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Fatos Jurídicos

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FATOS JURÍDICOS
7.1. Conceito
É todo acontecimento, natural ou humano, que deflagra efeitos na órbita do direito, ou seja, é todo aquele fato relevante para o direito (Agostinho Alvim). A chuva, o frio, podem não deflagrar efeito algum. Todavia, se o fizerem, são fatos jurídicos.
7.2. Classificação 
Esta classificação não é unânime. É filosófica, epistemológica.
7.2.1. Fato jurídico em sentido estrito
É aquele acontecimento natural que deflagra efeitos na órbita do direito, podendo ser ordinário (como o decurso do tempo ou uma chuva de verão) ou extraordinário (um Tsunami no Brasil).
7.2.2. Ato-fato (Pontes de Miranda)
Não é uma categoria amplamente aceita pela doutrina, por não estar expressamente prevista no Código. Deve-se o seu desenvolvimento ao gênio de Pontes de Miranda. O autor brasileiro que melhor escreve na linha de Pontes de Miranda é Marcos Bernardes de Mello (obras – Negócio jurídico plano de existência e Negócio jurídico plano de validade).
Qual é a natureza jurídica do ato realizado pela criança de quatro anos que compra um doce no boteco da esquina?
R: Há juristas que entendem tratar-se de um contrato nulo, mas que gera efeitos em virtude da aceitação social. O professor acha que essa explicação faria sentido eventualmente se se tratasse de um adolescente de 15 anos, que já tem certa consciência dos efeitos do ato negocial.
A compra de um doce por uma criança no boteco da esquina recebe melhor explicação na categoria do ato-fato, de Pontes de Miranda, pois a criança não tem a consciência do ato que pratica (não sabe a diferença das notas de dinheiro, por exemplo), mas não obstante isso, esse comportamento deflagra efeitos jurídicos. 
Trata-se o ato-fato daquele comportamento que, embora realizado por um ser humano, é completamente desprovido de vontade consciente na projeção do resultado pretendido e do próprio comportamento realizado, e que, ainda assim, deflagra efeitos na órbita do direito.
Pontes de Miranda percebeu que algumas situações não se enquadravam como fato jurídico em sentido estrito nem como ato jurídico. O ato jurídico em sentido estrito é o comportamento humano voluntário e consciente, cujos efeitos estão previstos em lei. 
Sucede que o ato-fato, embora gere efeitos jurídicos, o comportamento que lhe dá causa não é uma conduta consciente. É um comportamento que, posto derive do homem, gerando efeitos jurídicos é desprovido de consciência em face dos efeitos projetados ou produzidos.
O ato-fato fica entre o fato da natureza e a ação do homem. Ele é realizado pelo homem, mas sem consciência quanto ao resultado e o próprio comportamento realizado.
O ato do sonâmbulo é um típico ato-fato. EX: o sonâmbulo que, ao voltar para a casa, traz uma moeda rara não pertencente a ninguém, adquire a propriedade. Se tivesse tido vontade consciente, teria praticado ato jurídico em sentido estrito. Em ambos os casos, há deflagração de efeitos para o direito (aquisição da propriedade pela invenção – achado). 
7.2.3. Ações humanas
Na linha doutrinária seguida pelo professor, elas dividem-se em duas categorias: (i) ato jurídico; e (ii) ato ilícito.
Alguns autores, a exemplo do filósofo Antônio Machado Neto, preferem colocar o ato ilícito como espécie de ato jurídico. Entretanto, não é a linha aqui adotada.
Seguindo o pensamento de autores como Zeno Veloso, Flavio Tartuce, Fernando Simão, que considerando especialmente o fato de o próprio Código Civil tratar o ato ilícito em título separado, concluímos tratar-se de categoria própria e não de espécie de ato jurídico.
Ou seja, a expressão ato jurídico denota a categoria de atos que têm efeitos lícitos. Os atos com efeito desvalioso são caracterizados como ilícitos. Ao se falar em atos jurídicos, para essa categoria, se está somente denominando a categoria de atos jurídicos. 
O codificador, seguindo Clóvis Belvilacqua, parte da premissa que o ato jurídico é sempre lícito. O ilícito não seria denominado jurídico. Tanto que ninguém fala em ato jurídico ilícito.
O ato jurídico (de fins lícitos, para essa classificação), bifurca-se em ato jurídico em sentido estrito e negócio jurídico.
7.2.4. Ato jurídico em sentido estrito
Durante muito tempo, a categoria do ato jurídico em sentido estrito foi pouco estudada no Brasil. O CC/02, ainda que dispensando apenas um artigo ao ato jurídico em sentido estrito, adotou a teoria dualista.
Trata-se de uma espécie de ato jurídico em sentido amplo, para muitos desconhecida, e que fora especialmente tratada nas obras de Marcos Mello, José Abreu, Vicente Ráo. Não tem a mesma importância do negócio, sendo regulada em um único artigo do CC (art. 185). 
Art. 185. Aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios jurídicos, aplicam-se, no que couber, as disposições do Título anterior.
Mas, merece a nossa atenção. O ato jurídico em sentido estrito ou não negocial é o simples comportamento humano, voluntário e consciente, que deflagra efeitos previamente previstos em lei. Vale dizer, este comportamento voluntário, simplesmente concretiza o pressuposto fático da norma, não havendo liberdade ou autonomia privada para a escolha dos seus efeitos jurídicos. 
EX: São atos jurídicos em sentido estrito determinados comportamentos materiais, cujos efeitos estão previamente delimitados na lei, como o ato de fixação do domicílio ou o ato de apropriação de uma coisa abandonada, ou de ninguém (res nullius). 
Existe voluntariedade consciente na sua realização, mas a parte que o realiza não escolhe o efeito produzido, mas a lei. 
Ao pegar o papel ou a pedrinha voluntariamente (res nullius), está realizando ato de ocupação, que gera o efeito jurídico automático de se tornar proprietário da coisa ocupada. Apropriar-se de uma maçã em macieira pública; caça e pesca em locais permitidos são exemplos de aquisição da propriedade considerados ato jurídico em sentido estrito.
Outro exemplo é o ato de fixação do domicílio voluntário em determinado local: ao se mudar para uma cidade, a lei imediatamente dá a esse ato o efeito de tornar o domicílio do indivíduo.
Além disso, os chamados atos de participação (comunicação processual) como a notificação e a interpelação, também são atos em sentido estrito, na medida em que, os seus efeitos jurídicos estão previamente determinados na lei (comunicar). O comportamento de notificar é voluntário e a lei dá a ele o efeito de comunicação. A parte que notifica não tem o direito de escolher outros efeitos, muito embora o ato tenha sido praticado voluntariamente.
A raiz do raciocínio para se diferenciar o ato jurídico em sentido estrito do negócio jurídico é a liberdade negocial de escolha dos efeitos jurídicos que se pretende atingir. O negócio jurídico é dotado da principal característica ausente no ato jurídico em sentido estrito: em maior ou menor extensão, sempre haverá uma autonomia ou liberdade na escolha dos efeitos que se pretende atingir. 
Mesmo no auge do regime comunista, a autonomia privada nunca desapareceu do negócio jurídico. No negócio jurídico, portanto, sempre haverá, em maior ou menor grau (técnica por adesão), alguma autonomia privada na liberdade de escolha dos efeitos que se pretende produzir. No contrato, haverá sempre tal autonomia, até mesmo nos contratos por adesão.
7.3. Negócio jurídico
7.3.1. Conceito
Trata-se da principal espécie de ato jurídico, de estrutura muito mais profunda do que a do simples ato em sentido estrito, responsável pelo movimento das engrenagens socioeconômicas do planeta. 
Tem um processo de formação cognitiva muito mais complexa. Não é um simples comportamento humano, como o é o ato jurídico em sentido estrito. A doutrina define o negócio jurídico como uma declaração de vontade. Sempre estará presente a autonomia privada e a liberdade negocial na escolha dos efeitos jurídicos pretendidos. 
O negócio jurídico, importante categoria especialmente desenvolvida pela Escola Pandectista alemã, no Século XIX, traduz uma declaração de vontade, emitida segundo a regra fundamental da autonomia privada, por meio da qual,na perspectiva dos princípios da função social e da boa-fé, a parte pretende atingir determinados efeitos escolhidos e juridicamente possíveis.
Esta autonomia privada, bem como a liberdade maior ou menor, na escolha do conteúdo e dos seus efeitos jurídicos são a principal característica do negócio jurídico, que devem, todavia, respeitar parâmetros valorativos superiores de contensão, decorrentes da socialidade e da eticidade (Judith Martins-Costa), diferentemente do que ocorre no mero ato em sentido estrito. EX: o contrato e o testamento.
O que caracteriza o negócio, diferentemente dos atos jurídicos em sentido estrito, é que sempre haverá uma margem, maior ou menor, de liberdade negocial de escolha dos efeitos a serem produzidos. Negócio jurídico sem autonomia privada e margem de liberdade dos efeitos jurídicos pretendidos é corpo sem alma. 
O contrato é um exemplo de negócio jurídico, pois sempre haverá uma margem de liberdade e autonomia privada, ainda que mínima. A parte escolhe os efeitos jurídicos. Não existe negócio jurídico sem autonomia ou liberdade. 
Outro exemplo de negócio jurídico, em que há uma declaração de vontade e a parte escolhe, dentro de uma margem de liberdade maior ou menor, os efeitos jurídicos, é o testamento.
Mesmo no contrato por adesão, a autonomia privada não desaparece: tem-se a liberdade de aderir ou não àquela figura apresentada.
O primeiro autor a falar sobre os contratos por adesão, em 1901, foi Raymond Saleilles. Os contratos por adesão não negam a teoria negocial. 
Mesmo na técnica de contratação por adesão, há de existir uma margem, ainda que mínima, de liberdade negocial quanto à aceitação ou não da proposta apresentada (autonomia privada no que toca à liberdade de aderir ou não ao que fora proposto). 
OBS: Ver o livro “A regra moral nas obrigações civis”, de Georges Ripert – pergunta-se: onde está a autonomia privada e a liberdade do contrato de adesão?
R: O contrato por adesão é uma técnica e uma realidade da sociedade de massa. Os dirigentes de grandes empresas não poderiam sentar com todos os consumidores e negociar especificamente as cláusulas contratuais.
Na teoria geral do contrato, a ideia de autonomia privada será retomada, na perspectiva de autores como Judith Martins Costa e Luigi Ferri, que bem demonstram os parâmetros de contenção que a liberdade negocial deve experimentar.
7.3.2. Teorias explicativas do negócio jurídico
Há dezenas, mas as duas mais importantes são fundamentalmente as seguintes (a forma de desenvolvimento acadêmico varia, mas o professor foi influenciado por Junqueira):
a) Teoria da vontade (voluntarista ou willenstheorie):
Esta teoria tem raiz na corrente alemã. Sustenta que a pedra fundamental, a matriz explicativa do negócio jurídico é a própria vontade interna ou a intenção do declarante. Tal teoria influenciou especialmente o nosso Código Civil, conforme se vê no art. 112.
É como se dissesse que o que importa para o negócio é a vontade interna do declarante, o que ele pensou, a intenção dele.
O negócio jurídico seria confundido com a própria vontade interna do declarante. 
b) Teoria da declaração (objetiva ou erkalärungstheorie):
Por esta teoria, o negócio jurídico seria a própria vontade externa ou declarada e não apenas o que se pensa. 
Assim, essa teoria ou corrente chamada de objetivista ou da declaração (erklärungstheorie) sustenta que o que explica, o que justifica o próprio negócio não é a intenção do declarante, mas sim, a sua própria vontade externa ou declarada.
Durante muitos anos a doutrina se digladiou entre essas duas correntes. Ocorre que a doutrina mais moderna (Antônio Junqueira) entende que elas não são contraditórias, paradoxais, mas se completam, em razão de que o negócio jurídico não é resultado somente da vontade externa ou da interna. Deve haver uma conjugação entre o que se pensou e o que se declara.
Em verdade, essas duas teorias se complementam, na medida em que o negócio jurídico deve ser explicado segundo a conjugação da vontade interna com a vontade que se declara. Tanto é que, havendo descompasso entre as vontades externa e interna, haverá o chamado vício da vontade (erro, dolo, coação etc.). 
Destarte, a vontade interna (intenção do declarante) é causa da vontade que se declara (declaração de vontade). O negócio jurídico se explica pelas duas teorias. 
OBS: Tradicionalmente, os autores costumam afirmar, desde Eduardo Spínola, que a teoria da vontade (vê na intenção o fundamento da vontade) mais influenciou a nossa codificação, nos termos do art. 112 do CC.
Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem.
Essas são as duas principais teorias, contudo, existem outras. Há uma questão muito corrente em concursos sobre uma teoria que não é básica, nem adotada no Brasil.
O que é a teoria da pressuposição?
R: Essa teoria, há séculos, chegou a ser usada e serviu para, de certa forma, influenciar a teoria da imprevisão, mas não tem aplicação prática no Brasil. 
Desenvolvida por Windscheid, a teoria da pressuposição sustentava a invalidade e ineficácia do negócio jurídico, quando a certeza subjetiva do agente se modificasse na execução do contrato.
EX de Antunes Varella: um cidadão, em março, celebra um contrato de locação por temporada para o ano seguinte, pressupondo que estaria de férias. Não obtendo as férias, para essa teoria, poderia sustentar a invalidade do negócio. Hoje, a resposta seria: problema do locatário, por conta da segurança jurídica e do fato de que o locador poderia ter locado o imóvel a outra pessoa. 
7.3.3. Planos de análise do negócio jurídico
Este tópico é influenciado por Pontes de Miranda, Junqueira, Vicente Rao e outros. É uma forma de concatenar a explicação do negócio jurídico, analisando sua anatomia jurídica. 
O negócio jurídico pode ser subdividido em três planos de análise: existência, validade e eficácia. É uma ordem de prevalência lógica.
a) Plano de existência (ou substantivo)
Neste plano, são analisados os elementos que compõem a substância, ou existência do negócio. 
O primeiro autor que citou o plano de existência foi o alemão Zacharie. 
Alguns autores, como Flávio Tartuce e Silvio Rodrigues, não aceitavam esse plano do negócio, razão pela qual não é incomum que alguns livros tratem já diretamente do plano de validade. Moreira Alves, elaborador do Anteprojeto da Parte Geral, disse haver optado por deixar de fora do CC o plano de existência. O art. 104 do CC inicia a análise já no plano de validade e posteriormente passa à análise do plano de eficácia. 
O professor acredita que o legislador inicia a análise no plano de validade por pressupor o plano de existência. Na sua visão, o plano de existência do negócio deve ser enfrentado, a par do CC não o ter mencionado. 
Contudo, não somente autores o aceitam como a jurisprudência amplamente admite esse plano, no direito civil, administrativo e até no processo civil.
É o plano substantivo do negócio jurídico, ou seja, é o plano que estuda os requisitos ou pressupostos que compõe a própria estrutura existencial do negócio, sem os quais ele nada é. Esse plano estuda a substância do negócio jurídico, sem os quais o negócio jurídico é um nada. 
Faltando qualquer dos pressupostos constitutivos, requisitos de existência do negócio, tem-se que ele é inexistente.
 
Este plano pressupõe quatro requisitos existenciais, quais sejam:
(i) manifestação de vontade
Como visto, deve ser a conjugação da vontade interna com a manifestada. Mesmo havendo variação entre os autores, é quase unânime entre eles que a vontade é requisito essencial do negócio.
A vontade pressupõe a consciência da pessoa. O negócio jurídico em que o sujeito não manifesta nenhum tipo de vontade é inexistente em face dele. EX: caso em que fraudadores abrem uma empresa em nome de um terceiro – nesse caso, não há vontade (o negócio não é nulo, mas sim inexistente). O mesmo ocorre na coação física irresistível. O cidadão hipnotizado levado ao altarque manifesta um sim não emite vontade.
(ii) agente emissor da vontade
Da mesma forma que não existe negócio jurídico sem manifestação de vontade, não há negócio sem um agente que possa emitir a vontade. 
Em geral, este agente emissor da vontade é uma pessoa física ou jurídica, podendo também ser um órgão (EX: Câmara de Vereadores). 
(iii) objeto do negócio jurídico
O objeto é o bem da vida. Sem ele, o negócio jurídico não existe (negócio sem objeto é inexistente). EX: contrato com o Unibanco de empréstimo de dinheiro, em que por um equívoco na elaboração não há referência a valores.
(iv) forma do negócio jurídico
Forma, enquanto elemento de existência do negócio é o necessário meio pelo qual a vontade se manifesta, ou, na linha de Vicente Ráo, traduz o revestimento exterior do próprio negócio. EX: forma verbal, libras (linguagem brasileira de sinais utilizada pelos surdos-mudos), mimica, forma escrita, forma oral etc.
Isso porque, em geral, todo o negócio, para existir, pressupõe um meio pelo qual a vontade é declarada. O elemento forma está umbilicalmente ligado ao aspecto externo da vontade, uma vez que ela é o meio pelo qual se declara a vontade.
Para alguns autores, o requisito forma é colocado de maneira autônoma.
O negócio jurídico, em geral, para existir, pressupõe a observância de uma determinada forma de exteriorização da vontade, que poderá ser escrita, verbal ou até mímica (EX: leilão, aceno para o ônibus se aproximando, que funciona como aceitação de um negócio – se a pessoa é atropelada ali, já há responsabilidade oriunda de um contrato). A libras não pode ser considerada mímica, mas uma outra forma de manifestação da vontade.
EXCEÇÃO: Existe, todavia, uma situação excepcional em que a forma pode estar ausente, mas mesmo assim o negócio é considerado existente.
Lembra-nos Caio Mário da Silva Pereira que, normalmente, o silêncio, em regra, é o nada, de maneira que não serviria para completar a estrutura existencial do negócio.
Excepcionalmente, seguindo o direito belga, francês, suíço e alemão, o nosso direito civil, no art. 111 do CC, na linha do art. 218 do Código Civil de Portugal, admite que, em certos casos, o silêncio possa ser entendido como forma de manifestação da vontade, como se dá, por exemplo, na aceitação da doação pura (art. 539 do CC). 
Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.
Na maioria dos casos, o silêncio não traduz manifestação de vontade. Mas em determinadas situações excepcionais, ele pode ser entendido como forma de manifestação de vontade, quanto este valor lhe seja atribuído por lei, pelo uso ou pela convenção. O CC brasileiro é na mesma linha.
OBS: o silêncio poderá, ainda, invalidar o negócio jurídico, como se dá no chamado dolo negativo (art. 147 do CC). 
Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.
Portanto, se o negócio jurídico conjugar os quatro elementos (vontade, agente, objeto e forma), ele existirá. 
b) Plano de validade
O plano de validade é um plano qualificativo do negócio jurídico. Parte-se do plano de existência para se chegar ao plano de validade. 
Pressupostos de validade do negócio jurídico (art. 104, CC): 
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
i) vontade livre e de boa-fé;
ii) agente capaz e legitimado;
iii) objeto lícito, possível e determinado (ou, ao menos, determinável);
iv) forma livre ou prescrita em lei;
Quando se analisa a validade de um negócio, se está analisando um plano qualificativo do negócio (aptidão para a produção de efeitos). Para se chegar aos pressupostos de validade, basta que se entenda os pressupostos de existência e se os qualifique.
Assim, para a validade do negócio, a vontade deve ser livre e de boa-fé. O agente deve ser capaz e legitimado. O objeto deve ser lícito, possível e determinado (ou determinável). E a forma deve ser livre ou prescrita em lei.
Se não existe o agente emissor da vontade, o negócio não existe. Mas, se houver o agente e ele for incapaz, o negócio jurídico é inválido.
Um contrato de prestação de serviços sexuais é inexistente ou inválido? R: A profissional do sexo tem reconhecimento pelo Catálogo Brasileiro de Ocupações (CBO – Ministério do Trabalho). Não é uma atividade lícita, mas não é considerada crime.
O negócio jurídico de prestação de serviços sexuais é existente. Há vontade, agentes, objeto e forma. A vontade é livre e de boa-fé; os agentes são capazes e legitimados (não há impedimento específico). O objeto, entretanto, é lícito? R: Autores como Orlando Gomes observam que licitude não é apenas legalidade estrita, mas também subsunção ao padrão médio de moralidade. Essa seria a resposta mais segura para concurso. O objeto padeceria de uma ilicitude, no sentido de uma inadequação a um padrão moral médio de moralidade.
A execução do contrato seria difícil, em virtude da inexequibilidade do título, decorrente da ilicitude do objeto.
(i) vontade livre e obtida de boa-fé:
Os defeitos do negócio jurídico (erro, dolo, coação moral, lesão etc.) o atacam no plano da validade, pois impedem a vontade totalmente livre ou de boa-fé. A vontade existe, mas é viciada.
(ii) agente capaz e legitimado:
A diferença entre capacidade e legitimidade já foi estudada e está no começo do caderno.
(iii) objeto lícito, possível e determinado (ou determinável)
(iv) forma livre ou prescrita em lei:
Nos termos do art. 107 do CC, vigora no Brasil o princípio da liberdade da forma para os negócios jurídicos. Portanto, em geral, os negócios jurídicos têm forma livre. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, exceto quando a lei a exigir. 
Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir.
Todavia, em algumas situações, a própria lei exige ou prescreve determinada forma para efeito probatório (negócio ad probationem – art. 227 do CC), ou prescreve determinada forma como pressuposto de validade do próprio negócio (negócio ad solemnitatem – art. 108 do CC).
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.
Art. 227. Salvo os casos expressos, a prova exclusivamente testemunhal só se admite nos negócios jurídicos cujo valor não ultrapasse o décuplo do maior salário mínimo vigente no País ao tempo em que foram celebrados.
Parágrafo único. Qualquer que seja o valor do negócio jurídico, a prova testemunhal é admissível como subsidiária ou complementar da prova por escrito.
Em algumas situações, portanto, como se lê no art. 108, a inobservância da forma prescrita em lei poderá resultar na própria invalidade do negócio. É um requisito de validade do próprio negócio. No art. 108, em geral o critério que se usa é o do salário mínimo nacional.
O art. 108 começa com a frase “não dispondo a lei em contrário”. Porém, quais são os exemplos de contratos celebrados tendo como objeto imóvel, de valor superior a 30 salários mínimos, em que não se exige escritura pública (exceção)?
R: Independentemente do valor, não se exige escritura pública para contratos de promessa de compra e venda imobiliária (art. 1417 do CC – por isso que, quando se celebra esse contrato, por exemplo, com a construtora de um prédio, o contrato é impresso no mesmo momento, sem qualquer outra formalidade), bem como naqueles garantidos por meio de alienação fiduciária de imóveis (art. 38 da Lei n. 9.514/07) ou que tenham por objeto a aquisição de imóvel sujeito ao SFH – SistemaFinanceiro de Habitação (art. 61 da Lei n. 4.380/64). 
Art. 1.417. Mediante promessa de compra e venda, em que se não pactuou arrependimento, celebrada por instrumento público ou particular, e registrada no Cartório de Registro de Imóveis, adquire o promitente comprador direito real à aquisição do imóvel.
Esses exemplos não esgotam as hipóteses do ordenamento, mas são as principais.
c) Plano de eficácia
Neste plano, estudamos os elementos que interferem na eficácia jurídica do negócio: os elementos acidentais do negócio jurídico. São a condição, o termo e o modo (ou encargo). Serão vistos em aula própria, específica, a ser veiculada on line.
Chamam-se elementos acidentais por não serem obrigatórios, podendo ou não ocorrer.

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