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AÇÃO RESCISÓRIA

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AÇÃO RESCISÓRIA 
 
A. NATUREZA JURÍDICA 
 A ação rescisória tem natureza jurídica de ação, sendo uma espécie de sucedâneo 
recursal externo, ou seja, meio de impugnação de decisão judicial que se desenvolve 
em processo distinto daquele no qual a decisão impugnada foi proferida, 
comumente chamada de ação autônoma de impugnação. 
 Enquanto o recurso é meio de impugnação cabível durante o trâmite processual, 
a ação rescisória é remédio processual cabível somente após o trânsito em julgado, 
fenômeno processual que se verifica com o esgotamento dos recursos cabíveis contra a 
decisão judicial ou a ausência de interposição do recurso cabível. 
 Além do trânsito em julgado, o art. 966, caput, do Novo CPC exige que a decisão a 
ser impugnada por meio de ação rescisória seja de mérito. 
 Diante da necessidade de a decisão impugnada resolver o mérito da demanda (ao 
menos em regra), é correta a conclusão de que a ação rescisória é uma ação autônoma 
de impugnação que busca desconstituir decisões judiciais que tenham gerado coisa 
julgada material, daí ser considerada uma excepcional hipótese, legalmente prevista, 
de “relativização da coisa julgada”. 
 
 
B. CONCEITO 
 A ação rescisória está prevista no artigo 966 do Código de Processo Civil. 
 É uma ação que visa desconstituir uma sentença de mérito sobre a qual ocorreu a 
coisa julgada material, além de ser possível a propor também, excepcionalmente, 
contra decisões transitadas em julgado que, embora não sejam de mérito, impeçam 
a nova propositura da demanda ou a admissibilidade do recurso correspondente. 
 A ação rescisória é um procedimento especial que comporta três juízos, o de 
admissibilidade, o de anulação e o de rejulgamento. Quando configurado seus 
pressupostos sua cumulação é obrigatória e seu pedido deve ser formulado e expresso 
neste sentido. 
 Em princípio, esta ação busca rescindir de forma mediata e indireta as decisões 
que apesar de nulas transitaram em julgado, e portanto estão alcançadas pela 
proteção coisa julgada. 
 
Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando: 
I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz; 
II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente; 
III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, 
de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei; 
IV - ofender a coisa julgada; 
V - violar manifestamente norma jurídica; 
VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a 
ser demonstrada na própria ação rescisória; 
VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência 
ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento 
favorável; 
VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos. 
 
§ 1o Há erro de fato quando a decisão rescindenda admitir fato inexistente ou quando 
considerar inexistente fato efetivamente ocorrido, sendo indispensável, em ambos os casos, que 
o fato não represente ponto controvertido sobre o qual o juiz deveria ter se pronunciado. 
§ 2o Nas hipóteses previstas nos incisos do caput, será rescindível a decisão transitada em 
julgado que, embora não seja de mérito, impeça: 
I - nova propositura da demanda; ou 
II - admissibilidade do recurso correspondente. 
§ 3o A ação rescisória pode ter por objeto apenas 1 (um) capítulo da decisão. 
§ 4o Os atos de disposição de direitos, praticados pelas partes ou por outros participantes do 
processo e homologados pelo juízo, bem como os atos homologatórios praticados no curso da 
execução, estão sujeitos à anulação, nos termos da lei. 
§ 5º Cabe ação rescisória, com fundamento no inciso V do caput deste artigo, contra decisão 
baseada em enunciado de súmula ou acórdão proferido em julgamento de casos repetitivos que 
não tenha considerado a existência de distinção entre a questão discutida no processo e o 
padrão decisório que lhe deu fundamento. 
§ 6º Quando a ação rescisória fundar-se na hipótese do § 5º deste artigo, caberá ao autor, sob 
pena de inépcia, demonstrar, fundamentadamente, tratar-se de situação particularizada por 
hipótese fática distinta ou de questão jurídica não examinada, a impor outra solução jurídica.” 
 
 
C. OBJETO DA RESCISÃO 
 
1. DECISÃO DE MÉRITO 
 Segundo prevê o art. 966, caput, do Novo CPC, a “decisão de mérito” é passível de 
desconstituição por meio da ação rescisória. 
 Não só a sentença pode ser objeto de rescisão, mas também a decisão 
interlocutória, a decisão monocrática do relator e o acórdão. Basta que seja de 
mérito e tenha transitado em julgado. 
 A ação rescisória pode ser parcial, nos termos do § 3º do art. 966 do Novo CPC, ou 
seja, que não precisa necessariamente impugnar todos os capítulos da decisão 
rescindenda, seguindo nesse sentido jurisprudência já consolidada no Superior 
Tribunal de Justiça. 
 Existem decisões de mérito que não são impugnáveis por meio de ação rescisória 
em razão de expressa vedação legal: 
(i) acórdão proferido em ação direta de inconstitucionalidade (ADIN) ou em ação 
declaratória de constitucionalidade (ADECON) (art. 26 da Lei 9.868/1999); 
(ii) acórdão proferido em arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) 
(art. 12 da Lei 9.882/1999); e 
(iii) decisões proferidas nos Juizados Especiais (art. 59 da Lei 9.099/1995). 
 Existe majoritária corrente doutrinária que inadmite a ação rescisória contra as 
decisões proferidas em processo cautelar, com ressalva ao previsto no art. 310 do Novo 
CPC e em processos de jurisdição voluntária, afirmando que nesses casos a inexistência 
de coisa julgada material afastaria o interesse de agir no ingresso da ação rescisória. 
 
2. DECISÃO QUE NÃO É DE MÉRITO 
 O Novo Código de Processo Civil inova ao prever expressamente o cabimento de 
ação rescisória contra duas decisões que não julgam o mérito. 
 Nos termos do art. 966, § 2º, I, do Novo CPC, é cabível ação rescisória contra 
decisão terminativa que impeça a repropositura da ação. O dispositivo deve ser 
combinado com o art. 486, § 1º, do Novo CPC, que prevê que a repropositura da ação 
em determinadas hipóteses de extinção terminativa do processo depende da correção do 
vício que levou à sentença sem resolução de mérito. 
 Sempre que essa correção do vício necessariamente envolver a modificação de um 
dos elementos da ação não caberá sua repropositura, mas a propositura de uma nova 
ação. Nesse caso, ainda que a sentença não seja de mérito, e por tal razão não seja capaz 
de gerar coisa julgada material, ela se torna imutável e indiscutível, sendo apenas nesse 
caso cabível a ação rescisória após o trânsito em julgado. 
 O inciso II do § 2º do art. 966 do Novo CPC consagra o cabimento de ação 
rescisória contra decisão terminativa que impeça a admissibilidade do recurso 
correspondente. Na realidade essa decisão não existe, porque a admissibilidade 
recursal será sempre analisada, podendo ser positiva, quando o recurso será admitido, 
ou negativa, quando o recurso será inadmitido. O que pode não ocorrer, portanto, é a 
admissão, nunca a admissibilidade. 
 O dispositivo traz importante novidade ao sistema processual: o cabimento de ação 
rescisória contra decisão que inadmite recurso. Há divergência doutrinária a respeito do 
conteúdo da decisão impugnada pelo recurso inadmitido. Para parcela da doutrina a 
decisão deve ser necessariamente de mérito, enquanto outra parcela defende o 
cabimento de ação rescisória mesmo se a decisão recorrida pelo recurso inadmitido não 
tiver decidido o mérito. 
 Registre-se que a decisão, de mérito ou terminativa,para ser objeto de ação 
rescisória, deve ter transitado em julgado porque, havendo algum recurso ainda cabível 
contra tal decisão, não se admite sua rescisão pela via excepcional da ação rescisória. 
Não é necessário que a parte esgote todos os recursos cabíveis para só então ser cabível 
a ação rescisória, basta que no caso concreto o recurso cabível não tenha sido 
devidamente interposto. Uma sentença pode ser apelada, mas, não o sendo, transitará 
em julgado e, sendo de mérito, poderá ser desconstituída por meio de ação rescisória. 
 
 
D. HIPÓTESES DE CABIMENTO 
 O art. 966 do Novo CPC prevê em seus oito incisos os vícios de rescindibilidade, 
sendo considerado restritivo esse rol, de forma a não admitir rescisória fundada 
em qualquer outro vício que não esteja expressamente previsto em tal dispositivo 
legal. 
 
1. PREVARICAÇÃO, CONCUSSÃO, CORRUPÇÃO PASSIVA DO JUIZ 
 O art. 966, I, do Novo CPC prevê três crimes que podem ser cometidos pelo juiz 
na condução e solução do processo. 
 A prevaricação está prevista no art. 319 do CP, a concussão, no art. 316 do CP, 
e a corrupção passiva, no art. 317 do CP. 
 
Concussão 
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou 
antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
 
Corrupção passiva 
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora 
da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa 
de tal vantagem: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 
12.11.2003) 
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o 
funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever 
funcional. 
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de 
dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
 
Prevaricação 
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra 
disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
 
 Apesar dos atos ilícitos previstos no dispositivo legal, não se exige prévia 
condenação penal ou mesmo a preexistência de processo criminal a respeito da 
conduta do juiz. 
 Significa dizer que o reconhecimento do crime pode ser feito originariamente, e 
de forma incidental, no juízo cível competente para o julgamento da ação 
rescisória. 
 Apesar de não ser necessária a solução prévia no âmbito penal, havendo sentença 
penal transitada em julgado, é importante analisar o conteúdo da decisão e seu reflexo 
na esfera cível. 
 Havendo sentença penal condenatória, haverá vinculação obrigatória do juízo 
cível, de forma que numa eventual ação rescisória o fundamento da decisão será 
necessariamente a existência do crime. 
 Havendo sentença de absolvição com fundamento na inexistência material do 
fato, haverá vinculação do juízo cível, mas, sendo a absolvição amparada em outro 
motivo (p. ex. ausência de provas; prescrição), a decisão penal não vincula o juízo 
cível. 
 Na hipótese de concomitância entre ação penal e ação rescisória, é cabível a 
suspensão da ação rescisória prevista no art. 315 do Novo CPC, cabendo ao juízo 
cível uma análise da oportunidade e conveniência dessa suspensão. 
 Por fim, tratando-se de decisão colegiada (acórdão), nem sempre a existência de 
um juiz que pratique um dos crimes previstos no art. 966, I, do Novo CPC permite 
o ingresso da ação rescisória, sendo necessário que o voto dado por esse juiz tenha 
concorrido para unanimidade ou para a maioria. 
 
2. IMPEDIMENTO DO JUIZ E INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DO JUÍZO 
 A imparcialidade do juiz é considerada essencial para a adequada prestação da 
tutela jurisdicional, sendo que as causas de parcialidade são dividas pela lei em 
duas classes: 
(a) causas de suspeição (art. 145 do Novo CPC); e 
(b) causas de impedimento (art. 144 do Novo CPC). 
 Ainda que não seja desejável contar com juiz parcial, há uma preocupação maior 
com o impedimento do juiz, presumindo-se que nesse caso exista um vício de maior 
gravidade. Dessa forma, a suspeição do juiz não enseja ação rescisória, limitada às 
causas de impedimento. É dispensável a alegação de impedimento durante a 
tramitação do processo originário. 
 Na hipótese de julgamento colegiado, o Superior Tribunal de Justiça já teve a 
oportunidade de decidir que não há nulidade se o voto do juiz impedido não foi 
decisivo para o resultado final. 
 No tocante à incompetência, já se asseverou que a doutrina majoritária entende 
que somente a competência absoluta do juízo (em razão da MATÉRIA, PESSOA, 
pelo critério FUNCIONAL) é pressuposto processual de validade do processo, de 
forma que a rescindibilidade está limitada a essa espécie de vício. Uma sentença 
proferida por juízo absolutamente incompetente, sendo substituída por acórdão 
proferido em apelação julgada por Tribunal competente, não enseja a propositura de 
ação rescisória. 
 A ação rescisória é admissível ainda que o impedimento do juiz ou a 
incompetência absoluta do juízo tenham sido arguidas e resolvidas no processo 
originário. 
 
3. DOLO OU COAÇÃO DA PARTE VENCEDORA E SIMULAÇÃO OU 
COLUSÃO ENTRE AS PARTES PARA FRAUDAR A LEI 
 No art. 966, III, do Novo CPC, o legislador reúne no mesmo dispositivo legal duas 
hipóteses de cabimento nitidamente distintas, o que exige um enfrentamento 
individualizado. 
 O dolo ou coação da parte vencedora (também pode ser do representante legal 
ou advogado) diz respeito à ofensa aos princípios da lealdade e da boa-fé 
processual, mas só enseja ação rescisória quando o dolo ou coação impedir ou 
dificultar a atuação processual do adversário ou, ainda, quando influenciar 
significativamente o juiz, a ponto de afastá-lo da verdade. 
 É exigido, portanto, um nexo de causalidade entre o dolo e a coação da parte e o 
resultado da demanda, limitando-se o cabimento da ação rescisória somente aos casos 
nos quais a postura de má-fé da parte tenha sido determinante para o resultado do 
processo. 
 A colusão (concerto entre partes para enganar e prejudicar terceiros) entre as 
partes está prevista no art. 142 do Novo CPC, parecendo que tanto a realização de 
processo simulado como o processo com objetivo de alcançar algo proibido por lei 
sejam alcançados pelo dispositivo legal. Como se pode notar, adota-se o entendimento 
majoritário na doutrina pelo cabimento da ação rescisória no caso de processo simulado. 
Nesse caso, mesmo de ofício, cabe ao tribunal, ao julgar procedente a ação rescisória, 
condenar as partes nas penalidades da litigância de má-fé, nos termos do art. 142, do 
Novo CPC. 
 Diferente do dolo e da coação, na colusão e na simulação sempre existirá um 
acordo prévio entre as partes com o objetivo de fraudar a lei, de forma que 
dificilmente a ação rescisória será proposta por alguma delas, sendo o mais comum 
a propositura se dar por terceiro prejudicado ou pelo Ministério Público como 
fiscal da ordem jurídica. 
 
4. OFENSA À COISA JULGADA 
 Verifica-se o efeito negativo da coisa julgada quando esta é entendida como 
pressuposto processual negativo, ensejando a extinção da demanda sem resolução de 
mérito (art. 485, V, do Novo CPC), na qual se verifica tal fenômeno processual. 
 Verificando-se duas decisões transitadas em julgado em demandas idênticas, a 
decisão que transitou mais recentemente pode ser desconstituída por meio de ação 
rescisória. A desconstituição independe do teor da segunda decisão, que pode ser conforme 
ou discordante da primeira. 
 Também haverá ofensa à coisa julgada quando o efeito positivo da coisa julgada não 
é respeitado. Havendo solução de relação jurídica protegida por coisa julgada material, 
cria-se uma vinculação em outras demandas nas quais a mesma relação jurídica venha a 
ser discutida incidentalmente. Nesse caso, a decisão que se busca rescindir será 
proferida em demanda diversa daquela que gerou a coisa julgada material ofendida, o 
que em nada modifica o direito da parte em vê-la desconstituída por meio da ação 
rescisória. 
 
5. VIOLAÇÃO MANIFESTA DE NORMA JURÍDICA 
 Pode-se entender que a hipótese de cabimento da ação rescisória prevista pelo art. 
966, V, do Novo CPC tem como fundamento o erro crasso do juízo na aplicação do 
direito no caso concreto, considerando-se que a decisão que violar manifestamente 
norma jurídica deva ser desconstituída. 
 O termo normas é abrangente, mas o Superior Tribunal de Justiça não admite a ação 
rescisória por ofensa à súmula: 
(a) de direito material e processual; 
(b) constitucionais e infraconstitucionais; e 
(c) nacionais e estrangeiras. 
 O NCPC prevê violação à “norma jurídica”, reconhecendo que a lei não é a única 
fonte do Direito que pode ser violada para ensejar ação rescisória. 
 Não é qualquer violação da lei que admite o ingresso da ação rescisória, 
entendendo a melhor doutrina e a jurisprudência que a literal violação exige que 
no momento de aplicação da norma por meio da decisão judicial não exista 
interpretação controvertida nos tribunais. 
 Se havia polêmica à época da prolação da decisão, ainda que à época da ação 
rescisória o entendimento tenha se pacificado em torno da tese defendida pelo autor 
dessa ação, não será possível a desconstituição. Note-se que a divergência deve ser real, 
ou seja, que efetivamente haja quantidade significativa de decisões fundadas em 
diferentes interpretações. 
 Esse entendimento, entretanto, não é absoluto, havendo posição jurisprudencial 
em sentido contrário na hipótese de declaração de inconstitucionalidade de lei. 
Nesse caso, mesmo que à época da prolação da decisão houvesse divergência 
interpretativa a respeito da constitucionalidade, admite-se o ingresso de ação 
rescisória se posteriormente a lei que fundamentou a decisão foi declarada 
inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. 
 
 
§ 5º Cabe ação rescisória, com fundamento no inciso V do caput deste artigo, contra 
decisão baseada em enunciado de súmula ou acórdão proferido em julgamento de 
casos repetitivos que não tenha considerado a existência de distinção entre a questão 
discutida no processo e o padrão decisório que lhe deu fundamento. 
§ 6º Quando a ação rescisória fundar-se na hipótese do § 5º deste artigo, caberá ao 
autor, sob pena de inépcia, demonstrar, fundamentadamente, tratar-se de situação 
particularizada por hipótese fática distinta ou de questão jurídica não examinada, a 
impor outra solução jurídica. 
 
 O § 5º prevê que cabe ação rescisória, nos termos do inciso V do art. 966 do Novo 
CPC, contra decisão baseada em enunciado de súmula ou acórdão proferido em 
julgamento de casos repetitivos que não tenha considerado a existência de 
distinção entre a questão discutida no processo e o padrão decisória que lhe deu 
fundamento. 
 O § 6º do art. 966 do Novo CPC supostamente cria um ônus específico ao autor da 
ação rescisória quando seu fundamento legal for o inciso V combinado com o § 5º do 
mesmo dispositivo legal. Cabe ao autor, “sob pena” de inépcia da petição inicial, 
demonstrar, fundamentadamente, tratar-se de situação particularizada por 
hipótese fática distinta ou questão jurídica não examinada, a impor outra situação 
jurídica. 
 
6. PROVA FALSA 
 A ação rescisória com fundamento no art. 966, VI, do Novo CPC, conforme a 
própria previsão legal, não depende de prévio processo criminal para a apuração da 
falsidade da prova, admitindo-se que a prova dessa falsidade seja produzida na 
própria ação rescisória. 
 É natural que a eventual existência de processo criminal poderá gerar efeitos no 
campo cível, mais especificamente à ação rescisória. Estando ambas as demandas em 
trâmite, poderá o juiz da ação rescisória se valer do art. 315 do Novo CPC e determinar 
a suspensão da ação rescisória até o encerramento do processo criminal. 
 Havendo decisão transitada em julgado no processo criminal, aplicam-se as 
mesmas conclusões já apontadas para a hipótese de ação rescisória em razão de 
juiz praticante dos crimes de prevaricação, concussão ou corrupção passiva (art. 
966, I, do Novo CPC). 
 Mesmo havendo condenação na esfera penal, a ação rescisória pode ser julgada 
improcedente, porque, apesar da vinculação do juízo cível à decisão penal transitada em 
julgado, ainda caberá a análise da prova ser fundamento único ou indispensável à 
sustentação da decisão impugnada. 
 É pacífico na doutrina o entendimento de que a decisão só será rescindível pelo art. 
966, VI, do Novo CPC, na hipótese de a prova falsa ser o fundamento principal da 
decisão, de forma que, havendo outros fundamentos aptos a manter a decisão, 
apesar da existência de uma prova falsa, não caberá a ação rescisória. O entendimento 
do Superior Tribunal de Justiça alargou o conceito de prova falsa para o laudo 
pericial incorreto, incompleto ou inadequado. 
 
7. OBTENÇÃO DE DOCUMENTO NOVO 
 O art. 966, VII, do Novo CPC trata da obtenção de prova nova cuja existência era 
ignorada pelo autor da ação rescisória – autor ou réu da ação originária – ou de 
que não pode fazer uso por motivo estranho à sua vontade. 
 Numa interpretação mais restritiva do termo “prova nova” pode-se defender que o 
legislador passou a admitir como fundamento de ação rescisória, além da prova 
documental, também a prova documentada, ou seja, a prova pericial ou oral 
materializada em um documento (laudo pericial e termo de audiência). Nesse caso a 
prova a fundamentar a ação rescisória necessariamente já deve ter como amparo 
material um documento, que será juntado à petição inicial, não havendo dilação 
probatória na ação rescisória. 
 Por outro lado, pode-se entender que o termo “prova nova” permite a ação rescisória 
com base em prova pericial e testemunhal a ser produzida na própria ação. Nesse caso, 
não tendo que ser a “prova nova” pré-constituída, aparentemente o legislador teria 
criado uma espécie sui generis de coisa julgada secundum eventum probationis sui 
generis por duas razões: 
(i) a nova prova poderia modificar resultado de procedência ou de improcedência do 
pedido; 
(ii) essa modificação da decisão fundada em prova nova não seria realizada na ação 
reproposta, mas por meio de ação rescisória. 
 Sendo qualquer espécie de prova nova apta a fundamentar uma ação rescisória, 
e não mais apenas a prova documental, deve ser analisado como adequar a 
exigência de prova já existente no momento da prolação da decisão rescindenda 
quanto a prova pericial e oral. 
 No tocante à prova pericial parece adequado o entendimento de que ela só pode 
ser utilizada como fundamento de ação rescisória diante da impossibilidade, alheia 
à vontade da parte, de sua produção durante o processo. 
 Mantendo-se o mesmo critério para a prova oral, jamais será cabível ação 
rescisória com fundamento em depoimento pessoal, ainda que não realizado no 
processo de origem, porque essa espécie de prova é sempre materialmente possível 
de ser produzida. 
 O art. 966, VII, do Novo CPC, prevê que para a prova ser nova ela deve ser 
obtida pelo autor depois do trânsito em julgado da decisão que se busca rescindir. 
 O art. 966, VII, do Novo CPC, deve ser lidocomo momento posterior à última 
oportunidade de utilizar a prova no processo originário, porque numa demanda em que a 
sentença tenha sido recorrida por apelação e comprovando se que antes de seu 
julgamento a parte tomou conhecimento da existência do documento ou passou a poder 
utilizá-lo, não o juntando aos autos, perderá o direito à ação rescisória. O mesmo se diga 
quanto à prova oral e pericial, considerando-se possível nesse momento o tribunal 
converter o julgamento em diligência para a produção de tais meios de prova. 
 Para o cabimento da ação rescisória, a prova nova deve ter a aptidão de, por si 
só, assegurar um resultado positivo ao autor da ação rescisória, porque de nada vale 
a desconstituição da decisão se a prova nova não tiver força suficiente de 
convencimento para que uma eventual nova decisão a ser proferida seja em sentido 
contrário ao julgamento rescindido, ainda que disso não resulte uma decisão totalmente 
favorável ao autor da ação rescisória, bastando que melhore sua situação anterior. 
 Não se confunde prova nova com fato novo, ou ainda fato que somente após o 
trânsito em julgado passa a ser conhecido pela parte. Significa dizer que a prova 
nova que fundamenta a ação rescisória deve se referir a um fato que tenha sido 
alegado na ação originária. 
 
8. ERRO DE FATO 
 Dispõe o art. 966, § 1.º, do Novo CPC que se verifica erro de fato quando a 
decisão rescindenda admite um fato inexistente ou quando considera um fato 
inexistente efetivamente ocorrido. Essa equivocada percepção a respeito de um 
fato enseja ação rescisória, registrando-se que o mero equívoco a respeito da 
qualificação jurídica de um fato não está abrangido pelo art. 966, VIII do Novo 
CPC. 
 Para que seja admitida a ação rescisória com fundamento no dispositivo legal ora 
analisado, é necessário o preenchimento de quatro requisitos: 
(a) O erro de fato deve ser fundamento essencial da sentença, ou seja, não fosse o 
erro de fato, a decisão teria sido em outro sentido; 
(b) A apuração do equívoco factual deve ser realizada com as provas produzidas 
no processo originário, de forma que a produção de prova na própria ação 
rescisória nesse caso é proibida; 
(c) o fato não pode representar ponto controvertido (questão) no processo 
originário, ou porque as partes não alegaram e caberia ao juiz conhecê-los de 
ofício, ou porque houve confissão de uma parte ou ainda porque a parte contrária 
se absteve de impugnar a alegação de fato; 
(d) Inexistência de pronunciamento judicial a respeito do fato, entendendo-se que a 
má apreciação de prova não gera ação rescisória. 
 
 
E. LEGITIMIDADE 
 
Art. 967. Têm legitimidade para propor a ação rescisória: 
 
I - quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título universal ou singular; 
 
II - o terceiro juridicamente interessado; 
 
III - o Ministério Público: 
 
a) se não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção; 
 
b) quando a decisão rescindenda é o efeito de simulação ou de colusão das partes, a fim de 
fraudar a lei; 
 
c) em outros casos em que se imponha sua atuação; 
 
IV - aquele que não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção. 
 
Parágrafo único. Nas hipóteses do art. 178, o Ministério Público será intimado para intervir 
como fiscal da ordem jurídica quando não for parte. 
 
 Parte da doutrina sustenta que basta que a parte tenha sido parte do processo, que 
esta é legitimada para propor a ação rescisória, não interessando se à época em que foi 
proferida a decisão viciada a mesma já era parte processual. 
 Em contrário a este pensamento Arruda Alvim defende que essa legitimidade só 
existe quando a parte estava presente quando a decisão foi proferida, garantindo assim 
sua legitimidade para a propositura. Também são legitimados para propor a ação 
rescisória aquele que tenham atuados como assistentes no processo, ou poderiam tê-lo 
sido. 
 
 
F. COMPETÊNCIA 
 A ação rescisória é de competência originária do segundo grau de jurisdição, e 
portanto a demanda é intentada diretamente nos tribunais de segundo grau, com 
exceção dos casos em que a competência cabe originariamente aos tribunais 
superiores. 
 Com exceção das decisões transitadas em julgado no primeiro grau de jurisdição, 
cuja ação rescisória para rescindir tal sentença deverá ser ajuizada no tribunal de justiça, 
define-se a competência para ação rescisória conforme o ultimo grau de jurisdição que 
se pronunciou sobre o mérito da causa cuja sentença pretende-se rescindir. 
 
 
G. PRAZO 
Art. 975. O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos contados do trânsito em julgado da 
última decisão proferida no processo. 
 
§ 1º Prorroga-se até o primeiro dia útil imediatamente subsequente o prazo a que se refere o 
caput, quando expirar durante férias forenses, recesso, feriados ou em dia em que não houver 
expediente forense. 
§ 2º Se fundada a ação no inciso VII do art. 966, o termo inicial do prazo será a data de 
descoberta da prova nova, observado o prazo máximo de 5 (cinco) anos, contado do trânsito 
em julgado da última decisão proferida no processo. 
§ 3º Nas hipóteses de simulação ou de colusão das partes, o prazo começa a contar, para o 
terceiro prejudicado e para o Ministério Público, que não interveio no processo, a partir do 
momento em que têm ciência da simulação ou da colusão.”

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