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A EMANCIPAÇÃO NO CÓDIGO CIVIL DE 2002

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INTRODUÇÃO
A capacidade civil de fato no Ordenamento Jurídico pátrio, segundo o Código Civil, é alcançada, em regra, aos dezoito anos de idade, ficado apto o indivíduo a realizar todos os atos da vida civil, não necessitando da assistência ou representação de seus pais ou tutor.
Porém, o legislador, transportando nossa realidade à letra da lei, possibilitou a antecipação da capacidade de fato por meio do instituto da emancipação, conferindo ao adolescente emancipado status de plenamente capaz.
A emancipação acarreta mudanças na vida do indivíduo, respondendo o menor pelos atos jurídicos que venha a cometer, elencando-se taxativamente no art. 5º do Código Civil, as causas que resultam na emancipação.
Nesse lume, os deveres que o relativamente incapaz compartilhava com seus representantes, no que concerne a relações com terceiros, será alterada, pois deverá responder individualmente pelos atos firmados e praticado. Ressalta-se porém que esse entendimento não é uníssono na doutrina, havendo discussões pertinentes em outro sentido.  
Assim, para a elaboração do presente artigo, se partiu da análise da capacidade civil de fato na legislação brasileira e suas principais características.
Em um segundo momento, foi estudada a emancipação nos aspectos legais, as situações ensejadoras de seu reconhecimento, bem como as observações trazidas pela doutrina.
Por fim, abordou-se a possibilidade de se responsabilizar os pais pelos atos ilícitos cometidos pelos filhos emancipados, as divergências presentes na doutrina e jurisprudência, apontando-se a solução mais adequada a ser observada pelo magistrado no provimento de justiça.
A CAPACIDADE CIVIL DE NO ORDENAMENTO jurídico Pátrio
Nosso direito pré-codificado não contemplava a cessação da menoridade como causa para a plenitude da capacidade civil de fato, prevalecia a influência dos princípios jus-romanísticos, que mantinha o indivíduo sob a tutela e assistência perpétua paterna. O sujeito, apesar de maior, continuava sob o pátrio-poder, que só se extinguia com o casamento, estabelecimento de economia própria, investidura em função pública, recebimento de ordens sacras maiores, colação de grau acadêmico e por sentença judicial.1
Atualmente, o Código Civil estabelece, em seu art. 5°, que a menoridade cessa aos dezoito anos de idade, ficando o indivíduo habilitado a exercer todos os atos da vida civil. O legislador entendeu por bem reduzir a idade em dois anos da que dispunha o art. 9º do Código Civil de 1916, que tinha a idade de vinte um anos como a indicada para a cessação da incapacidade.
 O instituto jurídico da emancipação
O menor, com já definido, é o homem ou mulher com menos de dezoito anos completos. Trata-se de sujeito com capacidade jurídica, mas incapaz de exercê-la de fato, necessitando desta forma de representante – até os dezesseis anos – ou de assistente – até os dezoito –  para praticar os atos da vida civil.
 Porém, o legislador, rastreando os fatos da vida, entendeu por bem conceder em algumas situações especificas a capacidade de fato, atendendo a critérios de exigência social e de interesse do menor.
Denominada emancipação, é forma de aquisição de capacidade civil antes da idade legal, equivalente a declaração de maioridade do direito alemão e do direito suíço. Já era reconhecida no Código Civil de 1916, que disciplinava a sua ocorrência por concessão do pai, ou quando morto, da mãe, e por sentença judicial, ouvido o tutor, devendo o menor ter dezoito anos completos; pelo casamento; pelo exercício de emprego público efetivo; pela colação de grau científico em curso de ensino superior e; pelo estabelecimento civil ou comercial, com economia própria.
Terá reflexo direto, não só na vida do menor, mas também em toda a estrutura familiar, possuindo importantes efeitos patrimoniais. O menor púbere passará, com a efetivação da emancipação, a dispor do seu patrimônio da forma que bem entender, não necessitando mais da assistência dos pais ou do representante legal para os atos da vida civil.
Apesar de ter adquirido a capacidade civil plena, segundo Denilson Cardoso de Araújo, ainda será vedado ao menor, por política legislativa protetiva, realizar uma série de atos, como a compra de armas, munições, explosivos, bebidas alcoólicas, substâncias que causem dependências, fogos de artifício, revistas e publicações eróticas ou pornográficas, bilhetes lotéricos e similares (art. 81 do ECA); hospedar-se em motel (art. 82 do ECA); entra em espetáculos inadequados a sua faixa etária (art. 74 e 75 do ECA); frequentar estabelecimentos que explore bilhar, sinuca ou congênere ou casa de jogos, ainda que ocorram apostas apenas eventuais (art. 80 do ECA); habilitar-se à direção de veículos automotores (somente quando penalmente imputável, conforme art. 140, I, do Código Brasileiro de Trânsito); comprar tinta spray (conforme leis de alguns Estados) e;  comprar benzina, éter ou acetona (conforme leis de alguns Estados). 
Porém, deve-se ressaltar que o emancipado não é adulto, pois é natural que as limitações inerentes ao desenvolvimento psicológico e amadurecimento de vida só são adquiridos com o desenvolvimento natural de cada ser humano. Precisa é a observação de Cardoso de Araújo sobre a questão, in verbis:
“Importante destacar que a emancipação não opera o milagre de transformar o adolescente em adulto – coisa que nem mesmo a maioridade aos dezoito anos realiza. 
A EMANCIPAÇÃO NO CÓDIGO CIVIL DE 2002
Dispõe o Código Civil de 2002, em seu art. 5°, caput, que a menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada a prática de todos os atos da vida civil. No paragrafo único do citado artigo, estão elencadas, de forma taxativa, as causas que levam a cessação da capacidade dos menores, não se visualizado nenhuma situação ensejadora da emancipação que não esteja ali prevista.
Dividem Gagliano e Pamplona filho a emancipação em três formas, a voluntária que será obtida pela concessão dos pais; a judicial proferida em decorrência da existência de tutela ou pela divergência de ambos os pais em concebê-la; e a legal que contempla os demais casos.
Em caso de recusa imotivada de um dos pais para a concessão da emancipação, em observância aos ditames do CC e da Constituição Federal, há a possibilidade do consentimento do recalcitrante ser suprimido por sentença judicial, quando evidenciado o melhor interesse do menor com a oitiva de ambos os progenitores e do próprio adolescente quando possível.
Na emancipação concedida judicialmente deverá o magistrado comunicar a decisão ao oficial de registro, de ofício, para que proceda a devida averbação, se não constar nos autos haver sido efetuada está em oito dias. Antes do registro, a emancipação não produzirá efeitos.
A emancipação poderá ser alcançada pelo casamento civil, tendo em vista que o Código Civil, em seu art. 1.517, permiti que os nubentes, com idade de dezesseis anos, menores púberes portanto, com a autorização dos pais ou representantes legais, contraiam núpcias.
A EMANCIPAÇÃO CONCESSUAL E O DEVER DE REPARAÇÃO DOS PAIS PELOS ATOS ILÍCITOS COMETIDOS PELOS FILHOS
Em regra a emancipação concedida pelos pais é irrevogável a qualquer título, salvo, evidentemente se ficar comprovado a ocorrência de hipóteses de nulidade absoluta, ressalvando-se os direitos de terceiros de boa-fé.
Uma vez atingida, garantirá o menor a capacidade de fato, em regra, mesmo se a situação que a desencadeou deixe de existir impedindo, desse modo, a revogação pelos pais.39
Destaca-se porém uma exceção de cunho doutrinário quanto a regra da irrevogabilidade da emancipação concedida pelos pais, quando ficar provado que ela distorceu o princípio basilar do melhor interesse do menor, no caso do progenitor que só a concedeu para desobrigar-se do dever de prestar alimentos.40
De outra banda, com a emancipação, o menor passa a ser responsável pelo dever de reparar os danos causados a terceiros, sejam eles morais ou patrimoniais, excluindo-se os pais da responsabilidade subsidiária. Assim, quando o jovemnão possuir bens que respondam pela obrigação por ato ilícito, as vítimas ficaram sem indenização por falta de recursos, não podendo ser acionados os pais em ação judicial.
Jurisprudência 
Segundo o entendimento do STJ a emancipação legal ou judicial tem o condão de excluir a responsabilidade civil dos pais pelos atos praticados por seus filhos menores, porém, a emancipação voluntária não exclui essa responsabilidade dos pais.
Nesse sentindo, colhe os seguintes entendimentos:
“Ainda que o filho menor púbere seja emancipado, o pai, não obstante, é responsável pela reparação do dano por ele causado (RTJ, 62/108).
A emancipação por outorga dos pais não exclui, por si só, a responsabilidade decorrente de atos ilícitos do filho (RSTJ, 115/275).
Não é nulo, mas ineficaz, o da emancipação em face de terceiros e do menor. Desavém ao pai utilizá-la para descarta-se da responsabilidade pelos atos do filho menor na idade em que os riscos se maximizam (RT, 639/172).
Ainda no mesmo sentido: RT, 494/92; JTACSP, Revista dos Tribunais, 102/79.”

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