ⟨푥′∣훼⟩ e´ a func¸a˜o de onda do estado ∣훼⟩ 푓훼(푥 ′) = ⟨푥′∣훼⟩. Generalizando o caso de observa´veis com espectro discreto, para cada vetor de estado ∣훼⟩ vamos associar uma func¸a˜o 푓훼(푥) = ⟨푥∣훼⟩, a func¸a˜o de onda do estado ∣훼⟩. c) Produto escalar de dois vetores ∣훼⟩ e ∣훽⟩. Dado ∣훼⟩ = ˆ +∞ −∞ 푑푥′∣푥′⟩⟨푥′∣훼⟩, ∣훽⟩ = ˆ +∞ −∞ 푑푥′∣푥′⟩⟨푥′∣훽⟩ podemos mostrar que o produto escalar dos dois vetores e´ dado pela integral ⟨훼∣훽⟩ = ˆ +∞ −∞ 푑푥′푓훼(푥 ′)∗푓훽(푥 ′) pois ⟨훼∣훽⟩ = ˆ +∞ −∞ 푑푥′⟨훼∣푥′⟩⟨푥′∣훽⟩ = ˆ +∞ −∞ 푑푥′⟨푥′∣훼⟩∗⟨푥′∣훽⟩. Como a integral deve convergir devemos impor que a func¸a˜o de onda sejam de quadrado integra´vel, ˆ +∞ −∞ 푑푥′∣푓훼(푥′)∣2 <∞. Note que as func¸o˜es de quadrado integra´vel satisfazem as propriedades exigidas de um espac¸o vetorial. ∙ Operadores No espac¸o das func¸o˜es de onda os operadores se comportam como transformac¸o˜es lineares quem levam uma func¸a˜o definida em 퐿2(−∞,+∞) em outra func¸a˜o definida em 퐿2(−∞,+∞). Exemplos sa˜o o operador posic¸a˜o e o operador momento. a) Operador posic¸a˜o: Se ∣훽⟩ = 푥ˆ∣훼⟩ enta˜o 푓훽(푥) = 푥푓훼(푥). b) Operador momento: Se ∣훽⟩ = 푝ˆ∣훼⟩ enta˜o 푓훽(푥) = −푖ℏ푑푓훼 푑푥 (푥). ∙ Representac¸a˜o de operadores 18 a) Caso discreto: ∣훽⟩ = 푇ˆ ∣훼⟩ Seja ∣훼⟩ = ∑ 푖 푎푖∣푎푖⟩ = ∑ 푖 ∣푎푖⟩⟨푎푖∣훼⟩ ∣훽⟩ = ∑ 푖 푏푖∣푎푖⟩ = ∑ 푖 ∣푎푖⟩⟨푎푖∣훽⟩. Enta˜o, como 푇ˆ ∣푎푖⟩ = ∑ 푗 ∣푎푗⟩푇푗푖 = ∑ 푗 ∣푎푗⟩⟨푎푗 ∣푇ˆ ∣푎푖⟩ e´ imediato que 푏푖 = ∑ 푗 푇푖푗푎푗 . b) Caso cont´ınuo: ∣훽⟩ = 푇ˆ ∣훼⟩ Seja ∣훼⟩ = ˆ +∞ −∞ 푑푥′∣푥′⟩푓훼(푥′) ∣훽⟩ = ˆ +∞ −∞ 푑푥′∣푥′⟩푓훽(푥′) de modo que 푇ˆ ∣훼⟩ = ˆ +∞ −∞ 푑푥′푇ˆ ∣푥′⟩푓훼(푥′) = ˆ +∞ −∞ ˆ +∞ −∞ 푑푥′푑푥′′∣푥′′⟩⟨푥′′∣푇ˆ ∣푥′⟩푓훼(푥′). Assim ⟨푥∣푇ˆ ∣훼⟩ = 푓훽(푥) = ˆ +∞ −∞ 푑푥′⟨푥∣푇ˆ ∣푥′⟩푓훼(푥′) e portanto 푓훽(푥) = ˆ +∞ −∞ 푑푥′⟨푥∣푇ˆ ∣푥′⟩푓훼(푥′). 푓훼(푥 ′): representac¸a˜o do estado ∣훼⟩ no espac¸o das posic¸o˜es. ⟨푥∣푇ˆ ∣푥′⟩: representac¸a˜o do operador 푇ˆ no espac¸o das posic¸o˜es. Exemplos: a) Operador posic¸a˜o: Se ∣훽⟩ = 푥ˆ∣훼⟩enta˜o 푓훽(푥 ′) = 푥′푓훼(푥 ′). Comparando com 푓훽(푥 ′) = ´ 푑푥′′⟨푥′∣푥ˆ∣푥′′⟩푓훼(푥′′) conclu´ımos que ⟨푥′∣푥ˆ∣푥′′⟩ = 푥′훿(푥′ − 푥′′). b) Operador momento: Se ∣훽⟩ = 푝ˆ∣훼⟩ 19 enta˜o 푓훽(푥 ′) = −푖ℏ푑푓훼 푑푥′ (푥′). Mas como 푓훽(푥 ′) = ´ 푑푥′′⟨푥′∣푝ˆ∣푥′′⟩푓훼(푥′′) conclu´ımos que ⟨푥′∣푝ˆ∣푥′′⟩ = −푖ℏ ∂ ∂푥′ 훿(푥′ − 푥′′). ∙ Medida da posic¸a˜o Quando medimos a posic¸a˜o da part´ıcula, o detector localiza a part´ıcula num intervalo Δ em torno de um ponto 푥. Sendo mais espec´ıfico, quando fazemos a medida de posic¸a˜o o estado muda abruptamente para um estado localizado na vizinhanc¸a do ponto 푥: 푓훼 퐿 (푥′′) = ⎧⎨ ⎩ 푓훼(푥 ′′) ∣ ∣ ∣ ∣ ´ 푥′+Δ 2 푥′−Δ 2 ∣푓훼(푥′′)∣2푑푥′′ ∣ ∣ ∣ ∣ 1 2 , se 푥′ − Δ2 < 푥′′ < 푥′ + Δ2 0, nos outros casos. Interpretac¸a˜o: A probabilidade de achar a part´ıcula no intervalo 푥′ − Δ2 < 푥′′ < 푥′ + Δ2 e´ 푝(푥′ − Δ 2 < 푥′′ < 푥′ + Δ 2 ) = ˆ 푥′+Δ2 푥′−Δ2 ∣푓훼(푥′′)∣2푑푥′′ = ∣⟨훼퐿∣훼⟩∣2 pois, como ∣훼퐿⟩ = ˆ +∞ −∞ ∣푥′′⟩푓훼퐿(푥′′)푑푥′′ ⟨훼∣훼퐿⟩ = ˆ +∞ −∞ 푓∗훼(푥 ′′)푓훼퐿(푥 ′′)푑푥′′ = ˆ 푥′+Δ2 푥′−Δ2 ∣푓훼(푥′′)∣2 1∣∣∣´ 푥′+Δ2 푥′−Δ2 ∣푓훼(푥′′)∣2푑푥′′ ∣∣∣ 1 2 푑푥′′. Vemos que a medida da posic¸a˜o corta uma fatia da func¸a˜o de onda do sistema antes da medida. Quando Δ tende a zero a probabilidade de encontrarmos a part´ıcula no intervalo ( 푥′ − Δ2 , 푥′ + Δ2 ) varia lentamente com Δ, onde o coeficiente e´ a densidade de probabilidade de acharmos a part´ıcula no ponto 푥′. Como 푝(푥′ − Δ 2 < 푥′′ < 푥′ + Δ 2 ) = ˆ 푥′+Δ2 푥′−Δ2 ∣푓훼(푥′′)∣2푑푥′′ temos que lim Δ→0 푝(푥′ − Δ 2 < 푥′′ < 푥′ + Δ 2 ) = 푑푝 푑Δ (Δ = 0)Δ 푑푝 푑Δ = ∣푓훼(푥)∣2Δ mostrando que ∣푓훼(푥)∣2 e´ a densidade de probabilidade de encontrar a part´ıcula no ponto 푥. 7.2 Operador momento, 푝ˆ 1. Autovetores do operador momento 푝ˆ∣푝′⟩ = 푝′∣푝′⟩. Em termos da func¸a˜o de onda ⟨푥′∣푝ˆ∣푝′⟩ = 푝′⟨푥′∣푝′⟩ 푑 푑푥′ ⟨푥′∣푝′⟩ = 푖푝 ′ ℏ ⟨푥′∣푝′⟩ 20 푓푝′(푥 ′) = ⟨푥′∣푝′⟩ = 퐶푒 푖ℏ푝′푥′ . Normalizac¸a˜o: ⟨푝′′∣푝′⟩ = 훿(푝′′ − 푝′) Veja que ⟨푝′′∣푝′⟩ = ˆ +∞ −∞ 푓∗푝′′(푥 ′)푓푝′(푥 ′)푑푥′ = ∣퐶∣2 ˆ +∞ −∞ 푒− 푖 ℏ (푝′′−푝′)푥′푑푥′. Como ´ +∞ −∞ 푒−푖푘푥푑푥 = 2휋훿(푘) vemos que ⟨푝′′∣푝′⟩ = ∣퐶∣22휋훿 ( 푝′′ − 푝′ ℏ ) = ∣퐶∣22휋ℏ훿 (푝′′ − 푝′) . Com isto determinamos 퐶, 퐶 = √ 1 2휋ℏ e portanto ⟨푥′∣푝′⟩ = 푓푝′(푥′) = 1√ 2휋ℏ 푒 푖 ℏ 푝′푥′ . ∙ Func¸a˜o de onda no espac¸o dos momentos ∣훼⟩ = ˆ +∞ −∞ 푑푝′∣푝′⟩⟨푝′∣훼⟩ onde ⟨푝′∣훼⟩ = 푓훼(푝′) e´ a func¸a˜o de onda no espac¸o dos momentos. 휌(푝, 훼) = ∣푓훼(푥)∣2 e´ a densidade de probabilidade de numa medida do momento acharmos o valor 푝. ∙ Relac¸a˜o entre as func¸o˜es de onda Temos ∣훼⟩ = ˆ 푑푥′∣푥′⟩⟨푥′∣훼⟩ ∣훼⟩ = ˆ 푑푝′∣푝′⟩⟨푝′∣훼⟩ com 푓훼(푥 ′) = ⟨푥′∣훼⟩, 푓훼(푝′) = ⟨푝′∣훼⟩. Das relac¸o˜es acima podemos mostrar que 푓훼(푥 ′) = ˆ 푑푝′⟨푥′∣푝′⟩푓훼(푝′) e 푓훼(푝 ′) = ˆ 푑푥′⟨푝′∣푥′⟩푓훼(푥′). A func¸a˜o que transforma as func¸o˜es de onda do estado ∣훼⟩ no espac¸o das posic¸o˜es e no espac¸o dos momentos e´ a func¸a˜o de onda dos autovetores do operador momento 푓훼(푥 ′) = ˆ 푑푝′√ 2휋ℏ 푒 푖 ℏ 푝′푥′푓훼(푝 ′) e 푓훼(푝 ′) = ˆ 푑푥′√ 2휋ℏ 푒− 푖 ℏ 푝′푥′푓훼(푥 ′). Note que as func¸o˜es de onda esta˜o relacionadas por uma transformac¸a˜o de Fourier. 21 Exerc´ıcio 1: Pacote de incerteza mı´nima. No princ´ıpio da incerteza de Heisenberg os operadores incompat´ıveis sa˜o os operadores posic¸a˜o e momento, 푥ˆ e 푝ˆ. Como [푥ˆ, 푝ˆ] = 푖ℏ, o princ´ıpio da incerteza de Heisenberg e´ dado por: 휎2푥휎 2 푝 ≥ ℏ 2 4 . Identificando 퐴ˆ = 푝ˆ e 퐵ˆ = 푥ˆ, o estado de incerteza mı´nima e´ determinado pela equac¸a˜o: (푝ˆ− ⟨푝ˆ⟩)∣휓⟩ = −휆(푥ˆ− ⟨푥ˆ⟩)∣휓⟩ onde 휆 e´ um imagina´rio puro igual a` 휆 = − 푖ℏ 2휎2푥 . Resolvendo a equac¸a˜o para a func¸a˜o de onda do estado de incerteza mı´nima, ∣휓⟩, chegamos na equac¸a˜o −푖ℏ∂휓훼 ∂푥 (푥) = ⟨푝ˆ⟩휓훼(푥) + 푖ℏ 2휎2푥 (푥− ⟨푥ˆ⟩)휓훼(푥) ou ∂휓훼 ∂푥 (푥) = 푖 ℏ ⟨푝ˆ⟩휓훼(푥)− (푥− ⟨푥ˆ⟩) 2휎2푥 휓훼(푥) ∂ ∂푥 Ln휓훼(푥) = 푖 ℏ ⟨푝ˆ⟩ − (푥− ⟨푥ˆ⟩) 2휎2푥 Obtemos 휓훼(푥) = 퐶푒 − (푥−⟨푥ˆ⟩)2 4휎2 푥 푒 푖 ℏ ⟨푝ˆ⟩푥. A condic¸a˜o de normalizac¸a˜o determina o valor de 퐶, 퐶 = 1 (2휋휎2푥) 1 4 . Desse modo conclu´ımos que o estado de incerteza mı´nima e´ o pacote gaussiano 휓훼(푥) = 1 (2휋휎2푥) 1 4 푒 − (푥−⟨푥ˆ⟩)2 4휎2 푥 푒 푖 ℏ ⟨푝ˆ⟩푥. Exerc´ıcio 2: Mostre que o operador de translac¸a˜o do sistema e´ 푇ˆ (푎) = 푒− 푖 ℏ 푝ˆ푎. Sejam dois vetores de estado relacionados por uma translac¸a˜o. Nesse caso as func¸o˜es de onda do estado transladado e do estado original devem estar relacionados: ∣훽⟩ = 푇ˆ (푎)∣훼⟩ 푓훽(푥) = 푓훼(푥− 푎) onde 푎 e´ a magnitude da translac¸a˜o. A func¸a˜o de onda no espac¸o dos momentos do estado transladado e´ igual a 푓푇ˆ훼(푝 ′) = ⟨푝′∣푇ˆ (푎)∣훼⟩ = ⟨훼∣푇ˆ †(푎)∣푝′⟩∗. Como 푇ˆ †(푎)∣푝′⟩ = 푒 푖ℏ푝′푎∣푝′⟩ 22 segue que 푓푇ˆ훼(푝 ′) = 푒− 푖 ℏ 푝′푎⟨푝′∣훼⟩ = 푓훼(푝′)푒− 푖ℏ푝 ′푎. Sabemos que as func¸o˜es de onda no espac¸o das posic¸o˜es e no espac¸o dos momentos esta˜o relacionados por uma transformac¸a˜o de Fourier 푓푇ˆ훼(푥 ′) = ˆ 푑푝′√ 2휋ℏ 푒 푖 ℏ 푝′푥′푓푇ˆ훼(푝 ′) = ˆ 푑푝′√ 2휋ℏ 푒 푖 ℏ 푝′(푥′−푎)푓훼(푝 ′) = 푓훼(푥 ′ − 푎). c.q.d. 23
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